Juan Jensen 10/09/15

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Ambiente econômico, operação lavajato e baixa popularidade de governo: Qual o impacto destes elementos para o 2º semestre e 2016 Setembro/2015

Juan Jensen juanpjp@insper.edu.br


Cenรกrio Internacional


Cenário Internacional Desaceleração suave nos próximos anos, porém com riscos diante de desequilíbrios econômicos e problemas no mercado de ativos. Crescimento moderado nos próximos anos. Fed deve iniciar processo de ajuste monetário ainda este ano e conduzir processo de forma cautelosa.

Retomada econômica tem se consolidado, mesmo que em ritmo lento. Crescimento está mais disseminado entre os países. Crise da Grécia é cada vez mais isolada.


Estados Unidos • •

Revisão do PIB do segundo trimestre aponta força da economia. Todos os componentes da demanda evoluíram de forma mais positiva, embora com destaque para solidez do consumo e retomada gradual dos investimentos.

Fonte: Bloomberg


Estados Unidos • Persiste a incerteza com o início da elevação dos juros pelo Fed. • Turbulências na China e sinais mistos do Fed esfriaram apostas de aumento de juros em setembro. • Temor com valorização global do dólar, ausência de pressões inflacionárias e salários bem comportados podem postergar alta para 2016. • De qualquer forma, sinais emitidos do Fed apontam que processo de ajuste monetário será conduzido de forma muito gradual.

Fonte: Bloomberg


China • • •

China está em processo de desaceleração e de mudanças em seu modelo econômico País passa por ajuste necessário em seu “motor” de crescimento, dos investimentos para o consumo interno. Porém, ajuste será lento. Há desequilíbrios a serem corrigidos e riscos pelo caminho. Mudança na política cambial também gerou desconforto, com os mercados temendo uma estratégia de desvalorização contínua do yuan.

Fonte: Bloomberg


Cenário Doméstico


Cenário Político Risco Político 1º Dilma: “governo ruim” (centralizador + diagnóstico errado). Risco Político 2º Dilma: “governo fraco” (falta de governança e instabilidade política). Conflitos internos na base aliada seguem sem resolução. PMDB adota comportamento ambíguo. Falta de capital político deve comprometer magnitude dos ajustes, mas não leva ao retorno da heterodoxia na política econômica. Impeachment não é ainda cenário mais provável. Comportamento do PMDB é variável chave.


Popularidade Atual patamar de popularidade de Dilma ĂŠ semelhante ao pior momento dos governos Collor e FHC.

Fonte: Datafolha


Reconstrução do tripé macroeconômico Política Fiscal

Política Monetária

 Redução dos subsídios ao setor elétrico

 Aperto mais intenso que o esperado

 Recomposição da Cide (combustíveis)

 Discurso do BC volta a focar busca do centro da meta de inflação

 Mini reforma previdenciária (pensões por morte)

 Restrições à obtenção do seguro desemprego

Política Cambial

 Redução dos subsídios aos bancos públicos

 Defesa explícita do menor intervencionismo

 Fim da contabilidade criativa (transparência)

 Redução do estoque de swaps

 Reversão da desoneração da folha


Medidas Recentes de volta à Heterodoxia

• •

06/jul – Programa de Proteção ao Emprego (PPE)

22/jul – Revisão das metas fiscais de superávit primário 2015, 2016 e 2017. 2015 cai de 1,1% do PIB para 0,15%; 2016 de 2,0% para 0,7% e 2017 de 2,0% para 1,3%.

• • •

07/ago – Rolagens de swap cambial voltam a ser de 100%

07/set – Leilões cambiais com recompra

13/jul – Aumento do limite do crédito consignado para pagamento de cartão de crédito (de 30% para 35% da folha)

19/ago – Crédito subsidiado para setor automotivo via Caixa e BB 31/ago – Orçamento de 2016 com déficit primário, passou de superávit de 0,7% do PIB para déficit de 0,34% do PIB (União com déficit de 0,5%)


Efeito Lava Jato • O efeito da operação Lava Jato está sendo significativo sobre o PIB de 2015.

• Uma queda de 30% nos investimentos da Petrobras tem um impacto negativo de 1.0 p.p. no PIB brasileiro. • Uma queda de 15% nos investimentos em infra estrutura tem um impacto negativo de 0.9 p.p. no PIB.

Petrobras

Investmentos em óleo e gás

Outras Empresas

Investimentos em Infra Estrutura

Operação “Lava Jato”


Qual o futuro do Brasil?


Qual o futuro do Brasil?


PIB •

• •

Atualmente há um cenário de baixa confiança, o que limita a reação no curto prazo. Desta forma, desafio é recuperar a confiança dos agentes. Aperto fiscal e monetário são aspectos limitantes ao desempenho deste ano. Porém, impactos da operação Lava Jato sobre investimentos é o principal fator para levar PIB para o campo negativo. Recuperação deve ocorrer lentamente, somente a partir de 2017.

Fonte: IBGE e FGV (Projeções: Juan Jensen)


Mercado de trabalho • Retração do emprego e o retorno de pessoas à PEA devem manter elevação do

desemprego nos próximos meses e anos. Deterioração irá resultar em perdas reais de renda e massa salarial em 2015 e 2016. • O saldo de emprego formal em julho (Caged) foi negativo em 158 mil vagas. No acumulado dos últimos 10 meses houve redução líquida de 911 mil empregos. Como comparação, na crise de 2008/09 saldo negativo acumulado foi de 286 mil empregos (entre novembro/08 e abril/09). • A má notícia é que o ajustes atual ainda não terminou. (Q/Q-4)

Fonte: IBGE e MTE (Projeções: Juan Jensen)


Consumo • Superciclo do consumo da última década acabou. País está em processo de ajuste macroeconômico, a fim de corrigir desequilíbrios acumulados. • Inflação elevada, desvalorização cambial, deterioração do mercado de trabalho e esfriamento do crédito são alguns dos aspectos por trás da piora do consumo. • E quadro não deve mudar significativamente nos próximos anos. Recuperação da economia vem sobretudo da recuperação do setor externo.

Fonte: IBGE


Inflação • • • •

Inflação de 2015 está muito pressionada pelo realinhamento de preços administrados, principalmente pela energia elétrica (quase 60% no ano). Só no 1º semestre inflação acumulou 6,2%, tendo alta de 11,9% nos preços administrados. Inflação de serviços deve desacelerar de forma muito lenta, em linha com inércia elevada deste conjunto de preços. Para 2016, expectativa é de desaceleração importante do IPCA, embora ainda acima do centro da meta. Câmbio deve limitar queda da inflação.

(Q/Q-4)

Fonte: IBGE (Projeções: Juan Jensen)


Política Monetária •

Banco Central teve postura mais hawkish do que o esperado. De outubro de 2014 a julho de 2015 taxa Selic subiu 325 bps, para 14,25%.

Discurso firme do BC, que insiste no objetivo de levar inflação ao centro da meta em 2016, e resistência do IPCA em patamar elevado, foram as razões do aumento.

Alta em julho foi a última, mas Selic deve demorar a cair. Primeira redução deve ocorrer em meados de 2016.

Juros reais subiram somente agora. Até então, inflação subiu mais que selic.

Fonte: Banco Central (projeções Juan Jensen)


Política Monetária •

Expectativas de inflação para 2016 e 2017 têm reagido a esta postura mais firme do BC, o que sustenta importância da atuação hawkish.

Projeções para 2016 são afetadas por inércia elevada, o que inviabiliza convergência para a meta no próximo ano. Já para 2017 analistas se mostram mais otimistas.

Nas últimas semanas expectativas voltaram a apresentar pequena deterioração.

Fonte: Banco Central


Política Fiscal • Governo revisou meta do primário de 2015 para apenas 0,15% do PIB. Desempenho muito fraco das receitas e rigidez de despesas, com demora para a aprovação algumas medidas pelo congresso, justificaram o ajuste. Ainda há a possibilidade de abatimento de R$ 26,4 bilhões. • Para 2016 meta foi revisada duas vezes. Primeiramente para 0,7% e em seguida para um déficit de -0,34%. Será o terceiro ano consecutivo de déficit. • Mesmo voltando as metas positivas de superávit em 2017 e 2018, nível de endividamento vai continuar em elevação. • Neste contexto Brasil vai perder grau de investimento.

Fonte: Banco Central (projeções Juan Jensen)


Taxa de câmbio • Taxa de câmbio tem exibido correção de preço e volatilidade elevada, em virtude de aspectos externos (início da alta de juros nos EUA, turbulências na China e redução dos preços das commodities) e internos (problemas políticos e pequeno ajuste fiscal). • Estes fatores devem manter instabilidade nos próximos meses. Além disso, redução da posição de swaps cambiais e quadro político confuso impõem piso. • Perda do grau de investimento vai trazer desvalorização adicional, mas maior parte já ocorreu.


Conclusões No exterior, Fed funds deve ser elevado de maneira bem cautelosa, ao final deste ano ou início de 2016. Desaceleração da economia chinesa deve seguir em curso, enquanto que recuperação da zona do euro dá sinais um pouco melhores. Cenário doméstico contempla mudanças na política econômica em relação a Dilma I. Porém, governo é fraco. Quadro difícil para a economia em 2015 e 2016 tem riscos adicionais trazidos pelos desdobramentos da operação Lava Jato. Atividade econômica continuará fraca. Inflação está muito pressionada em 2015 por realinhamento de preços. A partir de 2016 devemos observar redução em direção ao centro da meta. Nova trajetória fiscal deve levar a perda do grau de investimento, que terá ainda algumas consequências sobre a economia.


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