Unicom 03-2010

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JORNAL EXPERIMENTAL DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - UNISC - SANTA CRUZ DO SUL - OUTUBRO DE 2010


CRÔNICA

EDITORIAL

As coisas delas são diferentes?

A mulher e o X da questão JOANA SCHERER

Afirmar que esta edição do Unicom é diferente soa quase como uma redundância, à medida que a regra, em se tratando de Unicom, é fazer diferente, desigual; sobretudo, criativo. Insistir na tese da diferença porque o conteúdo do jornal gira invariavelmente em torno da temática “coisas de mulher” beira, por outro lado, o sexismo, e isso não diz respeito ao Unicom. Por outro lado, dizer simplesmente que se trata de uma edição cujo tema é o universo feminino desconsidera o fato de que, apesar de ser um jornal-laboratório, o nível técnico do Unicom é elevado, basicamente porque a qualidade do jornalismo que aqui se aprende e ensina é alta. Isso não obstante a turma ser hegemonicamente feminina, o que, no cômputo final, acaba fazendo com que a voz delas seja sempre preponderante em relação às demais quando assim o querem as alunas da disciplina de Produção em Mídia Impressa deste semestre. Mas também aí teríamos uma carga de preconceito, desta vez das mulheres em relação aos homens, e isso não tem nada a ver com o Unicom. O mais acertado, quem sabe, é observar que, em jornalismo, não existe assunto que não possa ser trabalhado de forma adequada, desde que assim se queira. E assim se saiba, o que requer formação. O que é forma adequada? Tomemos o caso da temática “coisas de mulher”.

UNICOM 2010

Mais que tratar o tema de forma desrespeitosa, ou mesmo pueril, o que exercitamos aqui é a capacidade de extrair de um tema, ao mesmo tempo simples e complexo, o que há de mais singular. Ou seja, ao invés de negá-lo, vê-lo sem medo pelo que tem de diferente, ímpar, tornando-o, dessa forma, uma diferença que estabelece diferença, e que adquire uma amplitude toda especial à medida que é trabalhada com tonalidade e angulação adequadas.

*

Discutir a relação, sensibilidade apurada, emoções à flor da pele. Todas essas são características que podem definir uma mulher, mesmo que não caibam apenas a elas. Mas quando indagadas de algum mal-humor súbito, “é coisa de mulher”, e ponto!

*

Sábado à tarde, Maurício está sentado no sofá da casa de seus pais zapeando pelos canais da TV. Telefone no ouvido, do outro lado da linha, Bruno, seu melhor amigo. - Hoje é sábado, cara! Não vai sair com a patroa? – era como ele se referia, carinhosamente, à namorada de Maurício. - Nem vou, Brunão. Ela saiu com a Sabrina. Disse que ia comprar uns livros, tomar um café e depois dar uma passadinha no shopping. - Ah! Coisa de mulher.

*

Coisa de mulher não é apenas perder uma tarde fazendo compras no shopping, ou jogar papo fora com uma amiga. Vai além da maquiagem, de produtos para cabelo, e de esmaltes da estação. “Coisa de mulher” é uma válvula de escape, quando simplesmente não se quer falar em determinado assunto. Mulher não é complicada, é incompreendida. E como todo bom enigma, as coisas de mulheres são o X da questão, que nem sempre é fácil. Se a mulher está triste, ela precisa conversar e é uma necessidade ter a sensibilidade única de alguém do mesmo sexo. É fato: mulheres gostam de se sentir protegidas, mas nem sempre um “vai ficar tudo bem, amor”, basta. Mulher precisa do conselho, do abraço, da sensatez e da tolerância da melhor amiga. Alguém que, estando na mesma situação que ela, saberia como ninguém o modo como agir.

*

Se ela está sentindo-se gorda, o namorado-melhor-amigo nunca dirá “é amor, acho que você precisa fechar um pouco a boca”. Nunca! Já a melhor amiga sugeriria que ambas entrassem em uma academia, por exemplo. Pode existir namorado confidente, companheiro e compreensivo, mas, por mais incrível que seja a relação de uma mulher com seu namorado, ele nunca poderá ser seu melhor amigo pelo simples fato de existirem coisas que homens não entenderiam: são coisas de mulher.

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Em palavras mais simples, quando uma matéria se refere, por exemplo, ao que uma mulher carrega em sua bolsa, estabelece, por este viés, uma diferença comportamental importante em relação aos homens, que não diminui em nada as mulheres (ou os homens), mas que, sobretudo, identifica o que é de um e outro gênero.

BLOG

E assim sucessivamente.

Para saber mais sobre o processo do jornal e conferir conteúdo exclusivo:

Se deu certo? Só lendo para saber.

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Duas amigas sentadas na sala relatam histórias e experiências entre elas. Quando o namorado de uma das duas entra, suado do futebol de domingo, o silêncio das amigas o acompanha logo de imediato. - Do que vocês duas estavam falando? - Coisas de mulher, amor. Ele insistiu mais algumas vezes, naquela noite, achando que a conversa de sua namorada com a amiga tinha-o como tema principal. Mas aprendam, é difícil – e eu digo muito difícil mesmo – arrancar alguma informação de uma mulher quando o papo termina com “é coisa de mulher” e, se você insistir muito, pode até acabar ocasionando uma pequena discussãozinha.

Boa leitura, então.

@JornalUnicom

blogdounicom.blogspot.com


Quem é quem

e ef h r-c o it Ed

ae r o t edtiagem b Suepor R

a egem r o it ta Edepor R

Prof. Demétrio Soster

a a itorimídiagem d E ult rt M repo e

Rochele Conrad

Ana Fávia Hantt

Rep orta gem

o açã m gra Dia

Emilin Grings

Larissa Almeida

Ana Gabriela Vaz

gem a t r o Rep

Angélica Weise

Dilamar Garcia

Fabiane Lamaison

Fátima Hadi

Júlio Assmann

Letícia Schmidt

isão v e R

Expediente

UNISC - Universidade de Santa Cruz do Sul Av. Independência, 2273 Bairro Universitário Santa Cruz do Sul - RS CEP 96815-900

Michele Wrasse

Patrícia Barreto

Curso de Comunicação Social Jornalismo Bloco 15 - Sala 1506 Telefone: 51 3717-7383 Coordenadora do curso: Fabiana Piccinin

Thiago Stürmer

Ilustração de capa

Mariana Pellegrini Fotos do Editorial

Luana Backes

Willian Ceolin Jornal produzido na disciplina de Produção em Mídia Impressa, ministrada pelo professor Demétrio Soster, no segundo semestre de 2010.

Cristiane Lautert

Diana de Azeredo

EXPEDIENTE

Marinês Kittel

Impressão Graphoset Tiragem 500 exemplares DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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Quem disse que trabalho duro não combina com glamour? Neida e Claudete acordam todos os dias como o sol: prontas para brilhar; o que menos importa é o que fazem para viver ou onde moram

É domingo e o calor já no início da ma-

REPORTAGEM FOTOGRAFIA

Quando vai à cidade vender as frutas

forte. Claudete sente calor, mas é categó-

gamotas devem ser colhidas, porque se-

que cultiva, Neida conta que a maioria

rica quanto ao uso de um item que ajuda-

gunda-feira é dia de vender as frutas nos

das pessoas não imagina a profissão

ria a amenizar a sensação de desconfor-

supermercados da região. O relógio marca

que ela exerce: “Ninguém acredita que

to: “Boné eu não uso. Não adianta, estou

6h e a agricultora Neida Shirley Schmidt,

eu sou colona.” Atenta às tendências da

com o cabelo arrumado.” A gari, que não

53 anos, está pronta para o trabalho. Vai

moda, aproveita as idas a Santa Cruz

dispensa as unhas bem feitas e pintadas,

até o galpão em que estão as ferramentas.

para fazer compras. Nas sacolas, novos

diz que a vaidade a acompanha desde a

No caminho, alimenta os porcos e confe-

itens que serão usados no desfile diário

infância e lamenta a filha não ter herda-

re a produção de ovos no galinheiro. Com

de Neida pelo campo. “Eu não me sinto

do o mesmo cuidado. “Ela é o contrário de

tudo em ordem, Neida sobe a ladeira e

colona. Sou uma empresária do meio ru-

mim. Eu não saio de casa sem produção.”

cumprimenta Adilo, que já não estranha

ral”, conta orgulhosa enquanto confere o

Os braços que seguram firmemente a

a vizinha que usa gel no cabelo, batom,

penteado no retrovisor da caminhonete

vassoura são enfeitados com pulseiras

unhas feitas, brincos e até perfume para

que transporta as frutas.

e as mãos, repletas de anéis. Claudete

A primeira filha do seu Lorenço e da

VAIDADE

Lápis preto nos olhos

sabe que os garis, muitas vezes, passam despercebidos pelas pessoas. Muitas delas sequer percebem a beleza do seu ros-

dona Adalira diz que não se importa com o que pensam sobre sua vaidade excessi-

Também cedo, mas distante da cal-

to maquiado ou os brilhantes brincos de

va: “Tanto faz se estou dentro de um avião

maria do campo, Claudete Fátima da Sil-

argola, que ela não tira nem para tomar

num vôo internacional ou no meio da roça.

va Becker, 35 anos, também começa seu

banho. Mas a gari faz pouco caso: “Eu me

Gosto de estar produzida, me faz bem”, diz,

‘ritual’ de beleza para ir trabalhar. Ela

arrumo porque gosto, me sinto muito fe-

com um largo sorriso no rosto, destacado

confessa que preferiria que a cor do uni-

liz, não sei explicar”.

pelos lábios vermelhos - cor de batom que

forme alaranjado fosse diferente, para

O dia a dia no campo e o trabalho em

foi especialmente escolhida para com-

que pudesse combinar os acessórios. Mas

meio à sujeira nas ruas da cidade contras-

binar com a blusa. Nascida no interior da

é domingo de plantão e o ônibus já está

tam com o visual caprichado de Neida e

cidade de Sinimbu (distante 20 quilôme-

chegando com os colegas, garis respon-

Claudete. Mas o que mais chama a aten-

tros de Santa Cruz), Neida confessa que o

sáveis pela varrição das ruas de Santa

ção nas duas não são suas roupas ou aces-

cuidado com o visual foi herança da avó:

Cruz. Ela termina de colocar as pulseiras,

sórios: é o amor próprio, que se reflete na

“Ela me ensinou que a aparência abre as

retoca o batom e reforça o lápis preto nos

vaidade com o corpo. Todas as manhãs,

portas. Ou melhor, aqui, abre as porteiras”,

olhos.

assim como o sol, elas acordam prontas

conta a agricultora, sem conseguir contro-

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uma calçada fica limpa, o sol fica mais

nhã é atípico para o mês de agosto. As ber-

colher bergamota.

ROCHELE CONRAD

lar o riso.

As horas passam e, à medida que mais

para brilhar, na terra ou asfalto.


Como um lar fora do lar Muitos homens ficariam surpresos com a quantidade e a diversidade de objetos absolutamente necessários que uma mulher carrega na bolsa MICHELE WRASSE

REPORTAGEM

MARIANA PELLEGRINI ILUSTRAÇÃO

Já imaginou ir ao banheiro e não ter papel higiênico? E se eu ficar com dor de cabeça? E se minha maquiagem borrar? Se estiver no ônibus e ficar com fome ou sede? Se acabar a carga do meu celular? O esmalte das minhas unhas pode sair, e daí? Se eu perder um brinco, como

faço? E como prender o cabelo sem uma “piranha”? Pois é, essas foram algumas das respostas que recebi das mulheres ao perguntar o porquê de carregar tantas bugigangas dentro do indispensável acessório feminino: a bolsa. Na verdade, qualquer um de nós já deve ter ouvido ou feito comentário do tipo “numa bolsa de mulher cabe o mundo” ou “numa bolsa de mulher pode-se encontrar de tudo”. E não é difícil ver uma mulher supostamente “perdida” entre os vários objetos guardados, procurando algo se achar. A tendência é suprir as necessidades femininas, principalmente quando diz respeito à vaidade. Por isso, corretivo, batons, base, blush, rímel e gloss são objetos garantidos no acessório feminino, que pode ser pendurado, transpassado, segurado nas mãos ou até mesmo carregado pelo namorado. Isso mesmo: carregado pelo namorado, pois devido ao acúmulo de objetos a bolsa acaba se tornando pesada e fica difícil de ser carregada pelo “sexo frágil”. Objetos inusitados também podem ser encontrados no acessório feminino, principalmente quando se trata da bolsa de trabalho. Um exemplo disso é a bolsa da funcionária da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Santa Cruz do Sul (CDL) Luciana Marques, que carrega até o contrato do seu apartamento em uma das oito divisórias de seu acessório. “Tenho o contrato na minha

bolsa, pois se um dia eu precisar dele, apresento na mesma hora”. Prevenção. Essa é a palavra que justifica o entulhamento de itens em uma simples bolsa, que pode ser de vários tamanhos e ter muitas repartições. Se a bolsa do dia a dia for substituída pela de festa, é preciso classificar os itens mais propícios, e que terão um importante papel. Luciana elenca como indispensável o fio dental. O motivo? Ela usa aparelho, e pensa que não é apropriado ficar com os “ferrinhos” cheios de resíduos.

Dados e mais dados

PREVENÇÃO

Nos Estados Unidos foi feita uma pesquisa que buscou conhecer o conteúdo e o contexto desse famoso e inseparável aparato feminino. Cerca de cem mulheres foram entrevistadas e tiveram que mostrar todos os itens presentes no acessório. O surpreendente resultado obtido foi que em média 67 itens são carregados diariamente dentro da bolsa. Dado este comprovado por Andréia Frabres, que carrega exatamente 67 itens na sua bolsa de trabalho. Entre os objetos estão: borrachinha de cabelo, três esmaltes, acetona, lixa de unha, bolachinha salgada, cremes para as mãos e para o rosto, maquiagens, brinco, notas de supermercados do ano passado, tesourinha de unha, carteira com documentos pessoais, carregador de celular, caneta, sombras, guarda-chuva, chave de casa, chave do trabalho, escova de dente, fio dental, perfumes, absorvente, pomada para picadas de insetos, foto da família, e assim vai... Para justificar o motivo de tantos objetos, Andréia reforça o ditado popular de que uma mulher prevenida vale por duas. “Não gosto de passar por necessidades, quando preciso de algo tenho aqui na minha bolsa”. Tudo o que uma mulher guarda em sua bolsa tem importância. Não importa se o objeto tenha ou não grande valor financeiro, cada um é valioso. Geralmente apenas elas sabem qual é.

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Sobre bolsas e saltos altos Mania de comprar, toda mulher tem. As personagens desta história são um pouco diferentes, pois suas manias chamam atenção não pelo exagero, mas pelo que têm de peculiar PATRÍCIA BARRETO

CONSUMISMO

REPORTAGEM FOTOGRAFIA

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Mania com os pés no chão. Assim defino a história da servidora pública municipal e empresária Débora Trindade, 32 anos, que possui 50 pares de sapatos. São diversos modelos e cores, a maioria de salto alto e tonalidades escuras. Todos guardados em um armário especialmente idealizado para eles. Mas o grande diferencial é que, apesar de idolatrar tal objeto, ela controla seus anseios e dosa suas aquisições. O que faz com que Débora se recorde de quando começou a apreciar os calçados são os momentos em família. Tinha entre 8 e 12 anos e saia com sua irmã para auxiliar a mãe, Clarice Wendland, 59 anos, a comprar sapato. Esse momento era mágico para ela. “A filha mulher tem muito disso, de se identificar com a mãe. Tenho lembrança inclusive de modelos que ela comprava. Era uma fase de admiração”, recorda. Há cinco anos, quando passou a ganhar seu próprio dinheiro, foi que o hábito de comprar calçados se tornou uma mania. Passou a adquirir não por necessidade, mas por vontade. Com razão: além de admirar o gosto da mãe, os sapatos sempre lhe chamaram mais atenção do que as roupas. Todos os modelos que possui já foram usados várias vezes. “Tenho limites, adap-

to as compras ao meu orçamento. Para mim, sapato é produto de consumo, não é para ficar parado, é para se usar”. Não é apenas para si mesma que a empresária compra sapatos. A filha já possui 25 pares, exatamente a metade da mãe. A grande diferença é que Rafaella Trindade tem apenas um ano e dois meses. Isso mesmo. Já faz coleção de sapatinhos, todos de cores claras, como rosa, lilás e branco. Para não se isentar de comprar sapatos, Débora sempre vai atrás de promoções. Assim como vêm, os calçados também vão, ela se desfaz facilmente deles para dar espaço a outros. E também faz doações. Ela garante que usa seu investimento e não tem apego emocional. Mas um em especial ela deixa guardado, o sapato branco usado no dia de seu casamento. “Minha mania não é exagero, nem futilidade, é fruto de uma admiração por sapatos, que adquiro com o dinheiro do meu trabalho”.

As bolsas na vida de Luíza Todo dia que vai para escola, Luiza Hellena Paulus da Veiga, 9 anos, leva, além da mochila com livros e cadernos, uma bolsa a tiracolo. Essa é apenas uma das 38 bolsas que adquiriu em apenas dois anos, em

sua maioria nas cores preta e rosa. A menina prefere os modelos mais adultos, que podem ser usados durante o dia e à noite. “Tenho mania de comprar bolsas, elas são práticas, cabe tudo dentro”, sorri a tímida garota. A assistente financeira Andréa Paulus da Veiga, 37 anos, diz que a filha recebe uma mesada de R$ 50. Todo esse valor é investido em bolsas. Quando quer adquirir uma que ultrapasse esse valor, Luíza espera para comprar até o mês seguinte, organizando assim sua renda mensal. A jovem não sossega enquanto não consegue adquirir mais uma para a coleção. A mãe confessa que, às vezes, tenta convencê-la a comprar uma tiara, um brinco, uma roupa. Mas não adianta. É bolsa que ela quer. Para juntar dinheiro, Luíza já chegou a vender para suas amigas algumas bolsas que julgava gostar menos. Até levou peças para serem oferecidas no bingo da escola. Em datas especiais, ganha o produto de presente, pois todos já sabem da sua preferência. Essa mania também tem seu lado social: ela doa de bom grado quando alguém pede. Há pouco tempo, por sinal, comprou uma bolsa personalizada da campanha contra o câncer de mama. Para o futuro, a jovem planeja ser professora de dança. E abrir uma loja de bolsas.


A aliada da mulher moderna Quem de nós, mulheres, nunca sonhou em dormir e acordar maquiada como atriz de TV? A micropigmentação torna o sonho realidade FÁTIMA HADI

REPORTAGEM FOTOGRAFIA

ANTES

Profissional da beleza

DEPOIS

Ariane Novello trabalha com maquiagem definitiva há 5 anos. Relata que, para fazer a micropigmentação, é utilizado um equipamento chamado dermógrafo, que implanta tinta na pele. A base é um pigmento especial, importado, desenvolvido especialmente para cada região a ser

Equipamento chamado dermógrafo aplica tinta na pele na maquiagem definitiva trabalhada (sobrancelhas, olhos e lábios) para se obter o resultado mais suave e o mais natural possível. Para escolher a cor correta que usará, Ariane analisa diversos fatores, como subtom de pele, descendência, coloração da cútis, olhos e cabelos, entre outros. Há uma diversidade enorme de pigmentos, com os quais é possível fazer uma combinação ideal para se obter o resultado desejado. A aplicação da maquiagem definitiva demora de uma a duas horas, dependendo do procedimento. Qualquer pessoa pode se submeter à técnica, exceto aquelas com diabetes, hemofilia, trombose, aids, câncer ou mulheres grávidas. Não há limite de idade. Menores de 18 anos devem apresentar autorização dos pais. “As mulheres buscam esta técnica geralmente para realçar suas feições, delinear as sobrancelhas, olhos e lábios, mas sempre almejando naturalidade”, afirma Ariane. Além de facilitar a vida de quem perde horas em frente ao espelho, a maquiagem definitiva ainda pode corrigir imperfeições e cobrir cicatrizes. Existem diversas técnicas de camuflagem, que despigmentam e suavizam erros de outros procedimentos, como desenhos assimétricos ou inadequadas, borrões de pálpebras, lábios, obtendo-se um resultado ótimo. Mas tenha cuidado: uma avaliação prévia é importante para verificar se a pessoa tem alergia ao pigmento a ser utilizado. Na dúvida, não vacile: consulte seu dermatologista.

BELEZA

Pois bem, os tempos mudaram e tudo ficou mais moderno e prático. Hoje, se você quiser, não precisa mais carregar lápis para contornar a sobrancelha, os olhos e a boca. É só se submeter à maquiagem definitiva. Tatuagem ou micropigmentação, o nome não importa muito; o que faz sucesso mesmo é o resultado. A maquiagem definitiva surgiu na década de 1980, baseada no princípio da tatuagem. Já se consagrou como aliada da mulher moderna, proporcionando praticidade para facilitar seu dia a dia. Natural de Encruzilhada e moradora de Santa Cruz do Sul desde os 3 anos de idade, Maristela Foster, 67, professora aposentada, é uma das mulheres que aderiu à maquiagem definitiva fazendo a sobrancelha há mais de 20 anos. Hoje, continua a manutenção, retocando-a a cada 4 ou 5 anos. Maristela gostou tanto da praticidade que fez o contorno dos lábios há três meses e afirma que ainda não fez o olho só porque disseram que é muito dolorido. Ela conta que decidiu fazer a sobrancelha também para corrigir as imperfeições. A decisão surgiu quando olhava um programa de TV onde a apresentadora mostrava o serviço de uma profissional. Ficou encantada com o procedimento e, decidida, foi a Porto Alegre fazer a micropigmentação, pois em Santa Cruz do Sul o método ainda não existia. Vaidosa como toda mulher, sempre gostou muito de se maquiar. Durante os 28 anos de trabalho sempre levantava com meia hora de antecedência para se embelezar. “Agora é bem fácil. É só passar um creme e estou pronta.” Maristela afirma ainda que tudo que se faz para melhorar a aparência vale a pena.

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Se não te agrada, faz plástica Silicone e lipoaspiração são os procedimentos cirúrgicos mais almejados pelas mulheres na busca pelo corpo perfeito. Vale até brigar com o marido ANA FLÁVIA HANTT

REPORTAGEM FOTOGRAFIA

A cada minuto, em média, uma pessoa se submete a uma cirurgia plástica no Brasil. Somente em 2009, foram realizados 2,5 milhões de procedimentos. Desses, 82%, feitos por mulheres. Os dados foram fornecidos pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética - Isaps. Mas não é preciso que números falem pela mulherada. Elas defendem os procedimentos em busca de corpos esbeltos e uma autoestima elevada. Mas se as estatísticas enumeram porcentagens, as mulheres enchem os dedos das mãos para listar seus procedimentos cirúrgicos em prol da beleza. Carla Hinterholz, 32 anos, contabiliza cinco intervenções. Em 2008, depois de uma gravidez, resolveu fazer uma lipoaspiração e uma abdominoplastia para remover a pele sobressalente. “Essa era a cirurgia que eu mais desejava”, exalta. Com o sucesso da operação e a silhueta em dia, a manicure resolveu voltar ao cirurgião plástico um ano depois. Ela queria aumentar o volume dos seios, mas o médico disse que quem deveria enfrentar o bisturi era o nariz. “Ele foi bem direto: seu seio está ótimo para o seu tamanho; mas esse nariz está horrível.”

Mas quem pensa que a sentença do profissional abalou a decisão de Carla está enganado. Ela percebeu que com o uso de um aparelho ortodôntico, o formato de seu rosto realmente havia mudado, o que salientava de forma negativa a parte que o médico queria modificar. Contudo, não se convencia a deixar de lado a ideia inicial: depois de duas consultas, “persuadiu” o cirurgião plástico que, além da operação no nariz, também deveria colocar próteses de silicone. De quebra, também realizou um preenchimento nos lábios. Carla foi uma das 253 mil brasileiras que realizaram lipoaspiração no ano passado, conforme dados da Isaps. Nessa lista, também está Sueli de Brito, 34 anos. Há três meses, ela retirou pele sobressalente adquirida em uma gravidez há 14 anos. Mas ficar de bem com sua imagem teve seu preço. Foram necessárias várias safras de fumo para juntar o valor necessário para a cirurgia. “Eu olhava e não me gostava. Então trabalhei muito no pesado para juntar o dinheiro.” Se Sueli precisou batalhar para conseguir a viabilidade financeira, Gil Griesang, 33 anos, teve a tarefa de convencer

o marido. Ele acreditava que implantar silicone nos seios era um investimento desnecessário. A bonita loira, que gosta de se produzir e posar para fotos, achava que faltava somente esse detalhe para melhorar sua imagem. Depois de uma discussão com o marido, marcou uma consulta e levou adiante seu sonho. Além de um maior volume nos seios, também investiu em uma lipoaspiração nas costas. “Mas dessa eu me arrependi. Foi retirada pouca gordura e a dor foi muito forte”. Apesar desse detalhe, a empresária se diz muito feliz por ter renovado seu guarda-roupa íntimo – com uma numeração maior, diga-se de passagem. Se ela se arrepende de fazer a cirurgia contra a vontade do cônjuge? Nem um pouco. Hoje, o marido que antes se opunha, virou ex. Restou então, a autoestima que surge cada vez que Gil se olha no espelho. Carla, Gil e Sueli, mais do que representarem uma estatística que alcança a casa dos milhões, são três mulheres que não veem problemas em buscar a felicidade da forma que acham mais adequada. Mesmo que essa busca passe por um bloco cirúrgico. E cause muita dor, às vezes.

MEDICINA

ELAS MOSTRAM O RESULTADO

Uma das grandes mudanças para Gil Griesang foi a troca de numeração de biquínis e sutiãs

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Carla Hinterholz, em dois anos, fez cinco intervenções cirúrgicas na busca pela beleza

Foram necessários anos de trabalho em plantações de fumo para que Sueli de Brito conseguisse reunir dinheiro


Elas são apaixonadas por esmaltes Roxo, verde, laranja ou azul: cores mais do que divertidas e que se popularizaram por meio dos esmaltes, o acessório que virou febre e apaixona as mulheres

O mundo está mesmo colorido. Não somente em calças e sapatos. O principal acessório que reflete a mais nova tendência em inovação: os esmaltes. Coloridos, fluorescentes, foscos, metálicos, as inspirações são diversas e as novas coleções cada vez mais frequentes. A variedade enlouquece a cabeça das mulheres sem distinção entre faixa etária, classe social ou tribo. O reconhecimento desse “novo mundo” é total: até mesmo grifes famosas aderem ao produto e lançam suas coleções, que geram tanto fascínio quanto outros acessórios exclusivos. E as opções não ficam restritas às cores: o variado mundo dos esmaltes permite novas texturas, desenhos e formas. Vale tudo para afastar a monotonia e tornar cada ida à manicure uma busca por “obra de arte”. Andréia Carvalho, 27 anos, profissionalizou-se para viver diariamente a sua paixão pelas unhas decoradas. “Eu fui a todas as manicures da cidade para que elas fizessem desenhos nas minhas unhas; ficava cuidando tudo o que elas faziam, foi quando percebi que era isso que eu queria e me profissionalizei.” Déia, como é chamada, começou a carreira cuidando das mãos das amigas e hoje atende mais de 30 clientes por semana. Apaixonada por esmaltes, a manicure tem mais de 250 cores e estilos. Não resistindo às novas coleções, busca os lançamentos por meio da internet ou de uma amiga em Blumenau. “Muitas vezes pago mais de R$ 50 só de frete, mas vale a pena, pois há cores lindas.” Como a profissão dificulta que ela tenha em suas mãos as mais variadas to-

nalidades, Déia se realiza ao ver as clientes mudando as cores e decorando as unhas. Essa nova forma de arte teve suas vanguardistas, como Eloá Barreto da Silva, 59 anos, que há muito se entregou à alquimia das cores, misturando–as até chegar ao tom desejado, ou decorando suas unhas com pequenos desenhos, antes mesmo que a prática fosse uma tendência. Sua coleção ultrapassa as 60 opções de esmalte, surpreendendo até quem convive com ela. A paixão de Eloá transcendeu gerações e acabou conquistando a neta Natália, 4 anos. A menina conhece todas as cores de esmaltes da avó e sempre pede à sua mãe para levar uma nova cor a fim de incrementar a coleção já existente. A avó, por sua vez, troca as cores das unhas em média a cada dois dias e a frequência aumenta quando tem na agenda alguma festa, pois acredita que combinar a cor das unhas com a roupa é imprescindível.

Além de valorizar as mãos femininas com variedade e elegância, o esmalte acompanha o universo adolescente e suas mais diversas tendências. Possibilita a troca de cores e texturas até mesmo com as tão conhecidas mudanças de humor próprias da garotada. Quem comprova é Giulia Stefainski, 12 anos, que também já tem em casa sua pequena coleção de esmaltes. A paixão chegou junto com a febre dos fluorescentes e as primeiras cores adquiridas foram o pink, verde limão, roxo e azul. “Comprei com o dinheiro da minha mesada.”

O fato é que não importa a idade, sexo ou tribo. O esmalte chegou para ficar. Neon, emborrachado, fosco e metalizado são apenas alguns dos diferentes tipos que circulam por aí para colorir as unhas da maneira mais diferenciada possível. Na internet, os blogs específicos sobre unhas adiantam as tendências, dão dicas de combinações, apresentam as linhas de esmaltes, fazem sorteios e tiram dúvidas, além de atrair milhares de seguidoras e colecionadoras do acessório. Você ainda não tem uma coleção? Então não perca tempo e corra para fazer a sua.

Uma expressão muito usada pelo sexo oposto.

É tão difícil assim para homens serem discretos?

Desse jeito vai pegar todas.

Após, perguntei ao mestre de todas as pesquisas

Mulher é um ser tão complexo que nem mesmo

Gente, juro, mas quase matei um amigo, quando

Afêeee!

sobre “coisas de homem”. A primeira imagem já de-

elas sabem se definir. Não estou querendo dizer

queria mostrar a ele uma ex-amiga. Foi mais ou

Isso é parte de nossa cultura. Mas para ver como as

prime. E as outras, quase iguais, não fazem sair da

que somos complicadas, tá!? Apenas complexas.

menos assim: “Fulannoooo! Olha quem vem vindo!”

coisas evoluem, ou não, agora os meninos além de

depressão, pois apenas trocam o ângulo. Pois é.

Um bom caso para a ciência estudar as suas va-

E disparado virou para trás, com os dois olhos ar-

tudo são extremamente vaidosos. Lógico, fica agra-

Isso leva a uma conclusão: os homens não compre-

riantes “espécies”.

regalados, à procura do alvo. Antes que terminas-

dável. Apenas não disputem o espelho com as mu-

enderem as mulheres por estarem antenados a

Qual o problema de querer que o homem leia

se de falar a frase principal para HOMENS... Tchê...

lheres na hora de ir para a balada. Temos prioridade,

uma coisa específica. Já as mulheres, por mais sim-

nossos pensamentos? Mulher faz isso e o tempo

Olha, mas não olhaaaa!

por causa das orelhas furadas ainda quando bebês.

ples que sejam as coisas, estão ligadas a tudo em sua

todo. Será que só as mulheres se comunicam no

Afê! É tão simples.

Acabei de olhar as imagens do Santogoogle ao des-

volta. Podem fazer tudo ao mesmo tempo sem nem

olhar? Não! Já vi quando dois homens se olham

Quando falam que somos seres vaidosos demais,

crever “coisas de mulher”.

tirar o cabelo do lugar. Temos a vantagem de ter “vi-

ao passar uma mulher com uma “estrutura tra-

tenho uma justificativa sutil. Já nascemos e nos

Batons, carros detonados, maquilagem, piadinhas

são periférica”. É uma desvantagem apenas na hora

seira avantajada”. Apenas se olham com malícia.

colocam brincos e “tops” na careca. E quando nasce

imbecis – tipo a velha história da loira burra - nos-

de dirigir. Sério! Estudos comprovam.

É assim que funciona. Um grande detalhe é que

um menino...

sos acessórios, geralmente em um tom de rosa.

As coisas são feitas de pequenos detalhes.

olhamos para coisas úteis.

- Ahh, garoto! Vocês viram como ele puxou ao pai.

Estereótipo.

E as mulheres também.

FABIANE LAMAISON

REPORTAGEM

LUANA BACKES

FOTOGRAFIA

Cores juvenis

Grifes famosas lançam coleções exclusivas e conquistam seu público diariamente

CRÔNICA

Coisas de mulher? Josiane Aline Goetze

CORES

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Como enlouquecer uma mulher Não há como negar. As mulheres precisam dos homens e vice-versa. No entanto, existem coisas que eles adoram e que deixam elas piradas

ANA GABRIELA VAZ

REPORTAGEM

MARIANA PELLEGRINI

MULHER

ILUSTRAÇÃO

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Casais vivem de mudanças. Mudam nomes, idades, local onde moram, cor dos olhos ou cabelos, tudo muda, mas nunca os gostos e insatisfações. Isso é igual para todos, jamais varia. Nas rodinhas de mulheres o assunto sempre é o mesmo: aquilo que os namorados ou maridos fazem e elas detestam. E olha que a lista é grande. Existem certas características enraizadas neles que uma mudança seria impossível. Aquela jantinha dos amigos – solteiros, é claro – para uma cerveja e um bate-papo, apenas entre homens. E nós? Nós em casa, preocupadas com a hora que eles irão voltar, se irão beber demais e depois dirigir. Mulheres são bobas mesmo. Reclamamos, criticamos, choramos, e depois, gostando ou não, aceitamos e convivemos com eles. Pacificamente ou não. Mulheres são mais detalhistas e observadoras. Querem nos tirar de cima do salto? Olhem discretamente para a moça loira que vai passar do lado de vocês, com aquela saia tão curta que mais parece um babeiro. Pensaram que não tínhamos visto, não é? Mulheres possuem faro. Vemos e ouvimos tudo. Por isso, nos irritamos tanto com as atitudes dos homens. Eles acreditam que somos ingênuas e gostam de subestimar nossa inteligência. Não percebem que isso só nos deixa ainda mais chateadas. Como podemos não ficar enlouquecidas se eles (os homens) podem pegar o controle remoto da televisão e ficar zapeando os canais sem parar. Homens possuem uma verdadeira fixação por apertar botões, e a graça não é assistir a algum programa, mas mudar até parar – sempre – no futebol. Já que falamos em futebol, isso irrita muito as mulheres. Os homens são viciados no jogo e nem piscam os olhos. Além disso, ainda possuem a capacidade de pedir uma cerveja. Absurdo? Outra atitude dos homens que leva uma mulher à loucura (não, não é isso que passou pela sua cabeça) é a toalha molhada na cama. Parece que cama e toalha molhada se atraem – quando falamos em sexo masculino. Isso aborrece bastante uma mulher. Também tem as pequenas mentirinhas. Ele está atrasado e te liga dizendo que já está

chegando. Passa-se meia hora quando ele resolve chegar. E quando eles fazem que estão escutando a nossa fala? Utilizam a técnica da seleção, ou então, vão dizendo com a cabeça que sim e, quando perguntamos sobre o assunto? Hã... Não entendi. Bem que as paredes poderiam possuir ouvidos... Bastaria. Mas de todas as pérolas que os homens cometem com as mulheres, a pior delas é quando perguntamos se a nossa roupa ficou legal, se estamos bonitas, e eles respondem “bem que você poderia emagrecer um pouquinho”. Essa é para aporrinhar mesmo. Vai dizer que eles não sabem que uma frase dessas nunca se fala? E depois que brigamos com eles, a desculpa sempre é que estamos de TPM. Por que a culpa sempre é delas? Mulheres fazem múltiplas tarefas ao mesmo tempo. Trabalhamos o dia todo, limpamos a casa, cuidamos dos filhos. E os homens? Jogam futebol, assistem à televisão, saem com os amigos, jogam a toalha molhada na cama, etc. Eles também são multifuncionais! As questões são sempre as mesmas e muitos dizem que os homens é que são simples e as mulheres detalhistas demais. Seja como for, é a eterna guerra dos sexos e um não vive bem sem o outro. A verdade é que, por trás de um grande homem, sempre há uma grande mulher. O problema é que eles nem sempre percebem isso. Na verdade, quase nunca.


Elas têm dom até pra irritar

não entendemos nada de roupas femininas, para trazer ainda mais peças, e, para piorar, em tons de cores que não diferenciamos. Mesmo contrariados e com a ajuda das atendentes, levamos mais peças que, ao final, acabam não agradando. É hora de fechar e ainda estamos lá, as lojistas, coitadas, aguardam pacientemente; afinal, já estão acostumadas. Nós homens é que nos estressamos porque perdemos um tempo precioso. No final, fica complicado saber o que é pior: se é quando elas saem com as mãos e sacolas cheias (e nós, de bolsos vazios) ou quando não compram nada. Mas ruim mesmo é, independente da situação, não se poder dizer nada. O contrário disso pode custar caro à vida de um homem.

Nós, homens, amamos as mulheres, fazemos coisas que até Deus duvida por elas, mas bem que elas poderiam ser mais objetivas, ou então vir com um manual de instrução

DILAMAR GARCIA

REPORTAGEM

MARIANA PELLEGRINI

ILUSTRAÇÃO

HOMEM

Uma coisa é certa: as mulheres são boas em quase tudo que fazem. No entanto, na arte de irritar um homem, elas são verdadeiras especialistas, ninguém ganha delas nesse quesito. As formas como fazem isso são as mais variadas possíveis e vão desde coisa simples como falar sem parar até a chantagem emocional. Elas nos deixam malucos com suas perguntas, porque nunca sabemos o que querem como resposta. Um exemplo clássico é o “tô gorda?”. Sabemos que é para dizer “não”. Mas não basta qualquer “nãozinho”. É preciso olhar, avaliar, pedir para dar uma volta e, olhando nos olhos sem piscar nem tremer a pálpebra, gritar: “NÃÃÃO!”. Tudo abaixo disso é considerado pouco. Se concordarmos que realmente estão gordas, ficam magoadas. Então eu pergunto... Dá para entendê-las? Outra especialidade das mulheres é inventar diálogos geradores de brigas. Frases como o “você tá diferente hoje” são verdadeiros clássicos pra arrumar encrenca. O jeito é, quando ouvir, sair correndo. E bem rápido, sem olhar para trás, pois é briga na certa. Não adianta conversar. Elas são eternamente insatisfeitas com roupas e sapatos que possuem, sempre estão precisando comprar mais, mesmo que tenham os armários lotados. E o pior é quando nos convencem a acompanhá-las nas compras, fato que geralmen-

te conseguem após uma chantagem emocional. Vejam só como sofrem os homens. E que atire a primeira pedra quem nunca passou por situação parecida. (Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência). Uma simples visita ao shopping é motivo para uma mulher aterrorizar um homem. Antes de sair de casa você espera no mínimo uma hora e meia até ela ficar pronta. São 30 minutos no banho, 20 para aplicar 33 tipos diferentes de cremes, um para cada parte do corpo; 20 minutos para decidir que roupa irá usar e mais 20 para escovar o cabelo e fazer chapinha. O homem, angustiado, aguarda no carro. Enfim ela vem, com uma sensualidade que compensa a longa espera. A aparência parece sensível e meiga, beirando a fragilidade. No entanto, adquire uma força descomunal ao fechar a porta do carro. Às vezes você acredita que nunca mais abrirá. Em seguida, desregula o retrovisor para retocar a maquiagem que aprontou faz cinco minutos. Em cada esquina que você dobra ela quer saber por que você escolheu ir por aquela rua e não pela outra. Se fosse pela outra, ela iria perguntar da mesma forma. No shopping, deixar de olhar uma só vitrine é o maior pecado da terra. E quando elas entram em lojas de roupas e sapatos, esqueçam de sair de lá tão cedo. As mulheres nunca levam menos de dez peças para o provador. Nós, homens, ficamos do lado de fora segurando aquela bolsa horrível, porém da moda, que custou um dinheirão e só elas acham o máximo. Após provar as dez e não gostar de nenhuma, pedem para nós, que

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Para elas autoestima é tudo Quando o assunto é ficar mais sexy, as mulheres se interessam e ficam curiosas para saber os segredos

ANGÉLICA WEISE

REPORTAGEM

Imagine a cena, caro leitor. Um grupo de mulheres, de 18 a 80 anos, solteiras, namoradas, casadas, viúvas; todas curiosíssimas, com vontade de aprender truques para seduzir o seu homem. Agora pare de imaginar e conheça a história de Rita Ma Rostirrola, a primeira Sex Personal Trainer do Brasil. A proposta é simples e o resultado é fantástico. Ao menos é o que dizem as mulheres. Mais sensualidade, autoestima, performance, autoconhecimento e renovação no relacionamento. Essas são algumas das dicas que a personal sexy Rita ensina para as mulheres que participam dos cursos ministrados por ela. A personal de 44 anos nasceu na cidade de Guaporé (RS) e há mais de 15 trabalha nesse ramo. É conhecida por desenvolver técnicas de sedução e conquista. É uma mulher exuberante. Seu charme? A autoconfiança. O que viria a ser seu trabalho iniciou por acaso. Tudo começou com ‘orientações’ dadas eventualmente para amigas e primas. “Era apenas uma brincadeira”, diz ela. “Eu não tinha pretensão de trabalhar com isso. Elas começaram a formar pequenos grupos para que eu pudesse passar essas dicas.” O divertimento acabou dando certo e a brincadeira se transformou em trabalho, que por sua vez, lhe rendeu sucesso. Grupos de mulheres em empresas a chamaram para palestrar, e um público cada vez maior a procurou. Começou a

participar de programas nacionais e dar entrevistas. São mais de 2,5 mil mulheres atendidas por semana. Resultado? Ficou famosa! Betina (os nomes foram trocados), que participou do curso da personal, garante que a aula traz melhoras. “O que me chamou mais atenção é que ela deixa você com sua autoestima transbordando. Simplesmente maravilhoso”, garante. Outra admiradora é Amanda. De acordo com ela, a personal é muito sexy e faz a mulher se sentir muito bem durante o encontro. “Mulher sensual não é mulher com corpo perfeito, o que vale é estar de bem consigo mesma”, conta, ao relembrar as palavras de Rita. O que não falta em seu curso são as tradicionais aulas de striptease, as quais, garante, são apenas para os homens que já estão conquistados e não para conquistar. E se você, mulher, tem vergonha, é bom deixá-la de lado. “O striptease passa a ser uma ferramenta

que nem sempre tudo são rosas, porém, quando além de bom senso, temos doses de compreensão, paciência e bom humor, o relacionamento realmente será tranquilo”, garante. E o segredo de Rita sobre como a mu-

para apimentar uma relação, e quando se aprende a técnica, aliada a autoestima, toda mulher está apta a dar um show para o parceiro.” Cá entre nós, mulheres, Rita é muito experiente no assunto e tem a resposta para a nossa maior dificuldade em relacionamentos. Ela afirma que “somos muito Alice no País das Maravilhas.” Com isso, quer dizer que a mulher é muito sonhadora, espera sempre demais dela e do parceiro. “Temos que entender

lher deve fazer para se manter segura e ao mesmo tempo sexy? A resposta surge logo. “A maior dica que posso dar para as mulheres é que acreditem em si mesmas, que tenham atitude e não esperem a vida proporcionar alguma oportunidade. E elas devem cria-las”, afirma Rita. E realmente a proposta dá certo. Elas não voltam as mesmas para casa. Retornam mais felizes, confiantes, poderosas e com várias dicas que só as mulheres sabem e entendem.

Uma mulher de autoconfiança

SENSUALIDADE

AULINHAS DA SEXY PERSONAL TRAINER

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FOTOS: DIVULGAÇÃO


Lugar de mulher é no lar Preste atenção no texto ao lado. Estas dicas serão essenciais para que você mantenha o seu relacionamento estável

EMILIN GRINGS

REPORTAGEM FOTOGRAFIA

Seu marido trabalha o dia inteiro, não é? Portanto, não o perturbe com serviços domésticos. Quando chegar cansado, sirva a ele uma cerveja gelada e deixe-o assistir ao futebol sossegado. Se ele quiser sair com os amigos, não impeça. Espere-o linda, cheirosa e dócil. Mesmo que desconfie que ele a traia. Não o incomode com ciúmes e perguntas infantis. Mantenha o lar sempre limpo e organizado. Assim, seu marido vai notar que você é uma ótima dona de casa e não vai despertar nele o interesse de morar em outro lugar. A última dica se refere ao mercado de trabalho. Não pense em abandonar a casa e os filhos para trabalhar fora. Isso é coisa de homem. Lugar de mulher é no lar. Ao ler todas essas dicas, você deve estar pensando que a repórter aqui está louca. Você tem todo o direito de se revoltar. É um absurdo o que escrevi. Mas não faz muito tempo que era isso o recomendado pelas revistas femininas. Jornal das Moças e Querida, por exemplo, eram publicações que faziam sucesso entre as mulheres nas décadas de 50 e 60, incentivavam a mulher a agir assim. Eram outras épocas.

Era assim mesmo? Dona Moina Rech se casou aos 18 anos. Ela até queria estudar, mas o amor era mais importante. Hoje, com 79 anos, afirma que não se arrepende da escolha. O problema é que ela não sa-

bia ser dona de casa. “Era uma dondoca. Quando casei, nem café sabia fazer. Foi ele quem me ensinou.” Casada há quase 60 anos, Dona Moina conta que o marido nunca trocou uma fralda dos três filhos que tiveram. “O serviço da casa também era comigo. O Cláudio (marido) trabalhava muito. Eu tinha o dia todo para fazer as tarefas domésticas.” Quando seu filho mais novo fez 6 anos, Dona Moina começou a trabalhar fora. Ela não se arrepende do tempo em que foi “do lar”, apesar de não gostar do ofício. Acredita que as mulheres devem ficar em casa enquanto os filhos são pequenos. “A educação das crianças fica comprometida nas mãos de empregadas ou em creches.” Depois dos três filhos casados, Dona Moina começou a viver mais para si. Hoje se dedica a escrever contos infantis. Já a história de Dona Araci Dummer é diferente. Casou-se aos 21 anos. Na época já era formada no curso Técnico em Contabilidade. Mesmo antes do casamento, Dona Araci já trabalhava. O marido nunca se importou, pois o salário dela era importante para sustentar a família. “Sempre fui muito independente. Acordava às 5h para ir trabalhar. E não era incomum chegar às 22h em casa.” O casal teve apenas um filho. Para cuidar dele, Dona Araci tinha a ajuda de uma babá que também fazia os serviços domésticos. “Eu não via o meu filho. Saía antes de ele acordar. Chegava e ele

já estava dormindo.” Porém, acredita que isso não influenciou na educação. “Não me arrependo. Não sei como há mulheres que não fazem nada”. Depois de aposentada, Dona Araci dispensou a empregada e passou a ser dona de casa. Ainda hoje, aos 67 anos, é ela quem controla todas as finanças da casa e faz os pagamentos. Se há muitos anos as mulheres já eram independentes, caso da Dona Moina e da Dona Araci, é bom os homens prestarem atenção nas dicas abaixo, para melhorar a relação em casa. Ela trabalha o dia inteiro não é? Então, deixe-a contar como foi o dia e dê atenção a ela. Não se distraia com coisas imbecis, como a televisão. Deixe-a fazer um programa só com as amigas. Elogie-a sempre. Procure não fazer coisas que a chateiam, como sair com os amigos para tomar cerveja e jogar futebol toda a semana. O serviço doméstico também é responsabilidade sua. Afinal, ela não tem obrigação de manter a sua roupa sempre lavada e a casa em ordem. Cabe a você ajudar. E por último, não fique bravo com o ciúme dela. É a prova mais verdadeira de que ela te ama de verdade.

COMPORTAMENTO

Acima: Dona Araci Dummer, 67 anos, afirma que seu hobby é fazer croché. Ao lado: Dona Moina Rech, 79 anos, escreve contos infantis

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Feira das vaidades online Páginas pessoais alimentadas por mulheres obcecadas por cosméticos, os chamados Beauty Blogs fazem sucesso na rede e conquistam um grupo fiel de leitoras THIAGO STÜRMER

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REDE

O sucesso do Anne Makeup fez sua criadora, Anne Rech, mudar de profissão

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Em setembro do ano passado, a grife Chanel lançou um esmalte de cor verde-claro chamado Jade. O frasquinho custava em torno de 50 dólares e se esgotou em menos de uma hora em todas as lojas que o ofereciam. Nenhum outro produto de beleza fez tanto sucesso em 2009. O motivo? A Chanel enviou o esmalte a centenas de autoras de beauty blogs de todo o mundo antes de lançá-lo no mercado. Os beauty blogs são páginas pessoais da internet atualizadas por garotas obcecadas por cosméticos e cuidados com a aparência. Neles, elas mostram as últimas tendências e lançamentos do mercado, publicam opiniões sobre produtos, sorteiam kits e ensinam de truques simples a maquiagens sofisticadas. Se na década de 1970 revistas femininas como a Cosmopolitan influenciaram no comportamento e nos hábitos de consumo das mulheres, hoje os beauty blogs têm tudo a ver com a geração atual, que faz compras, busca e compartilha opiniões pela internet.

alimentação para as vendas da indústria de cosméticos”, afirmou a escritora Kayleen Schaefer, em um artigo publicado recentemente no suplemento de moda e estilo do jornal americano The New York Times. No mesmo texto, ela conta que, até pouco tempo atrás pedidos e opiniões de blogueiras anônimas eram apenas um aborrecimento para as empresas. Hoje, elas recebem produtos antes do grande público, ganham brindes e até viagens para falar bem sobre determinada marca. Autora de um livro sobre os blogs femininos no Brasil, a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro Luiza Lobo lembra que até Clarice Lispector já teve uma coluna sobre cosméticos, utilizando-se de um pseudônimo, no Jornal do Brasil. “A diferença é que há uma preocupação mais comercial nos Beauty Blogs. Há uma ideia de vender os produtos embutida neles”. A opinião de Luiza é confirmada ao se acessar os endereços mais conhecidos do universo dos blogs de beleza: em todos há

Não há nenhuma maneira de contar exatamente quantos blogs desse tipo existem, mas certamente são centenas só no Brasil. Poucos fogem do padrão: layout colorido com predomínio da cor rosa, público fiel e uma apaixonada por moda atrás do teclado. As palavras que mais aparecem nesses blogs fazem parte da vida de todas as mulheres e representam tanto quanto um teorema de física quântica aos homens: blush, delineador, esfoliante e alongador de cílios. “Blogs que aconselham mulheres sobre produtos de beleza têm sido uma fonte de

banners de empresas de cosméticos e os chamados “publieditoriais”, postagens pagas para anunciar determinado produto. A porto-alegrense Anne Rech é um caso de sucesso no que ela mesma intitula o “admirável mundo-novo dos Beauty Blogs”. Formada em psicologia, Anne criou seu blog, o Anne Makeup, em 2007, quando páginas desse tipo eram raras. No ano passado, ela foi contratada como editora de mídias sociais em uma grande agência de publicidade. “As mulheres usam a web para tratar de assuntos que já conversavam entre amigas”, diz Anne. “A diferença

O Frescurinhas, site de Júlia Thetinski, tem mais de 1100 acessos diários é que antes elas tinham que buscar ajuda em lojas ou com maquiadores profissionais. Hoje, têm acesso a dicas e produtos sem sair de casa”. Outra que conseguiu bastante visibilidade com seu blog de dicas de beleza foi a aluna do curso de Publicidade e Propaganda da Unisc Júlia Thetinski. Seu site, o Frescurinhas, entrou no ar em 2008 e hoje conta com mais de 1100 acessos/dia. Júlia também tem 2.600 seguidores em seu perfil pessoal no Twittter, a maioria deles em função do sucesso do blog. Com a essa aceitação, é comum que ela receba brindes e convites para eventos. Já viajou a São Paulo a convite de uma marca e participou de ações publicitárias de outras duas. Para quem se interessa pelos mimos e pelas viagens de graça, Júlia avisa: “Pode não parecer, mas ter um blog dá muito trabalho Se você não tiver conteúdo, não funciona”.


Rastros de um furacão loiro Kelly Dávina era um destaque à parte em cada competição da Fórmula Truck, quando comandava o “caminhão madrinha” da categoria sobre as pistas JÚLIO ASSMANN

REPORTAGEM

RICARDO MALAGONI ORLEI SILVA

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Você é daquelas pessoas com ideias machistas, que pensam que caminhão é coisa somente para homens? O que diria, então, de uma mulher que foi piloto da Fórmula Truck, tipicamente masculina? Ninguém melhor para falar sobre o assunto do que a própria Kelly Dávina do Nascimento. A ex-piloto, ao participar durante dois anos de uma das mais peculiares categorias de corrida do continente, por longo tempo arrancou suspiros e aplausos de fãs de todas as idades. Paralelamente às profissões de jornalista e modelo, a “multifuncional” Kelly, que usava somente seus dois primeiros nomes nos autódromos, arrasou sobre as pistas (e corações dos “marmanjos”), durante as temporadas de 2008 e 2009 da famosa Fórmula Truck. Mas não competindo: ela pilotava o Pace Truck, ou “caminhão madrinha” da categoria, que conduz os competidores à volta de apresentação, ou por ocasião de acidentes. O ingresso de Kelly na categoria foi uma casualidade. A partir de uma entrevista para trabalhar na área jornalística do evento, a loira acabou ingressando para além dos bastidores e assumindo o volante de um “pesadão”. Foi assinado por ela, na época, o contrato de dois anos com a Volkswagen.

Porém, o prazo do mesmo expirou e como uma marca diferente assumiu o Pace Truck, outra piloto foi contratada. Kelly diz que se empenhou ao máximo, mas é assim que funciona a seleção para pilotar o caminhão. Ela ainda sonha em participar da categoria, o que depende de propostas. E desta vez, seria para competir, assim como Débora Rodrigues, que desde 1999, é a única mulher que disputa as corridas.

Fora das pistas Mesmo não estando mais na boleia do Pace Truck, a paranaense, natural de Clevelândia, não fica longe das pistas. Na época em que ainda era piloto, se o autódromo que receberia a Fórmula Truck não ficasse longe da cidade onde reside no momento, São Paulo, Kelly ia com seu automóvel, ou até mesmo de caminhão. Como modelo, a bela trabalha desde os seus 12 anos. Iniciou a carreira participando de concursos realizados em Clevelândia e a partir de então, não parou mais. Mesmo trabalhando com imagem, o que mexe com o ego de alguns profissionais, a modelo sempre aprendeu com sua mãe a ser humilde e grata por por tudo que alcançou.

Por atualmente residir em São Paulo, a modelo e jornalista sente muito a falta de sua família, que continua morando em Clevelândia. Sempre que pode, a loira se reúne com seus familiares para matar a saudade. Ela considera essa oportunidade de viver momentos especiais como motivação para dar sequência aos seus trabalhos com todo o “gás”. Você, leitor (homem), deve se perguntar: “Será que ela é solteira?” Sim. A própria Kelly afirma que além de solteira, está livre. Falando em namoro, outra coisa que ocorre com muita frequência em sua rotina é o assédio de homens. Ela revela que são muitas as piadinhas sem graça, mas não dá importância. Apenas retribui os “doces” elogios de forma gentil e com um sorriso discreto, sem palavras. Kelly Dávina ressalta: “Minha sorte é que não convivo com pessoas insistentes e, para um bom entendedor, meia palavra - ou um sorriso - já basta.” Mas ela diz que isso não interfere em sua vida. Afinal, ser espontânea e simpática não é defeito para essa mulher que saiu de Clevelândia para ser reconhecida nacionalmente e se tornar referência não somente em suas profissões, mas também, em carisma e alegria.

Ao lado, se prepara para acelerar em outro tipo de pista: a passarela. A modelo, jornalista e na época, piloto, participou durante as temporadas de 2008 e 2009 da competição. Ela afirma que dependendo de propostas, pode retornar à categoria. Mas desta vez, para disputar o título com os outros pilotos dos pesados. E você, homem, irá torcer por ela?

VERSATILIDADE

Na foto acima Kelly Dávina esbanja felicidade na boleia do “caminhão madrinha” da Fórmula Truck, o Pace Truck.

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Sobre mulheres, amizade e banheiros Por que as mulheres sempre chamam uma amiga para ir ao banheiro? Os motivos são diversos e possuem variadas e extravagantes versões MARINÊS KITTEL

SEGREDOS

REPORTAGEM FOTOGRAFIA

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Imaginem se um dia fossem publicadas todas as informações sobre o que as mulheres fazem juntas no banheiro? Desde os tempos em que nossas bisavós frequentavam lugares coletivos, o papo é o mesmo. São resquícios do tempo em que precisávamos de ajuda para fechar o espartilho ou corselete. Seja em festas, bailes, futebol, enfim, onde mais de uma mulher está, com certeza nenhuma vai sozinha ao banheiro. Nada é programado. Não saem de casa falando que a tal hora vão ao toalete. É espontâneo. As razões que levam as moçoilas a irem juntas ao banheiro são das mais variadas. Há vezes que a amiga precisa de solidariedade. Outras é para retocar a maquiagem, além de necessitar da ajuda para repor o fixador no cabelo. E a bolsa? Também serve para isso, já que, na maioria dos banheiros, não existe espaços para deixar o acessório. Além das confidências de ordem sentimental. Há vezes em que uma amiga é imprescindível para que a outra se sinta mais segura e tranquila quanto a roupas, maquiagens, ou até para receber um abraço de consolo depois de uma decepção.

A estudante do curso de Administração e Auxiliar de Carteira Agrícola, Rejane Goldschmidt, se intitula como frequentadora assídua de baladas e diz que são vários os motivos que levam as mulheres a irem juntas ao banheiro. ”Eu mesma já precisei de ajuda e minhas amigas também já precisaram de mim, isso é comum em todas as festas. É difícil ver uma mulher indo sozinha ao banheiro”, revela Rejane. Além de todos os motivos de ordem prática, ela ressalta que muitas vezes uma fica de flerte, e vai para o banheiro comentar com a outra, o legítimo local da revelação de segredos. Quem pode nos contar histórias sobre este assunto é Maria Evanir Soares, conhecida por Dona Maria, que há 25 anos trabalha na limpeza dos banheiros femininos no Clube União em Santa Cruz do Sul. Conforme explica, os assuntos vão desde a curiosidade para saber a opinião da amiga sobre um determinado assunto, até a troca de confidências. Frequentemente ela se depara com mulheres chorando nos toaletes, e é nesse momento que a amiga faz a diferença. Para ela, um dos fatores que mudaram muito nos últimos tempos é a falta de educação. “Hoje em dia é mais comum nas adolescentes, que bebem e perdem o controle”, revela Dona Maria. Como exemplos, ela diz que as garotas viram

Desvendar o mistério das mulheres juntas ao banheiro é assunto que D. Maria tira de letra

Rejane diz que amiga é indispensável no banheiro, para opinar sobre a roupa ou a maquiagem deixando-a mais segura. cúmplices: trazem roupas extravagantes, principalmente peças íntimas, e fazem a troca no banheiro, já que a mãe não permitiu vesti-las em casa. Tem também os momentos em que a mulher serve para segurar o cabelo enquanto a amiga está passando mal. Além daquelas mulheres que usam os banheiros para fumar, já que o marido nem desconfia”, afirma ela. O banheiro é o local onde acontecem verdadeiras assembleias femininas, ou, em um português claro, uma boa sessão de fofocas. Para as mulheres que costumam ter uma relação mais tranquila com a intimidade do que os homens, o toalete é um lugar como outro qualquer, porém, com a vantagem de ser reservado do restante do público. Além disso, o banheiro feminino, ao contrário do masculino, favorece a conversa em grupo, já que existe um local privado para fazer as necessidades e o resto do espaço pode ser usado com liberdade para animadas discussões sobre os mais diversos assuntos. Então, os homens continuam curiosos em saber o que tanto as mulheres fazem juntas no banheiro?


Mais do que amigas, parceiras inseparáveis Fatos bizarros, saias-justas, chiliques e babados. Cinco mulheres se reúnem todos os finais de semana para trocar “aquela” ideia, e garantem: é divisão na certa LETÍCIA SCHMIDT

REPORTAGEM

A vida corriqueira faz com que um grupo de amigas se reúna todos os finais de semana para sair na balada e, é claro, trocar algumas ideias e contar as novidades. É só juntar o mulherio que gargalhadas e deboches surgem na parada. Nem mesmo os olhares assustados das pessoas que escutam os berros e risadas inibem o grupo de amigas. As confidentes - estudante, professora, contabilista, farmacêutica e administradora - compartilham momentos bons, ruins, cômicos e dramáticos. Bianca, Juliana, Mariana, Lúcia e Patrícia são amigas inseparáveis. Sexta-feira. Dia de festa para o grupo. É nesse momento que elas conseguem esquecer todos os problemas que enfrentaram durante a semana. É com a união das amigas que coisas bizarras ocorrem: tudo pode acontecer. Juliana

um pouco destrambelhada – como ela mesma diz – acabou chegando no rapaz que sua amiga, Bianca, havia escolhido. Como Bianca não queria ficar sozinha naquela noite, não pensou duas vezes: “Cheguei no rapaz que a Juliana havia escolhido e o beijei. Hoje estamos namorando. Coisa do destino? Quem sabe!”. A estudante Mariana, a mais nova da turma, conta uma situação ruim e engraçada que aconteceu com ela e sua prima Bianca. Na metade da festa, elas resolvem ir ao banheiro, e para sua surpresa, a fila estava muito grande. Alguém consegue adivinhar o que as fizeram? Não? Pois bem, preparem-se. Entraram no banheiro masculino. Isso mesmo, masculino! Mas o pior está por vir. Ao sair do banheiro, Bianca vomitou nas costas da prima. Mariana entrou em pânico. Chorou, gritou, ficou sem saber

conta uma situação cômica, que aconteceu com ela e Bianca. As duas avistaram dois gatinhos, combinaram de chegar neles, porém, como Juliana é afobada e

o que fazer. Mas não foi embora da festa. Invadiu o banheiro feminino, tentou tirar o vômito e voltar para a festa com sua prima, como se nada tivesse aconte-

cido. Mariana conta que foi a melhor balada que participou até o momento. Fez a maior festa! Lúcia, a mais centrada do grupo, confirma que sair com as amigas é diversão na certa. Para ela, a situação mais cômica até hoje foi o tombo que três das amigas dela levaram ao sair do banheiro. Ficaram roxas durante uma semana. Marta destaca a relação deste grupo de amigas: “Amizade verdadeira é diferente, porque é especial e única; é ter uma pessoa por quem a gente torce, vibra e sofre, estando presente não só nos bons momentos, mas também nos maus. E é isso o que acontece com o meu grupo de amizades. São amigas verdadeiras.” E é claro, que um bom chimarrão no domingo não pode faltar. Momento único para o grupo de amigas, haja sol, haja chuva, o encontro sai de qualquer forma. As cinco relatam que aprenderam a conhecer cada uma: “Existe um grande respeito entre nós, acredito que isso faz com que nossa amizade se torne cada dia mais forte”, diz Marta.

CONFIDÊNCIAS

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Como sobreviver aos dias d e TPM Há um determinado período que se repete todo mês na vida de uma mulher, em que o melhor a ser feito é evitar confusão. O contrário disso é o caos WILLIAN CEOLIN

REPORTAGEM

MARIANA PELLEGRINI ILUSTRAÇÃO

Cristian, 23 anos, chega em casa e liga a televisão. A namorada, Rosilene, 25, abre a porta e não gosta do que vê. Fica nervosa e ele ignora. Segundo Rosi, Cristian não fez nada do que deveria ter feito porque fica assistindo a TV o dia inteiro. Ele evita retrucar. Na verdade, ambos sabem que ela está na TPM, a famosa Tensão Pré-Menstrual. O casal mora junto há três anos. Já brigaram muito por causa da TPM. Hoje, para evitar o pior, Rosilene possui uma fórmula mágica: avisar. “Às vezes, ele nem sabe que estou na TPM. Eu preciso chegar e falar por que estou irritada”. A fórmula pe boa, mas nem sempre convence Cristian. O maior problema é o ciúme, que a

Tensão Pré-Menstrual faz o “favor” de piorar… “O ciúme quadruplica quando ela está na TPM. Se o celular toca, e é um amigo ligando, meu Deus do céu. Ela fica louca.” Por isso, a fórmula de Cristian é outra: “Concordar com tudo. Se não, você atravessa a noite, o outro dia também e ela continuará com razão. Não adianta falar alguma coisa, então é melhor deixar assim”. Também há quem diga que os homens exageram na reclamação. Na primeira tentativa de lembrar os defeitos da namorada, Cristian confessa: “Nós reclamamos tanto, mas na hora de falar não sabemos o que dizer.” Tanto Rosi quanto Cristian riem. “Viu, só?Nem é tanto assim…” - ela retruca. Cristian acha melhor concordar.

Qual o seu tipo?

SOBREVIVÊNCIA

Existem quatro tipos de TPM. Veja em qual você (ou sua parceira) se encaixa:

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INTOCÁVEL

MAGALI

No tipo “intocável”, as mulheres que ficam ansiosas e demonstram um nível de irritação elevado. Gritam por qualquer coisa e acreditam que todo o universo conspira contra elas. Se alguém chegar perto, é melhor estar bem protegido.

Nesse tipo, assim como a personagem do desenhista Maurício de Souza, as mulheres apresentam apetite fora do comum. Esse comportamento motivou a empresa Maria Brigadeiro a criar o Kit TPM Alívio, apenas com doces.

SANFONA

ZUMBI

Todas as vezes que entram na TPM, elas aparentam mudanças físicas como ganho ou perda de peso, por exemplo. Eis o tipo “sanfona”. É preciso ter cuidado.Esse tipo pode provocar outro: o “intocável”.

Você chega para trabalhar e vê sua colega com cara de zumbi? Pode estar certo que isso é consequência do quarto tipo de TPM. Nesse caso, elas apresentam insônia e geralmente entram em depressão.


RESENHA

Só assim para entender as mulheres Pedro Garcia

Guia de sobrevivência masculino Seis dicas indispensáveis para qualquer homem sobreviver à TPM:

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Concorde com tudo o que ela disser, por mais errada que esteja ou discuta. Não convém explicar que você está chateado só porque o seu time de futebol perdeu.

2

Compre coisas para ela. Pode ser roupas, calçados, joias ou até mesmo acessórios. Os cientistas ainda não descobriram, mas isso pode ser a melhor cura para a TPM.

3

4

Aceite todos os pedidos dela, mesmo os mais absurdos. Se ela pedir para você assistir o espetáculo de dança em vez de futebol, não discuta. Essa certamente será a melhor a opção.

Elogie sempre. Jamais questione os gostos dela, sejam para roupa, comida ou marca de cerveja (hein?). Lembre-se de que ela é um ser perfeito e merece ser encarado como tal. Mesmo que tudo seja mentira.

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Faça tudo o que ela faz diaEvite dizer que ela está riamente. Seja em casa, no na TPM. Esse é o princitrabalho ou em qualquer pal truque de sobrevilugar, é bom você deixá-la vência. Por mais que ela descansar um pouco e se “colosaiba disso, é a sua vida car na pele dela”. Também diga que está em jogo. Deixe ela griisso. Ela vai gostar. tar e fazer o que quiser. Nunca mencione a palavra TPM quando estiverem juntos.

O Homem – com H maiúsculo – se esforça todos os dias para criar máquinas mais inteligentes do que ele. Computadores que dão a volta ao mundo, celulares que pintam e bordam, robôs que fazem e acontecem. Já se diz que ciência e tecnologia não têm limites. Um ancestral meu costumava repetir: “Depois que inventaram o debulhador de milho elétrico, eu não duvido mais de nada”. E embora pareça que as coisas se encaminham mesmo para isso, digo, todo mundo capaz de fazer tudo de forma fácil, a verdade é que tem coisas que ainda estamos (bem) longe de conseguir. Como entender as mulheres. Os homens – agora, com H minúsculo – tentam isso todos os dias. E falham todos os dias. As mulheres também tentam se entender. E também falham. Até onde eu sei, nenhum ipod se apresentou com a promessa de atribuir um sentido às complexas vias de raciocínio que justificam atitudes as mais imprevisíveis e descabidas. E se o Steve Jobs não consegue, é porque a coisa é complicada. Acho um tanto curioso que, por exemplo, estudemos com tanto afinco em aulas de biologia o sistema digestivo das esponjas do mar, mas não consigamos entender a mente feminina. Quem chegou mais perto disso é Nick Marshall, um publicitário vaidoso e garanhão, pai solteiro, egoísta, encabeçador de propagandas de bebida e cigarro tão machistas quanto ele, que viu seu reinado ser ameaçado na agência onde trabalhava com a chegada de uma nova colega. Isso mesmo, uma nova colega.. A ordem que recebeu era a de criar campanhas para produtos femininos, mas em tom sensível e respeitoso, coisa que sua mente viciada na lógica da “mulher-objeto” não estava acostumada a processar. Eis que, após um insólito acidente, o sujeito inexplicavelmente foi presenteado com um dom único. Tornou-se capaz de ouvir os pensamentos das mulheres, tão alto quanto suas próprias vozes. Bastava que uma chegasse perto, e tudo o que se passava na cabeça dela chegava aos ouvidos dele. Assustador? Nem tanto, pois a partir de determinado momento, o esperto Nick soube usar aquilo a seu favor, para o bem e para o mal. Reatou os laços com a filha, descobriu a admiração de uma funcionária de baixo escalão que costumava ignorar, desvendou os desejos sexuais de uma amante e, é claro, surrupiou os projetos da colega durona que o desafiava.

Aliás, acho que esqueci de comentar, mas Nick é o protagonista do filme Do que as mulheres gostam, comédia com Mel Gibson e Helen Hunt, e dirigida por Nancy Meyers. Quer dizer, nem na ficção existe alguém capaz de entender as mulheres.

DICAS

Enfim, Nick descobriu que, apesar de ser o “tal” e fazer sucesso com as fêmeas, ele na realidade as entendia tanto quanto um virgem de 40 anos. Ou uma esponja do mar. Mulheres são complexas, até para um bonitão, e seduzi-las não é o mesmo que estar em sintonia com elas. Eu aposto minhas fichas que enquanto existirem bolsas, esmaltes, chapinhas, absorventes, dores de cabeça, vitrines, invejinhas, chantagens e bichinhos, pouco se saberá de concreto sobre este misterioso objeto da natureza. A não ser que Steve Jobs nos surpreenda. Ou se alguém receber um presente tal qual Nick Marshall.

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A mulher da imagem no espelho Cristianno Caetano

Essa mulher que é minha mãe, Essa mulher que é minha irmã, Essa mulher que é minha avó, Essa mulher que é minha amiga. Sou todas elas. Mas nenhuma delas; Nenhuma, É a mulher que sou. A escritora Clarice Lispector escreveu isso, ou algo parecido, no século passado. Muitas mulheres leram, acharam lindo e revelador. Mas... Olharam-se no espelho, identificaram-se... E só. Faltou coragem, ou talvez um intenso desejo de se mostrar e deixar que vissem a verdadeira mulher da imagem no espelho. A virada do século trouxe uma nova concepção dessa “imagem”, e na fotografia isso se revela plenamente. Hoje, ela não se restringe ao espelho. A mulher, tal qual o diafragma da minha câmera se abre, ilumina-se, gosta-se, mostra-se sem medo ou pudor. Ousadia é a palavra de ordem. Para que a vejam por inteiro e captem sua essência no sorriso, no gesto, no vestir, no despir, no transgredir. Ela sabe que pode e faz coisas que parecem insanas, como:

Romper barreiras sem agredir. Ser sexy ao natural, sem compromisso de seduzir.

Ser infantil e despojada sem descer do salto. Fazer rir sem o vício da malícia. Combinar, descombinando. Extrapolar sem exagerar. Ser clássica, vulgar, imatura, ousada, in ou dependente.

Tanto faz.


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