Desafios (Folha de sala)

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TRIGO LIMPO TEATRO ACERT

EM PARCERIA COM JOÃO PAULO SANTOS (C.IA ÚLTIMO MOMENTO)


cARLOS FERNANDES ®


Um pássaro na gaiola sabe muito bem que existe algo em que ele pode ser bom, sente muito bem que há algo a fazer, no entanto, não o pode fazer. O que será? Ele não se lembra muito bem. Tem então uma vaga lembrança e diz para si mesmo: “Os outros pássaros fazem os ninhos, têm filhos e criam a ninhada”, depois bate com a cabeça nas grades da gaiola. E a gaiola continua ali, e o pássaro fica louco de dor.

No entanto, o prisioneiro vive, e não morre. Ele está bem, está mais ou menos feliz sob os raios de sol. “— Mas aqui tens tudo o que precisas”. Tenho tudo o que preciso? Tenho tudo o que me faz falta… Estou preso, estou preso e não me falta nada, imbecis. Ah! A liberdade! Ser um pássaro como outros pássaros. Preciso de liberdade! Em Cartas a Theo de Vincente Van Gogh


DESAFIOS A relação criativa da ACERT com João Paulo Santos e a Companhia O Último Momento teve início em 2005, quando a companhia esteve em residência artística no Novo Ciclo ACERT, em Tondela, na preparação do seu espetáculo Peut-être. E a partir daí a relação foi-se estreitando ao longo dos anos, entre várias residências artísticas e apresentações… Em 2016, integrado no projeto Cirkus Lab, construiu-se o espetáculo Não tens coragem?!, uma produção conjunta de O Último Momento, Trigo

Limpo teatro ACERT e Na Xina Lua – Grupo de Teatro da Escola Secundária de Tondela, companhia residente do Novo Ciclo ACERT. De toda esta vivência, foi ficando sempre uma enorme vontade de voltar a criar um espetáculo em conjunto. E dessa vontade nasceu esta criação, Desafios, fruto de duas residências artísticas em Tondela, com estreia a 13 de novembro de 2019 no FINTA - Festival Internacional de Teatro ACERT.


FOTO DE CARLOS TELES®

SINOPSE Desafios é um projeto de cruzamento do novo circo com o teatro, com uma forte componente cenográfica, desenvolvendo uma narrativa comum em que os dois mundos criativos se cruzam, provocam e desenvolvem. Desafios é o confronto entre o físico e o etéreo, entre o saber e o descobrir, entre o mexer-se e o ficar parado… Um desafio constante de analisar a existência à luz de um quotidiano diferente, em que o mundo se divide entre

quem arrisca e quem se mantém, entre os que aceitam os desafios e os que, por medo, continuam a pisar o chão, receosos e inseguros. Desafios recria a vivência quotidiana das comunidades, das nossas comunidades, a vivência no interior de um país, do mundo, mas remetido a viver uma pequenez social e mundana, castradora da alegria de viver universalista e livre que anteviu aquando da Revolução de Abril.


cARLOS FERNANDES ®

Van Gogh não morreu de um estado de delírio pessoal, mas de ter sido corporalmente o campo de batalha de um problema onde se debate, desde as origens, o espírito iníquo desta humanidade, o da predominância da carne sobre o espírito, ou do corpo sobre a carne, ou do espírito sobre o corpo. E no delírio, onde fica o lugar do eu? Durante toda a vida, Van Gogh procurou o seu com energia e uma estranha determinação, e não se suicidou num ataque de loucura, no transe de lá não chegar, mas tinha, pelo contrário, acabado de chegar lá e ficar a saber que lá estava quando a consciência geral da sociedade, castigando-o por se ter arrancado dela, o suicidou.

E como é que o fez? Durante uma farra, ou uma missa, introduziu-se no seu corpo, apagou nele a consciência sobrenatural que ele acabava de adquirir e, como se fosse a introdução de corvos pretos nas fibras da sua árvore interna, submergiu-o com


um derradeiro ressalto e, ocupando o seu lugar, matou-o. Em Van Gogh, o suicidado da sociedade de Antonin Artaud


FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA Dramaturgia: Coletiva a partir das “Cartas a Theo” de Vincent Van Gogh

Luz: Paulo Neto Som: Luís Viegas

Encenação: João Paulo Santos e Pompeu José

Design gráfico: Zétavares

Cenografia: Pompeu José

Vídeo: Zito Marques

Música: Miguel Cordeiro (ao vivo)

Fotografia: Carlos Fernandes, Carlos Teles e Rui Coimbra

Movimento: Juliana Gamas

Serralharia: Araufer

Figurinos: Adriana Ventura

Engenharia Mecânica: Ângela Neves e José Salgueiro Marques (Dep. Engenharia Mecânica e Gestão Industrial, I. P. V. – Esc. Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu)

Interpretação: António Rebelo Gustavo Cunha Ilda Teixeira João Filipe Santos João Paulo Santos Margarida Loureiro Margarida Oliveira Pedro Sousa, Sandra Santos Susana Alves

Secretariado: Paula Pereira e Rui Vale

135ª Produção do Trigo Limpo teatro ACERT Classif. Maiores de 12 anos / Duração: 60 minutos

Trigo Limpo teatro ACERT Rua Dr. Ricardo Mota, 14 3460-613 Tondela www.acert.pt/trigolimpo

Estrutura financiada por

FOTO DA CAPA: CARLOS FERNANDES ©

Produção: Marta Costa e Rui Coimbra


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