437 - MANUAL DE ECONOMIA2

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Para alguns segmentos da sociedade, tal política traria impactos extremamente perversos sobre a produção doméstica, a exemplo do que havia ocorrido na Argentina e no Chile. É importante observar porém que tal preocupação não procede, na medida em que: a) esses países mantiveram taxas de câmbio fixas durante o período de abertura, usando o câmbio como instrumento de combate à inflação; b) havia recursos no mercado internacional para financiar os déficits que surgiram como conseqüência dessa fixação do câmbio; c) no Brasil, o câmbio é flutuante, portanto, pressões de demanda de divisas elevarão o valor do câmbio, o qual, dessa forma, acaba se constituindo na própria proteção à produção doméstica; d) não há recursos no mercado internacional para financiar déficits na balança de pagamentos e, portanto, nenhuma "avalanche" de importações. Os resultados do segundo semestre de 1990 mostram que as importações até então proibidas representaram apenas 4% do total das compras externas nesse período. E mais no início de 1991, a balança comercial brasileira já apresentava resultados satisfatórios. Outra questão importante a ser destacada na administração Collor é a tentativa de novo aceito para a retomada do pagamento da dívida externa. Afinal, dentro da estratégia de integração do País na economia mundial o acerto da dívida externa era uma pré-condição. A novidade introduzida nas negociações foi, no entanto, o condicionamento do pagamento da dívida externa à geração de superávits no orçamento público. Afinal, como o governo é o grande devedor externo, mas não é o gerador de divisas, precisa de cruzeiros para comprar dólares do setor privado. Se não obter esses cruzeiros através do superávit fiscal é obrigado a emitir moeda e as pressões inflacionárias serão inevitáveis. Por ocasião do encerramento deste texto, o País estava tentando um acordo com o Fundo Monetário Internacional, já sob a condução do Ministro Marcílio Marques Moreira. Depois desse acordo, as negociações serão retomadas com o Clube de Paris e os bancos privados estrangeiros.

4. Considerações finais Como se pode observar ao longo do texto, o setor externo passou por diferentes fases neste período. Além disso, nota-se que, apesar da economia brasileira apresentar um grau relativamente reduzido de abertura externa, a sensibilidade do País às oscilações do mercado internacional é muito pronunciada.

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