437 - MANUAL DE ECONOMIA1

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A divisão da análise econômica em positiva e normativa, esclarece Lipsey (An introduction to positive economics, Londres, 1979, 5. ed., p. 5), resulta da impossibilidade lógica de se deduzir proposições normativas de proposições positivas e vice-versa. Exemplifica: se sabemos que duas coisas são verdadeiras, podemos dela deduzir uma terceira, que também o será; mas não podemos deduzir nada acerca do que seria desejável. A proposição "é impossível dividir o átorno- é positiva e pode ser contestada empiricamente. "Os cientistas não devem dividir os átomos" é proposição normativa e contém juízos de valor. Adverte Lipsey que o estudante deve tomar cuidado para que tal distinção não se converta em "lei dogmática". Assim, o estudante de Economia Positiva não deve parar sua investigação no instante em que ouvir a palavra "deve".

Em nossa época a economia passou a ter mais contato com a realidade e, por isso mesmo, tornou-se mais útil para a nação. Nesse sentido, além de desenvolver metodologia aplicável à análise de problemas individuais e microeconômicos, voltou-se para considerações macroeconômicas e passou a atender mais diretamente às solicitações do Estado, em sua crescente intervenção na ordem econômica. Problemas da especialização da mão-de-obra e da produtividade, da poupança e da acumulação de capital, do comércio exterior e do balanço de pagamentos, da estabilidade monetária e da política financeira, do aumento demográfico e do desenvolvimento econômico, e muitos outros, passaram a ser tratados em nível nacional. Métodos estatísticos e modelos econométricos foram aperfeiçoados para atender à "ótica global". Organizou-se a contabilidade nacional, que se superpôs às contabilidades privadas dos empresários e à contabilidade puramente orçamentária do Estado. Retrospectiva ou prospectiva, a contabilidade da nação foi, em seguida, adaptada a nível regional. Complexo instrumental analítico permitiu a elaboração de planos econômicos indicativos ou autoritários, globais (de promoção do desenvolvimento, no caso dos países emergentes, ou de aceleração do ritmo desenvolvimentista, no caso das nações prósperas), regionais (como o planejamento de áreas metropolitanas, bacias hidrográficas, áreas estagnadas ou em regressão econômica etc.) ou setoriais (de estímulo à atividade agrícola, à criação de complexos industriais, à organização da infra-estrutura econômica, ao desenvolvimento da educação, à assistência à saúde etc.). À evolução do instrumental analítico quantitativo junta-se o progresso dos serviços de computação, com grande aumento da margem de ação e de segurança da análise e da previsão econômicas. Concomitantemente, verifica-se a ascensão do "economista políticocomo conselheiro de governantes: oferece aos responsáveis pelas decisões públicas opções de escolha sempre que possível em termos quantitativos; quando não dispõe de dados para elaborar um modelo quantificável, realiza estimativas qualitativas dos efeitos prováveis de determinadas ações. Define problemas, estima os custos e os lucros, as vantagens e as desvantagens de ações alternativas; indica, por exemplo, como pode o governante tentar obter o pleno emprego dos fatores humanos e materiais ou uma elevada taxa de crescimento, a um custo mínimo 64 relativamente à estabilidade de preços e ao balanço de pagamentos .

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Cf. Walter W. Heller, Novas dimensões da economia política, trad., Zahar, 1969.

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