Odonto Magazine 21- Outubro 2012

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Odontologia Segura

Coqueluche: uma doença reemergente no mundo Lusiane Borges Biomedicina - UNISA / UNIFESP - Escola Paulista de Medicina, São Paulo. Odontologia – UMESP, São Bernardo, SP. Especialização em Microbiologia – Faculdade Oswaldo Cruz, São Paulo. Especialista em Controle de Infecção em Saúde – UNIFESP, São Paulo. Pós-Graduanda em Prevenção e Controle de Infecção em Saúde – UNIFESP, São Paulo. Coordenadora de Cursos de ASB/TSB desde 2000 (sete Regionais APCD, ABO São Paulo e Santos e ALAPOS). Membro do Conselho Científico da Odonto Magazine, São Paulo. Autora-coordenadora do livro “AST e TSB – Formação e Prática da Equipe Auxiliar”,2012. Consultora em Biossegurança em Saúde – Biológica, São Paulo, SP. Coordenadora Científica – ALAPOS (Associação Latino-americana de Pesquisas em Odontologia e Saúde), SP. Consultora Científica da Oral-B, Fórmula & Ação, Sercon/Steris e outros. Representante do Brasil na OSAP (Organization for Safety, Asepsis and Prevention), EUA.

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coqueluche, também conhecida como tosse comprida é uma doença altamente contagiosa que causa episódios de tosse violentos e graves. O agente etiológico é a bactéria Bordetella Pertussis. Embora, atualmente, adolescentes e adultos sejam frequentemente afetados, lactentes muito novos, ainda não completamente imunizados, podem contrair a infecção, geralmente transmitida por um membro da família, e evoluir para um quadro grave, que pode levar ao óbito. Atualmente a coqueluche tem sido considerada uma doença reemergente. Em alguns países desenvolvidos com alta cobertura vacinal, a doença tem ressurgido. Há relatos de aumento de incidência especialmente entre adolescentes e adultos jovens. Na França, estudos recentes evidenciaram casos de coqueluche em crianças cujas fontes de infecção foram pais, irmãos adolescentes, avós e babás. Hoje, de acordo com a OMS, entre 20 milhões e 40 milhões de casos são registrados anualmente em todo o mundo, dos quais entre 200 e 400 mil óbitos. Na Califórnia, em 2010, ocorreu epidemia com 9.100 casos e 11 óbitos em bebês. No Brasil, a morbidade da coqueluche já foi elevada. Na década de 1980 foram notificados mais de 40 mil casos anuais. Em 1973, com a instituição do Programa Nacional de Imunização (PNI), quando a vacina tríplice bacteriana DTP (difteria, tétano, coqueluche) passou a ser preconizada para crianças menores de sete anos, houve um declínio da incidência da coqueluche, com queda acentuada, principalmente a partir de 1983. A faixa etária de maior risco é a de menores de um ano. A letalidade também é mais elevada neste grupo etário, principalmente nos menores de seis meses. Tem-se observado, no Brasil, nestes dois últimos anos, uma elevação do número de casos. O sistema de notificação de casos (SINAN/SVS/MS) registrou 427 casos em 2010, 80% em menores de um ano. O Estado de São Paulo teve aumento de 83% entre 2006 e 2010.

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Novas recomendações sobre a vacina tríplice bacteriana acelular uso adulto (dTap) Em 27 de setembro de 2011, o Comitê Assessor de Práticas de Imunização do CDC (ACIP) e a Academia Americana de Pediatria (AAP) fizeram uma revisão de suas recomendações sobre o uso da vacina tríplice bacteriana acelular do adolescente e do adulto (dTap). O “Grupo de Pertussis do ACIP” baseou estas recomendações em estudos publicados sobre a imunogenicidade e segurança da vacina, em ensaios sobre a vacina e em experiências clínicas. Também revisaram a epidemiologia atual do Pertussis. Principais recomendações » Baseado na revisão do comitê de ensaios clínicos e outros estudos que não citam excesso de reações adversas quando a dTpa é aplicada em um período curto após a aplicação do toxóide tetânico e diftérico, a recomendação é “não existir mais intervalo mínimo entre a administração da dupla adulto-dT- (difteria/tétano) e a dTap”. » Para proteger pessoas suscetíveis ao pertussis, a AAP e o CDC recomendam “uma simples dose de dTap para crianças entre sete e 10 anos que são subimunizadas”, isto é, que não receberam a série total recomendada de DTaP ou DTP antes dos sete anos ou que têm uma história vacinal incompleta ou desconhecida. » “Mulheres grávidas de qualquer idade devem receber dTap”, pois a mãe fica protegida, desenvolvendo anticorpos que serão transferidos para o bebê. » A idade de recomendação para a dTap é agora “estendida para pessoas de 65 anos ou mais que têm contato com crianças menores de 12 meses”, como avós, cuidadores, etc. » Continua a recomendação para “vacinação de adolescentes, inclusive adolescentes grávidas”. A dose do adolescente deve, preferencialmente, ser dada entre 11 e 12 anos”. » “Uma simples dose de dTap deve ser dada para adultos de qualquer idade que não tenham recebido dTap previamente”.

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