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PALAVRA DO COMODORO

EXPEDIENTE

Prezados associados, Mais uma edição da nossa revista está finalizada. É a terceira de 2012. A cada nova edição, aumenta a participação de associados colaborando com suas experiências náuticas, diários de bordo, artigos técnicos e em especial de novos patrocinadores, tornando sua publicação cada vez mais viável. Esta Comodoria optou por investir pesadamente em melhorias no patrimônio e, consequentemente, no bem-estar do associado, sem esquecer da modernização administrativa e no fomento aos esportes náuticos. O resultado tem sido excelente, podendo ser observado a cada fim de semana, com o aumento da frequência dos associados, familiares e amigos, bem como num crescente número de velejadores participando dos eventos organizados. Na área de patrimônio, estamos concluindo o calçamento de um total de aproximadamente 4.000 metros quadrados, de áreas que facilitarão o acesso a locais muito utilizados, diminuindo e dificuldade de acesso no inverno e poeira no verão. Também foram concluídas as obras dos quiosques do campo de futebol e da área oeste, bem como das churrasqueiras do mato, totalmente novas e condizentes com as necessidades de conforto e lazer que o associado merece. A cobertura das oficinas, também foi finalizada, melhorando o atendimento aos associados e dando um novo visual futurístico ao local. Novo flutuante de 20 metros está sendo colocado no píer de concreto da área leste, junto às churrasqueiras, praticamente finalizando a obra para uso dos associados. Na ilha Chico Manoel, foram trocadas 28 estacas nos trapiches, que estavam deterioradas, e realizada cobertura de fibra em todas, evitando infiltração precoce de água. Também foram colocados dois tubulões de borracha, com peso aproximado de duas toneladas cada um e que flutuam, servindo para reduzir as ondas provenientes dos ventos sul e sudeste. Na área esportiva, as atividades estão de vento em popa, com vários campeonatos sendo realizados. Também está em andamento o projeto Match Race Veleiros do Sul, com resultados excelentes como a vitória da equipe do Veleiros no Sul-americano Open de Match Race, em Belo Horizonte. No aspecto administrativo, estamos na segunda fase da implantação do novo programa Elite de gestão informatizado. Atualmente o setor administrativo já tem relatórios online da situação de cada associado referente aos pagamentos das contribuições. Na segunda fase iniciaremos o módulo EliteWeb. Estará à disposição dos associados a interatividade, com um ícone de autoatendimento no nosso site www.vds.com.br. O acesso estará disponível (horário comercial) por meio de uma senha a ser enviada a todos os associados, bem como do seu número de matrícula, podendo ser conferida a situação financeira atualizada, o cadastro, alteração da senha, segunda via de boleto bancário e também numa fase inicial, a reserva online de áreas sociais, como por exemplo, a Vento Sul. Cada vez mais, temos certeza do rumo escolhido, ou seja, investir no bem estar do associado. Com essa premissa em andamento, a resposta tem sido fantástica, aumentando a satisfação, a participação com sugestões e críticas construtivas e impulsionando cada vez mais nossa embarcação para grandes conquistas.

Bons ventos a todos! Newton Aerts Comodoro

Comodoro Newton Roesch Aerts Vice-Comodoro Esportivo Eduardo Ribas Vice-Comodoro Administrativo Ricardo Englert Vice-Comodoro Patrimônio Pablo Miguel Vice-Comodoro Social Eduardo Scheidegger Jr. Conselho Deliberativo Presidente Luiz Gustavo Tarrago de Oliveira Vice-Presidente Cláudio Ruschel Diretor de Sede e Porto Luiz Vinícius M. de Magalhães Diretor da Escola de Vela Minuano Boris Ostergren Diretor de Parques e Jardins Pablo Miguel Prefeito da Ilha Chico Manoel Luiz Morandi O Minuano é uma publicação do clube Veleiros do Sul. Fones: 55 (51) 3265-1717 3265-1733 / 3265-1592 Endereço: Av.Guaíba, 2941 Vila Assunção Porto Alegre – Brasil CEP: 91.900-420 E-mails: comunicacao@vds.com.br Twitter: @veleirosdosul Site: www.vds.com.br

Publicação Editor: Ricardo Pedebos - MTB 5770/RS Textos e Fotos: Ricardo Pedebos e Ane Meira Foto Capa: Carlo Borlenghi / Rolex Projeto Gráfico e Diagramação: Renato Nunes Fotolitos e Impressão: Gráfica Calábria Tiragem: 1.500 exemplares Distribuição: Sócios do VDS, diretorias dos clubes náuticos e marinas do Brasil. Clubes da Argentina, Chile e Uruguai.


VDS é campeão Sul-Americano de Match Race Geison Dzioubanov, Ana Barbachan e Gustavo Thiesen foram os vencedores da competição em Minas Gerais

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Veleiros do Sul conquistou o título do Campeonato SulAmericano Open de Match Race realizado nos dias 25 e 26 de agosto no Iate Clube Lagoa dos Ingleses, em Belo Horizonte (MG). A equipe sob o comando de Geison Mendes Dzioubanov derrotou na final Renata Decnop (Marinha do Brasil-RJ) por 2 a 0 na série de melhor de três regatas. Nos confrontos para definir o

campeão sul-americano, o barco do VDS velejou sempre na frente enquanto Decnop sofreu um pênalti em cada uma das regatas e não conseguiu ameaçar o adversário. A competição contou com as melhores equipes de match race do país. O comandante Geison Dzioubanov ressaltou o trabalho da sua tripulação. - Fizemos um bom campeonato desde o começo, de todos os mat­ ches que corremos perdemos ape-

Três equipes do Projeto Match Race do VDS participaram do campeonato que contou com as melhores tripulações do país 4

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nas um para a Juliana Motta (RJ), e foi por bico de proa na chegada. A experiência dos velejadores Ana Barbachan e Gustavo Thiesen foi fundamental para vencermos. Dzioubanov também ressaltou o treinamento das equipes do Projeto Match Race do Veleiros do Sul, que participaram do campeonato. - Nós fizemos sempre boas prélargadas procuramos velejar mais pelo vento. Mostramos que estávamos bem preparados. A nossa delegação contou com três equipes. No final o nosso pessoal ajudou no desmonte dos barcos e guarda do material, uma disciplina transmitida nos treinamentos no Projeto. Na classificação geral do Open Juliana Senfft (RJ) ficou em 3º lugar,

Martine Grael (RJ) em 4º e Juliana Motta (RJ) em 5º. A vice-campeã Renata Decnop ficou com o título SulAmericano Feminino. O Veleiros do Sul participou no Sul-Americano Open com mais duas tripulações: Philipp Grochtmann, Vil­ nei Goldmeier e Rodolfo Streibel, 8º lugar, e Alan Willy, Lorenzo Medei-

ros e Martin Rump, 12º. Todos eles pertencem ao Projeto Match Race do Veleiros do Sul que conta com apoio da Lei de Incentivo do Ministério do Esporte e patrocínio das empresas Marcopolo, Randon, Banrisul, Vipal e Ritter. Atualmente participam 15 atletas nos grupos de iniciantes e avançados.

Ministério do Esporte visitou o Clube A assistente técnica Luciana Castro, do setor de acompanhamento e monitoramento do Ministério do Esporte visitou o clube no dia 7 de agosto para conhecer de perto o Projeto Match Race. Ela assistiu o treinamento das tripulações das categorias de iniciantes e avançados e aproveitou para conversar com os velejadores. Também conheceu as instalações do clube, hangares, guincho, sala de materiais e academia.

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Foto : Carlo Borlenghi / Rolex


Crioula ĂŠ o brasileiro destaque na S40


Foto : Carlo Borlenghi / Rolex

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maior aplauso para a tripulação do Crioula é o reconhecimento da sua garra e talento na raia. Os velejadores que fazem parte da equipe da classe S40 que nasceu dentro do Veleiros do Sul, têm demonstrado nas competições que o entrosamento e a determinação a bordo fazem aparecer os bons resultados. De junho a agosto, eles foram vice-campeões da Mitsubishi Sailing Cup e na Rolex Ilhabela Sailing Week, e destacaram-se em algumas regatas que chamaram atenção pelas estratégias apresentadas na raia. Nas duas etapas da Mitsubishi Sailing Cup, Ilhabela e Búzios, o Crioula foi o brasileiro melhor classificado na competição que teve como vencedor, o Patagônia, da Argentina. O tático Samuel Albrecht avalia a participação do Crioula. - Encerramos nossa temporada no Brasil com a disputa de três eventos. A Mitsubishi Cup, onde fomos vice-campeões, composta por duas etapas, Ilhabela ficamos em 4º lugar e Búzios em 2º. E na Rolex Ilhabela Sailing Week, onde conquistamos o vice- campeonato. O balanço é positivo, a equipe vem crescendo e já é mais consistente nos resultados. Nós superamos as deficiências que tí-

nhamos na temporada 2011. O Crioula hoje é um barco de chegada, sempre está entre os cinco primeiros colocados nos campeonatos, e isso é importante. Está faltando emplacar um título, ainda não vencemos nenhum e estamos trabalhando nesta direção. Já sabemos onde temos que melhorar e os pontos a serem aperfeiçoados. Rolex Ilhabela Sailing Week - O Crioula foi vice-campeão e teve muito perto de ficar com o título da S40, mas um fato polêmico, que extrapolou o evento e foi discutido em âmbito da vela sul-americana, tirou um pouco o brilho da disputa. No último dia o Crioula tinha 11 pontos perdidos e o Pajero 9. O Pajero possuía um descarte (3) e o Crioula (5). Foram realizadas duas regatas no dia. A oitava prova foi vencida pelo Crioula, mas o Pajero terminou a regata em segundo. O barco gaúcho continuou em desvantagem para a última regata e para vencer o campeonato precisava de um primeiro ou segundo lugar e o Pajero chegar atrás. Qualquer outro resultado perderia. Polêmica - Ao dar a largada na regata final o Pajero saiu escapado e não retornou para a linha, apesar da sinalização visual da


Fotos: Tom Papp/ Mitsubishi

Comissão de Regatas e dos chamados pelo rádio VHF. O barco, que tinha como tático André Fonseca, o Bochecha, continuou no percurso de contravento e mesmo fora da regata foi para cima do Crioula, e todo tempo atrapalhou o seu adversário. A prova terminou com o Carioca em primeiro lugar, o Crioula em quarto e o Pajero desclassificado por OCS. Mas pela pontuação acumulada o título foi do Pajero, por dois pontos de diferença, sobre o Crioula. Levada a questão ao júri internacional, o representante do Pajero alegou que não ouviu pelo rádio o chamado da Comissão de Regatas e que apenas marcaram o adversário na raia. Por falta de provas o júri considerou que o Pajero não infringiu as regras de má conduta ou antidesportiva. O comandante “Samuca” diz quais são os próximos desafios do Crioula Sailing Team. - Seguirá para Buenos Aires, onde participaremos da última etapa do Circuito Sul Americano de 2012 no início de setembro. No acumulado estamos na 4ª colocação e vamos brigar para subir na tabela e buscar um lugar no pódio. Após esta etapa, nos concentraremos nos treinos em Porto Alegre até o

Na Mitsubishi Sailing Cup Crioula ficou em segundo lugar

fim do ano, com o Crioula 03, visando nosso grande objetivo, que será o Mundial da classe em janeiro de 2013 no Chile. A tripulação do Crioula é composta por: Samuel Albrecht, Geison Mendes, Eduardo Plass, Renato Plass, Fabrício Streppel, (Guilherme Roth), George Nehm, Alexandre Rosa, Bruni Zirilli e Diego Garay.

Comemoração brasileira entre argentinos e chilenos O MINUANO

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As estrelas que brilharam na classe Oceano

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constelação de Órion é fácil de ser enxergada no céu. No seu centro está o Cinturão de Órion, onde se destaca a presença de três estrelas, Mintaka, Alnilam e Alnita, popularmente conhecidas como as “Três Marias”. Por coincidência os três veleiros batizados de Orion também brilharam na vela brasileira. Eles participaram de regatas internacionais famosas como a Admiral’s Cup, na Inglaterra (Orion III) e Buenos Aires – Rio de Janeiro (Orion II e III), de cruzeiros pioneiros e deixaram a marca da família Barth na classe Oceano nacional.

Orion I

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gon Barth adquiriu o Orion I em 1941, em sociedade com José Andino Mônaco. Ele foi construído em 1936 por Gian Marco Gattoni e ficava atracado no trapiche em frente à Av. Brasil com Voluntários da Pátria, em Porto Alegre. Este barco de construção robusta, proa de contorno pronunciadamente convexa e de grande lançamento de popa no melhor estilo dos grandes racers, media 12 metros de comprimento, boca de 2m60cm e calado de 1m80cm. Uma grande reforma feita pelo mestre Baltazar Iglesias da Veiga transformou o grande cutter em iole. Egon Barth batizou-o com o nome de Orion, segundo ele, “a mais bela constelação do hemisfério”. Após as obras, o barco foi transferido para o ancoradouro da Pedra Redonda, na enseada a oeste do Morro do Sabiá. A partir daí, passou a navegar intensamente, realizando grandes cruzeiros. Egon Barth, na época, comentou: “ColocaOrion I em uma velejada em 1945

Orion I, parada em Rio Grande para a viagem ao Uruguai 10

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mos neste barco o que havia de mais moderno em aparelhagem para a época”. Passou a navegar com intensidade. Grandes cruzeiros foram efetuados. Em 1944 navegou para Rio Grande. Acumulada a experiência e prática suficiente, o Orion I foi para o mar realizando um cruzeiro a Punta del Este, em 1948. Tornando-se o primeiro barco a ostentar a bandeira dos Veleiros do Sul em águas estrangeiras. Na viagem ao Uruguai aconteceu um fato hilário. O barco foi rumo ao Iate Clube de Punta del Este. Quando lá chegaram, foram presos pela polícia naval uruguaia porque não tinham documentação exigida na época para viajarem. Assim sendo foram considerados clandestinos e então presos. Em Punta


Egon Barth no estaleiro Funk, na Tristeza, em 1º de maio de 1964

del Este se encontrava, também, o Presidente da República Oriental do Uruguay que soube da prisão dos velejadores. Depois de examinar a situação e conhecer o pessoal determinou: ”Se desejam desenvolver o turismo em nosso país soltem de imediato os turistas.” Depois do susto nossos velejadores puderam aproveitar as belezas de Punta. Em 1952 foi vendido para um grupo de desportistas que o transferiu para Santos e recebeu o nome de Gaivota.

para Buenos Aires. O pessoal que estava mais descansado foi conduzindo o barco. Durante à noite o timoneiro e os ajudantes confundiram as luzes da refinaria da cidade de La Plata com as do canal de acesso ao porto de Buenos Aires. Aconteceu que foram se aproximando da costa e bateram em uma estaca de um velho trapiche, onde o barco ficou preso. Não bastando este acidente, na manhã seguinte um pampeiro (vento forte) arrancou o barco da estaca produzindo um grande rombo e o barco afundou. Não houve feridos, porém os danos materiais foram muito grandes. Num grande empenho do Yahct Club Argentino e da Marinha argentina o barco foi resgatado. Depois de mais de um ano

Orion II

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m 1962, Egon Barth resolveu construir o Orion II, no estaleiro de Roberto Funk. Seu lançamento aconteceu em 14 de abril de 1965. O barco possuía as seguintes características: comprimento de 12,5 m, deslocamento de 10 toneladas; armado em Iole, devendo envergar normalmente 80m2 de velame. Possuía oito beliches e primorosa distribuição interna. Em outubro do mesmo ano, o barco já participava da Regata Porto Alegre/Rio Grande, na Festa do Mar, registrando a sua primeira vitória. Nesta regata acompanhavam Barth: Bruno Richter, Moeller, Vitor e Paulo Bercht e Ivo Schimidt. Depois do encerramento da regata a tripulação velejou até Montevidéu, retornando em princípios de novembro. Em fevereiro de 1966 o Orion II seguiu de Porto Alegre para o Rio da Prata a fim de participar da Regata Buenos Aires/Mar del Plata/ Punta del Este. No dia 16 de fevereiro chegaram a Montevidéu, pela manhã, substituindo parte da tripulação e de imediato zarparam

Orion II em regata próximo ao Clube O MINUANO

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Orion II entrando no porto do Clube no dia do seus batismo, em 14 de abril de 1965

de consertos no casco e em outras partes. O Orion II retornou ao VDS em 13 de junho de 1967 necessitando ainda reconstruir a instalação interna.

Orion III

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Sérgio Froener ao lado do casco em construção do Orion III no estaleiro Barcosul

m 1976, o Orion II foi substituído pelo Orion III, um dos barcos que mais trouxe títulos ao Veleiros do Sul e para a vela gaúcha na época. Projetado especialmente para regatas pertencia a classe IOR “Two Toner”. Sua construção foi toda em madeira laminada, medindo 32 pés de rating, calado de 2,19 m, comprimento de 12,5 m, boca máxima

com 3,68 m, altura do mastro de 16, 87 m e área vélica com 90m2. A construção ficou a cargo do estaleiro Barcosul, de Plínio Froener e Darcy Mazin. O mestre Sérgio Froener foi um dos carpinteiros navais que ajudou a construir o barco e lembra bem porque foi um trabalho pioneiro para eles: “Orion III foi uma construção inovadora. A partir dele mudamos nosso trabalho. Pela primeira vez usamos madeiras com lâminas mais finas e no final obtivemos menos peso e mais resistência. Lembro bem dos comentários na época, foi uma experiência inovadora na construção de barcos de regatas. O Orion era um barco leve e robusto”, conta Sérgio que tinha 23 anos na época. O desenho do Orion III foi feito pelo consagrado estúdio de German Frers, de Buenos Aires. Um dos desenhistas José Alberto Frers veio quatro vezes a Porto Alegre para acompanhar o desenrolar de sua construção. Em uma de suas visitas explicou: “Procurou-se desenhar um barco para ter uma boa performance em todas as condições de vento. É uma embarcação boa para velejar em contraventos e com ventos de 20 a 25 nós. Orça em qualquer intensidade de vento.” A armação do barco em Sloop e a quilha de chumbo pesando quatro toneladas. Frers comentou: “Tivemos o cuidado na distribuição do peso para que não varie quando a tripula-

Dia do lançamento na água do Orion III, em 23 de outubro de 1976 12

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ção está no convés. O desenho do convés foi simplificado ao máximo, para facilitar as manobras da tripulação. Sua tripulação é oito pessoas. Os barcos desta categoria exigem muito dos tripulantes porque são muito especializados correspondendo a Fórmula 1 dos carros.” O objetivo principal da construção do Orion III foi o de correr a Buenos Aires/Rio de Janeiro. Em 1977, além de participar da Buenos Aires/Rio, competiu na Admiral’s Cup, obtendo a melhor colocação individual. Em 1979 a família Barth voltou a conquistar o Troféu Seival, encerrando assim, a grande atuação deste barco que foi vendido em 1980 para um iatista carioca. *Pesquisa Loraine Carvalho, Biblioteca Veleiros do Sul

Egon Barth faz um brinde a Netuno no batizado

Admiral´s Cup: O desafio no Solent

Por Carlos Altmayer Gonçalves (Manotaço)

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m Agosto de 1977 o veleiro “ORION III” participou da Admiral’s Cup, campeonato disputado a cada dois anos na Inglaterra. O barco pertencia a Egon Barth, veterano velejador do Veleiros do Sul. Projeto de German Frers de 41’, construído no estaleiro Barcosul, de Porto Alegre. Hoje pertence a Kiko Pellicano, segue participando de regatas, este ano (2012) em Antigua, Caribe. Tripulação Egon Barth – comandante, Victor Barth – navegador e timoneiro, Nils Ostergren – sail trimmer e tático, Werner Neugebauer – tripulante (estes velejam no “grande oceano”), Andre Barth – tripulante, Léo Penter – tripulante e timoneiro, Jorge Papaléo Vidal – tripulante, Eduardo Scheidegger Jr – tripulante e timoneiro e Carlos Altmayer Gonçalves – tripulante e timoneiro. Admiral’s Cup: Na época, era o maior campeonato da Europa. Em nível internacional perdia em importância apenas para a

Tripulação: Carlos Altmayer Gonçalves, André Barth, Nils Ostergren, Léo Penter, Werner Neugebauer, Eduardo Scheidegger Jr e Victor Barth. Atrás o comandante Egon Barth

America’s Cup. Nem os dois grandes circuitos americanos (SORC e Onion Patch) eram tão importantes como a Ad Cup, em parte devido a maior participação de países. Cada país era representado por três barcos, com tamanho limitado conforme o rating IOR, resultando em barcos de 37’ a 50’. Participaram em 1977, 19 equipes, total de 57 barcos. A sede fica em Cowes, Isle of Wight. As regatas são corridas no Solent, área entre a “Isle of Wight” e a costa Sul da Inglaterra, assim como no Canal da Mancha (regata média) e também até a costa da Irlanda, por ocasião da maior regata, a FASTNET. O MINUANO

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Embarque do veleiro no navio Lloyd Liverpool em Porto Alegre

Equipe brasileira

TIGRE – ICRJ, Fernando Pimentel Duarte. Barco igual ao Órion, construído em alumínio, em Buenos Aires KAMAIURÁ – ICS, Egon Falkemberg; outro Frers, este um 43’ em fibra, construído em Buenos Aires, no estaleiro Frers. ORION III – já descrito acima, foi o melhor barco da equipe, seguido do Tigre.

A equipe brasileira ficou em 12º lugar. Em 1º Reino Unido, 2º EUA, 3º Hong Kong, 4º Alemanha e 5º Itália Regatas: A Admiral’s Cup é disputada em paralelo com a “Cowes Week”, esta é anual. São três regatas “inshore”, corridas no Solent, percurso de 15 a 25 milhas. Channel Race: regata média que cruza o canal da Mancha, indo até a costa francesa e retornando, tendo uma perna em uma das costas, para fazer um triângulo, há várias opções de percurso, a escolha depende do vento. Percurso ao redor de 200 milhas náuticas. Fastnet Race, a regata longa, larga em Cowes, segue até a costa da Irlanda, onde fica a Fastnet Rock (uma ilha de pedra com um belo farol), daí retorna à costa da Grã Bretanha, chegando na cidade de Plymouth, num total de 605 milhas náuticas. Participaram cerca de 300 barcos no total. O transporte do barco era algo que demandava tempo e esforço de parte da tripulação. O embarque foi fácil, num navio do Loyd Brasileiro, em Porto Alegre. Orion foi levado a motor até o cais do porto e atracamos a contrabordo do navio, sendo então erguido pela grua do próprio. O berço foi enviado pouco tempo antes, de caminhão. Amarramos o barco, auxiliando os taifeiros do navio,

No convés do barco: Carlos Altmayer Gonçalves, Werner Neugebauer, Eduardo Scheidegger e Victor Barth 14

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com respeito a pontos de maior resistência para fixação dos cabos, etc. O navio era esperado no porto de Havre, França, após 30 dias de viagem. A equipe de “resgate” era formada por Andre Barth, Eduardo Scheidegger Jr, Jorge Papaleo Vidal e Carlos Altmayer Gonçalves. Chegamos na França e no contato com a agência do Havre, fomos informados que estava atrasado em cinco dias. Plano B, alugamos um carro e fomos assistir ao Grande Prêmio da França de Fórmula I, em Clermont Ferrand. Depois, seguimos ao Havre. Recebemos o barco e cruzamos a motor para Lymington, situado no próprio Solent. Não tínhamos cartas da região, fomos a “cheiro”, baseados em minha memória, já que em 1975 havia participado deste campeonato como tripulante do “PROCELÁRIA”, então pertencente a Fernando Pimentel Duarte, do ICRJ. Quando soube deste fato, o comandante Egon quase ficou de cabelos em pé (só não ficou por falta dos cabelos). O retorno deu-se na Holanda, assim, após a Fastnet Race, velejamos cerca de 600 milhas náuticas até Breskens (Holanda) onde Orion foi deixado aos cuidados de Franz Mass, o construtor do SAGA e PROCELÁRIA, para fazer o embarque dentro de algumas semanas, também num navio brasileiro (este frete era cortesia do Loyd Brasileiro). A participação neste evento, de um barco construído em Porto Alegre, com tripulação do Veleiros do Sul, foi um fato de suma importância para o esporte gaúcho e nacional. Além do “PROCELÁRIA”, que foi adquirido em 1976 pelo associado do VDS, José Carlos Bohrer, também fazia parte de nossa flotilha, “DON ALBERTO”, um FRERS 43, como o KAMAIURÁ, que participou da Admiral’Cup de 1975, na equipe Argentina. Pertenceu a Jorge Ardrizo e depois a Werner Hunsche, ambos associados do VDS. Assim, tínhamos nesta época, no Veleiros do Sul, três barcos participantes de recentes edições da Admiral’s Cup: Procelária, Don Alberto e Orion III; posição difícil de ser igualada por outro iate clube. Muito aprendemos neste campeonato; no retorno, ao participar das nossas regatas locais, este conhecimento foi sendo disseminado entre os demais velejadores. Dos tripulantes do “ORION III”, Nils Ostergren era o

Orion III velejando em Cowes

único não residente no RS; paulista de nascimento, criado no RS, onde velejou de Snipe e Oceano, na ocasião residia no RJ onde era sócio da Veleria Pellicano. Os que “já viajaram”, velejaram até a hora de embarcarem para o grande oceano; os demais seguem velejando por aqui, transmitindo aos próximos seus conhecimentos adquiridos nesta campanha e no dia a dia das velejadas, que como a vida, é um eterno aprender. A vela é um esporte para toda a vida. O veterano velejador German Frers, correu a regata Buenos Aires / Rio de 1979 como navegador do “FORTUNA II” (Frers 55’ da ARA), contava então com 79 anos!!! O MINUANO

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COMPETIÇÃO

Rumo ao Mundial de Soling

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s velejadores do clube estarão novamente em águas estrangeiras nesse semestre. A equipe do barco Diferencial com Nelson Ilha, Paulo Lemos Ribeiro e Felipe Ilha disputará o Mundial da classe Soling, de 17 a 23 de setembro em Milwaukee, no Estados Unidos. A expectativa do time é de uma boa campanha no Lago Michigan: “Alugamos um bom barco, compramos velas novas e acreditamos estarmos bem preparados para este campeonato. O Paulinho e o Felipe vão ficar em casa de sócios do Milwaukee Yacht Club, que organiza o campeonato, praxe comum nos Estados Unidos, o que para eles também será uma excelente experiência de intercâmbio, diz o comandante Nelson. Além do VDS o Brasil também contará com outra tripulação gaúcha, do RGYC, no Mundial formada por Henrique Horn Ilha, Fernando Ilha e Gustavo Ilha (VDS).

Nelson, Paulo, e Felipe competirão nos Estados Unidos

Norte-americano de Optimist

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Gabriel fará parte da equipe brasileira no México

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abriel Lopes, 11 anos, integrará a equipe brasileira que disputará o Campeonato Norte-Americano de Optimist, de 20 a 28 de outubro, no México. O representante da flotilha Minuano quer chegar bem preparado na competição que será disputada no lago Avándaro, em Valle de Bravo, 156 km da Cidade do México. Essa será sua primeira experiência em campeonato internacional. Além dos treinos no Guaíba, Gabrielzinho pretende participar de competições fora do estado. “Estamos estudando minha ida em algumas regatas no Rio de Janeiro ou Florianópolis. Antes de embarcar para o México irei correr o campeonato gaúcho de OP. O Norte-Americano será minha estreia em evento fora do país e de nível internacional”, comenta.



CLASSE SOLING

Equipe de Gustavo Thiesen foi campeã do Troféu Amizade

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jovem tripulação formada por Gustavo Thiesen, Frederico Sidou e Felipe Ilha ficou com o título do Troféu Amizade da classe Soling, realizado nos dias 4 e 5 de agosto no Veleiros do Sul. A boa média dos resultados nas regatas (5º, 3º, 4º e 1º) fez os velejadores do barco Diferencial chegar até a vitória da competição, que originalmente foi concebida como um desafio entre as flotilhas gaúcha e paranaense. O Troféu foi tão equilibrado entre os primeiros colocados que o resultado só foi definido nos detalhes da disputa. Todas as regatas tiveram que ser repetidas por largarem escapados e algumas terminaram em bico de proa. O timoneiro Thiesen, 22 anos, que se dedica a classe 470 e Oceano obteve sua primeira vitória no Soling: “Foi uma com-

Troféu teve largadas concorridas que deram trabalho para a Comissão de Regatas

petição muito boa porque a classe conta com equipes parelhas e compostas por velejadores de bom nível”. Em segundo ficou o El Demolidor, de Kadu Bergenthal. Ele vinha bem na classificação geral com grande chance de ficar em primeiro, mas sofreu uma batida do Diferencial, de Rio Grande, na montagem de bóia de contravento na última regata e ficou de fora da prova. Kadu entrou com pedido de reparação que foi acatado pela comissão de protesto. Após o julgamento foi concedido à média de pontos das regatas corridas. As regatas realizadas na raia de Ipanema, no Guaíba, foram com vento sul de intensidade média de 12 nós. O Troféu Amizade teve a participação de 12 barcos de clubes de Porto Alegre e Rio Grande.


CLASSE SOLING

El Demolidor chegou perto, mas faltou sorte na última regata

A premiação das três primeiras tripulações do Troféu Amizade

CLASSIFICAÇÃO FINAL 1º Diferencial - Gustavo Thiesen, Frederico Sidou e Felipe Ilha (VDS) 8.0 2º El Demolidor - Kadu Bergenthal, Eduardo Cavalli e Gabriel Graça (VDS) 9.4 3º Tereza - Niels Rump, André Serpa e Philipp Grochtmann (VDS) 10.0 4º Dont Let Me Down - Cícero Hartmann, Flávio Quevedo e André Renard (VDS) 10.0 5º Idéia Fixa - André Warlich, Eduardo Rocha e Rafael Paglioli (CDJ) 12.0 6º Coringa - Guilherme S. Roth, Carlos Trein e Roger Lamb (VDS) 13.0 7º Cachaça –André Gick, Caio Vergo e Erik Siegmann (VDS) 15.0 8º Vento e Alma - José Ortega, Manfredo Floricke e Matheus Lamb (VDS) 16.0 9º Bossa Nova - George Nehm, Marcos Pinto Ribeiro e Lúcio Pinto Ribeiro (VDS) 18.0 10º Insano - Marcus Silva, Carlos F. Hofsttaeter e Régis Silva (VDS) 27.0 11º Dysdobre - Henrique Horn Ilha, Fernando Ilha e Eduardo Devilla (RGYC) 31.0 12º Isaak Radin, Rafael Russi e Carlos Bombardelli (VDS) 34.0

Gustavo, Frederico e Felipe ficaram em primeiro lugar O MINUANO

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MUNDIAL OPTIMIST 2012

Ventos desfavoráveis no mar do Caribe

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Campeonato Mundial de Optimist 2012 foi realizado de 15 à 26 de julho em Santo Domingo, praia de Boca Chica, na República Dominicana. O time brasileiro contou com a presença dos velejadores Thiago Ribas (VDS/ RS), Gabriel Elstrodt (SP), Leonardo Lombardi (RJ), Rodrigo Luz (RJ) e Felipe Rondina (DF), além do técnico Filipe Novello (RJ), o team leader Cássio Lutz do Canto (VDS/RS) e a country leader Carla Splettstosser (VDS/RS). O campeonato foi realizado com a presença de 230 velejadores de 52 países de todos os continentes. A equipe do Brasil conquistou o 6º lugar no campeonato mundial de equipes e o 11º lugar no campeonato mundial individual (resultado obtido pelo conjunto dos cinco brasileiros), sendo que a grande campeã foi a equipe da Singapura, tendo conquistado o primeiro lugar geral, feminino, masculino e também por equipes, além de ter quatro velejadores entre os cinco primeiros colocados. Podemos destacar a disciplina e o investimento financeiro da equipe de Singapura e

Delegação brasileira na abertura do Mundial em Santo Domingo 20

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Carla Splettstosser/Team leader

até “sugerir” que tenha um campeonato separado somente para eles, porque o nível é altamente profissional e distinto das demais equipes para uma classe de faixa etária média de 10 a 14 anos. Outros países que também obtiveram destaque foram Holanda e Estados Unidos, estes países atribuíram o sucesso ao fato de terem treinos e realizarem campeonatos com os mesmos técnicos durante todo o ano e no Brasil infelizmente isto não acontece porque cada velejador mora numa cidade diferente e somente se encontram para treinar com o técnico durante o campeonato; além disso o treinador normalmente muda anualmente e não consegue adquirir experiência em grandes campeonatos internacionais. No caso de Singapura, Holanda, Estados Unidos e outros países de destaque é a mesma pessoa que os acompanha a muitos anos; antes, durante e depois do campeonato como um representante oficial do país (contratado pela federação e associação da classe). Infelizmente o campeonato foi realizado em uma semana atípica para o Caribe,


com formações de grandes tempestades tropicais, que trouxeram ventos muito instáveis e fracos. O vento predominante foi SE 135º, chegando a variar de 90º a 170º com intensidade média de 6 nós. Na semana anterior ao campeonato, o vento médio foi de 15 nós e no Pré-Campeonato Mundial (com 130 velejadores) o Brasil foi o segundo melhor país, tendo todos os cinco brasileiros entre os vinte primeiros na súmula, infelizmente esta condições não se mantiveram para empurrar nossa experiente equipe. A maior polêmica do campeonato foi em relação a Comissão de Regatas, que foi considerada pelos técnicos a pior dos últimos 15 anos. Eles redigiram um documento pedindo a substituição do oficial de regatas, o que acabou acontecendo nos últimos dois dias. De qualquer forma o campeonato ficou prejudicado, pois não conseguiram completar as regatas programadas e tiveram vários problemas técnicos, incluindo marcas que se moveram durante as largadas e as regatas, falta de equipamento em função da profundidade (cabos e âncoras) e problemas para alterar as marcas devido às grandes rondadas de vento e ainda outros fatores como manter 230 jovens por 8 horas no mar (e botes de apoio) para não conseguir realizar nenhuma

regata durante todo um dia devido a falta de tomada de decisões corretas. De tudo, em relação ao Thiago e a equipe (que se despediram da classe neste campeonato), ficaram três coisas: a certeza de que estavam felizes e comprometidos em fazer parte da equipe, a certeza de que poderiam ter melhores resultados se as condições fossem mais propícias e a certeza de que ainda poderão realizar ótimos campeonatos em outras classes com toda a experiência obtida. Bons Ventos! Fonte: Relatório técnico (elaborado pelo team leader e pelo técnico da equipe 2012)

O MINUANO

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Dodão (em pé) é o timoneiro titular do Crioula

O homem do leme

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O tripulante do S40 Crioula, George Nehm, 52 anos, é conhecido no círculo da vela como “Dodão” e está entre os mais respeitados timoneiros do país odão começou sua carreira de velejador experimentando diversas classes e acumulou títulos importantes. Na Snipe destacou-se como vice-campeão mundial em 1993, no Brasil, e campeão do Troféu Princesa Sofia e primeiro na classificação geral entre todas as classes participantes, em 1994, na Espanha. E foi campeão mundial de Soling em 2007, na Argentina, entre outros tantos títulos. Ele também integrou as tripulações dos principais barcos brasileiros da classe Oceano em mundiais e regatas internacionais. Costuma se intercalar nas competições de monotipo e oceano, no entanto não esconde sua atual paixão pela classe S40, onde comanda o leme do barco Crioula, do Veleiros do Sul. Agora ele conta um pouco disso tudo.

Como foi o início da tua trajetória na vela? Foi na minha adolescência, em 1972, na classe Piranha, um pequeno veleiro. Em seguida passei para a classe Pinguim, onde estava a maioria da minha geração, pois a Optimist naquele tempo ainda não tinha por aqui. Depois fui mesclando Snipe, Laser, 470 e por último a Soling e J/24. Meu início foi como proeiro, mas em 1976 já corri o Brasileiro de Pinguim como timoneiro. E nos barcos grandes? No final da década de 1970, então com 17 anos, fui convidado pelo comandante Victor Barth para correr no Orion III, um dos melhores barcos de Oceano na época. As regatas longas precisavam de revezamento nos turnos no timão e foi aí que comecei na Regata Buenos Aires – Rio, em 1979. Esse fato marcou muito


minha vida e sempre fui grato ao incentivo do comandante Victor. Em 1981 corri outra Regata Buenos Aires – Rio, mas no Madrugada, também dividindo os turnos no leme. Em 1987 competi no veleiro Carro Chefe, do comandante Lauritz Lachmann (RJ), o Mundial de One Tonner, em Kiel, na Alemanha. No ano seguinte, com o Black Jack, também do comandante Lachmann, corri o Mundial de One Tonner, em San Francisco (EUA) e a Kenwood Cup International Ocean Racing Series, no Havaí, que antecedeu o Mundial. Eram barcos que marcaram época na vela brasileira. Depois fui ao Mundial de Quarter Tonner, em 1991 na Grécia. E corri por diversas vezes os Circuitos Rio, Florianópolis e Conesul. Regatas Santos - Rio e Buenos Aires - Punta del Este. E a classe S40, como é navegar nela? O Crioula é um dos melhores barcos que já naveguei. As regatas da S40 são emocionantes, de muita adrenalina. É um barco que tem a agilidade dos monotipos, e na verdade é um deles. É completo e exige uma tripulação bem preparada. O fator humano também conta, sinto-me feliz em fazer parte desta tripulação. A maioria dos barcos conta com profissionais de lugares variados. Já o Crioula tem uma identificação comum entre os seus integrantes e não defendemos marcas de empresas, e sim de um Clube. Como é o trabalho de bordo e em especial do timoneiro? Quando estamos em regata à atenção deve ser total e todo o tempo. A cabeça tem de estar dentro da competição, acompanhando cada movimento no barco e dos adversários. O nível da classe sempre está em evolução, basta ficar um campeonato sem correr que certamente já se sente a diferença em relação aos adversários. A experiência do timoneiro é importante, o seu conhecimento de entender o que está acontecendo com o barco, à intuição de prever que algo poderá mudar. Mas timoneiro não veleja ou ganha a regata sozinho. Tudo é feito em equipe (navegador, tático, trimmeres) que precisa estar bem entrosada e treinada, cada um desempenhando sua função. É o resultado dessa soma que leva o barco a andar bem. Os recursos da tecnologia influem muito

George Nehm e Fernando Krahe, campeões do Troféu Sofia, ao lado do Rei Juan Carlos, da Espanha

no trabalho do timoneiro? Como em quase tudo no mundo moderno a eletrônica também faz parte dos barcos. Quando comecei em 1979 no Orion III usávamos somente o sextante. Hoje se veleja com maior precisão. Na S40 o navegador leva um tablet que através de um software tem as informações dos sensores do barco e do GPS, pode-se prever quase tudo: intensidade, força e variação do vento, velocidade do barco, quantos segundos se está atrasado ou adiantado em relação a linha de largada, velocidade ideal em cada tipo de vento, ângulos, tempos de bordos. Tudo isso é calculado baseado nas informações do arquivo chamado curva polar inserido no sistema. Assim como em outras modalidades esportivas, também temos a nossa estatística. Ao término de cada dia nos reunimos e o navegador (Bruni Zirilli) e o tático (Samuel Albrecht) comentam os dados, onde acertamos e onde precisamos melhorar. E para finalizar. Qual a qualidade principal de um timoneiro? A principal virtude para ser um bom timoneiro é ter a tranquilidade de agir na hora certa na regata, saber qual decisão deve ser tomada. E, claro, conhecer e praticar muito, pois o ajuste fino desses fatores leva ao talento. O MINUANO

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O divertido show da dupla formada pelo Maestro Plestkaya e Kraunus Sang

Queijos e Vinhos com Tangos e Tragédias

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a noite de 30 de junho o Veleiros do Sul realizou o seu tradicional jantar Queijos e Vinhos. A edição de 2012 foi sucesso absoluto de público e contou com a apresentação do espetáculo Tangos e Tragédias. O jantar teve a presença de cerca de 580 pessoas que se divertiram com a atuação da dupla Nico Ni-

Mesas de dar água na boca foram montadas em vários pontos do ambiente 24

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colaiewsky e Hique Gomes, o Kraunus Sang e Maestro Plestkaya, além de se deliciarem com os queijos e os vinhos servidos pelo Barcelos Gastronomia. O salão social do Clube foi transformado em um ambiente aconchegante em tons quentes pela decoradora Cristina Pereira. Mesas de queijos em grande variedade, caldos, pães e doces foram distribuídas pelo espaço ampliado dada a procura de associados pelos convites para a festa, que se esgotaram rapidamente. Não demorou muito para que o público chegasse para se deliciar com os quitutes preparados pelos chefs Aline Trevisan e Pedro Barcelos, do Barcelos Gastronomia. Apesar da temperatura alta para o inverno, o vinho foi a escolha da maioria. Após as 22h teve início o espetáculo. Kraunus Sang e Maestro Plestkaya contaram


Público recorde na tradicional festa do VDS

com a participação de um público empolgado que acompanhou cada música e se divertiu com os dramas e histórias tétricas e hilárias da dupla, velha conhecida de todos. Aplausos e gargalhadas foram o combustível do show que teve desde o Copérnico

até uma versão muito especial de Trem das Onze. Após o espetáculo, não tardou para que a pista fosse tomada. O DJ Mano Pereira assumiu o comando tocando hits que animaram os presentes até tarde.

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SOCIAL

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SOCIAL

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Arraial teve brincadeiras e comidas típicas

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festa de São João foi muito divertida e contou com cerca de 400 pessoas que circularam pelo Clube e aproveitaram o clima para relaxar. Depois de uma semana de muita chuva, o lindo sol do domingo, 8 de julho, motivou muita gente a sair de casa e aproveitar a tarde julina. No Clube, a festa já estava montada. Brincadeiras como a pescaria (que este ano contou com peixes de verdade), jogo da argola, do porquinho, do burrinho, de mira e muitos outros fizeram a alegria da gurizada que compareceu em peso e à caráter. Outro lugar que esteve movimentado foi a cadeia, com detenções que deram trabalho a tarde inteira para os carcereiros. No fim da festa a fogueira foi acesa diante da pracinha. Alan Willy conduziu a tocha até a fogueira onde a multidão se aglomerou para assistir as labaredas tomarem a torre por completo.

Bazar de Inverno

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bazar voltado ao público feminino foi realizado nos dias 8 e 9 de julho. As quinze expositoras que estiveram no Clube trouxeram de tudo: maquiagem, acessórios, roupas, joias e artigos para a casa. Artigos de moda exclusivos, itens que são tendência estavam nos displays e araras das expositoras, para a alegria de quem compareceu. O sábado frio fez com que o movimento fosse tímido, mas no domingo o sol encorajou e tirou de casa muita gente. Algumas visitantes trouxeram familiares e amigas para fazer umas comprinhas e colocar o papo em dia. O lounge e o corredor do mezanino do salão social ficaram movimentados. 28

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A árvore que veio do mar A história de uma figueira originalmente brotada na “roda de proa” do barco “Seival” da epopéia Farroupilha

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Por Jorge Vidal*

m setembro de 1991 na qualidade de Comodoro do Veleiros do Sul recebi do nosso associado Cary Ramos Vale, então presidente do “Farroupilha Grupo de Pesquisas Históricas” uma muda de uma figueira resultante de uma árvore então nascida na “Roda de Proa” do barco “Seival” que na oportunidade foi festivamente plantada nos jardins do clube, próximo das piscinas, por ocasião da realização da Regata Troféu Seival daquele ano, cujo o fato foi comentado na revista “O Minuano”, da época, com a foto do plantio. Na preocupação de motivar o crescimento desta figueira que são árvores centenárias, com a ajuda do Sr. Silvino Silva, que era o então jardineiro do clube, procuramos adubá-la e cuidá-la com todo o carinho para que pudesse desenvolver seu crescimento, pois meus amigos

Muda tirada da figueira que nasceu no Seival, barco da Revolução Farroupilha

brincavam que nem meus netos ainda alcançariam a tempo, a sua sombra para “tomar um chimarrão”. Agora, passados 21 anos surpreendentemente, pois figueira é uma espécie que cresce lentamente, copada ela está linda e viçosa. Encontra-se com um tamanho extraordinário, com raízes que se alastram sob a grama parecendo uma verdadeira serpente e, outrossim, o próprio autor já teve a oportunidade de tomar um chimarrão a sua sombra, não havendo necessidade portando de aguardar que os netos o fizessem... A propósito das árvores do clube, algumas delas possuem histórias muito curiosas, pelas suas origens e pela história dos associados que as plantaram, exemplificando dentre algumas, aquele “ingazeiro” que se encontra na ponta do molhe junto às piscinas foi “plantado” por um pássaro... Como outras árvores que foram também assim semeadas, outras foram, na maioria, previamente planejados seus plantios. Mas a dedicação de alguns associados no plantio de árvores ao longo do terreno do clube merece a nossa gratidão e reconhecimento. Cada uma delas tem uma história. Eu destacaria entre os associados que mais contribuíram para o plantio de árvores no Veleiros do Sul a: Gunther Becker, Carlos Lutz, Carvalho Armando, Manfred Floricke, Mário Hoffmeister, Haine de La Rue, Arnaldo Scarrone, Astélio Santos, César Leal de Souza e outros que não me ocorrem no momento, mas que foram autores do plantio de muitas árvores no Clube e cada uma delas tem uma história para contar, tais como o “Cedro do Líbano” que oferece sombra aos marinheiros, próximo do cais das lanchas e os diversos “Pau Brasil” que ornamentam a frente da copa do Clube, assim como inúmeras “Palmeiras” que dão aos nossos jardins um clima bastante tropical, o correr de “ingazeiros” e “eucaliptos” ao longo da orla, a frente da sede. Cada fase tem uma história e um personagem... Jorge Vidal: Comandante Jorge Vidal é sócio veterano, está com 80 anos, foi Comodoro e Presidente do Conselho Deliberativo e autor do livro “Conta Todas Vovô! Velejando e Contando Histórias” e tem ainda muitas histórias “ da vida do clube para contar”. O MINUANO

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Passeio Náutico Recanto do Borghetti

Ancoradouro do Recanto na beira do Guaíba, em Barra do Ribeiro

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ma pausa no inverno em Porto Alegre permitiu que fosse realizado o Passeio Náutico Recanto do Borghetti, local que pertence à família do famoso músico Renato Borghetti. O dia de sol que parecia ter sido escolhido a dedo, com pouco vento e ondas no rio Guaíba, motivou uma animada trupe de lancheiros e velejadores a se reuniram em um dos pontos de turismo

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rural e ecológico mais prestigiados do Estado. Cerca de 20 embarcações saíram do Veleiros do Sul no dia 14 de julho, às 10 horas, acompanhados por um barco de apoio rumo ao sul até o município de Barra do Ribeiro, cerca de 10 milhas de distância, na costa oeste do Guaíba. Para atracar no local do evento os navegadores contaram com ajuda de bóias que indicaram o melhor caminho até o longo trapiche da propriedade. A chegada foi por volta das 12h e os participantes foram recebidos no restaurante da estância turística, onde um churrasco e comida campeira esperavam para serem saboreados. Após o almoço, todos aproveitaram para relaxar, caminhar pelo recanto, jogar bocha e botar o papo em dia ao sol, aproveitando o belo visual à beira do Guaíba. No meio da tarde os navegadores iniciaram o retorno ao clube. O Passeio Náutico contou com o apoio da YachtBrasil.


A paixão por navegar Navegar é algo especial que mexe com a alma. A poesia diz que navegar é preciso... Enfim, é um sentimento que tentamos descrever nas frases de nossos motonautas. Navegar é...

Vitor Pereira e Ana Mähler Pereira

Luiz Vinicius Mallmann de Magalhães

Navegar é Paixão... Paixão por descobrir lugares e cantinhos novos, paixão em sentir o som da natureza. Paixão por juntar amigos com os mesmos ideais e poder ver as cidades de um ponto de vista único que poucos vêem! Paixão por sonhar em ir, fazer a rota e concretizar... Navegar é respirar, é viver, é sonhar...

Reunir a família e amigos; conhecer novas pessoas; desbravar novos horizontes; apreciar lindas paisagens; experimentar o desconhecido; esquecer dos problemas, buscando a paz de espírito; curtir fazer aquele churrasquinho gaúcho; tudo em meio ao que há de mais belo, ou seja, a natureza! Enfim, para mim, navegar é puro êxtase.

Celestino Goulart Filho

David Lasevitch Filho

Navegar é, acima de tudo, sinônimo de paz de espírito e confraternização com os amigos, algo que sempre busco ter na minha vida.

Navegar é colocar o coração para viajar...


Londres 2012: Os bastidores da vela por Nelson Ilha

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Pela quinta vez convocado pela ISAF para compor o Júri Olímpico, o árbitro internacional Nelson Ilha diz que apesar de sua experiência ainda sente um friozinho na barriga toda vez que chega a esse maior evento mundial do esporte. Nos Jogos de Londres não foi diferente. Nessa entrevista Nelson conta como foram os bastidores da vela em Weymouth. omo era a rotina dos juízes? Era bem puxado, levantávamos às 6h30, café da manhã às 7 horas, pegávamos o ônibus às 8h09, detalhe não era às 8 horas e nem 8h10, era 8h09, e chegada para a reunião diária às 9 horas. Saíamos para a água às 10h45, e as regatas começavam às 12 horas. Voltávamos para terra às 17h30, às vezes às 19h30 e quando julgavamos protestos, às 22 horas. E a convivência na Marina Olímpica? A interação com atletas está cada vez mais restrita, a exemplo de outros esportes, não podíamos confraternizar com os atletas e técnicos. Antes tive que assinar uma ficha de isenção de conflito de interesse e citei que havia uma atleta sócia do clube que eu fre-

quentava participando dos Jogos. Por coincidência, não fui escalado para nenhuma regata da classe 470 feminina. Na parte virtual tivemos uma reunião sobre como se comportar nas redes sociais, o que poderíamos postar e citar as relações de amizade com atletas e publicação de fotos. Mas não era preciso deletar nenhum amigo virtual. Não era permitido fotografar as regatas e as postagens tinham que ser na primeira pessoa. Como foi a parte de organização das regatas? Tínhamos cinco raias, sendo uma dentro da Marina, outra bem perto da costa aonde se realizaram as Regatas Finais e três raias fora, chamadas de Leste, Oeste e Sul. Os barcos das CR eram catamarãs de 44 pés novos com placar eletrônico na proa e as bandeiras de sinalização tinham mastros independentes que eram colocados em suportes após serem içadas. Os botes do júri haviam sido usados no ano passado e fizemos várias sugestões de melhoras, as mais importantes foram atendidas. A organização nos fornecia lanche, bandeiras, um cartão para reabastecimento que era feito na volta da regata todos os dias. Os motores tinham a marca dos fabricantes tapados com adesivos pretos, pois não eram patrocinadores dos Jogos Olímpicos. Aliás, este assunto das marcas era tratado com muita seriedade pelos organizadores. Existia um tipo de polícia OBS (Olym­­pic Broadcasting Service) dentro da Marina Olímpica que controlava as pes­­soas para que não andassem com nenhuma marca exposta que não fosse dos patrocinadores oficiais. Neste controle, incluía marca do Laptop, sacolas, roupas, bonés, tudo era tapado com fita adesiva negra. Eu usava minha sacola a


Em Weymouth, o Brasil teve Nelson Ilha no Júri Olímpico (foto) e Ricardo Navarro como Oficial de Regata

prova d’água do lado do avesso, com isso a água somente entrava, não saía ... rsrsrs ... A televisão tinha primazia entre as mídias. Na área de regatas só tinham acesso, competidores, oficias de regatas, juízes e os barcos das TVs. Os demais ficavam na área de exclusão, em local destinado a eles: técnicos, fotógrafos e jornalistas. Teve algum caso mais impactante com a arbitragem das regatas? Teve um caso interessante na disputa pela medalha de bronze no match race entre Rússia e Finlândia. Na largada, próximo a bóia os barcos da Finlândia e Rússia ficaram aproados no vento, as finlandesas protestaram as suas adversárias, os umpires deram um pênalti contra a Rússia. A Finlândia acabou ganhando a regata. No entanto, o uso da eletrônica fez as russas levarem o caso adiante. A TV transmitia as imagens das regatas, e com ótima qualidade. Ao mostrar no telão em terra a largada, com uma visão aérea bem definida de cima da linha, dava clara impressão que os dois barcos largaram escapados, fato que os juízes não puderam perceber na água. Finda a Olimpíada, a Rússia recorreu ao Comitê de

Arbitragem da Olimpíada (CAS) que acabou ratificando a decisão do julgamento porque considerou que a protestante pulou uma etapa do processo, que seria primeiramente ir ao Júri Olímpico que atuou na regata. Quanto à transmissão ao vivo, em outras situações também houve manifestações dos velejadores que assistiam as regatas pela TV, questionando a atuação de alguns competidores bombeando as velas e balançando o barco, sem que os juízes se dessem conta. Isso nos mostra que daqui para frente a arbitragem na vela terá que conviver com os meios eletrônicos, ou aprender utilizar esses recursos, assim como já acontece em outros esportes. E a participação brasileira nesta Olimpíada? O Brasil foi bem nas classes, Star, 470 feminino, Prancha a vela Feminina, Prancha a vela Masculina. Foi mal em Finn, Laser Masculino e Feminino. Em geral nossa imprensa é cruel com os atletas, a cobrança é forte! Muitos países enaltecem o fato de um atleta ter conseguido o Diploma Olímpico. No Brasil ninguém sabe o que é isso, nem os atletas. Muitos países conO MINUANO

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PÓDIO DA VELA EM WEYMOUTH Star Ouro - Fredrik Loof / Max Salminen (Suécia) Prata - Iain Percy / Andrew Simpson (Grã-Bretanha) Bronze - Robert Scheidt / Bruno Prada (Brasil) 470 Feminino Ouro - Jo Aleh / Olivia Powrie (Nova Zelândia) Prata - Hannah Mills / Saskia Clark (Grã-Bretanha) Bronze - Lisa Westerhof / Lobke Berkhout (Holanda) 6º lugar - Fernanda Oliveira / Ana Barbachan (Brasil) 470 Masculino Ouro - Mathew Belcher / Malcolm Page (Austrália) Prata - Luke Patience / Stuart Bithell (Grã-Bretanha) Bronze - Lucas Calabrese / Juan de la Fuente (Argentina) Laser Ouro - Tom Slingsby (Austrália) Prata - Pavlos Kontides (Chipre) Bronze - Rasmus Myrgren (Suécia) 13º lugar - Bruno Fontes (Brasil) Laser Radial Ouro - Lijia Xu (China) Prata - Marit Bouwmeester (Holanda) Bronze - Evi Van Acker (Bélgica) 25º lugar - Adriana Kostiw (Brasil) Finn Ouro - Ben Ainslie (Grã-Bretanha) Prata - Jonas Hogh-Christensen (Dinamarca) Bronze - Jonathan Lobert (França) 19º lugar - Jorge Zarif (Brasil) RS:X Masculino Ouro - Dorian Van Rijsselberge (Holanda) Prata - Nick Dempsey (Grã-Bretanha) Bronze - Przemyslaw Miarczynsk (Polônia) 9º lugar - Ricardo ‘Bimba’ Winicki (Brasil) RS:X Feminino Ouro - Marina Alabau (Espanha) Prata - Tuuli Petäjä (Finlândia) Bronze - Zofia Noceti-Klepacka (Polônia) 13º lugar - Patrícia Freitas (Brasil) 49er Ouro - Nathan Outteridge / Iain Jensen (Austrália) Prata - Peter Burling / Blair Tuke (Nova Zelândia) Bronze - Allan Norregaard / Peter Lang (Dinamarca) Match Race feminino Ouro - Tamara Echegoyen / Sofia Toro / Angela Pumariega (Espanha) Prata - Olivia Price / Lucinda Whitty / Nina Curtis (Austrália) Bronze - Silja Lehtinen’s / Silja Kanerva (Finlândia)

tam os diplomas olímpicos que conseguiram, valorizando quase tanto quanto uma medalha. A Fernanda e Ana, por exemplo, ganharam o Diploma e nem sabem. Tínhamos que começar a valorizar mais. O que o Brasil precisará fazer para realizar uma boa competição de vela na Olimpíada do Rio em 2016? Os investimentos brasileiros são focados nos talentos já formados. A CBVM e o COB concentramse nas chances reais de medalhas, não há uma política clara de base. Este papel de base acaba sendo feito 100% pelos clubes com investimento privado. Faço uma brincadeira dizendo que temos um campo super fértil, mas não plantamos nada, caminhamos pelo campo e encontramos uma planta que nasceu ao acaso, aí o COB se encarrega de regar, proteger, dar todas as condições. Mas falta plantar, formar novos atletas. Projetos como o do Veleiros do Sul, independente da modalidade, faz com que surjam novos talentos que podem ser encaminhados as classes olímpicas que participarão em 2016. Precisamos ter esta visão e criar condições que facilitem nossos jovens experimentarem eventos visando os Jogos Olímpicos do Rio. Teremos alguma novidade para a Olimpíada do Rio? Não ficarei surpreso se em novembro a discussão sobre as classes olímpicas voltar na ISAF, o Comitê de Match Race colocou uma submissão, pedindo que seja reconsiderada a participação do MR em Olimpíada, especialmente depois da experiência positiva das finais de Londres.

Catamarã da CR e botes dos juízes a espera da regata



Regata Buenos Aires – Rio

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Alfard 36

Após o término da II Guerra Mundial, o mundo vivia um tempo promissor e de afirmação da paz entre as nações. Na vela sul-americana surgia um sonho que se concretizou em 1947, a primeira edição da Regata Buenos Aires- Rio. ecentemente participei de regatas em que também estavam o ALFARD e o CANGREJO, os dois veleiros que competiram na primeira regata Buenos Aires – Rio. Isto me levou a meditar sobre como teria sido a regata de 1947. Após alguns meses de pesquisa e com a ajuda do Ricardo Galarce do Yacht Club Argentino, Francisco Billock da Associação Argentina de Veleiros Classicos, Fernando Pimentel Duarte (tripulante do VENDAVAL em 1947) do Iate Clube do Rio de Janeiro, Roberto Geyer do Iate Clube do Rio de Janeiro, Jonas de Barros Penteado do Iate Clube de Santos, Danilo Chagas Ribeiro (www. popa.com.br) e a Biblioteca do Veleiros do Sul, consegui reunir informações sobre os barcos e como teria sido a regata. Os destinos Rio Grande-RS e Rio de Janeiro eram conhecidos pela flotilha argentina, de modo que o litoral brasileiro começou a ser considerado como um destino natural para uma regata de longa distância. Assim sendo, em 1945, Hipólito Gil Elizalde diretor da revista Yachting Argentina e a equipe do FJORD II, lançaram a ideia de organizar a Regata Buenos Aires - Rio de Janeiro (1.200 milhas). No Rio de Janeiro, José Candido Pimentel Duarte, diretor da revista Yachting Brasileiro, tratou de implementar a ideia da nova regata oceânica entre os brasileiros. Em fevereiro de 1946, Duarte foi velejando para Buenos Aires em sua iole VEN-

Baluma O MINUANO

Por Átila Bohm

Vendaval, do Brasil, velejando na regata

DAVAL, para consolidar a comissão organizadora que se formava. No seu trajeto de ida fez escalas em Punta del Este e Montevideo e, na volta, fundeou em Rio Grande, Porto Alegre, Florianópolis e Santos, onde além de incentivar o iatismo, estimulou outros velejadores a participarem do grande evento. A comissão organizadora, liderada por Hipólito Gil Elizalde e José Candido Pimentel Duarte, após 14 meses de trabalho conseguiu realizar a largada da regata. A imprensa argentina e brasileira deu amplo espaço para o evento. Houve grande apoio das Marinhas

Cangrejo


Caesar

Fotos: Yachting Argentino / Biblioteca VDS

de ambos os países, tanto no patrulhamento da área da regata como no monitoramento dos participantes da regata. No dia 4 de janeiro de 1947, às 17 horas, largaram nove dos dez barcos inscritos (foto acima). Este foi um grande dia no porto de Buenos Aires, Dársena Norte, onde se podia ver um lindo espetáculo. As primeiras horas da regata foram de vento Nordeste fraco, com contravento na saída do porto. O VENDAVAL navegava na dianteira, mas após alguns problemas com as velas de proa e o vento aumentando de intensidade, às 20 horas o EOLO assumia a liderança e o VENDAVAL em segundo. Em uma hora o VENDAVAL o ultrapassava novamente. No dia 5, ao amanhecer, Montevidéu estava no través da flotilha, com o VENDAVAL em primeiro, seguido pelo EOLO. O décimo barco inscrito, FJORD III, ficou pronto e com autorização emitida pela comissão organizadora, fez sua largada em solitário. No dia 6 o vento diminuía gradualmente e o VENDAVAL içava novamente a genoa #1 e a mezena. No dia 7 pela manhã o VENDAVAL permaneceu encalmado perto a Ilha dos Lobos, em frente à Punta del Este, enquanto os barcos que navegavam próximos à terra aproveitavam um vento que soprava junto à costa, tendo assumindo a liderança o VAGABUNDO II, seguido pelo EOLO Às 14 horas entrou um vento sul e foram içados os balões. O VENDAVAL diminuía a distância do VAGABUNDO II, que assumira a liderança. O vento foi aumentando de intensidade. O VENDAVAL velejava a 10 nós, aproximando-se do VAGABUNDO II até que a malagueta onde a adriça do balão estava amarrada, quebrou soltando a enorme

Público se aglomera na sede do Yacht Club Argentino, na Dársena Norte, para assistir a largada da primeira Regata Buenos Aires - Rio

vela para dentro da água. Toda a tripulação se empenhou em recolher a vela sem lhe causar estragos. Na altura do Cabo Polônio, o vento voltou para Nordeste com rajadas violentas. O VENDAVAL navegava um pouco à frente do EOLO e do ALFARD, com vento de Noroeste moderado. Desta tarde em diante o VENDAVAL perdeu o contato visual com os adversários. No dia 8 o VENDAVAL fez 195 milhas náuticas com vento Sudoeste. No dia 9, o vento acalmou e com uma aragem, o VENDAVAL navegou até a Pedra do Campo Bom, a poucas milhas ao Sul do Cabo Santa Marta. No dia 10, após montar o Cabo Santa Marta, o navio de guerra da Marinha Argentina MURATURE aproximou-se do VENDAVAL para informar que estava a 45 milhas a frente do ALFARD e do EOLO, que navegavam lado a lado.

Don Pedrito

Eolo O MINUANO

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Gipsy com Alfard no fundo na partida em frente ao YCA

No dia 11, de pouco progresso pelos ventos fracos, veio a notícia de que o EOLO havia dado o bordo para o mar, estando a 65 milhas da costa, e o ALFARD escolhera o bordo de terra. Por isso a decisão a bordo do VENDAVAL foi de procurar um rumo mediano, já que não poderia marcar seus adversários, que escolheram estratégias opostas. No dia 12, o VENDAVAL, o ALFARD e o EOLO estavam praticamente à mesma distância da chegada. O ALFARD por terra, o EOLO afastado da costa, e o VENDAVAL pelo centro. Às 22 horas, segundo reporte do navio da Marinha do Brasil BERTIOGA, o VENDAVAL (na foto ao lado chegando ao Rio de Janeiro) navegava bem com vento Nordeste. No dia 13 o vento varia de intensidade, de fraco a moderado, e as posições se alternam. No dia 14, na madrugada, o vento ronda pra Noroeste aumentando de intensidade. O ALFARD por terra, próximo a Ilhabela, e o VENDAVAL afastado da costa. Fernando Pimentel Duarte, tripulante

Fjord III 38

O MINUANO

Gipsy

do VENDAVAL, na época com 17 anos de idade, relatou o seguinte: “Vínhamos navegando, desde o través de Ilhabela, com um noroeste forte, à velocidade de 9 nós, e sabíamos que o ALFARD navegava mais próximo a costa. Ao amanhecer o avistamos a duas milhas da nossa popa”. No dia 15, às 04 horas, segundo o relatório do navio da Marinha do Brasil BERTIOGA, o ALFARD (foto ao lado, entrando na Baía de Guanabara) encontrava-se 5 milhas atrás do VENDAVAL, próximos ao Rio de Janeiro. Às 09 horas o VENDAVAL entra na Baía da Guanabara, seguido a 300 metros pelo ALFARD. Escoltando os dois veleiros estavam os navios de guerra da Marinha Argentina MURATURE e o GOIANA da Marinha do Brasil. Com todos os panos em cima, vento em popa, os dois veleiros vagarosamente avançavam para a linha de chegada. O ALFARD diminuía a distância para seu adversário e, em uma manobra estratégica, forçaram a proa do VENDAVAL para a Ilha da Boa Viagem na costa de Niterói. Na última manobra do percurso, o ALFARD, de 50 pés de comprimento, bem mais leve e com sua tripulação treinada em manobras de regata, executa o jibe com precisão. O VENDAVAL, com 65’ de comprimento e seu balão de quase 200 m2, executa sua manobra com dificuldade, deixando seu adversário abrir a vantagem de 1 minuto e 30 segundos na linha de chegada. Assim terminou a primeira regata Buenos Aires – Rio de Janeiro, com o ALFARD fazendo fita azul e primeiro lugar em tempo corrigido. Sua tripulação foi formada por Filipe Justo (comandante), Claudio Bincaz, Benito de la Riega, Humberto Machiavello, Jose H. Monti, Hercules Morini, Alberto Suñer, Fernando Soriano e Hugo V. Tedín (na foto ao lado, Duarte cumprimenta Justo, no Rio).

Vagabundo II


Tripulação do brasileiro Vendaval com o comandante José Candido Pimentel Duarte

Tripulação do Alfard com os prêmios da Regata: Copa Argentina, Copa Cidade do Rio de Janeiro, Copa Cidade de Montevidéu e Mala do Correio

Barcos participantes e suas tripulações ALFARD – Participou de 2 edições da BsAs/Rio. Na edição de 1950 ficou em 8º lugar no tempo corrigido. VAGABUNDO II – Navega no Mediterrâneo com o mesmo nome e participa das regatas do calendário de clássicos. Tripulação: Eberardo Schweizer (comandante), Martin Ezcurra, Lucas Carlos Glastra, Horacio Campi, Manuel Martinez VENDAVAL – Participou de 3 edições da BsAs/Rio foi Fita Azul em 1950 ficando em 3º lugar no tempo corrigido. Tripulação: José Candido Pimentel Duarte (comandante), Vitor H. Demaison, Jose Luiz Pimentel Duarte, Fernando Jose Pimentel Duarte, Francisco Alvarez, Amilcar de Garcia, George Byron Watson, Mario Ramos, Flavio Porto Barroso, João Pinto, Jose Eira CANGREJO – Participou de 4 edições da BsAs/Rio. Foi vendido para um brasileiro que o rebatizou de Nataly e hoje navega no Brasil com o nome original Tripulação: Jorge Bauer, Rodolfo Rivademar, Emilio Homps BALUMA – Navega em Buenos Aires com o mesmo nome. Tripulação: A Rodriguez Etcheto (Comandante), Ludovico Kempter, Carlos Stabile, Marcial V. Fernandez, José Maria EOLO – Mudou de nome para Maracaibo e foi vendido para um brasileiro. Participou de 3 edições em 47, 50 e 53 da BsAs/ Rio.

Tripulação: Joan Carlos Lone (comandante), Miguel Bosh, Toribio de Achaval, Hipolito Gil Elizalde, Eduardo Casado Sastre, Carlos Ayerza, Adolfo Guido Lavalle, Jayme Llorca GYPSY III Tripulação: Antonio Recupero (comandante), Rafael Gamba, Eduardo M. Gomez, Alejandro A. Nicola, David Braisted, Antonio Llinares, FJORD III – Participou de 2 edições da BsAs Rio em 47 ficou 8º e vencendo em 1950 no tempo corrigido. Na regata Newport Bermuda 1954 foi 1° na Classe. Tripulação: German Frers (comandante), Arturo C. Llosa, Rodolfo Vollenweider, Amadeo Ilurralde, Marcelo Petersen

Baía da Guanabara

O MINUANO

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RESULTADO DA REGATA BUENOS AIRES - RIO / 1947 BARCO

LOA

ANO

COMANDANTE

CLUBE

PROJETISTA / ESTALEIRO

TEMPO

ALFARD

51

1942

Felipe A. Justo

YCA

Frers

10 17 40 40

VAGABUNDO II

42

1945

Eberardo Schweizer

YCA

Frers / Astillero Domingo Cattani 11 06 35 21

VENDAVAL 65 1942

Jose Candido Pimentel Duarte

ICRJ

S & S / Brazilian Coal Rio

10 17 42 12

CANGREJO Nataly (Bra)

40

1944

Enrique Salzman

YCA

Frers

11 18 37 46

BALUMA

39

1947

Niel Sorensen Viale

11 19 48 16

EOLO Maracaibo

47

Juan Carlos Lonne

GIPSY III

43

1945

Antonio Recupero

YCA

Frers / Astillero Domingo Cattani 11 19 51 2

FJORD III

50

1947

German Frers

YCA

Frers

CEASAR

38

1946

DON PEDRITO

A. Rodriguez Etcheto

Roberto Hosmann

11 08 50 30

11 18 51 17

Roberto Hosmann

Gustavo E. Oliveira Borges

CAESAR – Dia 08 de janeiro em uma manobra para baixar a vela grande, a adriça travou, impedindo que fosse baixada. Em função dos fortes ventos, o comandante Roberto Hossman tomou a decisão de pedir ajuda ao navio da Marinha do Brasil Goiana, que o escoltou até o porto de Rio Grande. Participou de duas edições da BsAs Rio, em 1950 com bandeira uruguaia.

Tripulação: Roberto Hosmann (comandante), Juan Carlos Ure Aldao, Joan Antonio Carlos Verges, Rodolfo E Morelli DON PEDRITO – Dia 10 de janeiro quebrou o mastro no través de Tramandaí – RS, foi rebocado pelo navio Grajaú da Marinha do Brasil para Florianópolis – SC. Tripulação: Gustavo Eugênio de Oliveira Borges (cmte), Alberto Niquet, Franz F. Schwlbe, Benevuto Cardu.

Alfard na frente e Vendaval mais atrás, próximos a linha de chegada na Baía da Guanabara 40

O MINUANO


Luz de tope, quando usá-la Por Plínio Fasolo

J

á há alguns anos venho observando uma prática irregular na navegação noturna de barcos a vela: utilização da luz de tope do mastro junto com as luzes de navegação. Pensava ser uma transgressão voluntária. Como os indivíduos que não usam cinto de segurança durante o tráfego em cidades por não acreditarem na sua utilidade. Alguns, embora sabendo que estão cometendo infração, chegam a debochar dos que usam. Muitas vezes, para burlar a lei, passam o cinto sobre os ombros, mas não afivelam. Em agosto sai numa noite para navegar. Estava bem escura, sem Lua e sem estrelas. De repente observei na minha proa dois pares de luzes brancas e cada par formado por uma luz baixa e outra alta. Não demorei muito para perceber que se tratava de dois veleiros que navegavam praticamente no mesmo rumo que eu, um deles mais distante e o outro nem tanto. Pensei que estava, mais uma vez, presenciando uma dupla de transgressores rebeldes. Foi quando ouvi pelo VHF, no canal 16, o seguinte diálogo:

Para a direita

Vindo de proa a pano

- José!... Estás com a luz do tope queimada, ou esqueceste de ligála? - Nada disso. Ela está ligada e eu estou bem na tua popa, por quê? - Porque estou vendo dois barcos na minha popa e um deles está

Veleiro navegando a motor

só com as luzes de navegação ligadas, sem luz de tope. - Eu já tinha visto. Ele está mais atrás. No rio não há “azuizinhos” para multá-lo. Vamos para o canal 12. Claro que o barco que navegava sem luz no tope era o meu. Tive vontade de contatá-los pelo rádio

Para a esquerda

Vindo de proa a motor

para dizer-lhes que os errados eram eles, mas não era hora de comprar uma briga. Melhor é fazer uma campanha de esclarecimento para aqueles que não tiveram tempo de se informar sobre as regras internacionais (RIPEAM) de navegação noturna. Por enquanto posso lembrá-los de algumas regulamentações importantes: Luz de tope de mastro é branca, visível 360° no entorno da embarcação e só deve ser utilizada quando o barco está fundeado e sem qualquer outra luz de sinalização ligada. Luzes de navegação são três: verde, visível pelo boreste; vermelha, visível pelo bombordo e branca (alcançado) visível pela popa. Um veleiro também pode portar a luz de motoração para ser utilizada quando está sem velas e navegando somente a motor. É uma luz branca colocada a meia altura do mastro, em sua parte dianteira, só podendo ser observada pelo campo de visão da proa, portanto, não visível pela popa. É aconselhável verificar no RIPEAM os ângulos do campo de visão dessas luzes.

Fundeado

Visto pela popa

Portanto, seja a motor ou a pano, não navegue com a luz do tope acesa em nenhuma hipótese. Ligue-a somente após ter desligado as luzes de navegação estando fundeado. pliniofasolo@gmail.com

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Um pouco sobre as correntes marinhas

O

bjeto de preocupação para todos que navegam, as correntes marinhas são fenômenos sempre interessantes, muitas vezes com grande força e magnitude, para desespero de comandantes que as subestimaram. De forma simples, podemos dizer que as correntes são meteorológicas ou astronômicas, movidas pelo vento ou pela lua, respectivamente. Como o assunto ligado às marés merece um capítulo à parte, vamos tratar das correntes meteorológicas. Os grandes oceanos são basicamente imensas bacias com 4,5 Km de profundidade na sua maior parte, com áreas mais rasas, chamadas de plataformas, geralmente com 500 a 1.000 metros em seu limite mais profundo, chegando até a beira da praia. Essas bacias tem diversas camadas de água que separam-se por sua densidade diferente. O motivo disso é que nas regiões mais frias, quando ocorre o congelamento da água salgada, os sais são liberados. A água em volta fica, então, muito salgada e fria. Frio: moléculas mais próximas. Acrescente o sal, bingo! Lá se vai uma camada de água muito densa e fria para o assoalho oceânico. No extremo oposto estão 42

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as águas mais quentes e menos salgadas. Embora a salinidade varie pouco, a combinação com temperatura determina que essas águas fiquem menos densas e “flutuem” sobre as outras camadas. Por essa razão, quem ancora em águas mais profundas, como os pescadores, por exemplo, sabe que a corrente pode estar em uma direção na superfície e mais abaixo em outra, e no fundo outra. Nessa condição, é comum que os distorcedores usados em seus equipamentos de pesca não dêem conta de tantas voltas e suas bandeiras de marcações desaparecerem, submergindo pelo encurtamento dos cabos, enroscados pelas fortes correntes. Essas camadas, por vezes são afastadas da costa, por questões de formato de fundo, e uma corrente fria pode emergir. Quem conhece a região de Cabo Frio sabe do que falamos. Nas correntes superficiais, existe um fator determinante, chamado Força de Coriólis. É um desafio explicar de forma simples, mas vamos lá. Sabe aquele tranco para trás que levamos quando um ônibus arranca e estamos dentro. É uma força “aparente” criada pelo movimento para frente do ônibus, já que estávamos em repouso e com a tendência de

Por Henrique Horn Ilha Oceanólogo e ambientalista

ficar. O mesmo ocorre com a terra, que tem essa arrancada em direção leste, gerando uma força aparente na direção oeste. Com isso sempre há uma tendência de forçar a água superficial à esquerda da força do vento no Hemisfério Sul e ao contrário no Hemisfério Norte. No sul da América do Sul, essa corrente em direção oeste corre para a África. Lá encontra o obstáculo e sobe a costa africana até o Equador, atravessa o Atlântico e vira à esquerda, em direção ao Brasil. As famosas Correntes de Benguela e do Brasil são fruto dessa combinação de ventos, efeito Coriólis e barreiras físicas. O grande carrossel do sul se repete no Hemisfério Norte. Se você observar, verá que as correntes se encontram no Equador, pois a força aparente é muito maior nessa faixa, onde a terra é mais “gorda” em relação às outras latitudes, se fossemos fatiar o “planetinha”. Como concordam no Equador, no Hemisfério Norte sobe a costa dos EUA, e mantém o ciclo horário. Na época moderna, essas grandes massas circulando estão levando o nosso mais eminente produto do avanço tecnológico: o lixo. Justamente nos centros dos carrosséis movidos a vento, já é possível ver até do espaço enormes concentrações de lixo. Todas as praias do mundo, manguezais e recifes de coral são brindadas por toneladas de lixo. Grande parte se dissolve parcialmente na água, já influenciando em sua acidez, segundo estudos mais recentes. Nós navegadores, que saímos de terra para apreciar a beleza do mundo, podemos ajudar a manter esse mundo aquático mais limpo e saudável, ainda mais agora que sabemos que estamos todos conectados.


Aventura no Nepal

Por Danilo Schultz

Conhecido pelo espírito aventureiro, o associado Danilo Schultz — que já foi ao Kilimanjaro acompanhado do irmão Christiano Schultz — realizou mais uma missão. Foi ao Everest! E não esqueceu nosso galhardete!

E

m maio deste ano realizei, na companhia da minha Prima Paula Kapp Amorim, outra aventura em montanha. Percorri mais de 200 km pela cordilheira do Himalaia e fui ver de perto o Monte Everest. Como sempre, em todas as aventuras, seja por água ou por terra firme, levo o galhardete do VDS na mala para homenagear o clube. Após uma longa viagem chegamos finalmente a Kathmandu no Nepal, conseguimos descansar alguns dias e fazer as últimas compras para então embarcarmos em um pequeno avião com destino a Lukla, vilarejo localizado a 2.884 metros de altura, onde possui o aeroporto mais perigoso do mundo. Foram 17 dias caminhando por vales maravilhosos, lugares espetaculares com paisagens surreais! Alta adrenalina subindo e descendo montanhas, respirando o mais puro ar que já senti. Nossa de-

cisão, muito bem estudada no Brasil, era percorrer uma trilha de aproximadamente 200 km, partindo de Lukla (2.884) até Gokio (4.700), passando por Namche Bazar (3.340), subir o monte Gokio Ri (5.483), cruzar o glacial Ngozumba, desafiando o frio intenso e a erosão constante do local para poder realizar a passagem do Cho La Pas (5.370). Após isso, ir em direção ao acampamento base do Everest (5.364) e subir o Monte Kalapathar (5.545), para enfim descer até Dingboche (4.530), descansar e começar a escalar o Monte Island Peak (6.180). Conseguimos realizar 80 % da viagem, mas infelizmente o Island Peak ficou para uma próxima, foram diversos os fatores que nos levaram a tomar a triste decisão: mal estar, tempo ruim, e cansaço psicológico! Sim, nunca acreditei que meu psicológico me derrubaria num local

como este, mas após 12 dias comendo comida de sherpa, passando frio, sentindo falta de um bom banho quente, dormindo mal, sem ter comunicação com familiares e amigos e sentindo algum desconforto causado pela altitude, o seu corpo começa reclamar aos poucos. Costumo dizer que os momentos em que passei no Nepal, foram com certeza os melhores da minha vida em termos de aventura, coloquei meu corpo, espírito e mente à prova e realizei um baita sonho de ver o Everest a poucos metros. Agora, de volta ao Brasil, estou trabalhando no livro que contará cada detalhe dessa aventura. Minha expectativa é terminá-lo até junho de 2013! Agradeço a todos os meus amigos que torceram por mim e mandaram boas vibrações para que tudo desse certo. Muito obrigado também aos meus patrocinadores e apoiadores do projeto: Sul Náutica, Diga - VIVO, Guepardo e Vento!

O MINUANO

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PATRIMÔNIO

Obras ampliam a estrutura de lazer do Clube

Quiosque do Esporte (área leste) está equipado com fogão forno a lenha e churrasqueira

N

o último trimestre o Clube fez grande investimento para ampliar sua estrutura de lazer e recuperar o seu o patrimônio. A área Leste do pátio ganhou um novo quiosque equipado com churrasqueira, fogão e forno a lenha, inclusive com termômetro para assar pizzas. O espaço está ao lado do campo de futebol.

Cobertura nas área das lojas e oficinas 44

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Novos banheiros para área oeste


PATRIMÔNIO

A

parte Oeste foi a que recebeu maior intervenção. Depois de anos sem ocupação foi revitalizada com a construção de um quiosque com churrasqueira, próximo a rampa Oeste. Na área também foram construídos banheiros e todo seu entorno pavimentado e ajardinado para deixar um espaço agradável aos frequentadores. Esta parte do pátio possui uma linda vista da zona central da cidade e da zona sul.

O protetor é feito com material antioxidante e raios UVA e UVB

F

Quiosque Pôr-do-sol na área oeste

lutuantes – Um novo flutuante de 18 metros de comprimento foi construído e se destinará ao píer da área leste. O clube também fez uma parceria com a empresa Rubberfil que produz protetores de borracha para píer. As peças, que foram aplicadas em um dos flutuantes da marina, têm a função de absorver o impacto das embarcações atracadas nos píeres e flutuantes e evitar danos, tanto nas embarcações, quanto nos próprios píeres.

P

avimentação – Desde o ano passado o Clube teve uma área de quase de 4 mil m² pavimentada com blocos de cimento, além de aumentado o estacionamento no guincho grande com piso de concreto. O calçamento beneficiou em muito os associados que não enfrentam mais o desconforto da poeira ou das poças d’águas.

A

Pavimentação em quase todas as áreas do pátio

rmários - Nos hangares (2, 3 e 4) os armários de madeira para a guarda de materiais foram demolidos. A maior parte estava comprometida devido à umidade ou pelo ataque dos cupins. Novos armários foram construídos em alvenaria e já estão disponíveis aos associados. O aluguel dos armários e a aquisição dos cadeados deverão ser tratados na secretaria administrativa.

I

lha Chico Manoel – Em nossa subsede na área dos trapiches foram colocados dois tubulões para proteger a baía da entrada de ondas resultantes do vento sudeste, que circundavam a ponta de pedra, e entravam no porto lateralmente. Estes tubulões estão cheios de água e ficam com aproximadamente 30% de seu volume fora d’água, com peso de cerca de duas toneladas cada. Tubulões de 10m de comprimento servem como molhe


AGENDA VDS 2012

2013

Setembro

Janeiro

Dias 15 e 16 - 19º Circuito Conesul Vela de Oceano – 1ª etapa estadual Oceano Dia 20 - 19º Circuito Conesul Vela de Oceano – 2ª etapa estadual Oceano Dias 22 e 23 - 19º Circuito Conesul Vela de Oceano (Final) - 42ª Troféu Seival, 23ª Regata Farroupilha e 15º Velejaço Farroupilha - 3ª etapa estadual Oceano

Dias 19 a 29 - 39º Campeonato Brasileiro da classe Laser Dia 16 - Regata Noturna - 20 horas - pôr do sol às 20h30 - Lua 22%

Outubro Dia 7 - Festa da Criança, das 14h às 17h Dias 12 a 14 - Campeonato Estadual de Optimist Dia 21 - V Corrida Rústica do VDS, às 10h Dia 24 - Regata Noturna, às 19h30 - pôr do sol às 19h42 - Lua 69%

Novembro Dia 11 - Passeio Ciclístico, às 10h Dias 20 a 25 - Porto Alegre Match Cup, evento de nível internacional Dia 28 - Regata Noturna, 20 horas - pôr do sol às 20h10 - Lua 100%

Dezembro Dias 15 e 16 - Festa de Aniversário e regatas comemorativas Dia 19 - Regata Noturna, às 20 horas - pôr do sol às 20h25 - Lua 37%

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Fevereiro Dia 27 - Regata Noturna - 19 horas - pôr do sol às 19h01 - Lua 98%

Março Dia 13 - Regata Noturna - 19 horas - pôr do sol às 18h44 - Lua 2% Dias 21 a 31 - Campeonato Sul-Americano da classe Optimist




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