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PALAVRA DO COMODORO

EXPEDIENTE

Prezados Associados Passados quatro meses desde que assumimos a Comodoria dirijo-me aos nossos associados pela primeira vez neste espaço editorial do O Minuano. Nesse período procuramos dinamizar a gestão para implementar nossos projetos. Algumas propostas estão sendo concretizadas e já conhecidas pelos sócios. Iniciamos com a revitalização na nossa sede, a criação do espaço de convivência, nova mobília para a varanda, recuperação do assoalho do salão social e ampliação do Trapiche 3, além de obras contínuas de manutenção. Dando sequência, a Escola de Vela aumentou o número de alunos e suas atividades têm integrado as crianças e suas famílias no ambiente do Clube. As flotilhas estão fortalecidas e os projetos esportivos se encontram em pleno andamento. No final de abril recebemos a visita do ministro do Esporte George Hilton e os dirigentes da Confederação Brasileira de Clubes para a cerimônia de assinatura da Ordem de Início do Convênio CBC-Clubes, no qual o Veleiros do Sul é um dos conveniados. O clube recebeu um repasse de R$ 1.202.010,95 da CBC proveniente da Lei Pelé para o seu Projeto de Formação Olímpica I. O compromisso de toda Comodoria é trabalhar para manter o Clube como um local de lazer prazeroso, amistoso e seguro. Um espaço onde todos possam principalmente desfrutar daquilo que amamos, que é a náutica. Acredito que a grande contribuição para o bem-estar da vida social do Clube é compreendermos o sentimento dos seus associados. Por isso mantemos um diálogo franco e aberto com todos e constantemente estamos investindo no que é necessário para nossa estrutura. E tudo acompanhado de uma boa gestão, dinâmica equilibrada, como deve ser. Adotamos o gerenciamento inédito de trabalhar com orçamento anual, com revisões trimestrais para termos o controle financeiro exato da nossa gestão e podermos desenvolver projetos consistentes no Clube. Também ressalto que mantivemos as medidas administrativas aplicadas pelas comodorias passadas visando a continuidade do gerenciamento. E todo esse trabalho também tem sido compartilhado com o nosso Conselho Deliberativo. Nesta edição de O Minuano trazemos uma conquista inédita para a história do VDS, que é o bicampeonato Brasileiro de Optimist pelo nosso velejador Tiago Quevedo, destacando também o Sul-Brasileiro de Classe Hobie Cat que definiu a dupla na HC 16 para a equipe brasileira de vela que irá aos Jogos Pan-Americanos de Toronto em 2015. E ainda as participações nas competições internacionais das nossas flotilhas e de nossas duplas em busca da vaga Olímpica para Rio 2016. Para completar, boas matérias de leitura sobre navegadas e mergulho histórico. Ao finalizar gostaria de convidar todos os associados e familiares para participarem das atividades sociais do Clube. Bons ventos, Eduardo Ribas

Comodoro Eduardo Ribas Vice-Comodoro Esportivo Diego Quevedo Vice-Comodoro Administrativo Renato Poy da Costa Vice-Comodoro Patrimônio André Huyer Vice-Comodoro Social Christian Willy Prefeito da Ilha Chico Manoel Luiz A. Morandi Ouvidoria Eduardo Scheidegger Jr. Escola de Vela Minuano Diretor: Christian Willy Conselho Deliberativo Presidente Newton Aerts Vice-Presidente Luiz A. Morandi Conselho Fiscal Titulares: Frederico Roth, Cícero Hartmann e Flávio Neumann Suplentes: Luiz G. Tarrago de Oliveira, Ricardo Englert e Paulo A. Hennig O Minuano é uma publicação do clube Veleiros do Sul. Fones: 55 (51) 3265-1717 3265-1733 / 3265-1592 Endereço: Av.Guaíba, 2941 Vila Assunção Porto Alegre – Brasil CEP: 91.900-420 E-mail: comunicacao@vds.com.br Site: www.vds.com.br

Editor: Ricardo Pedebos - MTB 5770/RS Textos e Fotos: Ricardo Pedebos e Ane Meira Mancio Foto Capa: Fred Hoffmann Projeto Gráfico e Diagramação: Renato Nunes Fotolitos e Impressão: Gráfica Calábria Tiragem: 1.300 exemplares Distribuição: Sócios do VDS, diretorias dos clubes náuticos e marinas do Brasil. Clubes da Argentina, Chile e Uruguai.


Retratos de uma história Fotos: Memorial / VDS

Nesta edição trazemos a parte final da galeria de fotos que retrata um pouco da história do Veleiros do Sul, período que vai do início dos anos 60, quando o Clube iniciou nova etapa na Vila Assunção até dezembro de 2014, ano que completou 80 anos de fundação. 2

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1) Sede do Clube no início dos anos 60; 2) Vista aérea do Clube e do morro da Vila Assunção e o antigo desmanche de navios; 3) Sharpie velejando dentro da marina em 1964; 4) Movimentação da sede em 1964; 5) O molhe do Clube já com a colocação do seu tradicional farol. O barco Orion II entrando na marina para o seu batizado no dia 14 de abril de 1965; 6) Barcos montando uma boia em frente ao Clube no II Troféu Seival em 1971; 7) Vista aérea da sede com a piscina em 1971; 8) Campeonato da classe Pinguim em 1971; 9) Trapiche da Ilha Chico Manoel no começo dos anos 70. O Clube recebeu a concessão em 1966 na comodoria de Mário Bento Hofmeister; 10) Lançamento da flotilha de Optimist no Veleiros do Sul em 1972. (Esq.) Ralph, Werner e Carlos Henrique Hennig, Ernesto Neugebauer, Bruno e Rita Richter, Roberto Gomes, Jorge Bertschinger, Werner Neugebauer, e Cláudia e Walquíria Flöricke; 11) Batismo da flotilha de Laser do Clube, em abril de 1975; 6

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12) Grand Prix Internacional de Motonáutica realizado pelo Clube em 1973; 13) Movimentação na marina durante a Semana de Vela Internacional que ocorreu em novembro de 1974 em comemoração aos 40 anos do Veleiros do Sul. Classes: 470, Snipe, Optimist e Oceano; 14) Em plena atividade, a Escola de Vela Minuano sob a direção do comandante Carvalho Armando formou sua primeira turma de Optimist no dia 25 de julho de 1975; 15) Construção do Hangar Gigante, inaugurado em 13 de maio de 1972; 16) Leopoldo Geyer com Suzana Geyer e amigas no Cairu 1 atracado no Clube. Década de 70; 17) I Regata Puerto Buceo (Montevidéu) – Rio Grande. Largada em 2 de fevereiro de 1975. Vencedor na IOR: Macanudo, de Ery Bernardes (VDS); 18) Orion III, de Egon Barth, sendo embarcado no navio Lloyd Liverpool em Porto Alegre em 1977 para representar o VDS na Admiral’s Cup na Inglaterra, uma das principais competições da vela de oceano mundial na época; O MINUANO

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19) A urbanização do lado oeste do Clube em 1989; 20) Primeira competição de Match Race disputada no estado em julho de 1986, promovida pelo VDS; 21) Largada do Troféu Seival no Circuito Conesul de 1993; 22) O V Conesul de Vela também valeu como Brasileiro da classe Oceano em 1996; 23) A dupla Boris Ostergren e Ernesto Neugebauer conquista para o Veleiros do Sul o título Mundial da classe Snipe de 1977 em Copenhagen; 24) Homenagem a Leopoldo Geyer (esq.) pelos seus 91 anos de idade no extinto Bar Liliput, local onde nasceu a vela gaúcha. No encontro, em 1979, Geyer recebeu o título de “Patrono da Vela”. Presentes: Rose Linck, Terezinha Rosa, Cecília Hecktheuer, Geraldo Linck, Augusto Hecktheuer, Mário Hofmeister e Adroaldo Rosa; 25) Vista da marina do Clube em 1979; 26) Em 1980 o VDS criou sua flotilha da classe Star. No dia 7 de dezembro teve o batismo da flotilha com a presença do secretário da Star na América do Sul, Peter Siemsen. Em 1982 realizou o Campeonato Sul-americano da classe Star; 8

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27) Regata do Campeonato Sul-americano da classe 470 realizado no Clube em 1996 com a participação de velejadores de quatro continentes; 28/29) Campeonato Brasileiro da classe Optimist em 2004; 30/31) Campeonato Mundial da classe Soling em 2004. Primeira competição mundial realizada no Veleiros do Sul; 32) Batismo da flotilha de Optimist da Equipe de Vela feito pelo Netuno László Böhm em 23 de agosto de 2003; 33) Tripulações do VDS no Mundial de 2007 com os prêmios de campeão e vice-campeão conquistado por Cícero Hartmann, Flávio Quevedo e André Renard; 34) Equipe formada por George Nehm, Marcos Pinto Ribeiro e Lúcio Pinto Ribeiro, campeã Mundial de Soling em 2007 em Buenos Aires; 35) Porto Alegre Match Race Cup em 2007. O norteamericano Dave Perry derrotou Cícero Hartmann na final e conquistou o título da 4ª etapa do South American Match-Race Tour; 36) Regata de Aniversário dos 70 anos do Clube; 37) Campeonato Sul-americano de Snipe em 2004. O ano teve 15 competições comemorativas dos 70 anos; O MINUANO

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38) Grand Final Nations Cup ISAF 2009; 39) Brasil fez a final masculina com a França; 40) As festas da Copa do Mundo foram empolgantes, como a cerimônia de encerramento; 41) Campeonato Mundial de Soling no VDS em 2010; 42) Largada da nona regata no dia de encerramento da competição; 43) Premiação do Mundial; 44) Mundial teve a participação de quatro países. Montagem de boia na raia de Ipanema; 45) Batismo dos Elliott em 2011 com a presença de velejadores e associados;

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46) 3º Campeonato Ibero-americano de Match Race em 2011; 47) Brasil foi campeão nas divisões feminina e Open; 48) Troféu Seival completou 40 anos de disputa em 2010; 49) Campeonato Brasileiro de Laser em janeiro de 2013; 50) Disputa nas classes Laser Standard, Radial e 4.7; 51) Campeonato Sul-americano de Optimist em março de 2013; 52) VDS foi a sede do primeiro Sul-americano de Nacra 17, com Brasil, Argentina e Uruguai; 53) Torcida na água; 54) Comemoração da vitória de Gabriel Lopes no Sul-americano; 55) A festa dos 80 anos feita na orla do Clube. O MINUANO

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O imbatível Tiago Quevedo Foto: Fred Hoffmann

Velejador da Flotilha Minuano conquistou o bicampeonato brasileiro e apresentou um desempenho avassalador no Sul-americano de Optimist

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Tiago Quevedo saudado pelo pai Diego e pelos velejadores de Optimist e Laser do Clube, após a última regata

Flotilha Minuano vive o melhor momento da sua história. O Optimist do Veleiros do Sul tem alcançado êxitos nunca antes conquistados, graças ao desempenho dos seus velejadores. Se o ano de 2014 foi bom com Tiago Quevedo como o quinto melhor optimista do mundo, o de 2015 está sendo muito melhor. Tudo começou com a presença de 11 velejadores na Copa Brasil de Estreantes no Iate Clube do Rio de Janeiro. Foi o primeiro campeonato nacional da turma de estreantes e Lucas Stolf foi o melhor colocado em 13º.

“A flotilha de estreantes foi maravilhosa com pais e familiares muito integrados, com boa liderança e equipe técnica. Mas o nosso maior prêmio foi ver nossos pequenos guerreiros na água enfrentando todas as adversidades”, relatou a capitã da Flotilha Minuano, Míriam Loch. Com os estreantes arrebentando, os veteranos tinham a responsabilidade de dar show. E como missão dada é missão cumprida, Tiago Quevedo conquistou o bicampeonato brasileiro da classe, confirmando sua posição de


Campeões absolutos no sul-brasileiro O sucesso da flotilha se repetiu no Campeonato Sul-Brasileiro de Optimist no Iate Clube de Santa Catarina. O Veleiros do Sul venceu no Veterano e Estreante, além de conquistar pela terceira vez consecutiva classificação para o Mundial de Optimist. Imbatível entre os veteranos, Tiago Quevedo arrebatou mais um troféu, enquanto o estreante Lucas Stolf conquistou a sua primeira vitória em um campeonato de Optimist e teve a companhia de Pedro Amine no pódio em terceiro. Tiago também foi o melhor colocado na Seletiva para participar do Mundial de Optimist que ocorre de 25 de agosto a 05 de setembro na Polônia. Junto com o campeão sul-americano de 2013 Gabriel Lopes — correndo seu terceiro Mundial — mais uma gran-

Fotos: Arquivo Pessoal / VDS

melhor velejador na classe Optimist no país ao liderar o campeonato do início ao fim e repetir o bom desempenho de 2014 em Pernambuco. Ele abriu uma considerável diferença de 32 pontos sob o segundo colocado e na primeira fase manteve uma média de 1º e 2º nas regatas. Ainda pelo VDS, o campeão sul-americano de 2013 Gabriel Lopes foi o 3º colocado. “Sentia que me encontrava num bom momento e conhecia meus adversários. Me preparei muito, fiz clínicas no Rio antes do evento. Meu foco era vencer” disse o bicampeão que também venceu o título Brasileiro por Equipes de 2015 no RS1 com Gabriel Lopes, além de João Emílio Vasconcelos e Guilherme Plentz do Clube dos Jangadeiros. Esta é a primeira vez que um velejador gaúcho vence dois campeonatos brasileiros consecutivos na Optimist. O último bicampeão do RS foi Frederico Rizzo em 1994 e 1996. Desde o ano passado Tiago tem liderado o ranking nacional de Optimist e colocou o Brasil em evidência no Campeonato Mundial de 2014 ao terminar em quinto lugar na competição realizada na Argentina. Após a vitória, Tiago ainda representou o Optimist brasileiro Mussanah Race Week em Oman.

Nossa delegação que esteve presente no Rio de Janeiro

Estreantes e Veteranos brilharam no Sul-brasileiro

de marca foi conquistada para o VDS: são quatro anos consecutivos que o Clube vem representando o país no Mundial de Optimist. Em 2012 com Thiago Ribas, em 2013 com Gabriel Lopes e em 2014 e 2015 com Tiago e Gabriel. Além da dupla do VDS, neste ano representam o país no Mundial Tiago Monteiro (Cabanga Iate Clube Pernambuco), João Emílio Vasconcellos e João Pedro Tatsch, do Clube dos Jangadeiros. A conquista de quatro das cinco vagas pelos clubes de Porto Alegre mostra o bom momento da vela de base gaúcha. O MINUANO

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Foto: Matias Capizzano

Campeões Brasileiros de Optimist

Gabriel e Tiago mostraram preparo técnico na competição

Sul-americano de Optimist: vice-campeões por equipes e Top 10 para o VDS Realizado em Paracas no Peru, o Sul-americano de Optimist de 2015 contou com 150 velejadores das Américas e teve o Brasil como Vice-campeão por Equipes. Representando o VDS, Tiago Quevedo e o campeão de 2013 Gabriel Lopes mostraram preparo, alto nível e excelência. Com garra e espírito coletivo, a delegação brasileira conquistou o vice-campeonato Sul-americano por equipes. A equipe BRA 1 de Tiago Quevedo e Gabriel Lopes, que também contou com João Emílio Vasconcelos, João Pedro Tatsch e Tiago Monteiro, foi a segunda melhor do continente entre 16 times. Os vencedores foram a ARG 1 da Argentina e em terceiro lugar ficou a CHI 1 do Chile. Porém edição não vai ser esquecida tão cedo por uma polêmica que envolveu Tiago Quevedo na disputa individual. O velejador apresentou um desempenho notável e esbanjou talento vencendo cinco das nove regatas disputadas. A vitória já era esperada, contudo no penúltimo dia de competições, Tiago sofreu uma penalização excessiva que culminou com sua desclassificação em duas regatas, comprometendo a conquista do título. Tiago não se deixou abater com a penalização e mostrou superação ao encerrar sua participação com mais um primeiro e um segundo lugar nas duas últimas regatas, deixando claro a qualidade técnica na raia. Tiago foi o oitavo colocado geral e quinto sulamericano. O campeão de 2013 Gabriel Lopes não deixou por menos e completou o top 10 para o VDS na décima colocação geral e sétima no sul-americano. A organização entregou o troféu de campeão ao argentino Juan Ignácio Queirel, com vice para o chileno Benjamin Fuenzalida Court e o terceiro lugar ficou com o argentino Dante Cittadini. 14

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Campeonato 43º 42º 41º 40º 39º 38º 37º 36º 35º 34º 33º 32º 31º 30º 29º 28º 27º 26º 25º 24º 23º 22º 21º 20º 19º 18º 17º 16º 15º 14º 13º 12º 11º 10º 9º 8º 7º 6º 5º 4º 3º 2º 1º

Ano 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 1990 1989 1988 1987 1986 1985 1984 1983 1982 1981 1980 1979 1978 1977 1976 1975 1974 1973

CAMPEÃO Tiago Quevedo (VDS) Tiago Quevedo (VDS) Pedro Correa (YCSA) Leonardo Lombardi (CNC) Gabriel Elstrod (YCSA) Martin Lowy (YCSA) Caio Freitas (RYC) Carlo Mazzaferro (YCSA) Carlo Mazzaferro (CCC) Alexandre Alencastro (ICRJ) Ronion Silva (GVI) Gabriel Melchert (YCSA) Marco Grael (RYC) Gabriel Lorenzo (CCRJ) Matheus Dellagnelo (LIC) Matheus Dellagnelo (LIC) Bernardo Araripe (ICRJ) Gustavo Mascarenhas (CCRJ) Rafael Godoy de Lima (CNC) Frederico Plass Rizzo (CDJ) Frederico Vasconcellos (CCRJ) Frederico Plass Rizzo (CDJ) Mario Urban (YCB) André Otto da Fonseca (ICSC) Rodrigo Amado (CNC) Rodrigo Amado (CNC) Marcelo Reis da F. (CCRJ) Ricardo Dias Paradeda (CDJ) Alexandre Paradeda (CDJ) Luis Felipe Wrelantd (YCSA) Luis Felipe Wrelantd (YCSA) Edson Medeiros Jr. (ICSC) Edson Medeiros Jr. (ICSC) Sergio Machado (ICSC) Carlos Henrique Vanderlei (YCSA) Carlos Henrique Vanderlei (YCSA) Carlos Henrique Vanderlei (YCSA) Otávio Almeida (CCSP) Helio Hasselmann (RYC) Otávio Almeida (CCSP) Eduardo Melchert (YCSA) Marcelo Maia (ICB) Eduardo Melchert (YCSA)


Sede com novo mobiliário na varanda e lounge

Mesas e cadeiras mais charmosas e confortáveis

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o final de abril a sede ganhou novo mobiliário e um espaço de convivência na área do mezanino. Uma boa surpresa aguardava os associados ao chegarem no domingo, dia 26, no Clube. As mesas e cadeiras de plásticos da varanda foram substituídas por móveis de fibra e madeira desenhados especialmente para o VDS pela empresa Srhi Lanka. Enquanto o mezanino externo foi repaginado com poltronas, namoradeiras e sofás para os associados desfrutarem de um espaço de encontro e integração. “A Comodoria tem como meta oferecer maior conforto e comodi-

Espaço de convivência no mezanino

dade para os sócios e por isso demos um novo aproveitamento para o mezanino e substituímos o mobiliário da varanda,” comentou o vice-comodoro social Christian Willy. O projeto foi concebido pela Idea Design, da associada Eliane Willy e Carla Alessi Diaz, sem custos para o Clube. O domingo ainda teve nails salon no mezanino com serviço de manicure gratuito das 10h às 16h. As mulheres gostaram tanto da ação de beleza que pediram bis. E o almoço, com cardápio especial da Barcelos Gastronomia, foi com música ao vivo da dupla Clóvis e Daniela.

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Parceria com CBC garante verba para Projeto Olímpico do VDS

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Comodoria do Veleiros do Sul liderada por Eduardo Ribas foi a anfitriã do evento que recebeu o ministro do Esporte George Hilton em Porto Alegre para as assinaturas de convênios com o Ministério do Esporte e a Confederação Brasileira de Clubes (CBC). O encontro ocorreu no dia 30 de abril e oficializou a liberação de recursos para os clubes Veleiros do Sul, Grêmio Náutico União e Sogipa. Os tradicionais clubes gaúchos passaram a contar com a ajuda de recursos públicos para formação de seus atletas olímpicos e paralímpicos. O ato de descentralização de recursos para a formação de atletas nos clubes selecionados no Edital nº 1 de Chamamentos Internos de Projetos (chamada pública) da CBC destinou ao Veleiros do Sul o valor de R$ 1.202.010,95, a Sociedade de Ginástica Porto Alegre (Sogipa) R$ 1.783.000,00 e ao Grêmio Náutico União R$ 973.129,49. A cerimônia de assinatura iniciou por volta das 20 horas no salão social do Clube. Na mesa das autoridades estavam presentes, além do ministro George Hilton e do comodoro Eduardo Ribas, o Diretor de Formação de Atletas da CBC, Fernando M. de Matos Cruz, o presidente da CBC, Jair Alfredo Pereira, os presidentes da Sogipa, Ricardo Schwarz e do Grêmio Náutico União

George Hilton, Jair Pereira, Eduardo Ribas e João Derly na assinatura do convênio no VDS 16

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Ministro do Esporte George Hilton e políticos compareceram ao Clube para a cerimônia de convênios esportivos Francisco Miguel Schimidt, os deputados federais, Carlos Gomes e João Derly, e o deputado estadual Sérgio Peres. No evento também estavam o secretário municipal de Esportes, Recreação e Lazer, José E. Meurer, o vereador Professor Garcia, representando o prefeito José Fortunati, e as vereadoras Séfora Mota e Lourdes Sprenger. O Comodoro Ribas foi o primeiro dos dirigentes de clubes a falar. Ele comentou sobre a tradição do Clube na vela nacional e explicou a destinação da verba para o projeto esportivo olímpico. “Nosso projeto é para a formação de atletas das classes de base, intermediárias e olímpicas. Essa ajuda nos permitirá a aquisição de materiais e equipamentos, barcos completos que atendam o propósito do projeto. Estamos adquirindo 25 barcos importados. É um esporte que acaba tendo uma dificuldade de ampliação da base, por questões de custos”, explicou Ribas que também agradeceu ao comodoro Cícero Hartmann, presente no evento, pela participação no convênio com a CBC. O ministro do Esporte George Hilton destacou a importância da parceria com o Veleiros do Sul para massificar a prática esportiva no país. “Os clubes são a base principal da propagação dos esportes. As federações e confederações es-

O bicampeão brasileiro Tiago Quevedo falou em nome dos atletas e foi saudado pelo ministro


Ministro George Hilton, Comodoro Eduardo Ribas e presidente da CBC Jair Pereira com o cheque simbólico

tão mais focadas nos atletas profissionais, de alto rendimento. Os clubes têm a visão de chegar à base, cooptar a criança e prepará-la”, comentou George Hilton. O velejador Tiago Quevedo, 14 anos, bicampeão brasileiro de Optimist pelo VDS representou os atletas na cerimônia. “Em nome dos velejadores do Veleiros do Sul gostaria de manifestar o nosso agradecimento ao Ministério dos Esportes e à Confederação Brasileira de Clubes por este apoio ao nosso esporte. Neste ano me

tornei bicampeão brasileiro de Optimist, que é a classe base da vela de competição. O apoio do meu clube foi fundamental para essa conquista. Na força de clubes como o nosso está a formação de base e olímpica “, disse o jovem campeão da vela. Ele foi muito aplaudido e cumprimentado pelo ministro George Hilton e por toda mesa. Em seguida foram dados os cheques simbólicos das verbas e encerrado o evento houve uma jantar de confraternização no salão do Clube.

Lei Pelé Em 2011, uma mudança na Lei Pelé, feita pela Lei 12.395/11, incluiu a CBC como beneficiária de 0,5% do total da arrecadação das loterias da Caixa Econômica Federal ao lado do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). O Governo Federal apoiou os clubes, tradicionalmente os grandes formadores de atletas do país, em sua reivindicação de receber parte da arrecadação das loterias federais. Para que fosse possível a inclusão da CBC nos repasses da Lei Agnelo/Piva, o Ministério do Esporte abriu mão de porcentagem do que lhe cabe das loterias. A CBC aprovou em novembro de 2014 os primeiros 24 projetos que passaram a contar com recursos da arrecadação das loterias. Desde 2011, até o fim de julho de 2014, o montante acumulado era de R$ 150 milhões, que se destina a subsidiar projetos de formação de atletas de base. Entre os aprovados estava o Veleiros do Sul com o seu Projeto de Formação Olímpica I. Dos 37 clubes que se submeteram a cadastro, 16 tiveram propostas aprovadas, totalizando 24 projetos - 22 olímpicos e dois paraolímpicos - que somam R$ 23 milhões. O Veleiros do Sul também passou a integrar o Cadastro Geral de Entidades de Prática Desportiva (EPDs) e o Conselho de Interclubes da CBC-FNC, órgão de planejamento estratégico e especializado com atribuições de fomentar a formação de atletas olímpicos e paralímpicos.

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Tá chegando a hora Foto: Gilles Martin-Raget

Duplas olímpicas do Veleiros do Sul lutam pela indicação à vaga olímpica

Geison e Gustavo depois de competirem em Hyères, Marcélia, irão para Waymouth em junho

circuito mundial para aumentar o nível técnico com foco na participação na Olimpíada” destaca o proeiro Gustavo Thiesen. Neste ano a dupla, que conta com apoio de Banrisul, Corsan, Vipal, Ritter e Tradener, participou das etapas de Miami e Hyères da Copa do Mundo, além do Troféu Princesa Sofia, Copa da Primavera de 470 em Marselha na França e Norte-americano de 470. A etapa de Waymouth é o próximo desafio da dupla antes dos eventos em julho e agosto no Rio de Janeiro. Foto: Bárbara Sacnhez / Sofia

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omento decisivo na campanha das duplas olímpicas do Veleiros do Sul. Firmes na disputa pela vaga na Olimpíada do Rio de Janeiro em 2016, Geison Mendes e Gustavo Thiesen na classe 470 masculino com Samuel Albrecht e Geórgia Silva na classe Nacra 17 estão a todo o vapor no aguardo da Confederação Brasileira de Vela na definição das equipes para a Olimpíada. As duplas vêm participando de campeonatos internacionais visando qualificação, como nas etapas da Copa do Mundo da Federação Internacional de Vela (ISAF) o que garante maior ritmo e técnica às nossas equipes. Samuca Albrecht e Gica Silva vêm apresentando desempenho favorável como os melhores brasileiros do Nacra 17 nas etapas da Copa do Mundo em que correram e no Troféu Princesa Sofia. “Muitos países já definiram as suas vagas, a flotilha vêm ficando mais seleta. Então aguardamos o próximo Evento Teste em agosto, pois será o momento de chegarmos mais perto e aprendermos mais”, indica Samuel. A dupla realizará treinos em Porto Alegre e em julho retorna ao Rio. Enquanto isso, Geison e Gustavo aparecem como os melhores brasileiros do ranking de 470 masculino da ISAF. Os bicampeões sul-americanos e brasileiros subiram três posições. “Esse é o resultado do trabalho da nossa dupla que tem feito um esforço muito grande para competir no

Samuca e Geórgia estão na frente pela disputa da vaga brasileira para os Jogos Rio 2016 O MINUANO

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Baía Paraíso, próximo da base argentina Almirante Brown

Nas águas geladas da Antártica

Por Nestor Völker

O arquiteto naval argentino navegou no veleiro Kat, projetado por ele para a expedição Oriente da família Schurmann

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esde minha adolescência eu sempre quis conhecer pessoalmente a Antártica, mas claro, quem iria levar uma criança quando nenhum veleiro argentino ainda tinha chegado até lá. O conhecido Hormiga Negra fez isso, recentemente, em 1987. Agora, mais crescido e portanto com pou20

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co tempo disponível, fui convidado para ir no navio quebra-gelo Comandante Irizar , claro que eu teria que ficar ao longo de toda a expedição Antártica lá, o que me era impossível. Eu corri a regata Fastnet com o veleiro alemão Nordwind e fui convidado pelo comandante para fazer a Passagem do Noroeste (ou seja, a


Fotos: Nestor Völker

passagem entre o Canadá e o Pólo Norte) algo que me deu uma grande alegria (se eles não podem ser o gelo do sul será o norte, dizia a mim mesmo). Isso foi em 2012. Por ironia, neste ano ficou apenas um dia aberta a passagem de gelo, onde nós passamos com mais cinco barcos e desde então não foi reaberto até hoje. Mas a vida nos dá satisfações, no Brasil a família Schurmann me encarregou de projetar um veleiro de 80 pés para viajar pelo mundo com o objetivo de produzir um filme referente a descoberta da América pelos chineses, em 1421 (para aqueles que querem saber mais sobre o assunto, há um livro chamado apenas 1421, de um pesquisador em inglês). Acontece que, aparentemente, os chineses também teriam chegado na Península Antárti-

ca e por isso os Schurmann decidiram ir para lá para também filmar este lugar. Então, tinha sido me dado a oportunidade, e eu não hesitei nenhum momento para embarcar em Ushuaia no Kat, nome do barco dado em memória a menina adotada por eles, falecida na sua adolescência e que passou grandes momentos ao redor do mundo com a família nas viagens anteriores. O barco foi lançado em Itajai, Brasil, e essa foi sua viagem inaugural. Por um inconveniente na instalação de um de seus motores, o barco passou um tempo em Puerto Deseado, Ushuaia, portanto, em vez de partir em janeiro, só pode zarpar no final de fevereiro, época que o normal seria estar voltando e não indo para a Antártica. Partimos de Ushuaia ao anoitecer do dia 23, chegando a Puerto Williams na manhã seguinte. O MINUANO

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Vista desde o Porto Lockroy

Navio baleeiro Governoren na Baía Enterprise, da Ilha Nansen Sul

Neste local fizemos os papéis para atravessar o Estreito de Drake, já que o controle é feito dalí e do Cabo Horn. Neste povoado também há um simpático clube instalado um navio onde se reúnem os navegadores trotamundos. Eu fui até a aldeia Ukika, último povoado de descendentes Yamanas e ao museo Gardiner, moderno e excelente para uma cidade tão pequena. De ali partimos no dia 27 para Caleta Martial, perto do Cabo Horn, para esperar por uma boa janela de tempo e cruzar o Drake. Enquanto isso fomos para o Cabo Horn, no qual cruzamos por ida e volta, além de desembarcamos em terra. Nós fomos para o farol e arredores e carimbamos nossos passaportes. Por este tempo pas-

Baía Dorián, onde invernou Amir Klynk 22

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saram os dois primeiros barcos da Barcelona World Race, uma regata de volta ao mundo non stop com apenas dois tripulantes por barco, entre eles o meu amigo José Munoz, do Chile. Finalmente veio o tempo bom e partimos em 02 de março para a Antártica, onde chegamos com vento franco, depois de atravessar um Drake bastante tranquilo, no dia 5. Entramos pelo canal Nelson entre as ilhas Shetland e fundeamos em Media Luna, onde há uma base argentina que fecharia dentro de alguns dias. Nós passeamos por terra, vi muitos pinguins e um navio baleeiro abandonado. De lá, cruzamos para Puerto Yankee com espetaculares paredes de gelo. Nos deslocamos até um iceberg para obter fotos e filmar com o drone. De lá fomos para a Ilha Deception, que na verdade é uma cratera de vulcão inundada pouco ativo, uma vez que em várias partes da costa sai um vapor quente. Há partes que não se aguenta caminhar sobre as pedras. Nós também aproveitamos para nos banhar no mar, é sim na Antártica, e com água super quente. Em Baía Ballenera vimos uma grande instalação abandonada da época de comercialização do óleo de baleia. Toda a ilha é preta e branca (neve e pedra vulcânica), muito curioso. Ao fundo da cratera está a Baía Telefon, cujo fundo sobe um metro por ano, ou seja, onde nós fundeamos em três anos será terra, embora agora não pudessemos descer em terra firme. De lá fomos para Baía Péndulo, onde o nome já diz tudo, não é muito estável. Uma noite, fomos convidados para conhecer um navio de pesquisa brasileiro e jantar a bordo. Curiosamente não usa âncoras no fundeio e mantém a proa e sua posição, por mais mais vento que haja, com seus motores de maneira automática.


Baía da Ilha Nansen

De Deception fomos pelo estreito de Graham para caleta Enterprise, onde estava um navio fabrica (de processamento de baleias) Governoren semi-afundado. O local é muito interessante, nos arredores há muitos botes baleeiros abandonados da época que somente neste lugar eram caçadas mais de 500 baleias por ano. Com um bote fomos a uma baía próxima espetacular com uma pedra no meio, as bordas da baía são todas geleiras, com muitas estalactitas de gelo e água, com uma camada fina congelada. Foi provavelmente o lugar com o maior intensidade geográfica que eu já vivi. De Enterprise fomos para Cuverville Island. Outro sonho, cheio de pinguins, icebergs e uns matizes espetaculares provocados pelos raios do sol que passavam entre o céu nublado, dando contrastes incríveis. Sim, mas havia uma foca-leopardo que nos complicou na hora de tirarmos o cabo que tínhamos amarrado numa pedra/ilha. Ela nos olhava feio desde a água, mostrando seus dentes, e estarmos com o bote próximo a ela, não era muito animador. De lá, fomos pelo Canal Herrera até Baía

Paraíso. Alí a uma base chilena e argentina chamada Almirante Brown. Piso no sólo Antártico, pois até então tudo era apenas ilhas ao largo da península. Na manhã ficamos presos entre os gelos, por isso não foi fácil tirar a âncora sob o gelo e sair entre eles, porém com muito esforço conseguimos. A próxima parada foi Puerto Lockroy. No caminho fomos sendo acompanhados por baleias, que inclusive passaram por debaixo ​​de nós. A base britânica está em uma ilha de pedra toda invadida por pinguins. De lá, seguimos a Baía Dorian, onde há outra base argentina, mas como em todas bases que passamos, exceto Media Luna (que já estava perto), já tinham sido encerradas pelo término da temporada. Na Baía Dorian foi onde Amir Klynk, o brasileiro que cruzou o Atlântico a remo, passou um inverno antártico. O lugar é fantástico para descer e andar pela neve. De um lado se vê Lockroy e pelo outro Baía Dorian. Com muita coragem, o filho do comandante Schurmann, entrou na água com a prancha de stand up para O MINUANO

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Kat cercado por gelo na Baía Paraíso

Stand Up na Antártica

um passeio. Voltamos a fundear em Lockroy porque a previsão do tempo era de noite bem ventosa e não havia melhor ancoragem por alí. No dia seguinte fomos para o ponto mais ao sul de nossa navegada, que foi a base americana Palmer, em Puerto Arturo. Esta estava aberta, mas não baixamos nela. Na manhã seguinte, 18 de março, com bom prognóstico, começamos a cruzar o Drake novamente. A travessia foi de contravento, com vento aumentando de intensidade gradualmente para 35 nós, com rajadas de 45, próximo ao Cabo Horn. Chegamos a Puerto Toro, a cidade mais austral do mundo, no dia 21, à noite. No dia seguinte, fomos a Puerto Williams, para novamente fazer os papéis e, em seguida, para Ushuaia, onde chegamos no dia 23 no final da tarde. Curiosidades: Tivemos até 14ºC negativos

Canal Herrera, entre Cuvervielle e Baía Paraíso

de noite e 10ºC negativos de dia. Quando neva e com estas baixas temperaturas, todos os cabos ficam congelados, as adriças e escotas tornam-se barras de gelo, que não podem passar através das roldanas, ou seja, rogue para que elas consigam ficar presas ou conte só com os motores. As previsões do tempo são muito precisas, com as quais pode-se atravessar o Estreito de Drake hoje em dia, sem grandes inconvenientes. Eu recomendo ir à Antártica antes de 5 ou 10 de março. Fizemos isso bem mais tarde, todavia não me pareceu perigoso; igual não recomendo. Em comparação, a Passagem Noroeste é mais aventura e ainda tem ursos polares. Porém a Antártica é muito mais bonita e possui mais vida selvagem. Por outro lado, na Antártica chegamos aos 65º S e no Norte chegamos aos 75º N, muito mais perto do Pólo.


Base inglesa em Porto Lockroy

Nestor em meio as estalactitas de gelo

Foca-Leopardo e aves da Antรกrtica

Cuvervielle com sua enorme pinguinera O MINUANO

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Muito antes da virada do Século

3 barras principais, todas bem visíveis do alto. Mas ao nível do mar era tudo um descampado já que não havia morros por perto. Seria preciso chegar bem próximo para visualizar a entrada. Tarefa difícil para quem vem da Lagoa precisando de uma precisão de meio grau na bússola, impossível de manter, para eventualmente encontrar a entrada. Observei então que a última barra, para W, era a Barra Falsa com acesso ao Braço Morto (não confundir com a Barra Falsa de Bojuru). Nome algo tétrico mas certamente nosso destino. A tática seria a seguinte: aproar a costa com um rumo menor para chegar lá com a certeza que a dita barra estaria para a direita, mais perto ou mais longe, dependendo do erro da navegação. Curvando então para a direita (boreste, desculpe) e navegando junto à margem, até aparecer a primeira abertura que seria a Barra Falsa. 22/2/1980 6ª feira 14:15, partida para pernoite na Chico Manoel. Para garantir bebidas geladas passamos antes pela fábrica de gelo da rua Edu Chaves e enchemos uma caixa grande de isopor de paredes duplas com gelo seco industrial. O procedimento era colocar diariamente um punhado deste gelo na geladeira de uso. A temperatura do gelo seco é de 78 graus negativos. É uma beleza mas deve-se ter o cuidado de não pegar com as mãos para evi-

Fotos: Geraldo Knippling

D

esde longa data vinha fermentando a idéia de descobrir lugares desconhecidos. Por força da minha profissão, seguidamente voava sobre a Lagoa dos Patos. Ficava fascinado com o suntuoso delta do Rio Camaquã com seus inúmeros canaletes e ilhotas de todos os tamanhos, aparentemente isolados do resto do mundo. Poderia ser o nosso destino nas próximas férias. A carta 2140 da Marinha, a melhor existente na ocasião, trazia poucos detalhes, estes é que nós iríamos descobrir. Decisão tomada. Sem vias de acesso terrestre o caminho evidentemente teria que ser por água. O meio de transporte a nossa lancha Butterfly de 26 pés com cabine, motor Volvo Penta com rabeta e um motor de popa auxiliar para “emergências”. Era 1979 e ficamos aguardando as férias de 1980. Note que as “facilidades” eram nulas. Não havia GPS, plotter nem pensar, nem VHF, nem referências sobre acidentes geográficos e muito menos previsão do tempo. Havia um rádio “banda do cidadão” que nunca funcionou. Os preparativos. Minha mulher e marinheira Regina foi tratando da alimentação para no mínimo 6 dias. Quanto a mim, fui logo traçando os rumos, contornando os bancos de areia e medindo as distâncias na venerável carta 2140. Aí surgiu a primeira dificuldade: o delta do Camaquã tem aproximadamente 5 MN de extensão e uma infinidade de pequenas barras secundárias além das

Por Geraldo Knippling

A beleza do delta do rio Camaquã é lembrada pelo navegador e autor do livro O Guaíba e a Lagoa dos Patos 26

O MINUANO


A lancha Butterfly fundeada no braço da Barra Falsa

tar queimaduras. Como a evaporação desse gelo é muito lenta isto nos garantia bebidas e mais alguns itens gelados por 5 a 6 dias. Ainda nos Veleiros do Sul completamos 516 litros de gasolina azul nos 3 tanques da lancha. Na Chico ultimamos os preparativos para o “grande cruzeiro”. Protegemos os pára-brisas dianteiros com uma lona especial para proteção de impacto de grandes ondas na lagoa. Também enchemos o dingue e o amarramos no topo do pilot house. Às 04:15 do dia seguinte, ainda escuro, soltamos as amarras tomando rumo de Itapuã, por instrumentos. Inicialmente com velocidade reduzida por questão de segurança, passando a planar ao raiar do dia. 05:53, passamos pelo farol de Itapuã. Quando raiou o sol, descortinou-se um lindo dia de verão. O vento era fraco e as “grandes ondas” ficariam para o próximo cruzeiro. Na medida em que as horas iam passando, olhando para trás víamos os morros de Itapuã desaparecendo na bruma matinal. A esteira deixada pelo barco em movimento precisava ser uma linha reta como prova da habilidade do timoneiro para chegar ao destino. Não tínhamos piloto automático. A rabeta era muito ruidosa e dificultava a comunicação entre os tripulantes mas seu ronco não deixava de impor uma certa confiança no equipamento, tipo ganhar no grito. Tínhamos que manter os rumos com a máxima precisão para acertar a foz do Braço Morto lá no Camaquã. Regina era habilidosa em manter o rumo da bússola. Passamos pelo través do imponente farol de Cristóvão Pereira e pela bóia Dona Maria antes do meio-dia. Ofereci uma Coca-Cola (gelada) à Regina enquanto apreciava a esteira e a marola na nossa popa. Vi então que em vez de ser uma linha reta descrevia um ziguezague preocupante. Como Coca-Cola não tem álcool fui ver o que havia com a marinheira. Ela tomava um gole e colocava a lata ao lado da bússola. Cada vez que fazia isto a bússola desviava uns 20 graus para o lado, atrapalhando a navegação sem que ela percebesse. Logo pensei na barra do Braço Morto. Apresso-me a dizer que nessa época as latinhas de refrigerante e

Explorando o braço morto da Barra Falsa

cerveja eram de material ferroso, latas mesmo. Isto não aconteceria hoje com as latas de alumínio. Nem com binóculo e muito menos sem ele avistamos o farolete do Vitoriano na ponta do banco do mesmo nome, onde deveríamos mudar o rumo para a direita (boreste, desculpe). Era só céu e água. Acendeu a luz amarela da preocupação! Será que o farolete foi recolhido para manutenção ou arrancado por um temporal? O episódio da lata de Coca -Cola foi muito curto para ocasionar um desvio tão grande. Na posição estimada pelo log o ecobatímetro não acusou a diminuição da profundidade pelo banco de areia. Concluímos que estávamos à esquerda da rota. Fazendo uma pequena correção para a direita e seguimos em frente com muita fé no Braço Morto. Perto das 15:00 avistamos um tênue risco no horizonte. Estávamos nos aproximando da costa. Pouco mais tarde a rabeta deu uma estrondosa batida no fundo de areia dura. Chegamos à costa. Por sorte a rabeta estava destravada e não houve maiores danos. E o Braço Morto? Forçosamente deveria estar para a direita. Levantamos a rabeta e baixamos o motor de popa auxiliar pra ir costeando, paralelo à margem, à procura do nosso destino que seria a primeira entrada a aparecer. O tempo foi passando e a nossa preocupação aumentando. A paisagem não mudava. Depois de quase uma hora apareceram algumas figueiras, um casebre abandonado sem presença humana e logo adiante nossa almejada entrada. Ao chegar mais próximo, encalhamos. Descemos do barco e com água pela cintura fomos procurar um local que desse passagem pela barra. Tudo muito raso, mas ariscamos entrar com o casco roçando no fundo. Se estivesse soprando um nordestão ou lestão, ventos predominantes da região, a situação seria bem mais complicada. Entramos. Tudo deu certo. Baixamos novamente a rabeta e lentamente fomos subindo o sinuoso curso do rio, empolgados pela natureza virgem e a beleza natural do lugar. Este Braço Morto que escoa pela Barra Falsa não tem nada de morto. Apresenta uma razoável correnteza devido O MINUANO

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vam. Ficaram as saudades desse maravilhoso SPA de 1980. Posteriormente a lancha foi substituída pelo veleiro “Magana”, de quilha retrátil, propiciando muitas incursões no delta e possibilitando a marcação pelo GPS. Pouco mudou 35 anos mais tarde, conforme texto abaixo. Que maravilha que é o GPS. Quanto à navegação, é importante lembrar que ao acompanhar as inúmeras curvas do curso, é aconselhável manter-se no lado externo delas, onde a profundidade sempre é maior. Lembre-se que o rio é “manhoso” e não é aconselhada a navegação em período de cheia pois a forte correnteza pode levar o barco, sem o efeito da quilha, para o emaranhado de vegetação na margem de uma curva mais acentuada.

O Cortado que liga o Braço Morto, em plano superior, ao braço principal do rio Camaquã em primeiro plano

à interligação com os demais braços e canaletes rio acima. As margens são totalmente inacessíveis devido à espessa vegetação nativa. Subimos cautelosamente 3 MN. 17:00. Hora de parar e preparar o pernoite. Amarramos a proa numa parruda árvore e a popa numa âncora quase na metade do curso. Sensação de dever cumprido. Veio à noite e com ela os mosquitos de todas as raças e tamanhos. O barco estava todo fechado com as lonas mas sempre havia uma frestinha por onde os bichos passavam. Remediamos isto com papel higiênico, amassando pedacinhos e preenchendo as frestinhas traiçoeiras. Assim evitamos o uso de spray por motivos óbvios. Finalmente uma maravilhosa janta feita pela marinheira e um merecido descanso. Durante a noite ouvimos os mais estranhos ruídos. É verdade que a escuridão e o isolamento sempre aumentam os sons e a expectativa. Ora era o estridente canto de um pássaro noturno (para mim era um guincho). Peixes saltando na água e o lampejo de alguns vaga-lumes que parecia um relâmpago. Mesmo assim, uma tranqüilidade total. Ficamos mais dois dias neste maravilhoso recanto. Lançamos o dingue para uma exploração mais abrangente, sempre rio acima para não ter que remar contra a correnteza no caso de uma pane no motorzinho de popa. Note que durante todo este cruzeiro não encontramos viva alma em lugar algum. Quando então retornamos para Lagoa seguimos para São Lourenço do Sul, onde nos aguarda28

O MINUANO

As barras do rio Camaquã Barra Grande – A entrada é pelo lado W do braço, aproximadamente na posição BRGR. É bastante rasa e às vezes está demarcada por uma ou outra taquara. Existem muitos baixios. Mas adiante o rio é largo e oferece boas condições de navegação. Observe o fio elétrico. A umas 6 milhas da foz, há uma bifurcação e o rio começa a ficar estreito. A parte que faz ligação com o braço principal oferece muitos obstáculos e não é adequada para navegação, exceto canoas. Barra Funda – É a do braço principal. Como diz o nome, é a mais funda; mesmo assim a profundidade dificilmente passa a um metro do ponto crítico, na entrada. O ponto de entrada pode modificar-se, em função da correnteza do rio. É, fora de dúvida, a entrada mais adequada. Barra Falsa – Tem o acesso menos complicado, mas é raso; dificilmente acima de 80 cm com o nível médio. Essa barra dá acesso ao Braço Morto, que indiscutivelmente é o braço mais bonito. Atravessa uma verdadeira selva, com grandes árvores e densa vegetação. É possível subir tranquilamente umas 4 milhas, acompanhando as sinuosas curvas. Mais para cima, na posição CORW S 31º 14,160 e W 51º 47,100, há uma misteriosa e traiçoeira passagem que liga o Braço Morto ao braço principal.

Carta com a rota de Itapuã até a Barra Falsa


O sumiço da colher Por Nestor Magalhães

Tinha mergulhado nos destroços do encouraçado alemão Tirpitz, além do Círculo Polar Ártico, bombardeado ao largo da Ilha Hakoy por aviões ingleses no dia 12 novembro de 1944. Um final wagneriano: o navio atingido por duas bombas Tallboy de 5.400 kg, emborcou e explodiu. Cerca de 1.000 marinheiros morreram no naufrágio, inclusive centenas deles ficaram presos nas entranhas do encouraçado. Em agosto de 2014, acompanhado por um guia norueguês, mergulhei no que sobrou deste poderoso navio. A água estava a 9°C e o leito do mar era um verdadeiro ossuário de ferros enferrujados e retorcidos, entre algas e ouriços.

que ela pertencia ao restaurante do clube e que

Encontramos ossos humanos, sapatos, uma bota

por descuido havia sido colocada na mesa, pegou

de marinheiro, fuzis Kar 98 K, granadas de artilha-

o instrumento discretamente e enfiou sob a man-

ria, botões, a corrente da âncora e... uma colher.

ga. Pisando macio, caminhou disfarçando para a

Incrível, ainda impressa na colher, ameaçadora, a

cozinha onde jogou a colher no lixo! Foi por um

águia nazista. Que souvenir!

triz, mas consegui recuperá-la. Seria um fim um

Cerca de duas semanas depois, já no Brasil, estava na agradável companhia do meu ami-

tanto insólito para a histórica colher. Passado o susto foram só risadas. Foto: Nestor Magalhães

go velejador e mergulhador, Cylon Rosa Neto e respectivas esposas, jantando no Veleiros do Sul. Conosco também mais dois casais. Mostrei então a todos a colher do Tirpitz, com a águia nazista marcada firmemente no cabo, provocando curiosidade e admiração. A parte côncava da colher tinha sido corroída pela ação intensa do fogo e da água salgada, após ficar enterrada na areia por cerca de 70 anos. Depois de todos examinarem, coloquei a colher na mesa, junto com os outros talheres. Eis que apareceu o garçom e viu a tal colher. Bastante constrangido e até embaraçado, acreditando O MINUANO

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Mergulho no SS Thistlegorm

O

Por Nestor Magalhães*

SS Thistlegorm era um cargueiro inglês com as linhas clássicas da década de 1930 e com uma moderna máquina a vapor: a roda de proa reta, quatro grandes porões, os castelos de proa e popa eram mais elevados, tinha uma só chaminé. A superestrutura da ponte de comando era curta, porém, larga e dois mastros principais com guindastes de carga. Ele media 126,5 m e tinha quase 5 mil ton. de deslocamento. Foi construído no estaleiro Joseph L. Thompson & Sons Ltd, Escócia, batizado Thistlegorm pela Sra K.W. Black e lançado ao mar em 9 de abril de 1940. Esse navio aparelhou do Porto de Glasgow em agosto de 1941 com uma carga completa de material bélico para as forças britânicas no norte da África. Era a sua quarta e última viagem. Enfim, um suprimento vital destinado a um exército que se preparava para a Operação Crusader, uma contraofensiva destinada a deter o comandante alemão Rommel na sua marcha para o Egito. No deck principal, havia duas locomotivas a vapor e vagões-tanques para água. O seu destino final era o Porto de Tawfiq, na entrada sul do Canal de Suez e, por segurança, o Thistlegorm incorporou em um comboio de 16 navios, que seguiu rumo ao sul até a ponta da África e navegou pelo Canal de Moçambique na

Os sobreviventes da tripulação atacada pelos alemães 30

O MINUANO

direção do novo porto que foi em Aden. Por fim, penetrou no Mar Vermelho, seguindo na direção do Canal de Suez. Em 24 de setembro de 1941, o vapor juntou-se a outro comboio no Mar Vermelho, passando a navegar, a partir desse momento, com 20 navios, que não chegaram a ir muito longe. Um petroleiro já na região da saída do Canal de Suez dera com uma mina alemã e a passagem ficara temporariamente fechada. O SS Thistlegorm e outros navios lançaram ferros no lado oriental do Golfo de Suez, um local bem perto de Sha’be Ali, em um ponto conhecido como Inner Channel, onde ficaram por dez dias. Havia uma impressão de paz e segurança, aumentada pela presença protetora do cruzador HMS Carlisle, fundeado nas proximidades. Falsa sensação Na madrugada de 6 de outubro de 1941, dois bombardeiros Heinkel 111, pertencentes ao Kampfgeschwader KG 26, baseado em Creta, realizavam uma busca tentando localizar o grande navio da Cunard, o Queen Mary, que transportava milhares de soldados australianos. Um transporte de tropas constituía-se sempre uma presa tentadora, saborosa. Os bombardeiros atacaram então o maior dos navios, o Thistlegorm. Surpresa total. Foi um mergulho suave, perpendicular à meia-nau do cargueiro e as bombas de grosso calibre, com espoleta de retardo, foram dar direto no costado de boreste. Pelo menos uma delas acertou o enorme alvo. Eram 01h39min, quando uma explosão cataclísmica, acompanhada por grossa coluna de fogo, rompeu do porão Quatro: um estremecimento atroador e uma pressão quente e sufocante, logo seguida por uma bola de fumaça negra sulcada de clarões vermelhos e amarelos. Com certeza, parte da munição explodiu junto. Um estilhaço de ferro, afiado como um punhal, atingiu o cruzador HMS Carlisle, abrindo um buraco de meio metro na blindagem. O SS Thistlegorm começou a afundar rapidamente e o Capitão Willian Ellis deu a ordem de abandonar navio. Por incrível que pudesse parecer, somente nove tripulantes pereceram na catástrofe. Por volta de 1955, Jaques Cousteau – sem-


Fotos: Web e Nestor Magalhães

pre ele, o Capitão Planeta –, ajudado por informações de pescadores, descobriu o naufrágio do Thistlegorm, o que o levou a publicar, posteriormente, um artigo sobre o achado na National Geographic Magazine. Todavia, naqueles tempos, o mergulho como se conhece nos dias atuais não existia. Era algo um tanto exótico e destinado a muito poucas pessoas. O naufrágio então ficou esquecido por muito tempo até que em 1974, um mergulhador israelense chamado Machiah, entusiasta de naufrágios, redescobriu o velho Thistle, assentado no fundo de areia clara, bem na entrada do Golfo de Suez . Foi somente à noite que finalmente cheguei a Sharm El Sheik, cidade que se situava na ponta sul da Península do Sinai e base do Ghazala I, a embarcação na qual faríamos o liveaboard e que se encontrava fundeada no porto. Fui recebido então pela Natascha Scheffler, experiente mergulhadora e que seria nossa guia. Outros dois mergulhadores já haviam se apresentado. Seríamos então somente três, e eu fui o último a chegar. Era um número pequeno, devido à instabilidade política no Egito. A situação do país havia espantado os turistas. Conheci meus colegas mergulhadores no outro dia pela manhã. O Jie Wang era um jovem chinês, magro, com cara de figurante do filme “O Tigre e o Dragão”; o outro, um alemão, meia idade, muito formal, com a aparência de respeitável professor universitário, chamava-se Roland Unger. Ambos eram mergulhadores excepcionais. A vida marinha era exuberante, a temperatura da água em 29 ºC, visibilidade de 30 m e corais multicolores por toda a parte. Sendo um entusiasmado mergulhador de naufrágios, destaquei também nossas visitas ao Dunraven, ao Kingston e ao Kormoran e, em especial, ao SS Thistlegorm. Foram 18 mergulhos emocionantes. Amanhecia com muito calor, quando o Ghazala I manobrou sobre o naufrágio do velho Thistle. Tinha chegado o grande momento, o motivo da minha viagem ao Egito. Descemos, os quatro mergulhadores, pelo cabo-guia; desde o primeiro instante, já enxerguei o enorme navio. A visibilidade estava excelente e a cada metro que avançávamos em sua direção, maiores eram os detalhes, maior era o encantamento. Um peixe-napoleão veio nos dar as boas-vindas. Um animal manso, enorme, de uma beleza exótica surpreendente. Foi o primeiro que vi em toda a minha vida de modesto mergulhador. Que começo espetacular! A corrente era fraca e nadamos até popa, onde foi possível ver o estrago no porão Quatro. A explosão ocorreu de forma tão violenta que nos deu a im-

Parte do convés do Thistlegorm afundado no Mar Vermelho

pressão de que o navio fora quase cortado no seu terço posterior. A popa estava torcida para bombordo. No fundo do porão Quatro, no meio de uma desordem absoluta de chapas torcidas, vigas, tubos e destroços, consegui ver perfeitamente dois carros blindados leves Bren Gun Carrier. Cada um pesava quatro toneladas, mas estavam jogados entre os destroços como se fossem brinquedos. Um estava de lado, e o outro, completamente virado. Pelo tamanho do buraco no porão Quatro, o naufrágio ocorreu muito rápido; a água deve ter invadido as entranhas do navio como um tsunami. Nadamos até os canhões que ainda estavam nas suas plataformas, bem na popa. As armas estavam cobertas por muita vida marinha, e uma delas ainda exibia pedaços do escudo ou casamata; contudo, esta camada de vida O MINUANO

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marinha era menor do que as que envolviam os canhões de Truk, onde as esponjas e corais coloridos faziam o contorno da arma desaparecer. Descemos até o hélice, que era enorme, e a guia passou a mão no fio da pá. Muito simpática, ela nos convidou para fazermos a mesma coisa. Acho que esse ritual era frequente, pois o fio estava brilhando, como se muita gente passasse a mão com frequência na lâmina. Corria a história de que quem tocasse no fio, retornaria ao Thistle. Na dúvida, também passei a mão. Chegamos ao fundo de areia e consultei meu profundímetro: 32 m. Subimos, nadando sobre um buraco escuro que era o porão Quatro, e penetramos no porão Três onde tinha muita munição: cunhetes de granadas de mão Mills, minas terrestres, munições de artilharia e outros engenhos que não reconheci. Exploramos a cabine do Capitão Ellis, onde havia uma banheira, um vaso sanitá-

Caminhões nos porões do navio

A popa do navio com o hélice 32

O MINUANO

rio e mais alguns objetos que também não identifiquei. Voltando ao convés, encontrei algumas placas regulares de concreto, provando que era verdade o que eu havia lido, que o Thistlegorm tinha recebido painéis de concreto à guisa de blindagem para aumentar a proteção da ponte. Estavam lá as tais placas, que tinham perto de 100 mm de espessura, sendo que algumas haviam caído para um compartimento logo abaixo do deck. Nosso mergulho chegava ao fim. Tinha ainda 80 bar no cilindro, mas era hora de emergir. Da posição onde estava, consegui ver um pequeno vagão de carvão sobre o convés a boreste e, à frente, um objeto fuselado, como se fosse um pequeno avião ou espécie de torpedo um tanto rechonchudo. Não dava mais tempo para explorar, ficaria para o outro mergulho. Reunir. Emergir. Após determinado intervalo de superfície, retornamos ao naufrágio. Consultei meu relógio na água: 13h40min. Logo recebemos o comando da guia: “mergulhar!”. Imergimos pelo cabo, direto ao porão Dois. Aproveitei e fui conferir o tal de torpedo esquisito. Algumas batidas de nadadeiras e cheguei perto o bastante para descobrir que o estranho objeto era um paravane, engenho destinado a limpar campos de minas de fundeio, cortando seus cabos ao ser rebocado pelo draga-mina. Penetramos no porão Dois, um verdadeiro labirinto vertical, pleno de armamento e veículos, constituído de diversos andares. No superior, encontravam-se alguns automóveis, acho que do modelo Morris e dúzias de motocicletas BSA. Nadei sobre elas que, na sua maioria, estavam com o tanque de combustível destruído. Seria um efeito da pressão, ou simplesmente a ação corrosiva se fez mais intensa por ser uma chapa fina de metal? Imagens impressionantes! Descemos ainda mais, Não havia gravidade e a sensação era maravilhosa. Surgiram diversos caminhões Bedford e peças de reposição para aviões e blindados. Bem embaixo, havia centenas de fuzis Lee Enfield Mk III. Fiquei tentado a coletar um cartucho .303 de fuzil ou de metralhadora Bren. Estavam em cunhetes apodrecidos ou espalhados aos milhares na areia. A seguir, vi feixes de cartuchos de artilharia presos quatro a quatro. O latão do estojo era mais resistente à água salgada e foi só limpar um pouco que se conseguia ler o calibre, o fabricante e distinguir a espoleta. Lembro que em um deles constava a data de 1929, e acredito que


seria munição do famoso canhão 25 Libras Mk II. Em seguida, encontramos colossais obuses, talvez de 380 mm, para os canhões dos encouraçados de Alexandria, que estavam dispersos por toda a parte. Era extasiante! Nadamos em direção ao porão Um. Antes da penetração, consegui localizar outro vagão que estava quase na borda do convés a bombordo. Ele era arredondado, para transporte de água. Voltando a cabeça, também vi o mastro que estava partido ao meio; pedaço dele caiu no costado de boreste. No porão Um, também havia andares. O primeiro estava cheio de Morris e motos BSA ou Norton, não consegui distinguir. Mais abaixo, encontramos dezenas de pneus, de todos os tamanhos, botas de borrachas, mais fuzis Lee Enfield e suprimentos diversos. Encontrei também algumas ampolas de vidro ainda com o medicamento dentro e que jaziam na areia do fundo do porão. Um quadro comovente, ímpar, mas para um mergulhador de naufrágio, isso era um retorno extraordinário no tempo. Uma volta na proa e nos deparamos com um enorme cabrestante, ainda com a corrente engastada. Não existia nenhuma arma no castelo e a âncora de bombordo estava firme, enfiada no seu escovém. Já o ferro de boreste permanecia unhando a areia do leito marinho, ainda preso na sua amarra, fato que confirmava o naufrágio com o navio fundeado nesse mesmo lugar. Eu conhecia muito bem a história das locomotivas. Com a explosão, ambas haviam sido arremessadas no mar, uma por cada bordo. O tempo estava terminando, mas eu queria muito uma foto mais perto da locomotiva. Vi uma sombra lá embaixo na areia. Estava na altura do porão Quatro, o arrombado, um pouco mais avante. Desvencilhei-me da guia e nadei nos destroços da locomotiva. Maldição! A locomotiva não estava inteira, só existia um pedaço da frente da máquina e as rodas que faziam parte dela. Acho que foi a bomba que provocou isso. Um fiasco! Na sequência, teve aquele ritual de sempre: subir a bordo pela plataforma de popa, tirar o colete, o cilindro e a roupa de exposição. Guardar o lastro e as nadadeiras, tomar uma chuveirada de água doce, secar o corpo e sentar em um canto qualquer para preencher o logbook. Foram mergulhos excepcionais os que realizamos no naufrágio do SS Thistlegorm; todavia, tivemos sorte. Éramos somente nós quatro e o navio nos pertencia. Isto normalmente nunca

Granadas e destroços de veículos militares

Motos dentro do porão 1

acontecia. Em tempos pacíficos no Egito, havia grande quantidade de mergulhadores que exploravam diariamente o naufrágio. Diversas embarcações de apoio fundeavam no local e se o mergulhador não prestasse muita atenção, podia correr o risco de emergir em outro barco. Essa multidão de gente tem preocupado as autoridades egípcias, na medida em que vem acelerando a corrosão das estruturas em virtude do acúmulo de bolhas de ar em bolsões e a retirada de objetos dos locais originais. Inclusive, ouvi o Mandoh Abokarin, capitão do Ghazala I, comentar de uma possível limitação diária de mergulhadores ou, simplesmente, o fechamento por tempo indeterminado desse ponto de mergulho. A ideia seria proteger esse fantástico museu submerso. *Nestor Magalhães é mergulhador e autor do livro De Truk a Narvik - Mergulhando na História. O MINUANO

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ESCOLA DE VELA MINUANO

O ensino da vela aliado à convivência familiar A Escola iniciou 2015 com novos projetos e manteve sua pedagogia de ensino baseada no esporte, educação e diversão.

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O MINUANO

A vela abrange muitas áreas do conhecimento e estimulam as crianças no desenvolvimento físico e mental

EVM montou um programa de aulas e conteúdos para este ano que traz algumas novidades. Eles foram apresentados numa reunião para os pais em abril. Atividades com pais e filhos foram reformuladas para estimularem maior convivência das famílias no Clube. Acampamentos, formaturas e dias com eventos especiais estão igualmente previstos. Os métodos da EVM não buscam somente a formação de atletas, mas desenvolve uma pedagogia mais abrangente da vela como atividade de lazer, contato com a natureza e orientação educacional para as

crianças. A criação da Turma Jovem, curso inédito voltado para jovens entre 14 e 18 anos e a parceria com escolas que trarão seus alunos para os cursos de vela também são algumas dessas ações. O primeiro evento de encontro com país foi realizado em abril com cerca de 90 pessoas. Elas compareceram para saborear o choripan oferecido pela escola e puderam conversar com os seus diretores. Após o almoço também houve o test drive, que são passeios de barcos com os pais que ainda não


haviam velejado. O comodoro Eduardo Ribas, o vice-comodoro Social e Diretor da EVM Christian Willy e o professor da EVM Mauro Ferreira além de promoverem a integração do grupo conversaram com os pais sobre os projetos da EVM. A Turma Jovem iniciou também em abril com aulas às sextas-feiras destinadas para classes monotipos e oceano. A Vela Jovem busca formar tripulantes capacitados para suprir as classes atuantes do Clube e também proporcionar a uma nova geração de velejadores a convivência em nosso ambiente. Para participar não há necessidade de saber velejar ou já ter feito algum curso da EVM. A estrutura da Escola foi ampliada com a contratação de mais instrutores para atender a demanda de alunos. Os cursos ganharam novos nomes conforme os níveis, designados pela cores: branco, amarelo, verde, laranja e preto. As turmas contam com 34 alunos no total, que somados aos das flotilhas chegam ao número de 50. E as turmas de vela para Adultos: Iniciação (monotipos) com cinco alunos e Iniciação Oceânica com cinco. A EVM mantém a programação dos cursos de habilitações. E março ocorreu o Arrais amador com oito alunos e maio com seis. E o Mestre amador teve uma turma com 10 alunos, de março a maio. No verão foi realizado a tradicional Colônia de Férias com a participação de 210 crianças no total nas cinco semanas, janeiro e parte de fevereiro. O contato com natureza e as brincadeiras na água foram os pontos fortes. Elas fizeram trilhas no pátio, passeios de bote, remadas de SUP, rampa de sabão, banhos de piscina, arvorismo, torta na cara e sessões de pinturas e desenhos. Para as crianças de fora do Clube foi uma oportunidade de conhecerem melhor o Guaíba. A Colônia de Inverno está confirmada para julho, entre os dias 28 e 31. As parcerias com escolas estão sendo desenvolvidas. Depois do Colégio Militar em março, a EVM e o colégio Leonardo da Vinci, da Zona Sul, acertaram um convênio para o segundo semestre no qual os alunos farão os nossos cursos de vela durante a semana e além deles será aberto também para os pais, promovendo mais uma forma de integração.

Na confraternização as famílias também experimentaram a sensação de velejar

Primeira turma da Vela Jovem com o professor Ricardo Titoff

Almoço da EVM com pais e filhos O MINUANO

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Dupla de Ilhabela garantiu vaga para os Jogos de Toronto

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Os representantes brasileiros da classe Hobie Cat 16 para os Jogos Pan-americanos de 2015 foram conhecidos no Campeonato Sul-brasileiro realizado no Clube em março. epois de uma final dramática para os velejadores de Ilhabela (SP), a vaga ficou com a dupla Cláudio Teixeira e Bruno Oliveira, vencedores da competição. Em segundo lugar ficaram José Roberto de Jesus e Otávio Cardoso (SP) e em terceiro Bernardo Arndt e Adriana Overgoor (SP). Ao cruzar a linha de chegada o timoneiro Cláudio Teixeira, 47, que irá pela primeira vez aos Jogos Pan-americanos abraçou fortemente o seu proeiro Bruno Oliveira, medalha de prata nos Jogos de Guadalajara em 2011 com Bernardo Arndt, num gesto que mostrou muito do sentimento naquela hora. A emoção não era para menos. Qualquer um dos três primeiros colocados tinha chance de levar o título e a única possibilidade para Cláudio e Bruno era vencer a última regata. Largaram mal, mas foram recuperando posições, de sexto lugar até ao primeiro.

Ainda assim, terminaram empatados em 16 pontos com os vices, porém sabiam que ganhariam o título no critério de desempate. “Viemos para ganhar, mas sabíamos que seria difícil. No campeonato nós tivemos que superar o mito da HC 16, Bernardo Arndt, e o experiente Jesus, dois nomes fortes da classe e possuidores de vários títulos. Foi muito tenso, mas teve um final feliz,” disse Claudinho. Ao chegar à terra, o campeão abraçou o vice e lamentou tirar a vitória do seu amigo de 30 anos que o ajudou nesta campanha. Roberto, que perdeu pela quarta vez a chance de ir ao Pan-americano, disse que mesmo assim estava satisfeito porque “os representantes são do grupo de Ilhabela”. Cláudio e Bruno começaram a velejar juntos há um ano e meio e o timoneiro atribuiu à conquista a experiência do seu proeiro

Só a vitória interessava a Cláudio e Bruno na última regata 36

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Jesus e Otávio perderam o título e a vaga para o Pan-americano no desempate

Abraço para comemorar título e desabafar depois de uma regata tensa

A dupla do Clube com Ricardo Lis e Gustavo Azambuja venceu na categoria Júnior

Adam Max foi absoluto na disputa do Hobie Cat 14

e a evolução técnica que a dupla vinha obtendo neste período. O Sul-brasileiro também teve a disputa do Hobie Cat 14. O vencedor foi o catarinense Adam Max Mayerle, que ganhou o título por antecipação. Em segundo lugar ficou o gaúcho Márcio Tozzi, do Veleiros do Sul. Adam, 31 anos, conquistou o seu terceiro título do SulCat ao vencer sete das oito regatas do campeonato. No último dia foi para raia só para fotografar a regata. “Nós temos uns 15 velejadores de HC 14 atuantes e isso faz a diferença. Aqui em Porto Alegre, com exceção do Tozzi e do Lindau, é gente que está começando na flotilha, como o grupo de velejadores do Clube Náutico de Itapuã”, disse Adam, 31 anos. Dos 10 competidores no SulCat, cinco eram de Santa Catarina. Com a definição da classe HC 16, a equipe de vela brasileira que competirá nos Jogos Pan-

americanos de Toronto ficou completa com os seguintes velejadores: Snipe: Alexandre Paradeda e Lucas Aydos; Sunfish: João Hackerott; Lightining: Cláudio Biekarck, Gunnar Ficker e Maria Hackerott; Laser Radial: Fernanda Decnop; Laser Standard: Robert Scheidt; RS:X masculino: Ricardo Winicki e feminino: Patrícia Freitas e J24: comandante Maurício Santa Cruz. A competição teve a participação de 30 barcos na classe HC 16 e 10 na HC 14 de oito estados. A flotilha do Veleiros do Sul contou com a participação de sete tripulações na HC 16 e uma na HC 14. A cerimônia de premiação e encerramento do campeonato ocorreu com a presença do presidente nacional da ABCHC Luiz Gonzaga Machado e do presidente da Confederação Brasileira de Vela Marco Aurélio de Sá Ribeiro, que veio para acompanhar a definição da última vaga da equipe de vela para o Pan de Toronto. O MINUANO

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Classe Hobie Cat 14 Geral Campeão: Adam Max Mayerle (SC) 2º Márcio Tozzi (VDS/RS) 3º João Carlos Lindau (RS) Campeões por categorias Estreante: Vinícius Dall’Agnol (RS) Gran Master: Márcio Tozzi (VDS/RS) Master: Klaus Mueller (SC) Junior: Richard Klafke (RS) Classe Hobie Cat 16

Márcio Tozzi foi vice-campeão

Geral Campeão: Cláudio Teixeira e Bruno Oliveira (SP) 2º José Roberto de Jesus e Otávio Cardoso (SP) 3º Bernardo Arndt e Adriana Overgoor (SP) 4º André Montenegro Henriques e Isabelle Crispim (PB) 5º Marcos Ferrari e Caroline P. Sylvestre (SP) Campeões por categorias Estreantes: Allan Godoy e Eliseu da Silva (PR) Júnior: Ricardo Lis e Gustavo Azambuja (VDS-RS) Barco Nacional: Allan Godoy e Eliseu da Silva (PR) Super Gran Master: Luiz Gonzaga Machado e Eluisio Biancarde (ES) Grand Master: Carlos Afonso Sodré e Liane Sodré (RJ) Master: Cláudio Teixeira e Bruno Oliveira (SP)

Galera do Hobie Cat reunida no encerramento 38

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CINCO PERGUNTAS

Marco Aurélio Sá, presidente da Confederação Brasileira de Vela Como está a preparação para a Olimpíada do Rio? A vela nunca teve tanta estrutura pra se preparar. Temos bons velejadores, uma boa comissão técnica. E a Olimpíada vai trazer visibilidade para a vela, para bem e para o mal. Mas a gente acredita que a vela vá ser o esporte dessa Olimpíada. Primeiro porque apostamos em pelo menos seis finais com brasileiros com possibilidade de medalha. Segundo que o público vai poder assistir as disputas. Moram 800 mil pessoas em torno do local das medal races. Como está evoluindo o projeto com a Vela Jovem? Temos uma preocupação grande com 2020 em diante. Temos o comitê da Vela Jovem, uma equipe que a gente identificou e está procurando desenvolver. Isso é uma grande novidade, um investimento de R$ 350 mil por ano. Além disso a gente está com um programa de popularização da vela, fortalecendo as federações. Tínhamos cinco federações e hoje são 15. Cada federação tem um projeto de vela jovem. Esse é um trabalho que se começa na base. Se investe na base para formar um campeão. Alexandre Paradeda é nosso diretor e tem feito um excelente trabalho como diretor e como técnico. É um trabalho de longo prazo. Nós temos uma classe Optimist muito forte, de nível muito alto. O sul está com uma safra fantástica, como o Tiago Quevedo, um atleta com grandes chances de medalha. Nosso Optimist tem um dos melhores níveis técnicos do mundo e a gente só não consegue reproduzir isso em nível mundial porque mandamos parte das crianças pro Norte-americano, parte pro Europeu, enquanto tem equipe que corre os três e o cara chega preparado no Mundial.

Qual os principais desafios na vela de alto rendimento no Brasil? A verdade é que o quadro da vela é muito bom. O quadro do país não é tão bom assim e isso tem repercussão na vela. Os preços dos equipamentos são altos, a gente não produz aqui no Brasil. Mas temos uma Olimpíada no nosso país, isso pode nos favorecer. Hoje não tem como enfrentar essa falta de material. O nosso velejador vai ter que ser mais eficiente, mais econômico, ter um planejamento mais criativo. Sempre tivemos essa dificuldade. O velejador brasileiro só via uma vela nova quando corria um mundial. Teve cara que correu mundial e ia razoavelmente bem com vela que não era nova. Hoje em dia o novo velejador gasta uma vela nova por campeonato internacional. A classe Finn gasta 12 velas por ano. Eu acho que vela tem recursos suficientes, mas o problema é a eficiência no uso desses recursos. O dinheiro têm de ser melhor gasto. O ideal seria investir mais no atleta e menos em estrutura para atleta. Por exemplo, a CBVela paga viagem, barcos. Devíamos focar mais no atleta e menos em distribuir benefícios. A gente distribui muito benefício e não se tem aquela contrapartida exata do atleta. Como a CBVela está trabalhando com a definição da equipe olímpica? Na vela tem uma discussão recente sobre objetividade e subjetividade, uma discussão absolutamente mal posta, porque na verdade só há subjetividade. Na Seletiva e nas decisões em geral, as decisões são subjetivas. Meu sonho é que o Torben tomasse decisões como ele toma num barco. A decisão fica com o diretor técnico como é em qualquer confederação.

Ele pode errar, mas pelo menos é o cara mais gabaritado pra errar. A minha intenção original era essa, entregar na mão do Torben e ele escolher, ele monta o time. Mas aí foi criado um conselho técnico, criaram uma série de coisas que gera um sistema híbrido, que leva a questionamentos. O senhor acha que os clubes estão fazendo a sua parte em manter o esporte da vela? O que acontece hoje é que os clubes estão em crise no Brasil inteiro. Eles foram tomados pela parte social e o espaço da vela vai diminuindo cada vez mais. Aqui no Sul vemos uma excessão. Por isso é que os resultados estão vindo aqui pelo Sul. Veleiros do Sul e Clube dos Jangadeiros mantêm a tradição da vela. Mas isso não é a realidade do resto. O futuro da vela passa pelo fortalecimento das marinas públicas e das federações. Senão a vela vai morrer em vários outros estados. Aqui ainda vai durar e claro que os clubes têm um papel importantíssimo nisso. O MINUANO

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A vez do Coringa ganhar o troféu do Brasileiro de Soling

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campeonato era brasileiro, mas tinha gringos na disputa e justamente os caciques da Associação Internacional de Soling: o canadense presidente da classe e tricampeão mundial Peter Hall e o alemão Michael Dietzel, vice-presidente. Mas o destaque na competição foi a vitória inédita da equipe Coringa formada por Lucas Ostergren, Carlos Alberto Trein e Roger Lamb. Este título foi o segundo do timoneiro Lucas Ostergren que ganhou o brasileiro pela primeira vez em 2004 com a tripulação comandada por Ernesto Neugebauer. Desde então, Lucas velejava mais de Laser e assumiu o posto de timoneiro no Coringa na véspera do campeonato iniciar. “Nós velejamos bem durante toda a competição, tivemos apenas uma regata ruim, mas isso é normal, não dá para acertar todas. Foi divertido porque o Trein e o Roger são ótimos companheiros

Campeonato também contou com a participação de estrangeiros 40

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e bons velejadores. Sem o entrosamento deles ficaria difícil chegar à vitória”, comentou Lucas, de 36 anos. Carlos Trein e Roger Lamb compõem a equipe Coringa há mais de 10 anos, juntos com Guilherme Roth que neste ano saiu da classe. E dessa vez deu tudo certo para eles. “Velejamos atentos aos movimentos dos nossos adversários e de olho nos rumos. Nunca tínhamos velejado juntos, ao contrário da maioria das outras tripulações. Por isso, de certa maneira, foi uma surpresa esse resultado”, avaliou Carlos Trein, do time Coringa. O Brasileiro de Soling teve seis regatas realizadas em três dias. A disputa acabou mais concentrada entre os barcos Coringa e Don’t Let Me Down (vice-campeão) com uma diferença entre eles na classificação final de apenas um ponto.


Entrosamento da tripulação do Coringa levou à vitória na competição

Don’t Let Me Down ficou atrás por um ponto de diferença

Canadense Peter Hall, tricampeão mundial e presidente mundial da classe correu no timão com os gaúchos Marcus Silva e Régis Silva

Tripulação da Alemanha gostou tanto da hospitalidade que pretende voltar a Porto Alegre

Uma situação normal em se tratando da flotilha de Soling, pois sua principal característica é o equilíbrio entre as tripulações nas competições. Fato reconhecido pelo canadense tricampeão mundial e presidente da classe, Peter Hall, que correu em Porto Alegre com os gaúchos Marcus Silva e Régis Silva no barco Insano e terminou em quinto lugar. Na entrega de prêmios ele destacou o nível da flotilha brasileira que possui diversos velejadores entre os cinco melhores do mundo. Em 2014 ele foi campeão mundial e a equipe do Don’t Let Me Down foi vice, no Uruguai. “Este campeonato é o primeiro grande evento de 2015 da classe que comemora 50 anos de fundação. Nós iremos publicar um livro e o Veleiros do Sul estará presente na obra por fazer parte da história do Soling”, disse Peter. A tripulação alemã com Michael Dietzel mais a sua filha Anna e Hannes Ramoser terminaram em 9º lugar. “Esta foi a minha primeira vez no Brasil, vim a convite do Nelson Ilha. Gostamos tanto de velejar em Porto Alegre que desejamos voltar no

ano que vem. É uma boa raia para o Soling, com condições maravilhosas, mas antes de tudo, o que a gente mais curtiu foram as pessoas. Isso porque o campeonato é feito pelos seus competidores e aqui temos grandes velejadores”, destacou o vice-presidente. O 45º Campeonato Brasileiro de Soling teve a participação de 11 barcos e o apoio da Água de Arcanjo.

classificação FINAL 1º Lucas Ostergren, Carlos Alberto Trein e Roger Lamb (VDS) 10 2º Cícero Hartmann, Flávio Quevedo e André Renard (VDS) 11 3º Marcos Pinto Ribeiro, Frederico Sidou e Lúcio Pinto Ribeiro (VDS) 17 4º Nelson Ilha, Gustavo Ilha e Carlo De Leo (VDS) 18 5º Peter Hall, Marcus Silva e Régis Silva (CAN) 19 6º Kadu Bergenthal, Eduardo Cavalli e Renan Oliveira (VDS) 25 7º Roberto Paradeda, Leonardo Mayrhofer e Rafael Paglioli (CDJ) 29 8º Henrique Horn Ilha, Alexandre Mueller e Fernando Horn Ilha (RGYC) 30 9º Michael Dietzel, Anna Dietzel e Hannes Ramoser (GER) 44 10º José Horácio Ortega, Ismael Rocket, Edgar Oppitz (VDS) 49 11º Victor Hugo Schneider, Manfredo Floricke e Pedro Ilha (VDS) 58

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El Demolidor venceu o Sul-brasileiro de Soling

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trio El Demolidor foi o vencedor do Campeonato Sul-brasileiro da classe Soling, realizado nos dias 11 e 12 de abril. Kadu Bergenthal, Eduardo Cavalli e Renan Oliveira comemoraram o primeiro título da equipe, após um desempenho consistente nas quatro regatas realizadas no sábado e domingo na raia da Pedra Redonda no Guaíba. Em segundo lugar ficou o barco Don’t Let Me Down com Cícero Hartmann, Flávio Quevedo e André Renard e em terceiro o time do Coringa, formado por Lucas Ostergren, Beto Trein e Roger Lamb. A disputa não fugiu do nível da flotilha gaúcha, que em todas as competições tem mostrado equilíbrio entre as equipes. “Foi um campeonato excelente para nós. A última regata foi a mais difícil porque estourou o moitão da vela grande e perdemos um pouco de potência, mas ainda sim conseguimos administrar a desvantagem para não sermos ultrapassados pelo Don’t Let Me Down, que poderia nos tirar o título. Por isso agradeço ao bom trabalho da minha tripulação”, comentou o timoneiro Kadu, 33 anos. No Sul-Brasileiro o vento foi de intensidade fraca a média no sábado e no domingo com a entrada do sul as rajadas chegaram até 16 nós. As equipes do barco El Demolidor e do Equilibrium, dos três Ilhas (Nelson, Gustavo e Felipe) representarão o Brasil no Campeonato Mundial da classe Soling que ocorrerá em maio na Itália.

Regatas com boas condições de vento compensaram as tripulações no dia final do campeonato

classificação FINAL 1º El Demolidor - Kadu Bergenthal, Eduardo Cavalli e Renan Oliveira (VDS) 7 2º Don’t Let Me Down - Cícero Hartmann, Flávio Quevedo e André Renard (VDS) 10 3º Coringa - Lucas Ostergren, Beto Trein e Roger Lamb (VDS) 13 4º Bossa Nova – Marcos Pinto Ribeiro, Frederico Sidou e Lúcio Pinto Ribeiro (VDS) 14 5º Calidris – Henrique Horn Ilha, Alexandre Mueller e Carlo De Leo (RGYC) 19 6º Equilibrium – Gustavo Ilha, Philipp Grochtmann e Felipe Ilha (VDS) 24

El Demolidor obteve seu primeiro título no Sul-brasileiro 42

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7º Insano – Marcus Silva, Carlos Felipe e Régis Silva (VDS) 25 8º Vento e Alma – José Ortega, Inácio e Pedro Ilha (VDS) 32

Pódio do Sul-Brasileiro com os três primeiros colocados


Nossa flotilha no Brasileiro de Laser

André Passow foi o melhor no Laser Standard

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Alan Willy foi o 6º colocado na Radial

Campeonato Brasileiro da classe Laser foi disputado em janeiro no Iate Clube do Rio de Janeiro. Na classe Standard a flotilha do VDS teve dois velejadores no top 10 do Brasil. André Passow terminou em 14º lugar na geral e em sexto na classificação entre os brasileiros, enquanto Philipp Grochtmann foi o 17º geral e sétimo nos resultados nacionais. Rodolfo Streibel em 24º (13º) e Alan Willy em 30º (18º). O catarinense Bruno Fontes foi o vencedor. No Brasileiro das classes Laser Radial e 4.7 o VDS ficou com três velejadores entre os dez primeiros colocados na Radial. Alan Willy terminou em sexto lugar, seguido por Antônio Rosa (Totó) em 7º, Henrique Dias, em 10º e Marcelo Gallicchio em 28º. Na Radial o vencedor foi João Hackerott, de São Paulo. Na Laser 4.7 Diego Falcetta ficou em 28º na classificação.

Bandeira do VDS no Caribe

Atrevida com as cores do VDS

A schooner brasileira Atrevida participou de dois grandes desafios internacionais em águas do Caribe levando a bandeira do Veleiros do Sul. Em março competiu na 35ª St.Maarten Heineken Regatta e ficou em terceiro lugar na classe Lottery. No mês seguinte na 11ª Panerai Classic Yacht Challenge, no Antigua Classic Yacht Regatta e terminou em 2° lugar na Vintage B, e 9° no geral. A tripulação do lendário barco de 95 pés foi composta em parte por associados do Veleiros do Sul, com o comandante Átila Bohm, Miguel Virgílio Petikovicz e André Gick. Um dos maiores barcos a participar dos eventos, a Atrevida foi lançada em Bristol Rhode Island em 1923 (EUA) e trocou o nome de Wildfire para Atrevida, depois que passou a navegar no Rio de Janeiro em 1946. “É legal velejar com os amigos que apreciam boas regatas e ao mesmo tempo contar com o trabalho de uma tripulação qualificada”, comentou o comandante, Atila Bohm.

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VOLVO OCEAN RACE

Foto: Volvo Race / Divulgação

A paixão de Itajaí pela regata de volta ao mundo

Itajaí foi “a melhor de todas as paradas”, segundo a organização da VOR

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slogan da Volvo Ocean Race é “A vida no extremo”. Uma boa definição para retratar a regata de volta ao mundo, um desafio longo e difícil. A prova dura nove meses, considerada a maior entre os eventos esportivos mundiais, passa por quatro oceanos e cinco continentes, totalizando 38.739 milhas náuticas. A cidade de Itajaí foi pela segunda vez a Stopover da regata na América Latina e tem reforçado a sua imagem de pólo náutico internacional. O CEO da Volvo Ocean Race, Knut Frostad, considerou novamente a cidade como a principal parada da regata pela organização, números de visitantes e principalmente o carinho dos brasileiros com os velejadores. A Vila da Regata bateu recorde de públi44

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co ao receber 320.205 visitantes, e os molhes de Itajaí e Navegantes 32 mil, totalizando um público de 352.205 pessoas, sem contar as centenas de embarcações no mar. Na Vila da Regata também circularam celebridades do futebol, modelos internacionais e de TVs. “Fiquei impressionada com a quantidade de visitantes em Itajaí. Nossa cidade é muito pequena, e vai ficar difícil superar essa marca”, falou a prefeita de Newport Jeanne-Marie Napolitano durante cerimônia de despedida. O Veleiros do Sul certamente foi um dos clubes brasileiros com maior número de visitantes em Itajaí. Diversos grupos de associados alugaram barcos - alguns foram em seus próprios veleiros - para assistirem as regatas Inport e a largada para a sexta perna até Newport,

além de circularem pela Vila Volvo. Os associados Leandro Ries e Daniel Müeller fizeram parte da tripulação do barco Brunel nas regatas Pro Am. A parada da Volvo Ocean Race movimenta não só Itajaí, mas as cidades vizinhas. Durante os 17 dias teve uma intensa programação cultural, artística, sustentabilidade e esportiva. A mini regata Volvo Academy para velejadores da classe Optimist, atraiu 32 velejadores de até 15 anos da região, divididos em oito times. O velejador olímpico Bruno Fontes ajudou na preparação dos pequenos velejadores. A iniciativa estimula a prática esportiva, a paixão pelo mar, o trabalho em equipe. Ricardo Navarro, coordenador náu­­tico da Parada de Itajaí, liderou uma equipe de 60 pessoas somente da parte


Fotos: Ricardo Pedebos/VDS

de água. “Nossa preparação aqui começa com um ano de antecedência e são muitos detalhes, como alugar um guincho especial para 200 toneladas, alugar helicópteros e logística na Vila da regata. O Porto de Itajaí é nosso parceiro, com eles conseguimos dragagem para mantermos o calado de 5 metros no ancoradouro, movimentação de poitas, entre outras coisas, e tudo isso é de grande contribuição”, conta Navarro. O evento também tem a parceria institucional dos governos estadual e municipal. Segundo a organização o valor do custo desta edição foi de cerca de R$ 9 milhões. “A Vida no Extremo”, como elemento de marketing para a Volvo alia a imagem da empresa sueca à ideia de força, inteligência e desafio. E isso serve para os seus consumidores Volvo. Porque afinal de contas, uma vida extremada é sempre admirada!

André “Bochecha” Fonseca, único velejador brasileiro à bordo da VOR virou ídolo e anfitrião da regata em Itajaí. Ele recebeu no Mapfre a turma do Veleiros do Sul

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Fotos: Ricardo Pedebos/VDS

Os VOR 65: velocidade e segurança

Os VOR 65 construídos com tecnologia de ponta

Estação de navegação

As câmeras que mostram toda a movimentação da equipe no convés

Bochecha mostrando como são feitas as refeições em con­ dições de mar grosso, escorado na beira da compacta cozinha

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12ª edição da Volvo Ocean Race anunciou como destaque os novos veleiros one design de 65 pés, uma novidade na regata de volta ao mundo, que substituíram os VOR 70 utilizados em 2012. “Para terminar em primeiro, primeiro você tem que terminar a regata”, esse foi um dos fatores na hora da concepção do projeto desenvolvido pela Farr Yacht Design, um barco robusto, mais veloz que os anteriores e custo acessível. O veleiro tem 19m80cm de comprimento por 5m60cm de largura, calado de 4m78cm, peso de 12,4 toneladas e casco em fibra de carbono. O barco con46

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ta com um conjunto de 12 velas, mas apenas oito podem ser embarcadas em cada etapa. Nada pode ser reparado ou modificado sem permissão dos medidores da VOR. As substituições são proibidas e por isso a equipe do Mapfre perdeu dois pontos após a quinta perna por ter colocado umas talas de reforço na proa do barco e mexido nos outriggers (bengalas que ficam para fora da amurada do casco) por onde passam as escotas. Todos os controles das velas do barco são manuais, feitos através dos grinders. O nível de carga é alto e exige muita força e resistência por parte dos velejadores. A tripulação é composta

pelo capitão, navegador e mais seis tripulantes que se dividem em turnos. No barco das mulheres (SCA) vão 11 velejadoras. Os barcos possuem uma estação de navegação e também acompanham por satélite a previsão do tempo. Eles carregam modernos equipamentos de comunicação. Em cada veleiro vai a bordo um jornalista, chamado de OBR, que produz diariamente material de texto e imagens para divulgação. As câmeras a bordo mostram imagens em tempo real, as reações dos velejadores, sem edições. Eles dizem que é importante que as pessoas vejam o que acontece numa regata.



Foto: Marcus Mendes

Foto: Matias Capizzano

Crioula Sailing Team disputou o Mundial de S40

Equipe do Veleiros do Sul foi um dos barcos brasileiros no Campeonato que ocorreu na raia de Jurerê

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barco Crioula29 representou o VDS no Mitsubishi Motors Soto 40 WC, o Mundial da classe S40 realizado em abril no Iate Clube de Santa Catarina, em Jurerê. O campeonato contou com a participação de 11 tripulações da América do Sul e Europa. O Crioula Sailing Team, comandado por Samuel Albrecht, terminou em oitavo lugar. O Mundial teve disputadas 10 regatas

Sul-americano no Uruguai

e o título foi para o argentino Patagônia, do comandante Norberto Alvarez. O brasileiro Pajero, de Eduardo Souza Ramos foi o vice-campeão e o chileno Itau, de Dag von Appen foi o terceiro colocado. A equipe do Veleiros do Sul foi composta por George Nehm, Samuel Albrecht, Alexandre Rosa, Alexandre Rimoli, Fabrício Streppel, Renato Plass, Eduardo Plass, Bruni Zirilli e Diego Garay na tripulação.

Campeonatos O Crioula Sailing Team também disputou a terceira etapa do Sul-americano da classe Soto 40, em março, no Uruguai. A tripulação terminou em quinto lugar. O vencedor foi o Patagônia de Norberto Alvarez. E no Circuito Atlântico Sur Rolex Cup, em fevereiro em Punta Del Este, disputou na classe ORC Internacional e ficou em segundo lugar.

Bingo é campeão gaúcho de Laser Radial

Campeonato foi realizado em Rio Grande

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Após liderar a disputa de ponta a ponta o velejador André Passow do Veleiros do Sul conquistou o título do Campeonato Estadual de Laser Radial realizado de 1 a 3 de maio em Rio Grande pelo Rio Grande Yacht Club. Além do campeão Bingo no topo, o Veleiros do Sul completou o pódio com o vice-campeão Allan Willy e com Antônio Cavalcanti Rosa em terceiro. Também representaram o VDS na disputa Phillipp Grochtmann (4º), Henrique Dias (6º), Rodolfo Streibel (7º), Bryan Matthew Luiz (10º) e Rodrigo Quevedo (12º). O campeonato contou com 19 velejadores.


Match Race Radimagem

Geison, Gustavo e Diego foram os campeões da disputa entre barcos

A equipe formada por Geison Mendes, Gustavo Thiesen e Diego Quevedo foi a vencedora do Match Race Radimagem. Em segundo lugar ficaram Nelson Ilha, Manfredo Flöricke e Gustavo Ilha. E em terceiros George Nehm, Marcos Pinto Ribeiro e Rodolfo Streibel. A competição ocorreu em fevereiro e teve a participação de seis tripulações. As regatas foram disputadas na raia do Centro Histórico de Porto Alegre e foram acompanhadas pelo público que costuma passear na orla do Guaíba. “O nível técnico ficou dentro de nossa expectativa já que o torneio foi destinado somente a velejadores convidados pela organização. Agradecemos o patrocínio da Radimagem e ao Veleiros do Sul que proporcionaram a realização do Match Race”, disse Geison.

Thiago e Erik participaram do Sul-americano de 420 Foto: Jorge Cousillas / El Ojo Nautico

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Veleiros do Sul foi representado no Campeonato Sulamericano da classe 420, realizado na Páscoa no Club Nautico San Isidro na Argentina, pela dupla Thiago Ribas e Erik Hoffmann. Eles finalizaram em 14º lugar geral e tiveram um início de campeonato difícil, com o rompimento da adriça da vela mestra e uma desclassificação numa boa regata. Com a chegada dos ventos mais firmes a dupla conseguiu terminar o campeonato com a melhor média das três regatas do último dia entre todas as tripulações e recebeu medalhas em reconhecimento. “O campeonato foi muito disputado, sendo que o barco argentino campeão foi definido após a última regata e depois de julgado o último protesto”, comentou o timoneiro Thiago. A dupla argentina vencedora foi Felipe Diniz e Ivan Aranguren, em segundo ficaram os gaúchos Tiago Brito e Andrei Kneipp (CDJ) e em terceiro os ca-

Thiago e Erik na raia do rio da Prata

riocas Leonardo Lombardi e Rodrigo Luz. Em fevereiro a dupla do VDS viajou para Portugal e treinou com a equipe do Centro de Vela Sport Clube do Porto, comandada pelo técnico Hugo Pontes. Na Europa eles com-

petiram no 41º Torneio Internacional Carnival Regatta 2015 no Algarve e ficaram em 5º lugar. Depois disputaram a X Semana Olímpica da Andaluzia - Campeonato da Andaluzia de 420 e terminaram em 22º lugar realizado em Cádiz, Espanha. O MINUANO

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CLASSE OCEANO

O retorno do Circuito Porto Alegre - Tapes

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Fotos: VDS / Divulgação

ma navegada agradável marcou a retomada da Regata e Passeio Náutico Porto Alegre – Tapes, entre os dias 23 e 25 de abril. A largada da regata foi na noite de sexta-feira às 22h05 em frente do Veleiros do Sul com a participação de nove barcos. O San Chico, de Francisco Freitas (CDJ), foi o fita azul ao cruzar a linha às 8h12min43 da manhã de sábado em Tapes, mas no tempo corrigido ficou em segundo lugar na classe OR. O vencedor na ORC foi o barco Delirium, de Darci Rebello Júnior (CDJ). Na terceira colocação ficou o C’est la Vie, de Henrique Dias (VDS) . O Maná, de Márcio Lima (CDJ), ganhou na classe RGS, seguido pelo Gaivota, de Márcio Coutinho (ICG). Na classe Cruzeiro o vencedor foi o barco Catavento II, de Claus Tröger Pich (ICG). A distância da regata foi 62.6 milhas com vento sul a sudoeste e intensidade média. Sem vento no domingo na Lagoa dos Patos, as regatas barlasotas não puderam ser realizadas e ficou valendo apenas os resultados da regata longa. Junto com a competição ocorreu o Passeio Náutico até Tapes com a participação de cinco barcos, veleiros e lanchas. A realização do evento foi do Veleiros do Sul e Clube Náutico Tapense. No sábado à noite teve um churrasco de confraternização com a presença do comodoro Eduardo Ribas do VDS e da comodoria do clube anfitrião. A premiação da regata foi realizada no final da manhã de domingo no CNT. O evento teve o apoio da Marinha do Brasil e da Equinautic.

Tripulações da regata reunidas na premiação 50

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Delirium cruzando e linha de chegada na manhã de sábado em Tapes

C’est La vie, único representante do VDS nas classes medidas




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