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PALAVRA DO COMODORO

EXPEDIENTE

Prezados Associados Quando um veleiro navega dentro do vento, costuma-se dizer que ele “corre livre”. Na verdade, o barco só anda se estiver em acordo com as leis naturais e com velas ajustadas. Daí essa sensação de liberdade e movimento. Conduzir um clube, de certa maneira, é semelhante ao velejar. É necessário, também, buscar essa harmonia com certas condutas para fazê-lo andar. Nossa Comodoria trabalha incessantemente para ir ajustando o rumo com o vento e a afinação da sua tripulação. Tudo isso para dar o melhor aos nossos associados. E por isso convido vocês a lerem nas páginas de O Minuano uma parte da nossa faina de bordo. Trazemos a matéria sobre a inauguração da nova sede da Escola de Vela Minuano, agora com instalações ampliadas e num local de grande visibilidade dentro do Clube. E também investimentos na parte de ensino e instrução. É uma das nossas portas de entrada e o futuro do presente da vela. A temporada de 2013 não poderia ter sido melhor para a nossa flotilha de Optimist, que esteve presente em todos os principais campeonatos da classe pelo mundo. Tivemos representantes no Norte-americano - Erik Hoffmann e Ana Paula do Canto, no Europeu Tiago Quevedo, e no Mundial - Gabriel Lopes, além de termos realizado o Sul-americano em março passado. Já na vela jovem, tivemos a dupla Thiago Ribas e Philipp Rump, ambos de 16 anos, disputando o Mundial da classe 420. E foi uma participação muito promissora. Na vela olímpica, a tripulação formada por Geison Mendes e Gustavo Thiesen passou uma temporada na Europa, onde competiu nos campeonatos Italiano, Europeu e Mundial da classe 470. Alcançaram um ótimo aproveitamento. E estamos felizes com a chegada de mais uma classe olímpica no Clube, a Nacra 17, catamarã misto que terá a dupla Samuel Albrecht e Caroline Boening. As duas classes são a nossa aposta para os Jogos Olímpicos Rio 2016. E na vela de Oceano destacamos a grande vitória do barco Crioula na classe Soto 40 na Rolex Semana Internacional de Ilhabela. A tripulação, formada quase toda por velejadores do Clube, mostrou na raia a sua competência e o espírito de equipe. Então, não é motivo suficiente para estarmos orgulhosos de ver nosso Clube atuando em todos os níveis da vela esportiva e em diversas partes do mundo? O que também foi motivo de comemoração e nos encheu de alegria foi a festa dos Queijos e Vinhos. Nesta edição, demos uma modificação no seu estilo e foi uma sacudida. O show da banda Papas da Língua, a organização do evento e a gastronomia agradaram a todas as gerações presentes, e mostramos que é possível renovar sem nos afastar de nossos associados. Quando mencionei sobre a busca de corrigir rumos para seguirmos em frente, refirome em boa medida ao nosso trabalho de implantar uma administração mais racional, com mudanças em nossos sistemas de pessoal, financeiro e social. Estamos alterando a nossa matriz administrativa para deixá-la moderna e eficaz. Já no patrimônio, basta dar uma volta no pátio do Clube para ver o que está sendo feito, destacando-se a obra no prédio da piscina e seu entorno. E para finalizar, a revista traz o tradicional e o moderno na vela e a história de um associado que chega aos 80 anos construindo seus próprios barcos e não fala em cansaço da vida. Ele é um dos tantos exemplos que temos de que o velejar é bom não só para o corpo, mas também para o espírito, pois quem navega se liberta. Bons ventos! Cícero Hartmann

Comodoro Cícero Hartmann Vice-Comodoro Esportivo Guilherme Schramm Roth Vice-Comodoro Administrativo Paulo A. Hennig Vice-Comodoro Patrimônio Luis Antonio Schneider Vice-Comodoro Social Carlos Alberto Trein Diretor de Porto Luiz Vinícius M. de Magalhães Diretor de Monotipos André Gick Diretor de Oceano Ronaldo Ruschel Diretor de Vela Alto-Rendimento Eduardo Ribas Prefeito da Ilha Chico Manoel Roberto A. Schmitz Diretor Jurídico Lúcio Pinto Ribeiro Conselho Deliberativo Presidente Luiz Gustavo Tarrago de Oliveira Vice-Presidente Cláudio Ruschel Conselho Fiscal Titulares Newton R. Aerts, Luiz Alberto Morandi e Flávio Neumann Suplentes Ricardo Englert, Jankiel Koster e Homero Jobim Neto O Minuano é uma publicação do clube Veleiros do Sul. Fones: 55 (51) 3265-1717 3265-1733 / 3265-1592 Endereço: Av.Guaíba, 2941 Vila Assunção Porto Alegre – Brasil CEP: 91.900-420 E-mail: comunicacao@vds.com.br Site: www.vds.com.br

Editor: Ricardo Pedebos - MTB 5770/RS Textos e Fotos: Ricardo Pedebos e Ane Meira Foto Capa: Ricardo Pedebos Projeto Gráfico e Diagramação: Renato Nunes Fotolitos e Impressão: Gráfica Calábria Tiragem: 1.500 exemplares Distribuição: Sócios do VDS, diretorias dos clubes náuticos e marinas do Brasil. Clubes da Argentina, Chile e Uruguai.


ADMINISTRAÇÃO

Investir na qualidade de gestão do Clube A busca da excelência administrativa e funcional deve ser contínua para proporcionar melhor satisfação aos associados

Controle de portaria é um dos módulos do sistema de gerenciamento eletrônico

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Veleiros do Sul encontra-se num período de aperfeiçoamento da sua gestão. Processo iniciado em janeiro. A Comodoria traçou metas e promoveu estratégias para os setores administrativo, patrimonial e esportivo. Alguns procedimentos já são mais visíveis enquanto outros nem tanto, mas todos eles de fundamental importância para o futuro do Clube. No administrativo o sistema de gerenciamento eletrônico Elite, da BlueWare, já foi implantado os módulos Clube - controle financeiro, Mar – controle da marina, embarcações e armários, e Acesso – controle portaria. E em breve o módulo Consumo – controle de estoques. Nossos funcionários estão recebendo treinamento para operar estes sistemas. O Clube contratou consultores na área de gestão e pessoal RH. Rotinas e procedimentos administrativos estão sendo analisados e na parte de pessoal, um novo organograma de cargos e descrições de funções foi montado. E ainda a promoção de cursos para os funcionários. Com esta estratégia a Comodoria busca valorizar o capital humano, visando o aprimoramento da organização do Clube.

Guincho elétrico com capacidade de carga de três toneladas

Processo de otimização da administração, simplificação de procedimentos também fazem parte dessa mudança de gestão. As melhores associações se destacam por contar internamente com unidades que compartilham a mesma visão e informação, trabalho em equipe e engajamento nos princípios de qualidade de atendimento ao associado. A Secretaria do Porto completou a atualização de informações das embarcações no software Elite Mar. O mapeamento do trapiche proporcionou o controle da localização dos barcos nos trapiches e ainda um melhor remanejamento e aproveitamento das vagas. Sócios e não sócios deverão tratar os assuntos relativos aos seus barcos com Ricardo Pereira, da Secretaria do Porto, no Clube, ou pelo email: ricardo.porto@vds.com.br No patrimônio alguma coisa já é de conhecimento de todos. O guincho elétrico rápido de dois braços para carga de até três toneladas está praticamente concluído. O guincho foi doado pelo diretor vice-presidente da Construtora Ernesto Woebke, Henrique Hemesath e nosso associado. A área da piscina está com sua


Obras de melhorias na piscina proporcionarão mais conforto aos sócios

estrutura sendo modernizado, bar e banheiros terão mais espaço, com a inclusão de um vestiário para melhor atendimento e conforto aos associados. Essa obra é uma das ações importantes que faz parte do Plano de Investimentos. Os setores esportivos, administrativo e social receberam novos mobiliários e os equipamentos de informática foram readequados conforme as necessidades do trabalho.

Diversos setores receberam novo mobiliário

Ao implementar um sistema de gestão eficaz, a Comodoria quer manter melhorias contínuas, gerenciar os riscos social, ambiental e financeiro, melhorar a eficácia operacional, proteger a marca e imagem do Clube. Equilibrar estes e outros requisitos pode ser um processo difícil e meio assustador, mas na visão da Comodoria é um fator que ajudará a desenvolver o notório potencial do Clube.

AGENDA

Acompanhe os eventos do Veleiros do Sul Setembro Dias 14 e 15 - 22º Circuito Conesul Vela de Oceano - Estadual Oceano - J/24 - MT 19 Dia 20 - 22º Circuito Conesul - (43º Troféu Seival e Farroupilha) Oceano - J/24 - MT 19 Dia 22 - 22º Circuito Conesul - Oceano - J/24 - MT 19 Outubro Dias 11 a 13 - Campeonato Sul-Brasileiro da classe Snipe Dia 12 - Oktoberfest 2013, animação com a banda Goela Seca e show de humor com o Willmutt Festa do Dia da Criança no Clube Novembro Dias 07 a 10 - Campeonato Sul-Americano da classe Nacra 17 Dias 15 a 17 - Campeonato Brasileiro da classe J24 Dias 20 a 24 - Seminário Internacional de Umpires da ISAF Dias 21 a 24 - Porto Alegre Matchcup - Campeonato Brasileiro de Match Race JR, FEM, Open - Elliott 6 m Dezembro Dias 14 e 15 - Regata de Aniversario Monotipos e Oceano

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Bem-vindos a bordo da nova Escola de Vela Minuano A inauguração da sede da EVM ocorreu dia 17 de agosto com festa e velejadas. Além da ampliação de suas instalações a escola passa a contar com mais barcos para instrução e cursos infantis diferenciados

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Escola de Vela ganhou mais espaço e local privilegiado dentro do Clube

amílias, casais, adultos e crianças puderam experimentar atividades náuticas com o auxílio de professores e instrutores da EVM. O objetivo era proporcionar uma experiência de vela para crianças e adultos. “O público pode ter essa vivência, aproveitar tudo que o nós oferecemos e terminamos o dia com novos inscritos, ou seja, o objetivo foi plenamente alcançado”, comentou Cássio Lutz do Canto, coordenador da Escola de Vela. A iniciativa rendeu à escola 15 novos alunos inscritos, que descobriram o encanto da vela. Novos cursos também foram apresentados. A novidade disponível para as crianças é o Pré Optimist, voltado a alunos de três a sete anos. Elas brincam e aprendem sobre meio-ambiente, aproveitando a estrutura do VDS tanto em terra quanto em água, com muita segurança. Já

para crianças entre sete e 13 anos tem o OptiFun, que ensina o aluno a velejar no Optimist, barco de iniciação da vela. Para ambos os cursos, a mensalidade é de R$ 100 para sócios e R$ 150 para nãosócios. Para os adultos, a EVM segue oferecendo Iniciação à Vela em Oceano e Monotipos (custo de R$ 350 para sócios e nãosócios R$ 400) e aos navegadores, cursos preparatórios para os exames da Marinha do Brasil de Arrais, Mestre e Capitão Amador. Inscrições e informações podem ser obtidas no e-mail evm@vds.com.br. Conforme Cícero Hartmann, comodoro do Veleiros do Sul, a nova sede foi definida estratégicamente. “Mudamos porque achamos que a escola merece destaque no Clube. Considerando os espaços disponíveis e os custos, elegemos este porque é o de melhor observação.


O coordenador da EVM, Cássio Lutz do Canto com o comodoro e diretor da escola Cícero Hartmann

Vimos que trazendo a escola para o novo local, ela estaria diante dos olhos de todos. É um fator agregador para alavancar o interesse das pessoas pela náutica. E a ideia é despertar essa paixão” afirmou Cícero. O comodoro ainda destaca os novos barcos que farão diferença no grande objetivo da nova EVM, que é despertar encantamento pela vela. “Também temos novos barcos, como o soling doado pelo Niels Rump, que será muito bom para o aprendizado em coletivo, sobretu-

As crianças também curtiram boas navegadas com um veleiro da classe Soling

do para as crianças. Velejando em grupo elas se sentem protegidas, criam cumplicidade e ali naturalmente se forma uma tripulação com cada um desempenhando um papel na embarcação. Ainda faremos a transferência de barcos da EVM para o Hangar 2. Ficarão ao lado dos barcos olímpicos em um espaço pensado para criar esse encanto para a vela. O Veleiros do Sul merece a sua escola e a Escola de Vela Minuano merece o Veleiros do Sul”, ponderou Cícero.

Famílias tiveram a oportunidade de velejar no Guaíba O MINUANO

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Meninada curtiu as férias de inverno no Clube Um período de diversão, aventura e aprendizado na companhia de amigos é o que as crianças encontram na Colônia de Férias do Veleiros do Sul.

A Colônia foi uma oportunidade para velejar e aprender noções elementares do movimento da natureza

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edição de inverno realizada de 22 a 27 de julho teve cinco dias de atividades variadas. Apesar da baixa temperatura elas aproveitaram a pausa de inverno do colégio para se divertirem e também aprenderem várias coisas sobre vela e meio ambiente. O contato com a água e o mundo náutico despertou nas crianças o gosto pela navegação e 8

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o respeito ao meio-ambiente. Pelo menos cinco delas se inscreveram em nosso curso de vela infantil na Escola de Vela Minuano. Os 25 alunos participaram de jogos e brincadeiras no salão da Vento Sul, também assistiram filmes e peças de teatro sobre ecologia realizadas pelo grupo Pitanga na Cabeça, da SMAM, com bonecos personagens

da Cartilha Naturecos: Eugênia (árvore Pitangueira), Chica (menina), Teco (sabiá Laranjeira), Gil (Bugio Ruivo), Gotilde (gota d’água). E do grupo de Educação Ambiental do DMAE “Os Superamigos da Água”: os personagens super heróis investigam o que está por trás da falta de água em uma vila da cidade. Descobrem dois velhos inimigos: a ignorância e o desrespeito. Os personagens eram Sr. Goto e


A piscina também é local para aprender a navegar

Srtª Gota. A associada Simone Trein também promoveu sessão de “Contação de histórias”. Além do conhecimento básico de vela e passeios de barco, as crianças fizeram trilhas e arvorismo. As refeições

Trilhas pelo pátio do Clube

foram feitas no Clube. O professor da EVM Mauro Ferreira, coordenador da Colônia, disse que a estrutura do Clube e sua equipe permitem receber bem a todos os participantes e os pais ficam tranquilos porque as crianças

se divertem e ficam em contato com a natureza num ambiente seguro e acolhedor. A Colônia também contou com uma cobertura de imprensa feita pela equipe da TVE que entrevistou as crianças.

As crianças brincam no antigo barco do Clube O MINUANO

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CLASSE SOLING

Equipe de Nelson Ilha é campeã do Troféu Amizade Flotilha de Soling compareceu completa na raia com 10 tripulações de Porto Alegre e Rio Grande

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Regatas de percursos barlasotas foram disputadas na raia em frente ao Clube

om desempenho imbatível na raia a tripulação formada por Nelson Ilha, Fernando Ilha e Paulo Lemos Ribeiro foi a campeã do Troféu Amizade da classe Soling, realizado nos dias 17 e 18 de agosto. Eles chegaram ao título com duas vitórias e duas vice-colocações, em quatros regatas disputadas com a participação de 10 barcos. Em segundo lugar ficaram George Nehm Marcos Pinto Ribeiro e Lúcio Pinto Ribeiro. O comandante Nelson ficou contente não só pela vitória, mas também porque está em fase final de preparação para o Mundial de Soling, de 16 a 26 de setembro no lago Balaton, Hungria. “Mostramos bom rendimento e entrosamento,

o Fernando Ilha e o Paulo Lemos Ribeiro fizeram um bom trabalho. Na Hungria, o Paulo será substituído pelo meu filho Felipe, que também faz parte da tripulação. As condições para velejar do lago Balaton são semelhantes ao do Guaíba, com vento muito rondado. Foi importante termos corrido o Troféu Amizade antes da viagem”, diz Nelson. Os seus adversários brincaram com o campeão após o término do Troféu. “Disseram que permitiram a minha vitória só para eu ir com o moral alto para a Hungria”, contou o comandante que segue para o seu sexto campeonato mundial da classe.


O VDS também contará na Hungria com a presença da tripulação de Kadu Bergenthal, Eduardo Cavalli e Vilnei Goldmeier (South Incorporadora e Factum Brasil). As regatas ocorreram na raia do Cristal, em frente ao Clube, com vento de direção sul no primeiro dia e nordeste/leste no segundo, na intensidade de 12 a 15 nós. As disputas foram acirradas em alguns momentos, com direito a colisões e vela rasgada. A equipe do barco liderado André Wahrlich abandonou a última regata após bater num tronco no meio do rio que provocou a queda do proeiro na água, mas sem qualquer dano físico ou material. No final da competição houve a premiação no Bar Náutico com show do The Pickles. As tripulações participantes foram do Veleiros do Sul, Clube dos Jangadeiros e Rio Grande Yacht Club.

As tripulações premiadas no Troféu

Barco de Nelson Ilha cruzando a linha em primeiro lugar na segunda regata

CLASSIFICAÇÃO

Col 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º

Clube VDS VDS VDS VDS VDS VDS VDS RGYC VDS CDJ

Timoneiro Nelson Ilha George Nehm André Gick Guilherme Roth Kadu Bergenthal Niels Rump José Ortega Henrique Horn Ilha Cicero Hartmann André Wahrlich

Tripulação Fernando Ilha e Paulo Lemos Ribeiro Marcos Pinto Ribeiro e Lucio Pinto Ribeiro Alexandre Mueller e Henrique De Lorenzi Carlos Trein e Roger Lamb Eduardo Cavalli e Ricardo Landell Marcus Silva e Regis Silva Marcelo Jesus e Mateus Lamb Gustavo Ilha e Andre Serpa Flávio Quevedo e André Renard Eduardo Rocha e Rafael Paglioli

Total 6.0 14.0 15.0 16.0 19.0 20.0 31.0 34.0 36.0 37.0 O MINUANO

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CLASSE OPTIMIST

Flotilha Minuano se fez presente na temporada internacional Foto: Cserta Gabor/divulgação

O ano nem chegou ao fim e a nossa flotilha de Optimist já tem o que comemorar. O Veleiros do Sul, além de ter realizado o Sul-americano, foi representado nas principais competições internacionais da temporada: campeonatos Europeu, Norte-americano e Mundial.

Largada de regata do Campeonato Europeu no lago Balaton

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outros países”, conta Tiago, 12 anos. E na avaliação de sua participação ficou satisfeito com o desempenho obtido no Europeu. “Poderia ter ficado em oitavo lugar, mas a desclassificação numa das regatas, por erro meu, aca-

bou me prejudicando. Mas sai contente e acho que nosso método de trabalho está dando certo, pois a flotilha do Clube tem garantido participação nos eventos internacionais”. Ainda entre os brasileiros, Iagor Foto: Divulgação/VDS

A estréia do Tiago no Europeu Tiago Quevedo foi o melhor brasileiro da flotilha masculina no Europeu de Optimist, disputado de 1º a 6 de julho no lago Balaton, na Hungria. O velejador, que teve um ótimo desempenho em toda a competição e chegou a conquistar a segunda colocação na quinta regata, terminou na 22º posição. Tiago aproveitou seu primeiro campeonato fora do país para aprender algumas novidades. “Vi coisas interessantes, como técnicas diferentes de cambadas e regulagens. As largadas eram de alto nível e a maioria dos velejadores muito táticos. Achei as condições da raia no Balaton parecidas com as do Guaíba. Esperava enfrentar vento forte, no entanto as regatas foram quase todas com vento fraco. Nossa flotilha era unida e aproveitamos para durante o campeonato para conversarmos com os velejadores de

Tiago Quevedo teve bom aproveitamento no Europeu


Ana e Erik competiram no Norte-americano O Campeonato Norte-americano de Optimist 2013, realizado de 4 a 10 de julho na ilha Bermudas, contou com a participação dos velejadores Ana Paula Lutz do Canto e Erik Hoffmann que integraram a equipe brasileira. Ana Paula teve um desempenho regular no campeonato e alcançou sua melhor colocação na quinta regata ao chegar em 6º lugar. Ela encerrou a competição em 55º lugar. Já Erik foi melhorando seu rendimento durante o campeonato. A oitava posição na última regata disputada, na flotilha vermelha, foi o seu melhor resultado e finalizou em 95º. Ana Paula, 14 anos, disse que o norte-americano ajudou na sua evolução no esporte e também causou um impacto positivo porque lhe deu maior motivação com relação à vela e melhor atitude na busca dos objetivos. “No início a turma não estava concentrada, o pessoal queria mais diversão, mas depois de uma conversa séria com nossos técnicos e Team Leader - que deixou muita gente com lágrimas nos olhos, nós aprendemos a separar o momento de brincadeira e seriedade”, conta Ana Paula. Ela também considerou o campeonato um pouco cansativo porque a raia era distante, cerca de 40 minutos de reboque e a rampa ruim. Os ventos eram médios, semelhantes aos daqui, mas com dias de calmaria. “Este foi meu primeiro campeonato longe de casa e da família, apesar do team leader ser o meu irmão - Cássio do Canto - sem dúvida a competição foi um divisor de águas para mim”.

Foto: Divulgação

Franco ficou em 31º e André Fiuza foi o 49º. O vencedor da edição foi Teo Ryan Yee Kang, de Cingapura. No feminino, venceu a eslovena Mara Turin. Clara Penteado se destacou na flotilha feminina como a 6ª melhor colocada. Os quatro brasileiros, acompanhados pelo técnico Filipe Novelo, competiram entre 248 velejadores de 40 países.

Erik melhorou seu rendimento durante o Campeonato

Para Erik Hoffmann, 14 anos, o norte-americano também foi sua primeira experiência numa competição no exterior e lhe ajudou no seu desenvolvimento esportivo. “Não consegui me adequar direito à raia no começo do campeonato, porque me parecia tudo diferente. O vento fraco também não me ajudou, devido ao meu tamanho e peso. Porém à medida que fui me ambientando meu rendimento cresceu. Gostei muito de ter participado do norte-americano, ter conhecido Bermudas, um lindo lugar. Essa experiência, sobretudo, me deu maior maturidade pessoal e na vela“, comentou Erik.

O Norte-Americano teve sete regatas realizadas apenas de 12 previstas. O melhor velejador brasileiro foi Luíza Cruz, na 12ª colocação geral, seguida dos gaúchos Breno Kneipp (14°) e Bernardo Tostes (20º), Olivia Belda (24º), Marco Paulo Schwandt (26º), Helena de Marchi (28º), Felipe Werwie (30º), Tiago Monteiro (35º), Bruno Ramos (37º), Joao Emilio Vasconcellos (53º), Rubem Santos Neto (58º), Matheus Oliveira (60º), Marcelo Gallicchio (71º), Eduardo Carvalho (91º), João Pedro Tatsch (97º), Vitor Abreu (105º), Marina Hutzler (114º) e Rafael Rizzato (151º).

O Norte-americano deixou Ana Paula mais motivada para as competições O MINUANO

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Fotos: Matias Capizzano/Divulgação

Gabriel teve algumas dificuldades técnicas nas regatas

Gabriel no Mundial na Itália Pela segunda vez consecutiva o Veleiros do Sul esteve presente no Mundial de Optimist. Gabriel Lopes, 12 anos, integrou a equipe brasileira no

Equipe brasileira em Riva del Garda 14

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campeonato de 2013, realizado em Riva del Garda, de 17 a 25 de julho na Itália. Gabriel terminou a sua primeira participação na competição em 109º lugar. Gabriel considerou bem alto o nível técnico do Mundial.

“Senti algumas dificuldades nas regatas. Cheguei na Itália com a expectativa de velejar bem tanto nos ventos fortes como nos fracos. No entanto isso não aconteceu e não consegui navegar bem com vento fraco. Não tinha a mesma velocidade dos meus adversários. Eu também precisarei melhorar as largadas, outro deficiência minha no campeonato. Quase sempre não consegui me posicionar direito na linha, os caras vinham batiam no meu barco e não pagavam a penalidade. Mas para mim foi importante ir competir em outro país e conhecer velejadores de outros países”, analisou Gabriel. Ainda fizeram parte da equipe o gaúcho Pedro Zonta, do Clube dos Jangadeiros, o melhor colocado do grupo, 32º lugar. Lucas Faria em 34º, Gustavo Abdulklech em 37º e Pedro Correa terminou em 79º. O Mundial contou com participação total de 259 velejadores de 58 países. Mais uma vez Cingapura dominou a competição com as vitórias de Loh Jia Yi e Bertha Han.


VELA JOVEM

Dupla atinge meta no Mundial de 420

Tiago e Philipp ficaram na flotilha prata na estreia deles na competição

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Veleiros do Sul com Tiago Ribas e Philipp Rump (Kaizen RS Honda) participou do Mundial da classe 420, em Valencia na Espanha, entre os dias 22 e 30 de julho. Na raia estiveram 190 barcos (380 velejadores) de 30 países e os nossos jovens representantes ficaram em sétimo lugar na categoria sub-16 e 70º no geral. A classificação na flotilha prata - grupo de nível técnico intermediário – ficou dentro da expectativa da dupla. “Consideramos um bom resultado porque o nível dos velejadores era muito alto. A maioria era de gente de 19 anos de idade e com experiência de mais cincos anos na classe, enquanto nós começamos há seis meses. Uma de nossas metas era não ficar na flotilha bronze e isso alcançamos”, disse Tiago. O barco que a dupla competiu era novo e isso também exigiu uma adaptação de início: “Os barcos deles são bem melhores que os nossos, dificil foi a volta pois já estávamos acostumados com eles”, comenta. Tiago. “O Mundial

foi muito legal e o Real Club Nautico Valencia é enorme. O campeonato ficou meio isolado dentro da sede”, conta o timoneiro. “A experiência no Mundial nos deu uma base para nosso programa de treinos e agora já estamos nos preparando para o Campeonato Sul-Americano que vai se realizar na Argentina, em outubro, na Semana de Vela de Buenos Aires”, finalizou. Em Valencia o Brasil contou com

mais cinco tripulações. A dupla gaúcha formada por Tiago Brito e Andrei Kneipp perdeu a liderança na última regata e acabou em segundo lugar no Mundial, superada pelos campeões espanhóis Xavier Antich e Pedro Terrones. Os resultados das demais tripulações brasileiras foram: Daniel Lombardi e Gabriel Sequeira - 23º, Eric Belda e Rodrigo Dabus - 67º, Stephan Kunath e Alexander Essle – 93º.

Time brasileiro na abertura do Mundial na Espanha O MINUANO

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CLASSE OCEANO

Vitória com autoridade de campeão em Ilhabela

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Crioula manteve boa regularidade em condições variadas de mar e vento e assegurou com um dia de antecedência o título da Rolex Ilhabela Sailing Week na S40 epois de ficar em vice no ano passado, o Crioula obteve sua conquista ao vencer sete das oito regatas disputadas no evento realizado de 8 a 13 de julho em Ilhabela (SP). O barco representante do Veleiros do Sul não deu oportunidade aos adversários, principalmente para o Carioca, de Roberto Martins, vice-campeão. A sete vitórias foram consequência de largadas perfeitas, entrosamento e talento. "A dedicação e a habilidade dos tripulantes foram fundamentais para essa conquista. Velejamos em alto nível e em condições de vento e mar diferentes", explicou Samuel

Albrecht, atleta olímpico e tático do Crioula. Na raia de S40 da Rolex Ilhabela Sailing Week, quatro barcos tentaram fazer frente aos gaúchos, inclusive o Magia V/Energisa, de Torben Grael, que acabou abandonando o campeonato devido à quebra do mastro. "Se a equipe é entrosada e se comunica bem a bordo, o barco fica na mão. O cenário favorecia a quebra de material. Por uma infelicidade o time do Torben Grael perdeu o mastro", relatou o timoneiro do Crioula, Geison Mendes. "Nossa tripulação faz uma manutenção preventiva


Fotos: Rolex / Carlo Borlenghi

antes e durante a largada". O Veleiros do Sul emprestou um barco aos argentinos, o Super Matanga. O clube gaúcho é apontado como um dos mais fortes do continente e um dos principais celeiros de campeões da modalidade no País. A tripulação a bordo do Crioula era composta por Samuel Albrecht, Gustavo Thiesen, Geison Mendes, Frederico Sidou, André Gick, Alexandre Rosa, Eduardo Plass, Diego Garay e Bruni Zirilli. Destes, três atletas tentam vaga no Rio/2016, como o próprio Samuel Albrecht, Geison Mendes e Gustavo Thiesen. "Depois da Rolex Ilhabela comecei dar atenção à campanha olímpica para os Jogos de 2016. Decidi deixar a classe 470. Agora estou na Nacra, pois tenho o objetivo de fazer uma temporada como timoneiro em um monotipo do calendário olímpico", completou Samuel Albrecht. Geison e Gustavo estão na luta pela vaga na 470 . "Por um lado a S40 é o oposto do 470, mas o bacana é velejar com uma tripulação onde tu aprendes

Muita vibração após a confirmação do título antecipado na S40

sempre, isso foi fundamental", comenta Geison, que assim como no 470, é o timoneiro do Crioula. (Com ZDL Comunicação).

A tripulação é entrosada e veleja junta há bastante tempo


VELA OLÍMPICA

Temporada na Europa trouxe confiança para a dupla do 470 Fotos: Divulgação

Geison e Gustavo ganharam evolução técnica após as participações nos campeonatos Italiano, Europeu e no Mundial

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o encerrarem o Mundial de 470 no 23º lugar no pelotão principal da disputa, a flotilha ouro, a dupla de 470 do Veleiros do Sul, Geison Mendes e Gustavo Thiesen teve a certeza de estar no caminho certo para a vaga olímpica em 2016. Juntos há menos de um ano, conquistaram os títulos Brasileiro e Sul-americano da classe em 2013 e iniciaram o segundo semestre focados, emendando a disputa dos campeonatos Italiano, Europeu e Mundial de 470, os primeiros fora do continente com flotilha numerosa e com a participação dos melhores velejadores da atualidade. Após fechar o Italiano em 4º lugar e o Europeu em 32º, já na abertura do Mundial, na regata em comemoração aos 50 anos do 470, Geison e Gustavo chegaram em segundo lugar entre os participantes.

“Vimos como ponto mais positivo nas disputas a nossa evolução do Europeu para o Mundial. Havia 40 velejadores a mais que o Europeu e a gente foi dez posições melhor no Mundial. Sentimos principalmente a evolução no velejo. No Europeu, quando fomos para a flotilha ouro, a gente brigava para não ficar entre os últimos. Já no Mundial era o contrário, montávamos bóia na frente, não perdíamos posição, a gente tava muito mais ligado e melhor ambientado”, comentou o timoneiro Geison. O alto nível de dificuldade contribuiu dando mais confiança aos atletas. “Um mundial é muito mais difícil que uma Olimpíada. Na nossa frente havia duplas franceses, ingleses, australianos alemães e na Olimpíada é só um de cada país. Tinha alguns ex-campeões mundiais e acabamos


der disputar a competição. “Num esporte como a vela muitas vezes não conseguimos mostrar para as empresas que o investimento em equipes como a nossa pode trazer grande retorno, como isenção de impostos, além do marketing. E a gente precisa desse incentivo para ser competitivo”, destacou. A dupla ainda agradece o apoio que tiveram para a participação no Europeu e Mundial. “Contamos com o apoio da Confederação Brasileira de Vela (CBVela) e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que viabilizaram a participação no campeonato, ao Veleiros do Sul, que sem dúvida no Brasil é clube o que mais apoia o atleta da vela, desde a estrutura de treino, da palavra da comodoria e todo estímulo que a gente precisa, e também à Equinautic e ao Matracafé” concluiu Geison. Fotos: Breschi / SRR

na frente de alguns destes” afirmou. O Mundial teve mais uma vez a vitória dos campeões olímpicos Mat Belcher/Will Ryan, considerados imbatíveis. Mas a dupla brasileira vê claras possibilidades de alcançar a nata da classe olímpica. “A classe é realmente muito difícil, tem muito cara bom. Mas a gente tem certeza que tem condições de evoluir e a gente vem evoluindo a passos largos pra chegar lá entre os cinco primeiros. O próprio Mat Belcher, que vem ganhando os últimos mundiais em sequência, das sete regatas da flotilha ouro, em mais da metade nós montamos a primeira boia na frente dele. Tecnicamente ninguém é imbatível. O que ele tem a mais é velocidade e isso dá uma tranquilidade tática. Isso é uma coisa que a gente tem que buscar aqui também, ter esse pouquinho a mais de velocidade para ter uma tranquilidade tática”, argumentou. Durante o Mundial, Torben Grael foi anunciado como coordenador da Equipe Brasileira de Vela. A dupla vê grandes possibilidades na escolha: “Com certeza o Torben é um cara diferenciado. Se ele for trabalhar direto com os atletas, se fizermos clínicas, se ele tiver a disponibilidade de ajudar em água para orientar os técnicos, vai ser sensacional para a Equipe Brasileira” disse o velejador. Uma boa notícia para a equipe foi a confirmação do Mundial de 2016 na Argentina, em San Isidro. A dupla planeja participar das etapas da Copa do Mundo de Vela neste e no próximo ano, no entanto depende de patrocínio para po-

No Mundial em La Rochelle os representantes do VDS competiram na flotilha ouro O MINUANO

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VELA OLÍMPICA

Nacra 17 é a nova classe Olímpica no Clube

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Veleiros do Sul é o primeiro clube gaúcho a contar com barco da classe Nacra 17. Samuel Albrecht e Caroline Boening receberam no início de setembro o catamarã de tripulação mista que fará parte da Olimpíada Rio 2016. O Nacra 17 é a volta dos multicascos ao programa de vela olímpico. “É a tendência da vela atual, podese ver que as maiores competições mundiais, como America’s Cup, Extreme Sailing, são feitas com este tipo de barco. Por serem velozes com ventos fracos ou fortes, não nos tornamos reféns das condições do vento, e regatas muito emocionantes por sua rapidez”, diz Samuca. Eles nunca velejaram nesta classe e por isso tudo é novidade sobre como se comporta nas manobras. O trabalho de

Catamarã de projeto arrojado e veloz

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treinamento da dupla se intensificará para o ciclo olímpico Rio 2016. “Temos que recuperar o tempo parado, meu contato mais próximo com o Nacra foi quando velejei de F18 (catamarã semelhante) em junho passado no Rio”, diz Samuel. Em novembro, de 7 a 10, o Veleiros do Sul realizará o primeiro Campeonato Sul-Americano da classe Nacra 17, com a participação de tripulações do Brasil, Argentina e Venezuela. Deverá ter a presença da argentina Cecília Saroli, que está entre as 10 melhores da classe. O comodoro Cícero Hartmann comemorou a chegada do Nacra 17 no Clube. “Com isso, o Veleiros do Sul já tem duas duplas olímpicas em classes

Carol e Samuca formam a dupla olímpica da Nacra 17 no Veleiros do Sul

diferentes, e pela qualidade dos representantes tem grande potencial de conquistas inéditas! Estamos completando mais um ciclo de nosso plano de ação esportiva e com muito satisfação realizaremos o primeiro campeonato Sul Americano da classe Nacra almejando o incentivo necessário para a nova classe olímpica”. A Nacra 17 tem um pouco mais de um ano. Em julho passado foi realizado o primeiro campeonato mundial, na Holanda. Os vencedores foram os franceses Billy Besson e Marie Riou. Os brasileiros Clínio de Freitas, Claudia Freitas ficaram em 30º. Para Samuca apesar de ser nova, a classe já conta com muita gente de alto nível que migraram de outros multicascos. “Um exemplo é o espanhol Iker Martinez que já passou pelo catamarã Groupama e agora está na Nacra, assim como outros”, compara. O Nacra 17 é fabricado na Holanda e seu projeto é considerado arrojado. Os cascos possuem desenhos para que a proa fure as ondas, resultando menor arrasto na água. As suas bolinas são curvadas, que permitem menor atrito do barco na água, tanto no contravento como no vento a favor e melhor controle do barco em condições de vento extremas. O mastro é de fibra de carbono.



SOCIAL

Novos ares sopraram nos Queijos e Vinhos Na verdade foi um vendaval que chacoalhou a festa e espalhou energia para todos os lados.

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O show da banda Papas da Língua foi a atração principal da noite e deu uma nova cara ao evento do Clube

apas da Língua era nome do vento que contagiou as pessoas de diversas gerações presentes nos Queijos e Vinhos. A banda pop, que comemora 20 anos de carreira, foi acompanhada de perto pelos fãs que se aglomeraram em frente ao palco no Salão Social e fizeram coro para as belas canções do grupo na voz do frontman Sérginho Moah. A vinda do Papas da Língua aos Queijos e Vinhos foi comemorada por todos e o comodoro Cícero Hartmann recebeu muitos parabéns no final do show. “A nossa Comodoria está feliz

por proporcionar um evento deste porte para a família Veleiros e seus amigos”, comentou Cícero. A festa de Queijos e Vinhos também foi sucesso de presença com cerca de 500 pessoas. O salão social foi ampliado para proporcionar mais comodidade e espaços aconchegantes com lounges que depois foram transformados numa enorme pista de dança com o som contagiante do Papas. A decoração, que ficou a cargo de Cristina Pereira deu alegria sóbria e de bom gosto ao salão. Mesas de queijos e frios em


grande variedade, pães, pastas, bufê de massas e caldos deram o requinte ao jantar preparado pelos chefs Aline Trevisan e Pedro Barcelos, do Barcelos Gastronomia. Tudo harmonizado com vinhos selecionados da Vinhos do Mundo e para completar, sobremesas especiais que ado-

A qualidade da gastronomia servida mais uma vez agradou quem veio à festa

çaram a noite. Após o show do Papas da Língua o som continuou com DJ Pedro Martins Costa, que assumiu o comando da pista tocando hits que foram do pop ao funk e animaram a festa madrugada adentro.

Integrantes do Papas com ao vice-comodoro social Carlos Trein, Simone Trein e o comodoro Cícero Hartmann e Tamahine Hartmann O MINUANO

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SOCIAL

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Comodoria do Veleiros do Sul recebeu muitos elogios pela estrutura dos Queijos e Vinhos O MINUANO

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Cruzeiro levou navegadores até o Parque Itapuã Mais de 250 navegadores gaúchos celebraram no dia 27 de julho os 40 anos do Parque Estadual de Itapuã, com o Cruzeiro a Itapuã, Praia das Pombas, entre o rio Guaíba e a Lagoa dos Patos. Viabilizado junto a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o evento foi uma realização do Veleiros do Sul com idealização do Popa.com.br e apoio da Jimo.


Fotos: Ane Meira

CRUZEIRO


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Os barcos ficaram fundeados na Praia das Pombas, local de encontro do Cruzeiro

sábado, dia da partida, amanheceu com condições perfeitas de navegabilidade, o que permitiu a maioria dos participantes nem esperarem a largada oficial, às 10h30min, em frente ao Clube. Lanchas, veleiros e trawlers vindos do Veleiros do Sul, Iate Clube Guaíba, Clube dos Jangadeiros, Sava Clube, Marina do Lessa, Marina da Conga, Sociedade Navegantes São João e Pier 340, foram 85 embarcações ao todo que povoaram a enseada na Praia das Pombas na chegada ao Parque Estadual de Itapuã. Após o fundeio, botes do VDS e do Parque fizeram o desembarque dos participantes que puderam confraternizar com um churrasco preparado pelos funcionários do Clube. Após o almoço, o gestor do parque Carlos Alberto Saraiva Mancio convidou os participantes a percorrerem uma das trilhas do Parque, a Trilha da Onça, com uma distância de 1.600m onde foi possível acompanhar o trabalho de preservação no local, fruto do trabalho de guias, ecologistas e biólogos.

Após um pôr-do-sol fabuloso que foi muito aplaudido, o dia encerrou com distribuição de quentão e caldinho de feijão para aquecer e aguardar o show acústico da banda formada por associados na Confraria da Música do VDS, os Pickles. Durante o show, o comodoro do Veleiros do Sul, Cícero Hartmann, pediu a palavra para agradecer a gestão do parque, os organizadores e a todos os participantes pelo sucesso do evento. "É uma alegria para o nosso Clube ter reunido tantos amigos em um evento exclusivo, em um lugar único como o Parque Estadual de Itapuã, onde pudemos celebrar com nossas famílias o prazer de boa navegada e o contato intenso com a natureza", disse. No domingo de manhã as tripulações que pernoitaram no parque acordaram cedo para o retorno e ainda puderam participar de mais uma trilha, desta vez com uma atividade de catação de lixo na Praia da Onça. Com a colaboração dos botes do parque, foi feito o embarque para os veleiros e lanchas que tomaram o rumo de volta a Porto Alegre.


CRUZEIRO

Visitas guiadas pelas trilhas foram realizadas no Parque que conta com mata nativa bem preservada

Pessoal reunido para o show da Confraria da Música do VDS, os Pickles

Em terra a confraternização das famílias e amigos se prolongou durante todo dia com churrasco

Informações sobre o Parque O Parque Estadual de Itapuã, localizado no município de Viamão, a 57 Km de Porto Alegre, é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral e abriga uma das últimas amostras dos ambientes originais da Região Metropolitana da capital gaúcha. Possui 5.566 hectares e foi aberto para visitação em 2002. Mais informações: www.sema.rs.gov.br › Unidades de Conservação A jaguatirica também veio dar as boas-vindas aos cruzeiristas

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VELEJAR

Quando a vela é a alegria da alma

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Construir barcos e navegar faz parte da vida de Paulo Julius. A tal ponto que parece se confundir com sua existência. O primeiro veleiro ele fez em 1956 e hoje aos 79 anos de vida e 53 de Clube ainda não parou de projetar barcos de forma amadora e velejar. lápis traça as linhas que aos poucos vão definindo o desenho de um barco. É sempre assim que começam os projetos pelas mãos de Paulo. Depois de tudo bem calculado é dado o início dos cortes dos sarrafos de madeira para montagem das cavernas, até chegar o momento de completar o casco. Esta tem sido a rotina dele há pelo menos seis meses quando começou o seu mais novo veleiro que está sendo construído dentro de um galpão no Clube, de 7m20cm de comprimento por 3m30cm de largura, com cabine,

banheiro e cozinha. Sua expectativa é de até o final do ano navegar pelas águas do Guaíba com ele. “Sou um autodidata, trabalhei toda minha vida como projetista industrial e aprendi sozinho a fazer barcos. Sempre procuro dar qualidades marinheiras nos meus projetos. Fico satisfeito de ver que as tendências dos desenhos modernos de barcos vão ao encontro do que eu venho fazendo”, diz Paulo que iniciou sua carreira profissional na Varig.

Paulo ao lado do casco do veleiro que está sendo construído no Clube 32

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A paixão por barcos é antiga, começou aos 12 anos quando passou a velejar na Praia de Belas convidado por conhecidos que já praticavam o esporte no antigo Iate Clube Guaíba. “Um dia estava no trapiche e uma pessoa me convidou para levar um Sharpie até o Clube dos Jangadeiros. O nome dele era Roman Lindau. A partir daquele momento fui fisgado pela vela”, conta. Morador do bairro Menino Deus, aos 18 anos, construiu um veleiro de cerca de cinco metros de comprimento de madeira, seu primeiro projeto, que batizou com o nome de Grumete. E também começou a correr regatas nas classes Sharpie, Jangadeiros e Guanabara. Quando a sede do Veleiros do Sul foi transferida do bairro Navegantes para a Vila Assunção, em dezembro de 1959, Paulo tornou-se sócio na primeira semana de funcionamento do Clube na Zona Sul. “Os aterros tinham acabado com a vela na Praia de Belas”. E sua trajetória de velejador e construtor não cessou mais. Ele fez uma lancha com casco de catamarã que depois foi transformada para barco a vela. Posteriormente ele adquiriu um veleiro de madeira, o Sexta-feira, (9 metros de comprimento) que passou por uma grande reforma para ficar do seu gosto. “Sempre procuro dar um toque pessoal no barco e deixá-lo melhor adaptado para navegar em nossas águas, com boca larga e pouco calado. Com o Sexta-feira velejei muito pelo Guaíba”. Na sua lista de construtor naval ainda faz parte caiaques de fibra e um catamarã a vela denominado Mono Cat. Aposentado, Paulo e a esposa Kismara foram morar em Santa Catarina. Ele vendeu os barcos. Depois de três anos regressou a Porto Alegre e voltou a navegar pelo Guaíba. “Velejar faz bem

Grumete sendo lançado na água do Guaíba em fevereiro de 1957

Paulo no batismo do veleiro com a madrinha Lucilda

para a saúde, uma distração que afasta os aborrecimentos do mundo. Sentia falta disso. É uma energia positiva para a alma”, diz. Sua expectativa após o término do veleiro é compartilhar com as novas gerações a sua experiência de construção amadora de barcos porque não quer ver desaparecer esta arte. “Minha idéia é promover um curso na Escola de Vela Minuano para as pessoas aprenderem as técnicas de construção e quem sabe alimentar os seus sonhos de navegar com um barco próprio e de baixo custo. Isso é possível! Agradeço ao comodoro do Veleiros do Sul por ter permitido a construção do meu barco no Clube. Para mim é algo muito significativo”. Paulo diz que para todas as coisas é preciso boa vontade, mas como costuma falar: “A gente nasce para ser o que é”.

Velejando em frente à orla da Praia de Belas, antes do aterro O MINUANO

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AVENTURA

De Porto Alegre a Rio Grande a bordo de um Laser

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O Laser é um veleiro monotipo classe olímpica que já rendeu muitas medalhas para o Brasil. Mas para nosso associado e aventureiro Christiano Schultz foi o barco escolhido para um cruzeiro pelo Guaíba e Lagoa dos Patos. ideia era antiga, ainda dos tempos em que vivi em Angola na África. Na volta ao Brasil, depois de me organizar profissionalmente, tratei de marcar a data para o início da aventura para o fim de janeiro de 2013. Os próximos passos foram reorganizar o barco e os equipamentos para a navegada. O barco estava abandonado em pé preso na cerca na casa de meus pais. Perecia uma árvore! Tratei de limpá-lo e reequipá-lo para voltar a navegar. Passei então à fase de testes. Fazia pelo menos 10 anos que não navegava de Laser e nas únicas três oportunidades que tive para treinar, algo sempre se quebrava. No último treino, durante o Brasileiro de Laser, acabei por capotar duas vezes e me convenci de que o restante do treinamento ocorreria somente durante a viagem. Terminada a revisão do barco, passei a organizar os equipamentos e alimentação para a

Último trecho no Guaíba com o farol de Itapuã na proa 34

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viagem. No total, 33 Kg de equipamentos deveriam ser armazenados no casco para permitir a viagem em segurança, que foram solucionados após a instalação de tampas de inspeção no casco e do uso de uma bolsa impermeável presa na proa do Laser. Por fim acabei renomeando o “Tom sem Freio” que passaria a se chamar “Nando” em homenagem ao amigo de infância Fernando Krahe. A previsão do tempo para 26/01 apontava para vento sul, então prorroguei a saída para 29/01. No dia da saída, apesar das previsões ao contrário, o vento sul ainda soprava com força na tarde daquela quarta-feira. Com a presença do pai, da Ana Paula e do João Fernando Krahe, deixei o Veleiros do Sul de maneira atrapalhada, como não poderia deixar de ser. Logo após o SAVA uma rajada mais forte provocou o primeiro banho de rio, com não mais de 30 minutos de navegada, um péssimo início,

Acampamento na ilha Chico Manoel


Com o Laser “Nando” no Pontal das Desertas, primeira parada na Lagoa dos Patos

para quem ainda teria cerca de 350 Kms pela frente. Logo em seguida o sul rondou para leste e a navegada foi tranquila até a Chico, local da primeira noite, ainda com algum conforto. Pouco antes, na ponta do Arado, “pesquei” quatro lambaris numa onda mais assanhada, que pularam para dentro do cockpit. Os quatro navegaram comigo um pouco antes de retornarem ao rio. A chegada na Chico ocorreu próximo às 20h, sob vento forte, com tempo para armar a barraca, jantar e descansar o máximo possível embaixo da figueira, sob a lua cheia num céu coberto de estrelas. Na manhã seguinte a alvorada iniciou às 6h30. Antes de colocar o barco na água, pensei em levar uma maçã comigo, quando acabei por dar falta da sacola de alimentos. Acabei descobrindo que havia sido roubado naquela noite. Toda a sacola de alimentos com cerca de 70% da alimentação disponível para a viagem, havia desaparecido. Os Bugios da ilha haviam feito a festa! Apesar das buscas no local, não encontrei nenhuma pista dos ladrões nem de uma migalha sequer de qualquer coisa que estava na sacola. Decidi seguir adiante, talvez parando no Itapuã para me reabastecer. A próxima parada foi no farol do Itapuã. Só cheguei ao farol às 11h depois de remar a meia milha final, pois o vento havia parado por completo. Depois de breve visita ao farol e abortar a parada na Vila do Itapuã, entrei na Lagoa dos Patos e logo em seguida o leste voltou a entrar, permitindo que a Praia de Fora fosse vencida com facilidade. Às 14h45 cheguei

Deixando a Barra Falsa de São Simão

ao Pontal das Desertas, última parada antes da travessia da Lagoa, parte mais perigosa de toda a viagem. Fiz um contato por telefone com o pai e anunciei a travessia. Deixei o pontal com vento médio de nordeste e segui descendo à cerca de 500m à sota vento do Banco das Desertas, navegando num través folgado. Ao me aproximar da ponta do banco, o vento aumentou significativamente, alcançando cerca de 15 a 18 nós. A navegada tornou-se tensa e passei a cuidar muito para não sofrer uma quebra ou virar o barco. A costa leste da lagoa estava à vista, mas parecia nunca chegar. Passei a “matar” o barco nas rajadas, pensando em apenas chegar com segurança na margem leste. Uma quebra na-

Chegada ao farol Cristovão Pereira O MINUANO

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AVENTURA

Arrumando o barco na Fazenda Jardim

quelas condições traria muitas dores de cabeça e talvez uma noite inteira à deriva na lagoa. Foi com alívio que cheguei à praia por volta das 18h, após 4 horas de travessia. O telefone continuava com sinal bom, o suficiente para tranquilizar a família de que a travessia tinha ocorrido com sucesso. Após rizar (reduzir) um pouco a vela, enrolando-a no mastro, segui por mais duas horas em direção ao São Simão, parando para dormir por volta das 20h, após quase 12h de navegada. Passei à noite na margem de alguma fazenda, sob um céu estrelado e com a companhia de uma centena de vagalumes. Dia 31 de janeiro iniciou novamente muito cedo. Às 8h já navegava em direção ao São Simão a todo pano. O desafio neste dia seria chegar até a Barra Falsa do Bojuru. Para dificultar um pouco as coisas, o vento voltou a apertar na metade da manhã e o esforço para manter o barco equilibrado me causou um forte desgaste físico. Optei novamente por parar e rizar a vela novamente. Com o barco mais estável, cheguei ao pontal do São Simão por volta das 12h30. Após breve almoço, consumindo o antepenúltimo sanduiche, segui em direção ao Cristovão Pereira, distante em torno de 35 km de onde estava. Com vento sempre fraco e o sol castigando sem piedade, a navegada se tornou um martírio. Só fui conseguir chegar ao farol, quando já eram quase 17h. O sinal do telefone apesar de fraco permitiu mais um contato com o pai, que nesta altura já estava a caminho do Bojuru, de carro, para me encontrar à noite. Chegar lá já estava praticamente fora de cogitação. Após visitar o 36

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farol, um dos mais antigos e belos do RS, tratei de seguir viagem em direção à Tavares, que seria minha melhor opção para passar a noite. As duas últimas horas de navegada deste dia foram melhores de toda a viagem. Com vento médio de NE e praticamente sem ondas, o “Nando” acelerou forte nas rajadas, exigindo um bom esforço para manter o barco equilibrado e no rumo. Acabei encontrando o pai numa pequena vila, à beira da lagoa, próximo à Tavares quando já eram praticamente 20h, após mais de 12h navegando pela Lagoa dos Patos. Transferimo-nos para a cidade e pudemos saborear um ótimo filé à R$ 18,00 o prato em plena calçada da rua principal de Tavares, além de um bom banho e uma ótima cama à R$ 30,00 a diária por pessoa na Pousada Paraíso. No dia seguinte, acordamos cedo para dar sequência à viagem. Eu seguiria por água e o pai por terra. Encontraríamo-nos para almoçar no Bojuru, se tudo desse certo. Zarpei da praia de Tavares às 8h e logo passei o farol do Capão da Marca, o mais antigo do RS, ainda inaugurado por Dom Pedro II. Trata-se de uma relíquia de nossa história, mas que infelizmente encontra-se totalmente abandonada pela Marinha do Brasil. Com vento fraco de NE segui em direção ao pontal do Bojuru. O vento foi diminuindo e logo parei por completo. Seguiu-se uma sucessão de rondadas, duas delas de sul, indicando um mau presságio à frente sul que se aproximava. Ao meu redor apenas as tainhas saltando de um lado para outro. O vento só foi firmar novamente no final da manhã, possibilitando minha chegada no pontal apenas no início da tarde, furando novamente todas as nossas previsões. Antes de seguir adiante, aproveitei para visitar a ilhota onde se encontram os restos do antigo farol do Bojuru, que era no passado, muito similar ao do Cristovão Pereira, apenas ligeiramente mais baixo. Hoje no local, existem apenas tijolos caídos e envoltos pelas raízes da vegetação que aos poucos está tomando conta do lugar. Segui em direção a barra falsa navegando em apenas 40 cm de profundidade num lugar simplesmente fantástico. Era como se estivesse navegando em um aquário, tal a limpeza da água. No fundo os caranguejos se assustavam e corriam com as garras erguidas, assustadas pelo grande casco branco do barco. Cheguei à barra falsa quando já eram mais de 16h e naveguei através de um arroio acessando as instalações da fazenda do Paulo Afonso, um amigo de Porto Alegre encontrando com o pai que


estava com o Churrasco pronto desde o meio dia. Estava muito atrasado em relação ao meu cronograma e acabei fazendo a bobagem de comer um pouco e logo seguir viagem para aproveitar o vento que nesta altura estava bom e constante. Esta acabou sendo uma ideia infeliz. Logo após deixar a barra falsa o vento caiu e um enorme temporal se armou para o NE. Consegui descer por mais duas horas, navegando praticamente sem leme e sem bolina devido ao baixo calado. Às 19h15 duas trovoadas fortes decretaram o fim da navegada. Em tempo recorde, orcei o barco para praia, desmontando-o rapidamente e corri para um campo próximo para montar a barraca. Logicamente depois de tudo pronto, não caiu nenhuma gota de chuva do céu. O temporal forte acabou caindo em outro lugar, provocando inclusive a morte de uma pessoa em São Lourenço do Sul, atingida por um raio. Depois de ter jantado o último sanduíche e de uma noite horrível, segui viagem muito cedo, iniciando a navegada por volta das 7h30 da manhã, a tempo de ver o sol nascer. O vento permaneceu fraco e segui rente a margem. Não demorou muito o novo temporal se armou pelo sul, mais forte do que o da noite anterior. Este, se entrasse, acabaria de vez com a navegada. Para piorar a situação estava num ponto ruim da lagoa, sem acesso à estrada para poder retirar o barco. Às 9h15, rumei novamente até a praia e desmontei o barco rapidamente e corri campo adentro até encontrar a segurança de uma vegetação mais fechada. Junto comigo, todas as vacas e cavalos da fazenda corriam em busca de abrigo. O temporal entrou de S-SW com força. Ventos de 80Km/h varreram os campos, com raios caindo em todos os lugares e pensei que tinha perdido o barco que havia deixado na margem, em meio aos juncos. Por sorte nada mais grave ocorreu. Acabei buscando ajuda numa fazenda próxima de propriedade do casal Jardim. Consegui também um contato com o pai pelo telefone da fazenda, e depois de organizar o barco, seguimos de volta a Porto Alegre. No total foram 270 km navegados em 40 horas, com média de 6,75 Km/h. Durante três dias e meio, navegando cerca de 12h por dia, virei apenas uma única vez, ainda praticamente dentro do VDS. O Nando verdadeiro velejou junto comigo e deve ter certamente ajudado na borda e nas decisões dos momentos mais difíceis. O “Nando” barco superou todas as minhas expectativas e Ilhota do antigo farol de Bojuru

O histórico farol do Capão da Marca

chegou ao fim sem apresentar nenhuma quebra. Eu até hoje me surpreendo, de como consegui navegar por toda aquela distância, mantendo-me física e psicologicamente bem. A lagoa me surpreendeu pela sua beleza virgem que ainda resiste à ação do homem. A margem leste continua sendo inóspita e desabitada e acabei por encontrar justamente o que desejava: aventura e novidade. Reaprendi muitas lições com esta viagem e me senti ainda capaz de realizar muitas outras. A viagem ainda não foi completada, mas continua nos planos para breve. Ainda restam 70 km para chegar à Rio Grande!


VELA CLÁSSICA Por Nestor Volker - Arquiteto naval

Antigua Classic Yacht Regatta Foto: Tim Wright / photoaction.com

O nosso colaborador Nestor Volker participou desse evento maravilhoso da vela que reúne, beleza, esporte e tradição

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O Dione ganhou o prêmio de melhor restauração, além de vencer todas as quatro regatas da Semana de Clássicos

regata de Antigua é famosa pela elegância, festas e camaradagem, mas o melhor de tudo de se ver são os veleiros clássicos, alguns de até 120 pés, com todas suas velas em cima, navegando com os ventos, são uma recompensa para os olhos. Os ketches, sloops, schooners e yawls compõem a maior parte da flotilha e mantêm o espírito da tradição da vela. O evento em geral conta com a presença de 50 a 60 barcos. Na edição deste ano realizada de 18 a 23 de abril fiz parte da tripulação do Dione, de 45 pés, que foi o vencedor da classe Vintage C. Este barco lindísimo de 1912, projeto original de William Fife III , foi encontrado em um estado de quase abandono na ilha de Antigua por um amigo alemão, Hans Albrecht, o mesmo proprietário do Norwind no qual fiz a Passagem do Noroeste de 2012 (ver O Minuano 128). O veleiro foi levado de navio para Buenos Aires para ser reconstruído no YCA, por Tito

Sytzka. O convés não precisou de muitos reparos porque estava pouco deteriorado. Porém, o casco teve de ser reconstruído quase todo, peça por peça da madeira, a fim de manter a forma original. Do lado de dentro ficou apenas a parte dianteira de uma cabine, que foi utilizada como modelo para a reconstrução. Nós projetamos um novo interior justamente respeitando esse estilo. E na mastreação colocamos uma mezena que tinha originalmente no barco, embora durante anos tenha navegado com um só mastro. Quando a reconstrução foi concluída o Dione seguiria por navio até o Caribe, mas por problemas com o transporte teve que ir navegando, com o seu skipper e dois tripulantes. Chegou em Antigua depois de dois meses de vela e um forte vento contrário de Buenos Aires até a altura da Bahia. Atracou seis dias antes do início do campeonato. Eu cheguei três dias antes da primeira


Fotos: Nestor Volker

Os veleiros clássicos numa das regatas de vento forte

regata do campeonato. Fomos desafiados para uma regata treino que tornou-se bom para nós, pois ainda não sabíamos como se comportava o barco. Pessoalmente, eu aprendi como levar o barco, melhor ângulo de deriva e ví que com todas velas em cima o leme tendia a tirá-lo da orça. A tripulação era formada por 12 velejadores: argentinos, ingleses, suiços e os brasileiros Igor e Fabrício. No primeiro dia do campeonato o vento soprava forte, nunca menos de 16 nós verdadeiro, e cerca de 20 - 22 nós na média. E assim foi dos todos dias da competição. A raia era triagular e se velejava somente pequenos trechos onde era necessário cambar, porque estes veleiros são difíceis de manobrar, perde-se tempo e até perigoso se ficarem muito próximos um do outro, uma medida acertada. As largadas eram com vento a favor e depois

Dione também levou o título de barco mais antigo, 101 anos

contornavam as boias de pernas de través, com os barcos velejando juntos. O vento era mais constante de direção oeste, que corria paralelo a costa. Nossos partidas foram sempre procurando um melhor lugar a sotavento e atingir a velocidade máxima sobre a linha junto ao top, enquanto a maioria da flotilha brigava para largar junto a comissão de regata. Curiosamente, conseguiamos orçar um pouco mais do que os outros e nos colocarmos na frente da flotilha, apesar de não sermos o maior veleiro. Nós cuidavamos muito nossa posição na regata, fazer bem as manobras e no contravento velejar até próximo a costa para nos livrar da corrente, mas sempre tendo o cuidado com as manobras nas baías. Grande foi nossa surpresa quando ao chegamos na primeira regata, tivemos o sinal dado com um tiro de canhão, o que significava que

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VELA CLÁSSICA

estávamos em primeiro da série, em tempo real. E isso se repetiu em todas as regatas. E em terra a confirmação da vitória também no tempo corrigido. A segunda regata foi a mais difícil para todos, o vento chegou a 28 nós, o que causou a quebra de quatro mastros. Foi triste ver cair a mastreação daqueles belos veleiros. A premia-

A Semana de Clássicos de Antigua começou oficialmente em 1967 40

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ção foi no English Harbor, mostrando em duas grandes telas as fotos dos vencedores, enquanto chamavam as equipes ao pódio. Para nós, com grande surpresa, não só conseguimos o primeiro lugar na classe, mas também a melhor restauração, o barco mais antigo, 101 anos, e o competidor que veio de mais longe.

O magnífico Thendara, campeão da Vintage classe B, construído em 1936 e com 105 pés de comprimento


O Mary Rose se destacou por sua sofisticação, construído em 1925 com 64.5 pés

Em Antigua também é porto de gigantes veleiros modernos

Gaucho, veleiro construído em 1943, de 50 pés. Ele recebeu em 1948 a medalha Blue Water do Cruising Club of America em 1948 pela viagem de Buenos Aires ao Egito e volta pela rota de Cristovão Colombo

O tamanho dos enroladores das velas de proa

Casa onde viveu o Almirante Nelson, governador da ilha, em English Harbor

Elevador para subir no topo do mastro de um super veleiro O MINUANO

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VENTOS DA MEMÓRIA

O convívio na água sempre fez parte da vida dos nossos associados. Fotos das excursões pelo Delta do Jacuí na década de 1950.

João Ilha e sua esposa Maria Rosária na Ilha Chico Manoel, em abril de 1961 42

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