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PALAVRA DO COMODORO

EXPEDIENTE

Prezados Associados,

Comodoro Newton Roesch Aerts Vice-Comodoro Esportivo Eduardo Ribas Vice-Comodoro Administrativo Ricardo Englert Vice-Comodoro Patrimônio Pablo Miguel Vice-Comodoro Social Eduardo Scheidegger Jr. Conselho Deliberativo Presidente Luiz Gustavo Tarrago de Oliveira Vice-Presidente Léo Penter Diretor de Sede e Porto Luiz Vinícius M. de Magalhães Diretor da Escola de Vela Minuano Boris Ostergren Diretor de Parques e Jardins Pablo Miguel Prefeito da Ilha Chico Manoel Luiz Morandi O Minuano é uma publicação do clube Veleiros do Sul. Fones: 55 (51) 3265-1717 3265-1733 / 3265-1592 Endereço: Av.Guaíba, 2941 Vila Assunção Porto Alegre – Brasil CEP: 91.900-420 E-mails: comunicacao@vds.com.br Twitter: @veleirosdosul Site: www.vds.com.br

O curso planejado e divulgado na nossa posse têm sido seguido à risca. A meta principal é o investimento no maior patrimônio do Clube, ou seja, seus associados. Estamos dando continuidade à extrema necessidade na manutenção de um grande universo de equipamentos, embarcações, jardinagem e em especial nos prédios, um deles já cinquentenário. A sequência de investimentos tem priorizado os associados, seus familiares e amigos, destacando com a construção de quiosques em locais importantes e oportunizando também a ocupação de novas áreas. Temos também conseguido manter e aumentar o fomento e incentivo aos esportes náuticos com a participação cada vez maior de velejadores em competições importantes e com excelentes resultados. Esta edição do Minuano demonstra bem a realidade descrita. É a terceira edição no ano de 2012 e conta com uma grande participação de associados escrevendo suas experiências, tanto com diários de bordo ou artigos técnicos sobre o mundo náutico. Contamos também com um número crescente de apoiadores, o que torna cada vez mais viável a publicação. Ainda este mês teremos uma atividade importante que se repete anualmente. Trata-se da Assembléia Geral que elege a renovação de um terço dos membros do Conselho Deliberativo, órgão máximo do Clube, que tem se reunido sistematicamente e tomado decisões de grande importância na vida de nossa Associação. Na área social, os encontros e jantares contam grande participação dos associados. Na sequência de eventos, teremos no dia 30 deste mês, o jantar dos Queijos e Vinhos, com o show do Tangos & Tragédias, onde já contamos com quase 600 pessoas confirmadas. O Minuano tem hoje uma tiragem de 1500 exemplares e tem sido enviado para praticamente todos os clubes náuticos e marinas do Brasil, bem como Uruguai, Argentina e Chile, locais e países que nossos associados visitam de maneira regular, sendo, portanto, um cartão de visitas precursor e sistemático divulgando a marca Veleiros do Sul. No momento atual, a vida de todos tem cada vez mais um ritmo frenético e atribulado, sendo de extrema importância uma atividade de lazer e descontração. Portanto, novamente convidamos a todos para convivem mais e utilizarem a estrutura do Clube, que melhora a cada dia para o bem-estar dos associados, familiares e amigos. Esperamos que tenham uma boa leitura. Bons Ventos a todos Newton Aerts Comodoro

Publicação Editor: Ricardo Pedebos - MTB 5770/RS Textos e Fotos: Ricardo Pedebos e Ane Meira Foto Capa: Matias Capizzano Projeto Gráfico e Diagramação: Renato Nunes Fotolitos e Impressão: Gráfica Calábria Tiragem: 1.500 exemplares Distribuição: Sócios do VDS, diretorias dos clubes náuticos e marinas do Brasil. Clubes da Argentina, Chile e Uruguai.


AGENDA DO VDS

Tangos e Tragédias no Queijos e Vinhos Queijos e Vinhos do Veleiros do Sul trará no dia 30 de junho às 21h, outra grande atração. Vindos da longínqua Sbornia, Kraunus Sang e Maestro Pletskaya apresentam o seu Tangos & Tragédias na festa mais tradicional do Clube. O espetáculo será acompanhado pelas tradicionais mesas repletas de queijos, pastas pães e caldos preparados pelo Barcelos Gastronomia. Informações na Secretaria.

Bazar de Inverno Nos dias 7 e 8 julho o Veleiros do Sul realiza o seu Bazar de Inverno. A edição pretende trazer o melhor da estação e vai contar com os artigos de 15 expositoras e será realizado no mezanino do salão de festas com início às 12h e término às 19h. E vai ter de tudo. Roupas, joias, artesanato e um espaço voltado para maquiagem onde as visitantes poderão testar produtos e serem maquiadas gratuitamente.

Festa de São João Prepare seu traje caipira! É o São João do Veleiros do Sul que está de volta. A festa será no domingo, dia 8 de julho no Hangar 1 do Clube para os sócios e convidados. Serão diversas as brincadeiras e as comidas típicas, como a pipoca, o quentão e o pinhão não vão faltar, assim como a tradicional fogueira para coroar a festa!

Colônia de Férias de Inverno Não sabe o que fazer nas férias de inverno da gurizada? A opção certa é o Veleiros do Sul para se divertir, brincar e aprender em meio a natureza e com segurança. Para crianças de 5 a 12 anos. De 24 a 27 de julho das 9h às 18h (almoço e lanche inclusos) Inscrições: Até 20 de julho de 2012 pelo email esportiva@vds. com.br ou pelo telefone 3265 1733 ramais 3 ou 4. Valores: R$ 190,00 sócios e R$ 240,00 não sócios.

Passeio Náutico O Passeio Náutico Recanto do Borghetti ocorrerá no dia 14 de julho com saída às 10 horas em frente ao Veleiros do Sul. Para os participantes haverá um almoço com comida campeira no Recanto do Borghetti, que está localizado na Barra do Ribeiro e possui ancoradouro. O evento é aberto e podem participar lanchas e veleiros. Informações e inscrições pelo email: esportiva@vds.com. br ou pelo fone: (51) 3265 1733 ramais 3 e 4.


Sempre conectado com o VDS

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a busca de se manter em contato constante com o associado, o Veleiros do Sul disponibiliza diariamente na internet informações sobre o Clube e as novidades do Mundo Náutico no seu site e redes sociais. O site www.vds.com.br é o mais importante canal de comunicação com o associado. Desde notas sobre patrimônio até eventos esportivos, ele é abastecido diariamente com as últimas informações. É possível também acompanhar o que acontece no Mundo Náutico. A área é dedicada a quem vivencia

o meio com notícias locais e internacionais, um serviço que tem se destacado inclusive externamente e acessado por navegadores do país inteiro. Nos primeiros cinco meses do ano o Clube obteve o número de 50 mil visitantes e 150 mil pageviews. Cidades que mais acessam: Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. Países que mais acessam: Brasil, EUA, Argentina e Uruguai, o que é um sucesso para um site do segmento náutico. Dados do Google Analytics. Também temos o VDS na Imprensa (que repercute o que a mí-

dia publica sobre o Clube), além dos demais serviços no site. O acesso a edição virtual da revista O Minuano cresce a cada número. A publicação está disponível gratuitamente em versão digital folheável, um recurso que faz sucesso atualmente. Nas redes sociais desde 2010 o VDS conta a cada dia com mais amigos. Presente no Twitter com notícias diárias e no Facebook com quase 4 mil amigos, o VDS está conectado, levando informação e aproximando associados e amigos onde quer que estejam, no trabalho, em casa e até navegando pelo mundo.

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Kleiner Bar começa o retorno para casa pelo Pacífico

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epois de navegar pelo sul do continente americano, (ver edições do O Minuano nº 124 e nº 125), a família de navegadores do veleiro Kleiner Bar, do Veleiros do Sul, seguiu viagem em direção ao norte do Chile fazendo parte do trecho pelas “caletas”, os famosos canais de grande beleza natural. O casal Werner e Lúcia e os filhos Nina e Lucas seguiram por diversos portos até Valdívia. Após uma pausa nesta cidade, eles partiram no dia 7 de junho navegando pela costa chilena seguindo mais ao Norte para iniciar a travessia rumo ao Oeste até a Nova Zelândia, onde residem desde 1999. “O plano é parar na ilha Juan Fernandez, Easter Island ( ilha de Páscoa), Gambier, na Polinésia Francesa, trecho que levará cerca de um mês. Esta será a nossa passagem mais longa. Depois Ilhas Cook, Tonga e de volta a Nova Zelândia. Para confessar, quando começamos a nos dirigir para o norte do Chile, comecei ficar um pouco triste já que estamos indo de volta, mas é hora de retornar à vida

Depois de navegar pelo Cabo Horn a família segue para Nova Zelândia

terrestre”, comentou Lúcia. “Foi um orgulho para nós podermos ter representado o Veleiros do Sul, colocando a sua flâmula no farol do Cabo Horn e também no Club Naval de Yates Micalvi que é o clube náutico mais ao sul do mundo, em Puerto Williams, no sul do Chile”, disse Lúcia. Werner e Lúcia se conheceram no Veleiros do Sul e em 1999 foram morar na Nova Zelândia. Em maio 2008 saíram de Auckland com os filhos para uma navegação ao redor

do mundo no veleiro Kleiner Bar de 41 pés. Eles passaram pelo Pacífico, ilhas Salomão, Papua Nova Guiné, Austrália, Indonésia, Malásia, Tailândia, Sri Lanka, Maldivas, Oman, Iêmen, na Eritréia, Sudão e Egito, no Mediterrâneo, Chipre, Turquia, Grécia, Itália, Espanha, Gibraltar, Ilhas Canárias, Cabo Verde e Brasil. Agora a família está fazendo a viagem de retorno à Nova Zelândia. Acompanhe a viagem e deixe mensagens no blog: http://www.sailblogs.com/ member/kleinerbar/.

Aproveite os cursos da EVM em julho

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Escola de Vela Minuano oferece cursos com aulas práticas e teóricas numa sequê­n­cia pedagógica que proporciona um aprendizado fácil e eficiente. Os cursos são para as categorias infantil, adulto e habilitações da marinha. Os níveis variam da iniciação a vela até os de aperfeiçoamento à regata. A escola possui embarcações seguras das classes monotipo e oceano. A Escola é aberta a não sócios do Clube. Informações na secretaria esportiva: (51) 3265 1733 ou esportiva@vds.com.br. A programação dos cursos de julho Curso de Habilitação Mestre Amador 09 a 12/07/2012 2ª a 5ª feira Das 19h30 às 23h 6

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Curso de Iniciação a Vela de Oceano R22 30/06 a 22/07/2012 Sábados e Domingos Das 10 às 12 das 13h30 às 17h

Cursos de Iniciação a Vela Infantil 07 a 29/07/2012 Sábados e Domingos Das 13h30 às 17h


Match Race tem projeto aprovado pelo Ministério do Esporte

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Projeto Match Race Veleiros do Sul, aprovado pela Lei de Incentivo ao Esporte, teve início em maio. Este projeto consiste em treinamento de Match Race utilizando os seis barcos da Classe Elliott 6m adquiridos em 2009 em outro projeto incentivado do Clube. Além da técnica do match race também faz parte do projeto o trabalho de condicionamento físico em nossa academia com o acompanhamento do professor Ariel de Deus, pós-graduado em Medicina Esportiva. Os treinamentos práticos e teóricos do projeto Match Race nos níveis básico e avançado estão sob a responsabilidade do supervisor técnico Geison Mendes Dzioubanov e do treinador Mathias de Oliveira Melecchi, que fazem também a avaliação dos velejadores participantes. O Projeto Match Race visa formar e aprimorar velejadores nesta modalidade de regata que exige muito conhecimento tático e manobras rápidas do barco. Por isso técnicas de match race também contribuem para o desenvolvimento dos atletas em qualquer tipo de regata, em especial os jovens. O Match Race atualmente é modalidade olímpica feminina e possui circuitos internacionais em todo o mundo. O Projeto do Veleiros do Sul tem prazo de execução até abril de 2013, podendo ser prorrogado por mais um ano. O projeto conta com o patrocínio, através da Lei de Incentivo ao Esporte, das empresas Marcopolo,

Barcos da classe Elliott 6M são utilizados no treinamento de match race

Randon, Banrisul, Vipal e Ritter. O Núcleo de Vela de Alto Rendimento do Veleiros do Sul foi homologado em 2009 pela Confederação Brasileira de Vela e Motor. Dentre as suas atribuições estão os treinamentos de velejadores da Equipe Permanente de Vela Olímpica da CBVM, das tripulações Pan-americanas e de Vela Jovem. Possui uma estrutura com barcos, velas, material de apoio, e academia de ginástica, além de promover clínicas de treinamentos com técnicos e velejadores olímpicos.

AGENDA DO PROJETO Treinamentos práticos na água: Terças e Quintas feiras – das 14h às 18h Sábados e Domingos – das 9h às 12h Treinamentos físicos: Prof. Ariel, horários a combinar

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Meu Guri foi o vencedor da 4ª Copa J/24

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A bordo do barco campeão estavam velejadores de Optimist disputa foi bem apertada para a equipe do Meu Guri, que chegou ao final da competição com o mesmo número de pontos (9) do Iuca. Porém, o critério de desempate deu o título ao veterano comandante Boris Ostergren, 70 anos, que teve a bordo jovens velejadores, os optimistas Gabriel Lopes, Tiago Quevedo e Nicolas Mueller, e ainda na equipe o técnico Geison Mendes e Diego Quevedo. Eles venceram as duas regatas do dia de encerramento. O Iuca, comandado por Ronaldo Ruschel, começou bem a competição, chegou a liderar após as duas primeiras regatas, mas acabou na vice-colocação. O Bravíssimo, de Renato Plass, que também iniciou na frente, ficou em terceiro. A Copa teve no total quatro regatas realizadas nas raias de Ipanema e na baía do Cristal, em frente ao Veleiros do

Meu Guri aproveitou o vento leve no último dia 8

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Sul. O vento fraco predominou na competição e provocou atrasos na programação. No sábado a primeira largada foi com vento de direção sul e chegou aos 8 nós, limite de intensidade para todo o fim de semana. Na segunda regata caiu de velocidade obrigando o encurtamento do percurso de barlavento para três pernas. A organização resolveu antecipar as regatas para domingo pela manhã. A idéia era aproveitar o característico vento norte que acabou não vindo. Em seu lugar soprou um salvador sudoeste, que se restringiu à área em frente ao Clube, o resto era calmaria pura. A última regata largou próximo ao meio-dia com uma brisa leve, no entanto, caiu ainda mais de intensidade até sumir da raia e deixar as águas do Guaíba lisas como um espelho. A Comissão de Regatas foi obrigada a di-


Largadas mais tranquilas na baia do Cristal. No Vento Negro o leme ficou com Thiago Ribas, de 14 anos

minuir o percurso para apenas duas pernas, foi uma mini regata. Apesar dos barcos virem se “arrastando” na raia teve chegadas emocionantes com bicos de proa disputados. A Copa J/24 contou com a participação de oito barcos dos clubes Veleiros do Sul e Rio Grande Yacht Club. Ao final da Copa J/24 foi realizada a entrega de prêmios com um choripan no quiosque do guincho e a presença dos velejadores e familiares. O vice-comodoro esportivo Eduardo Ribas e o capitão da flotilha Cláudio Ruschel fizeram a premiação e anunciaram para junho a próxima Copa J/24, nos dias 16 e 17.

CLASSIFICAÇÃO 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º

Barcos se aglomeraram nas montagens. Iuca (BRA 33) foi bem, mas perdeu no desempate

Comandante Boris Ostergren Ronaldo Ruschel Renato Plass Lorenzo Medeiros Henrique Horn Ilha Thiago Ribas Walther Bromberg Alex Luiz

Barco clube pTS Meu Guri VDS 9 Iuca VDS 9 Bravissimo VDS 10 Di Lorenzo VDS 13 Diferencial RGYC 22 Vento Negro VDS 23 Sapeca II VDS 29 Tango VDS 31

Pódio da 4ª Copa com o capitão de flotilha Cláudio Ruschel

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Vela nas olimpíadas, o baile das classes segue

Por Nelson Ilha

O Kitesurfe entrou para os Jogos Olímpicos do Rio em 2016 e desbancou o Windsurfe

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ovamente, às vésperas dos Jogos Olímpicos, se discute as classes que estarão nos próximos jogos. Não bastasse nosso natural interesse pelo tema, somamos o fato de que seremos os anfitriões em 2016 no Rio de Janeiro. Como velejadores, nos parece claro e lógico que no evento de maior evidencia e importância, se use equipamentos de classes estruturadas com flotilhas atuantes e espalhadas geograficamente por todos os continentes, que abrangem o máximo de características no sentido de que toda e qualquer nação possa disputar em igualdade de condições as medalhas olímpicas no esporte da vela. Da mesma forma, nos parece inconcebível que justamente na celebração máxima do esporte se experimente mudanças de regras e conceitos. Mas, mudanças têm acontecido, a maioria de difícil entendimento. Somente para citar algumas que 10

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aconteceram mais recentemente, como a saída do Soling após 2000. Difícil entender, pois coincidiu com incremento de política da ISAF para desenvolver o Match Race e as finais do Soling em Sidney foi um dos eventos mais televisionados da vela naquela edição. A saída e posterior volta do Star, que mostrou a força de uma classe estruturada e atuante, espalhada por todos os cantos do mundo. A entrada do Yngling, um barco que poucos conheciam e com pouquíssima expressão mundial, totalmente inadequado para vela feminina. Posteriormente foi a saída do Tornado e com ele os multicascos, alijando grande parte dos velejadores que utilizam os catamarãs como equipamento para velejar. Por traz destas manobras sempre aparece o argumento que a vela esta para deixar de ser um esporte olímpico. Que se não houver mudanças profundas, não haverá vela no futuro.

A principal razão, segundo o COI, é a vela não dar retorno aos Jogos e a televisão. Quais as razões apontadas: • Regras e terminologia complicadas de entender • Regatas demoradas • Difícil de entender quem esta na frente, difícil televisionar e explicar ao telespectador. • Esporte de baixo apelo aos jovens (adrenalina). • Grande longevidade dos atletas de ponta • Grande dificuldade de comercializar as imagens de vela (poucos países compram). Com isso a vela tem um gráfico parecido com este, se comparado com outros esportes de bom apelo de mídia: Cada vez mais, quem financia o COI e as Federações Olímpicas Internacionais é a televisão. Portanto,


fácil de entender porque a ISAF trabalha para mudar o quadro atual. Incrível que quem decide estas mudanças em última instância é o Conselho da ISAF que é formado por delegados dos países e que também representam grupos. O Brasil tem um voto e representa o voto do Paraguai. Sempre me chamou a atenção como é feita a estratégia para que a votação se encaminhe no sentido dos interesses. Neste aspecto o estrategista é um maestro, sem dúvidas, pois consegue elaborar uma sequência intrincada de votações, onde acabam quase sempre se degladiando duas classes que já não interessam, ou uma fraca contra uma muito forte, preservando sempre as classes que não interessa que saiam. Voltando a política que está por trás das últimas mudanças, vemos que a intenção é mudar o gráfico, aproximando-o do gráfico dos outros esportes bem sucedidos nos Jogos. Cortar a classe Star que esta no topo da carreira dos velejadores, obriga que os ”heróis olímpicos” procurem algum equipamento que ainda possam se adaptar ou se aposentem.

Boletim de votação da ISAF RS:X e Kitesurfe Número de votantes: 36 RS:X : 17 - 47.2 % Kitesurfe : 19 - 52.8% Multicasco Misto Número de votantes: 36 Viper: 15 - 41.7% Nacra 17: 20 – 55.6% Abstenção: 1 Skiff Mulher Número de votantes: 35 29erXX: 14 – 40.0% RS900: 2 – 5.7% Mackay Fx: 19 – 54.3%

Mackay 49 FX será o Skiff feminino

Nesta linha, o Elliot também foi sacrificado. Barco fácil de ser velejado. Mesmo tentando estabelecer uma lógica, fica quase impossível

achar uma razão para a saída do Windsurfe para a entrada do Kitesurfe, talvez por ter se tornado o esporte que mais tem se expandido nos últimos anos em todo mundo.

As classes para os Jogos Olímpicos de 2016 estão confirmados como: Kitesurfe homens Kitesurfe da Mulher Dingue homens um tripulante - Laser Dingue mulheres uma tripulante - Laser Radial Dingue homens um tripulante (pesado) - Finn Dingue homens dois tripulantes - 470 Dingue mulher dois tripulantes - 470 Skiff homem - 49er Skiff Mulher - 49er FX Catamarã misto de dois tripulantes - Nacra 17 O MINUANO

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Vela brasileira na Olimpíada de Londres A equipe é composta por nove atletas e tentará ampliar as 16 medalhas olímpicas que a modalidade já deu ao País.

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a lista estão três atletas defendendo medalhas olímpicas, três campeões mundiais, cinco representantes em três classes entre os dez melhores do ranking mundial. Somados, os velejadores verde-amarelos têm experiência de 14 Jogos Olímpicos. O time é formado pelos tricampeões mundiais e atuais vice-campeões olímpicos Robert Scheidt e Bruno Prada, na classe Star, pela medalhista de bronze em Pequim-2008 Fernanda Oliveira, que velejará com a estreante Ana Barbachan, na classe 470 feminina, pelo campeão mundial de 2007 Ricardo Winicki, o Bimba, na classe RS: X, e pelo vice-líder do ranking mundial da classe Laser, Bruno Fontes, além de Patrícia Freitas (RS:X feminina), Jorginho Zarif (Finn) e Adriana Kostiw (Laser Radial). Como é comum nas Olimpíadas, a competição de vela não será na cidade-sede dos Jogos de Londres. As regatas estão marcadas para a cidade de Weymouth, na costa sul da Inglaterra. O local é a sede da Academia Nacional de Vela, o principal centro da modalidade no País. A disputa começa no dia 29 de julho e termina apenas no dia 11 de agosto, com a final do Match Race feminino. As medal races para as demais classes serão realizadas entre os dias 5 e 9 de agosto.

Equipe Brasileira de Vela: Classe 470 feminino Fernanda Oliveira (19/12/1980) e Ana Barbachan (15/08/1989) Velejadora gaúcha, Fernanda vai disputar sua quarta edição das Olimpíadas. Em Pequim/2008, ao lado de Isabel Swan, ela conquistou o bronze, a primeira medalha da vela feminina brasileira em Jogos Olímpicos. Em Londres/20012, ela velejará com nova parceira, a também gaúcha Ana Barbachan. As duas estão em décimo lugar no ranking mundial da classe 470 feminina, melhor colocação da carreira da dupla. Finn Jorginho Zarif (30/09/1992) Aos 19 anos, Jorginho é o mais jovem atleta da vela brasileira em Londres. Vindo de uma família de velejadores, ele ficou próximo da vaga olímpica em Pequim/2008, mas acabou em segundo lugar na seletiva nacional. Mais experiente, em 2012 ele não deu chances aos rivais. Campeão mundial júnior em 2009, é apontado como grande revelação da vela brasileira e já foi elogiado pelo tricampeão olímpico inglês Ben Ainslie. Laser Bruno Fontes (25/09/1979) O catarinense é o atual vice-líder do ranking mundial da classe Laser, após atuações regulares desde o ano passado. Os Jogos de Londres serão sua segunda experiência olímpica, após a estreia em Pequim/2008 em 27º lugar. Em 2012, seu melhor resultado foi o vice-campeonato na Semana Olímpica de Miami, nos EUA, etapa dos EUA da Copa do Mundo de vela da Isaf. 12

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Texto e fotos ZDL Comunicação

Laser Radial Adriana Kostiw (16/03/1974) Velejadora paulista, Adriana vai disputar em Londres sua segunda Olimpíada. A estreia foi em 2004, ao lado de Fernanda Oliveira na classe 470 - as duas terminaram em 17º lugar. Desde então, ela mudou para a classe Laser Radial. Conquistou a vaga para o Brasil no Mundial de Perth, em dezembro, e confirmou a vaga na seletiva brasileira, em Búzios, em fevereiro. RS:X feminina Patricia Freitas(10/03/1990) A windsurfista carioca é uma das atletas em ascensão da equipe nacional. Disputou os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, quando ficou em 18º lugar, e, no ano passado, garantiu a vaga olímpica para o Brasil no Mundial de Perth. Em 2011, ficou entre as 15 primeiras em todas as etapas da Copa do Mundo que disputou, incluindo um sexto lugar em Miami, nos EUA, e um oitavo em Medemblik, na Holanda. Na Semana Pré-Olímpica de Weymouth, no ano passado, foi a 11ª. RS:X masculina Ricardo Winicki, o Bimba (08/05/1980) Um dos maios experientes da equipe, Bimba vai disputar sua quarta Olimpíada. Ele foi campeão mundial em 2007 e chega aos Jogos de Londres após meses de preparação específica para as condições de Weymouth. Em abril, por exemplo, ele trouxe ao Brasil o português João Rodrigues para treinar em Búzios. Sua melhor participação olímpica aconteceu em 2004, quando ele foi o quarto colocado. Star Robert Scheidt (15/04/1973) e Bruno Prada (31/07/1971) Maiores estrelas da equipe brasileira, Robert e Prada chegam em grande momento à reta final para os Jogos de Londres. Eles acabaram de conquistar o tricampeonato mundial da classe Star, inédito no Brasil, e vêm de 12 títulos nos últimos 13 eventos disputados desde maio de 2011. Esta será a quinta Olimpíada de Scheidt, que já conquistou quatro medalhas (dois ouros e duas pratas), e a segunda de Prada, que levou uma medalha (prata). Em Weymouth, os dois vão defender o vice-campeonato olímpico conquistado em Pequim/2008. Árbitro de Regata Nelson Horn Ilha O árbitro gaúcho completará nos Jogos de Londres a sua quinta participação consecutiva como juiz de regata em Olimpíada. A primeira convocação feita pela Federação Internacional de Vela (ISAF) foi nos Jogos de Barcelona, 1992. Na raia de Weymouth será o único brasileiro entre os 25 juízes. O MINUANO

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O Legado da Volvo Ocean Race em Itajaí

Por Ricardo Navarro*

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Largada da sexta perna em Itajaí para Miami

á se passaram 38 anos desde que pela primeira vez veleiros se lançaram ao que era considerado na ocasião uma aventura rumo ao desconhecido, uma regata de volta ao mundo à vela. Hoje, dez regatas depois, aquilo que começou como aventura se transformou numa competição de alto nível técnico, de alcance mundial e a cada edição levando suas disputas, novidades e emoções a cada uma de suas paradas. E após partir, mudanças e transformações nem sempre antecipadas ou imaginadas. E isto não foi diferente nas seis vezes em que o Brasil esteve incluído no programa das regatas de volta ao mundo. É um ciclo que se repete a cada três anos, desde a expectativa inicial sobre a escolha das paradas, passando após pela longa, difícil e elaborada preparação até culminar com os poucos dias em que a cidade sede tem o

privilégio de se tornar o centro das atenções da vela mundial. Para o grande público que assiste ao espetáculo isto é a parte perceptível, mas aqueles que estão trabalhando atrás do grande palco sabem que é apenas a ponta do iceberg. Uma parada da Volvo Ocean Race trás consigo muito mais do que apenas aqueles poucos dias de beleza, velejadas e agitação na vila da regata. Os dias em que estão por aqui são o marco divisório, o ponto de inflexão entre o antes e o depois, não para a competição que segue, mas para o meio náutico local. Certamente que isto ocorreu em cada uma das seis oportunidades em que o Brasil esteve incluído. Mas nunca foi tão evidente como nesta edição de 2011-2012, já que pela primeira vez a parada foi realizada em uma cidade que até então não abrigara ne-


Regata do Porto

Vila da Regata que, estará aberta à população em geral que também é convidada. Em outras épocas não temos dúvidas que haveria a mesma iniciativa e também os mesmos competidores, pois o meio náutico ali sempre existiu. Mas as contribuições e mudanças da Volvo Ocean Race o tornaram mais atraente, mais capacitado e com algo mais a oferecer. E isto despertou o interesse da cidade, que hoje o acolhe em sua Vila, o recebe de braços abertos e lhe propõe uma parceria, numa caminhada seguramente com bom rumo. Novos e melhores tempos e que venha a próxima daqui a três anos! * Diretor de Operações Náuticas da parada da Volvo Ocean Race no Brasil e árbitro internacional de vela Fotos: Paul Todd/VOR/divulgação

nhuma competição de vela de nível internacional, uma ‘estreante’, assim digamos. E os que acompanharam toda a preparação viveram a parada e agora, como nós, eles continuam a observar os desdobramentos de sua realização, são testemunhas da contribuição que a Volvo Ocean Race tem para o meio náutico por onde passa. Poderíamos aqui falar das obviedades como a maior divulgação do esporte na mídia, o foco na cidade em nível mundial, a estrutura que ao final fica ou também da melhoria na qualificação técnica e profissional daqueles colaboradores, prestadores de serviço, voluntários, empresas e todos os demais que participam de sua realização. Isto não é pouco e deixa uma transformação, uma mudança definitiva, refletindo-se também na economia associada ao meio náutico. Mas a maior contribuição não é física nem econômica, mas sim de mentalidade e atitudes, de elevação da auto-estima coletiva tanto daqueles diretamente envolvidos como no público que acompanha o evento. Da euforia inicial da escolha, que rapidamente se transforma na dúvida sobre a capacidade de realizar, chegando ao momento final da satisfação pelo sucesso, da constatação de que se pode fazer, tão bem quanto, ou melhor, que as outras paradas, há um processo geral de mudança no meio náutico. Quantificar ou tentar apontar os fatos que comprovam estas contribuições toma tempo e espaço que esgotaria a pouca paciência que resta e acabaria com a curiosidade dos que ainda lêem este texto e aos quais agradeço. Prefiro em lugar disto contar um pequeno episódio, ocorrido esta semana quando ao abrir nossos e-mails nos deparamos com um convite recebido de Itajaí. Era de uma associação náutica local que auxiliou na parada, em conjunto com o porto da cidade que também fora um importante parceiro da VOR, convidava para uma regata de barcos de oceano, que será realizada em junho na cidade. Nada demais, seria apenas um evento local tentando trazer embarcações da região se junto com o Aviso de Regatas divulgado não viesse uma observação que logo chamou a atenção. Em letras maiores e destacadas do texto ali estava: a regata será disputada na raia da Volvo e após esta os participantes e seus barcos serão recepcionados na

Chegada do Puma em Itajaí, após vencer a perna mais longa da regata

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No Brasil a Regata promoveu a sustentabilidade e solidariedade

Vila da VOR recebeu milhares de pessoas durante a parada

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maior evento na história da cidade catarinense atingiu números expressivos. Os sensores eletrônicos da Vila da Regata contabilizaram o total de 281.420 visitantes nos 19 dias, quase o dobro das 150 mil pessoas previstas pelos organizadores. Entre os dias 20 e 22 de abril estiveram na Vila 84 mil pessoas, sendo que no dia da Regata do Porto, foi o de maior visitação: quase

O brasileiro Joca Signorini na despedida de Itajaí 16

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34 mil. E somando-se a estes números mais 50 mil pessoas que assistiram dos molhes e das praias a chegada dos barcos, a Regata do Porto e a partida para Miami, segundo estimativa da Polícia Militar. Dessa forma, o público total da parada foi de 331.420 pessoas. A parada da Volvo Ocean Race em Itajaí recebeu elogios dos velejadores e equipes estrangeiras da regata de volta ao mundo. O comandante do Telefónica, Iker Martinez, garantiu que foi embora com a sensação de que ficou pouco tempo. “Itajaí fez uma grande parada. Deixamos amigos na cidade e voltaremos. Vocês mostraram como se faz uma parada uma regata deste nível”. O CEO da Volvo Ocean Race, Knut Frostad, ressaltou que a organização do evento, em Itajaí, foi destaque nas últimas etapas da Volvo Ocean Race. “Itajaí deu um exemplo de como realizar um evento com ótima infraestrutura e organização. Esta é certamente a melhor parada da Volvo Ocean Race, desde que comecei a participar da regata há 20 anos”, garante Knut Frostad.


A Associação Náutica de Itajaí (ANI), organização sem fins lucrativos ligada à navegação, recebeu grande legado com a realização da etapa Itajaí da VOR. Além de ganhar uma nova sede e barcos da classe Optimist, a experiência adquirida no período teve grande importância para os alunos e dirigentes. Durante a parada foram discutidas questões ambientais importantes nas palestras e nas atividades correlatas à regata, ações foram feitas para mostrar que a sustentabilidade é o futuro. Os organizadores da Volvo Ocean Race ficaram encantados com algumas ações realizadas em Itajaí. Foi o caso do projeto VIP Solidário, que conclamou as pessoas a ajudarem entidades sociais da cidade em troca de uma credencial que dava alguns benefícios durante a visita à Vila da Regata. Os mutirões de limpeza do rio Itajaí-açu e das praias

Regata de Optimist durante a parada com barcos

da região coordenadas pela Keep the Oceans Clean (Mantenha os Oceanos Limpos), que retiraram 8 toneladas de detritos, também chamaram à atenção.

Publico tomou conta dos molhes para assistir a Regata do Porto

Regata termina na Irlanda em julho A parada da VOR no Brasil foi a final da quinta perna entre Auckland (Nova Zelândia) e Itajaí. O trajeto de 12 mil quilômetros teve como vencedora a equipe norte-americana do Puma com 19 dias, 18 horas, 9 min, na chegada a Itajaí, no dia 6 de abril. E logo depois, 12min19s, o espanhol Telefônica. Na Regata do Porto a vitória foi dos franceses do Groupama. Os portos da Volvo Ocean Race são: Alicante (Espanha), Cape Town (África do Sul), Abu Dhabi (Emirados Árabes), Sanya (China), Auckland (Nova Zelândia), Itajaí (Brasil), Miami (Estados Unidos), Lisboa (Portugal), Lorient (França) e Galway (Irlanda). A previsão do término da Regata é para o início de julho.

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OPTIMIST

Flotilha Minuano compete no Mundial e Norte-Americano ais uma vez o Veleiros do Sul está presente nas principais competições da classe Optimist. Os resultados obtidos nos campeonatos seletivos, Brasileiro e Brasil Centro de Optimist em 2012 evidenciam que o trabalho técnico desenvolvido na Flotilha Minuano tem proporcionado bom nível aos seus velejadores. Além de Thiago Ribas, que vai integrar a equipe brasileira junto a Leonardo Lombardi (Niterói), Rodrigo Luz (Rio de Janeiro), Gabriel Elstrodt (São Paulo) e Felipe Rondina (Brasília) no Mundial da República Dominicana em julho, o VDS terá Gabriel Lopes no Norte-Americano de Optimist, em outubro no México. Para Thiago Ribas, a vaga é o resultado da sua determinação. “Tudo começou na Escola de Vela Minuano, onde aprendi a velejar. No final de um ano de aulas fui ver o Campeonato Mundial de Optimist de 2006 em Montevidéu, decidi que também queria representar o país. Para chegar neste nível, o mais importante foram os treinos - quatro vezes por semana durante cinco anos, as clínicas com mais de dez técnicos brasileiros, uruguaios e argentinos (cada um tem uma dica relevan-

Flotilha Minuano na seletiva, Gabriel Lopes, Thiago Ribas, Geison Mendes (técnico) Ana Paula do Canto e Tiago Quevedo

te) e os 12 campeonatos internacionais que participei, sendo cinco da IODA (três NorteAmericanos e dois Sul-Americanos no Chile 2011 e Argentina 2012) e mais sete Semanas de Vela na América do Sul, sempre com mais de 300 barcos na raia, porque é importante aprender a largar com a linha cheia”, pontua. “Estou muito feliz com a classificação e por poder representar o VDS neste mundial, que será uma edição histórica, de 50 anos”, comemora Thiago.

Foto: Matias Capizzano/divulgação

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Além da classificação o Clube comemora a sua escolha como sede do Campeonato Sul-Americano de 2013

Depois de 16 anos o VDS volta ao Mundial com Thiago Ribas 18

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Gabriel irá pela primeira vez ao Norte-Americano


OPTIMIST

VDS volta a marcar presença nos Mundiais

Paulo Roberto Ribeiro (esq.) ao lado de Rita Richter

Ao garantir a vaga, Thiago Ribas entra para o seleto time de jovens velejadores que conquistaram espaço na competição que é um preview dos talentos da vela mundial. Mas ele não é o primeiro representante do Veleiros do Sul a marcar presença na competição. Em 1977 a Flotilha Minuano engatinhava e Paulo Roberto Ribeiro conquistava a chance inédita de velejar em outros pagos. O atual técnico da Confederação Brasileira de Vela e Motor da Classe 470 Feminino tinha 13 anos e foi o primeiro gaúcho a obter a classificação.

onde aprendi muitas coisas sobre regatas. O mundial foi na antiga Iugoslávia e fiquei em 53º, valeu para perceber que eu sabia muito pouco daquilo tudo”, diverte-se. “Naquela época era muito difícil conseguir melhores cascos, velas, mastreação e materiais, o que prejudicava quem não os tinha”, comenta o medalha de ouro da classe 470 nos Jogos Pan-Americanos de Caracas, em 1983. Não tardou muito para termos outro pupilo de Rita Richter classificado. Em 1980, aos 12 anos, Flávio Quevedo representou o Clube, desta vez em Portugal, onde acabou na 62ª posição. “Tive a chance de ir para o Mundial depois do brasileiro de Optimist, que ocorreu aqui no Clube. A experiência foi muito válida. Eram muitos barcos e tinha que velejar no mar com muita onda, foi bem difícil. Eu já era bem pesado e naquela época 50 kg era o limite de peso”, conta o vice-campeão mundial de Soling em 2007 e campeão sul-americano de Laser em 1990.

Renato Oliveira, melhor classificação individual

Flávio Quevedo

“Eu e os outros quatro primeiros no Brasileiro participamos de uma clínica de sete dias na Escola Naval do Rio de Janeiro,

Marcando o bom momento da flotilha Minuano, no ano seguinte (1981) foi a vez de Renato Oliveira, representar o Clube no Mundial realizado no Yacht Club Howh, na Irlanda. Renatinho ficou em 12º lugar, melhor classificação individual em mundiais até hoje obtida por um velejador do Clube. Estiveram presentes 120 optimistas. Foi o último mundial dele porque estava estourando a idade limite de 15 anos. O MINUANO

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OPTIMIST Dez anos depois, em 1991, o clube voltou a classificar um optimista entre os melhores do país e a conquista de Jimmy Koch foi maior. Junto da equipe brasileira o velejador foi campeão por equipes em Porto Carras, na Grécia. “Tinha 13 anos e lembro-me que a classificação para o Mundial foi difícil, pois o nível das seletivas era bem forte. A vitória brasileira veio porque o grupo era unido e também pela dedicação. Nós fizemos vários treinos juntos antes do Mundial, inclusive na Argentina, que na época contava com uma das melhores flotilhas de Optimist do mundo. O título por equipe na Grécia marcou a todos.”

Jimmy fez parte da equipe campeã mundial

André Streppel na ida para a África do Sul

Ainda na mesma década, André Streppel voltou a repetir o feito, indo para a África do Sul. O mundial testou a sua convicção na época. “Minha participação foi no mundial de 1996. Conheci alguns velejadores que reencontrei anos seguintes na classe Laser, foi minha primeira viagem para outro continente e minha despedida da classe fazendo um bom campeonato, terminei em 30°. Perdi muitas posições no último dia de regata e voltei para o Brasil com a certeza que podia ter feito melhor. Talvez por isso consegui fazer melhor na classe Laser. Hoje, aos 30 anos de idade, bato no peito com orgulho e penso “eu consegui”, se orgulha Bizú, vice-campeão do mundial de Laser Radial em 2001.

Transição complicada Reverenciada como grande formadora da vela, a classe Optimist também sofre com a evasão de velejadores. Uma série de fatores pode provocar nos optimistas, jovens em idade escolar, desinteresse pelo esporte. Pressão excessiva por resultados, perda da adaptação no barco com o crescimento, tudo pode acontecer já que o momento culmina com a fase mais delicada da vida, a adolescência. Aos 15 anos chega a hora de mudar de rumo. Seria uma boa metáfora se a fase não trouxesse tantas mudanças emocionais e fisiológicas para o velejador. 20

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Para o optimista que chega a um mundial é mais difícil, há a alegria de alcançar um grande resultado com sabor nostálgico por ter que deixar a classe em seguida. O apoio aos velejadores é fundamental. “Um mundial de Optimist é um marco na vida de quem já participou. Seja pela dificíl classificação alcançada ou pelo fato de estar entre os melhores jovens velejadores do mundo, da classe mais numerosa do planeta, é um momento muito especial. Ninguém se classifica sozinho para um evento deste nível. É incondicional o apoio da família, do clube


OPTIMIST e dos amigos”, diz Bizu. Um grande obstáculo para optimistas desta fase é a escolha de uma nova classe onde possam aprimorar o conhecimento obtido no pequeno optimist, um barco de medidas enxutas. A adaptação em outros barcos nem sempre é fácil. “Após o Optimist passei para o Pinguim e posteriormente para o Snipe. Na época tínhamos o Pinguim, mas hoje não há outra classe de adaptação, é mais complicado para quem vai sair do Optimist”, fala Flávio Quevedo. A cobrança por resultados melhores e maiores muitas vezes é definitivo para o optimista. O técnico olímpico Paulo Roberto Ribeiro observa que nem sempre é a vitória que traz a realização para o velejador. “Hoje temos muitas crianças que gostam de velejar, mas é impossível fazer bons velejadores fora de competições. Nem todas estas crian-

ças e pais estão preparados e cada criança é diferente. Cabe aos profissionais diagnosticar o time de cada criança para atuar onde for preciso, mas a favor delas sempre”. Ribeiro ainda completa que independente do perfil do optimista, a fase deve ser bem aproveitada. “Penso que podemos dar mais para estas crianças, aproveitar esta passagem pelo Clube e pela classe Optimist para for­mar além de bons velejadores, cidadãos, homens e mulheres de bem”. E para quem quer investir e voar alto na vela, tudo começa na dedicação. “Os pequenos velejadores que seguem competindo têm hoje disponibilidade dos melhores equipamentos, bons profissionais para formar, treinar e acompanhar esta gurizada nas competições de qualquer nível, ou seja, temos uma receita com muitas condições para vencer”, conclui Ribeiro.

Sul-Americano de 2013 será no Veleiros do Sul O Veleiros do Sul será o próximo Clube a receber o Sul-americano de Optimist entre 21 a 31 de março de 2013. O Brasil foi anunciado como sede no encerramento da edição de 2012, que ocorreu em abril no Club Náutico San Isidro, na Argentina, e teve como campeão o norte-americano Romain Screve. Representaram o Clube na cerimônia de encerramento o vice-comodoro esportivo do VDS, Eduardo Ribas e o gerente esportivo do Clube Odécio Adam. Para Eduardo Ribas, “o Veleiros do Sul sente-se feliz com a responsabilidade e a confiança depositada pela IODA por realizar um campeonato continental de uma classe tão representativa em número de velejadores e países, integrando diversas culturas e participando efetivamente da formação de jovens velejadores”. Após reunirem-se com o vice-presidente da IODA (Associação Internacional da Classe Optmist nas Américas) José “Quiño” Nigaglioni, Amneris Calle, secretária da IODA e com líder team Jônatas Gonçalves (CBVM), os representantes apresentaram Porto Alegre e o Veleiros do Sul aos countries representatives dos países participantes e distribuíram kits de boas vindas, montados com o apoio do Conventions Bureau de Porto Alegre.

Cerimônia de passagem das sedes em Buenos Aires

Esta última edição teve a participação de 163 velejadores de 17 países. Por ser um evento de grande porte, o Veleiros do Sul já está se preparando para receber as delegações em 2013. Conforme o comodoro do Veleiros do Sul Newton Aerts, será uma grande oportunidade para o Clube: “São aproximadamente 400 pessoas envolvidas no campeonato entre atletas e acompanhantes, ou seja, um dos maiores e mais importantes já organizados pelo nosso Veleiros do Sul, mostrando bem a dimensão da nossa representação no cenário nacional e internacional da vela.” O Clube ainda fará sua apresentação em reunião no Mundial da Classe Optimist, em julho. O MINUANO

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Confraria da música do VDS animou a noite dos anos 70

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proposta era reunir amigos e celebrar os anos 70, mas a festa Love is in the Air foi bem mais que isso. Cerca de 110 pessoas estiveram na noite de 13 de abril no Bar Náutico para ver a Confraria da Música do Veleiros tocar. Também conhecidos como The Pickles (uma paródia com os ídolos The Beatles) a trupe formada por Andreas Bernauer (contrabaixo), Grizo Farina (bateria), Henrique Ilha (gaita e vocal), José Ortega (violão e vocal), Plínio Fasolo (ou Sururu, teclados), Pérsio Bohrer (percussão), Roberto Nogueira (teclados) e Suzane Weck (vocal) foram prestigiados com um Bar Náutico lotado e empolgado que vibrou a cada música apresentada pela turma e dançou muito ao som do setlist de clássicos escolhidos cuidadosamente e muito ensaiados nas sextas-feiras, dia em que os músicos se reúnem. Tudo começou com o hit Love is in the Air, que deu nome a festa. Antes, o vicecomodoro social Eduardo Scheidegger Jr. saudou a todos e apresentou o grupo. Flávia Ilha Scheidegger presenteou as esposas dos músicos com um buquê de flores. Os chefs do Barcelos Gastronomia mais uma vez apresentaram um cardápio fabuloso e aprovado por todos. Mostrando agilidade e muita eficiência, além da qualidade de sempre que agradou os presentes. A festa ficou animada e outros músicos se uniram ao Pickles para dar uma canja, entre eles Norberto Bauldauf. A Confraria da Música Veleiros segue se reunindo todas as sextasfeiras por volta das 15h30min, no Bar Náutico do VDS. 22

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Noite dos Namorados

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ovens casais e eternos namorados comemoraram o amor na noite de 12 de junho no Clube. O salão social todo decorado com estilo adequado para o jantar romântico propiciou uma festa muito agradável que reuniu cerca de 130 pessoas. A noite também contou com a apresentação da banda The Pickles, da Confraria da Música do Veleiros.

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Pedalando com o vento

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dia 6 de maio não foi só dos barcos, mas também das bicicletas no 1º Passeio Ciclístico do Veleiros do Sul, promovido pela Escola de Vela Minuano. Associados e amigos compareceram ao evento inédito realizado na manhã de um domingo de temperatura agradável, com o céu alternando entre sol e nublado e convidativo para um passeio de bicicleta. A concentração foi em frente à varanda a partir das 9h30min quando também alguns participantes aproveitaram o momento para dar os últimos ajustes nas suas bikes. Próximo das 10 horas teve início à sessão de alongamento comandada pelo professor da academia, Jeferson Madruga. Após a preparação os ciclistas partiram fazendo primeiramente o percurso pelo pátio do Clube, semelhante ao trajeto da Rústica. Estavam presentes 63 pessoas de variadas faixas etárias. Pais e mães acompanhados de seus filhos, avôs e netos pedalando juntos. A turma saiu pelo portão da área leste, acompanhada pelo guia Guilherme Roth e seguiu pela Av. Guaíba, Av. Diário de Notícias, Beira Rio e pelo interior do Parque Marinha do Brasil. Neste local o grupo se reagrupou novamente e deram o inicio o caminho de volta até Veleiros do Sul. Na sede foram recebidos com uma mesa de frutas e água em frente à Copa.

Saída do Clube em frente a varanda

Ciclistas pedalando pelo Parque Marinha do Brasil

Percurso do Passeio

Passagem pelo Museu Iberê Camargo

Pessoal na Av. Diário de Notícias O MINUANO

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Homem ao mar

Por Lincoln Ganzo de Castro

Um cruzeiro entre Florianópolis e Rio Grande feito pelo veleiro Nômade de 30 pés em 1983 quase terminou em tragédia por um perigo que atormenta quem navega Dia “D” Lincoln! Lincoln! Acordo sobressaltado pela voz surpreendentemente forte que grita meu nome. Estava dormindo no beliche que chamo sarcófago de madeira, sob a bancada de bombordo do cockpit. Quando consigo pôr-me de pé, na cabine, e olho para a popa vejo que o Mauro largou a cana do leme, me encara e sem dizer uma palavra, dá meia volta, voa sobre o púlpito de ré e mergulha de cabeça no mar. Éramos quatro a bordo do Nômade, mas agora me vejo sozinho. Antes do Dia “D” Como pretendia partir o mais cedo possível resolvi que em vez de dormir em minha casa o melhor seria dormir no Nômade, já atracado na sede central do clube Veleiros da Ilha, em Florianópolis, e ali esperar minha tripulação que vinha de Porto Alegre pelo ônibus da meia-noite. Era verão de 1983. Iniciaríamos, tão logo eles chegassem, nosso programado cruzeiro para o sul. Dias antes já havia equipado e abastecido o barco – agora só faltava a tripulação. E minha tripulação era de três jovens que, somadas as idades, mal ultrapassavam a minha, que era então 53 anos. Dos três companheiros somente o Mauro já havia feito comigo o percurso Porto Alegre - Rio Grande – Florianópolis. Os dois outros, Carlos e Gean nunca haviam navegado no mar. Estavam, naturalmente, muito entusiasmados, ao ponto de quase não terem podido dormir no escasso conforto das poltronas do ônibus. Esta pouco significativa circunstância, acredito, teve também sua pequena parcela de responsabilidade no acontecimento que mais tarde se verificou. Sem incidentes navegamos todo o dia, havendo saído por Naufragados, na Baia Sul. No dia seguinte, creio que no meio da tarde, estava eu em meu quarto de descanso quando fui acordado por forte gritaria: “Agora é minha vez – Não, agora é minha, ainda não fui.” A disciplina dos quartos de 26

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guarda e descanso, que tentei implantar a bordo, estava indo para o brejo: meus três jovens tripulantes haviam lançado um cabo pela popa, mergulhavam no mar e, um de cada vez, surfavam a reboque do barco! Não quis diminuir o prazer que estavam tendo na navegação, mas achei conveniente intervir. Fiz-lhes ver que dois pés, deslizando silenciosamente à superfície da água, longe do barco, poderiam ser atraente isca para um pequeno caçonete e, mesmo que de leve, uma mordidinha poderia prejudicar o restante da velejada. Até mesmo uma escorregadela ao segurar um nó do cabo para reboque poderia significar desnecessária manobra de retorno e resgate. Não foi sem certa relutância que meus tripulantes desistiram da brincadeira. Mas minha tripulação estava de fato curtindo nosso cruzeiro! Quando estávamos defronte à Torres nos aproximamos da costa. Vendo a beira do mar cheia de banhistas meus companheiros sugeriram que eu ficasse sozinho a bordo, navegando de cá para lá, enquanto eles davam uma nadadinha até a praia para tomarem sorvetes e Coca Cola. Logicamente não concordei. No entanto, entusiasmados com a visão de garotas na água (eles, é claro), nos aproximamos demasiadamente da orla quase chegando ao limite em que as ondas começavam a enrolar. E foi por pouco! Essas ingênuas brincadeiras deixaram-me numa disposição leve para o que iria acontecer no dia seguinte. Dia “D” Lincoln ! Lincoln! Éramos quatro a bordo e agora me vejo sozinho – mas foi por poucos segundos. Também despertado pelos gritos do Mauro, Carlos acorda e sai da acanhada cabine de proa onde dormia – era nosso quarto de descanso. Imediatamente subimos ao cockpit. Ninguém a bordo! O barco está sem timoneiro e navega empopado, com spinnacker! Seria próximo ao meio-dia. Felizmente o vento não é forte e o Nômade, mesmo não sendo um full keel, tem um plano de resis-


tência lateral relativamente longo e mantém, em popa rasa, seu rumo, não atravessando ao vento. Os dois companheiros que estavam de quarto sumiram. Droga! Droga! Mais uma brincadeira de surfar e desta vez são dois que ficam no mar! Que droga! Creio até que, num flash, saboreei com prazer, a bronca que daria e o discurso crítico que faria ante a imprudência dos dois. Irritado, sim, apenas um pouco, mas em nada preocupado com a brincadeira. Ou, talvez, um nadinha. Mesmo surpreendidos pela necessidade daquela manobra imprevista (estávamos em cruzeiro e não passeando), conseguimos, Carlos e eu, rapidamente, porém com total tranquilidade, recolher os sessenta e seis metros quadrados do spinnacker. Baixamos também a vela grande. Sem lazy jack o convés fica caoticamente atapetado pelo velame. Aqueço o diesel por uns longos... longos segundos - faz bastante tempo que o motor não é exigido – mas finalmente ouço aquele ronco tranquilizador e meu fiel Westerbeck 25 HP dá a partida. Como vínhamos em popa rasa e agora deveremos inverter 180 graus, nem perco tempo em olhar a bússola - basta afilar ao vento para entrar no rumo certo de resgate - e é o que

faço. De imediato não vemos nossos banhistas, ou melhor, nossos naufragados banhistas. O tempo total exigido para a manobra de resgate – recolher velame, ligar máquina - interpôs, entre nós e os dois companheiros, várias cristas de ondas que nos impedem de vê-los quando entramos nas cavas. Mas pouco depois os avistamos à frente, no rumo onde esperávamos: bem à proa. Epa! - há algo errado! Não parecem estar nadando! O que estará havendo? Creio que foi então que principiei a perder a irritação dos primeiros momentos, pelo que julguei ser uma imprudência dos dois, e comecei a preocupar-me. Mauro está bem junto ao companheiro e, segurando-o pelos cabelos, mantêm-lhe a cabeça fora da água. Nos acercamos até tê-los junto à borda, à sotavento. Desligo o motor – há pernas no mar! Sim, há algo errado! Gean está sem ação – está desfalecido! Mauro tem dificuldade em mantê-lo à tona. No ponto em que estão, junto ao cockpit, a borda livre do Nômade é de 90 centímetros. Carlos e eu agarramos Gean pelos braços, inerte, e começamos a içá-lo. Apesar de sermos dois e Gean não ser pesado, não é fácil devido á oscilação do barco. Flutuando e sem apoio, Mauro nada O MINUANO

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pode fazer para auxiliar. Os cabos de aço do guarda mancebo dificultam a operação e tenho que desconectar o cabo superior, mas, mesmo assim, Gean foi deveras ralado nesses cabos. Geme e murmura qualquer coisa próxima à dor no tórax. Somente bem mais tarde compreenderei que a dor foi devido ao atrito com o guarda mancebo; porém agora a única coisa que me ocorre pensar é num problema cardíaco. Mauro, muito cansado, compreensivelmente nervoso e preocupado com o amigo, tem dificuldade em escalar o resvaladiço espelho de popa, naquele tempo ainda sem escada. Em um trinta pés, deslocando apenas três toneladas e meia, no balanço do mar, em árvore seca, descer um homem inerte à cabine, deitá-lo e imobilizá-lo num beliche, não é tarefa fácil. Mas conseguimos. Passado o primeiro impacto da imprevista situação pergunto ao Mauro o que houve, pois não tenho a menor ideia do que poderia ter ocorrido, e ele me conta. Estava no leme e pede ao Gean que, devido à força do vento, desmonte um cobertor que haviam fixado provisoriamente nos brandais e no estai de ré, como proteção contra o sol. Navegavam empopados e com spinnacker. Mauro, olhando à frente, atento às ondas à proa e Gean sobre o castelo de popa, retirando o improvisado toldo. Nisto, Mauro ouve um marulho mais forte, olha para trás e não vê o Gean a bordo! Inicialmente ele pensa numa brincadeira, mas, logo em seguida, vê o companheiro boiando na esteira do barco – não nada, apenas flutua! E na

Lincoln ao lado do seu fiel Nômade na marina no Clube 28

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posição da medusa - de borco e com o rosto debaixo da água! Grita por mim e, sem mais nada considerar, sem nenhuma vacilação, se lança ao mar – isto é o que fez em virtude do que viu. A atuação de Mauro foi decisiva e evitou que um simples cruzeiro recreativo se transformasse em tragédia. Num raciocínio fulminante compreendeu que Gean não teria caído ao mar por um mero acidente, pois nesse caso ele estaria nadando – mas não - ele apenas flutua, e com rosto submerso! Nessas condições uns poucos minutos a mais, sem respirar, poderiam ser fatais para seu companheiro. Mauro não se deteve em especulações sobre o que teria acontecido com Gean, não analisou nem temeu possíveis conseqüências – agiu – e imediatamente atirou-se ao mar ao encontro do companheiro. Ainda não havíamos içado as velas quando vemos a nossa frente, um pouco mais aterrado, o Igarazu, que também navega para o sul. Problemas na antena tinham deixado nosso rádio sem alcance suficientemente longo para pedir aconselhamento médico em terra e resolvemos contatar o Igarazu. Expusemos o acontecido bem como nossa suspeita de um ataque cardíaco. O Igarazu, com Mario Hoffmeister e Ferrugem a bordo, imediatamente vira de bordo e vem ao nosso encontro, orçando. Seu grande casco, quando vara a crista das ondas, salta, e parece emergir até meia nau! É uma visão impressionante! Advirto uma proximidade perigosa naquelas condições. Com vento pela popa, à máquina, sem velame, o Nômade oscila, bordo a bordo, ao sabor das ondas e temo por um possível choque de mastros se os dois barcos estiverem demasiado próximos. Mas o Igarazu manobra bem, e vem bem perto, cruza por nós velozmente e nos arremete um tubo fechado contendo uma medicação sub lingual que, em seguida, damos ao Gean. Nosso encontro termina ai. O Igarazu retoma seu rumo sul. Situação normalizada. Fizemos o que podíamos fazer no momento. Içamos os panos, cortamos o motor e também prosseguimos rumo sul. Depois do acontecido A navegação pelo resto da tarde, é claro, pareceu monótona e, aproximadamente às 21:00 estávamos defronte a Rio Grande. Após duas ou três saídas e entradas diurnas


nessa estreita barra havia prometido a mim mesmo que, se alguma vez chegasse à noite, não tentaria entrar. Ficaria navegando de cá para lá até raiar o dia – aí então investiria. Mas nem sempre se consegue cumprir as promessas e, desta vez, tinha um companheiro completamente apagado, dentro da cabine, há cerca de nove horas! Tivemos sorte. Céu limpo, noite clara de lua e mais: a lua estava exatamente no alinhamento do canal! A entrada da barra é um tapete de luz em toda sua largura – quase melhor que de dia! Investimos à vela e máquina e pouco depois de entrarmos, numa faixa de areia a leste da barra, lançamos âncora. O Gean acorda, surpreendentemente está bem e diz querer urinar, coisa que não faz desde que caiu ao mar. Levanto–o e o seguro sob os braços. Numa preparada garrafa de refrigerante ele urina, urina, e urina. E depois volta tranquilamente a dormir. Pela manhã levantamos ferro e navegamos até o Rio Grande Yacht Clube. Café e logo depois, Mauro e Gean regressam de ônibus a Porto Alegre. Tive notícia que em menos de uma semana Gean já regateava em Snipes, mas depois disso perdi contato completamente. Analiso agora o ocorrido a fim obter algum aproveitamento futuro. Gean trabalhava à noite em computação e havia intensificado esse trabalho para poder tirar uns dias de férias. Dormiu pouco no ônibus e talvez menos ainda no barco, não respeitando os quartos de descanso. E mais ainda: a brincadeira de surfar a reboque deve ter aumentado seu desgaste. Por comparação com algo que aconteceu a uma nadadora minha conhecida, que desmaiou enquanto nadava numa piscina, creio talvez que Gean, esportista jovem e forte, possivelmente estivesse no limite de uma hipoglicemia. O cansaço e ainda a falta de alimentação adequada fizeram-no apagar. Provavelmente esta interpretação não será correta do ponto de vista clínico, porém o certo é que o desgaste excessivo de um tripulante, quando voluntário, por falta observação ao descanso, sem respeito aos quartos, pode enfraquecer toda uma tripulação. Tripulação Um segundo ponto: o número de tripulantes. Em face do ocorrido no Nômade, se

fossemos apenas três, e não quatro, talvez o resultado não tivesse sido tão feliz. Claro que “Homem ao Mar” raramente ocorre. Tenho lido já um pouco sobre navegação, porém não lembro de algo sobre tal evento ocasionado por colapso físico e não por acidente. No entanto aconteceu comigo, que não navego muito. Mas existem eventualidades que basta ocorrerem apenas uma vez para já deixarem graves conseqüências – mais vale prevenir. Outro ponto: a escada de popa. Ate então julgava que a escada era apenas uma comodidade para brincar durante o banho de mar! A partir daquele incidente passei a considerar a escada de popa como equipamento absolutamente necessário à segurança de bordo e seu desdobramento deverá estar sempre desimpedido. Hoje essa escada está naturalmente incorporada aos barcos, porém acredito que mais como objeto de conforto do que por segurança. Creio haver lido algo sobre um trágico acontecimento por falta desse equipamento, E uma última consideração: se estivéssemos num veleiro com cockpit central Gean não teria chegado a Rio Grande – o timoneiro não teria notado sua falta tão rapidamente como aconteceu desta vez. Com a prudência e a sabedoria que me creditam meus cincoenta e três anos (na época) concluo: quatro é o número mínimo de tripulantes para uma navegação segura. Mas, passado um quarto de século, em maio de 2005, meu amigo Edson Cremer, veO MINUANO

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lejador profissional, está em Rio Grande e vai levar para o Rio de Janeiro, em solitário, um Delta 36 recém construído, conquanto ainda não completamente equipado. E me convida para acompanhá-lo, pelo menos até Florianópolis. Seremos apenas nós dois. Esqueço a experiência de acontecimentos e conclusões passadas – às favas com elas - e com a prudência e a sabedoria que me creditam meus setenta e cinco anos.... ACEITO NA HORA! Aceito na hora porque compreendo que não terei, no futuro, muitas oportunidades de navegar nesta nossa desolada e inóspita costa rio-grandense. E tome! Nordeste e chuva durante quase todo o percurso. Somos somente dois a bordo! Isto significa que cada um de nós, em seus quartos, navega em solitário exagerando um pouco! Edson, muito precavido, durante a noite, mesmo quando o quarto é dele, como resguardo contra sonolência, programa o despertador tocar a cada vinte minutos – e com isso, eu, no meu beliche, acordo – e conversamos. Afastados por muitos

anos temos muita conversa para por em dia. Por demais orçados avançamos em tremenda pancadaria batendo contra as ondas. Motor e apenas vela grande, o que ajuda a estabilizar. Além do castigo da chuva, densos borrifos do mar golpeado pelo casco, voam rápida e horizontalmente de proa à popa varridos pelo forte vento. No aberto, desguarnecido e totalmente desabrigado cock pit vamos sentados, um em cada bordo, com as costas apoiadas na retaguarda da cabine tentando obter um pouco de proteção contra toda aquela água que nos vem em cima. Ocorre-me relembrar ao Edson a piada do homem que, num dia de calor 40 graus, sob um sol inclemente, vai suado empurrando ladeira acima um pesado carrinho de sorvetes e gritando: “Ki Bom, Ki Bom, olha o Ki Bom”. Voltados para a popa, olhando agradecidos a roda do leme dirigida pelo invisível e eficiente piloto automático, sacudidos, mexidos, já um tanto cansados e bastante molhados, também nós gritamos: “QUI BOM, QUI BOM“!

Lincoln, 82 anos, no comando do Nômade no Velejaço Farroupilha em 2011 30

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O princípio físico do velejar Por Sergio Caetano*

Quem já viu uma vela içada sabe que ela é muito diferente de um pedaço de tecido chato. Quando bem cortada e costurada, possui uma forma (shape) parecida com uma gota d’água cortada ao meio. Mas, como esse triângulo de tecido curvo, que a maioria dos leigos imagina como um saco para pegar o vento, impulsiona o barco na direção que desejamos? A idéia de que “o vento bate e empurra o veleiro” só é verdadeira quando velejamos a favor do vento (popa rasa). Em todas as outras situações devemos regular (trimar) nossas velas para que o ar possa fluir suavemente pelos dois lados de sua curvatura. O fluxo de ar em volta do pano curvo da vela cria uma zona de baixa pressão no lado externo da vela para a qual o veleiro é sugado. Fica mais fácil visualizarmos como isso acontece se imaginarmos duas linhas de bolas de ping-pong voando aos pares. Quando essas linhas de pares de bolinhas chegam na frente da vela (testa) os pares se separam, uma linha de bolas corre pelo lado externo da vela e outra pelo seu lado interno. Para que os pares de bolas se reencontrem na saída da vela (valuma), as bolas do lado externo devem aumentar sua velocidade enquanto as do lado interno devem desacelerar. As bolinhas de fora se afastam uma das outras e as de dentro se agrupam, resultando em um maior número de bolas por centímetro quadrado de área vélica na parte interna da vela (maior pressão de ar) e um menor número de bolas por centímetro quadrado de área vélica na parte externa da vela (menor pressão de ar).

Podemos também imaginar o fluxo de ar como duas colunas de soldados marchando lado a lado. Para se manterem aos pares ao se aproximarem de uma esquina (curvatura da vela), os soldados do lado externo da curva devem acelerar o passo e se afastar um dos outros, enquanto os do lado interno da curva devem diminuir a velocidade e ficar mais próximos.

Substituindo as bolas e os soldados pelo vento, teremos uma maior quantidade de moléculas de ar por centímetro quadrado de área vélica na parte interna e, conseqüentemente, uma pressão de ar maior na parte interna do que na parte externa da vela. É essa diferença de pressão que gera a força que impulsiona o barco. Essa força é muito parecida com a força gerada na asa de um avião, sendo que no avião a força é predominantemente vertical e no veleiro horizontal.

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Vamos chamá-la de força de sustentação (Fsu) e, por razões didáticas, vamos decompôla em duas componentes menores, perpendiculares entre si, que chamaremos de força avante (Fav) e força adernante (Fad). A força avante impulsiona o barco para a frente enquanto a força adernante impulsiona o barco para os lados e o faz inclinar (adernar). Como a força de sustentação se estabelece em uma direção quase que perpendicular à linha que une testa (frente) e valuma da vela (parte de trás), podemos pensar que um veleiro no contravento — quando as velas devem se situar próximas da linha central da embarcação (linha proa-popa) — vai andar mais para o lado do que para a frente, uma vez que a força adernante é maior que a força avante. (veja FIGURA 4)

Isso não ocorre porque o casco e principalmente a quilha de um veleiro bem desenhado fornecem resistência a esse movimento lateral e, numa certa dimensão, transformam a força adernante num componente avante. O vento empurra o veleiro para um lado e a água reage empurrando-o de volta, o resultado é um movimento para a frente. (Veja FIGURA 5) 32

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Infelizmente, no contravento nem toda a força adernante pode ser absorvida pela quilha do veleiro, essa força residual se manifesta num certo movimento lateral (abatimento) e na inclinação do veleiro. Quanto mais eficiente for a quilha e o casco, menor será o abatimento e o adernamento da embarcação. E aqui se dissipa mais um tabu: o de que um veleiro adernado (inclinado) é mais rápido. O veleiro aderna pois não foi possível absorver toda a força adernante e transformá-la em forca avante. Adernar é um mal necessário. Velejar com o vento mais próximo do través da embarcação (perpendicular à linha proa popa) é mais tranquilo. Nesta situação, as velas estão mais folgadas (afastadas da linha propa popa) e a quilha consegue anular totalmente a ação da força adernante. (Veja FIGURA 6)


Quando o vento se estabelece um pouco para trás do través, as velas adquirem sua eficiência máxima e o veleiro sua velocidade máxima. (Veja FIGURA 7)

2. Corretamente trimada — Aqui as velas estão trabalhando com eficiência máxima, o fluxo de ar não é interrompido nem quebrado. 3. Muito caçada — Esta é a pior situação, quando as velas estão mais próximas da linha central do veleiro do que deveriam ou o barco está sendo timoneado muito longe da linha do vento. Neste caso, as velas produzem pouca força avante e uma overdose de força adernante, o barco carangueja, aderna em demasia e sofre um stress desnecessário para o qual ele não foi projetado. Para evitar que isso aconteça é sempre bom dar uma folgada nas velas para checar se elas não estão muito caçadas.

Quando o vento se situa exatamente pela popa da embarcação (popa rasa) o ar não flue por ambos os lados da vela e esta se comporta como o saco de vento que os leigos imaginam. Isto está longe de ser a situação ideal, a expressão “velejar de vento em popa” foi cunhada para a situação do paragráfo anterior. Toda essa teoria funcionará se as velas estiverem bem trimadas, isto é, reguladas corretamente para o vento do momento. Teremos então um fluxo de ar livre e desimpedido em ambos os lados da vela. Caso isso não ocorra, o ar se descolará de um dos lados da vela, os pares de soldados não permanecerão lado a lado e os pares de bolas de ping-pong não se encontrarão na valuma da vela. Na prática existem três possibilidades para a regulagem das velas. 1. Muito folgada — Nesta condição, ou as velas estão muito mais distantes da linha proa-popa da embarcação do que deveriam ou o barco esta sendo timoneado muito próximo da linha do vento. O resultado é que o fluxo de ar se “quebra”, particularmente no lado externo da vela (sotavento), e a valuma da vela bate (paneja).

Em regatas, a atenção à trimagem das velas é constante e orientada para a busca de velocidade. Já, na vela de cruzeiro, a vigilância à regulagem das velas depende das circunstâncias e da experiência do capitão e da tripulação. É necesseario fazer um compromisso entre conforto, segurança e velocidade. Com o tempo, o trimar das velas passa a ser um ato natural. O simples pensar em turbulência nas velas a poucos centímetros do convés, aonde tudo deveria ser harmonia e prazer, é motivo para tirar o sono de qualquer marujo que se preze. *Formado em geologia, é skipper profissional e instrutor de Vela. O MINUANO

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Quantum Keywest 2012, Melges 32

Por Daniel Glomb

Foto: Tim Wilkes

Brasil ainda está distante dos circuitos internacionais da classe Oceano

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Brasileiros enfrentaram o desafio de correr numa das principais competições da vela oceânica na Flórida

ob o comando de Dario Galvão, estive ao lado dos velejadores do Veleiros do Sul, Manfredo Flöricke e Fred Sidou, mais os santistas André Ubinha, Rafael Gaglioti e Henrique Gomes, participando na classe Melges 32 da semana de vela de Key West – QUANTUM KEY WEST, uma das principais competições de barcos de oceano que existe, realizada na Flórida-EUA anualmente em janeiro. Nossa empreitada foi muito rica em aprendizado, mas por outro lado preocupante por ver que o Brasil está muito distante do “circuito”, sem a difusão de classes internacionais, com barcos defasados, a exceção do S40. Em outras palavras, não temos um pro-

jeto bem definido para o nosso esporte e o profissionalismo é exceção por aqui, trazendo perspectivas que não são das melhores no longo prazo. A classe Melges 32 é uma classe internacional, hoje a principal da vela oceânica, com adeptos em todos os continentes salvo a América do Sul, com equipes que realizam trabalho profissional, embora haja limitação de três profissionais por tripulação. Além disso, é um barco veloz, que veleja facilmente acima dos 20 nós nos folgados. É atualmente o que foi o Farr 40 anos atrás, ou seja, com flotilha que veleja em altíssimo nível com a presença de alguns dos


Foto: www.ingridabery.com

principais velejadores do mundo entre as tripulações. Lá estavam, por exemplo, Ed Baird, timoneiro campeão do América´s Cup pelo Alinghi e eleito melhor velejador do mundo em 2007, Eric Doyle campeão mundial de Star e integrante da equipe BMW Oracle, Lorenzo Bressani, multi campeão mundial e frequentemente indicado ao premio de melhor velejador do mundo pela ISAF, citando-se de forma exemplificativa sem qualquer exaustão. Aliando todos esses fatores, certamente a classe não só continuará expandindo-se como estará bem frequentada e nos holofotes por alguns anos. Conseguimos organizar a nossa viagem com menos de um mês de antecedência do evento, por iniciativa do Dario Galvão, um dos maiores empresários do Brasil, que anos atrás comandava o barco Cristabela e que migrou para a classe HPE 25, não só pela procura de um desafio tecnicamente maior, mas também por entender que nem sempre as regatas de oceano que dependem de um rating sejam a forma mais honesta de disputa. Dentro desse raciocínio, seguindo a tendência de velejar pelo bico de proa em detrimento de correções em planilhas de excel e outros programas obscuros, surgiu o interesse em experimentar aquele que seria o maior desafio no momento, velejar de Melges 32, que pelo elevado nível técnico pode agregar, no mínimo, grande aprendizado. Organizada a viagem estabelecemos como objetivo terminar o evento sem que fossemos a tripulação de pior rendimento, pois estávamos cientes que enfrentaríamos inúmeras dificuldades pela ausência de treino, total desconhecimento do barco e pelo pouco tempo que teríamos para tentar aprender o que fosse possível antes do início do campeonato. Pois bem, chegamos aos Estados Unidos com três dias de antecedência do evento. Nas três oportunidades em que foi possível treinar, ventos médios de 20 a 25 nós, que não são os mais indicados para começar, especialmente em um barco rápido, mas estes dias foram de grande valia, pois embora nosso início tenha sido na parte de trás da flotilha, estávamos velejando desde logo junto do “bolo”. No curso do campeonato fomos me-

Na tripulação do Melges (077) estavam os velejadores do Clube, Manfredo e Sidou

lhorando, passamos a velejar em posições intermediárias e finalmente, no último dia, conseguimos brigar pelas primeiras posições finalizando a penúltima regata do campeonato na 5ª posição após ter montado o primeiro contra vento em segundo lugar, cumprindo assim o nosso objetivo de ter evoluído ao longo do campeonato e ter deixado o evento com rendimento melhor que algumas equipes mais experientes na classe. De positivo, além de uma velejada sem igual que o barco proporciona, trouxemos a imagem que embora o nível da classe seja alto, muito superior ao que estamos acostumados por aqui, é possível andarmos na ponta no médio prazo. Não existe “bichopapão”, não há mágica. Como preocupação, todavia, retornamos com a certeza, que não é de hoje e que não deve ser alterada no curto prazo, que o Brasil está na contramão da vela mundial, pois a ausência de classes internacionais de alta performance por aqui, nos afasta a possibilidade de velejar lado a lado com os melhores velejadores do mundo. Assim, cenário perfeito seria velejarmos de Melges 20 ou 24 ao invés de HPE 25, Melges 32 ao invés de S40 ou Carabeli 30, Moth ao invés de Snipe e assim por diante. Espero que com o passar do tempo nossa filosofia seja alterada para que oportunidades como esta sejam cada vez mais frequentes para outros velejadores, pois somente assim diminuiremos a defasagem que existe em nosso esporte com relação aos principais pólos da Vela Mundial. O MINUANO

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CLASSE OCEANO

C’est la vie é bicampeão da Regata Porto Alegre – Pelotas

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barco C’est la vie, do comandante Henrique Dias, foi o vencedor pela segunda vez consecutiva da Regata Porto Alegre – Pelotas, disputada entre os dias 27 e 29 de abril. A prova de 120 milhas de distância largou na sextafeira (27) às 20h40min em frente ao Veleiros do Sul. O C’est la vie foi o primeiro a cruzar a linha de chegada às 00h39min10 da madrugada de domingo, montada entre a bóia nº 80 (S 31º41,55 e W 051º 55,80) e a bóia nº 83 (S 31º 41,67 e W 051º55,76) na entrada do Canal da Feitoria, na Lagoa dos Patos. O segundo barco a chegar foi o Rigel, do comandante Ari Vilasboas, do Veleiros Saldanha da Gama, às 8h19min da manhã. O comandante Henrique Dias contou que a maior parte do percurso foi tranquila para navegar e lamentou a baixa participação no evento: “Na saída do Guaíba pegamos

calmaria, já na lagoa, deu quase de tudo um pouco, vento de direção leste, rondando para nordeste e oeste, com intensidade média de 11 a 12 nós. Demos até algumas balonadas. A pior parte foi quando nos aproximamos da entrada do Canal de Feitoria. Estávamos cerca de três milhas da chegada quando o vento sudoeste entrou e chegou a intensidade de 27 nós. Duro mesmo foi seguir pelo caminho até o Saldanha da Gama, em Pelotas”, contou Henrique Dias, que teve no seu barco de 30 pés os tripulantes Vilnei Goldemeier, Roberto Bortolaso, Rodoldo Streibel e Carlos Bombardelli. A Regata Porto Alegre – Pelotas teve apenas quatro barcos inscritos. Os veleiros Meianoite, de Guilherme Staub, e Barlavento, de Fernando de La Rue abandonaram a regata no trecho entre o Guaíba e a Lagoa.


A histórica Ponte de Pedra do Riacho

Por Augusto Chagas

Lembranças de um cenário fluvial da cidade que a modernidade apagou no tempo

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ponte de pedra substituiu uma primitiva ponte de madeira erguida quase no mesmo local por volta de 1825. Várias vezes reconstruída em razão dos estragos causados pelas enchentes e pela deterioração natural da madeira, foi fechada ao trânsito em março de 1848, altura em que já estavam quase finalizadas as obras para uma nova ponte, mandada edificar já em 1846 pelo Conde de Caxias, presidente da província. Foi construída de alvenaria de pedra, sendo inaugurada também em 1848. Na margem esquerda, a jusante da ponte, havia uma área com terra, que, inclusive abrangia, com a água normal, a parte de baixo do arco, daquele lado. Embaixo deste arco vivia, com a mulher, um ex-marinheiro que havia perdido uma perna ao cair de um mastro de um veleiro sobre um cunho de madeira. Vivia de pequenos trabalhos de carpintaria que executava em barcos que ali atracavam, bem como do aluguel de um ou dois caíques que tinha. Este senhor cuidava de um veleiro cabinado que ficava atracado ali. Numa noite de inverno, começando uma enchente ele e a mulher se abrigaram no veleiro. Nessa noite ele teve uma hemoptise e morreu dentro desse barco. Havia sangue por toda a cabine, a mulher desapareceu e pelo que se ficou sabendo o dono do barco não quis mais saber dele dando de presente. Um pouco mais para baixo havia um barco, atracado em um pequeno trapiche, sobre

Ponte de Pedra que cruzava um dos braços do arroio Dilúvio

o qual havia um galpãozinho com telhado de zinco. O barco pertencia ao seu Otávio que era garçom de um bar, na Rua Voluntários da Pátria. O bar era o famoso Café Aliança. Ele vivia no barco e também tinha alguns caíques para alugar. Este barco maior, onde morava seu Otávio com o tempo começou a apodrecer e a fazer água. A solução na época era ir pondo pó de cimento, onde começava a haver infiltrações Com este processo e mais algumas floreiras que foram acrescentadas nas bordas o mesmo começou a ficar bandoleiro e a querer virar. Foram postos, então dois mortos de cimento de cada lado do barco para, por meio de correntes não deixar adernar. Estas correntes tinham que ser tesadas ou afrouxadas, conforme o riacho subisse ou baixasse. Para se descer neste terreno havia uma escada de madeira pregada em uma enorme figueira, que nascera bem junto ao paredão. Este era o cenário em que se reunia a gurizada que gostava de barcos. Ali também se reuniam as pessoas ligadas O MINUANO

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às artes marinheiras, havia um carpinteiro de ribeira, seu Antônio, cego de um olho que tinha uma quantidade enorme de ferramentas, mas o que mais admirávamos era uma mala de madeira com uma coleção de ferros de calafetar mostrando o grau de especialização que ele tinha. Para poder remar nos caíques sem ter que alugá-los estávamos sempre dispostos a ajudar em qualquer coisa. A gente ajudava a pintar os barcos, calafetar e fazer pequenos reparos. O melhor, porém era quando as pessoas que alugavam os barcos para passear pediam que a gente fosse junto para remar. Subia-se o próprio Dilúvio, até deixar bem para traz a ponte de ferro, que havia bem no começo da Avenida Getúlio Vargas, nessa ponte também passava o bonde Menino Deus. Este Riacho, nome pelo qual também era conhecido, tinha uns 20 quilômetros de extensão pois nascia na Lomba do Sabão, no município de Viamão. Passava atrás das casas da rua João Alfredo e nas ruas que o atravessavam tinham pontes de madeira. A gente chegava remando até mais ou menos à altura da Rua Santana. As margens do Arroio Dilúvio à jusante da Ponte de Pedra eram todas calçadas com pedras regulares, iguais às do Cais do Porto, com abitas para serem amarradas embarcações e escadas para se chegar até ao nível da água. Na confluência do arroio com o rio Guaíba, o paredão fazia uma curva, com pedras arredonda-

Os pilares de pedra grés hoje estão submersos tirando a beleza e o equilíbrio da obra 38

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das, fazendo com que o acabamento ficasse perfeito. Tudo isto foi aterrado, a confluência do arroio com o rio, hoje fica mais ou menos onde é o Colégio Parobé. A ponte, talvez o mais bonito monumento de Porto Alegre, foi afogada, pois o nível do lago que puseram lá corresponde a um Guaíba quase da altura da Avenida Washington Luiz, quer dizer, dia de enchente com a água atingindo os pátios das casas e quase subindo nas calçadas. Alem do mais, os pilares, de pedra grés trabalhada, ficaram totalmente submersos, tirando a beleza e o equilíbrio da obra. Próximo à Rua Espírito Santo, atravessando o arroio, havia a Ponte de Ferro, uma ponte ferroviária, pois junto à margem esquerda ficavam as oficinas e garagens dos carros motores da Viação Férrea. Havia máquinas para triturar carvão e um enorme mecanismo para girar os carros ou locomotivas para que pudessem voltar pelos mesmos trilhos, sem ter que fazer uma volta muito grande. Este era outro prazer da gurizada, fazer girar uma locomotiva ou um carro motor, dentro daquele mecanismo, movido a força de braço, para descanso dos ferroviários. Passando a ponte ferroviária, na margem direita do arroio havia um depósito de areia e cascalho que se chamava Navegação Progresso. Ali atracavam barcos e chatas para carga e descarga de materiais para construção. No verão a gente tomava banho e brincava de pegar, subindo nas chatas e na ponte e nos jogando no arroio, muitas vezes, para não ser “pego”, até de cima do arco da ponte. Hoje, me dou conta dos perigos que havia nestas brincadeiras e da competência dos nossos Anjos da Guarda, pois não me lembro de ter havido qualquer acidente com algum de nós. O arroio não devia ser muito sujo ou contaminado porque ninguém ficava doente por tomar banho nele, mesmo mais a montante onde talvez ele fosse mais poluído. Pescávamos muito, cada um tinha seu ponto predileto, mas o resultado nunca era milagroso. Uma vez o vovô Roberto resolveu nos ensinar a pescar. Começou com a confecção da linha de varejo (de varejar, atirar com a mão), que era como se chamava a linha. Compramos carretéis de linha de costura e passamos dias torcendo fios para fazer


um mais grosso e resistente. A chumbada também foi fundida segundo com as especificações dele, mais pesada do que a que usávamos e com um furo no meio que era para a linha correr dentro e o peixe ser fisgado na hora certa. Foi marcada a data e a hora, inclusive o vovô havia pedido licença para pescarmos na Navegação Progresso. Na noite da pescaria, pegamos primeiro um lambari para servir de isca num anzol que achávamos ser grande demais. Logo na primeira atirada, fisgou uma enorme traíra, muito maior do que as que estávamos acostumados a ver. Com isto o vovô deu por encerrada a lição e mandou que tentássemos a nossa sorte que nunca foi a mesma dele. Não foram muitas as vezes que pescamos com ele, mas a gurizada sempre se lembrava do tamanho do peixe e da rapidez com que foi pescado. O seu Otavio, um dia comprou um macaco de um marinheiro nordestino, tripulante de um navio de passageiros que atracara no porto. Ele viera até o arroio remando em um caíque, carregado de cocos. Levávamos muitas vezes o macaco à Coroa dos Bagres para banhá-lo e era uma farra, depois, tentar pô-lo no caíque na hora de voltar. Quando o rio baixava muito ou a boca do arroio ficava muito assoreada as embarcações que queriam sair, costumavam ser puxadas para fora por meio de cabos de aço ou correntes que prendiam em um enorme toco que havia sido cravado para dentro do rio em um lugar com fundura suficiente para que elas flutuassem bem. Quando o Colégio Parobé foi mudado para o prédio que hoje ocupa na Avenida Loureiro da Silva, eu era dentista do Ensino Técnico atendendo naquela escola. Bem no meio do pátio interno, onde os alunos jogavam futebol havia um toco que sobressaia da terra um metro e meio, mais ou menos. Primeiro o professor de educação física botou os alunos a puxarem o toco, sem nada conseguir, depois um professor que tinha um Jeep com tração nas quatro rodas ofereceuse para, rapidamente arrancar o toco. Nada. Chegou então um caminhão para ajudar e nada. Tentei lembrar que toco poderia ser aquele. Passado uns dias me dei conta que era o toco que servia para desencalhar as embarcações. Eu tinha uma fotografia, de um barco

Canoeiros junto à ponte do riacho

meu, o Iponá, velejando do lado dele. A única solução seria abrir um buraco em torno e serrar, o que foi feito. No meio do pátio do Parobé está enterrado o que restou do toco, mais um pedaço do passado da cidade que desapareceu. Um passeio muito desejado era tomar banho no “Baixio”, nome com o qual se designava a Coroa dos Bagres que ficava próxima à Ponta da Cadeia, se estendendo rumo sul. Corria mais ou menos paralela ao canal. Era um banco de areia, mais ou menos grande, principalmente com água baixa. De lá se via toda a cidade baixa e jamais se poderia imaginar, naquela época, que aquela baia tão grande e bonita pudesse ser um dia aterrada. Uma noite de inverno, muito fria, em que entrara, sem muito aviso um forte vento sul, o rio subiu mais rápido do que comumente. Seu Otávio, que dormia em um catre que ficava embaixo do castelo de proa e que segundo uns, para esquentar o corpo havia tomado uns tragos a mais do que o comum, não se acordou com os gemidos do barco, quando as correntes começaram a esticar mais do que deviam. O rio foi subindo, a carga nas correntes foi aumentando, até que uma delas não aguentou mais e partiu, fazendo com que o barco virasse, com seu Otávio dormindo. O MINUANO

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O arroio Dilúvio começou a ter seu percurso modificado em 1937 e a ponte perderia sua função

Como ele escapou ninguém sabe, pois a escotilha que tinha na proa era muito pequena para poder ser usada numa situação destas. Deve ter sido o santo que o ajudou, pois jamais deixava de derramar um pouquinho do que fosse beber para ele. Foi muito triste ver o barco virado, quase todo afundado e avariado daquele jeito. O negócio era tentar salvar o que desse antes de tentar uma recuperação. Era um dia muito frio, por isto nos revezamos nos mergulhos para salvar o que desse. Recuperamos quase tudo. Alguém conseguiu uma talha diferencial na Garagem Rimoli, que ficava quase em frente, na outra margem. Com cabos de aço e correntes presas na proa do barco e em um poste que ficava junto ao paredão começamos a trabalhar a talha, tentando puxar o barco para terra. Fomos esticando, esticando, e o barco sem se mexer. Lá pelas tantas, a tensão foi grande demais e o barco partiu-se em dois, com a parte da proa quase voando em cima dos que estavam manobrando a talha. O barco estava podre demais para ser consertado ou para se aproveitar alguma madeira para fazer outro. O nome do barco, agora me lembro, era 40

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Tibiriçá e o dos caíques que eram para alugar, todos, também começavam com T: Tamoio, Tupi, Tapajós, Tapuia, este último mais tarde foi comprado por mim. Lembro que subia o arroio remando, até onde dava e depois, aproveitando o vento leste descia até a ponte. Nele pusemos um mastro de taquara com estaiamento, de arame de estender roupa, e velas, a mestra de uma cortina velha e a buja de uma toalha de mesa. Foi o nosso primeiro veleiro. Mais tarde o levei para o Lago da Redenção para nos ajudar com os modelos de barco a vela nas competições que lá se realizavam. Acabei vendendo para o arrendatário para ser alugado. Voltando ao barco do seu Otávio, algum tempo depois ele começou a fazer outro para substituir o Tibiriçá. Seria um barco maior, com a idéia de poder fazer transporte. Enquanto se ajudava a construir o barco a gente imaginava viajar nele para muitos lugares. O casco chegou a ficar pronto mas acabou sendo vendido, incompleto pois a obra era muito cara e seu Otávio não tinha dinheiro para tanto. A ponte de estrada de ferro era baixa, pois os trilhos tinham que ficar no nível da


rua de maneira que barcos com obras vivas altas não podiam passar, mas a maioria dos barcos que subiam além dela eram barcos com cargas de lenha ou hortigranjeiros que vinham das ilhas de modo que, realmente não oferecia obstáculo maior à navegação. Uma vez, um barco que estava à montante da ponte, quando terminou de descarregar, já não conseguiu passar de volta, pois a água tinha subido. O dono do barco, que não tinha ajudante ficou desesperado, pois não poderia voltar para casa em uma das ilhas do outro lado do rio. Estava levando para casa comida que tinha comprado e se a água continuasse alta ficaria preso por muito tempo. A gurizada toda que estava pescando começou a ajudar a empurrar o batelão para tentar passar por baixo. Nos demos conta que se trouxéssemos mais gente o barco poderia baixar um pouco mais e passar. Saímos correndo, cada um para um lado a procura de mais gente. Mesmo assim não deu, aí surgiu a idéia de pormos água

para dentro até chegar à altura necessária. Nova correria, desta vez para se conseguir baldes. Com os baldes fomos pondo água para dentro do porão até que o barco desceu o suficiente para passar. Depois, foi só esgotar a água do barco para que ele pudesse seguir viagem. A maioria dos barcos não tinha motor, eram movidos a remo ou a vara. Os remos eram cruzados, isto é, os cabos se cruzavam na frente do remador, que remava em pé, virado para a proa da embarcação de modo que a mão direita pegava o remo de bombordo e a esquerda o de boreste. Quando o barco era empurrado com varas dizia-se que estavam varejando, mas o normal era varejar quando a profundidade permitia e remar quando as varas não alcançavam o fundo. Esta ponte, este lugar, faz parte de um passado que cada vez mais se distancia e vai sendo apagado como se não tivesse acontecido.

A ponte transformada em monumento urbano em 1979 ganhou um espelho d’água no Largo dos Açorianos O MINUANO

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PATRIMÔNIO

Novos quiosques e obras na ilha Chico Manoel

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melhoria e ampliação do patrimônio do Clube estão sendo executados conforme o cronograma programado pela Comodoria. Entre várias obras começamos pelo “quiosque do guincho” que passou por uma reforma completa. Ele teve a sua cobertura, revestida em capim Santa Fé, toda trocada. Foram substituídos os postes de sustentação da cobertura que estavam podres na base. Os caibros e as ripas da armação do telhado também foram trocados e o madeiramento recebeu tratamento anticupim. Para completar a renovação, as mesas e cadeiras rústicas que compõem o ambiente, também foram reformadas ganhando lixação e pintura em verniz. E os associados em breve passarão a contar com mais dois quiosques no Clube. Um está localizado ao lado do campo de futebol e além da churrasqueira também contará com um forno a lenha. O outro quiosque é na área Oeste, próximo da rampa. O local será pavimentado e contará com banheiros. A ilha Chico Manoel também passa por obras. No trapiche da subsede foram substituídos 32 postes de madeira que estavam podres. Para a execução do trabalho foi levado o bate-estacas do Clube. As cabeças dos postes do trapiche foram resinadas para impedir a penetração da água. Na ilha encontram-se dois tubulões de borracha, que serão colocados na ponta sul da ilha para servirem de molhes flutuantes. Também está sendo colocado um painel de energia solar, para carregar um banco de baterias para o consumo da casa do zelador Varli, e também para iluminação interna do galpão nos dias mais escuros do inverno, não havendo necessidade de ligar o gerador durante o dia. Energia limpa e econômica.

No campo de futebol terá churrasqueira e forno à lenha 42

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Toda a estrutura do quiosque foi reformada

A reforma do guincho grande foi finalizada com a conclusão da pintura. Todo o equipamento foi lixado, recuperado as partes oxidadas, pintado com base antiferrugem e após tinta esmalte. A obra iniciou em março com a execução da troca do cabo de aço, ganchos e manilhas. Ao lado do guincho foi ampliado o estacionamento para barcos em seco. A orla do Clube está com nova rede elétrica, entre o canal do Dmae e o porto. A linha conta agora com condutos e caixas plásticas de inspeção e passagem dos fios. Os postes de iluminação recuperados e acrescentados tomadas de energia, de 110 V e 220 V. A antiga rede estava com defeitos, comprometida e não atendia mais as necessidades do Clube e de segurança. No mastro naval foi instalada uma luminária e colocada a nova bandeira do Clube de diâmetro maior com fácil visualização.

Nova rede elétrica na orla

Trapiches com novos postes




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