Jornal Valor Local Edição Janeiro 2022

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Rádio Valor Local - www.valorlocal.pt - Ouça em todo o lado Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 107 • 27 Janeiro 2022 • Preço 1 cêntimo

Oestecim com ambição pode avançar para compra da Rodoviária do Oeste

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Exclusivo

20 anos de Euro, a moeda do nosso descontentamento

Destaque da 10 à 14

O sofrimento de Cidália Martins um ano depois do ataque por dois cães em Alenquer Sociedade na 5

Governo finta municípios e acelera instalação de parques solares

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Projeto pioneiro no país

CimOeste pode vir a adquirir Rodoviária do Oeste

André Rijo salientou a nova estratégia da região para a mobilidade

Sílvia Agostinho Comunidade Intermunicipal do Oeste está, neste momento, a estudar todos os cenários tendo em vista o futuro do transporte público na região, sendo que está na calha a possível aquisição das participações sociais de um dos operadores na região. Muitos dos fluxos entre os 12 concelhos acontecem através de autocarro, apesar do comboio ter ainda um peso significativo. Uma empresa, a VTM Consultores, está a estudar as possíveis alternativas para o transporte rodoviário. Atualmente, a CimOeste contribui em grande parte através das verbas do Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes (PART) para o bolo dessas empresas, e tendo em conta que o Governo impôs através da autoridade de transportes na CIM a gestão e concessão dos transportes públicos com vista também às metas ambientais, a hipótese mais forte passa, nesta altura, pela aquisição, embora

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a concessão ainda esteja em cima da mesa. Contudo, “os resultados das concessões lançados nas outras CIM sejam desencorajadores porque muitos dos concursos públicos ficaram desertos”, refere o presidente da Comunidade Intermunicipal do Oeste, Pedro Folgado em declarações ao Valor Local. Este debate teve como ponto de partida a apresentação em Arruda dos Vinhos, no dia 21 de janeiro, da denominada “Nova Estratégia da Comunidade Intermunicipal do Oeste (CIMOESTE) para a Mobilidade” no âmbito do ciclo “Arruda Talks”. Mais descarbonização e transportes mais amigos do ambiente foi o mote enfatizado pelo presidente da Câmara de Arruda, André Rijo. A comunidade intermunicipal tem o projeto ambicioso de lançar mão, se essa for a hipótese mais segura, da aquisição de uma das empresas do grupo Barraqueiro na zona Oeste, neste caso a Rodoviária do Oeste. André Rijo salientou que todos os 12 conce-

lhos vão ter de ponderar muito bem este passo, na medida em que até à data o mercado não conseguiu corresponder aos desafios do futuro: mobilidade sustentável, transporte a pedido, descarbonização das frotas, com implementação de sistemas de eficiência de gestão com vista às metas ambientais de 2050. Em Arruda dos Vinhos, Pedro Folgado reconheceu que a CimOeste não tem competências a nível técnico para gerir uma empresa daquele tipo, pelo que a sua entrada no capital social, em princípio como sócio maioritário, pode proporcionar uma política diferente na gestão do transporte rodoviário. “Temos estudado muito porque implica uma grande mudança de paradigma”, referiu Pedro Folgado. Ao Valor Local diz que “ainda estamos numa fase de prospeção e de contactos”, não escondendo que já houve “uma aproximação” com a Rodoviária do Oeste “que ficou de pensar”. A ideia é que a Comunidade possa ter uma pala-

Pedro Folgado refere que a CIM tem mais a ganhar se for a dona da operação

vra a dizer em questões estratégicas que possam levar a uma mobilidade mais verde e no fundo servir melhor as pessoas dos 12 concelhos. Folgado reconhece que há deficiências em todos os municípios servidos pelo transporte rodoviário, e entre o público presente em Arruda houve quem juntasse que “não havia carreiras dos concelhos mais interiores da comunidade para as praias dos concelhos mais no litoral”, sendo que nos fluxos para Lisboa o transporte rodoviário também deixa a desejar. Por outro lado, a CIM reconhece que apesar de patrocinar em larga escala através do PART aquele tipo de transporte “há horários em que os veículos passam e levam poucos ou nenhuns passageiros”. “Se queremos que as pessoas não desertifiquem as suas terras, temos de contribuir também com a questão da acessibilidade ao transporte público. Vamos fazer este estudo. Já falámos com esta empresa mas estamos disponí-

veis para falarmos com outras. Está tudo em cima da mesa.” No debate, os dois autarcas e o secretário executivo da CIM, Paulo Simões foram perentórios – “Temos duas hipóteses ou deixamos tudo como está, ou proporcionamos a mudança contribuindo para mudar o conceito de mobilidade na nossa comunidade”. “Queremos ter uma palavra ativa na definição das linhas e em toda a política de transportes”, refere Folgado ao nosso jornal. Paulo Simões ilustrou no debate – “Se formos para uma concessão, o que também está em cima da mesa, quando solicitarmos mais linhas, e melhores transportes, o privado vai estar sempre a pedirnos mais dinheiro, de modo que esta possibilidade de avançarmos com a aquisição de participações sociais pode ser um caminho”. Folgado enfatiza – “Se temos de pagar o PART para eles operarem no nosso território, então por que razão não havemos de pagar para algo que seja nosso, e em que a CIM tenha

uma palavra a dizer?! Não faz sentido estarmos a pagar a um privado em que este é que define as políticas de transporte”. Por outro lado, os municípios de per si através do recurso aos fundos comunitários ou fundo ambiental podem levar a cabo ações relacionadas com a renovação da frota de forma mais célere do que um privado. O presidente da CIM adianta que ainda não há uma verba designada para montar toda esta operação através da compra das participações sociais, “porque ainda estamos a fazer esse estudo técnico”. “Por um lado, temos de ver o capital social e por outro a gestão de toda a operação. Assim que o estudo estiver concluído será levado a conselho intermunicipal. Se for para a frente, a comunidade intermunicipal será a pioneira no país”. Levará por diante o sonho de um transporte “mais verde, conectado, universal e tendencialmente gratuito” como referiu Paulo Simões em Arruda dos Vinhos.

Bombeiros de Azambuja assinalam 90 anos de vida O s bombeiros de Azambuja assinalaram neste mês de janeiro 90 anos de existência. Este ano e mais uma vez por causa da pandemia, os soldados da paz foram obrigados a fazer de forma comedida os festejos e dentro de portas. Ao Valor Local, Ricardo Correia, comandante do corpo de Azambuja, destacou que as promoções foram entregues, mas apenas para progressão nas carreiras dos bombeiros. Todas as outras cerimónias que estavam previstas foram mais uma vez adiadas por causa da Covid. Passado mais este aniversário, os bombeiros apostam agora no fu-

turo. Um futuro que se quer de crescimento “pois não temos outra visão desta associação que não seja essa”, refere o operacional ao Valor Local. Ricardo Correia refere que esse crescimento passa pelo aumento do número de operacionais “bombeiros e bombeiras” e que “essas pessoas possam crescer nos seus conhecimentos”. Pois apenas assim “servirão melhor a população que de nós depende e isso revela também um aumento da capacidade profissional de todos”. Ainda virado para o futuro, o comandante fala na necessidade de

crescimento também “para o lado dos sócios” para que “a sociedade civil tenha cada vez mais uma palavra a dizer sobre a sua associação e no fundo continuarmos a prestar um cada vez melhor serviço à população”. Por falar em população, Ricardo Correia destacou o facto de os bombeiros terem vencido sete dos oito projetos da primeira edição do Orçamento Participativo da Câmara Municipal de Azambuja. Para o operacional, este foi um sinal de que a sociedade civil está atenta, mesmo que os projetos tenham sido apresentados por “bombeiros e bombeiras enquanto

cidadãos”. Manuel Arraião Marques, presidente da instituição, lamenta, por seu turno, que as comemorações de mais um aniversário sem cerimónias mais alargadas e de forma diferente por causa da pandemia. O presidente salienta o facto de a associação encerrar “muita história e que a todos nos deixa profundamente orgulhosos e agradecidos”, destacando todos quantos serviram e servem a associação, juntando a estes “o poder autárquico e beneméritos que sempre souberam responder de forma generosa a todos os nossos pedidos de apoio”.

Aniversário da corporação com cerimónias comedidas devido à pandemia


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Lar de Vale do Paraíso aumenta número de camas num investimento de 1,3 milhões de euros Associação Nossa Senhora do Paraíso (ANSP) foi a única associação do concelho de Azambuja a receber verbas do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES) criado pelo Governo e com verbas da União Europeia. Estamos a falar da terceira fase do projeto de alargamento do lar num valor de 1 milhão e 300 mil euros, e que vai aumentar a capacidade e a qualidade para os utentes e funcionários. Ao Valor Local, José Eduardo Pereira, o presidente da instituição, salientou a importância deste projeto para a região e em particular para quela pequena freguesia, já que a ANSP, instituição de Vale do Paraíso, é também uma fonte de emprego especializada nesta área. José Eduardo refere que a ANSP só tem neste momento doze camas, e para ser rentável, a instituição tem que ter no mínimo 30. No entanto com esta nova fase, a ANSP passa a dispor de 42 camas, “o que é muito bom para a resposta na valência de lar” e todas com acordos com a Segurança Social, o que garante à instituição verbas fixas. “O programa PARES não só financia a obra, como ajuda na sua manutenção”, refere. O presidente da instituição salienta que o processo não deverá ser muito lento e que a obra começará no Verão e estará pronta em 2024, com a duração de ano e

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Presidente da ANSP dá conta do novo desafio da instituição

meio. José Eduardo refere que o projeto conta com o apoio do município de Azambuja, que já ao tempo do anterior presidente Luís de Sousa se tinha comprometido a ajudar. Segundo José Eduardo, o município de Azambuja “tem um regulamento que é bastante bom, no que toca aos apoios sociais” e pese embora esse fato, é sempre necessário o apoio do Governo nestes projetos.

Silvino Lúcio, atual presidente da Câmara, com quem já se reuniram os órgãos sociais da ANSP, manifestou o apoio do município ao projeto, através do regulamento municipal “porque sem este apoio é impossível fazer a obra”. O projeto deverá ser então financiado pelas três entidades, cabendo a maior fatia ao Governo e à Câmara Municipal. Já a ANSP terá de encontrar formas

de colocar no projeto cerca de 200 mil euros. De acordo com o presidente, a obra será apresentada publicamente em março. A juntar a isto, se a pandemia o permitir, serão feitas várias iniciativas, nomeadamente, com uma festa em junho em Vale do Paraíso e a participação noutras atividades como poderá ser o caso da Feira de Maio, como forma de “arrecadar” fundos para esta obra, entre

outras iniciativas. José Eduardo vinca também que a ANSP terá contactos com particulares e empresas “que se queiram associar à causa e que possam de certa forma ajudarnos para que o esforço junto da banca seja o mais diminuto possível”. O novo edifício será construído de forma sustentável. Aliás para além da construção, será a sua manutenção também feita a pen-

sar na otimização de custos e no ambiente. Segundo José Eduardo, nos dias de hoje os edifícios tradicionais consomem cerca de 20 a 30 por cento dos recursos financeiros das instituições. Aqui incluem-se água, luz, telecomunicações e manutenção. José Eduardo quer que o novo edifício seja mais amigo do ambiente e da “carteira” da instituição. E à semelhança do que foi feito na primeira fase do lar, em que foram usados sistemas de construção inovadores, também esta última fase o será. “O espaço terá um ginásio e uma piscina para cuidados geriátricos, bem como, recursos humanos qualificados”, acrescenta ainda. O responsável diz que assim, com a redução de custos, é possível “ter ali excelência de emprego”. “Temos de pagar mais às pessoas e queremos pagar mais. Já o fazemos, mas queremos pagar um pouco mais”, refere acrescentando que com esta fase do novo edifício vão ser criados cerca de 22 novos postos de trabalho O responsável acredita que as novas gerações estão capazes de continuar a gerir a ANSP. A prova disso, diz, está na atual direção composta por “gente nova e qualificada” e por isso no próximo ato eleitoral, “vai passar a pasta.” Ouça esta entrevista completa em podcast em www.radiovalorlocal.com

Ligação à A9 e A10

Presidentes de junta unem-se pela construção do nó no Cabeço da Rosa A s Juntas de Freguesia de Arranhó e de S. Tiago dos Velhos (concelho de Arruda dos Vinhos), de Bucelas (concelho de Loures), e a União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho (concelho de Vila Franca de Xira) juntaram-se para apelar ao Governo para a necessidade da construção de um nó de acesso da Estrada Nacional 116 às autoestradas A9 e A10, no Cabeço da Rosa. Nesse sentido os respetivos autarcas juntaram-se para assinar um documento para entregar às várias entidades, onde reclamam a recuperação das vias de acesso às respetivas freguesias e a construção do dito nó de acesso no Cabeço da Rosa. Esta obra está prevista no Plano Nacional de Investimentos 2030. As freguesias envolvidas “entendem que a construção deste nó de acesso é de extrema importância para o desenvolvimento dos seus territórios, bem como para a me-

Em início de mandato, autarcas arregaçam mangas reivindicando melhores acessibilidades

lhoria da circulação e da acessibilidade para os residentes e empresas ali situados”, refere em comunicado a junta de Alverca/So-

bralinho. Esta será uma solução que pretende beneficiar as pessoas e empresas, ao mesmo tempo que po-

derá possibilitar o crescimento económico de todas as freguesias envolvidas. Claúdio Lotra, presidente da junta

de Alverca Sobralinho, local onde foi assinado o documento, destacou a importância deste “passo” nesta fase, e que também as Câmaras de Vila Franca, Loures e Arruda dos Vinhos serão convidadas a intervir neste processo junto das entidades competentes. Cláudio Lotra salientou que o tema das acessibilidades “é uma questão que deve pautar a nossa atividade e as nossas preocupações” e explicou que “aos estarmos a resolver os problemas nesta área, estamos interceder pelas pessoas e empresas”. Pedro Miguel Mateus, presidente da Junta de Arranhó em Arruda dos Vinhos, vincou por seu lado, não só a importância desta união de autarcas em prol das suas populações, como o facto deste nó ser importante para o desenvolvimento também da sua freguesia. “No caso de Arranhó temos várias indústrias que seguramente vão utilizar o nó do Cabeço da Rosa e portanto, temos de nos chegar à

frente para fazer as coisas acontecer”. Já na freguesia de Bucelas, Hélio Santos, refere que esta obra pode ser uma mais-valia no futuro, anunciando a retirada de parte do trânsito de pesados na localidade através de uma variante. Hélio Santos vincou igualmente que este “projeto vai melhorar a qualidade de vida de todos os bucelenses e de todos que por lá passam”. A mesma opinião é partilhada por Hélio Vicente, presidente da junta de S. Tiago dos Velhos no concelho de Arruda dos Vinhos. A localidade tem duas zonas industriais, para onde converge parte do fluxo do trânsito de pesados, e por isso este nó poderá vir a dar melhores condições. “Temos duas zonas industriais, a de A - do Mourão e a dos Adoseiros e se queremos melhorar o emprego e criar riqueza na nossa freguesia este nó é importante para que nos possamos desenvolver”.


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Um ano depois do ataque por dois cães de raça cane corso

Cidália Martins fala em milagre dos médicos mas trauma psicológico está para durar á passou quase um ano desde que Cidália Martins viveu o maior pesadelo da sua vida, e do qual ainda não acordou completamente. Foi no dia 12 de fevereiro de 2021 quando corria, como o fazia muitas vezes, num caminho público alcatroado entre o cemitério de Alenquer e a zona de Parrotes que foi atacada ferozmente por dois cães de raça cane corso, que recolheram ao canil logo a seguir a este drama, neste que foi um dos casos que mais impacto causou na sociedade portuguesa, tendo sido notícia na imprensa regional e nacional. A atleta de trail do Carregado ficou com os membros superiores completamente estropiados, e quase que se pode falar num milagre por parte da equipa de cirurgiões do Hospital de São José. Apesar de ter perdido grande parte da mobilidade, vai fazendo a sua vida normal dentro das possibilidades, embora o trauma psicológico seja muito grande e como afirma à nossa reportagem “é viver um dia de cada vez”. Encontrámo-nos com Cidália Martins, 57 anos, no pátio de sua casa, e connosco vai partilhando as memórias daquele dia. A esposa do presidente da junta de Carregado/Cadafais terá sido atacada, segundo estima José Martins, durante 17 minutos em que o seu corpo ficou à mercê dos animais, pertença de um militar da GNR que trabalha na brigada cinotécnica daquela força de segurança e que naquele dia deixou o portão da sua quinta aberto. Era habitual nas suas corridas passar naquele local e nunca notou a presença de cães, até porque se tivesse sido o caso nunca escolheria tal rota, pois afiança: sempre teve receio destes animais, embora isso não explique o ataque. “Parecia um sonho mau. Eu não queria acreditar. Mas com a continuação do ataque, eu já estava tão cansada, pensei mesmo que não ia conseguir sobreviver. Tinha acabado de ser avó e ainda

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Recordações ainda são pesadas para a atleta

tinha muita coisa para viver”. Cidália Martins gritou por socorro o mais que pôde, ao mesmo tempo que os animais lhe abocanhavam os braços, com a atleta a lutar o mais possível para que não a desmembrassem, e não a mordessem no pescoço. Aliás os cães apenas atacaram os braços deixando o resto do corpo intacto. Levantou-se várias vezes do chão, mas não conseguia resistir às investidas dos animais. Não tem noção de quanto tempo durou o episódio, mas José Martins fez as contas porque tinha estado ao telefone com a esposa imediatamente antes, e até os gritos chegarem aos ouvidos dos vizinhos que viviam a um quilómetro terão decorrido 17 minutos. Um casal que vivia nas imediações acabou por salvar a atleta. Chegou de carro, numa altura em que já não conseguia levantar-se. “Tinha os braços completamente abertos”, recorda-se. Mesmo com a presença dessas pessoas,

um dos cães continuou a atacar Cidália Martins, enquanto o outro se preparava para investir contra o homem, que imediatamente recolheu à viatura. “Pensei que agora é que podia mesmo acontecer o pior porque o senhor também tinha ficado com medo”. Uns tempos depois o casal contou-lhe que “o senhor tinha ido buscar um pau, e a esposa tinha chamado o dono da casa” que só nesta altura apareceu em cena. Cidália Martins considera estranho que o proprietário dos animais não tivesse ouvido os gritos que foram percetíveis pelo casal que vivia mais longe do local do ataque, a um quilómetro de distância. Lembra-se do dono dos cães ter chegado ao pé de si, estando Cidália completamente entre a vida e a morte no chão, e de as primeiras palavras terem sido – “O que é que a senhora fez para os meus cães lhe morderem?”. Com a voz embargada e fragilizada pelas memórias que o

acontecimento lhe traz, Cidália recorda-se de ter respondido que tinha ficado com medo, completamente indefesa. Um dos momentos do ataque que mais lhe ficou na memória até porque o trauma também apagou partes do pesadelo que viveu foi quando sentiu “o braço completamente a rasgar e a ficar fora do corpo”. Cidália pediu que ligassem urgentemente para o marido. A ambulância chegou também rapidamente, “e pensei que talvez conseguisse sobreviver”. Conta-nos ainda que na altura de ir para dentro da ambulância, arrastou consigo o braço que estava preso por um fio e de ter pensado, “isto é, meu e vai comigo”. Chegou a perder a consciência mais do que uma vez. No hospital, os médicos referiram que nunca tinham assistido a nada assim. Cidália sempre evitou olhar para o estado em que ficaram os membros. Os animais devoraram parte dos braços

e a reconstituição dos membros levou a quatro transfusões de sangue, enxertos de tecido e operações que chegaram a ser de várias horas. Chegou a ser cosida durante mais de três horas. “Uma das coisas que me salvou foi ter puxado o braço quando me transportaram para a ambulância, e assim fiz garrote impedindo a perda de mais sangue”. Mesmo assim os médicos temeram o pior, e chegaram a dizer a José Martins para se despedir da mulher. “O meu marido disse-me para aguentar forte como quando subíamos a ‘Subida da Morte’ que é uma encosta muito difícil que percorremos numa das etapas de trail”. O médico questionou o marido sobre esta alusão à Subida da Morte e foi desta forma que tomou a decisão de submeter Cidália a mais uma operação ao ter sabido que era atleta, e que estaria numa boa condição física, com o coração a poder aguentar mais um teste. Foi cam-

peã nacional no sue escalão durante cinco anos seguidos, com uma média de 3500 quilómetros percorridos por ano, até porque corria todos os dias. Estando em forma foi com facilidade que cicatrizou embora tivesse apanhado bactérias dos cães. Já o pós-operatório, e livre de perigo, não deixou de ser um calvário, pois não se conseguia mexer. Tendo-lhe valido o apoio de um dos colegas de quarto. “Ficava muito grata só pelo facto de alguém me tirar o cabelo dos olhos”. O seu dia-a-dia divide-se agora por duas sessões semanais de fisioterapia para conseguir melhorar ao máximo o movimento dos braços que já não vão voltar a ser o que eram. Tem dificuldade em agarrar objetos, mas dado tudo o que sofreu considera que o seu caso foi um milagre. Contudo o trauma é o que mais lhe custa – “Pensei que não ia precisar de psicólogos, mas enganei-me. Tenho de recorrer a medicamentos para relaxar, e não posso ouvir cães. Evito ir despejar o lixo porque tenho medo que apareça um cão. Vivo sobressaltada e acordo muitas vezes durante a noite com medo.” Nesta altura o caso está a seguir os devidos procedimentos com vista ao julgamento. Muitas das testemunhas já prestaram depoimento. Quanto a justiça para o seu caso, Cidália Martins espera que seja feita porque “pela maneira como fui atacada e apenas nos braços é porque os cães estavam ensinados para isso. É o que toda a gente que tem cães me diz. Com o portão aberto era uma bomba-relógio até acontecer o pior, e sendo assim que seja penalizado. Não condeno os cães, mas o dono”. Cidália Martins aguarda agora por uma operação plástica aos braços – “Estou cá, e estou bem para aquilo que aconteceu. Consigo mexerme e fazer o essencial, mas já não sou a mesma pessoa. Estou muito afetada psicologicamente”.

Azambuja perde mais um médico e situação é insustentável E m reunião de Câmara de Azambuja, a vereadora com o pelouro da saúde, Ana Coelho, informou que deixa de exercer a sua atividade no início de fevereiro no concelho, mais um médico, neste caso o próprio diretor do centro de saúde, Mário Esteves. Em comunicado, o município de Azambuja refere que recebeu, esta informação da parte do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo.

Neste encontro, foi igualmente confirmado o facto de que já decorreram os dois concursos previstos para a colocação de médicos em Azambuja, mas aos quais nenhum médico se candidatou, mantendo-se as vagas abertas por preencher. “Constata-se, assim, que o problema da falta de médicos de família, além de não ter melhorado, até se agravou. Uma vez mais, a autarquia transmitiu aos responsáveis

da ARS o seu desagrado pela situação e insistiu na sua profunda preocupação face ao sucessivo atraso nas soluções para minimizar o problema.”, sustenta o município em comunicado. Pela sua parte, “o município está a trabalhar na criação de um regulamento de apoio à fixação de médicos no concelho, que se pretende que entre em vigor o mais rapidamente possível”. O documento definirá “um conjunto de incenti-

vos com os quais se pretende atrair mais profissionais e reverter a gritante falta de médicos de família que nos afeta”. Recorde-se que este documento já tinha sido lançado no final do mandato passado, mas até à data ainda não deu frutos. Entretanto e em comunicado o Movimento Cívico pela Saúde em Azambuja manifesta a sua desilusão com o estado de coisas, responsabilizando os responsáveis

máximos da ARS- Lisboa e Vale do Tejo e Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo, Luís Pisco e a Sofia Theriaga, respetivamente, “de não estarem a cumprir nada do que acordaram na reunião” com este movimento em novembro passado. Sendo que de lá para cá “não melhorou o atendimento telefónico, não encurtou o tempo da passagem de receitas”, por um lado. Por outro “as casas de banho continuam

sem manutenção e quem não tem médico de família (mais de 50 por cento da população), não consegue marcar consulta e para agravar a situação, o atual responsável do centro de saúde e também médico de família, vai abandonar as suas funções no nosso centro de saúde.” O movimento promete endurecer a sua luta junto do ministério da Saúde consoante o governo que venha a ser eleito a 30 de janeiro.


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Alverca Urban Runners há oito anos a correr pela saúde e bem-estar Sílvia Carvalho d’Almeida urgiu como um pequeno grupo de caminhada, mas depressa as passadas deram lugar à corrida. De um número restrito de participantes, tem hoje cerca de 60. Falamos dos Alverca Urban Runners, que fazem este ano o seu oitavo aniversário, e que inclusivamente participam já em competições nacionais e internacionais. O grupo, que foi fundado em 2014 pelo também atleta Lino Silva, “começou de uma forma muito informal”. Uma vez por mês, os participantes reuniam-se e faziam caminhadas por locais menos óbvios ou conhecidos da freguesia de Alverca. Com o tempo, mais pessoas começaram a juntar-se aos já habituais, e também com vontade de correr, à medida que a sua condição física ia melhorando. Tal como nos indica Paulo Lopes, responsável pelo grupo neste momento, “tudo começou aos poucos, entre corrida e caminhada, sendo que a dado momento a corrida ganhou destaque. A partir daí encontrávamonos uma vez por semana, e depois duas, e agora fala-se na possibilidade de nos reunirmos uma terceira vez semanalmente, ao fim de semana.” Para além dos locais menos co-

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Grupo começou em 2014 e tem vindo a participar em cada vez mais provas oficiais

nhecidos da cidade, as atividades passam agora também por desfrutar do espaço rural circundante, nomeadamente “os trilhos que há para explorar no nosso concelho”, diz Paulo. De há quatro anos para cá, o grupo formalizou a sua existência legalmente com a constituição da Associação Destino Olímpico, que pretende dar apoio à participação

em competições por parte de atletas que manifestem esse desejo. Contudo, o mais importante para Paulo Lopes, é a vertente social, ou seja, que “as pessoas se sintam bem e integradas, e procurem praticar desporto, independente de terem alguns quilos a mais, de não estarem em perfeita forma de momento, ou terem alguma limitação física, dado que o

que conta é que tentem superar estas limitações”. E muitos têm sido os atletas que já se apresentaram em provas nacionais e internacionais, das quais se destacam as maratonas de Sevilha, Madrid e Atenas. Para além disto já participaram em diversas competições de trail running. Das cerca de 60 pessoas que já fazem parte do grupo Alverca Ur-

ban Runners, cerca de 30 são regulares nas atividades. “Algumas vão durante uma semana ou duas e depois ficam algum tempo sem aparecer”, quando o que é recomendado é a persistência e constância nos treinos, mesmo que se faça “um bocadinho de cada vez”. Mas compreende que o inverno e a atual pandemia sejam fatores desmotivadores do exercício ao

ar livre e da vontade de sair de casa e envolverem-se em atividades em conjunto com outras pessoas. Embora a maioria de corredores seja de Alverca, existem membros que “vêm da Póvoa de Santa Iria, Vila Franca de Xira, e Arruda dos Vinhos”. No entanto também se dá o caso de atletas que por motivos de mudança de zona de residência, correm noutras zonas do país “com a camisola do grupo”. Perguntámos o que seria necessário para uma pessoa que não tenha muita experiência neste campo começar a praticar a modalidade. Paulo indica-nos que o principal é a determinação em “querer superar-se”. Paulo Lopes, começou a correr há cerca de 12 anos, e entre os efeitos que sentiu desde que começou esta atividade estão um aumento generalizado de energia, de agilidade, e de bem-estar psicológico. Conta-nos que quando iniciou a prática, corria o passadiço de Alverca e ficava cansado, sendo que hoje já correu cinco maratonas. Os treinos são às terças e quintas sempre às 19h30, sendo que na terça o ponto de encontro é no Jardim do Choupal, na Avenida 5 de Outubro, e na quinta é na Urbanização da Malvarosa, na praça central.

Câmara de Azambuja apresenta projeto de 5 milhões de euros para renovar escola secundária Quarenta anos depois, a Escola Secundária de Azambuja vai entrar em obras naquele que será um dos investimentos de monta da autarquia. Serão mais de cinco milhões com 2,5 a 3 milhões de euros assegurados, até à data, pelos fundos estruturais e o restante através da autarquia. 4 milhões e 700 mil euros + iva numa obra que se prevê que possa estar concluída em 2024. No dia 19 de janeiro, o município deu a conhecer numa sessão pública as diferentes intervenções previstas que vão ser ao nível de todos os pisos a que acrescem cerca de mais seis a oito salas de aula. Durante o tempo em que a obra durar vão ser instalados conten-

tores nos quais o município espera investir 350 mil euros. Entre outras valências, a obra compreende a instalação de quatro salas de laboratório, mais respetivas salas de preparação. Será ainda instalado um ginásio que compreende a possibilidade de duas turmas ao mesmo tempo a praticarem desporto e com uma bancada retrátil. Os espaços de convívio de alunos, refeitório e cozinha também sofrerão melhorias e uma ampliação do espaço. Entre os presentes, Madalena Tavares, presidente do conselho executivo da Escola Secundária de Azambuja, saudou o projeto mas alertou para a necessidade das obras respeitarem o espaço

dos alunos. Já do lado da oposição na Câmara, Inês Louro do Chega, entre outros aspetos, referiu a necessidade de um elevador na parte exterior dado que no interior do edifício já não é possível e José Paulo Pereira do PSD referiu que “finalmente se vê uma luzinha ao fundo do túnel” naquela que é uma ambição de décadas, “mas que ainda pode ir um pouco mais longe” nomeadamente quanto à necessidade de um auditório ou de pavilhão desportivo. Ouvido pelo Valor Local, Silvino Lúcio enfatiza o investimento de cerca de três milhões do município em que vai ter de recorrer a um empréstimo bancário, lamen-

tando que “a autarquia tenha de se sobrepor ao Estado” nesta que é uma obrigação do Governo. “Esta obra nunca foi considerada pela administração central nos últimos 40 anos, não vale a pena dizer que foi por culpa deste ou daquele governo. A verba que nos queriam dar dava para remodelar um bloco e meio, mas o que fazia sentido para nós seria reformular a escola toda, inclusive com o pavilhão desportivo”. O autarca afirma-se expectante até porque não “faltam casos de concursos lançados com valores de milhões que depois ficam desertos”, até porque “o setor da construção está muito afetado com falta de mão de obra”.

Técnicos deram a conhecer o projeto

Vila Franca descarta criação de polícia municipal V ila Franca de Xira afasta para já a necessidade premente da criação de um corpo de Polícia Municipal. Ao contrário de Alenquer onde essa discussão é bem acesa e presente, o concelho de Vila Franca de Xira através do presidente Fernando Paulo Ferreira, considera que esse assunto não

faz para já parte da agenda. O tema foi levantado pelo vereador do PSD, David Pato Ferreira, em reunião de Câmara, a propósito dos gastos com empresas de segurança privadas. Segundo o vereador social democrata, o município gasta mais de “um milhão e meio de euros anuais com as questões de vigi-

lância”. O vereador do PSD que já tinha focado o assunto durante a campanha eleitoral, voltou a questionar se o pagamento destes valores, que correspondem aos vários serviços distribuídos pelos diferentes edifícios municipais “pagos de forma consecutiva” não serão de reequacio-

nar, e pensar-se doravante na “criação da polícia municipal”. Esta é um “não assunto” para já para o presidente da Câmara. Fernando Paulo Ferreira sublinhou que as questões relacionadas com o trabalho da vigilância privada e da polícia municipal “são muito diferentes, pois nem sequer estamos a falar das

mesmas competências”. Para o autarca estes são assuntos para discutir num futuro momento, mas “à partida e por regra não vejo interesse fundamental nessa área, sobretudo por causa dos custos” dessas operações. Fernando Paulo Ferreira vinca que as despesas com uma polí-

cia municipal são grandes, e garante que no futuro, “essa matéria será discutida”. O presidente da Câmara respondia ao vereador do PSD em reunião de câmara, quando era votada uma alínea relativa à contratação de serviços de uma empresa privada no âmbito dos vários edifícios municipais.


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Condições de vida degradantes no Bairro dos Avieiros em Vila Franca edifício do Bairro dos Avieiros em Vila Franca de Xira construído há cerca de 20 anos pela antiga presidente de Câmara, Maria da Luz Rosinha, está com vários problemas de insalubridade. As casas apresentam infiltrações, muita humidade, e no fundo gritam por obras de manutenção urgentes. A questão foi abordada numa das últimas reuniões de Câmara em que o município votou favoravelmente uma proposta que visa a melhoria das condições de habitabilidade e de trabalho para a comunidade avieira naquele bairro. O vereador do Chega, Barreira Soares, levou inclusivamente algumas fotografias de uma visita empreendida ao local, e alertou para a necessidade de uma intervenção rápida pelo menos com alguns contentores face à acumulação de material inflamável junto de combustível na zona das arrecadações junto ao cais. Em entrevista ao Valor Local, Luís Santos, avieiro e com familiares a residir no prédio pertença da Promocasa, uma empresa que se encontra atualmente em insolvência, não tem dúvidas em afirmar que

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“as casas em madeira que foram demolidas para darem lugar ao prédio tinham melhores condições, porque pelo menos não entrava água”. Ilustra que numa das habitações do prédio, onde reside a sua irmã “quando chove ela fica com os pés dentro de água”. Bolor a rodos, infiltrações e o estuque das paredes a cair é o cenário. A comunidade tem pedido intervenção, mas a Câmara de Vila Franca diz que não consegue avançar com obras de reabilitação enquanto não for proprietária das casas. O impasse perdura e Luís Santos dá conta, ao Valor Local, do desânimo da comunidade ribeirinha. “A Câmara devia arrancar com as obras e depois pedir responsabilidades a quem de direito”. Em reunião de Câmara foi deliberado adquirir o imóvel à Promocasa “mas enquanto andamos nisto com papeladas e negociações para a frente e para trás, as casas vão-se degradando. Não se consegue respirar lá dentro. No outro dia ao tirar uma cama para pôr outra num dos quartos, o meu sobrinho encostou a mão à parede e atravessou o ti-

Falta de condições na zona das arrecadações com acumulação de lixo

jolo que estava todo a desfazerse”. O avieiro refere que o poder local nunca fez manutenção, exceto “a junta de freguesia que vai lá cortar a relva e cuidar dos canteiros”. “A Câmara não faz lá absolutamente nada”. Estamos a falar de

cerca de 20 habitações. A zona das arrecadações junto ao cais para as artes da pesca também deixa a desejar. A Câmara esteve recentemente no local para dar conta do ponto de situação. “As barracas são muito pequenas, nunca tiveram manuten-

ção e têm à volta de metro e meio quadrado de área, onde não se consegue pôr o depósito de gasolina e onde aquilo está tudo cheio de lixo. Não temos água nem luz nas barracas, e as redes têm de ficar na rua”. A comunidade mesmo assim “fez alguns melhora-

mentos com plásticos a cobrir o teto porque é feito com telhas de amianto”. A ideia “é deitar tudo abaixo”, sintetiza lamentando que as comunidades piscatórias de Alhandra e da Póvoa de Santa Iria tenham “muito melhores condições” do que a de Vila Franca.

Ministra da Saúde visitou Hospital de Vila Franca no contexto da pandemia A ministra da saúde, Marta Temido, admitiu em Vila Franca de Xira a enorme pressão, com a qual os hospitais de Lisboa e Vale do Tejo estão a lidar nos últimos dias. A governante esteve de visita ao hospital de Vila Franca, no passado dia 11 de janeiro, e depois de uma reunião de trabalho, com o diretor Carlos Costa, destacou o trabalho levado a cabo pelos profissionais de saúde no atual contexto de covid e da gripe sazonal. Esta foi uma visita de trabalho, para que Marta Temido se pudesse inteirar do trabalho que está a ser levado a cabo por aquela unidade hospitalar, nomeadamente no que toca à pandemia e quais as respostas que o hospital tem

planeadas. Embora o hospital de Vila Franca de Xira esteja sob pressão, a ministra garantiu que as atividades programadas não serão suspensas, situação que se mantém aos dias de hoje. A governante salientou que ainda “estamos a conseguir redirecionar atividade, por exemplo, para o ambulatório e outros esquemas de prestação que permitem equilibrar a covid e a não covid” destacando que no caso do Hospital de Vila Franca de Xira “foram feitas adaptações.” “Poderemos ter de vir a escalar os planos de contingência e a cancelar atividade e isso ainda não aconteceu” referiu Marta Temido, que recordou mais uma vez o aumento do número

de casos diários e de internamentos Embora os estabelecimentos de saúde já acusem a pressão a ministra salientou que os hospitais estão a conseguir “garantir a atividade normal e a resposta à covid”, referindo a existência de centenas de doentes internados devido à covid 19. No panorama nacional Marta Temido vincou que “alguma fragilidade dos cuidados de saúde primários acaba por levar a que muitos doentes, que sentem a preocupação com o seu estado de saúde, venham aos serviços hospitalares. Isso traz uma pressão acrescida, temos de lidar com ela e enfrentá-la”, isto numa altura em que Portugal regista um número

recorde de infeções. De acordo com a informação enviada ao Valor Local pelo departamento de comunicação do Hospital, ao dia de ontem dia 26 de janeiro, e referente à covid – 19, estavam internados em enfermaria 55 doentes. Já nos cuidados intensivos, o hospital tinha um utente apenas. Entretanto, a unidade hospitalar informa que recebeu para o seu internato 19 recém licenciados em Medicina, que farão a formação geral, e 16 médicos que iniciam a formação específica, nas seguintes especialidades: Anestesia, Cirurgia Geral, Ortopedia, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria, Medicina Interna, Medicina Intensiva, Neurologia, Pneumologia e Psiquiatria.

Restaurante Páteo do Valverde vai ser explorado por empresa da Amadora D epois de vários anos encerrado, o Restaurante Páteo do Valverde, propriedade do município de Azambuja, prepara-se para abrir de novo as suas portas. Ao longo do tempo, a Câmara lançou vários concursos para a exploração da unidade de restauração mas sem sucesso, seja porque os concorrentes não tinham condições para cumprirem o caderno de encargos,

seja porque não correspondiam às expetativas que a Câmara tinha para aquele espaço, que nos últimos anos possuía a vertente de café e de restaurante. A Prime Alecrim Events & Food é uma empresa da Amadora que ganhou o concurso, existente há quatro anos, especializada no serviço de refeições e organização de eventos, congressos e feiras. Em comparação com ou-

tros concessionários que exploraram o local, a renda a pagar à Câmara baixa drasticamente para os 500 euros mês, quando chegou a rondar os 2 mil euros. Em declarações ao Valor Local, Silvino Lúcio, presidente da Câmara, refere que apenas a empresa em causa foi considerada neste concurso, dado que houve outro concorrente mas cuja participação não foi validada por-

que não cumpria os formalismos adequados. Quanto ao vencedor “tem uma larga experiência no ramo e esperamos que saia daqui um bom projeto para Azambuja que bem precisa de um restaurante com boas referências”. Quanto à renda a pagar ao município, reforça que “foi o que menos interessou” para justificar o valor agora encontrado de 500

Marta Temido reuniu-se com a administração do hospital e para ficar a conhecer as carências da unidade

euros, até porque “o empresário vai ter de efetuar um grande investimento em equipamentos porque o que foi lá deixado não dá para ser reaproveitado”. Quer os fogões quer a rede de frio “está tudo em péssimo estado”, mas também terá de ser efetuado investimento “em ar condicionado e mobiliário”. O autarca refere que se “as coisas correrem bem e depois de diluí-

do o investimento do empresário, a renda poderá ser ajustada daqui a uns anos”, segundo a fórmula presente no caderno de encargos, que é bem explícita quanto à obrigatoriedade de todos os dias “a ementa conter pratos de torricado seja de bacalhau ou de febras”. Já a carta de vinhos deve “demonstrar todo o potencial que o concelho tem neste campo”.


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Câmara de Azambuja contrata assessora para vereadora da CDU e causa polémica

Contratação de Cláudia Martins (esquerda) para o gabinete de Mara Oliveira (direita) deu que falar

Sílvia Carvalho d’Almeida a reunião de Câmara de Azambuja de quatro de janeiro, a polémica instalou-se quando a vereadora eleita pelo Chega, Inês Louro, questionou o presidente da autarquia, Silvino Lúcio, sobre a contratação de Cláudia Martins para alegadamente “dar apoio à área técnica e social”, mas que na prática “está a dar assessoria à vereadora Mara Oliveira”, eleita pela CDU mas a quem o PS atribuiu pelouros em virtude de ter alcançado, nas eleições de setembro, apenas uma maioria relativa. Cláudia Martins trabalhou até há pouco tempo numa IPSS do concelho de Azambuja. É militante do PCP. Foi vereadora da

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CDU no mandato 2017-2021 na Câmara de Vila Franca, e candidata nas últimas eleições à União de Freguesias de Alhandra, S. João dos Montes e Calhandriz. A assessora da vereadora da CDU foi contratada a recibos verdes para dar apoio à “área técnica e social”, e recebe, segundo Silvino Lúcio, “o mesmo que uma secretária”. Mas para além de ter sido admitida em funções sem ter ido a concurso, segundo Inês Louro, os valores pagos pela autarquia serão superiores. “A proposta foi votada no dia 21 de dezembro, mas infelizmente não pude ficar até ao fim da reunião”, esclarece Inês Louro ao nosso jornal. Na reunião seguinte, pediu contudo, uma explicação

ao presidente da Câmara sobre o assunto. A questão reside no facto da assessora de Mara Oliveira ter sido contratada como administrativa e a recibos verdes, “passando à frente de pessoas de reservas de recrutamento que estão válidas para estas áreas”. Segundo a vereadora do Chega, decidiu-se contratar esta pessoa deste modo, e quase sem explicações. O presidente da autarquia, Silvino Lúcio, teria já respondido sobre esta matéria, em dezembro, ao vereador do PSD Rui Corça, dizendo que “foi uma decisão política”. Não dando mais pormenores sobre o caso. Acrescentou somente que se trata de “um reforço para a eficiência dos serviços” e

que “com a incumbência também de dar assessoria à vereadora Mara”. Rui Corça, vereador do PSD, replicou que não teria “qualquer problema com as assessorias de modo a que as pessoas tomem as melhores decisões”. No entanto, ficou desagradado com a forma como o processo decorreu, e acusou o presidente de ter escondido que se tratava de uma assessora para a vereadora da CDU. “Não vale a pena estar a esconder”. Esta pessoa vem assessorar a vereadora Mara ou os serviços? Os serviços não creio que precisem!” Para Inês Louro, também “não foi assumido por parte do presidente que esta é uma decisão política,

no sentido de dar apoio única e exclusivamente à vereadora Mara. Isto faz com que a assessora não esteja a cumprir exatamente a função para a qual foi contratada. Para além disto, o gabinete de apoio à presidência, é, desde há dois mandatos, constituído por apenas quatro pessoas para a dar apoio ao presidente e vereadores”, questionando assim que um quinto elemento se tenha juntado à equipa para trabalhar apenas com a vereadora da CDU. Inês Louro considera ainda que o salário de Cláudia Martins que recebe 2025 euros mensais, ao qual acresce o valor do IVA, o subsídio de alimentação, de férias e de Natal “dá mais de 2400 eu-

CDU critica gestão PS por falta de alternativas para o Vila Franca Centro N ove anos após o encerramento do Vila Franca Centro, a CDU de Vila Franca de Xira, através de comunicado, vem criticar a gestão PS na Câmara Municipal que reuniu-se, nos últimos dias, com os proprietários do antigo centro comercial mas que ainda não adiantou soluções. O presidente

da Câmara solicitou aos lojistas para que decidam se querem ou não vender as suas lojas às quais continuam sem acesso, ao fundo imobiliário que detém o edifício. Considera a CDU, que “o PS na Câmara Municipal não só não avançou com nenhuma solução concreta para o futuro deste es-

paço, como não assumiu a responsabilidade urbanística que lhe cabe nesta matéria - reforçada por ser um dos principais proprietários, onde se inclui o antigo parque de estacionamento, que continua sem qualquer tipo de uso.” O presidente da Câmara, Fernando Paulo Ferreira continua a defender que o

espaço deve ser convertido em habitação, dado que já não tem condições para reabrir enquanto centro comercial. Chegou a falar-se da transferência de serviços camarários para aquele espaço, algo que nunca foi para a frente. Em 2019, a Câmara de Vila Franca adquiriu o parque de estacionamento do Vila

Franca Centro por 200 mil euros, mas ainda não conseguiu colocar a infraestrutura ao serviço da população dado que exige obras de grande monta. A CDU refere que desta forma continua por devolver a dinâmica de desenvolvimento urbanístico e socioeconómico à cidade de Vila Franca a que acresce o

ros mensais, valor superior ao que ganha alguém em função de secretariado na autarquia, e incompreensível para uma contratação a recibos verdes, para a qual estes benefícios não se aplicam sem ter acedido ao cargo por concurso público e sem ter assinado contrato”. No total, pelas contas que fez, isto custará à autarquia cerca de 90 mil euros nos quatro anos em que está previsto que esteja ao serviço da autarquia. Explica que de um ponto de vista legal, “é possível um vereador ter assessores”, no entanto, “a proposta foi feita de uma forma escondida na sua finalidade”. A proposta foi aprovada, e Cláudia Martins já está em funções neste momento.

facto de os antigos lojistas continuarem a pagar IMI sem poderem aceder às suas lojas. Recorde-se que o Vila Franca Centro é um empreendimento privado, inaugurado em 1994, que cessou a sua atividade em outubro de 2013, tendo permanecido encerrado ao público desde então.

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20 anos de Euro, a moeda do nosso descontentamento Sílvia Agostinho á foi há 20 anos que Portugal deu início a uma nova fase revolucionária da sua vida económica com a entrada no Euro, a moeda única do espaço da União Europeia. Que alterações veio trazer à vida dos portugueses, do comércio e das empresas foi o que quisemos saber nesta reportagem. No início de janeiro, e de um dia para o outro os portugueses tiveram acesso a moedas e notas de euro, dado que há largos meses e antes do início de 2002 que a operação estava a ser preparada junto dos bancos para que nada falhasse. Vinte anos depois e até fevereiro podem ainda ser trocados os últimos escudos, que os portugueses possam ter guardados numa qualquer gaveta, por euros. Oficialmente o euro nasceu em 1999 quando foram fixadas as taxas de conversão com as antigas moedas nacionais dos países da zona Euro. Nesta altura são 19 os países da União Europeia que têm o euro como moeda. Estes 20 anos ficaram marcados por duas crises de grande impacto na moeda úni-

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Manuel Canha não esconde que também aumentou o café para o dobro

ca, a crise financeira internacional em 2008 e a crise da zona euro em 2009. Mário Centeno, governado do Banco de Portugal, num comunicado à imprensa, sintetizava que estes 20

anos foram de uma importância incontestável, mas que o seu futuro permanece por escrever, cabendo aos cidadãos europeus essa responsabilidade. Hoje, são muitos os portugue-

ses que têm saudades do escudo, pois apesar de tudo “dava a sensação de que se tinha mais dinheiro no bolso”. Foi isso que apurámos quer junto do comércio quer junto dos consumido-

res. Manuel Canha é proprietário de um café-restaurante em Azambuja. Já na altura da entrada em circulação da moeda única, teve a sensação de que “tudo ficou mais caro” de um dia

para o outro. “Os meus clientes acharam muita graça a vinda do euro, porque era uma coisa nova, mas não se aperceberam que 50 cêntimos eram 100 escudos e não 50 escudos”, refere. Tal como a generalidade dos empresários deste ramo, Manuel Canha também não se fez rogado, e o preço da bica passou para o dobro, para os 50 cêntimos. “Mas há que ver que os nossos fornecedores também aumentaram o preço. Todos se aproveitaram como puderam.” Reclamações por parte dos clientes não faltaram – “Disseram logo que era uma roubalheira, porque de um dia para o outro mudou tudo” na escala de venda dos produtos. Canha considera que passados 20 anos, “o euro só beneficiou os grandes porque no geral a economia portuguesa piorou em todos os aspetos”. Por outro lado, e no seu entender os ordenados apesar de terem subido, o nível de vida médio do cidadão português piorou bastante – “Antigamente com 120 contos, o equivalente hoje a 600 euros

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dava para se comprarem muitas coisas, e levar uma vida mais ou menos, hoje é considerado um valor de miséria”. Atualmente “é num instante que você vê 50 euros a voarem para fora da carteira, se for aí a uma loja qualquer comprar seja o que for”. Ao cidadão comum, o euro continua a dizer pouco, e numa incursão do Valor Local no Mercado Municipal de Vila Franca de Xira abordámos alguns reformados residentes na cidade: Maria Figueiredo, 73 anos, e Manuel Marques, 77 anos, não têm dú-

vidas em afirmar que o euro encareceu o preço dos bens. “Tivemos de começar a fazer o que nos mandaram. No meu caso não tive muitas dificuldades em adaptarme ao euro”, refere a reformada. Já Manuel Marques salienta que estando há 15 anos reformado, que o valor da pensão é mínimo. Para além de que “antes do euro 20 escudos davam para almoçar aqui na zona, e agora por 20 euros não consigo”. E também ilustra com os 50 cêntimos/100 escudos do café, o exemplo clássico de que muitos se socorrem para enfatizar o aumento dos bens – “Tudo aumentou de um dia para o outro, mas no caso dessas pequenas coisas que custavam centavos a diferença foi para o dobro”. Com 70 anos como cortador de carne, e 84 de idade, Mário Real já leva uma bagagem considerável quanto a este negócio. A entrada do euro na sua opinião retirou poder de compra ao português comum. “Desde que veio o euro que muito piorou.

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Maria Figueiredo e Manuel Marques dão a sua opinião sobre estes 20 anos

Para este grupo de senhoras vilafranquenses a vida piorou com a entrada do euro em Portugal

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Maria Virgínia considera que o euro foi uma grande trapalhada

Por exemplo este mercado de Vila Franca de Xira nem parece o mesmo. Está tudo mais caro e as pessoas preferem ir para os supermercados”. No seu caso confessa que também teve de aumentar os preços porque aumentaram igualmente a montante nos seus fornecedores. “As pessoas têm menos dinheiro em comparação com antigamente. Há 40 anos nunca pensei passar por estes tempos de agora, que são de uma crise mundial”. Com o 25 de abril “a situação melhorou bastante, muita gente

comprava carne para encher as arcas, e nos últimos anos, e se calhar depois do euro, que compra-se muito menos”. Já na banca de peixe de Maria Virgínia, 70 anos, que é uma das mais antigas do mercado, esta lembra-se bem da entrada do euro em circulação e na sua opinião foi “uma das maiores trapalhadas” de que tem memória. “Eu com a quarta classe tive muita dificuldade. Íamos ao banco para nos explicarem, mas a confusão era muita. Custou um bocadinho até nos habituar-

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No Talho de Mário Real ainda se lembram de os clientes comprarem para encher as arcas

mos a fazer os trocos aos clientes, embora houvesse notas e moedas em quantidade suficiente”. Considera que ainda há muita gente que continua a fazer contas em escudos sobretudo pessoas mais velhas, e na sua opinião o euro rende muito menos do que a antiga moeda. “Nós com dois contos aviávamo-nos e ainda sobrava dinheiro, e agora com 10 euros não chega para nada”. Por outro lado, “os ordenados não aumentaram e para além disso descontei bastante ao longo da vida

para agora ter 300 euros de reforma”. Num dos cafés do mercado, um grupo de senhoras diz que sentiu bem na pele a mudança para o euro. É o caso de Maria Madalena que até faz a comparação – “Um molho de nabiças custava 50 escudos e passou logo a ter o valor de um euro. Ou seja, aumentou para o dobro”. Considera mesmo que “tudo aumentou nestes últimos 20 anos, mas nada é compatível com os ordenados que se ganha”. “Basta irmos à vizinha Es-

panha para percebermos que as pessoas vivem melhor do que nós. As coisas lá também aumentaram, mas sem retirar poder de compra. Uma bilha de gás custa 18 euros lá.” Confessa que já não faz contas em escudos, ao contrário de Beatriz Barroca com 96 anos de idade “Era tudo muito mais barato quando tínhamos o escudo”, refere. Maria Madalena acrescenta – “Por exemplo, antigamente, quando uma criança nascia, mesmo a ganharmos pouco, tínhamos a possibilidade de com-

prar uma pulseirinha de ouro. Agora só se for de prata, porque a diferença é muita”. “De facto a vida agora é muito diferente e se formos deitar as contas todas não há comparação”, acrescenta Maria de Lurdes que até considera que as moedas de um euro “deviam passar a notas que era para ver se se dava mais importância ao dinheiro”. “Se reparar e se for dar um euro ao arrumador de carros, ele olha e acha que é pouco, mas são 200 escudos”, sintetiza Maria Madalena.

Associações empresarias da região reconhecem prós e contras na adesão ao Euro Sílvia Carvalho d’Almeida uvimos ainda neste trabalho o ponto de vista de duas associações que representam os empresários de alguns dos nossos concelhos, a Associação Comercial e Industrial do Concelho de Alenquer (ACICA) e a Associação do Comércio, Indústria e Serviços dos Concelhos de Vila Franca de Xira e Arruda dos Vinhos (ACIS). Quisemos saber quais as apreensões que os seus associados registaram no início da moeda única, e quais os benefícios e inconvenientes que advieram desta transformação, numa Europa que se pretende mais forte e unida. Quando o euro entrou em circulação, Hélder Miguel não era presidente da ACICA (Associação Comercial e Industrial do Concelho de Alenquer). Isto apenas ocorreu posteriormente. Não se sente confortável, por isso, em avaliar as apreensões dos empresários da associação, na altura, no entanto, lembra-se que as pessoas em geral tinham “grandes dúvidas relativamente à nova moeda”. Tinham sobretu-

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do “medo” de que os preços subissem e com isso se agravassem as condições de vida. O que acabou por acontecer, segundo o atual membro do corpo diretivo da ACICA. “Nos arredondamentos, houve uma ligeira inflação dos produtos. Um café custava cem escudos e de repente passou a custar 50 cêntimos”, com a taxa de conversão de 200,482 escudos por cada euro gasto. Isto é apenas “um exemplo menor”, mas somado aos muitos aumentos, levou a que os portugueses, regra geral, na sua opinião, “perdessem poder de compra, já que os salários não acompanharam a inflação”. As pessoas ficaram, por isso, com a sensação real, de que “esta moeda se gastava mais rapidamente do que o escudo” e que “os ordenados, especialmente os mais baixos, já não chegavam para as despesas”. “Os ordenados, não tiveram nenhum acréscimo, foi somente converter uma moeda na outra.”, resume. No entanto, Hélder Miguel reconhece vantagens especialmente para os empresários, mas tam-

Hélder Miguel reflete que os fundos europeus deveriam ser melhor aplicados

bém para quem vai trabalhar para fora, ou viaja muito. Deixou

de haver a necessidade de se fazerem câmbios, e “há muitos

países que não sendo da zona euro, aceitam o euro como moe-

da de troca, e nesse aspeto penso que ficámos todos a ganhar”. Quanto à diferença de salários noutros países aderentes ao euro, uma possível vantagem, é que “se ficou a perceber as discrepâncias que existem, tendo nós uma maior perceção de quanto ganhamos em termos relativos. O fosso é maior do que poderíamos pensar”. Sendo uma das promessas da entrada em vigor de um mercado único, uma Europa mais forte na qual os países mais pobres se aproximariam dos mais ricos em termos de condições de vida, Hélder Miguel sente que isto não se concretizou “a nível macro”. O que se passou, na sua opinião, é que “o BCE tornou a moeda mais estável”. No entanto, concorda que Portugal perdeu alguma soberania a nível económico ao transferir competências para as organizações europeias: “O Estado português, como de resto qualquer país da zona económica de que fazemos parte não pode, por exemplo, lidar com a inflação como fazia porque não tem controlo sobre a moeda em termos económicos.”


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Relativamente a fundos europeus, acredita que “a maior parte deles, não chega aos empresários mais pequenos, sobretudo devido à burocracia, às normas demasiado complicadas, e à falta de apoio de um gabinete, um acompanhamento técnico, que ajude os comerciantes que não têm tanto know-how a concorrer, evitando também que o dinheiro tenha que ser devolvido por não ser aplicado”. Isto faz com que normalmente seja sempre o mesmo conjunto de empresas a beneficiar destes apoios. Entende que uma das agravantes é que há falta de fiscalização na observação da aplicação dos fundos. Pensa ainda que os fundos deveriam ser canalizados por setores, e distribuídos por todas as empresas que se candidatam, proporcionalmente. É o que espera que aconteça com a mais recente transferência de verbas europeias aprovada no final do ano passado, a

chamada bazuca. No geral, crê que a entrada no Euro foi uma vantagem, caso contrário “estaríamos mais isolados e isso é de rejeitar”. No caso de Inglaterra, que não aderiu ao Euro e que inclusivamente saiu da União Europeia, Hélder Miguel reflete que “o Reino Unido tinha uma moeda muito forte e não quis abdicar disso para se juntar a uma moeda que não poderia controlar”, preferindo assim manter a soberania económica. ACIS: “O Euro não é só uma moeda, é um comportamento perante a moeda” Para João Paulo Range, presidente da Associação do Comércio, Indústria e Serviços dos Concelhos de Vila Franca de Xira e Arruda dos Vinhos (ACIS) “havia em 2002 uma euforia por

Destaque parte das empresas em fazer um caminho diferente do que tinha sido feito até ali, que era um caminho europeu, no qual estaríamos junto das grandes economias da Europa. Para uns era uma perspetiva de evolução, enquanto para outros de estagnação”. Isto teria sobretudo a ver com “as habilitações académicas e a idade” das pessoas. Na sua opinião, “Portugal só teve a ganhar com a entrada no Euro, porque este abriu fronteiras”, possibilitou que “mais pessoas de outros países nos visitassem” e “nos proporcionassem receitas astronómicas” ao nível do turismo, que fazem com que “a nossa economia cresça”. No entanto, é importante referir que “temos problemas internos no país que não foram solucionados, e que os empresários portugueses pugnam para que sejam resolvidos, para que tenham as mesmas oportunidades dos empresários europeus”. No entanto, compreende que este é um processo que ainda não foi conseguido, pois estas questões “estão enquadradas politicamente”. Na generalidade, “as empresas precisam de ter fatores de produção e de criação de valor que sejam mais atrativos,

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Para João Paulo Range, o euro alavancou o turismo

e para que isso aconteça, existem vários mecanismos e ferramentas ao dispor, na Europa, que em Portugal, gostaríamos que fossem mais aplicados, tais como, por exemplo, criar melhores condições para que os clientes se possam dirigir aos espaços comerciais”. No entanto, “não existe uma cultura em Por-

tugal, em que as entidades que se comprometem a realizar uma obra, o façam no período proposto.” Na sua opinião, “o Euro não é só uma moeda, é um comportamento perante a moeda. O que nos trouxe foi a possibilidade de os portugueses reagirem e terem as mesmas perspetivas re-

lativamente aos seus congéneres europeus”. Considera que “as entidades devem ser responsabilizadas pelas suas ações” à semelhança de outros países da Europa. Acrescenta que numa moeda única, “as responsabilidades e oportunidades devem ser iguais para todo o território que esta abrange”.

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20 anos de Euro, a perspetiva do Crédito Agrícola de Azambuja

“Nos primeiros anos do euro, acabámos por perder o valor real do dinheiro” Nuno Pereira, do Crédito Agrícola de Azambuja, oferece-nos a sua opinião sobre como foram estes anos. Como tem sido o processo de ajudar os clientes nas dificuldades que foram sentindo com a entrada em circulação da moeda única. Apesar de Portugal ter entrado neste comboio na mesma altura que as economias mais prósperas da União Europeia, no bolso dos portugueses o impacto foi pesado, e ainda há quem tenha muitas saudades do escudo. Valor Local - Apesar de só ter entrado em circulação em janeiro de 2002, ainda em 2001 os bancos começaram a receber notas e moedas de modo a prepararem-se para o início do Euro. Relembre-me esse processo, nomeadamente, quais eram as expetativas do Crédito Agrícola e quais as principais dúvidas dos bancários e da própria administração da Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo (CCAM) e se houve alguma formação específica? Nuno Pereira - Efetivamente, foi um processo precedido de formação específica dos colaboradores de algumas áreas funcionais da Caixa, nomeadamente as áreas comercial e de suporte,

bem como do seu órgão de administração. O processo de formação incluiu também visitas ao Banco de Portugal para contacto prévio com as notas de euro. Para além disso foi necessário adequar equipamentos e aplicações informáticas. As expectativas da Caixa e julgo da banca em geral, foi garantir a melhor preparação possível para acompanhar e executar este processo de transição junto da população, sempre com seriedade e transparência. E quanto aos clientes - Havia receios ou dúvidas? Como é que a CCAM preparou os clientes para a entrada do euro? Numa fase inicial, julgo que os principais receios prendiam-se

com entender e aplicar o fator da conversão, 1 euro = 200,482 escudos, nos levantamentos, nos depósitos em numerário ainda em escudos e qual o valor correspondente em euros. E, mais tarde, também na conversão dos montantes existentes. Por exemplo, nas contas à ordem, nas contas a prazo, e até nas contas empréstimo. Para o efeito, foi divulgada informação diversa com colocação de folhetos e cartazes nas agências e junto de clientes institucionais, com denominações das moedas e notas de euro e respetivas equivalências em escudos. Nas agências, foram disponibilizados kits de moedas com as conhecidas denominações, de 1 cêntimo a dois eu-

Crédito Agrícola de Azambuja tentou aprofundar relação com os clientes com a vinda do Euro

ros, que os clientes podiam adquirir, para primeiro contacto físico com o euro. Lembro-me de disponibilizarmos, mediante oferta, uns porta-chaves que permitiam realizar a conversão imediata de escudos para euros. Uma vez em circulação, como é que foi naqueles primeiros tempos, havia notas e moedas em quantidade suficiente sempre que alguém levantava dinheiro? Sim. Até porque se garantia essa suficiência evitando a troca direta de escudos por euros, privilegiando o depósito em conta e a imediata conversão para euros. Os montantes disponíveis nas agências gradualmente foram adequados às necessidades dos clientes. Reconheço também que foi um período de muita compreensão de parte a parte, ao fim e ao cabo, esta mudança criou-nos a todos, desafios a vários níveis. Que dificuldades se notaram mais no período de adaptação que durou cerca de dois meses quando quer o euro quer o escudo ainda circulavam? As dificuldades foram notórias, nomeadamente, junto da população mais idosa. Houve alguma resistência à aceitação da nova moeda, a não efetuarmos troca por troca. O facto de já não poderem levantar escudos, também criou alguns constrangimentos. Nota que ainda houve muita gente que demorou anos a en-

tregar numerário na antiga moeda no banco? Sim. Já em circulação, o facto de não haver troca por troca, em especial de grandes montantes, criou alguma resistência junto da população e explica em parte a pouca quantidade de escudos recolhida, numa fase inicial. Por outro lado, o facto da troca de notas não prescritas, junto do Banco de Portugal, poder ocorrer até 28/02/2022. O que explica que atualmente, existam ainda cerca de onze milhões de notas de escudos por recolher, o equivalente a noventa e cinco, noventa e seis milhões de escudos. O euro na sua opinião veio criar a falsa sensação de que as pessoas tinham dinheiro, e com isso também podem ter tido alguns percalços financeiros? (Recordo que por exemplo 100 contos passaram a ser 500 euros). Pensa que na generalidade os portugueses ainda demoraram a conseguir entender o real valor do dinheiro com a nova moeda? R: Da nossa perspetiva bancária e em termos operacionais, aplicou-se um procedimento de conversão X escudos = Y euros. Em termos de economia, com a adesão ao euro, deu-se um ajuste nos preços, o que no imediato, nos retirou poder de compra, talvez não percetível no imediato. Por exemplo, um café que custava 50 escudos, passou a custar 50 cêntimos. De um modo geral as pequenas despesas e não só,

duplicaram de um dia para o outro. Desde então, passámos a “tirar” mais dinheiro da carteira, para comprar os mesmos produtos. Creio que nos primeiros anos do euro, acabámos por perder o valor real do dinheiro. De acordo com uma análise apresentada pela PORDATA, o salário mínimo em janeiro de 2002 era cerca de 348 euros, e em 2021 cerca de 665 euros. No entanto, o rendimento médio das famílias subiu cerca de 7 por cento, francamente baixo para o atual custo de vida. Desde então, assistimos a uma estabilização na evolução dos preços. Consegue perceber pelos clientes se ainda há quem se mostre saudosista do escudo tendo em conta que se organizavam melhor financeiramente com a antiga moeda? Claramente, o saudosismo em relação ao escudo ainda é latente, penso que ainda muitos de nós produzimos esse juízo de valor, em especial quando estamos perante uma compra de um produto ou serviço, que já adquiríamos de forma regular antes do euro. Também a descida nas taxas de juros do depósito a prazo foi e é motivo para nos últimos anos, ouvirmos, “antes do euro o dinheiro rendia”. De uma forma ou de outra perdemos poder de compra e naturalmente, o escudo continua a ser uma referência comparativa com o euro, em particular para as “gerações do escudo”.


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Opinião

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O fantasma da inflação: contrair ou continuar a expandir, eis a questão que se coloca na atualidade

João Santos

ivemos um período preocupante. O aumento do preço do petróleo e a crise de matérias-primas despertou o fantasma da inflação. A confirmação de níveis de inflação superiores ao que é habitual e desejável na Europa e nos Estados Unidos da América impõe a necessidade de “medidas contracionistas”. Estas medidas, por sua vez, pelas consequências negativas que espoletam no desemprego e na saúde das empresas, tendem a impor a necessidade de “políticas expansionistas”. Então em que é que ficamos? Será esta a melhor altura para aplicar medidas contracionistas? A assunto é muito complexo. Os principais perigos da inflação são conhecidos. De entre as principais ameaças da inflação, a maior de todas é a possibilidade de as famílias com menos rendimento líquido sentirem dificuldade acrescida no acesso a bens de primeira necessidade. Uma das formas de controlar a inflação consiste na subida das taxas de juro associadas quer ao crédito, quer à poupança. Esta solução é o que tipicamente se designa de “medida monetária con-

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tracionista”. Do lado dos Estados, para o mesmo efeito, podem praticar-se as chamadas políticas fiscais contracionistas, havendo, neste caso, lugar a um aumento dos impostos cobrados aos contribuintes. Em qualquer uma destas duas opções contracionistas (monetárias ou fiscais), o objetivo será sempre diminuir a quantidade de dinheiro em circulação na economia e contribuir para a queda da propensão para o consumo. Em relação às medidas monetá-

mo e simultaneamente mais inclinadas para o investimento em poupança. Relativamente às políticas fiscais, efetivando-se um aumento da carga fiscal sobre os contribuintes, registar-se-á, no seguimento, uma diminuição da liquidez de dinheiro em circulação na economia. Em ambos os casos (políticas monetária e fiscal), promove-se o recuo no consumo e o arrefecimento da atividade económica. Este desfecho culmina com a desaceleração da subida generalizada dos

rias, as pessoas, perante juros mais elevados associados ao dinheiro, sentem-se menos tentadas a recorrer ao crédito para consu-

preços (controlo da inflação). Ainda assim, esta lógica faz parte de uma moeda com duas faces. O abrandamento da economia con-

duz ao desemprego. O aumento do desemprego acentua a diminuição do rendimento líquido das famílias, o que, por sua vez, interfere negativamente com o funcionamento do fluxo circular da atividade económica, originando ainda mais desemprego. Considerando a economia global em que vivemos, qualquer política ou medida contracionista bem-sucedida na Europa ou nos Estados Unidos terá, necessariamente, propagação negativa à escala mundial, nomeadamente em economias que dependam da dinâmica económica ocidental. É caso da China. A este propósito, o presidente Xi Jinping veio já a público chamar a atenção mediática para a repercussão global de eventuais medidas norte-americanas e europeias que visem contrariar a inflação. Agora que se perspetiva a recuperação global da pandemia, a China alerta os EUA e a Europa para os efeitos negativos de um rápido aumento nas taxas de juro (política monetária). A acontecer, corresponderia a uma travagem no restabelecimento da ordem económica mundial, segundo o presidente

Nos 20 anos do Euro perspectiva realista da arraia miúda que sentiu nos bolsos a carestia provocada pela introdução do euro não é nada lisonjeira! Quando um pobre é aceite num clube de ricos ou vai para porteiro ou para lugares humílimos da estrutura. Na fase de pré-lançamento do euro, cedo se anteviu que os pobres decerto se tornariam mais pobres e vastas hostes de remediados se lhes associariam… As justificações para a introdução do euro visavam sobretudo as elites. Recordamo-nos dos exemplos que, ao tempo, o primeiro ministro em exercício oferecia, ao referir-se invariavelmente ao facto de os portugueses muito terem a lucrar com a moeda única: se se deslocassem, em viagem de turismo, a três ou quatro países com um nota de 1 000 escudos no bolso, só nos câmbios, de país em país, acabariam por ficar, no limite, com pouco mais 200 escudos para gastos… Tal reflectia bem a inadequação entre a moeda de todos os dias com a que emergiria para as deslocações lúdicas ou de negócios, decerto que não ao alcance de todos…

A falaciosa conversão de preços Houve, na circunstância, um agravamento especulativo dos preços, nas mais elementares categorias de bens. E havia regras expressas para a conversão e sanções para o incumprimento. No restaurante de um hotel, no Porto, o “frango à passarinho” que se se servia a 750$00 não passou a figurar nas ementas a 3,75 €, antes a 7,50 € E os exemplos abundaram! E disso nos chegavam ecos dos quatro cantos do território… Em tempos, um dos jornais da capital ofereceu um quadro comparativo, simplista, da abissal diferença registada, no lapso de cerca de 20 anos, entre moedas. Escasseiam, porém, dados outros que propiciariam conclusões bem mais fundadas. Não se considerou a erosão da moeda ao longo dos tempos. Falece-lhe, pois, o rigor que convinha se imprimisse a um tal quadro… Ei-lo: Café Custava, ao tempo, 50$00, o equivalente a 24,45 cêntimos. Custa

agora 70 cêntimos, o equivalente a mais de 140$00. Quase triplicou… Gasolina 95 Um litro custava, em média, 172$00, o equivalente a 0,86 €. Hoje o preço médio é de 1,64 €, o que corresponde a quase 328$80. Os combustíveis quase duplicaram e é o depósito do carro, de par com a carteira a sofrer. Se no início do século conseguia comprar seis litros com 1.000$00, hoje com tal valor consegue apenas comprar três. Transportes No início dos anos 2000 um bilhete de metro custava 100$00, o equivalente a 0,50 €, enquanto nos dias de hoje um bilhete custa 1,50 € (300$00). Andar de metro ou de autocarro, hoje, é três vezes mais caro do que há 20 anos. Comida Um dado hambúrguer, dos mais populares em todo o mundo, usado pelo “The Economist “como indicador simples do poder de compra individual em cada um dos

tral Europeu (em função do que ocorre já em economias como a alemã), talvez seja ainda o tempo de debelar a pandemia e de continuar a impulsionar a recuperação económica e social. Assim sendo, nesta fase, se as principais economias pisarem o travão económico, invertendo as suas políticas monetárias e promovendo medidas contracionistas (monetárias e/ou fiscais) para abrandar a inflação, poderão resultar, com muita probabilidade, sérias repercussões negativas para a estabilidade financeira e económica mundial, sendo que os países menos desenvolvidos serão os mais afetados pelo impacto desta alteração. Para já, restará, eventualmente, uma solução. Os decisores políticos, de forma concertada e à escala global, deverão assumir como inevitável um nível de inflação relativamente alto. Paralelamente, os países devem manter-se em “estado de alerta” social relativamente às franjas populacionais mais frágeis do ponto de vista socioeconómico. A prazo, a economia mundial restabelecer-se-á e os preços tenderão a estabilizar.

Mário Frota*

A perspectiva do consumidor

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chinês. Neste sentido, Xi Jinping salienta que, ao invés de medidas contracionistas, os bancos centrais devem manter o estímulo monetário. De outro modo, de acordo ainda com o presidente chinês, os bancos centrais arriscam sérias consequências económicas colaterais, que resultarão do impacto negativo das medidas contracionistas nos mercados em desenvolvimento, designadamente na Ásia, onde se produz parte significativa da matéria-prima necessária à produção mundial. E é provável que o presidente da República Popular da China esteja certo. Embora os riscos de inflação na Europa e nos EUA sejam uma realidade, talvez seja mais premente nesta fase fomentar a coordenação económica à escala global de modo a desenvolver políticas que contribuam para o “recobro” da atividade económica mundial. Apesar da enorme pressão sobre a Reserva Federal Norte-Americana, para que esta responda ao nível mais alto de inflação dos últimos 40 anos naquele país (7% em dezembro), e sobre o Banco Cen-

países”, custava cerca de 500$00, hoje o seu preço é de 3,90 € (mais de 780$00).” Um estudo que a lume veio em 2019 e a Comissão Europeia qualificou, entretanto, de enganador, revela que neste lapso de tempo cada um de nós terá perdido cerca de 41 000 € com o euro, factor que influenciou decisivamente a carestia que passou a dominar o quotidiano de todos e de cada um. A perspectiva de personalidades de topo Personalidades de topo das distintas constelações europeias vieram a terreiro, há tempos, exaltar os efeitos benéficos do euro… Uma expressão só, que as limitações de espaço a mais não con-

sentem: “Após o grande entusiasmo com que foi inicialmente acolhido, o euro cresceu para se tornar a segunda moeda mais utilizada no mundo. A nossa moeda comum continua a ser muito popular (cerca de 80 % dos cidadãos consideram que o euro é positivo para a UE) e a área do euro tem vindo a expandirse (começou com 11 membros e conta agora com 19 países, havendo outros em vias de aderir nos próximos anos).” “Impulsionado pela expansão do mercado único, o euro tornou?se uma das conquistas mais tangíveis da integração europeia, juntamente com a livre circulação de pessoas, o programa de intercâmbio de estudantes Erasmus ou a

supressão das tarifas de itinerância na União Europeia (UE). A um nível mais profundo, o euro reflecte uma identidade europeia comum, simbolizando a integração enquanto garante da estabilidade e da prosperidade na Europa.” São duas perspectivas que jamais convergirão, a menos que as correcções nos rendimentos se operassem como que por magia… * Presidente emérito da apDC – DIREITO DO CONSUMO - Portugal

Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Propriedade e editor: Propriedade: Metáforas e Parábolas Lda – Comunicação Social e Publicidade • Gestão da empresa com 100 por cento de capital: Sílvia Alexandra Nunes Agostinho • NIPC 514 207 426 Sede, Sede do Editor, Redação e Administração: Rua Engenheiro Moniz da Maia, Centro Comercial Atrium , nº 68 Loja 17 2050-356 Azambuja Telefones: 263 048 895 • 263 106 981 • 96 197 13 23 • 93 561 23 38 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 2273A • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 2273 A • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23 • Sílvia Agostinho • CP 6524 A • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 • Sílvia Carvalho d’Almeida • TPE-360 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente • Nuno Barrocas • multimédia@valorlocal.pt Colunistas: João Santos • Mário Frota • Lélio Lourenço • Rui Alves Veloso Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Cartoons: Adão Conde Departamento comercial: Rui Ramos • comercial@valorlocal.pt Serviços Administrativos: Metaforas e Parabolas Lda - Comunicação Social e Publicidade N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontra-se disponível na página da internet www.valorlocal.pt


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Ambiente

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Câmaras de Azambuja e Alenquer descontentes

Governo finta municípios e faz sair lei para acelerar instalação de parques solares escassas semanas das eleições legislativas, o Governo aprovou o decreto/lei 15/2022 que visa contornar os muitos movimentos oposicionistas à instalação de parques fotovoltaicos no país. Pelo menos é essa a leitura de autarcas da nossa região, para onde estes parques estão previstos. O Governo refere que a transposição das diretivas comunitárias ( a 2019/944 e a 2018/2001 ) e as metas previstas para 2030 e 2050 para as renováveis levam no fundo ao acelerar desta legislação ao abrigo do Plano Nacional Energia e Clima 2030 (PNEC 2030). Nesta altura todos os parques fotovoltaicos que resultaram dos leilões de energia promovidos nos últimos anos vão para a frente não estando sujeitos ao PDM dos respetivos municípios onde vão ficar instalados. As autarquias ficam com menos uma palavra a dizer. Quisemos saber do ponto de situação dos vários empreendimentos previstos para os dois concelhos que vão receber mais parques fotovoltaicos na região, Azambuja e Alenquer. Assim e no que respeita a um dos projetos, neste caso relacionado com a Central Fotovoltaica Lote A, da EDP, que atravessa aqueles dois municípios com desenvolvimento dos parques solares na Quinta da Cerca no primeiro concelho, mas também junto a Ota, no segundo concelho, Silvino Lúcio, presidente da Câmara de Azambuja, reafirma ao Valor Local que está tudo previsto para se avançar em ambos os municípios. O projeto da Fotovoltaica da Cerca prevê uma extensão a nível das linhas elétricas na ordem dos 16,1 quilómetros e a criação de uma subestação em Vila Nova da Rainha, desenvolvendo-se nas denominadas áreas C1 (Azambuja) e C2 e C3 (Alenquer). A central pretende produzir 388 208 MWH de ener-

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Luz verde para o avanço dos projetos fotovoltaicos no país através do novo decreto-lei

gia elétrica por ano, e vai colocar no terreno 458 mil painéis. Durante a fase de construção a Fotovoltaica Lote A - EDP pretende empregar até 250 pessoas neste projeto Com a entrada em vigor deste decreto-lei o autarca reflete que assim foram declarados projetos de interesse público nacional e já não vão ser votados pela Câmara de Azambuja – “Trata-se de uma ingerência do Governo que repudiamos”. Também em reunião de Câmara os vereadores da oposição Inês Louro do Chega, e Rui Corça do PSD demonstraram o seu desagrado com esta matéria e a sobreposição do Estado aos municípios. Com este cenário, nada do que consta nestes projetos “vai passar pela Câmara”, reafirma Silvino Lúcio à nossa reportagem. Silvino Lúcio confirma ainda que

o projeto da Torre Bela e depois do promotor da Aura Power ter manifestado intenções de abandonar o empreendimento em virtude dos muitos entraves que estava a registar e de todas as polémicas ao longo do último ano, ganhou agora novo fôlego. “Penso eu que esteja a avançar”, confirma Silvino Lúcio, adiantando que foi entregue na Agência Portuguesa do Ambiente pela empresa o novo traçado para a linha de muito alta tensão que vai de encontro às pretensões da população de Casais das Boiças, Alcoentre. Recorde-se que o projeto está previsto para uma área de 775 hectares, num investimento de 170 milhões de euros com a criação de 1000 postos de trabalho na fase de construção e 10 postos permanentes após esta fase. A central está desenhada para a quinta na parte em que fica de

frente para a Companhia Logística de Combustíveis prolongando-se até à entrada de Alcoentre para um total de 638 mil 400 painéis solares. Centrais da Iberdrola e da Fotovoltaica Lote A com PIP favorável em Alenquer A Câmara de Alenquer votou favoravelmente, em finais de dezembro, os pedidos de informação prévia que visam a instalação quer da Central Fotovoltaica Lote A quer a da Iberdrola, antes de ter sido promulgado o decreto-lei. O projeto da Iberdrola denominado Central Fotovoltaica do Carregado 50MVA, estima uma produção de 100 GWh no primeiro ano. A disposição dos painéis solares será essencialmente na zona de Ota, enquanto as linhas passam pela

União de Freguesias de Alenquer (Santo Estevão e Triana) e pelo concelho de Azambuja/Vila Nova da Rainha. Pelo que conseguimos apurar após consulta, este projeto contemplará um total de 147 mil 940 painéis, menos 4500 do que aqueles que se previa instalar numa localização junto a Vila Nova da Rainha mas que foi abandonada rapidamente pelo promotor. Na reunião de Câmara de Alenquer, a vereadora com o pelouro do Ordenamento e Planeamento do Território, Dora Pereira, salientou que as duas empresas em contrapartida à instalação no concelho e à pegada que vão deixar na paisagem, vão requalificar a estrada de Vale Carros que vai desde a entrada de Ota até à Estrada do Archino junto aos aterros. O presidente da Câmara de Alenquer lamenta a posição que

o Governo tomou com este decreto-lei. “Vamos aguardar para ver o que acontece”. Em análise neste concelho estão vários projetos e se forem todos para a frente ao abrigo do decreto-lei, o concelho pode ser transformado numa autêntica esplanada de painéis solares a céu aberto. O Valor Local já deu conta para além destes projetos que receberam agora o parecer positivo do município, o da Suiniger em Santana da Carnota "que ainda está em apreciação"; bem como o da Central Fotovoltaica do Carregado da Enfinity Portugal Unipessoal Lda, e o da Prodigy Orbit em Casais da Marmeleira. “Nenhum destes projetos inclusivamente aqueles que foram votados em dezembro em sede de PIP estão licenciados. Não sei com este decreto/lei como vai ser, mas vamos esperar para ver”.

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Remax Planície em Azambuja agora no Rossio e mais perto dos clientes Raquel Martins Diretora da Loja de Azambuja, Sofia e Diogo Severino brokers da Remax Vantagem

Equipa Remax junto à nova loja no Rossio

Remax Planície deu mais um passo na sua consolidação na região. A empresa abriu uma nova loja em Azambuja. A Remax Planicie é uma empresa do grupo “Vantagem” e nos últimos anos tem vindo a conquistar novos clientes e novos mercados. Há quase 15 anos que a Remax Vantagem tem explorado o mercado imobiliário de Azambuja, mas nos últimos anos tem vindo

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a crescer com a Remax Planicie, e a abertura de uma nova loja, desta vez no Rossio, uma zona comercial por excelência, que vem ajudar à consolidação da empresa como líder no mercado local, regional e nacional. Em Azambuja, a loja conta já com cerca de meia dezena de colaboradores, entre administrativos, financeiros e consultores, e promete continuar a apostar neste mesmo mercado.

A nova loja tem por isso uma localização fundamental, mesmo no centro da vila, para o crescimento do negócio, ao mesmo tempo que representa um passo importante na acessibilidade para os clientes, oferecendo também condições para os consultores terem êxito no seu trabalho diário. Embora já esteja a trabalhar e aberta ao público desde o final do ano, a nova loja contou com

uma inauguração formal para os colaboradores, clientes e até para a população, no passado dia 12 de janeiro, com direito a festa para assinalar o momento. Diogo Severino, CEO da Remax Vantagem, em entrevista ao “Negócios Com Valor” destacou a importância deste mercado mais localizado para o grupo, e vincou que a mudança de instalações significa um reforço da marca no concelho de Azambuja. Diogo Severino salienta que “este é um projeto com cerca de quatro anos e que tem corrido bastante bem”. “Entendemos que é importante estarmos numa zona mais central da vila, para estarmos mais próximos dos nossos clientes, e permitir dar melhores condições aos nossos colaboradores e às pessoas que trabalham connosco diariamente”. Para o responsável, o mercado de Azambuja é dos mercados limítrofes de Lisboa um dos que possui maior margem de crescimento. Por isso acrescenta que foi seu entendimento “já que temos este concelho na nossa responsabilidade, prepararmo-

nos para aquilo que vai ser o crescimento de um dos concelhos que oferece mais emprego nesta zona geográfica”, explicando assim a aposta da Remax Vantagem em Azambuja. Diogo Severino acredita nas potencialidades de Azambuja, e embora muito do mercado esteja dependente de fatores, que muitas vezes são externos, salienta que a empresa tem vindo a crescer. Sustenta que o aumento do emprego e as condições de empregabilidade levam à fixação de pessoas e por consequência à necessidade de uma casa para morar. “Azambuja tem uma margem de crescimento muito grande” refere o CEO da Remax Vantagem, sublinhando que a zona industrial que liga esta vila ao Carregado “tem pouca oferta de habitação, mas mesmo assim é um mercado procurado”. Na sua opinião, é necessário melhorar o mercado de habitação para que as pessoas se fixem ainda mais, destacando as boas condições de mobilidade desta zona. Com cerca de 300 colaboradores a Remax Vantagem vai

completar no próximo verão 15 anos de atividade. A empresa que começou no Carregado tem vindo a ganhar terreno a nível nacional. Diogo Severino recorda ao “Negócios Com Valor” que a Remax Vantagem começou no Carregado por ser uma localização que estando no concelho de Alenquer liga a Arruda dos Vinhos, Azambuja e Vila Franca de Xira. “Felizmente as coisas correram bem e hoje temos a felicidade de estar efetivamente nos quatro concelhos e não no cruzamento que dava para os restantes três concelhos.” O CEO refere que embora nunca tenha estudado o assunto, a Remax, e passados 15 anos, possibilitou que muitas pessoas estejam hoje “muito melhor profissionalmente do que há uns anos atrás” vincando que tem sido uma relação mútua com os colaboradores nestes anos de atividade. A Remax Vantagem soma e segue e em breve abrirá uma nova loja também em Vila Franca de Xira, reforçando assim mais uma vez a sua posição neste mercado. PUB

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Rádio Valor Local

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José Gabriel Quaresma, jornalista de Vila Franca faz balanço de carreira Miguel António Rodrigues Sílvia Carvalho d’Almeida osé Gabriel Quaresma pivô da CNN Portugal foi o mais recente convidado da Rádio Valor Local. Falou sobre a sua carreira, de mais de 30 anos, que começou numa rádio em Vila Franca de Xira, de onde é natural. Começou na Rádio Ribatejo, (entretanto desativada) “no século passado”, e é hoje um dos rostos mais conhecidos da televisão. Pelo meio também fez imprensa escrita, mas foi no programa de desporto “Contra Ataque” na TVI que ganhou notoriedade. Hoje é pivô da CNN Portugal, um desafio que nunca imaginou ser possível. Diz que não nasceu num berço de ouro e esteve emigrado onde fez de tudo um pouco. Para além da televisão, revela que tem o desejo de “produzir conteúdos pessoais este ano, fora do âmbito da CNN”, ou seja, escrever mais um livro. O pivô de informação é o responsável, recorde-se, pela biografia do jogador de futebol Mantorras. Para além disto, tenciona continuar a dar aulas de jornalismo televisivo. José Gabriel Quaresma esteve na força aérea antes de se tornar jornalista, e ao mesmo tempo que estagiava, inicialmente, na Rádio Ribatejo, adquiria formação na área no Centro Protocolar de Formação de Jornalistas (CENJOR), num curso com a duração de dois anos, que deixou de existir recentemente, mas que

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dava acesso à profissão, estudando TV, Rádio, Imprensa e Fotojornalismo. Quadro da TVI, mas adstrito à CNN Portugal, conta que se sentiu nervoso e com um acréscimo de responsabilidade no primeiro direto para a marca norte-americana de informação, que é considerada uma referência a nível mundial. “Senti-me como no primeiro dia, com a diferença que tenho as ferramentas que normalmente ensino para comunicar”. Testou ser mais sóbrio e sério, mas igual a si mesmo no registo de apresentação do noticiário. Consegue assim corresponder aos requisitos da marca, que tem parâmetros, nomeadamente, de qualidade muito exigentes. “Eu sou o que sou e não vou mudar a minha maneira de ser, serei sempre assim, independentemente, de trabalhar na televisão.” Em reposta aos críticos do canal, que dizem que este é uma continuação da TVI24, responde que houve lugar “a uma formação muito exigente para pertencer a este projeto”, inédito em Portugal, e que se levanta diariamente “às duas da madrugada, para chegar ao estúdio às quatro, e começar a emissão às seis”, sendo que o seu horário termina às duas da tarde. Para além disto, refere que a CNN é uma televisão “muito mais pragmática, dinâmica no ecrã, mais sexy, e apelativa.” Conclui dizendo que foi necessário muito esforço para colocar e manter a televisão no ar, e que não é por acaso que são líderes de audiências desde o seu início.

O jornalista pensa voltar a mais um desafio no campo da escrita

Crónica Musical de Nuno Vicente

FBO estiveram na Rádio Valor Local Q uando se fala em Cascais e em bandas musicais, o primeiro nome que nos vem à cabeça são os Delfins, a banda que marcou o panorama musical nacional nas décadas de 90 e 2000. Mas ao longo dos anos, outras bandas foram nascendo na vila da baía como é o caso dos FBO com quem conversámos numa visita que fizeram à Rádio Valor Local. André Reis (Voz e bateria), Luís Fernandes (Teclista) e Diogo Nabais (Guitarrista), compõem a banda e foi com o André e a Isa Rodrigues, a manager deste projeto que estivemos à conversa. A história dos FBO tem início em 2014, quando o André e o Luís se conhecem e começam a tocar juntos, sendo desde aí a base da Fénix Band Oficial (FBO). Aos dois juntou-se mais recentemente o Diogo e em 2019 nascem então os FBO que

FBO, uma banda à conquista do público português

não é mais nem menos do que um acrónimo de Fénix Band Oficial. Nesse ano de 2019, lançam o seu primeiro álbum, com uma estratégia que se vai repetir no segundo trabalho de longa duração de lançar os temas isoladamente, e assim fazer com que o público vá conhecendo a música, pois normalmente quando é lançado um álbum com uma dúzia de temas de uma vez, dois ou três são singles e o resto passa despercebido. Essa estratégia parece agradar aos fãs da banda como foi possível constatar em dois concertos que deram recentemente no Casino do Estoril, onde apesar das contingências do primeiro quando ainda existiam muitas regras a cumprir, foram um sucesso e o público conhecia de cor os temas. Um palco que os FBO têm pisado é o da televisão com a participação em vários programas.

Mas essa ligação à televisão vem já do início da banda com o primeiro single da banda, “Voltar a Acreditar”, a ser escolhido para a banda sonora da Telenovela “A Prisioneira” e agora recentemente, o tema “Diz pára” que faz parte da playlist oficial da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV). Esta canção, segundo André, é um hino contra qualquer tipo de violência e onde os agredidos devem dizer para parar. Numa era da ditadura das playlists, os FBO, sentem-se muito felizes por fazerem a música que querem. Por serem os próprios os editores do seu trabalho têm a liberdade que não teriam se estivessem presos a uma editora. FBO, uma banda que se recomenda. Veja a entrevista completa em Podcast, em www.radiovalorlocal.com


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