Jornal Chafariz de Arruda - Edição Outubro 2019

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Bimestral • Director: Miguel A. Rodrigues • Nº 15 • 10 de Outubro 2019 • Gratuito

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de Arruda

Movimento em prol do ambiente dá que falar em Arruda Faleceu o antigo presidente da Câmara Asdrúbal Cunha

Pág. 5

Inaugurada Start-Up Cultural na antiga escola da Quinta da Serra Pág. 4

Págs 8, 9 e 10

Arruda aposta forte em iluminação led Pág. 3


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Câmara de Arruda já começou a aplicar produto substituto do glifosato Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos começou a aplicar ácido pelargónico nos espaços públicos e rurais no controle das infestantes, abandonando assim o glifosato, após uma forte onda de contestação ao seu uso por parte de vários munícipes nos primeiros meses do ano. A aquisição de uma máquina de monda térmica, no valor de 26 mil euros, é outro dos objetivos neste combate ao uso do glifosato. Mário Carvalho, vereador com o pelouro do ambiente, garante que aquele herbicida foi abandonado por completo. Quanto à eficácia do novo produto, apenas se verificará com o tempo. Para já o seu custo é cinco vezes superior ao do herbicida anteriormente utilizado. O corte mecânico com roçadouras tem sido levado a cabo também neste contexto de uma nova aposta quanto à limpeza e arranque das ervas daninhas. Ao Chafariz de Arruda, na sua edição de agosto, o vereador sustentava que o ácido pelargónico “não é tão agressivo para o meio ambiente, sendo homologado pela Direção Geral de Alimentação e Veterinária”. As contraindicações resumem-se “a algumas irrita-

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ções cutâneas e oculares mas por parte de quem aplica o produto”. O produto está em fase de testes no município. O autarca diz que lhe foi transmitido que o ácido pelargónico tem eficácia sem necessidade de remoção de ervas daninhas durante 10 meses. A empresa que procede à aplicação do novo produto é a mesma que já o fazia para o glifosato. Pese embora as muitas críticas que se fizeram sentir quanto à alegada atuação desenfreada da empresa no que ao glifosato diz respeito, Mário Carvalho refere que “o ácido pelargónico requer o mesmo tipo de fatos de proteção, o que na altura assustou a população, mas a Câmara garante a supervisão do produto e das doses aplicadas”. No Bairro Cerrado e Fontainhas a Câmara deu a conhecer a forma como as ervas daninhas estão a reagir ao ácido pelargónico com algumas infestantes já secas ou amareladas. Seguir-se-á o corte. Após essa fase, a autarquia vai interpretar o posterior nascimento de novas infestantes e até que ponto o novo produto é ou não eficaz. Acredita-se que esta primeira aplicação já enfraqueceu na raiz a planta, que quando brotar virá mais en-

Esta urbanização foi das primeiras a receber a experiência com ácido pelargónico fraquecida à partida. “Umas serão mais resistentes e outras menos”, diz Mário Carvalho. A aplicação está sinalizada com placas neste bairro. “Quando despontar é que se vai perceber com que intensidade é que isso vai acontecer. No glifosato já sa-

bíamos, neste ainda é uma incógnita”. As ervas que nascem neste início de outono, por outro lado, são mais resistentes do que as de primavera, pelo que o teste vai ter um resultado ainda mais decisivo. A nível ambiental a autarquia

está também a ponderar ações de sensibilização junto de agricultores nas diversas freguesias, mas também uma adequação deste género de conteúdos em escolas, e alertar no fundo a população para a causa do ambiente, incentivando-a a manter o

espaço público limpo. Vão ser ainda efetuadas limpezas de entulhos nos caminhos com a ajuda de voluntários. À semelhança da junta de Arruda, a Câmara também vai recorrer à plantação de espécies em zona de taludes para controlo das infestantes.

Violência doméstica acaba em crime macabro icou em prisão preventiva o homem que matou a companheira Camila Mendes, de 30 anos em Arruda dos Vinhos. A companheira foi encontrada morta dentro de uma mala de viagem na passada quarta-feira dia 2 de outubro, perto da urbanização de S. Lázaro. O homem, Robson Mandela de 38 anos, que foi detido em poucas horas pelas autoridades, estava escondido numa zona de mato, perto do local onde abandonou o corpo da companheira e está indiciado por homicídio qualificado e profanação de cadáver. Segundo apurámos, Camila Mendes terá sido esfaqueada nas costas. A vítima foi abandonada dentro de uma mala de viagem porque segundo as autoridades, a

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pega da mala partiu-se e tornou-se mais difícil deslocar a mesma. O alerta foi dado por um popular às autoridades que achou estranho o peso da mesma. A vítima não tinha identificação junto do corpo e estava enrolada num lençol. Segundo um comunicado da Polícia Judiciária, através da Diretoria de Lisboa e Vale do Tejo o presumível autor, terá sido “possivelmente motivado por questões de natureza passional, e atingiu a vítima com um golpe letal de arma branca, desferido num quarto que ambos haviam arrendado, numa habitação em que, à altura dos factos, não se encontravam outras pessoas”. Ainda de acordo com a PJ após abandonar a mala com o corpo da companheira, o suspeito “preparou a sua saída da habitação, presumi-

velmente, para se ausentar para o estrangeiro”. As diligências policiais realizadas permitiram localizá-lo,

durante a noite, num espaço com vegetação densa, situado nas proximidades, onde, entretanto se havia ocultado.

Cidadã brasileira morreu às mãos do companheiro

No local estiveram a equipa dos Bombeiros Voluntários de Arruda dos Vinhos,a GNR e a PJ. Num curto comunicado na página pessoal do Facebook, André Rijo, presidente da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos, lamentou o “acontecimento de um crime hediondo que apanhou tudo e todos de surpresa e que chocou toda uma comunidade”. O autarca lamentou o desfecho deste caso de violência doméstica “que terminou da pior maneira possível tal como tantos outros, que infelizmente, se têm multiplicado e verificado um pouco por todo o país e que fazem deste um ano particularmente ano negro no que concerne à violência doméstica”. André Rijo recorda que o casal estava em Arruda há cerca de 15 dias, com quarto alugado na Urbanização de

S. Lázaro, sendo que “os vizinhos ainda não tinham notado sinal de violência ou agressividade entre ambos”. “Não havia sinalização por parte de qualquer autoridade, afinal eram também recém-chegados” adianta o autarca. André Rijo refere assim que com este “tipo de crimes, de violência doméstica, falhamos todos enquanto comunidade”. O autarca assegura, no entanto, que o caminho será o de “continuar a trabalhar, reforçando o que temos feito de articulação entre as várias entidades, o gabinete intermunicipal de apoio às vítimas, o Centro Local de Apoio aos Migrantes, os centros locais que estamos a desenvolver para acolhimento de situações graves, a articulação com GNR, CPCJ, escolas e todas as forças vivas”.


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Arruda conta com luminárias LED para mais poupança e eficiência Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos, já deu o primeiro passo, em conjunto com a Comunidade Intermunicipal do Oeste (Oestecim) para tornar mais eficiente a iluminação pública no concelho. A autarquia que aproveita o projeto intermunicipal colocado no terreno, por aquela entidade, pretende substituir cerca de 50 por cento do parque de iluminação pública por luminárias com tecnologia LED. Trata-se de um projeto desenvolvido pela Agência de Energia Oeste Sustentável, e pela Comunidade Intermunicipal do Oeste, designado OesteLED ESSE. Este é um projeto que depende de um concurso público que levará a substituir cerca de metade das luminárias existentes da iluminação pública em todo o concelho. Segundo a autarquia esta nova tecnologia levará a “uma eficiência de mais de 70 por cento face às atuais luminárias”. De acordo com o presidente do município, André Rijo, que foi dos autarcas mais ativos neste projeto, “esta medida permitirá uma redução do consumo energético, alinhada com uma estratégia global de combate às alterações climáticas, descarbonização e promoção da eficiência energética” que de resto faz

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parte “dos objetivos previstos no Pacto de Autarcas”. Ao todo, em Arruda dos Vinhos, serão substituídas cerca de 2500 luminárias abrangendo as quatro freguesias, nomeadamente, Arruda dos Vinhos, Arranhó, Cardosas e S. Tiago dos Velhos. A primeira fase decorre no terreno, e até ao fim de novembro o projeto deverá estar concluído. Progressivamente, a autarquia tem vindo a substituir por lâmpadas led outras mais antigas em edifícios municipais. São exemplos disso a própria Câmara Municipal, piscina municipal, Centro Escolar Arruda dos Vinhos, e iluminação exterior de todos os restantes centros escolares. Foram também abrangidos nesta primeira leva, os edifícios da biblioteca Irene Lisboa, auditório municipal e pavilhão multiusos. Segundo a autarquia, com estas alterações, estima-se uma poupança de 55 por cento no consumo energético. Ao Chafariz, a edilidade recorda também que no centro escolar Casal do Telheiro, foi instalado um optimizador de energia (WattGuard) que também vai reduzir o consumo da iluminação estimada em 40 por cento. Para além da poupança financeira adjacente, a autarquia tem vindo a reforçar a

Região Oeste é já das mais ambiciosoas do planeta quanto a este desígnio importância da eficiência energética. OesteCim admite poupar 3,4 milhões de euros Com o projeto de substituição das lâmpadas atuais por tecnologia LED, a Comunidade Intermunicipal do Oeste e a Oeste Sustentável estimam poupar 3,4 milhões de euros por ano na fatura energética dos doze municípios da região Oeste. A iniciativa surge no âmbito do Projeto OesteLED ESSE que vai substituir os siste-

mas de iluminação pública da região por lâmpadas LED. Pedro Folgado, presidente da OesteCim, referiu que o projeto arrancou com a substituição de cerca de 6000 luminárias nos municípios de Bombarral, Lourinhã e Sobra de Monte Agraço, tendo este processo iniciado a 13 de maio no município do Bombarral. Esta operação contempla até ao final do ano, a substituição nos 12 municípios. O Oeste possui atualmente uma fatura energética de

cerca de 6,5 milhões de euros por ano e 17,1 toneladas de emissões de gases de efeito de estufa. O objetivo será substituir cerca de 68.500 pontos de luz, o que representa uma redução de 26,4 GWh (de 36 para 10kwh/ano), o equivalente a aproximadamente 7500 habitações e a uma redução de 12,4 toneladas de CO2. A poupança estimada na fatura energética da região Oeste representa uma redução de 72,42 por cento, passando de 4,7 milhões de

euros para 1,3 milhões de euros por ano. A iniciativa surge da necessidade de melhoria da eficiência energética na iluminação pública, em linha com o Plano Nacional Energia e Clima, que visa promover a descarbonização da economia e a transição energética, atingindo a meta de neutralidade carbónica em 2050. Conforme referido por André Rijo, Presidente da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos e vogal do Conselho de Administração da Oeste Sustentável, esta iniciativa constitui, a nível de valor agregado, o 10º maior projeto de iluminação pública LED do mundo e o maior no país. André Rijo acrescenta ainda que o projeto “não se esgota na substituição de luminárias”, pretendendo-se, por um lado, avançar com o projeto na sua versão 4.0, ou seja numa perspetiva SMART REGION e, também, muito importante, que o resíduo produzido com esta substituição “seja aplicado a um projeto de educação ambiental, muito focalizado na problemática das alterações climáticas. Deste modo, através do OesteLED ESSE “até ao final do ano temos uma região mais sustentada” e que “cumpre com os desígnios do Pacto dos Autarcas que foi subscrito por todos os municípios”.

Arruda solidária com Diogo Moreira s arrudenses compareceram em peso na recolha de sangue promovida nas instalações dos Bombeiros Voluntários que decorreu no final de setembro. Cerca de 140 pessoas responderam afirmativamente à chamada em nome da causa de Diogo Moreira, um jovem de 18 anos da localidade de Arruda, portador de leucemia mieloide crónica que ainda se encontra a aguardar por um dador de medula compatível. Ao Chafariz, a mãe, Esmeralda Moreira, refere que o filho se encontra estável e com muita esperança em encontrar alguém compatível. As recolhas de sangue vão,

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por isso, continuar. Solidariedade tem sido palavra de ordem, e Esmeralda Moreira agradece o contributo de amigos, conhecidos e desconhecidos que se têm juntado a esta causa. As próximas recolhas vão decorrer no dia 17 de outubro na Escola de Serviços e Comércio do Oeste, das 15h00 às 19h00; dia 27 de outubro no Centro Cultural de Campelos (Torres Vedras) das 9h00 às 13h00; nos bombeiros de Torres Vedras, das 15h00 às 20h00 no dia 3 de novembro; no dia 2 de novembro no Centro Comercial Serra Nova, em Póvoa de Santa Iria das 15h00 às 20h00, e na junta de freguesia do Forte da Casa, no dia 12 de ou-

tubro das 9h00 às 13h00. Recorde-se que a doença foi diagnosticada em setembro do ano passado, e desde então a mãe de Diogo, Esmeralda Moreira, refere que a família passou a viver um dia de cada vez. O jovem fez dois tratamentos diferentes de quimioterapia no Instituto Português de Oncologia, mas sem grande sucesso. Diogo Moreira espera que surja alguém compatível na base de dados de dadores nacional ou até mesmo na base de dados mundial. Atualmente cerca de 13 milhões de pessoas estão registadas nesta rede mundial de solidariedade de acordo com a Associação Portuguesa contra a Leucemia. Con-

tudo a probabilidade de se encontrar um dador é escassa. Pode ser necessário pesquisar entre 100 mil, 200 mil, 500 mil, ou mais de um milhão de dadores. Normalmente, a tarefa fica mais fácil no seio da família, porquanto há partilha de ADN. Neste campo, o jovem arrudense tem um irmão de 15 anos que contudo não é compatível, pelo que a procura continua e a esperança da família não cessa. Esta é uma das formas mais vulgares de leucemia, contudo menos comum em jovens desta idade. A Diogo Moreira resta nesta altura o transplante de medula, pelo que a luta continua por parte da família.

Diogo Moreira mantém-se positivo


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Inaugurada Start-Up Cultural na antiga escola da Quinta da Serra oi inaugurada, no dia 21 de setembro, a “ Start-Up Cultural”, um projeto da junta de freguesia de Arruda dos Vinhos numa parceria com o município. A ideia da autarquia liderada por Fábio Morgado passou por congregar na antiga Escola Primária da Quinta da Serra, “um polo de inovação cultural da freguesia de Arruda”. Contempla uma sala polivalente, onde se podem realizar exposições, tertúlias, servindo a sala também para ensaios para grupos musicais. O Chafariz participou numa visita guiada pelo novo espaço. Já há artistas interessados em fazerem parte deste projeto, como duas bandas de música e uma pintora. No máximo podem permanecer no espaço durante quatro anos, obedecendo a um caderno de encargos que visa, entre outros objetivos, a concretização de um projeto ao qual

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Autarquia espera ansiosamente pela chegada dos primeiros artistas se propõem. Os artistas não têm de pagar para usufruírem do espaço composto por várias salas, cozinha, zona de refeições e um quarto com dois beliches. Os artistas que desejem ocupar este espaço, “apresentam o projeto, dão a conhecer o seu portfólio, e dão a conhecer o que querem

realizar”, refere Fábio Morgado. Depois será submetido a avaliação de um conselho consultivo a ser criado composto por nomes ligados à arte e à cultura, bem como um elemento da Câmara e da junta. No caso de bandas que venham ensaiar para o local, salvaguarda que o espaço não pretende

ser uma sala de ensaios apenas, e volta a salvaguardar que os projetos obedecem a um horizonte temporal máximo de quatro anos. Não basta ser de Arruda para se ter uma condição preferencial de acesso, “mas se dois projetos forem apresentados e estiverem em pé de igualdade, a esco-

lha pode recair sobre um cidadão do concelho”. “No fundo, o que desejamos é que exista um misto de artistas do concelho e de fora, numa lógica de valorização e de troca de experiências”; expõe o autarca. Para Fábio Morgado, a cultura deve ser descentralizada, por isso, na sua opinião faz sentido levar para fora dos centros urbanos projetos como este que visam dar ferramentas aos artistas para que estes possam “criar” com algumas condições e sossego, que habitualmente “não têm nas suas casas”, locais onde em regra trabalham. “Esta é uma das melhores zonas da freguesia, com uma vista excelente sobre o vale, é uma aldeia extremamente sossegada, com uma comunidade pacata, e isso favorece a vertente criativa dos artistas”. Para já o investimento foi de 20 mil euros por parte da Câmara de Arruda, e 18 a 19 mil euros da

junta de freguesia, mas esta start-up cultural vai voltar a receber investimento no ano que vem por parte da junta de freguesia. Este é um projeto “que se pode dizer pioneiro, porque o artista não paga para vir para cá, e pode ainda ser apoiado a nível dos materiais”, ao contrário do que acontece com outras valências semelhantes no país. Trata-se no fundo de “trazer massa crítica para Arruda dos Vinhos”. Fábio Morgado salvaguarda que a start-up cultural apenas albergará trabalhos artísticos e não o artesanato “que prevê a produção em massa”. “O objetivo aqui passa pela produção de peças únicas”. Esta é uma iniciativa que se encontra na sequência dos objetivos previstos no plano estratégico “Cultura ao Morgado”, tendo em conta os planos de revitalização e valorização das escolas “desativadas” do concelho de Arruda dos Vinhos.

Receção aos professores marcada pela chegada do ensino superior ais uma vez o Município de Arruda dos Vinhos, deu início ao no letivo com uma recção ao pessoal docente e não docente, A iniciativa constou de uma cerimónia no passado dia 11 de setembro no Pavilhão Multiusos e que juntou centenas de atuais e futuros professores e pessoal não docente. A cerimónia contou com a participação do Presidente da Câmara Municipal, André Rijo; João Raposo do Agru-

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pamento de Escolas de Arruda dos Vinhos; Nuno Faria do Externato João Alberto Faria e José Leal da Escola Profissional Gustave Eiffel. De assinalar, que esta edição fica marcada pela chegada ao concelho de Arruda dos Vinhos do ensino superior. Este é um primeiro passo que o concelho de Arruda dos Vinhos dá ao nível do ensino superior. Inserido no projeto mais vasto designado ArrudaLab, este passo insere-se numa “estratégia de valorização, qualificação e fortaleci-

mento do território, nomeadamente dos seus recursos humanos, tecido económico, social e empresarial”, refere o município no seu site. O projeto conta com um conjunto vasto de parcerias locais e regionais, nomeadamente Externato João Alberto Faria, Adega Cooperativa de Arruda dos Vinhos, Casa Agrícola das Mimosas, Lda, Casa Agrícola Ribeiro Corrêa, Casa Santos Lima, Condado Portucalense Vinhos, Mário Silva Gonzaga Ribeiro, Quinta da Chapinheira, Sociedade

de Agricultura Grupo, Lda., Quinta de S. Sebastião, Sociedade Agrícola Quinta da Conceição, Sociedade Agrícola Quinta da Marinheira, Lda., Sociedade Agrícola da Quinta da Mornalha, Lda, Sociedade Vitivinícola do Formigal, Lda, Vilaroucha, Produção e Comercialização de Vinhos, Lda Na cerimónia foi apresentado o curso técnico superior de viticultura e enologia através de Margarida Oliveira, da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Santarém.

Corpo docente preparado para mais um ano letivo

Junta de Arruda lança podcast das reuniões e as conversas são como as cerejas, então porque não transformar uma boa conversa num podcast? Foi isso mesmo que o executivo da Junta de Freguesia de Arruda dos Vinhos fez e disponibiliza no seu site. “Às 5 na junta” é o nome deste novo modelo de comunicação levado a cabo pela junta de freguesia. Fábio Morgado, presidente da junta, explicou ao Chafariz que a ideia foi ir “matando o tempo” enquanto o executivo ia resolvendo as questões do dia a dia, que nasceu no dia internacional

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do podcast. O autarca refere que já há muito que nas reuniões semanais, onde por exemplo a autarquia faz os pagamentos a fornecedores, se fala de muitas coisas e de diversos temas. Enquanto as operações se desenrolam, há tempo para colocar a conversa em dia, até porque algumas das operações são demoradas. Falase de tudo: “de música, de filmes, de futebol” e claro das “questões da freguesia.” O autarca considera o “podcast” um aspeto importante na comunicação da freguesia, a juntar ao site que foi

melhorado e até à aplicação que está no terreno e que tem sido uma mais-valia para denunciar em tempo real, alguns dos principais problemas de Arruda dos Vinhos. Fábio Morgado refere que esta ideia que junta o executivo tem como objetivo “dar informação à população e mostrar o lado humano de quem está deste lado”. Aliás o autarca assume mesmo que a ideia adjacente é “mostrar que os políticos não são chatos nem cinzentos”. Este podcast, que não é mais que um ficheiro de áudio, contém, para além das conversas correntes sobre o lado

mais mundano do executivo, a agenda cultural para a semana, ou um simples desabafo sobre os passes na região. O trio constituído pelo presidente, o adjunto e a tesoureira acaba por ser um elemento agregador, ao trazer para a conversa assuntos sérios, mas tratados de forma mais informal, chegando assim de uma outra forma à população de Arruda dos Vinhos. Esta primeira experiência está a correr bem, e Fábio Morgado, que faz de quando em vez de DJ, não vê motivos para interromper algo que está a resultar.

Podcast é mais uma forma de chegar às pessoas


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Sociedade 5 Faleceu o antigo presidente da Câmara Asdrúbal Cunha

Está aí a segunda edição do Arruda Motorcycle F

Pavilhão Multiusos de Arruda dos Vinhos, acolhe este fimde-semana (13 e 14) de outubro, mais uma edição do Arruda Motorcycle. Trata-se da segunda edição deste evento, que no ano passado, juntou centenas de pessoas à volta das duas rodas. Benjamim Pitacho da organização, refere ao Chafariz que a edição de 2018 teve um balanço positivo. “Foi a primeira edição de um evento sem historial, realizado numa vila fora dos grandes centros urbanos, focado numa temática muito específica (a cultura Café Racer), pelo que à partida era um evento com muita dúvida e incógnita” refere o organizador Ainda assim salienta que as expectativas do grupo foram ultrapassadas logo no primeiro dia com a adesão de “muitos grupos de adeptos, entusiastas e amantes das duas rodas a rumarem até Arruda dos Vinhos, seja individualmente ou em grupos organizados, aproveitando também para um passeio pela zona rural da periferia de Lisboa”. Por outro lado, Benjamim Pitacho, refere igualmente que a participação da população de Arruda também ajudou ao sucesso do evento. No que toca às marcas, o organizador frisa que estas também sentiram o sucesso da primeira edição, estando já confirmada a presença de muitas delas neste fim-de-semana. Esta foi uma iniciativa importante que marcou o início de um ciclo. Só na primeira edição, estiveram presentes cerca de 3000 visitantes. Um número que podia ter sido melhor, não fosse o facto de ter chovido no segundo dia do evento “e por esse motivo alguns possíveis visitantes optaram por não se fazer à estrada, principalmente aqueles

aleceu no passado dia sete de salienta. outubro, Asdrúbal Duarte Cunha, presidente e vicepresidente de Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos, no período entre 1956 e 1974. Natural de Arruda dos Vinhos, nasceu em 1927 e passou por diversas áreas em Arruda. Foi fundador da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Arruda dos Vinhos, presidente da Adega Cooperativa de Arruda dos Vinhos, presidente do Clube Recreativo e Desportivo Arrudense, Presidente da casa do Sporting de Arruda dos Vinhos, presidente da Mesa da Assembleia da Santa Casa da Misericórdia de Arruda dos Vinhos, dirigente de diversas outras coletividades. Era considerado por muitos como um homem na frente do seu tempo. Era o maior vitivinicultor do concelho. O Chafariz de Arruda falou com Asdrúbal Cunha em 2017, por ocasião dos 50 anos das cheias de 1967, em que o antigo presidente da Câmara lembrou histórias e memórias.

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Arruda em choque com a morte de Joel Rodrigues Certame agradou aos amantes deste tipo de atividades que tencionavam ir de mota”, refere Benjamim Pitacho. Com um balanço positivo, a organização não tenciona fazer grandes mudanças nesta segunda edição. Já no que toca a expositores, no ano passado estiveram presentes cerca de 30 “entre marcas, transformadores, artistas de diversas vertentes, street food e colecionadores” e reforça que “este ano, aumentámos a fasquia e alargámos o espaço do evento, esperando-se 41 expositores e algumas surpresas volantes, sem espaço físico definido”. Para Benjamim Pitacho em “equipa vencedora não se mexe”, no entanto esclarece que que existirão algumas iniciativas inéditas em 2019. No que toca a esta edição, as expetativas “são sem dúvida de superarmos os números do ano passado, mantendo a qualidade e o nível que se es-

tabeleceu pela primeira edição”. Haverá mais expositores, sendo que a organização conta com um “trabalho ainda mais ativo dos média partners” onde se inclui o jornal Chafariz, refere Benjamim Pitacho que acredita contar com “um maior número de visitantes e atingir no mínimo, o mesmo nível de sucesso e satisfação do ano passado, tanto de quem expõe como de quem visita”. O organizador recorda também o lado social da iniciativa, vincando a importância da angariação de fundos para os Bombeiros Voluntários de Arruda dos Vinhos sendo que “também nesse sentido esperamos poder aumentar o valor angariado para esta nobre instituição que a todos nos serve” Com o sucesso do ano passado, a organização ainda

não aponta para uma nova localização. Contudo refere o organizador, se existisse mais espaço, “mais stands teríamos e nesta edição fomos quase ao limite do que o espaço físico permite alojar” vincando “que este é um evento em Arruda dos Vinhos e por aqui pretendemos manter, não só porque é a nossa vila mas também porque sendo focado no mundo das duas rodas e como muitos que nos visitam vêm de mota, é uma zona fantástica para se dar um passeio, comer bem e obviamente passar pelo evento”. Para o futuro fica a ideia de trazer também para o exterior do recinto outro tipo de atividades, “sempre dentro da temática Café Racer. Sendo o pavilhão multiusos provavelmente o local com maior capacidade para este tipo de eventos na vila, dificilmente irá mudar a sua localização”.

m acidente tirou a vida a Joel Rodrigues, o fundador do Curt’Arruda. Tinha 37 anos. O acidente deu-se no dia 5 de outubro e apesar de ter recebido socorro no imediato, Joel acabou por morrer no local. Estava a participar num passeio de bicicleta quando embateu num poste na Estrada do Lapão. O festival do qual foi fundador com André Agostinho e que estava marcado para breve vai ter apenas uma sessão e dedicada a Joel Rodrigues. Na página de facebook do festival pode ler-se: “O Joel carregava o cinema consigo e ajudou a tatuá-lo no coração dos arrudenses, com a sua inesgotável vontade em erguer o Festival de Cinema de Arruda dos Vinhos, o Curt’Arruda, ano após ano. Contamos convosco para lhe prestar a homenagem que merece, honrar a sua memória e perpetuar este sonho de luz e movimento”. Joel Rodrigues colaborou com o nosso jornal nas primeiras edições com uma rubrica de cinema. É com pesar que damos esta notícia enviando à família, em nome da nossa equipa, as mais sentidas condolências.

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PS vence eleições legislativas no concelho de Arruda Partido Socialista foi o grande vencedor das eleições legislativas em Arruda dos Vinhos. O PS, não só venceu como reforçou a sua posição. O Bloco de Esquerda cimentou o terceiro lugar a nível nacional e em Arruda não foi exceção,

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atirando a CDU para quarta força política em algumas freguesias. Na freguesia de S. Tiago dos Velhos, o PS quase que chegava aos 47 por cento. Com efeito o partido da rosa, conseguiu alcançar os 46.66 por cento, ao passo que o PSD ficou-se pelos 19.91 por cento segundo os

dados da Comissão Nacional de Eleições. Seguem-se o Bloco de Esquerda com 9,01 por cento, o PCP com 6,83 por cento e o PAN com 3,92 por cento. Já o CDS, registou cerca de 2,33 por cento dos votos Na freguesia de Arranhó, o PS chega aos 41,59 por cento, o PSD aos 31,46 e o

Bloco aos 6,88 por cento. A CDU surge em quarto lugar com 4,9 por cento, seguindo-se o CDS com 2,65 por cento. O PAN surge com 2,57 por cento dos votos. Na freguesia das Cardosas, a mais pequena do concelho, o PS vence com 36,50 por cento dos votos, seguindo-se o PSD com 27 por

cento. O Bloco afirma-se como terceira força política em igualdade pontual com a CDU registando ambas 10,50 por cento das opções dos eleitores. O CDS consegue 2,25 por cento. O Partido Chega e PAN igualam também as opções dos eleitores com 2,25 por cento dos votos.

Em Arruda dos Vinhos, O PS também vence com 38,54 por cento dos votos seguindo-se o PSD com 22,61 por cento. O Bloco consegue 8,68 por cento e a CDU 7,38 por cento. O CDS aparece em quinto lugar com 4,46 por cento, seguindo-se o PAN com 3,68 por cento.


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Referendo pode ser uma opção para o futuro do Hospital de Vila Franca Coligação Mais, com assento na Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira, apresentou no dia 26 de setembro, uma moção que exorta o município a tomar as rédeas de todo o estado de sítio que envolve o Hospital de Vila Franca de Xira e o abandono da José de Mello Saúde da Parceria Público Privada, após o fim do contrato em 2021. Rui Rei, presidente da concelhia do PSD, é taxativo – “O município de Vila Franca bem como os restantes quatro devem tomar uma posição

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de força no sentido de acentuarem ainda mais a sua preferência pelo modelo de gestão público-privada dados os benefícios alcançados ao longo de todos estes anos”. Rui Rei diz que o caminho deve ser o de lançar novo concurso para nova PPP, em que o hospital continue a ser gerido por um grupo privado de saúde, dado o contexto dos últimos oito anos em que a José de Mello esteve à frente da gestão. No caso de o ministério da Saúde “entender que não é possível, então nesse caso devemos forçar a possibilidade de ser feito

um referendo à população”. Em marcha está ainda uma petição online que defende a manutenção desta PPP O autarca e eleito na Assembleia Municipal critica todo o papel que o Partido Socialista e o ministério da Saúde tem assumido em matéria de saúde e da sua gestão, a começar pelo episódio dos refeitórios e o hospital de Vila Franca. “Lamento ainda que a antiga presidente de Câmara, Maria da Luz Rosinha, próxima do governo PS, ainda não tenha dito uma palavra em público. Está muitas vezes em contacto com o primei-

ro-ministro e nunca a vi pronunciar-se contra esta demagogia da esquerda”. Recorde-se que a José de Mello Saúde anunciou no dia 10 de setembro, em comunicado de imprensa, a sua decisão de não se manter na gestão do Hospital de Vila Franca de Xira após o fim do contrato em 2021. O grupo entendeu que não estavam reunidos os requisitos para continuar numa espécie de gestão provisória, até 2024, conforme chegou a ser sugerido pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, a 31 de maio, quando o minis-

É o fim de um ciclo para a Saúde na região, oito anos depois do início da PPP de Vila Franca de Xira

tério da Saúde, anunciou que a Parceria Público-Privada não teria condições para se manter nas atuais condições. A atual gestão da unidade de saúde que serve um total de 245 mil habitantes dos concelhos de Alenquer, Azambuja, Arruda dos Vinhos, Benavente e Vila Franca de Xira, refere que "a incerteza quanto ao prazo de renovação e ao modelo de gestão não garantem a estabilidade e a previsibilidade necessárias ao desenvolvimento de um projeto estruturado e de médio prazo", tendo em conta os

níveis de excelência que o projeto da José de Mello Saúde tem conseguido ao longo dos anos, nomeadamente, com as diversas acreditações internacionais e as melhores classificações do SINAS. Acrescenta, ainda, que desde que assumiu a gestão a um de junho de 2011, o hospital alcançou uma poupança para o Estado de 56 milhões de euros, de 2011 a 2017, de acordo com o relatório de avaliação da Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos do ministério das Finanças e do ministério da Saúde.


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Hospital de Vila Franca alerta para perigos do cigarro eletrónico s médicos pneumologistas estão a desaconselhar o uso do cigarro eletrónico. Aquele que até há pouco tempo era visto como um mal menor para quem não conseguia deixar o vício de fumar, é encarado, atualmente, como uma séria ameaça à saúde humana, ao mesmo nível do cigarro comum. Tendo em conta as mais recentes notícias que davam conta da morte por pneumonia de utilizadores de cigarro eletrónico nos Estados Unidos, o Hospital de Vila Franca de Xira promoveu um curso de cessação tabágica dirigido a profissionais daquela unidade hospitalar mas também junto dos que trabalham nos centros de saúde da região. Paula Rosa, médica pneumologista no Hospital de Vila Franca de Xira, refere que a notícia não é uma total novidade, porque a comunidade médica já estaria consciente dos perigos do cigarro eletrónico. A médica especialista elucida que os casos de pneumonia associados a este consumo possuem sintomas bastante severos, tendo em conta a presença de substâncias de caráter lipídico naquele produto que causam dificuldades respiratórias, tosse, febre, náuseas,

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vómitos. Foram descritos até à data oito casos de mortes associadas àquela sintomatologia e ao consumo dos ditos cigarros eletrónicos, que comporta diversas substâncias, “e por vezes até algumas que são adulteradas pelo consumidor”, também “compradas de forma irregular”, o que faz elevar o nível de preocupação quanto aos malefícios desta forma de fumar. “No fundo ainda não sabemos se o risco é o mesmo ou não, porque o cancro (mais associado ao consumo dos cigarros tradicionais) só aparece ao fim de décadas, contudo o que acontece, nesta altura, é o aparecimento de outras doenças, como a pneumonia, que não estava ligada ao cigarro tradicional, e por isso até pode haver um maior potencial de risco nos cigarros eletrónicos”. O hospital de Vila Franca regista cerca de 300 casos de primeira consulta de cessação tabágica atualmente. Sendo que já apareceram casos de pessoas que querem, justamente, deixar de fumar o cigarro eletrónico. Face a este quadro, “há a necessidade de reforçarmos o aviso quanto aos perigos deste consumo”. A esta unidade hospitalar chegam à consulta mais homens do

Cigarro eletrónico tem-se tornado um fenómeno de popularidade entre os mais jovens e é motivo de grande preocupação para os profissionais de saúde que mulheres, e sobretudo utentes já com um quadro clínico agravado, sendo portadores de doença obstrutiva crónica, problemas cardiovasculares, e encaminhados por outras especialidades. Situam-se na faixa etária dos 50 aos 60 anos de idade. No dia um de janeiro de

2018, entrou em vigor a nova lei que equipara o cigarro eletrónico ao cigarro comum, e ao tabaco aquecido. A especialista enfatiza a atração que esta forma de fumar, (o cigarro eletrónico surgiu em 2007) exerce junto dos jovens com a venda do produto associada à pos-

450 casos de doença pulmonar e 6 mortes nos Estados Unidos causados pelo cigarro eletrónico

20%

Taxa de fumadores, com mais de 15 anos, em Portugal sibilidade de escolha de sabores a doces e a frutas o que face aos dados presentes é algo que faz soar todas as campainhas. Um recente estudo da Jama Pediatrics relativo ao consumo de cigarros eletrónicos pelos

Estão abertas as candidaturas para as Bolsas de Estudo do Hospital de Vila Franca de Xira eve início no dia 15 de setembro e prolonga-se até 31 de outubro, o prazo de candidaturas à edição de 2019 das Bolsas de Estudo do Hospital de Vila Franca de Xira. As Bolsas de Estudo têm o montante anual de 1.500 euros e pretendem comparticipar o pagamento de propinas e outras despesas dos jovens residentes na área de influência do Hospital Vila Franca de Xira (concelhos de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Benavente e Vila Franca de Xira) que ingressem no ensi-

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no superior, preferencialmente, num curso da área da saúde. Poderão candidatar-se à atribuição destas bolsas os estudantes que preencham um conjunto de condições, entre as quais: terem até 25 anos à data da candidatura; serem residentes, há mais de três anos, num dos cinco concelhos da zona de influência do Hospital Vila Franca de Xira; terem ingressado no ensino superior com média igual ou superior a 16 valores. Não podem ser detentores de outro curso superior, não ter rendimento per capita por si só ou atra-

vés de agregado familiar superior ao salário mínimo nacional, nem possuam outra bolsa de apoio ao estudo. As candidaturas devem ser submetidas através do endereço eletrónico juribolsasdeestudo@hvfx.pt. O formulário de candidatura e regulamento de participação estão disponíveis no site do Hospital Vila Franca de Xira (www.hospitalvilafrancadexira.pt). As Bolsas de Estudo são uma iniciativa do Conselho para o Desenvolvimento Sustentado do Hospital Vila Franca de Xira e da Fundação Amélia de Mello.

Valor será de 1500 euros por aluno

mais jovens nos Estados Unidos referia que o seu consumo entre estudantes do ensino secundário aumentou quase 80 por cento (entre 2017 a 2018) com o aparecimento de novos dispositivos.


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Movimento em prol do ambiente dá que falar em Arruda m grupo de cidadãos tornouse conhecido, nos últimos meses, depois de ter protagonizado uma ida a reunião de Câmara, em que as aplicações de glifosato no concelho estiveram em cima da mesa. O movimento tem preocupações ecológicas, e para além da aplicação de herbicidas, tem-se debatido por questões como a limpeza do rio, a agricultura biológica, entre outras. Apesar de não residirem todos na mesma localidade, foram-se conhecendo e descobrindo que possuem causas semelhantes. Alguns destes elementos do movimento vieram viver para o concelho nos últimos anos, e têm feito diversas sugestões junto do município. Umas aceites e outras nem tanto, como referem à nossa reportagem. Paulo Sirgado, Elisabete Mália, Alexandra Contreiras e Diogo Campos são apenas alguns dos elementos do movimento com quem nos encontrámos.

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Defensores do meio ambiente desejam a mudança neste concelho O glifosato e a sua erradicação foi uma das questões

mais badaladas no concelho. O movimento considera que

a sua ação foi fundamental para a mudança operada

pelo menos a nível da Câmara, que recentemente aban-

donou o uso daquele herbicida, quando uma aplicação le-


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Outubro 2019 vada a cabo nos primeiros meses do ano causou celeuma, tendo em conta que terá sido feita de forma indiscriminada por uma empresa contratada pelo município. “Aconteceu porque o nosso movimento ganhou força e causámos impacto na reunião de Câmara, porque até essa altura já tínhamos entrado em contato por cartas e algumas deslocações mas sem efeito”, recorda Diogo Campos que considera que a partir dessa altura a autarquia passou a olhar para o movimento de outra forma. Pese embora “depois disso pouco ou nada tenha mudado”, “Fizeram algumas reuniões connosco, aceitaram as nossas sugestões mas pouco mais”. Uma das críticas que este movimento faz prende-se com a recente limpeza do rio efetuada pelo município. “Ecologicamente não tem valor, porque não vemos aqui pássaros, devastaram tudo, sem qualquer tipo de critério, sem olhar à biodiversidade”, refere Diogo Campos. “Fizeram uma limpeza extremamente agressiva”; junta Elisabete Mália. “Até porque o principal problema são os esgotos a correr a céu aberto” diz Alexandra Contreiras. É conhecida a ineficácia da atual ETAR com empresas

Destaque 9

Movimento desejaria criar um espaço sobre plantas no parque urbano da zona industrial das Corredouras que ainda poluem o

rio. “Há alturas em que parece que há cimento a correr

no rio”, demonstra Diogo Campos para exemplificar a

força da poluição. Tendo em conta a atividade de uma das

empresas à partida visadas, demonstra- “Se colocar um


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10 Destaque

Outubro 2019 ram que em Arruda está a crescer uma acultura em prol do biológico e do sustentável que tem de ser acompanhada. “No meu caso produzo biológico, consigo fazer várias culturas no mesmo terreno, vendo mas acabo por não conseguir satisfazer tanta procura”, diz Diogo Campos. Alexandra Contreiras diz mesmo que “há plantas que atraem as abelhas”; que estão em vias de extinção como é o caso da hera, e só por si deve ser “acarinhada”. Paulo Sirgado refere que o movimento está em interação com a Quercus, pois a troca de “conhecimento” é imprescindível. “Sensibilizar as crianças é o mais importante, pois elas é que vão influenciar os pais”, conclui Diogo Campos. “Seria fácil terem um compostor na escola, ou canteiros”. “A Câmara tem de ser mais flexível, porque estamos disponíveis para discutirmos todos os assuntos”, concluem.

Grupo debateu-se pela erradicação do glifosato copo à saída da ETAR quase que bebe vinho”. O elemento do movimento lamenta que passado mais de um ano de esta realidade se ter tornado conhecida que os avanços continuam a ser poucos, no seu ponto de vista. “Dá-me ideia de que pouco ou nada

se fez!, mas percebo que são postos de trabalho e mexer com isso tira votos aos políticos”, desabafa. “Revolta-me o que fizeram no rio, foi uma devastação, embora tenham alegado que queriam ver de onde vinham os esgotos”, diz Elisabete Mália. Neste cam-

po, Diogo Campos acrescenta que não faz sentido, na sua opinião, que a Câmara recorra a militares “para limparem o rio”. “Não se justifica”. Nos últimos meses, este movimento também empreendeu uma limpeza no rio e outra em Cardosas. “A Câ-

mara agradeceu-nos. São muito cordiais mas sem consequências”; diz Diogo Campos. “Exemplar foi a recuperação que houve num rio em Paredes de Coura, não o que a Câmara fez aqui”, diz Sirgado, exemplificando- “E com recurso a voluntários, com contenção de margens, usando troncos e pedras”. De acordo com a legislação “os rios devem ter árvores e aqui não há hipótese”. A limpeza deve ser controlada, saber o que se retira e o que se deixa, “para não destruir os habitats”. “Mas nada se fará enquanto estiver poluído, porque aqui o que temos é um esgoto”. O município fez um caminho que consideram positivo quanto ao glifosato, mas ainda falta muito, e Diogo Campos recorda o dia em que fizeram a aplicação daquele produto a um metro do sítio, “onde estavam pessoas, quando a lei fala em 50 metros”. “E mesmo em frente à Câmara. É inadmissível e não tem desculpa. Quando contratamos uma empregada de limpeza para nossas casas supervisionamos o trabalho dela, neste caso a Câmara não o fez e quando estamos a falar de um produto como o glifosato” diz Elisabete Mália. “Sobretudo porque há provas pois foi tudo filmado”, acrescenta Diogo Campos. “As pessoas deveriam olhar para as plantas espontâneas, as chamadas ervas daninhas, com outro olhar porque todas elas têm uma função, nomeadamente, melhorar a própria qualidade do solo”, diz Alexandra Contrei-

ras que adianta que foi dada à Câmara a ideia de se fazer um circuito com placas no Parque das Rotas onde se pudesse dar a conhecer melhor algumas das ervas e fazer-se um espaço etnobotânico. Quando se fala em ervas daninhas em caminhos e estradas, a opção no ponto de vista destes cidadãos deve ser através de máquinas roçadouras e não os herbicidas. “Ou até fazer experiências em taludes como já faz a junta de freguesia que neste assunto está a ir mais além do que a Câmara”, diz Diogo Campos. “Só o facto de estar a fixar azoto é importante”, diz Paulo Sirgado. Quanto ao facto de interferirem com as culturas consideram que “isso pode ser resolvido misturando calêndula, manjericão, tomilho, e também cenouras junto com cebolas, porque ajuda a evitar as pragas”, refere Diogo Campos. “Os malmequeres no meio das vinhas também fazem o seu trabalho porque ajudam a reduzir a quantidade de agrotóxicos para tratar o míldio, é uma pena que passe o trator e limpe aquilo tudo”, refere Alexandra Contreiras. O movimento refere que a Câmara vai-se desculpando com a burocracia e que a “máquina é pesada”. “Sabemos que sim mas o ambiente já não pode esperar. Pode ser um pouco radical o que dizemos, mas a ação tem de ser imediata, pode não ser em tudo, mas em pequenas coisas”. Sensibilização é palavra de ordem no entender destes munícipes. E conside-

Câmara diz que está disponível para todas as sugestões Mário Carvalho, vereador com o pelouro do ambiente no município, afirma que tem estado recetivo às ideias do movimento, mas os prazos da administração pública têm de ser compreendidos. O autarca diz que já deu a conhecer junto das escolas as propostas de sensibilização ambiental que o movimento sugeriu mas “tem de existir uma aceitação por parte dos responsáveis desses estabelecimentos de ensino para posterior incorporação nas atividades das escolas”. Garante também que o glifosato foi erradicado por completo dos usos da Câmara. Quanto à limpeza do rio “seria incomportável recorrer a roçadouras, e por isso foi usado um braço mecânico. Este curso de água é muito suscetível de inundações e como tal é ainda mais importante termos uma boa limpeza. O que o movimento refere aplica-se em rios mais constantes o que não é o nosso caso, infelizmente, porque caso contrário nem era preciso andar a limpar tanto como o fizemos”. Mário Carvalho diz ainda que a Câmara está a estudar a sugestão para ripícolas nas margens que o movimento sugeriu. “Pode ser mais uma medida e que os serviços estão a estudar. Não colocamos de parte nada do que sugerem, mas dentro daquilo que está ao alcance da Câmara. Já marcámos reuniões, mas é preciso é que apareçam, o que não aconteceu da última vez”.


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Opinião 11

O Realizador de sonhos á cerca de 32 anos, numa tarde de domingo de páscoa, após o almoço, em vez de registarmos as imagens do modo tradicional com a máquina VHS, pensámos em fazer um filme com uma história que foi idealizada no momento. O Joel era ainda uma criança, mas assumiu com entusiasmo o papel de principal

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protagonista e surgiam dele as várias ideias sobre as cenas que eram improvisadas e assim, começou o seu sonho de Ator e Realizador. Desde sempre lhe fervilhavam na imaginação coisas e mais coisas para fazer. Há pessoas que idealizam e sonham poder fazer ou ser qualquer coisa e há outras que realizam alguns dos seus sonhos, mas também os sonhos dos outros.

O Joel conseguiu realizar alguns dos seus sonhos, ajudou a realizar sonhos de outros, porque ninguém lhe conhecia a palavra: Não. Talvez por isso tivesse tanto de visionário como de concretizador. No seu espirito sempre jovem, não se limitava a contestar ou a criticar. Ele fazia coisas ou ajudava a fazer. Assumiu para ele um legado do Pai amando a sua terra, os costumes dos nossos antepassados e

a coisas simples da vida. Estava ao lado de qualquer projeto de amigos e de jovens que tinham sonhos. Fundava grupos musicais, projetos de TV digital, grupos de Corrida e Associação de defesa dos Direitos dos Animais, escrevia uma crónica no Jornal Chafariz, animava arraiais com o André, vestia-se de mendigo na feira oitocentista, com o Agostinho levava Arruda fora de portas com o

Curt´Arruda e tantas outras coisas que nos vamos lembrando a pouco e pouco. Deixou-nos com todas essas recordações, mas deixou também muitos projetos que estou certo os seus companheiros vão dar continuidade e, acima de tudo, deixou a todos o legado que é possível realizar sonhos, contra todas as adversidades que apareçam e por muito que tenhamos sofrido, esse legado de coragem

Casimiro Ramos* e espirito empreendedor é algo que dele ficará para todos os jovens Arrudenses. Choraremos muito a tua memória, rindo muito do quanto nos fazias felizes. Até sempre Indiana Joel.

A greve dos motoristas e os dois “pardais” omo é do conhecimento geral, a lei da greve está consignada no art. 57º. da Constituição da República Portuguesa (CRP) no seu parágrafo 1: É garantido o direito à greve; e no art. 530º do Código do Trabalho (CT) no seu parágrafo 3: O direito à greve é irrenunciável. Mas, o artigo 537º. do CT consigna a: Obrigação de prestação de serviços durante a greve e acrescenta no seu parágrafo 1: ... em empresa ou estabelecimento que se destine à satisfação de necessidades sociais impreteríveis, a associação sindical que declare a greve, ou a comissão de greve (maioria dos trabalhadores que participe na votação e a deliberação seja aprovada por voto secreto pela maioria dos votantes), e os trabalhadores aderentes devem assegurar, durante a mesma, a prestação de serviços mínimos indispensáveis à satisfação daquelas necessidades. Referenciado o articulado que sustenta a legalidade das posições das partes conflituantes, importa escalpelizar os acontecimentos recentes. Não está, de todo, em causa o direito à greve (não se advoga a sua revisão). Quando os trabalhadores com as suas organizações de classe, não alcançam as suas reivindicações através da via negocial (Acordo Coletivo de Trabalho – ACT -) a greve, após ponderação, é o que lhes resta. Mas... Face à situação colocada, não poderia este, ou qualquer outro governo, deixar de tomar as medidas que se impunham e, cujos instrumentos estão igualmente consignados na lei (DL 637/74); como o estabelecimento de serviços mínimos e, se necessário, a requisição civil, o que veio a acontecer face à irredutibilidade e incumprimento dos

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Sindicatos (SNMMP e SIMM), visando obviar os prejuízos resultantes de uma greve anunciada por tempo indeterminado (imagine-se!), causaria nos seus concidadãos e na economia nacional. Fez o que lhe competia na defesa dos superiores interesses do país no seu todo, e naturalmente, acicatado pelos nefastos efeitos da greve anterior. Os protagonistas: estranhamente, ou talvez não, é o facto de o porta-voz do SNMMP, o egocêntrico, Sr. Pedro Par-

rio. Por onde andou o presidente do sindicato? O outro “pardal”, de seu nome, André Matias de Almeida foi o “incendiário” de serviço da ANTRAM, demonstrando não estar à altura da responsabilidade ao alinhar pelo mesmo diapasão do outro Pardal. A agressividade verbal e a soberba, contribuíram para “alimentar” o clima de crispação. A páginas tantas, enveredaram por uma luta de galos, perdão, de “pardais”, por protagonismo e tentativa de subjugação do

a cedência por parte de ambos os negociadores até um acordo que satisfaça as partes. Deve-se também ponderar as consequências dos atos a praticar, i.e., o potencial perigo de insolvência de empresas familiares e pequenas e médias empresas do setor (subcontratadas pelas grandes petrolíferas) e também, de outras dos diversos setores da atividade económica (e.g.: transportes, indústria, comércio e:turismo, etç.). Situação naturalmente geradora de despedimento de tra-

dal Henriques ter assumido uma postura radical, porque tendo o SNMMP assinado um princípio de acordo em maio passado para vigorar em 2020, pretende agora renegociar esse acordo e reivindicar novos aumentos salariais para 2021 e 2022, motivado sabe-se lá porquê, (razões imperscrutáveis), mas com certeza por protagonismo narcísico, por raiva e ódio contra o patronato (a cuja classe já pertenceu com resultados negativos – testemunhalmente -), atitude, aliás, pouco inteligente em fase negocial, ao hostilizar a contraparte, (alegando incumprimentos fiscais por parte de algum patronato), esquecendo-se que, com a sua insensatez e visão minimalista poderia eventualmente deitar tudo a perder. A instrumentalização dos motoristas também foi por demais notó-

outro. Há pessoas que fazem do confronto e da humilhação o seu modus vivendi! Seria desejável que as empresas promovessem políticas de informação aos seus trabalhadores, da sua situação económica e financeira, ou então através da ANTRAM. A transparência gera confiança e obvia litígios! O propósito da greve: reivindicar aumento das retribuições, nomeadamente no salário base e subsídios de operações (fixos) que sejam tributáveis, por forma a repercutir-se no valor da reforma e nos subsídios de doença. E o aumento da retribuição das horas extraordinárias (cláusula 61), entre outras reivindicações. A ponderação que se exigia às partes conflituantes: o ponto prévio em qualquer negociação é, não impor à partida qualquer limite, mas sim

balhadores. Também, e não menos importante, a observação de eventuais constrangimentos sobre terceiros (concidadãos). A intransigência é imoral! E, porque se “esvaziou” a greve? (1) Porque o governo ao tomar, e bem, a decisão de aplicar serviços mínimos a 100% e convocar militares das forças militares e militarizadas para substituir os motoristas (legal?), esvaziou por completo os efeitos da greve, contrariando o propósito da mesma com base nos fundamentos da lei; (2) E a FECTRANS (afeta à CGTP/IN), aproveitando-se das circuns-

Ficha técnica:

tâncias, e estando a perder protagonismo e preponderância sindical, resolveu ao fim de um longo e incompreensível mutismo (cerca de 20 anos), aceitar o convite da ANTRAM (que quer dividir para reinar), chegando a acordo negocial. A FECTRANS num claro aproveitamento da situação negocial agiu “estrategicamente” também com o objetivo de isolar e condenar ao insucesso a luta dos grevistas promovida pelos sindicatos independentes, numa atitude revanchista, já que não foi esta a convocar a greve. Enfatize-se, um novo paradigma no sindicalismo português com o emergir de sindicatos independentes não alinhados com as centrais sindicais afetas a partidos do sistema. Infelizmente, também não existe em Portugal, a qualquer nível da sociedade, uma cultura de solidariedade e de negociação (é premente o ensino de competências comportamentais/atitudinais soft skills – no secundário e superior; e.g.: resolução de conflitos, negociação, ponderação e tomada de decisão). (3) Finalmente, as aleivosias proferidas durante a greve por parte do porta-voz do SNMMP, Sr. Pardal, a saber: “greve por tempo indeterminado”, o “não cumprimento dos serviços mínimos e da requisição civil” e, pasme-se “vamos parar o país” e a sua “intransigência”, não só não cativou os portugueses para a luta dos motoristas como obrigou o governo a tomar medidas drásticas, e cavou, ab initio, a sua própria sepultura.

Augusto Moita* Quanto aos partidos da oposição e não só? Absolutamente lamentável e inqualificável o que ouvimos dos seus principais responsáveis. Algumas afirmações (já a crise decorria há algum tempo), roçaram o maquiavelismo, por imoral, demagógico, a destempo e sem escrúpulos, só tolerável (não aceitável) por estarmos em ano eleitoral. A questão que se coloca é: como agiriam se fossem Governo? No que concerne à arbitragem/mediação: o CT no seu art. 529º. prevê que: os conflitos colectivos de trabalho, possam ser dirimidos por arbitragem, apresentando o governo um mediador a pedido das partes. Entretanto, o SNMMP acaba de desconvocar a greve para voltar à mesa das negociações com a ANTRAM sobre mediação do governo. Agora impõe-se que o bom senso prevaleça nas novas negociações e que se chegue rapidamente a um acordo sem “pardaladas”, embora o articulista esteja cético quanto ao resultado final da negociação. Será que vamos ficar por aqui? Não me parece, dado o carácter dos protagonistas! Este artigo foi escrito no dia 19 de agosto * Licenciado em Gestão de Recursos Humanos

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As pupilas do sr. Reitor epesco este título do romance de Júlio Dinis para, voltar a um assunto que me é caro e procurar refletir um pouco sobre os ataques que vêm sendo desferidos contra a agricultura e o Mundo Rural nos últimos tempos, sobre os contributos “supostamente muito negativos” da agricultura para agravar os problemas ambientais em Portugal e por esta via chegar ás ultimas eleições legislativas. Números publicados recentemente referem que o metano com origem no gado criado para consumo de carne aumentou 48% em Portugal entre 1990 e 2017, sendo que é dos gases com efeitos mais nocivos para a atmosfera e para o aquecimento global. Referem esses estudos que as emissões de metano provêm da fermentação produzida durante o processo digestivo dos animais, e que pelo contrário, o gabo bovino criado para leite, os porcos, as ovelhas e as cabras emitem cada vez menos metano para a atmosfera. De referir que o metano é um dos quatro gases com efeito de estufa tendo um potencial poluente 25 vezes superior ao dióxido de carbono. O consumo de carne de vaca foi notícia no último mês depois da decisão do Reitor da Universidade de

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Coimbra de retirá-la, por razões ambientais, dos menus das cantinas numa decisão sem qualquer fundamentação técnico-científica e sem qualquer adesão á realidade. Todos os resíduos agrícolas são integrados no próprio ecossistema e são reciclados sem consequências para o ambiente e natureza, sendo que os bovinos, ainda permitem repor matéria orgânica nos solos em produção extensiva sem impactos negativos no ambiente. Os bovinos e também os pe-

quenos ruminantes tem a capacidade para aproveitar solos pobres, montanhosos que nada mais conseguem produzir e são a garantia de algum rendimento para os agricultores, nomeadamente as nossas raças autóctones que garantem uma carne de elevadíssima qualidade. Também tem sido desferido um forte ataque ao Olival intensivo nomeadamente no Alentejo invocando quebras e diminuição da biodiversidade. Alguns movimentos e partidos políticos levantam problemas com as condi-

ções sem que são exportados animais, nomeadamente por via marítima, sendo que devem ser acauteladas essas mesmas condições. As consequências destes e doutros ataques, levadas a cabo por um conjunto cada vez mais significativo de indivíduos tipicamente urbanos e completamente desligados da realidade do Mundo Rural são colocar o foco sobre os problemas ambientais no lugar errado; isto é, estão perfeita e deliberadamente ao serviço de uma agenda vanguardista e animalista que

coloca os animais ao nível do Humanos. E por aqui chegamos ao resultado das eleições de domingo. Com o reforço, absolutamente previsível, da votação do PAN que quadruplicou a sua votação julgo que será de temer o pior. As propostas deste partido, disponíveis no seu programa eleitoral, são terríveis para o já tão abandonado interior do Pais e só poderão produzir mais êxodo rural, com abandono do território já entregue aos idosos que teimam em resistir e aos incên-

(Lei 6/2011, de 10 de Março): “… 2. Os conflitos de consumo de reduzido valor económico estão sujeitos a arbitragem necessária ou mediação quando, por opção expressa dos consumidores, sejam submetidos à apreciação de tribunal arbitral adstrito aos centros de arbitragem de conflitos de consumo legalmente autorizados. 3 — Consideram -se conflitos de consumo de reduzido valor económico aqueles cujo valor não exceda a alçada dos tribunais de 1.ª instância. 4 — Nos conflitos de consumo a que se referem os n.ºs 2 e 3 deve o consumidor ser notificado, no início do processo, de que pode fazer-se representar por advogado ou solicitador, sendo que, caso não tenha meios económicos para tal, pode solicitar

apoio judiciário, nos termos da lei que regula o acesso ao direito e aos tribunais. 5 — Nos conflitos de consumo a que se referem os n.ºs 2 e 3 o consumidor fica dispensado do pagamento prévio de taxa de justiça, que será apurada a final.» E a justiça será célere, rápida, nestes casos, porque a decisão, segundo a lei, da instauração do pleito à decisão não pode, em princípio, decorrer tempo superior a 90 dias: “Os procedimentos de RAL – resolução Alternativa de Litígios devem ser decididos no prazo máximo de 90 dias a contar da data em que a entidade de RAL receba o processo de reclamação completo.” Os consumidores estão de parabéns! Na génese desta lei, o Grupo Parlamentar do PSD. A proposta é da apDC. E terá

Lélio Lourenço dios. Não se houve uma palavra destes ambientalistas de pacotilha sobre as grandes fontes de poluição e da atmosfera em particular. Recordo que na recente greve dos motoristas de matérias perigosas todos percebemos que chegam diariamente ao aeroporto de Lisboa cerca de 180 cisternas de gasolina, nada de relevante, portanto. Todos os resíduos agrícolas são integrados no próprio ecossistema e são reciclados naturalmente sem consequências para o ambiente e natureza, sendo que os bovinos, ainda permitem repor matéria orgânica nos solos em produção extensiva sem impactos negativos no ambiente. Comparemos com os volumes de resíduos produzidos pelas diferentes indústrias. Convinha que o debate destas matérias fosse feito com bom senso e proporcionalidade relativamente aquilo que é realmente importante e sobretudo sem demagogias. Porque aquilo que é mais importante são as pessoas. E agora vai um bife com ovo a cavalo?

Justiça: Acessível e pronta? a lei no papel à lei no dia-adia… pode distar um abismo!

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A Lei de Defesa do Consumidor confere ao consumidor o direito a uma justiça acessível e pronta. Com efeito, à justiça não chegam casos de escasso valor económico (que alguns entendem constituir meras bagatelas…), mas que representam – quantas vezes! – algo de muito importante para os consumidores lesados. Ou que, pela repetição, representam o enriquecimento ilícito dos fornecedores (de tostão em tostão até ao milhão…). Ou quando os casos são presentes à justiça, até que a paz social se restabeleça decorrem 5, 10 anos! Uma lástima! Justiça que tarda tem sempre o amargo sabor da injustiça!

Nem esperar 10 anos por uma decisão que, entretanto, vai causando angústias enquanto o interessado aguarda. Nem esperar 10 anos por 100, que só valem 10 quando a decisão finalmente surge! Nem gastar 100 para recuperar 10… Regra de ouro dos sucessivos planos de acção da União Europeia é a de se subtrair a resolução dos litígios de consumo aos órgãos de judicatura tradicionais (aos tribunais judiciais) de molde a imprimir às lides rapidez, em condições de gratuitidade ou, ao menos, de não onerosidade. No quadro do crédito ao consumidor (crédito pessoal, crédito ao consumo), a Directiva de 23 de Abril de 2008 prescreve de modo emblemático, no seu artigo 24, sob a epígrafe “resolução extrajudicial de litígios”: “Os Estados-Membros de-

vem assegurar a instauração de procedimentos extrajudiciais adequados e eficazes de resolução dos litígios de consumo relacionados com contratos de crédito, recorrendo, se necessário, a organismos existentes. Os Estados-Membros devem incentivar os referidos organismos a cooperarem no sentido de também poderem resolver litígios transfronteiriços relacionados com contratos de crédito.” Portugal está de parabéns porque a Lei 63/2019, de 16 de Agosto, introduziu a arbitragem necessária (obrigatória) nos litígios de consumo em geral (até ao valor de 5.000€, alçada dos tribunais de 1.ª instância), modificando o artigo 14 da Lei de Defesa do Consumidor, depois de em 2011 uma outra lei haver feito outrotanto para os conflitos resultantes dos serviços públicos essenciais

Mário Frota* sido assumida pela Deputada Fátima Ramos e seus pares, que a acolheram de modo incondicional pelo seu manifesto interesse. Ponto é que se dote, agora, os Centros existentes de meios suficientes para acudir à procura que surgirá doravante, se criem centros de arbitragem nos distritos onde não existem e se divulgue a existência destes meios para que os consumidores saibam, em caso de necessidade, a que portas bater. Valeu a pena! Oxalá isso não tarde! * apDC – DIREITO DO CONSUMO - Coimbra


Outubro 2019 ACES Estuário do Tejo Unidade de Saúde Pública

Saúde Pública

Ana Teresa Oliveira

Técnica de Saúde Ambiental

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Dia Mundial da Saúde Ambiental As alterações climáticas têm consequências sobre a saúde pública. O aquecimento global é gradual, mas os efeitos sobre os fenómenos meteorológicos – tempestades, inundações e ondas de calor – podem afetar alguns elementos importantes para a saúde, como o ar, a água e os alimentos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a Saúde Ambiental inclui “tanto os efeitos patogénicos diretos das substâncias químicas, das radiações e de alguns agentes biológicos, como os efeitos (frequentemente indiretos) na saúde e no bem-estar do ambiente (em sentido lato) físico, psicológico, social e estético, que engloba a habitação, o desenvolvimento urbano, o uso dos solos e os transportes”. O dia 26 de setembro marca o Dia Mundial da Saúde Ambiental, uma oportunidade para destacar o importante contributo que os profissionais de saúde dão para a saúde pública e para o bem-estar das populações em todo o mundo. Os Técnicos de Saúde Ambiental são profissionais de saúde qualificados, integrados em equipas multidisciplinares nos Agrupamentos de Centros de Saúde (particularmente, nas Unidades de Saúde Pública) e realizam as suas atividades, tendo como matriz a utilização de técnicas de base científica com fins de prevenção da doença e promoção e proteção da saúde, articulando-se com outros grupos profissionais da saúde, com autonomia técnica de exercício profissional. Consciencializar os cidadãos para os desafios da sustentabilidade ambiental passa por uma forte aposta na educação baseada numa lógica de participação e de corresponsabilização.

Algumas medidas de proteção de saúde ambiental, que qualquer cidadão DEVE implementar no seu dia-a-dia: - ENERGIA - Sempre que possível, minimize o uso de luz artificial e deixe entrar a luz do sol, abrindo persianas e cortinas. Compre eletrodomésticos e lâmpadas com opção de consumo sustentável que permite uma maior poupança de energia a longo prazo; - ÁGUA - Faça um uso racional da água. Feche a torneira enquanto está a escovar os dentes, lavar o cabelo, fazer a barba ou qualquer outra utilização semelhante. Prefira o duche ao banho de imersão para poupar água. Recolha a água da chuva. Utilize este recurso para regar as plantas, limpar o chão ou lavar o carro. - RESÍDUOS - Separe os resíduos de sua casa para que possam ser reciclados e, depois, deposite-o nos ecopontos. Substitua os sacos de plástico pelos ecobags. Escolha produtos com pouco plástico e/ou com opção de recarga. Dê preferência a produtos embalados em vidro. - AR - Deixe o carro em casa, dê preferência ao transporte coletivo ou público. Se a distância for curta, vá a pé ou de bicicleta. Não faça queimadas. Ajude na plantação de árvores. Com estas medidas pretende-se uma cidadania mais ativa no domínio do desenvolvimento sustentável e para a construção de uma sociedade justa, inclusiva e de baixo carbono, racional e eficiente na utilização dos seus recursos, que conjugue a equidade entre gerações, a qualidade de vida dos cidadãos e o desenvolvimento económico, POR UM AMBIENTE MAIS SAUDÁVEL E PELA SUSTENTABILIDADE DO PLANETA


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Outubro 2019

Apontamentos sobre sete obras essenciais de Irene Lisboa

m dia e outro dia... – Diário de uma mulher e Outono havias de vir latente e triste (poesia). Estes livros foram inicialmente editados em 1936/1937. No primeiro, a autora reuniu um conjunto enorme de textos. Os poemas aparecem organizados como se o livro fosse um diário: um dia, outro dia, outro dia... Mas este não é pois um tempo definido, é um tempo falso, sem horas, dias, meses ou anos. Já a segunda obra reúne um conjunto menor de textos, todos com um título diferente. O título transmite-nos o ritmo da vida, como aliás o anterior, mas agora com as suas tristezas e os seus disfarces. É o tempo simbolizando a vida e contrapondo-se à morte. É o ir e vir sentido e observado pelo sujeito poético, muito próprio dos textos intimistas, textos estes que caracterizam toda a obra de Irene Lisboa. Os textos publicados nestes dois volumes, quando Irene já estava acima dos 40 anos, demonstram uma autora madura, muito diferente daquela que dez anos antes, em 1926, tinha escrito e publicado 13 contarelos, pequenos contos dedicados à “gente nova”. Irene Lisboa oferecenos nestes dois volumes uma poesia completamente diferente da que as mulheres poetas fizeram até então. Versos curtos ou mais longos, mas sem rima, porque o verso deve transmitir a pulsação oral da frase, às vezes terminando em palavras translineadas, porque nem sempre o fim do verso termina no fim da linha; explora temas pouco convencionais, afastando da sua poesia “toda a chocha literatice feminina dominante até essa data” (José Gomes Ferreira). O que é que encontramos aqui? Perguntaram alguns. É prosa? É poesia? Irene Lisboa responde-lhes no início do segundo livro: “Ao que vos parecer verso chamai verso e ao resto chamai prosa”. Nesta expressão, Irene define-se como escritora: nada está acabado, tudo são fragmentos... Irene renega a delimitação canónica entre verso e prosa, bem como a superioridade do romance em relação a outros subgéneros, mas tudo regido por objetivos bem definidos, a partir de uma ordem bem estabelecida.

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Solidão – Notas do punho de uma mulher. Foi editado pela primeira vez em 1939. Foi muito bem acolhido pela crítica de então, mas pouco lido pelo público em geral. Só teria algum sucesso editorial aquando da segunda edição em 1966. É um livro formado por um conjunto de notas breves, como se fosse um diário, mas faltando-lhe a datação inicial, por isso, podemos chamar-lhe um livro de memórias, breves memórias que a autora foi compondo ao longo de alguns anos, em que reflete sobre a “paisagem dos sentimentos”, ou seja, a paisagem da solidão que

“Solidão” como “fechamento”, sendo este objetivado a partir das palavras “prisão”, “corpo” e “casa”: “Minha casa fria, minha casa fria...” Mais uma vez, estamos na presença de um discurso cujo ritmo é pautado pela memória e pensamento, aproximando-se da oralidade. Como nos diz Paula Morão no prefácio à última edição da obra: Irene Lisboa em Solidão “Dá-nos a ler páginas inquietas e subtis, quotidianas e universais – como se espera de uma obra moderna, de uma obra de todos os tempos”. Assim como Solidão, que, como vimos, se aproxima do

certeza de que é aqui que sempre regressa simbolicamente, pois a infância é o leito onde sempre voltamos; fala-nos ainda de Arranhó, ou utilizando a sua antonomásia, “a terra da pedra” e de outros locais desta freguesia. Por fim, é-nos apresentada uma das suas meias-irmãs, a Vitória, de quem fala com carinho, deixando no ar a pena que sentia de a não ter conhecido mais cedo: “Que parecidas somos! Aliás não admira: irmãs... Ela do campo, eu da cidade. E tão tarde nos conhecemos!” Apontamentos. A autora apresenta-nos um texto cha-

uma novela publicada em 1940. Irene Lisboa escreveua já com 48 anos. Dado tratar-se de uma narrativa em que a autora se socorre da memória para contar a história da protagonista enquanto criança, que pode ser a própria Irene, nunca ficaremos a saber se o que aqui é tratado é ficção ou realidade (possivelmente as duas). O certo é que alguns factos parecem coincidir com a biografia da autora. Começa uma vida é um texto narrado na primeira pessoa. Ao longo da leitura apercebemo-nos de que a narradora tem dificuldade em manter a objetividade dos

desperta o choro e a queixa tão presentes nesta obra. Expressões como “(...) mas eu lamento-me, quero-me lamentar...” e “Ando com tanta vontade de chorar...” são exemplo disso. Os textos apresentam-se num estilo entre o retrato e a crónica, utilizando vários recursos: a autobiografia de um tempo já bem afastado, sofrido, impossibilitando-a do amor; as ausências; as recordações; a análise e autoanálise; a inquietação ou desassossego... Depois, temos um conjunto de palavras que nos põem perante uma certa dualidade entre a morte (mundo interior) e a vida (mundo exterior). Ora, aqui podemos entender

diário, a mesma temática intimista, o estilo e a característica fragmentária de Solidão têm continuação em Apontamentos (1943) e em Solidão – II (1966). São livros de cunho autobiográfico em que uma voz feminina fala de si e do seu íntimo. Predomina o tema da solidão e da queixa pela ausência do amor, o que não impede a autora de um olhar vasto do mundo. Centremo-nos um pouco nos dois últimos, apenas por uma questão de egoísmo, ou mesmo vaidade... pois fala, em várias passagens, do concelho de Arruda. Solidão II. Irene fala-nos brevemente da Murzinheira, mas as poucas linhas deixam a

mado “Férias no campo”. Este texto é um regresso aos lugares da infância. Terá sido uma “crónica” cujos factos foram recolhidos durante uma estada de Irene em Monfalim, pensa-se que numa casa alugada, no início dos anos 40 do século XX, que a levou a deambular por casais, serras e festas de toda a região: aqui fala de Arranhó e das Festas d’ Ajuda e d’ Arruda, e descreve de forma magistral a subida ao Moinho do Céu, e tudo o que vê a partir dali. Faz ainda um retrato extremamente afetivo do “José Pipa, o mais honrado de todos os Pipas havidos e a haver”. Começa uma vida. Esta é

factos, sendo contaminada pelos efeitos emocionais que esses factos provocaram na vida da autora. Mas não é só a história da protagonista que é narrada. Fica aqui também um retrato de uma certa sociedade na transição do século XIX para o XX por estas zonas rurais, em que o proprietário das terras era temido e respeitado, mantendo com o assalariado relações de senhor e servo, muito comum nesta época na burguesia rural, como é simbolicamente aqui representado pelo pai da protagonista. A narrativa termina de uma forma inesperada, quando a protagonista entra na adolescência, ficando o leitor com a

sensação de que nem tudo foi dito. E, neste caso, mais havia para dizer, pois a autora retoma a história de Começa uma vida na novela seguinte. Voltar atrás para quê? Esta obra foi publicado já em 1956 e retoma, portanto, a história de Começa uma vida, contudo agora a narrativa aparece contada na terceira pessoa (Açucena tem 13 anos no início da história e 18 no fim). A distância que a autora quer imprimir utilizando a terceira pessoa nem sempre é conseguida devido à carga emotiva que os acontecimentos ainda lhe provocam. Também aqui é traçado um retrato fiel da sociedade de então (início do século XX), a partir de uma casa rural, nesta zona entre Arruda e Sobral, onde figurava um regime patriarcal. É considerada, como a anterior, uma obra autobiográfica, muito embora contaminada por aquela ficção de que a memória não consegue escapar passadas quase cinco décadas entre o vivido e a ação de contar da narradora, apesar de dizer que “Tudo se passou tal e qual”. Açucena sofre na pele as ações maldosas da madrasta e da mãe desta, mais diretamente durante os dois anos em que, tirada do colégio, viveu abandonada na quinta da madrinha usurpada pelo pai, que pouco a pouco foi dominado por aquelas que, no dizer da protagonista, eram umas cadelas, adventícias... que tudo inventaram para a tirar do caminho; e indiretamente, até ao momento em que Açucena se vê privada de tudo, até da madrinha que foi raptada da casa de Lisboa pelas cadelas, juntamente com todos os haveres, poucos, que ainda não tinham sido roubados a esta velha que a criou como filha. Açucena, ao longo destes anos, tudo sofreu, tudo perdeu, menos as palavras, instrumentos da memória, do pensamento, do vivido... Depois, a mãe, de novo a idealização da mãe, como na novela anterior e em muitos outros textos. Começa uma vida e Voltar atrás para quê? são livros fundamentais na obra de Irene Lisboa, e, como diz Paula Morão, “é uma pedra de toque imprescindível no contexto da literatura portuguesa dos anos 50 – e de todos os tempos”. Jorge da Cunha


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Outubro 2019

Minimização das descargas de efluentes

Águas do Tejo Atlântico prossegue com obras na ETAR de Arruda dos Vinhos rosseguem as obras na ETAR de Arruda dos Vinhos em função das notícias que davam conta de descargas ilegais provenientes de indústrias na Zona Industrial das Corredouras. Em causa, recorde-se, o facto de a ETAR de Arruda não ter capacidade para tratar os efluentes de origem industrial, que seguem depois em direção ao Rio Tejo, com impacto na bacia hidrográfica e lençóis freáticos. O problema ambiental tem vindo a ser trabalhado, mas ainda não se encontra sanado. Recentemente, de forma ocasional, o efluente que tem chegado à ETAR contém também uma substancial carga industrial de origem desconhecida que leva à degradação da qualidade de descarga face ao habitual, factos devidamente reportados ao município e à Agência Portuguesa do Ambiente, diz a Águas do

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Tejo Atlântico ao nosso jornal. Nesse sentido e de forma “proactiva”, refere em comunicado a empresa intermunicipal que compreende o sistema em alta de saneamento, Águas do Tejo Atlântico, foram implementadas medidas na operação da instalação com o objetivo de “minimizar a situação decorrente da receção a montante do referido efluente com características indevidas e tiveram como objetivo aumentar a robustez e resiliência do tratamento da ETAR” que é afetada quando existem descargas industriais não controladas, diminuindo a eficiência do tratamento. Esta situação tem vindo a ser retificada pela intervenção da Camara Municipal de Arruda dos Vinhos junto das indústrias locais, com apoio das entidades nacionais envolvidas. Em simultâneo e seguindo “a prática das boas relações entre a Águas do Tejo Atlântico e a Câmara Municipal de Arru-

Está em curso um projeto de beneficiação da ETAR das dos Vinhos”, “estamos a trabalhar em estreita colaboração para a resolução desta situação”, nomeadamente na identificação das indústrias que possam estar a efetuar este tipo de descargas, por forma a promover a suspensão das irregularidades e a encontrar soluções técnicas para a resolução definitiva deste problema. A Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos está a efetuar análises de parametrização junto de todas as empresas que descarregam para a rede

de forma a despistar e identificar com maior rigor as empresas que estejam em incumprimento. A Águas do Tejo Atlântico dá conta da sua disponibilidade para em conjunto com o município “colaborar com todas as instâncias com vista a punir devidamente situações de descargas industriais sem o exigido pré-tratamento industrial devido e com parâmetros acima dos limites de descarga na rede.” No que refere à melhoria das condições, está em curso um

projeto de beneficiação da ETAR de Arruda dos Vinhos que inclui a melhoria de órgãos de tratamento existentes e a construção de novos equipamentos, quer na fase líquida e fase sólida. Esta intervenção, estimada em cerca de 1,6 milhões de euros, representará, de acordo com a empresa, uma melhoria nas condições ambientais das populações servidas. As obras deverão ser iniciadas no início de 2020. Será uma obra de grande monta para uma fábrica de água,

dado que “estamos a falar do tratamento de efluentes domésticos, e industriais” e a reutilização da água depois do tratamento pela ETAR em regas do município, referiu em declarações ao Chafariz de Arruda, o presidente da Câmara, André rijo. A ETAR de Arruda dos Vinhos, que entrou em funcionamento em 2004 e cuja empresa responsável é a Águas do Tejo Atlântico, foi concebida para receber águas residuais domésticas, tratadas através do sistema de lamas ativadas com nível de tratamento secundário. No entanto, em 2014 terão sido efetuadas ligações à rede da zona Industrial das Corredouras que, até aí, descarregavam diretamente para a linha de água. No entanto, a ETAR não está a conseguir fazer o devido tratamento das águas. A instalação está dimensionada para receber e tratar um caudal de cerca de 1.750 m3/dia.


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