Som e imagem: a comunicação no cinema

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37 A morte é também um tema recorrente na sua obra, incluindo pelo menos duas mortes em cada filme. A perda de vidas pode ser dividida em duas categorias: uma de importância significativa e emocional, normalmente um membro da família ou uma personagem querida, enquanto as outras mortes serão violentas e sangrentas. O ambiente é frequentemente criado por uma combinação de fatores reais e surreais, contrastando luz e sombras (ao modo expressionista). De resto, o uso de oposições dicotômicas é característico (do Gótico e de Burton): claro e escuro, bem e mal, normalidade e estranheza, vício e virtude. (NABAIS, 2010, p. 53)

Segundo Lucía Solaz Frasquet (2003), o escritor, produtor e diretor Timothy William Burton nasceu em 25 de agosto de 1958, em Burbank, um povoado situado perto de Los Angeles, na Califórnia, onde o jovem também foi criado. Um ambiente típico de classe trabalhadora suburbana norte-americana que Burton retrata constantemente em seus filmes, como no curta “Frankenweenie” (1984) e “Edward mãos de tesoura” (“Edward Scissorhands”, 1990). Burton foi o primeiro filho de Bill, ex-jogador de basebol e empregado do Departamento de Parques e Jardins, e de Jean, dona de uma pequena loja especializada em produtos para gatos. Seu irmão Daniel, três anos mais novo, atualmente é um artista. O diretor não gosta de comentar suas relações familiares, mas já declarou em entrevistas e em outras publicações que não era apegado à família e atualmente não mantém contato com ela. Enquanto seus pais insistiam para que ele fosse brincar na rua como qualquer criança “normal”, ele procurou refúgio no cinema ou assistindo a filmes de terror na TV. Passou a maior parte de sua infância recluso, desenhando caricaturas, assistindo filmes antigos, como os seus prediletos com Vincent Price, ou lendo as fantasias macabras de Edgar Allan Poe e o realismo sinistro e atormentado de Charles Dickens. Depois que descobriu uma das figuras de maior influência em sua vida, Vincent Price, passou a ser aficionado por monstros, com os quais, de alguma forma, se identificou. Burbank cedia estúdios da Warner Bros., da Walt Disney, da Columbia Pictures e da TV NBC. Foi participando de uma oficina de animação, a California Institute of the Arts, em 1979, que Burton foi convidado a trabalhar como aprendiz de animador na Disney, onde conheceu a realidade do trabalho na indústria de animação. Vivia “amarrado a uma mesa o dia todo, e você tinha que desenhar.” (BURTON apud FRIERSON, 2011, p. 1). Trabalhou como animador junto a Glen Keane no “O Cão e a Raposa” (“The Fox and Hound”, 1981, dirigido por Ted Berman et al) desde 1979 e percebeu que seu tino criativo era diferente dos padrões de seus colegas. Nenhum de seus esboços para “O caldeirão mágico” (“The Black Cauldron”,


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