Unipautas nº 02 (2013/2)

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ENTREVISTA

A jornalista Edieni Ferigollo, apresentadora do SBT Rio Grande Manhã, fala sobre sua carreira e do orgulho de trabalhar na emissora. página 22

PORTO ALEGRE/RS SEMESTRE 2013/2 ANO I • NÚMERO 2

JORNAL DA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA UNIRITTER

A gente não quer só comida ESPECIAL   Bares temáticos vão além dos comes e bebes e aumentam as opções da noite porto-alegrense. págs. 03 a 05

PORTO ALEGRE EM DUAS RODAS Construções de ciclofaixas e aluguel de bicicletas ampliam presença de ciclistas na capital. p. 16

ACADEMIA SÓ PARA MULHERES Academias femininas dividem opiniões ao reservar espaço exclusivo às mulheres. p. 17

Polícia para quem

precisa pág. 16

Repórteres do Unipautas acompanharam uma operação do GOE, Grupo de Operações Especiais do Estado, unidade de elite da Polícia Civil no RS.  Foto: Michel Meusburger

FUTURO DO CINEMA CHEGA EM POA Tecnologia IMAX e cinema 6D impressionam o público e apontam para o futuro do cinema. p. 18

BRECHÓS

Com que roupa? Brechós tornam-se um hábito em Porto Alegre, trazendo uma ideia totalmente inovadora ao mundo da moda. As roupas são antigas, mas em ótimo estado, o que torna o vestuário em geral sustentável e acessível a todos os interessados. Para o público, as possibilidades são enormes: há brechós para quem procura por fantasias para festas ou para os que procuram um estilo mais ousado e retrô. pág. 13

UMA INICIATIVA QUE É O BICHO

Pub La Estación simula uma estação metroviária da Europa desde a entrada.  Foto: Júlia Molina

Apaixonada por animais, a estudante Bruna Mendes criou o Open Bar Canino, que ajuda diversas ONGs. p. 14


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APRESENTAÇÃO

EDITORIAL

Aprender fazendo Marcelo Spalding, professor

H

á muitas razões para se comemorar o lançamento deste segundo Unipautas, e a principal delas é que este jornal consolida todo um processo de aprendizagem participativa, um processo que vai muito além da imprescindível teoria, muitíssimo além das fórmulas e manuais de redação, um processo que se dá pelo envolvimento constante dos alunos na construção do conhecimento. Dessa forma, não é a nota final o que sintetiza o trabalho ao longo do semestre, e sim as páginas desse jornal. Ocorre que, assim como “amar se aprende amando”, jornalismo se aprende fazendo jornalismo, e por isso aprender fazendo é sempre a melhor forma de aprender. E nem sei se ainda podemos usar o verbo “aprender”, já que esse modelo é muito mais um processo de “descoberta”,

de “exploração”: são os próprios alunos, agora convertidos em repórteres, que recorrem aos valores notícia na hora de escolher uma pauta, sempre em busca do maior espaço possível na versão final do jornal. Eles mesmos perguntam por técnicas de entrevista depois de conseguir marcar com aquela fonte fundamental para a matéria, eles mesmos questionam suas frases, suas vírgulas, sua gramática no momento da redação final, e eles mesmos voltam aos conceitos de design e diagramação na hora de montarmos cada reportagem. Tal filosofia está muito bem alinhada com a da UniRitter e da Rede Laureate, como percebemos nas palavras do Prof. Oscar Hipólito, para quem “a atual postura do professor já é diferente da de 10 anos atrás; ele deixou de ser um mero conteudista e passou a trabalhar mais em uma metodologia de ensino que motiva o aluno ao aprendizado”. Por isso apresentamos a você, caro leitor, não um jornal feito

por alunos do 3º semestre de Jornalismo, mas um jornal feito por apaixonados e promissores repórteres, fotógrafos e diagramadores que trabalhando em equipe não apenas construíram belíssimas matérias especiais, como Os bares temáticos de Porto Alegre e o perfil do GOE, como também inovaram ao criar a seção Efemérides, o Horóscopo Gaudério e o editorial de moda da contracapa. Devemos agradecer, ainda, aos estudantes do segundo semestre que contribuíram com dois textos culturais nessa edição. E aos fiéis estudantes do quarto semestre que fizeram questão de participar novamente do Unipautas. De nossa parte, fica a alegria de ver a repercusão do primeiro número, feito com muita dedicação e esforço; o resultado desse segundo, que a partir da experiência do anterior pôde ousar mais em alguns aspectos; e a certeza do próximo, que renova nossa crença no aprender fazendo.

Acima, Felipe, Larissa, Shaly, Lucas, Juliana e Fernanda; abaixo, Júlia e Gabriela

Novo jornal e diploma: conquistas aguardadas Solon Saldanha, professor

A

pesar do crescente número de pessoas que acredita que o jornalismo impresso está com os dias contados, que terminará substituído por plataformas virtuais, há momentos em que todos nós que ainda “habitamos” um espaço de resistência contra esta ideia ficamos realmente felizes. Um destes foi quando da entrega do nosso primeiro Unipautas em papel. A expressão nos olhares dos alunos, a alegria evidente quando recebiam em mãos o resultado de mais um semestre de aprendizagem foi saborosa demais para os professores envolvidos no processo. E acredito que os pais e demais pessoas agraciadas com estes exemplares também se encheram de justo orgulho. Mesmo que o tempo os torne amarelados, sabemos que vão ficar guardados com carinho semelhante ao que trocamos todos, neste período de convívio. Convívio e trabalho que se repetiu agora, com uma equipe circunstancialmente menor em número, mas não em disposição. Boas pautas, textos, fotos e diagramação, agora compartilhados. E que vão ser consumidos com avidez por tantos que esperavam para ver o resultado, com o qual ficarão satisfeitos, tenho certeza. Do mesmo modo, tenho também certeza de que outro motivo de muita alegria para toda a categoria se aproxima cada vez mais. Profissionais em atividade e profissionais em formação vão receber, em breve, a boa notícia de que o diploma para o exercício do jornalismo voltará a ser exigido. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados já aprovou a

Expediente O Jornal UniPautas é um projeto da Faculdade de Comunicação Social (FACS) do Centro Universitário Ritter dos Reis – UniRitter/Laureate International Universities. A iniciativa surgiu da necessidade de criar um espaço de divulgação do material produzido nos cursos de jornalismo e publicidade. Seu projeto gráfico foi desenvolvido pelos designers e professores Sandro Fetter e Jaire Passos. UniRitter / Laureate International Universities Campus Porto Alegre: Rua Orfanotrófio, 555 Alto Teresópolis • Porto Alegre/RS • CEP 90840-440 • Fone: (51) 3230.3333 Campus Canoas: Rua Santos Dumont, 888 Niterói • Canoas/RS • CEP 92120-110 • Fone: (51) 3464.2000 www.uniritter.edu.br

admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 206/12), do Senado, que recoloca o trem nos trilhos, do qual foi retirado por algum tempo, por decisão equivocada do Supremo Tribunal Federal. Aliás, o próprio STF terminou dando razão à categoria e ao que clama a sociedade, recentemente, ao publicar edital de concurso público para provimento de vagas para sua assessoria de imprensa. No texto, exige a diplomação que ele próprio julgara desnecessária. Na prática, o tribunal faz o que nenhum dos grandes meios de comunicação social deixou de fazer: acredita na importância da graduação universitária para assegurar a qualidade de quem deseja e precisa contratar. E a UniRitter, que sempre soube disso, continuará oferecendo o melhor curso possível para ajudar no atendimento desta demanda. Gente boa, como esta turma que acaba de elaborar este segundo Unipautas impresso. Boa leitura a todos!

Na web

Acesse as edições anteriores do Jornal Unipautas via internet. http://www.issuu.com/ editorauniritter

Fale conosco: jornalunipautas@uniritter.edu.br Reitor: Telmo Rudi Frantz

Unipautas

Chanceler: Flávio D'Almeida Reis

Edição: Marcelo Spalding Solon Saldanha

Pró-Reitora de Graduação: Laura Coradini Frantz Pró-Reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão: Márcia Santana Fernandes Coordenação da Faculdade de Comunicação Social: Laura Glüer

Projeto Gráfico: Jaire Passos Rogério Grilho Sandro Fetter Diagramação: Marcelo Spalding Consultor em diagramação: Rogério Grilho (MT 7465)

Supervisão fotográfica: Rogério Soares Revisão: Débora Porto e Pietro Ferreira Convidados: Lenadro Dóro Christian Ordoque Professores envolvidos: Solon Saldanha (Projeto de Jorn. Gráfico), Marcelo Spalding (Red. Jornalística), Rogério Soares (Fotografia) e Cláudia Trindade (Criação Publicitária)


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ONDE FICA

Bares temáticos de Porto Alegre ESPECIAL Woodoo Lounge Rua João Alfredo, 577 B. Cidade Baixa

Um game e um drink, por favor! Bar de Porto Alegre mistura música, videogames e muitos jogos Gabriela Fritsch

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bar Woodoo Lounge, localizado na Cidade Baixa, é um ambiente que mistura petiscos, bebidas e jogos dos anos 80 com tecnologia. Ele faz parte da nova mania que está invadindo os bairros boêmios da Capital: os bares temáticos. Em seu interior, a decoração nos remete ao mundo dos games: Nintendo 64, SuperNintendo, Xbox, fliperama, fla-flu, sinuca e dardos são apenas algumas das mais de 100 opções de jogos oferecidos pela casa. O publicitário Tiago Faccio, um dos sócios, conta que o bar, inaugurado há pouco mais de um ano, surgiu como uma extensão da Agência Woodoo: “todas as sextas fazíamos um churrasco na agência e convidávamos amigos e clientes. O pessoal ficava brincando com os jogos que são do meu acervo e jogando os videogames na boa. Com o tempo o evento ficou pequeno e surgiu a oportunidade de criar esse

espaço lúdico que é o bar”. outro em Buenos Aires”. Apesar Logo que se chega ao ambien- da influência internacional, o te, é possível escolher uma mú- bar porto alegrense inovou: “nesica no iPad que fica à disposição nhum dos dois envolvia o digital dos clientes. Em seguida, esco- com o analógico, como o Woodoo lher no cardápio um petisco, uma Lounge”, avalia Faccio. bebida e um jogo. Pode ser Jogo A atendente Madona Andrade da Memória, Cara a Cara, Pega conta que o público predominanVareta, Resta Um, Batalha Naval, te é jovem, e que nas sextas e sáCai não Cai, Banco Imobiliário, bados o movimento é intenso: dominó, baralho, entre outros. “Apesar de a lotação máxima ser Os jogos ficam na área lounge do de 350 pessoas, o entra e sai faz bar, onde há puffs, sofás e mesas com que a quantidade chegue a para jogar. 400 por noite”. No bar, os jogos mais dispuUma das frequentadoras é a tados de tabuleiro são Jenga e promotora de vendas Tanajara Imagem e Ação, ambos lançados de Moura, 21 anos, que mora na década de 80. Os videogames em Porto Alegre há dois meses também ficam à disposição do e conta ter se impressionado público e, segundo a atenden- com o ambiente diferenciado: te Madona Andrade, 21 anos, “Procurei pela internet algo para eventualmente algum cliente fazer e encontrei o Woodoo. Já reclama: “Moça, eles já estão na gostei pelo nome”. Tanajara saquinta rodada! Eu também quero lienta que o interessante do bar jogar!”, lembra e ri da situação. O é a possibilidade de ter em um só local também exibe filmes clás- lugar música, companhia e jogos: sicos durante a semana, como O “Em casa nós ficamos alienados, Poderoso Chefão, Clube da Luta ligados aos smartphones. Aqui a e Chuck. gente se desliga dessa tecnologia A ambientação voltada para e volta no tempo”. jogos de tabuleiro e games, a A estudante de Administração escolha de músicas e a exibi- Paola Bragagnolo, 20 anos, disse çãao de filmes clássicos veio da que quis conhecer o bar para ver inspiração de outros ambientes. a nova proposta de negócio que “Conheci dois bares que seguiam estava sendo oferecida. Paola essa lógica, um em Londres e conta que o que mais chama

sua atenção é a possibilidade de escolher a música que vai tocar no ambiente. “A personalização do atendimento ao cliente e a possibilidade de fazer seu próprio entretenimento é muito interessante.” Uma das histórias inusitadas que aconteceram no local,

segundo o sócio proprietário Tiago, ocorreu durante um evento: “Uma vez fizemos um campeonato de Song Pop. Duas pessoas de grupos opostos se conheceram, conversaram e acabaram namorando. Isso que é legal. O jogo agrega muito no flerte”, orgulha-se .

Jogos entre adultos

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s games são cada vez mais Kastensmidt pondera que com presentes em nossa socie- a ajuda da internet, todos podem dade e contribuem para a in- jogar com pessoas do mundo interação social. Segundo dados teiro, sem ter que sair de casa: da Associação de Software de “O ser humano é um ser social e Entretenimento dos Estados ao jogar temos interações mais Unidos, a idade média do jogador intensas”. é de 39 anos e 26% dos jogadores A Coordenadora do Curso têm mais de 50 anos. Superior de Tecnologia em Jogos Segundo o professor de Digitais do UniRitter, Isabel Design de Games, Christopher Cristina Siqueira da Silva, clasKastensmidt, existem dois ele- sifica a relação entre games e mentos fundamentais na popu- adultos como uma fuga das reslarização dos jogos: a interativi- ponsabilidades da vida madura: dade e as interações sociais. Para “O mundo do entretenimento ele, a interatividade leva as pes- nos proporciona momentos de soas para muito mais perto dos fuga da rotina, onde assumimos games do que outras formas de momentaneamente outra identientretenimento: “No filme ou no dade e podemos ser invencíveis livro podemos torcer pelo prota- frente a desafios, ganhando recogonista, mas não podemos fazer nhecimento e gratificações psiconada para mudar seu destino”. lógicas motivadoras.”


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ESPECIAL Bares temáticos de Porto Alegre

Paixão que virou negócio  O segredo do brechó é o reaproveitamento: o que não serve para uma pessoa, pode ser útil para outra.”

vamos montar um bar”, conta que muitas vezes não serve para Carlinhos. Assim, iniciou uma uma pessoa, mas pode ser útil sociedade com André Damiani para outra”, explica. De acordo e André Zimmermann, criando com Carlinhos, há uma grande o Brechó do Futebol. Apesar do diversidade entre os públicos. nome, o estabelecimento é uma A sistemática do brechó funcombinação entre brechó e bar. Larissa Ody ciona assim: a camiseta dá entraSegundo Carlinhos, o lugar, da no lugar e é colocada em um localizado no Centro Histórico, é baú. São tiradas fotos do produ- Carlinhos Caloghero, empresário ara os amantes do espor- bastante procurado por ter uma to que, junto com a descrição e No local, existem araras especíte, a paixão pelo futebol proposta diferenciada. O público o tamanho, são postadas na direito”, declara Carlinhos. não se explica, se sente. O desfruta do bar, onde acontecem fanpage do Brechó do Futebol No brechó, são oferecidas des- ficas de camisetas do Grêmio e empresário Carlinhos Caloghero, transmissões de jogos do mundo no Facebook. Após um determi- de camisetas da seleção brasileira do Internacional que acabaram 31 anos, é um exemplo deste inteiro e é frequentado por maio- nado tempo, se o produto não é da década de 70 a camisetas usa- atraindo visitas inusitadas de sentimento. Em 2002, cursava res de 18 anos, e também do bre- vendido através da rede social, das recentemente por jogadores jogadores como Danrlei, Tarciso Relações Públicas na UFRGS e chó, que reúne pessoas de todas ele é anunciado para o mundo em campeonatos mundiais de fu- e de alguns dirigentes dos times logo conseguiu um estágio que o as idades. “O diferencial do bar é inteiro através do Mercado Livre tebol. “Agora nós temos a camisa gaúchos. A loja e o bar foram permitia passar muito tempo na que, para quem gosta de futebol, e eBay. “O processo é bem sim- que o jogador André Lima usou recém-ampliados para melhor frente do computador. Com isso, virou um point. O do brechó é ples, mas precisamos respeitá- para marcar o gol que inaugurou comportar as camisetas e rececomeçou a pesquisar na internet o reaproveitamento do material -lo para que as coisas funcionem a Arena”, destaca o empresário. ber o público. sobre camisetas de futebol e a se interessar cada vez mais pelo assunto. De brincadeira, anunciou em um site uma camiseta da Brechó do Futebol Itália que havia comprado por R$ Rua Cel. Fernando Machado, 25,00, conseguindo vendê-la por 1188 - Centro Histórico R$ 80,00. Isso foi o ponto inicial para transformar o hobby em um negócio. Durante os seis meses de estágio, Carlinhos montou em seu quarto uma espécie de brechó somente com camisetas de futebol, onde trocava e vendia entre seus amigos. Com a iniciativa crescendo e seu quarto diminuindo, passou a trabalhar apenas neste projeto, pois estava dando lucro. Como possuía contatos em Buenos Aires, ele conseguiu bastante material de times argentinos e chilenos. Logo, surgiu a ideia de montar na Capital um hostel, casa de hospedagem comum na Argentina. O Casa Azul, localizado na Rua Lima e Silva, aceitava camisetas de futebol como pagamento. A partir disso, surgiu a ideia de criar um blog, que ele chamou de Brechó do Futebol. “O Casa Azul começou a fazer sucesso, e então disse para meus amigos: No brechó, são oferecidas desde camisetas da seleção brasileira da década de 70 a camisetas usadas recentemente por jogadores em campeonatos mundiais. Foto: Juliana Bernardon

De um jeito inusitado, Carlinhos Caloghero partiu de um simples hobby para criar o Brechó do Futebol

ONDE FICA

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Um restaurante com estilo de skate em POA Shalynski Zechlinski

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oucos diriam que o skate, visto como algo marginal quando surgiu na década de 60, hoje seria modelo para a criação de restaurantes. O Banx, localizado na Zona Norte da Capital, é o primogênito com esta estrutura no Brasil. Ele conta com uma pista e escolinha de skate, uma loja com artigos esportivos e um pub com restaurante vegetariano. O restaurante foi criado em 2010 pelos irmãos Fernando e Gustavo Tesch. Inseridos no mundo do skate desde 2004, os irmãos Tesch, através da Swell Skate Park, procuravam trabalhar com este cenário, mas sem ficarem restritos às pistas. Para Fernando, o empreendimento em uma pista não seria sustentável: “precisava de um complemento para faturar”. Fernando ainda explica que não queria

pegar um segundo emprego que não tivesse nada a ver com aquilo que já estava fazendo. Além dos tradicionais campeonatos de skate, o local tem todos os meses uma exposição de arte diferente. Todas as quartas-feiras, a noite é Blush, destinada ao público feminino, com uma DJ e aulas experimentais gratuitas. Já nas quintas-feiras, a noite é Old is Cool, que reúne em um happy hour os veteranos do skate com a galera mais jovem. Além disso, o Banx conta com uma programação de Jazz: “a ideia é que além de enriquecer a cultura dos skatistas, as pessoas passem a ver o skatista de uma forma legal”, diz Fernando. A estudante e aluna da escolinha do Banx, Claudia Correa, já andava de skate antes de conhecer o local. Depois de ouvir seus amigos falarem tanto sobre a pista, Claudia resolveu ir até o restaurante. Logo que chegou decidiu que era hora de começar as aulas: “eu resolvi aparecer no Banx e me surpreendi vendo uma amiga minha andando na pista e isso me incentivou a aprender mais do que eu já sabia”. O professor de aulas de skate Bernardo Silveira diz que é normal quem

já anda há um tempo fazer aulas para aprimorar algumas manobras: “mas também têm aqueles que não sabem nada de skate e que vêm para aprender”. O ambiente atrai diferentes públicos. A publicitária Alessandra Volkweis, que não anda de skate, disse que costuma

ir almoçar e prefere o Banx em relação a outros locais do mesmo modelo: “é mais aconchegante, me sinto à vontade”. O estudante e skatista Leonardo Adriano frequenta o local mais à noite para fazer happy hours com os amigos e andar de skate. A maior concentração de bares

Próxima parada: La Estación Pub proporciona a seus consumidores viajar sem sair do lugar Júlia Molina

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La Estación Pub, localizado no bairro Rio Branco, nos remete a uma viagem para fora da realidade sem que se saia do lugar: o ambiente é todo decorado de forma a lembrar uma estação metroviária da Europa. Logo na entrada, já é o chimarrão. É o único pub da possível encontrar uma réplica América Latina a oferecer essa perfeita do primeiro relógio ins- bebida tão tradicional no RS. talado na estação de Manchester Jonathan Wodarski, 31, um na Inglaterra. dos sócios do La Estación, conta Além das malas expostas no que a proposta era fazer o cliente primeiro andar, há placas indi- “viajar dentro do bar sem sair do cando os caminhos e nas pare- lugar e não ficar num ambiente des do banheiro há colagens de só, não deixando, assim, a happy jornais do mundo inteiro. Outra hour monótona”. Dividido em ideia simples, porém inovadora, quatro “estações”, o pub optou pode ser encontrada no cardápio: por formas diferenciadas para

Banx Alameda Maj. Francisco Barcelos, 127 - B. Boa Vista

Banx conta com pista de skate para prática do esporte. Foto: Shalynski Zechlinski

chamar a atenção do público. A primeira estação, logo na entrada, leva o nome de Velho Continente. Ela proporciona contato direto com o charme, a cultura, a história e presta homenagens aos melhores polos de cerveja da Europa. A estação é aconchegante, com música ambiental, ideal para os happy hours: composta por mesas, cadeiras, quadros em preto e branco

ONDE FICA

Banx, o primeiro modelo de restaurante com pista de skate no Brasil, completou três anos em outubro

ONDE FICA

Bares temáticos de Porto Alegre ESPECIAL

e mapas de metrôs estrangeiros. A estação Munique é onde ficam as cervejas, sendo o bar propriamente dito. Segundo Wodarski, é onde “tudo acontece”: “Munique foi onde nasceu a Oktoberfest, maior e melhor festa de cerveja do mundo. O bar te leva para lá”, completa. Cadeiras altas, para sentar-se tendo acesso ao bar estão dispostas, e, ao fundo, o foco é o armário coberto com uma exposição de cervejas artesanais e importadas, edições limitadas e canecões personalizados. La Plata, a terceira estação, é o polo do esporte, onde as pessoas se entregam ao prazer e à paixão pelo futebol. Bandeiras, placas e flâmulas decoram as paredes. Na televisão, todos os tipos de jogos de futebol são passados, além de rugby e tênis. “Não remetemos nem à dupla gre-nal,

e restaurantes com pista de skate, pelo Brasil, é no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, onde se encontram os principais do país. Em Porto Alegre, além do Banx, existe o Complex e o Skate Indoor. Fora do Brasil, Fernando disse que conheceu um Skate Park em Barcelona.

La Estación Pub Rua Miguel Tostes, 941 B. Rio BrancoEps, publia nem ao Brasil. Optamos por outro polo muito forte, a Argentina e o Uruguai. Remetemos ao Maradona”, brinca. A última estação, GrãBretanha, decorada em tons de verde e cortinas vermelhas, dá acesso ao palco. A ambientação nos transporta ao país da música, onde nasceram bandas como The Beatles e Rolling Stones. Shows de jazz, pop e rock tomam conta do espaço nas noites de quinta, sexta e sábado. Segundo Letícia Silveira, assessora do La Estacíon, um dos eventos mais populares é o English Pub Quiz, em que toda semana é abordado um tema diferente, e as histórias são narradas em inglês pelo britânico Barry. Além disso, é uma “costume party”, onde os clientes podem ir fantasiados de acordo com o tema.


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GERAL Segurança Nacional

Fotos: Alexandre Tessler

Uma semana no Exército Brasileiro Estudantes de jornalismo simulam confrontos de guerra no Exército Lucas Conceição

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om o objetivo de aproximar os jovens do Exército Brasileiro, a instituição criou o Estágio de Correspondente de Assuntos Militares (ECAM). Neste ano, o Comando Militar do Sul (CMS) recebeu pela primeira vez jornalistas e alunos de jornalismo da UniRitter e de outras universidades entre os dias 18 e 25 de Setembro, na capital gaúcha e região metropolitana. O diretor executivo de jornalismo do Grupo RBS, Marcelo Rech, abriu o estágio contando suas experiências como correspondente de guerra. Ressaltou a importância do estágio na construção da vida profissional dos

futuros jornalistas e salientou a falta de preparação para coberturas de zonas de combate: “hoje é feita uma cobertura muito frouxa, mal sedimentada”. Os alunos tiveram ainda a oportunidade de participar da coletiva de imprensa com o Ministro da Defesa Celso Amorim, que esteve em Porto Alegre para falar sobre a Operação Laçador. Além disso, foi apresentada aos estagiários a possibilidade de carreira jornalística dentro do campo militar. A experiência culminou com o “Dia Verde”, que foi o exercício mais próximo da realidade da atividade militar que os estagiários participaram na região metropolitana. Foram feitos circuitos, em que os alunos passavam e recebiam orientações de como seria feito o resgate de feridos e de como seria o jornalista deve se comportar em caso de confronto com a tropa.


2013/2 • UNIPAUTAS • 7

Segurança Nacional GERAL

O centro de comunicação Shállon Teobaldo

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Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEX) é o órgão central de comunicação dentro das Forças Armadas. A sede do CCOMSEX fica em Brasília e é responsável pela divulgação institucional, relações públicas e informações públicas do Exército Brasileiro (EB). De acordo com o Tenente Coronel Costa Neto, responsável pelo CCOMSEX, o objetivo maior do Centro é preservar e fortalecer a imagem do exército: “100%

das solicitações de imprensa são respondidas pelo EB”, diz. Os jornalistas que desejam fazer parte da imprensa do EB precisam passar pela Escola de Formação Complementar do Exército (Esfcex) e podem ser militares temporários (oito anos) ou de carreira. Existem cinco Comandos Militares no Brasil, e dentro de cada um deles existe uma sessão de comunicação responsável por auxiliar e manter atualizada a base do CCOMSEX sobre os acontecimentos relacionados ao Exército na sua região. A comunicação social do Comando Militar

do Sul é chefiada pelo Coronel Germer. Segundo o Tenente Coronel Costa Neto, as principais demandas da sala de imprensa do Exército são Garantia da Lei e da Ordem (GLO), força de paz, defesa cibernética, ação subsidiária, serviço militar, Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) e Comissão da Verdade. Somente Comandantes, assessores de comunicação e especialistas podem responder pelas Forças Armadas à mídia e informações de âmbito nacional só podem ser dadas pelo CCOMSEX.

O treinamento dos militares brasileiros André Neves

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O museu militar Alexandre Tessler

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m frente à escadaria da Igreja Nossa Senhora das Dores, uma das mais antigas da cidade, e à altura do número 630 da rua dos Andradas está localizado o Museu Militar do Comando Militar Sul (MMCMS), que abriga o acervo militar da região Sul do País. O acervo conta com materiais que vão desde documentos, fotografias e honrarias a carros de combate, viaturas, canhões e armamentos. Para o Sargento Ianko,

histo­riador do MMCMS, os objetos expostos ajudam a entender um pouco da história das Forças Armadas brasileira e remontam desde o período colonial até chegar aos dias de hoje. Conforme os registros do local, a média de público que visita o museu é boa, ficando em torno de seis mil pessoas no mês. O sargento explica que existem alguns projetos cujo objetivo é mostrar um pouco da história do Exército Brasileiro para a sociedade. : “Temos atualmente três projetos que são desenvolvidos com escolas, soldados e acadêmicos”, afirma o oficial.

Um dos projetos é “A Escola vai ao Museu”, que realiza visitas guiadas gratuitas para estudantes do ensino fundamental e médio, da rede publica e privada. Para as escolas da rede pública da capital, é disponibilizado um ônibus do Exército para o transporte até o local. O Museu do Exército é aberto ao público e funciona de terças a quintas das 10h às 16h, sextas das 9h às 12h e sábados, domingo e feriados das 13:30 às 17h. Também é possível fazer o agendamento de visitas guiadas de terça a sexta-feira, pelo telefone 51 3226.5883.

Exército, a Marinha e a Força Aérea do Brasil trabalham para proteger o país em suas fronteiras, além de zelar pela paz no Brasil e em outros pontos do mundo. Missão que só é possível com muito treinamento. Desta forma, a Operação Laçador, que aconteceu durante os dias 16 á 27 de setembro e contou com a participação de 8.000 militares do 5° Comando Militar do Sul, serviu para treinar os conhecimentos dos militares e testar os equipamentos utilizados em batalhas. De acordo com o Ministério da Defesa, a operação consiste em uma simulação de guerra cujo objetivo é preparar as Forças Armadas para atuar de forma coordenada e eficaz em conflitos convencionais. Os exercícios envolvem simulações de ataque, defesa de espaço aéreo e terrestre, além de missões de busca e salvamento e ações cívico-sociais. O Ministro da Defesa Celso Amorim, que veio até o RS para inspecionar de perto as atividades, falou sobre a Operação Laçador: “É um exercício

fundamental porque somente através do conhecimento conjunto das três forças é possível defender o país de uma maneira mais eficaz, fazendo com uma maior economia de meios e com maior eficiência nos resultados.” O Ministro ainda destacou a comunicação que foi utilizada e como foi trabalhado entre as forças: “A nossa defesa cibernética, que começa a crescer e que já foi utilizada inclusive em situações reais, é que vai contribuir efetivamente para proteger os sistemas de comunicações para que nossos planos não sejam revelados para um eventual inimigo”. A Operação teve investimento de R$ 7,5 milhões, e após a sua conclusão foram apresentados resultados informando como as tropas agiram durante o treinamento. Para coordenar todas as operações que aconteciam no RS, um Centro de Controle foi montado na sede do Comando Militar do Sul (CMS), em Porto Alegre, de onde saíam todos os comandos para os militares. Sistemas modernos permitiram a integração, o estabelecimento de comunicações seguras e o acompanhamento de todas as ações realizadas pelas tropas.

Nossa defesa cibernética vai contribuir efetivamente para proteger os sistemas de comunicações.” Celso Amorim, Ministro da Defesa


8  •  UNIPAUTAS • 2013/2

GERAL Segurança Pública Repórteres do Unipautas acompanharam uma operação do GOE, Grupo de Operações Especiais do Estado, unidade de elite da Polícia Civil no RS

Juliana Bernardon Lucas Conceição

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á 46 anos atuando no Rio Grande do Sul, o Grupo de Operações Especiais (GOE) é destaque dentro da Policia Civil no combate e prevenção de crimes. Criado em 1967 pelo Coronel Pedro Américo Leal, antigo chefe da Polícia Civil, quando os índices apontavam uma elevação nos crimes contra o patrimônio (roubos a bancos, latrocínio e extorsões mediante sequestro) e contra a vida (homicídios), o grupo vem desarticulando ao longo dos anos várias quadrilhas. Por ser uma unidade de recursos e operações especiais, os policiais civis do GOE têm à sua disposição armamento diferenciado, como fuzis, carabinas, espingardas e pistolas. O grupamento serve de apoio a todos os órgãos da polícia em atividades operacionais, como cumprimento de mandados de prisão, busca e apreensão, escolta de armamentos e entorpecentes. Também atua na segurança ostensiva e de autoridades, como guarda de honra de eventos, escolta de presos de alta periculosidade, apoio a polícias civis de outros estados e ao Poder Judiciário. Teria, inclusive, servido de modelo para a criação da S.W.A.T da polícia de Los Angeles.

A S.W.A.T dos gaúchos Para 2014, quando Porto Alegre será sede da Copa do Mundo, o GOE já está em treinamento e ficará responsável por ajudar na prevenção a crimes e operações antiterrorismo. Chefiado pelo Delegado da Policia Civil, Bolívar Lhantada, desde fevereiro deste ano, o grupo está treinando periodicamente, natação, trilha na mata, defesa pessoal, operações táticas, tiro, musculação, rapel, ações táticas em aeronave e também contam com um carro blindado. No Rio Grande do Sul, além do GOE, pertencente à Polícia Civil, existe outro sistema de operação especial para segurança ostensiva da sociedade, chamado BOE (Batalhão de Operações Especiais), da Brigada Militar. O batalhão tem como principal característica a defesa e controle civil quando há conflito populacional. É aquartelado, com mais efetivo, possuindo também um grupo de cães farejadores e um Grupo de Ações Táticas Especiais, o GATE. Márcia Beck, chefe de investigação do GOE, ressalta que “o êxito do trabalho policial passa também pela união com a Brigada Militar, com respeito às atribuições de cada um”.

Foto: Michel Meusburger

A experiência e o olhar de dois jovens em uma operação do GOE F

azia frio às 4h35 da madrugada do dia 12 de setembro. Dentro do Palácio da Polícia, sob o comando do delegado Bolívar Lhantada, observávamos o momento em que os integrantes das Forças de Segurança Pública do Estado passavam os últimos detalhes da estratégia da operação Afilhados, que tem como objetivo o combate ao tráfico de drogas. A investigação, desencadeada por meio de denúncias, ocorreu nos bairros Itatiaia, Rincão da Madalena e Loteamento Princesa em Gravataí. Ao chegarmos lá, iniciou-se uma movimentação para cumprir os 12 mandados de prisão e 27 de busca e apreensão. Fiquei admirada com a agilidade e inteligência dos cães farejadores que cumprem um importante papel neste tipo de investigação, por mais que muitas vezes os bandidos consigam articular maneiras de despistar o cheiro ou local onde se encontram as drogas. Depois de longas horas, a operação resultou na apreensão de duas espingardas, uma mira a laser, uma pistola calibre 9mm, 30 gramas de maconha, 10 gramas de cocaína, 200 pedras de crack, uma balança de precisão e aproximadamente R$ 2 mil em dinheiro. Voltando para Porto Alegre, o clima era de dever cumprido e satisfação pelo trabalho realizado. Juliana Bernardon

N

o Palácio da Polícia, enquanto era realizada a reunião na madrugada do dia 12 de setembro com todas as guarnições ouvindo atentamente as instruções do delegado Bolívar Lhantada, me chamou a atenção as mulheres que ali estavam, cada uma com um jeito especifico e bem feminino. Muitas delas eram mães de família e estavam fazendo parte da equipe que iria cumprir a operação Afilhados. Olhando para estas policiais, cheguei à conclusão que durante a atuação não havia distinção por serem do sexo feminino, e realmente o papel delas foi fundamental para a equipe, pois em momentos como a prisão de um dos criminosos o lado psicológico no poder da conversa foi de grande importância. A operação Afilhados buscava o cumprimento de 12 mandados de prisão e 27 de busca e apreensão, todos efetuados com sucesso. Vejo que o Grupo de Operações Especiais trabalha muito em cima de investigações bem minuciosas, conseguindo informações muito precisas de todos os citados nos mandados que foram cumpridos. A oração faz parte da rotina deles, principalmente antes do inicio da operação, onde todos se reúnem para fazer os ultimos ajustes, é quando todas as forças se unem para o cumprimento do dever. Lucas Conceição


2013/2 • UNIPAUTAS • 9

Assistência Social GERAL

FEBEM, uma página quase virada Fundação, que há doze anos deu lugar à FASE, ainda vive para muitos cidadãos Paulo Nunes

A

lemão che gou na Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (FEBEM) com mais ou menos oito anos de idade, trazido por policiais militares que haviam o encontrado junto com seus dois irmãos na rua, passando fome, em situação de total abandono. Na instituição, apesar de conviver com os menores infratores, vendo queima de colchões, revoltas, brigas e fugas, ele nunca se envolveu. Acreditava que ali tinha o que não teria lá fora: seis refeições diárias. E assim o Alemão cresceu: “eu retinha o que era bom e descartava o que era ruim”. Hoje, mais de 30 anos depois, com 20 anos de efetivo serviço na Brigada Militar, Alemão traz o histórico de um menino que viveu toda sua juventude na FEBEM, mas nem por isso deixou de estudar e acreditar que era possível um futuro melhor. Inclusive em setembro deste ano Alemão ganhou medalha de PM destaque do Comando de Policiamento da Capital pelos relevantes serviços prestados, entre eles, grande número

de prisões por tráfico de drogas, roubo de veículos e porte ilegal de armas. Convidado para fazer uma nova visita no local que lhe serviu de abrigo por muitos anos, Alemão recusou, disse que era muito difícil para ele relembrar aquele tempo e que não queria seu nome divulgado para não dar publicidade a um assunto que prefere ser apenas parte de uma história. A história da sua vida. A FEBEM em que se criou Alemão não existe mais, há 12 anos, mas está bem latente na memória de muitos porto-alegrenses. Hoje a FASE (Fundação de Assistência Sócio Educativa) ligada à Secretaria da Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, é o órgão estatal especializado em atender estes menores infratores. As medidas são de internato sem probabilidade de saídas externas e semiliberdade com saída externa para cursos e visitas aos pais nos finais de semana. Em Porto Alegre, uma das unidades da FASE, chamada CASE I (Centro de Atendimento Sócio Educativo- Porto Alegre 1), fundada em março de 1998, abriga ao todo 70 jovens vivendo em um ginásio, muitos sem possibilidade de saídas externas. Ao centro do ginásio, há uma quadra de futsal. Ao lado da quadra, uma mesa de ping-pong. Rodeando a quadra, paredes grafitadas de um lado e, do outro, salas de aula onde os

Prédio conta com quadra de futebol e mesas de ping-pong. Ao redor, as celas. Crédito: Paulo Nunes

internos cursam compulsoriamente o ensino fundamental e médio, nos turnos manhã, tarde ou noite, sob a responsabilidade da Escola Estadual Tom Jobim. No andar de cima, celas com portas de ferro, que são chamadas de quartos, são o abrigo dos internos que somente saem dali para atividades no próprio ginásio. Em um dos cantos, pequenas arquibancadas servem para os internos assistirem a “Malhação”

UNIDADES DE INTERNAÇÃO DA FASE CIP- Carlos Santos* CASE- Padre Cacique CSE CASE- POA I CASE- POA II CASE- Feminino Unidades da Capital

todos os dias em uma televisão antiga de 29 polegadas. Mas o que mais chama a atenção dos internos são as oficinas oferecidas. No mês de setembro, uma turma de internos concluiu o curso de montador de bicicleta: “Cursos como este fazem parte de um projeto que permite ao menor receber bolsa de estudo, gerando uma pequena renda com a qual pode ajudar sua família”, disse o diretor Domacir Correia.

A rotina da casa começa às 7 horas, com o café da manhã, e se estende até as 23 horas, quando todos devem estar recolhidos aos seus quartos. “A movimentação é intensa dentro da unidade”, disse o assessor Paulo Volmar, encarregado das realizações de cursos e oficinas. Os menores também recebem a visita de duas denominações evangélicas que realizam cultos semanais para os internos.

UNIDADES DE SEMILIBERDADE Data de Inauguração 1989 1864 1974 1998 1992 1962

Capacidade Populacional 90 90 120 62 72 33 467

CAS- POA Masculino CAS- POA Feminino Unidades da Capital

Data de Inauguração 2010 2011

Capacidade Populacional 20 12 32

Temporariamente, em virtude das reformas, a população da unidade CIP-Carlos Santos foi transferida para o prédio do CASE-Padre Cacique. Fonte: Assessoria de Informação e Gestão - FASE/RS


10  •  UNIPAUTAS • 2013/2

GERAL Igualdade Social

Batalha pela igualdade de gênero ONG gaúcha vem lutando há quase quinze pelo direito de travestis e transexuais Shalynski Zechlinski

F

undada em maio de 1999, a ONG Igualdade – Associação de Travestis e Transexuais do Rio Grande do Sul nasceu da necessidade de existir uma organização para apoiar e defender o direito das travestis e transexuais de Porto Alegre. Desde a sua fundação, a Igualdade realiza oficinas temáticas semanalmente para discutir assuntos trazidos pelas próprias travestis e transexuais, assim buscando melhorias nas condições de vida e saúde, o respeito e a efetivação dos direitos humanos para elas. A fundadora e presidente da ONG, Marcelly Malta, diz que as conquistas realizadas são resultado de um trabalho árduo, tanto a nível regional quanto a nível nacional. “Em 29 de janeiro deste ano foi aprovado o registro do nome civil para as travestis”, ressalta. Para ela, a

maior conquista da Igualdade foi resultado de ações que geraram a aprovação para o uso do nome social, desde o ano passado. Entre outras conquistas da organização está uma ala de travestis e transexuais no Presídio Central de POA. Em parceria com o Serviço de Assessoria Jurídica Universitária da UFRGS (SAJU), a Igualdade conta com o apoio voluntário de profissionais das áreas de Psicologia e Direito, disponibilizando seu espaço físico para a realização de estágios obrigatórios do curso de Psicologia. No ano de 2000, a organização teve seu primeiro projeto aprovado, intitulado Construindo Igualdade em Saúde, Cidadania e Direitos Humanos. Ele é baseado no resgate da cidadania das travestis e na busca pelos seus direitos. Desde então, vem desenvolvendo projetos não só para o nosso Estado, mas para o Brasil inteiro visando a melhoria na qualidade de vida de travestis e transexuais de todo o país. Através de ações preventivas realizadas nas zonas de meretrício, em Porto Alegre, a militante Joyce Maria da Silva

Marcelly Malta representando a ONG em seminário. Foto: Divulgação.

busca divulgar o trabalho da ONG e acolher travestis com problemas sociais. Segundo Joyce, as ações são destinadas principalmente às travestis que trabalham nessas zonas para a

prevenção e o tratamento de DSTs. “A Igualdade representa tudo na minha vida e, graças aos projetos realizados, hoje posso ser eu mesma”, declara a transexual que teve seu Registro Geral

emitido em agosto deste ano. Ainda, a militante afirma que tem orgulho do que faz, dando apoio a pessoas que passam pelas mesmas dificuldades e lutam pelos mesmos direitos.

Motogirls em Porto Alegre Mulheres no volante já não é mais novidade nas ruas da Capital. Agora elas também estão sobre duas rodas, inclusive trabalhando como “motogirls” Fernanda Fontoura

J

Nielca e Jane no intervalo, com suas motos. Foto: Fernanda Fontoura

á ficou no passado a história de que a maioria dos homens é quem são adeptos a motocicletas, agora as mulheres também estão no comando das motos e afirmam que amam trabalhar em liberdade. Para Nielca Nunes Fontoura, 43 anos, motogirl, que trabalha há cinco anos e seis meses na profissão, a melhor recompensa é o fato de se sentir livre ao andar de moto e manter uma rotina diária flexível. “Tornei-me motogirl porque os horários são flexíveis e amo andar de moto, inclusive dirijo desde meus 17 anos”, ressalta.

Seguindo com o mesmo pensamento, Jane Pires dos Santos, 30 anos, trabalha como motogirl há um ano e três meses e comenta por que optou pela profissão, mesmo com o perigo no trânsito. “É uma profissão perigosa e o ritmo de trabalho é puxado, mas nos trás liberdade”, afirma. Contudo, como toda profissão tem suas vantagens e desvantagens, para elas, as dificuldades ainda são maiores devido às placas mal sinalizadas, à quantidade de obras, ao desrespeito e à falta de conscientização das

pessoas no trânsito. Outro problema constatado é o preconceito: “Além dos motoboys, nós, motogirls, também somos vistas como marginais. É só encostar do lado de qualquer carrinho de luxo, que automaticamente o motorista fecha a janela”, comenta Jane. Para Nielca, é necessária uma reeducação no trânsito. “As pessoas devem se respeitar mais e mudar alguns hábitos como parar em cruzamentos sem sinalização. As multas deveriam ser mais rigorosas, só assim as pessoas iriam se conscientizar mais”, explica. Diminuindo, assim, o risco de novos acidentes, discussões e outros problemas vistos atualmente. Sobre as diferenças entre homens e mulheres na profissão, Nielca afirma que não vê diferença, “sendo homem ou mulher, o importante é ser um bom profissional, fazendo o trabalho de maneira correta, respeitando as regras que foram colocadas e fazendo os cursos necessários para exercer a profissão”, finaliza.


2013/2 • UNIPAUTAS • 11

Comunidades quilombolas em POA Descendentes de negros ainda lutam por direitos territoriais Thiago Santos do Nascimento

A

o chegar à comunidade Quilombo Família Silva, localizada no bairro Três Figueiras, temos a impressão de estar voltando no tempo, mais precisamente ao século 17, quando os negros, trazidos para cá nos navios negreiros, foram escravizados e forçados a trabalharem para seus “senhores”. Quatro séculos depois, a Pequena África, como a localidade é chamada pela moradora Lígia Maria da Silva, mantém os resquícios dos primeiros povos que aqui chegaram. Rodeada de condomínios luxuosos, a comunidade fica no final da Rua João Caetano, entre as Avenidas Carlos Gomes e Nilo Peçanha, comportando um total de 15 famílias. Todas elas descendentes de ex-escravos, que vieram do interior do Rio Grande do Sul à procura de condições melhores: “Meus avós, Naura Borges da Silva e Alípio Marques dos Santos, eram naturais de São Francisco de Paula e Cachoeira do Sul. Ambos vieram para cá na década de trinta e ocuparam esse território para construírem suas vidas sociais e culturais”, afirma a moradora Lígia Maria da Silva. Ainda hoje, os moradores das comunidades quilombolas mantêm as tradições das matrizes africanas do passado, seja nos cultos religiosos, nas danças e até mesmo no trabalho diário. “Procuramos manter viva a

memória de nossos pais e avós, e de outros príncipes africanos que ainda vivem espiritualmente nos vigiando e guardando nossos filhos e netos”, completa Lígia. Para a professora Regina Weber, doutora em História do Negro no Brasil, mesmo vivendo com as condições precárias, os moradores das quilombos não desanimam em momento algum: “muito pelo contrário, estão acostumados em ir à luta, resistem a cada dia”. Segundo a professora, apesar de muitas vezes as pessoas que vivem nas quilombos conviverem com a escassez do serviço público, como a falta de luz ou de redes de saneamento básico e de água, é através do trabalho nos campos existentes em algumas comunidades que elas conseguem o seu sustento de vida: “Como essas pessoas praticamente são excluídas da sociedade, dificilmente elas foram estudar ou conseguir uma formação acadêmica que as coloque em condições melhores no Estado. Mesmo assim, a tal padronização intelectual, imposta pelo Estado não é maior do que o convívio social que eles mesmos criaram”, afirma. De acordo com o professor e historiador Marçal Paredes, a maior parte dessas famílias é descendente dos negros bantos, escravizados pelos europeus e trazidos para o Estado ainda no século 18. “O negro no Rio Grande do Sul foi, por muitos anos, ignorado pela história. No entanto, maior parte do território era ocupada pelos escravos”, afirma Paredes. “O que levou à diminuição da maior parte da população escrava foram as constantes guerras e lutas contra a

exploração do trabalho escravo. As guerras civis foram motivos para que grande parte morresse ou fugisse para fora do Estado, procurando vida melhor”, conclui o historiador. Para o professor, grandes partes dessas comunidades não são vistas com o merecido respeito até mesmo pelos centros acadêmicos. Para Marçal, a história dos negros é escondida ou mal contada pelos historiadores, e até mesmo ignorada pelas universidades: “A elite, que se julga intelectual, deveria aprender com essas pessoas que, com suas vidas humildes, têm muito a ensinar. O Rio Grande do Sul não foi colonizado somente por italianos e alemães”. Atualmente, de acordo com dados da Federação das Associações das Comunidades Quilombolas do Rio Grande do Sul, existem mais de 130 comunidades remanescentes no Estado, na qual maior parte delas ainda luta pelos direitos de seus territórios. Porto Alegre comporta cinco dessas comunidades: Alpes, Areal da Baronesa, Comunidade Quilombola da Vila dos Sargentos, Família Fidélix e a já citada Família Silva. A comunidade da Família Silva foi o primeiro quilombo urbano a receber do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), em maio de 2009, a titulação que garante o direito de posse de seu território. Ainda assim, o advogado da Frente Nacional de Defesa dos Territórios Quilombolas, Onir de Araújo, afirma que a política imposta por parte do instituto é negligente com relação às outras comunidades.

Igualdade Social GERAL

Estátua de Zumbi dos Palmares em Salvador, o último dos líderes do histórico Quilombo dos Palmares. Foto: Leandro Osório


12  •  UNIPAUTAS • 2013/2

GERAL Cidade

Imóveis que preservam a história Imóveis tombados da Capital têm proteção legal da Secretaria da Cultura Shállon Teobaldo

E

xistem hoje, na capital gaúcha, cerca de 70 imóveis tombados. Segundo o professor de Arquitetura e Urbanismo do UniRitter, Luiz Antônio Bolcato Custódio, Porto Alegre tem três tipos de proteção aos seus imóveis. Há os bens tombados, que são estruturados a partir da Lei de Tombamento – Lei complementar 275/92, onde os imóveis não podem ser demolidos nem mutilados e são escolhidos com base na sua importância arquitetônica ou histórica e que passa a integrar o Patrimônio Cultural da cidade. Além desse tipo de proteção, há o inventário: “o inventário em Porto Alegre não é um instrumento de conhecimento, mas é por lei um instrumento de proteção”, explica Custódio. Os bens inventariados são divididos em duas categorias: de estruturação e de compatibilização. A terceira forma de proteção são as áreas de interesse cultural, que na capital gaúcha chegam a aproximadamente 120 localidades as quais, por razões de arquitetura e paisagem, são preservadas pelo município. A prefeitura de Porto Alegre, através da Secretaria Municipal da Cultura (SMC) tem uma equipe que cuida especificamente do patrimônio histórico e cultural da cidade. De acordo com a SMC, o tombamento de imóveis e espaços de valor cultural na capital pode ser procedido pelo poder público, ou requerido por qualquer pessoa física ou jurídica que more em Porto Alegre.

Segundo o professor Custódio, poucas das mansões e casas antigas da cidade foram recuperadas ou restauradas: “muitas vezes as famílias proprietárias conservam, às vezes as famílias decidem por diversas razões, sobretudo o fator econômico, deixar decair até que o patrimônio seja demolido”, diz. Bens protegidos pela lei não podem sofrer esse tipo de dano, de acordo com Custódio: “a estrutura arquitetônica da cidade conta a história de Porto Alegre, principalmente no Centro Histórico onde todos os edifícios são preservados”. A arquitetura antiga da capital gaúcha segue estilos alemães, portugueses e italianos. Podemos ver diferentes formas dependendo do bairro e situação econômica que o povo daquela região vivia na época em que as casas e prédios foram construídos. Custódio conta que se observarmos no Bairro Moinhos de Vento, ainda existem mansões e palacetes com jardins, pois era um bairro povoado pela burguesia, em contrapartida ao modelo arquitetônico da Cidade Baixa segue um estilo mais simples, casas térreas, planas de porta e janela, decorrente das pessoas mais pobres que viviam ali. As pessoas interessadas em tornar um bem protegido por algumas das leis de Porto Alegre devem observar algumas diretrizes estabelecidas pela Secretaria Municipal da Cultura: o imóvel deve ter total identificação, tanto de localização quanto de proprietário, dados históricos, entorno urbano, descrição e análise da edificação e levantamento fotográfico. A partir do levantamento dessas informações é feita uma análise e o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (COMPAHC) decide por liberar ou não o tombamento.

Imóveis preservados revelam a história da arquitetura de Porto Alegre. Foto: Rogério Soares

O palacete construído pela família Malcon Wagner Miranda

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m exemplo de mansão preservada na capital gaúcha está situado na Rua Cel. Bordini, no Bairro Moinhos de Vento. Neste endereço, há 58 anos, foi construída a residência da família Malcon. Para a edificação, o casal proprietário contratou o arquiteto francês Armando D’Ans para o projeto e o famoso decorador italiano Rossi para a ambientação de seu interior. O glamouroso palacete foi edificado para múltiplas funções: conforto, aconchego e vida ao ar livre. O espaço já foi Casa Cor Sul e, atualmente, é a sede do Consulado da Argentina em Porto Alegre. A casa branca em estilo

neoclássico é uma das mais grandiosas mansões sobreviventes entre os edifícios no bairro. Dentre os elementos que compuseram o projeto de construção, estão elementos rústicos, valorização do piso, herança da colonização portuguesa. Além disso, charme e descontração podem ser percebidos já do lado de fora do ambiente. No ano de 1955, a morada foi ocupada por Salomão Malcon, empresário e cônsul do Líbano no Estado, sua esposa, Mona Malcon, e os dois filhos, Ricardo e Renato Malcon. Os filhos passaram a infância e juventude na casa, recebendo colegas de escola e construindo diariamente diversas amizades, que foram cultivadas até os dias atuais. Os meninos somente deixaram o lar quando

formaram as próprias famílias. A mansão ficou habitada pela família até 1992, quando, após a morte de seu esposo, a dona decidiu despedir-se do local. No ano seguinte, a morada viria a servir de cenário para a Casa Cor Sul, que se instalou no Estado pela segunda vez naquela ocasião. Nascido no Líbano e naturalizado brasileiro, Salomão Malcon era comerciante de tecidos em Pelotas, cidade em que havia chegado aos 17 anos. Desde o ano da construção do palácio, ele se dedicava à construção civil em Porto Alegre. Os donos da mansão recebiam inúmeras visitas diárias de amigos e empresários, embaixadores, governadores, diplomatas e grandes personalidades, que se encantavam pelo casarão.


2013/2 • UNIPAUTAS • 13

Cidade GERAL

Moda responsável e consicente Brechós consolidam busca por um estilo alternativo e tornam-se cada vez mais importantes na Capital Júlia Molina

O

s brechós estão se tornando um hábito comum nas ruas de Porto Alegre, tanto em termos de lojas quanto no uso das roupas que elas vendem. E isso traz uma ideia totalmente inovadora no mundo da moda. Um dos lemas adotados é deixar de lado o consumismo abusivo, pelo fato de trabalharem com peças usadas e exclusivas. Elas são antigas, porém em ótimo estado, o que torna o vestuário em geral sustentável e acessível a todos os públicos interessados. Um comerciante chamado Belchior abriu sua primeira loja de artigos usados no século XIX, no Rio de Janeiro - inclusive a palavra “brechó” surgiu a partir de seu nome. Logo depois, este tipo de comércio se tornou comum em grandes cidades. Mas

O brechó Xica Bacana. Foto: Júlia Molina

só a partir dos anos 90 é que a moda que valoriza estilos de épocas passadas começou a se propagar, saindo da Europa para o resto do mundo. E, há apenas uma década, se consolidou no Brasil. O diferencial dessas lojas para o público porto-alegrense são as distintas possibilidades que estão à disposição dos apaixonados por um estilo alternativo: há os brechós para quem procura por fantasias para festas ou também para os que procuram

um estilo mais ousado e retrô, tanto roupas (camisetas, calças, blazers, vestidos e etc.) como acessórios. Em sintonia com a sustentabilidade, Babi Andrade, dona de um dos brechós mais procurados de Porto Alegre, Casa da Traça, enfatiza: “trabalhamos muito com essa ideia de reciclagem”. E o interesse pelo estilo da casa vem de um público mais jovem, apaixonado por arte e música. Babi acrescenta a

diversidade das peças e objetos que vendem na loja, desde um guarda-roupa hippie até new wave e pin up: “mas sempre ligados a peças vintage”, finaliza. Já o Retrô Brechó tem uma proposta pouco usual: não trabalha com vendas, somente com locação. Roupas vintage, de décadas passadas (de 20 a 80) servem para festas à fantasia ou casamentos temáticos. Além das roupas, o Retrô aluga objetos de decoração que servem para ambientação de festas, cenários, ensaios fotográficos, editoriais de moda, etc. Luciane Castro, 43, dona do brechó, explica: “eu quero que seja um lugar de história, que passe de geração em geração. Será de tamanha riqueza daqui uns anos. Cada peça tem uma história, um histórico passado, uma maneira de despertar a curiosidade de como as coisas aconteciam antigamente”. Frequentador assíduo dos brechós há alguns anos, Jonas Soares, 20, estudante de Publicidade e Propaganda, explica que a exclusividade das peças vendidas em brechós é muito

atraente para os consumidores, assim como os baixos preços e o conceito de preservação: “O consumo sustentável está totalmente implícito no ato da compra em brechós. A reutilização de uma peça que poderia estar indo para o lixo traz um reflexo positivo para o meio em que vivemos”, afirma. Angela Pellenz Rolim, dona do brechó Nossa Senhora das Maravilhas, conta que o público frequentador de brechós ainda é minoria. “Por mais novo que seja esse conceito de sustentabilidade, infelizmente, ainda existe muito preconceito. São pensamentos de uma cultura muito antiga, de que roupas usadas podem passar energias não desejadas”, lamenta. Além da exigência por um consumo consciente, os clientes têm a oportunidade de vender suas antigas peças, já que as pessoas mudam, assim como o estilo e a silhueta. Por isso, “passar adiante” o que já não lhe serve mais, torna ainda mais responsável, permitindo a reutilização de peças usadas. E o meio ambiente agradece.


14  •  UNIPAUTAS • 2013/2

GERAL Animais

Uma iniciativa que é o bicho Apaixonada por animais, a estudante Bruna Mendes criou o Open Bar Canino, que ajuda diversas ONGs Juliana Bernardon

E

m outubro de 2011, quando completou 19 anos, a estudante de Arquitetura e Urbanismo Bruna Mendes, hoje com 21 anos, fez um pedido de aniversário que fez a diferença na vida de animais de estimação. Ao invés de pedir presentes para si, pediu que seus convidados lhe dessem porções de ração para que então pudesse fazer uma doação. Sabendo sobre sua paixão por animais, seus amigos continuaram ajudando e isso motivou Bruna a dar assistência a ONGs que precisavam de doa- Bruna Mendes, criadora do Open Bar Canino, com suas doações. Foto: Arquivo pessoal ções. Com o apoio do publicitário Felipe Gomes, seu namorado, animais, muitas pessoas vão a diz que só quem tem uma paixão tiveram a ideia do nome: Open sua procura para lhe entregar por animais consegue entender o Bar Canino. animais que muitas vezes são quanto são importantes. Para ela, Em menos de dois anos, atra- achados na rua ou abandonados Thor não é apenas um cachorro, vés das redes sociais Bruna já por seus donos: “Essas pessoas mas sim um membro da família. arrecadou mais de quatro to- não entendem que animais não O Open Bar Canino ajuda não neladas de ração com o proje- são descartáveis, que ao deixar apenas uma ou duas ONGs, e sim to, ajudou mais de mil animais um animal em um abrigo elas es- várias. Conforme o projeto vai e beneficiou diversas ONGs. A tão fazendo parte do problema, crescendo, sempre direcionando cada ano ocorre uma grande ar- não da solução”. Apesar das di- as doações conforme o número recadação que dura três meses. ficuldades, a estudante já conse- de animais de cada projeto/proAs doações podem ser feitas não guiu dar um lar a alguns animais tetora e as necessidades de cada só pessoalmente, como também de estimação abandonados, que lugar. Bruna acha que existe muionline. Diariamente, Bruna atu- hoje estão em boas condições na ta gente com ideias para ajudar, aliza as redes sociais (Facebook, casa de seus amigos. mas não colocam em prática por Instagram e Twitter) divulganA estudante de Publicidade e medo de não dar certo: “A verdo pedidos de ajuda, animais Propaganda Stani Kniphoff, 20 dade é que tudo começa pequepara adoção e outros conteúdos. anos, optou por adotar um vira- no, vai depender da sua força de “Durante as arrecadações e sema- -lata pelo Open Bar Canino, que vontade para que a coisa cresça”, nas que antecedem os eventos, a chamou de Thor. “Sempre tive na destaca. Através de vários evencoisa fica mais corrida. Preciso cabeça que eu adotaria, não me tos, como a primeira feijoada beorganizar pontos de coleta, pro- vejo comprando um cachorro”, neficente do Open Bar Canino, curar patrocinadores e verificar declara. Stani também demons- Bruna traz diferentes maneiras toda a estrutura”, explica. tra muito carinho e dedicação ao de arrecadações. Logo após a Bruna passa por maus mo- seu pet: “Ele sabe que tem um lar feijoada, houve o “Encãotro de mentos diariamente. Como o onde é amado e muito mimado. cães”, em comemoração aos dois projeto é focado no apoio aos Ele é o bebê da casa”. A estudante anos do projeto.

Open Pet O Open Pet é um complemento do trabalho realizado por Bruna Mendes no Open Bar Canino. A loja virtual busca dar atendimento personalizado, e os produtos oferecidos têm um design diferenciado. Através da campanha We Love Mutts (Nós Amamos Vira-Latas), que transmite a ideia de que não é necessário mais canis e gatis, e sim pessoas dispostas a auxiliar aqueles que já existem, é feita uma doação semestral de parte do lucro ao Open Bar Canino. Além de produtos para cães e gatos, o site ainda possui uma sessão especial com um mural contendo fotos de pets para adoção. www.openpet.com.br

Para Bruna, deixar um animal em um abrigo é parte do problema. Foto: Arquivo


2013/2 • UNIPAUTAS • 15

Drogas GERAL

Animais

Uma nova realidade para carroceiros e carrinheiros Lei Municipal pretende retirar das ruas de Porto Alegre as carroças e carrinhos até 2016 Wagner Miranda

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o andar pelas ruas de Porto Alegre, já se nota uma diminuição da circulação de carroças e carrinhos. Isso se dá pelo fato de no dia 10 de setembro de 2008 passar a viger uma Lei Municipal de número 10.531, que instituiu o Programa de Redução Gradativa do Número de Veículo de Tração Animal e de Veículos de Tração Humana. No dia primeiro de setembro, a norma entrou em vigor na Zona 1, que abrange os bairros Ponta Grossa, Chapéu do Sol, Restinga e parte da Lomba do Pinheiro. O projeto, denominado “Todos Somos Porto Alegre”, proposto pelo agora vice-prefeito da capital gaúcha, Sebastião Mello, tem em seus desígnios oferecer formação profissional aos carroceiros e carrinheiros, bem como promover a inclusão no mercado de trabalho. No entanto, para que isso ocorra, é necessário que os trabalhadores deixem de exercer as suas atividades nas ruas, entregando à prefeitura os seus carros. Para Sebastião Mello, não é aceitável que no século XXI ainda existam pessoas que dependam de um veículo de tração humana ou animal para se sustentarem. “Em primeiro lugar, entendemos que o ser humano tem condições sim de levar uma vida digna sem precisar puxar um carrinho. O trabalhador pode ser um bom profissional de mercado, mas para isso é preciso que haja programas de incentivo. Assim como é o Todos Somos Porto Alegre”, frisou o atual vice-prefeito. A Lei estabelece o prazo máximo de oito anos, a contar do dia da publicação da norma, para que sejam extinguidas as carroças e carrinhos das ruas. Neste período, serão oferecidos cursos como carpintaria, garçom, camareira, manicure, auxiliar

Filhos do Crack O retrato de uma jovem grávida e seu companheiro evidencia o problema do vício em crack

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orto Alegre, Bairro Santa Tereza, Avenida Cruzeiro do Sul, 11 horas e 30 minutos. Em frente a um brechó, ao relento, sobre dois colchões velhos de solteiro, alheios a tudo e a todos, repousa um casal. Além dos colchões, seu patrimônio se resume a uma garrafa de água e uma pequena sacola plástica com roupas. O cheiro forte de urina está impregnado nas roupas e nos colchões. Ele: Douglas M. E., 26 anos. Ela: Michele O., 20 anos. Ambos há três anos são moradores de rua, e Michele está com sete meses de gravidez, sem casa, sem teto, sem alimento e sem dinheiro. Ele, com a mesma sorte, tem uma diferença: aceita tratamento. Ela, não; já perdeu a esperança. “É muito difícil largar”, afirma, conformada com a situação. “O bebê vai nascer normal como o outro”, completa. O casal tem um filho com menos de dois anos que é criado pelo avô paterno, o pai de Douglas, um sargento da aeronáutica que mora em Canoas: “Ele já jogou a toalha” diz o filho em referência a seu pai. Depois de uma noite inteira fumando crack, o rapaz confessa estar cansado dessa vida de viciado. Ele acredita num futuro sem drogas, apesar de ter fugido do tratamento algumas vezes. “´É mais fácil conseguir pedra do que alimento. Pedra a gente consegue 24 horas por dia. Alimento de madrugada, só no lixo”, afirma Douglas. Se apesar da gestação em meio à droga e ao lixo o primeiro filho do casal nasceu saudável, segundo Michele, não se pode ter a mesma certeza sobre a criança que vai nascer. Sem pré-natal, sem acompanhamento médico, a sorte desta criança dependerá do destino, e provavelmente os avós terão que criar mais um filho das ruas. Mais um filho do abandono. Mais um filho do vício. Mais um filho da maldita pedra de crack. Paulo Nunes

Lei estabelece extinção das carroças e carrinhos das ruas. Foto: Wagner Miranda

administrativo, auxiliar de padaria, auxiliar de pizzaiolo, entre outros. Os ingressantes passam a receber uma bolsa formação no valor de R$ 678 mensal. Carrinheiros mostram-se céticos em relação à Lei Carrinheiro vindo da Bahia, João Batista, 66 anos, diz não acreditar na execução do projeto, mas sim na conscientização das pessoas. “Para substituir as carroças e carrinhos, é preciso que nós, cidadãos, possamos manter a limpeza”. Além disso, seu João assegura que o trabalho desempenhado é uma maneira de auxiliar na preservação de Porto Alegre: “Eu colaboro com a limpeza da cidade”, declarou em alto e bom som para as pessoas que caminhavam pela Rua dos Andradas. Coordenador do Programa Todos Somos Porto Alegre,

Fernando Mello explicou o trabalho realizado antes de a Lei passar a ser cumprida. “O objetivo foi fazer com que os carroceiros e carrinheiros entendessem que o programa é de inclusão social”, ponderou. Além disso, lembrou o procedimento que será realizado com os veículos entregues: “as madeiras das carroças serão retiradas e, possivelmente, utilizadas no curso de carpintaria”. O carroceiro e carrinheiro Carlos Eduardo, 18 anos, afirmou que o projeto não é válido. Questionado sobre a bolsa formação de R$ 678, cedida aos alunos dos cursos, ele repudia o valor: “Pra mim é muito baixo”, aponta. O jovem trabalhador lembra que já passou por situações complicadas com os responsáveis do programa: “já fui abordado umas 10 vezes e falaram um monte de coisas para que eu saia das ruas e retire a carroça e o carrinho”, concluiu.

Repórter do UniPautas conversa com casal flagelado pelo crack. Foto: Paulo Nunes


16  •  UNIPAUTAS • 2013/2

GERAL Mobilidade

Porto Alegre em

duas rodas

Com a construções de ciclofaixas, adeptos das pedaladas levam às vias suas “magrelas” e defendem meios de transporte sustentáveis Gabriela Fritsch

O

número de ciclovias na Capital cresce cada vez mais. Segundo a ONG Mobilize Brasil, Porto Alegre já está em 12º lugar no ranking de ciclofaixas entre as principais capitais do país. Neste ano, o Plano Diretor Cicloviário (PDC) completa quatro anos. O Plano prevê que 20% do valor arrecadado com multas seja destinado à educação e à construção de ciclovias. Desde então já foram construídos 17,5 quilômetros, do total de 50 quilômetros previstos até a Copa do Mundo. O objetivo das ciclovias, conforme a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), é o bem-estar e a prática da sustentabilidade. O publicitár io André Azambuja, de 29 anos, mora na Cidade Baixa, um dos pontos de encontro dos ciclistas da Capital.

Diz já ter utilizado as ciclovias e acha importante que a cidade esteja preparada para que cada pessoa possa decidir a melhor maneira para se locomover, seja de carro, moto, ônibus ou bicicleta. “Como já temos ruas para os carros, acho importante haver vias para bicicletas”, diz. Azambuja comenta que apesar da boa iniciativa, os órgãos responsáveis carecem de inteligência na hora de crias projetos e diz que é possível perceber a existência de desinteresse: “Eu acredito que a forma como algumas ciclo faixas foram feitas acabam atrapalhando o fluxo viário”. A estudante de História, Clara Martinez, 18 anos, cultiva o hábito de andar de bicicleta desde sua infância. Hoje, percebe que o ciclismo é uma ótima alternativa para fugir do estresse de uma maneira saudável e anda de bicicleta quando precisa fazer trajetos curtos ou quando quer fazer um passeio ao ar livre. Há cerca de dois anos, Clara participa do Grupo Massa Crítica: “Desde que o movimento surgiu, eu já tinha interesse em participar. Não vou a todos os encontros, mas sim nos que posso”. O grupo Massa Crítica intitula-se como “uma celebração da

bicicleta como meio de transporte”. O movimento reúne pessoas, com suas bikes, toda última sexta-feira de cada mês para pedalar pela Capital e em mais de 300 cidades ao redor do mundo. Com a reivindicação de ocupar espaço nas ruas, visa também ser um contraponto aos meios de transporte urbano. No blog do grupo, a descrição é precisa: “A Massa Crítica leva alegria e outros elementos mais humanos – braços, pernas e rostos ao asfalto. Não tem representantes, porta-vozes nem líderes. Ela tem tantas vozes quanto participantes”.

Aluguel de bicicletas

O

utra iniciativa que visa transformar Porto Alegre em uma cidade preocupada com o trânsito sustentável é o sistema de aluguel de bicicletas. Implementado em 2012, o método, batizado de Sistema de Bicicletas Públicas- SAMBA, visa oferecer uma opção de transporte sustentável e não poluente. Conectadas a uma central de operações via internet e alimentadas por energia solar, os clientes cadastrados no programa Bike Poa podem retirar uma bicicleta,

Como já temos ruas para os carros, acho importante haver vias para bicicletas.” André Azambuja, publicitário

Aluguel de bicicletas foi implementado em 2012. Foto: Gabriela Fritsch

utilizá-la e devolvê-la na mesma ou em outra estação. O usuário vai até a estação mais próxima e liga para um telefone. Após digitar o número de sua estação e a numeração da bike escolhida, espera uma luz verde acender e faz a retirada. O projeto já conta com mais de 28 estações ativas espalhadas pela cidade, localizadas no Mercado Público, Usina do Gasômetro, Menino Deus, Planetário, Museu Iberê Camargo, Cidade Baixa e outros.


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Fitness SAÚDE

Academias ..... só para .. mulheres Academias femininas são locais em que as mulheres se sentem à vontade e dispostas para realizarem seus exercícios com exclusividade Fernanda Fontoura

A

s mulheres estão ficando cada vez mais vaidosas e preocupadas com seu corpo, e por isso a cada dia a procura por academias femininas aumenta. Em Porto Alegre, já existem academias exclusivas, como a Tonu’s, que atende somente o público feminino com idade entre 13 a 74 anos. A academia, inaugurada há 6 anos, faz parte de uma franquia nacional e possui mais de 36 unidades no país.

A gerente da Tonu’s Camila Cardoso, empresária e educadora física, 28 anos, ressalta que a academia surgiu através de uma pesquisa em que o idealizador observou que as mulheres querem resultado e também se divertir na academia: “Essas mulheres procuram um modelo diferenciado de treinamento e não se adaptam em academias convencionais, mulheres que querem resultado e ao mesmo tempo se divertir, conviver”. Todas as alunas passam por uma avaliação para checar suas condições físicas e de que maneira ela será conduzida nas aulas para que possam atingir seus objetivos. Já o personal trainer Victor Mesquita, 28 anos, acredita que tais academias poderiam não existir: “vivemos integrados em uma sociedade em que existem

Academia inaugurada há 6 anos faz parte de uma franquia nacional com mais de 36 unidades no país. Foto: Fernanda Fontoura

muitas academias agradáveis onde ambos os sexos conseguem conviver de forma natural”. Entretanto, ele reconhece que boa parte das mulheres que frequentam as academias femininas gostam de uma privacidade maior para malhar, sem a presença “pesada” do público masculino. Ainda segundo Mesquita, o treino das academias são baseados

no objetivo de cada pessoa, existindo cuidados específicos e exercícios mais “populares” entre as mulheres, mas, de forma geral, os exercícios não necessariamente são diferentes. Maria Isabel Penna Lopes, publicitária, 53 anos, frequentou diversas academias e por fim optou pela academia feminina: “Ali existem só mulheres e mulheres

de verdade, sem exibição ou disputa, pessoas que estão ali para melhorar o seu corpo e qualidade de vida”, afirma. Além da Tonu’s, existem outras academias femininas em Porto Alegre, como a Curves, que é a primeira academia para mulheres no Brasil e no mundo, e a Línea, que está com as portas abertas na Capital desde 2006.

O jornalismo contrahegemônico depende do leitor, a quem serve.” Alexandre Haubrich, editor do Jornalismo B


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CULTURA Cinema

O cinema do futuro chega em POA Tecnologia IMAX e cinema 6D impressionam o público e apontam para o futuro do cinema

Luiz Vasques, há dois anos dono de um cinema 6D itinerante de Pelotas. O cinema 6D utiliza a tecnologia do 3D juntamente com outros recursos, permitindo uma experiência sinestésica: “O público tem a sensação que está dentro do filme. Associada à tecnologia 3D, foi desenvolvida uma tecnologia para dar maior realidade, onde as poltronas acompanham os movimentos do filme, simulação de vento e água, tornando o filme mais emocionante”, afirma Vasques. Embora essas duas formas de cinema já impressionem o público, agora a expectativa é que esse mercado cresça cada vez mais, se espalhando pelo país. É o futuro do cinema chegando (finalmente!) ao Brasil.

Daniel Fagundes, João Pedro Zettermann, Luiza Guerim e Paola Gonçalves

E

m maio de 2013, o IMAX, que se autodenomina “a mais moderna experiência cinematográfica do mundo”, chegou em Porto Alegre. O IMAX é um formato de cinema criado no Canadá, com grande definição de imagem, som surround com 14 mil watts de potência e tela gigante, de 13 por 21 metros. A capital gaúcha é a terceira cidade brasileira a receber essa nova forma de vivenciar a sétima arte. A tecnologia foi criada em 1967, por Graeme Ferguson, Roman Kroitor, Nicholas Mulders e William C. Shaw, mas foi apenas em 1971 que foi inaugurada a primeira sala de cinema IMAX, em Toronto, Canadá. A partir de então, mais de 320 salas foram criadas pelo mundo. A grandiosidade do IMAX não se limita apenas à alta resolução das imagens. Existe um aspecto físico que potencializa a experiência do cinema. A tela levemente côncava aumenta a profundidade do campo de visão, dando um maior realismo e proximidade com a ação do filme. Outra característica fundamental dessas

Em Porto Alegre

Tecnologia IMAX aumenta a sensação de profundidade do 3D. Foto: Divulgação

salas é a ausência de poltronas laterais, proporcionando a todos o mesmo campo de visão. O novo formato impressiona e surpreende a quem assiste: “É incrível, eu nunca tinha visto nada igual. A resolução e o tamanho da tela deixam a impressão de que estamos dentro do filme”, disse

a bióloga Laura Guerim, de 25 anos. Para a jornalista Bruna Cabrera, de 23 anos, assistir a um filme nesta nova tecnologia mudou a sua referência: “Ficará muito difícil ver um filme em um cinema normal agora. Com o som e a imagem tão impressionantes, dá para ver detalhes que

tu não veria em outro formato.” O IMAX não é a única experiência nova e impressionante do cinema na Era Digital. O chamado Cinema 6D, já há alguns anos no Brasil, ainda que por enquanto apenas em versões de demonstração, tem um alto índice de aprovação, segundo Jorge

O IMAX foi criado no Canadá pela empresa IMAX Corporation, no ano de 1967. A tecnologia chegou aos cinemas brasileiros no dia 6 de fevereiro de 2009, no Shopping Bourbon, em São Paulo. Em Porto Alegre, a primeira sala de cinema com tecnologia IMAX foi inaugurada no dia 24 de maio de 2013, no Cinespaço do Shopping Bourbon Wallig. O investimento foi de aproximadamente de 5 milhões de reais. (Emanuele Paim, Jessica Marquezotti, Guilherme Wunder, Mariela Moraes).

Literatura Crônicas de gols, cestas e nocautes Gabriela Fritsch

O

de Lúcio Humberto Saretta Edições Besouro Box 184 pgs, R$ 30,00 luciosaretta@yahoo.com.br

publicitár io Lúcio Humberto Saretta, 41 anos, autografou sua terceira obra, “Lições de Barbeariacrônicas de gols, cestas e nocautes”, na 59º Feira do Livro de Porto Alegre. Autor de mais dois livros, Saretta conta que a obra pode ser classificada como “jornalístico-literário” e aborda assuntos relacionados a futebol, boxe, basquete e atletismo. Escritor desde 2006, o autor afirma que sua criatividade para escrever o livro surgiu a partir da leitura de diversas biografias de jogadores de futebol, histórias de clubes e torneios: “É uma pequena obra que fala sobre os

grandes nomes do passado”, afirma Saretta, para quem o tema do livro leva os leitores a filosofar sobre diversos temas. Segundo o escritor, o esporte é muito importante na obra e exerce a função de um “fio condutor” da história, além de refletir alegrias e tristezas. Para Saretta, o ato de escrever não é nem profissão nem hobby e sim uma forma de se expressar. Fã de narrativas literárias, prefere escrever crônicas, que são narrações curtas e objetivas: “As crônicas tem a finalidade de falar de coisas simples, mas sem deixar de ter um conteúdo profundo. Serve como uma higiene mental, tendo efeito rápido e positivo na vida das pessoas”, conclui.


2013/2 • UNIPAUTAS • 19

Feira do Livro CULTURA

Foto: Felipe Moraes

A Feira do Livro e os saldos Do blog para o livro Fernanda Chaves e Rafaela Amaral

O

s saldos representam uma pequena, porém tradicional parte da Feira do Livro de Porto Alegre, pois fazem a diferença no bolso de quem ama literatura. André Gambarra, sócio-gerente da Livraria Nova Roma, conta que atualmente os saldos ocupam cerca de 10% da

Feira, com bancas espalhadas segunda mão, os saldos têm uma pela Praça da Alfândega, já que grande venda na Feira do Livro.” não há um único espaço especíA estudante de História fico dedicado a este setor. Thamiris Athanásio, 22 anos, Segundo Gambarra, o públi- diz que a questão dos valores da co recorre aos saldos porque lá Feira ainda deve ser trabalhada, é possível encontrar volumes mas que encontra muitos vopor quase metade do preço de lumes de qualidade nos saldos. mercado: “As pessoas procuram “Nos saldos existem muitas coinos sebos o que geralmente se vê sas boas sobre diversos assuntos, em grandes livrarias por um pre- sempre vale a pena dar uma boa ço absurdo, e mesmo sendo de pesquisada, tem de tudo”, diz.

Acessibilidade na Feira Fernanda Fontoura e Shalynski Zechlinski

H

á pelo menos nove anos que a Feira do Livro de Porto Alegre se preocupa com a acessibilidade de pessoas que possuem necessidades especiais e com deficientes visuais. Em 2004, foi criada uma biblioteca com livros escritos em braile, na área infantil e juvenil, uma parceria entre a Câmara do Livro e a Confraria do Braile. Nos últimos anos, foram implantadas rampas para o acesso de cadeirantes e desde o ano passado foram contratados guias em braile e intérpretes de libras. A coordenadora do balcão de informações da Feira, Elaine Maritza, conta que neste ano

houve dificuldade na contratação de intérprete de libras. Elaine explica que foi feita a contratação de um intérprete apenas para os finais de semana: “eles normalmente têm outro emprego e fazem libras como uma atividade free”. As mudanças chamaram a atenção do médico e escritor Waldomiro Manfroi: “por causa da acessibilidade, hoje os cadeirantes estão em toda a parte”. A cadeirante Flávia Maria Vital (foto), de São Paulo, visitou a feira pela sexta vez e diz que a cada ano a estrutura para cadeirantes tem melhorado: “O que acontece aqui acontece em todo o lugar”, relata Flávia, que ainda se queixa do calçamento.

Juliana Bernardon e Larissa Ody

T

rês autores que iniciaram sua vida literária escrevendo em blogs e agora seguem também o caminho das publicações impressas e digitais. Esse foi o tema do debate Do Blog para o Livro, ocorrido na 59º Feira do Livro de Porto Alegre. A mesa teve a participação de Cris Lavratti, autora do livro Olhar do Cotidiano, Léo Lima, autor de Encontros e Desencontros e Bibiana Benites, autora do livro Clarice por Todos os Lados. Segundo Cris Lavratti, seu blog foi criado para passar suas ideias e escolhas. “Criei o blog em 2009. Contava minha vida, minha história e tive um ótimo retorno das pessoas graças ao Facebook e ao Twitter”, comenta. Cris também afirma ter feito várias oficinas para ter uma noção técnica da escrita de contos, entre elas a Santa Sede – Crônicas de Botequim que a inspirou para escrever seu livro. “Um livro pra mim era um sonho muito

distante. Não achava que tinha capacidade”, explica. Autora do blog Enttreaspas, Bibiana Benites escreveu seu livro a partir de seu TCC da faculdade de Jornalismo, cursada em Santa Catarina. “A intenção inicial era trocar informações com as pessoas e a partir daí contar o que eu sentia”, relata. Além do blog, Bibiana aposta em redes sociais como o Facebook para divulgar suas crônicas e poemas. “Fiz uma fanpage como uma forma de continuação do blog. Existe uma interação maior e um bom retorno dos leitores”, complementa. Léo Lima possui seu blog com textos de romance desde 2010. “Sempre gostei muito de histórias. Depois de um tempo pensando na possibilidade de publicar um livro, criei coragem para mandar o que escrevi para a editora”, declara. Léo ainda diz ter projetos de outros romances para o futuro e dá incentivo para quem gosta de escrever. “Digo para as pessoas que tem a paixão pela literatura criarem um blog e deixar fluir essa vontade”, conclui.

Um livro pra mim era um sonho muito distante. Não achava que tinha capacidade.” Cris Lavratti, escritora


20  •  UNIPAUTAS • 2013/2

CULTURA História

efemérides

de Porto Alegre

Todo ano tem datas comemorativas que são relevantes e conhecidas no jornalismo como efemérides. No senso comum são chamadas de datas redondas. Em 2013, a cidade e o Estado comemoram algumas efemérides, como os 175 anos do hino rio-grandense, os 200 anos da Igreja Nossa Senhora das Dores, os 50 anos da realização da III Universíade e os 18 anos da Fundação Thiago Gonzaga. Confira na matéria elaborada em conjunto pela turma.

200 anos da

50 anos do Miss

Localizada no centro da cidade, mais especificamente na Rua da Praia, a conhecida Igreja Nossa Senhora das Dores completa nesse ano 200 anos. Em 1813, aconteceu a inauguração da Capela Mor e o translado da imagem da padroeira. Há 75 anos, a igreja foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), na categoria de Sítio Histórico Urbano. Sua arquitetura é classificada como “eclética”, pois mistura influências portuguesas, egípcias e gregas. Existe a lenda que um dos escravos que trabalhava na construção da capela foi acusado injustamente por roubo de tijolos e antes de ser enforcado, amaldiçoou o projeto, que previa duas torres na igreja, dizendo que ele nunca se concretizaria. O fato é que, por diversos motivos, a obra demorou mais de 100 anos para chegar à sua conclusão. (Gabriela Fritsch)

Há 50 anos, a porto-alegrense Ieda Maria Vargas consagrou-se a primeira brasileira a vencer o Miss Universo, em Miami Beach. O seu primeiro título de beleza foi conquistado em 1962, aos seus 17 anos, como Rainha das Piscinas do Rio Grande do Sul. No ano seguinte, tornou-se Miss Porto Alegre e Miss Rio Grande do Sul. Em 22 de junho de 1963, elegeu-se Miss Brasil, derrotando 24 candidatas. Durante seu reinado, a miss passou por 21 países. Depois de morar quase dois anos nos Estados Unidos, retornou a Porto Alegre e casou com o empresário José Carlos Athanásio em 1968. Logo após vieram os filhos Rafael e Fernando. (Fernanda Fontoura)

Igreja Nossa Senhora das Dores

50 anos da Universíade

Há exatos 50 anos a cidade de Porto Alegre sediou a III Universíade de Verão, uma espécie de Olimpíadas para universitários, organizada pela Federação Internacional do Desporto Universitário (FISU). O evento é considerado até hoje como o maior realizado na história da cidade. A cerimônia de abertura aconteceu no Estádio Olímpico Monumental, principal estádio dos jogos, porém as provas ocorreram em diversos locais espalhados pela Capital. As modalidades disputadas foram atletismo, basquetebol, esgrima, ginástica artística, polo aquático, natação, saltos ornamentais, tênis e voleibol. Cerca de 700 atletas de 27 países participaram do evento. Uma vila olímpica com dezenas de prédios e mais de 450 apartamentos foi construída especialmente para receber

Universo de Ieda Maria Vargas

Igreja das Dores completa 200 anos. Foto: Gabriela Fritsch

o público, incluindo um ginásio de esportes que hoje é o Ginásio da Brigada Militar. (Larissa Ody)

80 anos do

Jornal do Comércio Há 80 anos, em maio de 1933, o empresário Jenor Cardoso Jarros fundava o primeiro jornal de perfil econômico do Rio Grande do Sul, o “Consultor do Comércio”. O impresso trazia informações aos atacadistas sobre a chegada dos produtos ao porto da Capital. Na década de 50, o jornal trocou o nome para Jornal do Comércio, a fim de ampliar as temáticas e matérias aos leitores. Atualmente a redação é composta por 65 profissionais em diversos assuntos, como tecnologia da informação, infraestrutura, agronegócio e mercado de capitais, sempre voltados à economia. (Felipe Moraes)

40 anos da

Agência Escala A Agência Escala Comunicação e Marketing comemorou em agosto seus 40 anos. A agência surgiu da holding da MPM, na época a mais importante e

premiada empresa da publicidade brasileira, em 1973. Com o aumento do volume de negócios, cresceu o envolvimento dos sócios locais e eles acabaram assumindo o controle total da operação. Nascia assim a Escala. Hoje a agência atende mais de quarenta clientes e é uma das mais importantes do sul do país. (Gabriela Fritsch)

65 anos de Caio Fernando Abreu

Em 2013, o escritor e jornalista gaúcho Caio Fernando Abreu faria 65 anos. Como jornalista, Caio trabalhou em equipes de grandes revistas, como Veja e Isto É. Em Porto Alegre, atuou nos jornais Zero Hora e Folha da Manhã. Também se destacou na área teatral e literária, com diversos prêmios. Em 1994, Caio descobriu-se portador do vírus HIV. Veio a falecer em 1996, em Porto Alegre. Seus restos mortais jazem no cemitério São Miguel e Almas. (Júlia Molina)

18 anos do

Vida Urgente

A Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, liderada e criada em 1996 por Diza e Régis Gonzaga, pais do adolescente que faleceu na capital gaúcha na noite de 20 de maio de 1995 em um acidente de trânsito, chega nesse ano à sua “maioridade”. A Fundação lançou o projeto Vida Urgente com o objetivo de prevenir outros acidentes iguais aos que levaram a vida de seu filho. Em alusão aos 18 anos, foi lançada a campanha #18épouco, que busca sensibilizar a sociedade para ajudar com contribuições para a causa não ser esquecida. (Lucas Conceição)

40 anos de

Exército de um homem só Se estivesse vivo, Moacyr Scliar, falecido em 2011, estaria comemorando 40 anos de uma obra que na opinião de especialistas se incorporou à literatura brasileira como uma das peças de ficção mais importantes da década de 70: o romance Exército de um homem só. Na obra, Scliar cria o Capitão Birobidjan baseado na história do militante anarquista Henrique Scliar, tio do autor. (Paulo Nunes)

100 anos da

União Brasileira dos Escoteiros do RS Neste ano a União dos Escoteiros do Brasil (UEB), no Rio Grande do Sul, está comemorando seu centenário. Fundada em agosto de 1913, atualmente, o estado possui cerca de 155 Grupos Escoteiros, organizados em 38 distritos. Baseada na Promessa e na Lei escoteira, a prática escoteira é um exemplo de fraternidade, lealdade, altruísmo, responsabilidade, respeito e disciplina. (Shalynski Zechlinski).


2013/2 • UNIPAUTAS • 21

História CULTURA

Os 175 anos do hino Rio-Grandense Em 1838, um maestro rendido pelos rebeldes na Revolução Farroupilha criou a canção que se tornaria o hino do RS Juliana Bernardon

S

omos um povo que canta seu hino. Para quem nasceu no Rio Grande do Sul, não saber cantar o hino RioGrandense é praticamente uma afronta às tradições. Poucos, porém, conhecem sua curiosa história. Apesar de a letra ter sido formalizada apenas em 1966, foi durante a Revolução Farroupilha de 1838, há 175 anos, que o

hino ganhou vida, com música do maestro Joaquim José de Mendanha. Em 1838, em Rio Pardo, Mendanha foi rendido pelos rebeldes e foi obrigado a compor algo que exaltasse a revolução e o Estado. Esta melodia era apenas musicada, foi então que o capitão Serafim José de Alencastre, que também era entendido de música e poesia, resolveu escrever uma letra para a composição, então surgindo o primeiro hino. Quase um ano após a tomada de Rio Pardo, surgiu uma nova letra do hino. Foi cantado como Hino Nacional, mas seu autor é desconhecido. Tempos depois apareceu uma terceira letra, que foi a que mais caiu no agrado

popular, composta por Francisco Pinto da Fontoura. A letra é basicamente a mesma adotada hoje como oficial, porém teve estrofes suprimidas. O hino definitivo veio então por volta de 1933, ano em que estavam no auge os preparativos para a “Semana do Centenário da Revolução Farroupilha”. Foi então que um grupo de intelectuais escolheu uma das versões para ser a letra oficial. O Instituto Histórico e a Sociedade Rio-Grandense de Educação conseguiram fazer a harmonização e oficialização do hino, em 1934, mas foi só em 1966 que o hino foi oficializado como Hino Farroupilha, ou Hino RioGrandense.

Histórias do Rádio Christian Astigarraga Ordoque*, convidado especial

O

final do século XIX e o período de início do século XX foi de uma efervescência tecnológica incrível. Muitas invenções e descobertas foram feitas neste período e não raro vários pesquisadores trabalhavam isolados sobre o mesmo tema. E assim foi com o Rádio, vários estudiosos pesquisaram a transmissão de informações sem fio (o telégrafo desde a década de 1830 estava em funcionamento) e podemos encontrar três pais do Rádio. O primeiro e consagrado como pai do Rádio foi o Italiano Guglielmo Marconi, que no ano de 1896 fez a primeira transmissão e recepção de telegrafia sem fio. Quando Marconi faleceu, no dia 20 de Julho de 1937, todas as emissoras de Rádio do mundo fizeram dois minutos de silêncio em reconhecimento. O segundo foi o Padre brasileiro Landell de Moura, que no ano de 1900 demonstrou a transmissão da voz humana em uma distância de 8 km por ondas eletromagnéticas. O terceiro foi o canadense Fassenden, que também em 1900 criou o conceito de Rádio moderno ao combinar dois sons simultâneos para gerar um terceiro, por exemplo, voz e música.

A polêmica sobre o Dia do Rádio no Brasil O Dia do Rádio é comemorado no dia 25 de Setembro porque é o dia do nascimento de Edgar Roquette Pinto, considerado o “Pai do Rádio Brasileiro”. Médico de formação, foi membro da Academia Brasileira de Letras e foi um homem preocupado com a difusão da ciência em todo o Brasil. Existe, porém, uma polêmica sobre qual teria sido a primeira Rádio do Brasil. Roquette Pinto fundou em 1923 a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, atual Rádio MEC que é considerada por muito estudiosos do Rádio a primeira Rádio do Brasil, pela sua abrangência e por seu caráter educativo. Entretanto, a Rádio Clube de Pernambuco realizou a sua primeira transmissão em 6 de abril de 1919. Esta transmissão não teve muita repercussão pois o número de aparelhos receptores era muito pequeno. Essa emissora continua até hoje em atividade e pode ser ouvida on-line no endereço www.radioclubeam.com.br. O programa Mais Antigo do Rádio Brasileiro O programa mais antigo do Rádio brasileiro é A Hora do Fazendeiro, que se encontra na Rádio Inconfidência AM de Belo Horizonte (MG). O programa iniciou no ano de 1936 e portanto está no ar há 77 anos. O programa vai ao ar às 17 horas, possui 2 horas de duração e é destinado ao setor do agronegócio. A Rádio pode ser escutada neste link: www.inconfidencia.com.br. Christian Astigarraga Ordoque é historiador Licenciado e Bacharel pela UFRGS e Especialista em História Contemporânea pela FAPA. Participou dos projetos Memória Gerdau, Memória Ipiranga, Memória Copesul, entre outros. É colunista do site de orientação profissional www.aspiranteprofissional.com.br e Sócio da História Empresarial Consultoria: www.historiaempresarial.com.br.

Hino, assim como a bandeira, é um símbolo do Estado. Foto: Brayan Martins.


22  •  UNIPAUTAS • 2013/2

ENTREVISTA

O rosto mais feliz da TV porto-alegrense Trazer a informação e a prestação de serviço ao telespectador faz parte do cotidiano de Edieni Ferigollo, que atua no comando do SBT Rio Grande Manhã. Larissa Ody

A

apresentadora Edieni Ferigollo, natural de Frederico Westphalen, formou-se em jornalismo no ano de 2003 pela PUCRS. Iniciou sua carreira profissional em 2004, na RBS TV, como repórter e apresentadora do Jornal do Almoço na região da Serra Gaúcha. Hoje atua no comando do telejornal SBT Rio Grande Manhã, transmitido pelo SBT RS. Edieni relata sua rotina como editora-chefe do programa, seus desafios na carreira jornalística e o que é necessário, segundo ela, para se tornar um bom profissional na área do comunicação. Unipautas: Como surgiu a paixão pelo jornalismo? Edieni: Desde criança tinha paixão pela escrita. Adorava sentar e escrever. Depois, veio a opção pelo jornalismo. Adoro contar a história das pessoas. Histórias de amor, luta, coragem, fé, dor transformada em alegria, conquistas, superação, enfim, histórias de vida, de gente como a gente. Tua família te apoiou no momento em que escolhestes esta carreira? Sim. No início, meu pai tinha receio e me aconselhou bastante. A gente sabe como o mercado

de trabalho é competitivo neste meio e como há empresas que pagam baixos salários aos profissionais. Mas passado esse primeiro temor, tive muito apoio do meu pai e da minha mãe, sem eles eu não seria nada. Eu vim do interior, de Frederico Westphalen, muito novinha (16 anos) para morar na capital. Tive que encarar os desafios de morar sozinha e ainda iniciar uma faculdade. O apoio de meus pais foi fundamental. Qual foi o teu maior desafio durante a carreira de jornalista? O maior desafio é sempre o próximo. Todo dia é um novo dia, cheio de notícias a serem apuradas, de reportagens especiais e de entradas ao vivo. E ao vivo tudo pode acontecer. Como surgiu a ideia/proposta de ser a apresentadora do SBT Rio Grande Manhã? Recebi o convite com muito entusiasmo. Depois de cinco anos longe do SBT, trabalhando como repórter e apresentadora da RBS, retornei à casa como repórter. Em 2010, surgiu na emissora a ideia de colocar no ar um programa matinal, o SBT Rio Grande Manhã. Fui escolhida para assumir os cargos de editora-chefe e apresentadora, o que me deixou muito feliz. Este programa é um filho meu. Tenho o maior carinho por ele e a maior alegria de acordar cedo todos os dias. Como é a rotina da editora-chefe de um telejornal? Eu acordo todos os dias bem cedinho, leio os jornais e acesso os principais sites de notícias do país. Às 5 horas da madrugada

chego ao SBT para preparar o programa. Minha função é organizar o espelho do jornal, revisar as laudas e deixar os textos com a minha personalidade. Temos uma equipe que trabalha 24 horas para preparar as notícias e deixar os telespectadores bem informados. Depois vou para a maquiagem, coloco o figurino e entro no estúdio uns 10 minutos antes do programa começar. Permaneço no ar, ao vivo, por 30 minutos. Em seguida, preparo minha entrada em rede nacional, no SBT Manhã 2ª Edição, com César Filho. Logo após esta entrada ao vivo, tenho mais uma entrada ao vivo nos comerciais do SBTRS, em boletins chamados de Redação SBT. Terminadas as participações ao vivo, começo a preparar o programa do dia seguinte. Tens alguma história curiosa para contar durante o tempo como jornalista? São muitas histórias, principalmente quando fazemos muitas entradas ao vivo. Em certa ocasião, em uma participação ao vivo no Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio em Farroupilha, um telespectador levantou um cartaz atrás de mim e meu cinegrafista abandonou a câmera para pedir que ele retirasse o cartaz. Ali fiquei eu, passando as informações, sem entender nada do que estava acontecendo. Só fui entender depois. Ao vivo é assim, acontece de tudo. O que tu achas do jornalismo online? As redes sociais ajudam ou atrapalham na hora de transmitir informação? Jornalismo online é o presente

Edieni Ferigollo, apresentadora do SBT Rio Grande Manhã. Foto: Divulgação.

e o futuro. Já as redes sociais são fontes de pautas, mas sempre lembrando que temos que ter o cuidado de averiguar as informações postadas antes de divulgá-las. Para ti, o que é necessário para se tornar um bom profissional na área da comunicação? Gostar de ler, ser criativo, ousado, ter vontade de fazer diferente, ser curioso, ético e estudar muito. Como é trabalhar na TV

Mais Feliz do Brasil? Quais comunicadores da emissora tu mais admiras? É uma delícia. O SBT RS é minha segunda casa. Trabalhamos com entusiasmo, com garra e com um sorriso no rosto. Admiro muitos profissionais de todas as emissoras. Do SBT: Neila Medeiros, Karyn Bravo, Carlos Nascimento, Cesar Filho, Raquel Sheherazade e Roberto Cabrini. Ser jornalista é... Uma vocação.


2013/2 • UNIPAUTAS • 23

HUMOR

Horóscopo Gaudério Juliana Bernardon

correndo atrás da sujeira.

Áries 21/03 a 20/04 Tem mania de ser sempre o primeiro em tudo! Tu tá recém pensando em preparar o mate e ele já tá ali, perguntando se tá pronto.

Libra 23/09 a 22/10 É danado de namorador, não pensa em outra coisa. Também gosta de política, mas fica em cima do muro, só olhando a indiada lá embaixo.

Touro 21/04 a 20/05 Primeiro vê se acha algo bonito, depois fica ali, observando. É dos mais cabeçudos, quase sempre é o dono da cuia e da bomba. Gêmeos 21/05 a 20/06 Tchê, esse só quer prosear. Conta o causo que sabe que é uma beleza, mas isso com a cuia na mão, até o povo ficar nervoso. Câncer 21/06 a 21/07 Esse é aquele tão sentimental, que até com a cuia na mão ele chora. É um inferno, tem memória que lembra de tim-tim por tim-tim quem ganhou cada Grenal.

Escorpião 23/10 a 21/11 Não existe aquela que vingança é um prato que se come frio. É preparando o mate que trama seus planos. É o loco dos loco, não faz cerimônia quando é pra puxar o facão. Sagitário 22/11 a 22/12 O índio aqui acha que é o melhor, fica mexendo o mate com a bomba que nem é dele. Acha que tá tomando milk shake. Capricórnio 23/12 a 20/01 Esse é o verdadeiro introvertido, pra tomar chimarrão e entrar no rancho é um custo. Não quer incomodar ninguém.

Leão 22/07 a 22/08 Mais convencido impossível. Gosta de ser aplaudido, toma chimarrão só se o povaréu estiver lhe olhando.

Aquário 21/01 a 19/02 Acha que o negócio de chimarrão tá superado. Porém adora um povaréu, convida todo vivente que estiver passando pra prosear.

Virgem 23/08 a 22/09 Mais louco por limpeza não há. Antes de preparar o mate, lava as mãos e confere tudo. Tá sempre com uma vassoura na mão

Peixes 20/02 a 20/03 É melhor não contrariar. Vive com a cabeça nas nuvens e jura que faz a roda do chimarrão com os daqui e com os do além.

1º de dezembro Dia Mundial do Combate a AIDS

Dóro

Leandro Dóro é jornalista, cartunista, ilustrador, quadrinista, contista e oficineiro.


24  •  UNIPAUTAS • 2013/2

CONTRACAPA

Moda dos inquietos

O

s estudantes da UniRitter, inquietos, procuram sempre inovar o look improvisando e misturando diferentes tendências. Cada aluno segue o padrão de moda que mais se identifica e que seja confortável. Alguns buscam um look mais social, enquanto outros optam por visuais mais ousados. Clássico, básico, alternativo, roqueiro.

“Procuro adaptar o meu estilo tradicional com referências na internet”, Marciano Dallenogare, 22, Publicidade e Propaganda

“Busca na música a inspiração para os meus looks”, Priscila Cloque Fagundes, 23, Design Gráfico

“Personalizo todas as minhas roupas.” Rafaela Gonçalves, 17, Publicidade e Propaganda “Gosto de coisas confortáveis. Sou metida a andar de skate, então não uso salto nem sapatilhas. Me inspiro em tudo que vejo.” Gabriela Lisboa, 23, Administração Texto e edição: Júlia Molina e Shalynski Zechlinski Fotos: Júlia Molina, Marcos Dantas e Shalynski Zechlinski

“Procuro fazer um mix sendo ousado e elegante ao mesmo tempo” Maiderson Chrischon, 24, Design de Moda


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