Tribo Skate #252

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PAT R I K M A Z Z U C H I N I / D A G N A S T Y / A N D R E M A G A R A O / F E L I P E G A S N I E R

S K AT E

EDIÇÃO 252 / MARÇO E ABRIL

PÁG. 40

Yuri Facchini por todos ... e todos por um

PÁG. 20

PÁG.50

PÁG. 30

MAYCON LUAN

CICLOVIA EM SP

NOVO RIO

O tempo e o espaço de um persistente guerreiro

Uso compartilhado rende boas remadas e manobras

A infinidade de novos picos na Cidade Maravilhosa






ÍN DICE

S K AT E

ANO 26 • MARÇO/ABRIL DE 2017 • NÚMERO 252

ESPECIAIS 20. Maycon Luan 30. Novo Rio 40. Yuri Facchini 50. Ciclovia

SEÇÕES Editorial......................................................................8 Zap............................................................................. 12 Casa Nova............................................................. 65 Traços e Rabiscos..............................................70 Hot Stuff..................................................................72 Áudio (Dag Nasty).............................................74 Coluna Visual.......................................................76 Coluna Saúde.......................................................78 Coluna 2020......................................................... 80 Skateboarding Militant.................................... 81

CAPA: Teatro Municipal de São Paulo, prédio histórico construído em 1911 para a elite assistir óperas e peças, assim como se fazia na Europa. Todo construído em mármore - para nossa sorte, são várias as opções de pico que ele nos proporciona. Essa borda alta e o despenco maior ainda oferecem pouca margem de erro. O backside nosebluntslide do Yuri é daquelas manobras que muitos sonhavam: “Imagina um bs noseblunt ali?". FOTO: Sidney Arakaki


LEO NEGO, POR ADRIANO REBELO

Leonardo Nunes joga pra cima com ou sem público na sessão. Desta vez, atingiu o poste com seu fs air to tail tap barulhento. Skatepark público de São José, SC. TRIBO SKATE • 7


MATHEUS CARVALHO

E D ITOR IAL

MAIKON QUARESMA, FEEBLE

#SOMOSTODOSCBSK

O

ano começou com a discussão borbulhante sobre o

foi criada a ISF (International Skateboarding Federation), nos EUA, com

comando do skate no Brasil após a inclusão da moda-

personagens autênticos em seus quadros, incluindo brasileiros. Tony

lidade nas Olimpíadas de Tóquio, em 2020. Não é mera

Hawk, Neal Hendrix e Bob Burnquist, para citar alguns. Uma divisão de

disputa de siglas, mas de significados. Quem cuida do

competências entre a FIRS e a ISF vai permitir a inclusão do skate em

skate desde sempre, são os skatistas. Fomos nós e nos-

Tóquio, com a ISF cuidando da parte técnica (construção de pistas, sis-

sos antecessores que, nos anos 1970, começamos a organizar o esporte,

tema de competição) e a FIRS cuidando da parte burocrática e anti-do-

criando associações, eventos, sistemas esportivos e um mercado. Tudo

ping. Os países que não têm suas confederações, poderão contar com

isso redundou na criação da ABS (Associação Brasileira de Skate) em

o suporte das entidades filiadas à FIRS, mas este não é o caso do Brasil,

86, depois da USE (União de Skatistas e Empresários), em 87 e da UBS

que já demonstrou há muito tempo que tem uma entidade que defende

(União Brasileira de Skate), em 88, para citar as de alcance nacional.

os interesses do skate, promove a profissionalização de skatistas, even-

Com o surgimento das primeiras federações estaduais, em 99 surgiu

tos nacionais e internacionais de grande porte etc. Publicamos um ótimo

a CBSk. Com ela, crescemos institucionalmente e ganhamos corpo,

texto do jornalista e skatista Edu Mello no triboskate.ativo.com, em que

sendo referência de organização esportiva no mundo. São 10 federações

o título já diz tudo: “Skate Olímpico: Representação de Fato e Oportu-

filiadas, 4 em processo de filiação e dezenas de associações espalhadas

nismo de Direito”. Se você não leu, vale a pena dar uma busca e enten-

pelo país. Recentemente o COB homologou a CBHP como a entidade

der o raciocínio que levou milhares de skatistas no país a saírem em

que cuidará do processo olímpico no Brasil. Como assim? Que sigla é

defesa de nossa confederação. A luta continua, para sensibilizar o COB

essa que não surgiu do skate? Trata-se da Confederação Brasileira de

a passar o comando para quem de fato representa o esporte no país!

Hóquei e Patinação, sem a mínima afinidade com o skate. A confusão foi gerada pelo sistema da Carta Olímpica, critérios elaborados pelo COI, organizador das Olimpíadas. Para que um novo esporte seja ali incluído, é necessária uma organização internacional que tenha 90 federações nacionais filiadas e para isso, a FIRS (Fédération Internationale Roller Sports), com base na Suíça, foi a escolhida. Desde 2005 o skate se organiza para estar bem representado no calendário olímpico quando 8 • TRIBO SKATE

CESAR GYRÃO

Skatista desde 1975, fez fanzines, associações, correu campeonatos, atuou na Overall de 88 a 90 até comandar a criação da Tribo Skate em 1991



AQ U EC IMEN TO

S K AT E

ANO 26 • MARÇO / ABRIL DE 2017 • NÚMERO 252 DIRETOR-EXECUTIVO E PUBLISHER

Felipe Telles

DIRETORA DE CRIAÇÃO

Ana Notte

GERENTE DE CONTEÚDO

Renato Pezzotti EDITOR

Junior Lemos SITE

Sidney Arakaki

DIRETOR DE ARTE

Fernando Pires

EDITORA DE ARTE

Renata Piai Montanhana

EDITOR DE FOTOGRAFIA

Ricardo Soares PRODUTORA

Carol Medeiros

CONSELHO EDITORIAL

Cesar Gyrão e Fabio Bolota REDAÇÃO

triboskate@triboskate.com.br COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: TEXTO

Andre Calvão, Aguinaldo Melo, Edu Andrade, Fernando Gomes, Guto Jimenez, Helinho Suzuki, Sidney Arakaki e Thiago Pino. FOTO

Adriano Rebelo, Albino Freaza, Andre Calvão, Andre Magarao, Brian Baker, Camilo Neres, Diogo Andrade, Fernando Gomes, Fernando Granja, Henrique Olsen, Jovani Prochnov, Leandro Moska, Matheus Carvalho, Mauricio Pokemon, Pablo Vaz, Paulo Tavares, Robson Pinheiro, Rodrigo K-b-ça, Sidney Arakaki e Washington Teixeira. COMERCIAL

Fabio Bolota (fabio.bolota@nortemkt.com) Cezar Toledo (cezar.toledo@nortemkt.com) DISTRIBUIÇÃO: DINAP TELEFONES

Belo Horizonte: 31 4063-9044 Brasília: 61 4063-9986 Curitiba: 41 4063-9509 Florianópolis: 48 4052-9714 Porto Alegre: 51 4063-9023 Rio De Janeiro: 21 4063-9346 Salvador: 71 4062-9448 São Paulo: 11 3522-1008

MARCIO ROBERTO, FLIP INTO BANK DESCE DAÍ MENINO, GRITOU A TIAZINHA EM CATALÃO! O QUE ELA NÃO IMAGINAVA É QUE SERIA DE FLIP EM UM DOS DIVESOS PICOS QUE FAZEM DE BARCELONA O PARAÍSO DO SKATE DE RUA. FOTO WASHINGTON TEIXEIRA

ASSINATURAS

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A revista Tribo Skate é uma publicação bimestral da Norte Marketing Esportivo

As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista.



TRIBOSK ATE.CO M .BR

VANS WEAR TEST

WHAT'S UP O catarinense Pedro Barros confirmou o favoritismo e venceu o Oi Bowl Jam pela quarta vez. Pedro foi campeão de todas edições do evento que acontece desde 2014 no Bowl do Parque Madureira, zona norte do Rio de Janeiro. Ivan Federico, da Itália, ficou na segunda colocação e o estreante na categoria Iago Magalhães terminou em terceiro lugar.

No final de 2016 a paulistana Dora Varella

RODRIGO K-B-ÇA

venceu o tradicional campeonato californiano

A MARCA RECEBEU NA 2HYPE EM SP ALGUNS CONVIDADOS PARA TESTAR EM PRIMEIRA MÃO O ‘CROCKETT PRO 2’, SEGUNDO PROMODEL DE GILBERT CROCKETT. O TÊNIS ESTÁ DISPONÍVEL EM UMA SELETA LISTA DE SKATESHOPS.

DANILO DO ROSÁRIO, FS FEEBLE

Girls Combi Pool Classic na competição para skatistas amadoras acima de 15 anos de idade. Isadora Pacheco, de Florianópolis, ficou na terceira colocação na categoria amadora com menos de 14 anos. A única brasileira profissional inscrita foi a catarinese Yndiara Asp, que ficou em sexto lugar na disputa vencida por Jordyn Barrat.

A CBSk oficializou a profissionalização de 30 skatistas, sendo 17 de street, 1 de bowl, 2 de freestyle, 5 de downhill speed e 5 de downhill slide. Veja no triboskate.com.br a lista completa e entrevista com Danilo do Rosário, representante do comitê de skatistas profissionais de Street, sobre os critérios utilizados para aprovação.

Fabio Lochetti Vieira Santos, conhecido como Fabinho Break, faleceu no mês de janeiro após complicações decorrentes de uma infecção no coração. Profissionalizado em 2001, Break nasceu em São Caetano do Sul e atualmente morava em Campinas, interior de São Paulo. Deixa esposa e filhos.

O skatista profissional curitibano Rodrigo Petersen “Gerdal” lançou a Crupiê Multicultural, sua marca de rodas, com

VRUMMM VRUMMM O NOME SOA BEM COMO DEVE SOAR. O BARULHO DE UMA BOA MOTO. ESTE É O CONCEITO DA MARCA QUE UNE “MOTORCYCLE E SKATEBOARD”, COM PRODUTOS FEITOS NO BRASIL COM REDUZIDO NÚMERO DE PEÇAS PARA GARANTIR EXCLUSIVIDADE. VRUMMMSTORE.COM 12•TRIBO SKATE

um time fortíssimo. Carlos ‘Iqui’ Camargo, Carlos ‘Dudu’ Ribeiro, Danilo Cerezini, Tiago Lemos, os norte-americanos Joey Brezinski, Shmatty Chaffin, Daniel Espinoza e o espanhol Javier Sarmiento, além de Gerdal, são os skatistas da marca.


SP

SP

Rua: Wisard, 382 Vila Madalena

FLORIPA

Rua: Nova Cidade, 166 Vila Olímpia

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Rua: General Liberato Bitencourt, 2067 Centro

Davi Arato - Frontside Tucknee Foto: Pedro Ladeira

CURITIBA

Rua: Major Heitor Guimarães, 1130 Seminário


ZAP

LIN H A VE R M ELH A

PATRIK MAZZUCHINI CONHECIDO POR TER UM POP AFIADO E MANOBRAR NAS ALTURAS, PATRIK FOI CONQUISTANDO SEU ESPAÇO COM MUITA FORÇA DE VONTADE E TALENTO. SUA CARREIRA PROFISSIONAL ESTÁ APENAS COMEÇANDO E ELE AINDA TEM MUITO O QUE FAZER, FILMAR E VIAJAR PARA LUGARES DESCONHECIDOS, SEMPRE NA BUSCA ETERNA PELO NOVO.

FOTOS JOVANI PROCHNOV

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•TRIBO SKATE


BS FIFTY

qualquer skatista; ver seu nome em uma peça também deve ser algo inesquecível. Conte como foi a surpresa que os caras da Liga fizeram no lançamento do seu model de truck e o que você guarda deste dia?

(RODRIGO K-B-ÇA) Tudo bem Patrik? Caxias do Sul sempre teve uma cena de skate forte, mas você foi o primeiro skatista a se profissionalizar. Como encontrar uma fonte de inspiração ou um modelo a seguir com um cenário desses?

No início, quando comecei a andar de skate, tudo sempre foi mais na inocência, mas com o tempo, além da diversão, também vem o sonho de um dia ser profissional de skate, em ter um model, em poder seguir andando de skate como as pessoas que eu me espelhava e inspirava. E a Liga ter feito essa surpresa com meu model de truck foi algo muito especial! Um dia que marcou bastante para mim, foi realmente aquela sensação de sonho realizado.

Salve K-b-ça! Realmente, Caxias é uma cidade um pouco mais afastada dos grandes centros e que tinham uma cena do skate mais sólida. Mas sempre teve uma galera que manteve a cena do skate viva por aqui! Quando comecei a andar, já havia a galera mais velha que fazia o corre do skate, de viajar, dos eventos. Então isso, na época, já me inspirava bastante em querer evoluir. Mas acho que uma das maiores fontes de inspiração eram os amigos que eu

(THIAGO PINO) Tornar-se profissional é um marco na carreira de

TRIBO SKATE• 15


ZAP

PATRIK MAZZUCHINI 28 anos, 15 de skate De Caxias do Sul, RS (Freeday, Liga Trucks e Hip Skateshop)

andava de skate todos os dias. A vontade que todos tinham de evoluir, viajar, assistir vídeos, construir obstáculos para poder andar e buscar mais sobre o skate. Muito da minha motivação vinha disso! E com o tempo a gente começou a se entrosar mais, viajar e conhecer outros skatistas, profissionais, entender mais como funcionava o mundo do skate. Isso fazia a gente voltar para Caxias com as ideias à mil e uma vontade muito grande. (JOVANI PROCHNOV) As viagens têm sido uma constante em sua (JUNIOR LEMOS) Como você imagina o skate brasileiro

daqui quatro anos, quando estaremos em evidência nas Olimpíadas? Então Junior, eu vejo as Olimpíadas já como um reflexo do crescimento do skate nos últimos tempos e tudo isso está tendo um resultado positivo e negativo! Com esse crescimento e, principalmente com essa evidência do skate nas Olimpíadas, por um lado iremos ver cada vez mais pessoas simpatizando com o skate e talvez mudando a visão de muitos outros, mas por outro lado vamos ver cada vez mais empresas que não são do meio, tirando proveito do skate. É complicado saber se estarmos lá seria algo bom ou ruim e se nós teremos que nos adequar a eles ou eles a nós!

16 • TRIBO SKATE

vida, já rodou Brasil afora, diversos países da América, Europa algumas vezes e até foi parar do outro lado do planeta, na China. Como você vê a importância das viagens na carreira de um skatista? E pra 2017, quais serão seus destinos? Jovani, eu vejo as viagens com muita importância para um skatista! O skate é muito relacionado a conhecer lugares novos pessoas novas; isso alimenta muito a vontade de evolução e de crescimento! Venho de uma cidade em que as coisas sempre demoraram mais para acontecer, por ser um pouco mais afastada. Então as viagens para mim foram de total importância, através delas surgiram mais oportunidades dentro do skate. Talvez se não tivesse saído da zona de conforto e ir em busca do novo, muitas coisas não teriam acontecido! Para esse ano quero poder viajar, sei que no decorrer do ano vão rolar algumas viagens, porém ainda sem alguns destinos definidos...


LUCAS

BONILHA

IGOR WIEMERS

ANDRÉ CARDOSO

NOVO PRO 2017

GIAN NACCARATO -ROGÉRIO FEBEM -LINDOLFO OLIVEIRA -LUCAS BONILHA -MAYCON LUAN -YURI DEYVISON -EMANUEL BARROS

JOHNROGER.COM.BR


ZAP

DOUBLE TAP POR @ANDRE_MAGARAO

NÃO É MUITO DIFÍCIL RECONHECER AS FOTOS FEITAS PELO MAGARAO, ISSO PORQUE O TOTAL DOMÍNIO DA LUZ É A ASSINATURA QUE ELE IMPRIME EM SUAS IMAGENS. TEM TRABALHOS COM OS PRINCIPAIS NOMES DO SKATE, BMX, KITEBOARDING E SKIMBOARDING, FEITOS NOS PICOS MAIS EXCLUSIVOS, DO BRASIL E DO MUNDO

1 ÚLTIMA SESSÃO KITE NO CEARÁ

2 O SINISTRO DREW BENZANSON

3 UEDA, NA RAMPA DO HAWK

4 PÔR DO SOL EM LAGUNA BEACH

5 CAMPEÃ MUNDIAL, BRUNA KAJIYA

6 LUCAS DINIZ

PE R FIL

ANDRE MAGARAO Magarao sempre gostou muito de esportes e assim que iniciou na fotografia passou a se dedicar a fotografá-los. Especialista no uso de flashes, acredita que as experiência e as técnicas que se aprende para fotografar um determinado assunto acabam podendo ser utilizadas para outro porque, do ponto de vista da fotografia, os esportes de ação são complementares. 18

•TRIBO SKATE

E quando se vai para o clique, cada um deles tem suas peculiaridades! Enquanto no skate se tem espaço, no kite às vezes é necessário colocar os flashes em boias. Mas para ele o desafio atual é acertar o clique no mais recente esporte no qual ele está se dedicando a fotografar, o bmx em dirt jump.



EN T R E VISTA A M

DIFÍCIL HOJE...

HEELFLIP

20 • TRIBO SKATE


HENRIQUE OLSEN

PARTEUM DISSE DIA DESSES QUE “NA VIDA, SEMPRE HÁ UM PORÉM”, DIFICULDADES QUE MAYCON LUAN DOMINOU COM MUITA PERSISTÊNCIA NAS MANOBRAS DE SKATE!

...FÁCIL AMANHÃ! POR JUNIOR LEMOS

TRIBO SKATE • 21


A

Alguém da sua família anda de skate? Quando tinha mais ou menos 10 anos, um primo que morava em outra cidade comprou um skate e ele sempre ia nas férias pra casa e a gente ficava embalando. Com 11 anos comecei a juntar dinheiro; todo dia guardava o que minha mãe e minha vó me davam pro lanche da escola. Depois de três meses eu comprei o meu skate! Quando fomos no Shopping em Belém, disse pra minha mãe que compraria um e puxei a sacola cheia de moeda, foi um Traxart de R$ 215. E ela comprou logo capacete e joelheira, preocupada pra eu não me quebrar! (risos) Eu sempre quis andar de skate desde pequeno; devo ter visto alguém andando e aquilo ficou na minha memória. Sonhava às vezes com skate, antes de ter um. Uma vez acordei pra olhar na parede, porque sonhava que tinha um skate pendurado ali.

E quando começou a realmente acertar as manobras? Eu sempre vivo me mudando! Quando eu comprei meu skate, morava em São Domingos do Capim, interior do Pará. Duas semanas depois, minha família foi pra Belém. Passamos três dias lá 22 • TRIBO SKATE

LEANDRO MOSKA

EN T R E VISTA A M

porque a gente estava indo pra casa de uma outra tia, que morava em Monte Dourado, a quarenta horas de barco da capital. Foi lá que passei a andar todo dia com uns sete moleques que também andavam e comecei a evoluir. Mas por ser tão afastado, a gente se virava com o que tinha: remendava shape, andava com um rolamento em cada roda. Só conseguia comprar peças uma vez por ano, nas férias, quando ia com minha tia em Belém.

Belém, e meus amigos me diziam que eu tinha que ir pro Sul, pra São Paulo. Aí teve um amigo, o Charles, que foi morar em Caxias e ele sempre me convidava. Eu tinha 17 anos, estava terminando o ensino médio mas não tinha condições porque meu pai é motorista e minha mãe vendedora de cosméticos. Foi quando um amigo meu chegou com a passagem comprada, dizendo que eu iria representá-los andando de skate. E ele continuou me ajudando durante um tempo!

Você morou em vários lugares então. A gente vivia se mudando! Já morei em Laranjal do Jari, Munguba e hoje meus pais moram em São Domingos do Capim.

E você mora onde hoje? Há quase 3 anos eu fui pra Caxias com a ajuda de amigos. Meu irmão, de 18 anos, mora comigo lá. Meus pais também, mas não se acostumaram e acabaram voltando pro Pará.

Como foi parar em Caxias? Meus amigos em Monte Dourado que me incentivaram a ir pra lá! Eu sempre postava meus vídeos quando ia a Macapá; que é mais próximo que

Pra você existe manobra mais difícil? Penso que pode ser a mais difícil hoje mas se eu treinar, ela vai ser a mais fácil. Eu sempre gostei muito de aprender manobra nova, todo dia eu queria aprender uma, porque pra mim é essa a diversão; é tipo um desafio. Uma que achava impossível, hoje eu consigo acertar! Você vê que não tem limite porque já tem ela na cabeça; se você tentar vai conseguir.

Qual foi o primeiro vídeo de skate que você assistiu? Foi o Duotone, comprei o DVD original! Eu via todos os dias, umas três vezes no mínimo. Até fiz umas


TRIBO SKATE • 23

LEANDRO MOSKA

BLUNTSLIDE


EN T R E VISTA A M

“E U VIA O D U OTO N E TO D O S O S DIA S, U M A S TR Ê S VEZE S N O M ÍNI M O ” 24 • TRIBO SKATE


MAYCON LUAN DA COSTA DO AMARAL

LEANDRO MOSKA

20 anos, 8 de skate Nasceu em Belém do Pará, PA, mora em Caxias do Sul, RS (John Roger, Freeday, Silver Trucks, CB Skateshop, Skate Place)

Ano passado você foi o finalista brasileiro no Am Search. Foi sua primeira viagem internacional? Foi sim. No começo de 2016 a Freeday fez um projeto com seus amadores e eu viajei bastante pelo Brasil e não sobrou grana pra ir pra Barcelona. Quase no final do ano o Edgar, amigo que tinha comprado minha passagem pro Sul, mandou mensagem falando da promoção da Mountain Dew. Eu editei o vídeo sem muita expectativa! Aí, esse mesmo amigo mandou mensagem falando que eu tinha ficado entre os cinco. Fiquei muito feliz só de estar ali e acabei passando também pra final. Todo mundo compartilhou meu vídeo, todo mundo ajudando de verdade. Eu pensava que nunca iria ganhar!

Acha que o skate tem dessas, de você desencanar que as coisas vem? Tem que ficar tranquilo, andar de skate e se divertir que as coisas vem naturalmente. Se a pessoa ficar pensando muito, até se frustra às vezes!

Você acha que é um exemplo de superação?

duas cópias, pra deixar guardado porque eu tinha medo de quebrar e ficar sem. (risos) Curto demais a parte do Cezar Gordo e Bruno Aguero.

E como é pra você poder andar de skate hoje ao lado dessas caras? Pois é, até lembrei do vídeo e hoje estou aqui em São Paulo; outro dia troquei ideia com o Aguero e hoje sou amigo dele, do Gordo também. Acho que só o skate te proporciona isso, né? Falar com seus ídolos, com as pessoas que você sempre se inspirou e que admira. NOSEGRIND TRANSFER

Hoje você tá em SP, depois vai pro Rio. Isso! Depois vou pra Londrina, volto pro Sul e ainda esse ano quero participar do Tampa, ficar uns dias nos EUA, que é meu sonho também.

Olha; eu não sei, mas já passei por bastante dificuldade! Muitas pessoas acham que sou, mas tem muita gente por aí igual a mim, escondida e que remenda shape, tênis e passa pela mesma dificuldade que passei. Mas graças a Deus eu sempre tive a ajuda de meus amigos, de minha família. Consegui superar muita coisa e hoje estou andando de skate. E pretendo andar por muito mais tempo.

Se fosse pra você definir o Maycon Luan, que palavra usaria? Acho que persistente! Quando eu coloco uma coisa na cabeça, tipo uma manobra: eu vou até acertar. Hoje é difícil e amanhã vai ser fácil. Não tenho muito esse negócio de dom, pra mim qualquer um consegue qualquer coisa; basta querer mesmo. Claro que alguns devem ter mais facilidade, mas qualquer um pode conseguir o que quiser. Basta persistir que vai dar certo!

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EN T R E VISTA A M

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LEANDRO MOSKA

SWITCH HARDHEEL SWITCH TAILSLIDE 270 OUT

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ESPA ÇO URB AN O

MAURÍCIO NAVA, WALLRIDE

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N O VO R I O DONA DE UMA CENA DE SKATE QUE HÁ MUITO TEMPO CHAMA ATENÇÃO PELA ORIGINALIDADE E PROLIFERAÇÃO DE TALENTOS, A CIDADE DO RIO DE JANEIRO AGORA CONTA COM UMA INFINIDADE DE NOVOS PICOS

POR FERNANDO GOMES

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ESPA ÇO URB A NO

A CIDADE MUNDIALMENTE CONHECIDA COMO “MARAVILHOSA” PASSOU, NOS ÚLTIMOS ANOS, POR REFORMAS QUE PRESENTEARAM OS SKATISTAS COM NOVAS E INCONTÁVEIS MARAVILHAS. 32 • TRIBO SKATE


JOÃO VÍTOR GALVÃO, BS NOSEPICK

GABRIEL BILA, BS NOSEBLUNTSLIDE

RENATO RIGUETTI, NO COMPLY

São quilômetros de chão liso e muitos picos, mas muitos picos mesmo! Aqui nessas páginas, nos concentramos apenas em parte dos novos spots do centrão da capital carioca, especialmente a orla da Guanabara, que estão sendo marretados diariamente por skatistas locais e de diversas partes do mundo. A região portuária, principalmente o trecho entre o Paço Imperial e a rodoviária Novo Rio, foi coberta por um chão perfeito, que passa inclusive pela clássica Praça XV e revelou novos pontos de encontro do skate como

a praça Mauá e a Marechal Âncora. Uma infinidade de bordas, bancos, deques, corrimãos, escadas, gaps... Tudo isso contando com a Baía de Guanabara, ponte Rio-Niterói, Museu do Amanhã e grandes obras de arte urbana como plano de fundo, além do açaí a preço justo, a brisa da orla e outras maravilhas que já fazem parte do cotidiano fluminense. A nova lógica das obras do Porto Maravilha, focada nos pedestres e usuários de transporte público (e não em carros, como infelizmente é de

costume nas grandes cidades), tem contribuído bastante para um melhor aproveitamento do espaço urbano, pela população no Rio de Janeiro. Em alguns minutos de remada pela região você já vai observar as mudanças positivas que uma intervenção como essa trazem. Como já sabemos bem, ninguém mais que os skatistas entende tanto de aproveitar os aparatos arquitetônicos oferecidos pelas ruas. Conheça o novo Rio do skate e se inspire para também deixar suas manobras por lá. TRIBO SKATE • 33


ESPA ÇO URB A NO

MARCELO BATISTA, SHOVIT

CHERRY ROCHA, FS ROCKSLIDE

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FELIPE OLIVEIRA, BS FIFTY

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ESPA ÇO URB A NO FELIPE BRANDÃO, POLEJAM

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MAURICIO NAVA, BS BLUNTSLIDE TRIBO SKATE • 37


ESPA ÇO URB A NO

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NIKOLAS DE MURTAS, FLIP FS GRIND

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YUR I FA CCHINI & C IA

YURI FACCHINI POR TODOS

... E TODOS POR UM A famosa frase “Um por Todos e Todos Por Um”, profetizada em 1844 pelo livro “Os Três Mosqueteiros”, foi usada de conceito para amarrar dois vídeos. No primeiro, Luan de Oliveira apresenta uma parte filmada em trips para Barcelona, Berlim e missões nacionais (São Paulo, Rio de Janeiro e BH). Luan é aquele skatista que não tinha condições nenhuma de andar de skate mas, com a ajuda de um aqui e outro ali, conseguiu vencer a ponto de ser uma referência mundial e representa a esperança de todos aqueles que saem do nada. O segundo vídeo, “Todos Por Um”, traz toda a união dos skatistas brasileiros que juntam forças em suas crews locais e se ajudam fazendo aquele famoso rodízio de materiais onde um salva o outro. Yuri Facchini é o protagonista desse vídeo, que ainda conta com participações de Luan, Carlos Ribeiro “Dudu”, Gabriel Fortunato, Rodrigo Petersen “Gerdal” e Fabio Cristiano. Eles se unem em diferentes trips, resultando nesse clima de diversão e alegria essenciais para o skate. 40 • TRIBO SKATE


FERNANDO GRANJA

No centro de uma grande praça de Guadalajara, no México, que tem o tamanho de um quarteirão, encontra-se esse pico já bem conhecido no skate mundial. Yuri escolheu uma manobra ingrata: bigspin frontside boardslide, pois qualquer errinho já tomava um rola sinistro. E foram vários, de todos os jeitos, ficando pendurado com as pernas pra cima, caindo no meio, no final, travando ou espirrando. Depois de algumas horas, a vontade de acertar de Yuri ainda era forte o suficiente.

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PABLO VAZ

YURI FA CCHINI & C IA

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Luan tinha tempo de fazer a última trip para filmar para o ‘Um por Todos’ e teve a ideia de ir para Belo Horizonte, levando Gabriel Fortunato junto pois é muito ruim ter somente um skatista para andar junto, fica muita pressão e com mais skatistas andando o fluxo energético funciona melhor. Principalmente quando Gabriel está na barca pois ele é alegria o tempo todo e, do nada, dropa um corrimão desse de 50-50 sem dificuldade.

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YURI FA CCHINI & C IA

FERNANDO GRANJA

DIEGO SARMENTO

CARLOS RIBEIRO, FLIP CROOKED

Rodrigo Petersen se sentia em casa na trip para Guadalajara, México. A cidade lembra um pouco as ruas de Los Angeles, claro, e oferece uns picos diferentes; vale muito a pena viajar para lá. O clima é bom, quente, mas tem vários picos em praças e parques com bastante árvores, tem vários vendedores ambulantes de frutas e refrescos típicos como o chamado água fresca, famoso suco de tamarindo! Frontside nosebluntslide.

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PABLO VAZ

O desafio de dropar uma nova vídeo parte, aquela que seja inspiradora e relevante. Essa é a constante que está pegando na mente do skatista. Só cuidado, porque a mente, mente. Então tem que trazer a essência para materializar um pensamento. Luan faz isso naturalmente, sai para andar, manobra o que tem vontade, enquanto se sente bem. Nollie heelflip no finado bump da avenida Santo Amaro, em SP.

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YURI FA CCHINI & C IA

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FERNANDO GRANJA

Manobra nova, essa é a meta de um skatista como Yuri. Focado em andar no mais alto nível, no gás, correndo bastante as manobras de borda, na melhor perfeição possível. Legal ver que ele não força estilo e só vai no flow natural do skate. Em São José do Rio Preto, uma borda com cantoneira encostada numa porta de ferro é o quadro perfeito. Fakie frontside nosegrind saindo de backside 180 no meio.

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CI C LOV IA

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A LIBERDADE QUE AS FAIXAS EXCLUSIVAS PARA BICICLETAS PROPORCIONOU PARA SÃO PAULO NÃO SE RESTRINGE APENAS AO VAI E VEM DAS MAGRELAS. O USO COMPARTILHADO DESTE NOVO E REVOLUCIONÁRIO APARELHO URBANO VEM RENDENDO BOAS REMADAS E MANOBRAS AOS SKATISTAS

POR ANDRÉ CALVÃO

SISTEMA

CICLOVIÁRIO TRIBO SKATE • 51


CIC LOV IA

KLAUS BOHMS, FS GRIND (AVENIDA PAULISTA)

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m 2014 foi anunciado o programa de implementar 400km de novas ciclovias pela cidade de São Paulo. O projeto busca proporcionar uma maior equidade, um equilíbrio entre pessoas e espaços, e colocar à prova o uso do carro e os benefícios que a bicicleta pode trazer para o desenvolvimento urbano. Com isso tudo acontecendo dentro dessa metrópole que é São Paulo, ainda mais com as obras civis que nascem naturalmente da inquietude de sempre ter o novo, foi criada uma reorganização: onde antes havia carros estacionados nas beiradas das calçadas, agora é implantado um novo meio de circulação no local. Assim, o skatista ganha inúmeras possibilidades de usufruir do espaço que foi gerado e ganha também a própria obra — como no caso da Avenida Paulista, onde foi construída a pista para circulação das bicicletas em toda extensão do canteiro central, criando uma estrutura urbana com potencial para ser usufruída pelo skatista de uma maneira nova e não comum. As ciclovias foram construídas com a intenção de diminuir o número de acidentes e para dar outra possibilidade de circulação urbana. Com elas, o cidadão ganha novos espaços nos quais a máquina não pode circular e o ser humano consegue se sentir mais seguro, algo que está sendo completamente deixado de lado com o uso excessivo dos motores. Dessa forma, a cidade ganha mais vida e o relacionamento entre as pessoas se estreita, com o indivíduo fora de uma carcaça que tem a chegada como único fim. Andar livre pelo plano urbano proporciona novas descobertas, novas vivências, novas afetividades. E tanto o skate quanto o skatista ganham muito com isso, já que é algo que nós sempre buscamos. Viva os espaços urbanos. Viva a rua!

TRIBO SKATE • 53


CIC LOV IA

“A S S I M C O M O O S K AT E , O USO DA BIKE DEIXA A CIDADE MAIS HUMANA , DINÂMICA E ALEGRE, E É D I S S O TA M B É M O Q U E E S TA M O S P R E C I S A N D O PRA VIVER NUM LUGAR TÃ O D E S C O N E C TA D O C O M O S Ã O PA U L O . ESPERO QUE SURJAM MAIS CICLOVIAS, BEM F E I TA S , E A S S I M T E R CADA VEZ MAIS GENTE USANDO FORMAS A LT E R N AT I V A S D E S E L O C O M O V E R , E V I V E R .” DANIEL MARQUES

54 • TRIBO SKATE


DANIEL MARQUES, OLLIE TO FS WALLRIDE (PARQUE DOM PEDRO II) TRIBO SKATE • 55


CIC LOV IA

DAVID THEOBALDO, BS BLUNTSLIDE (AVENIDA FARIA LIMA) 56 • TRIBO SKATE


TRIBO SKATE • 57


CIC LOV IA GLAUBER MARQUES, BS TAIL (ZONA LESTE)

“REDUZIU O NÚMERO DE ACIDENTES E FEZ A U M E N TA R O D E NOVOS PICOS” GLAUBER MARQUES


ALEXANDRE CALADO, WALLIE FS NOSESLIDE (VILA PRUDENTE)

TRIBO SKATE • 59


CIC LOV IA

FELIPE OLIVEIRA, TAILBLOCK SLIDE (MINHOCÃO)

60 • TRIBO SKATE


TRIBO SKATE • 61


CIC LOV IA

“CICLOVIA É SINÔNIMO DE AUTONOMIA , LOGO LIBERDADE!” MARIO HERMANI

62 • TRIBO SKATE


MARIO HERMANI, OLLIE (LARGO DA BATATA)

TRIBO SKATE • 63



CARLOS HENRIQUE DOS SANTOS ‘MUSKITO’ 17 ANOS, 5 DE SKATE DE CAUCAIA, CE FOTO ROBSON PINHEIRO

ALBINO FREAZA

FLIP

Skate e roupas atuais: Shape Neighborhood, rodas Control, rolamentos e parafusos de base Apex, trucks Thunder, boné Correria para Cristo, camiseta e tênis Qix, calça DC e meias Libre. Não suporta mais ver no skate: Rivalidade. Manobra que pretende acertar: Switch tail 270 heel flip. Principal rede social: Instagram (@henriquemuskitoskt) Dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de apoio ao esporte e falta de picos de rua. Profissional em quem se espelha: Adelmo Jr. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Red Bull. Melhor equipe brasileira atualmente: Matriz. Amador que gostaria de ver pro: Lucas Rabelo. (Apoio: (Neigborhood e Control; apoios: Apex, 4allskatestore, Libre, Qix)

"VAI DAR CERTO!"


C A SA NOVA

CROOKED

JOÃO LUCAS RODRIGUES ‘GRILIN’ 15 ANOS, 5 DE SKATE DE BRASÍLIA, DF FOTOS PAULO TAVARES

Skate e roupas atuais: Shape Simple, rodas Spitfire, eixos Thunder, rolamentos Reds, boné Simple, camiseta e calça Volcom, tênis Vans. Não suporta mais ver no skate: Skatistas que dizem ser, porém falam e reclamam demais ao invés de estar andando de skate. Manobra que pretende acertar: Switch bs flip noseblunt fakie varial flip out na borda. Principal rede social: Instagram (@joaolucasrodriguezskt) Dificuldade em ser skatista na sua área: Há poucas pistas de skate e pouquíssimos eventos e marcas interessadas em ajudar verdadeiramente. Profissional em quem se espelha: Wade Desarmo. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Red Bull. Melhor equipe brasileira atualmente: Blaze Supply. Amador que gostaria de ver pro: Nicholas Dias. (Apoio: Street Loyal)

"SIMPLICIDADE É A CHAVE DE TUDO, NUNCA QUEIRA PASSAR POR CIMA DE NINGUÉM"


SOL ARIANO SOUSA CABALLERO 21 ANOS, 9 DE SKATE DE CAMPINA GRANDE, PARAÍBA FOTOS MAURICIO POKEMON

Skate e roupas atuais: Shape Kronik, rodas Cisco, rolamentos Ándale, eixos Silver e tênis Faith. Não suporta mais ver no skate: A galera que não faz nada pelo skate e só fica falando e julgando manobras e vida dos outros skatistas. Manobra que pretende acertar: Hardflip bs noseblunt. Principal rede social: Instagram (@arianosousa) Dificuldade em ser skatista na sua área: Apoio e patrocínio que não temos em nossa cidade. Profissional em quem se espelha: Tiago Lemos. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Red Bull. Atual melhor equipe de skate brasileira: Cisco. Amador que gostaria de ver pro: Pedro Victor. (Apoio: Falcon Zero Skateboard)

FLIP

"LUTE PELO QUE TE FAZ FELIZ!"


C A SA NOVA

SWITCH HEELFLIP

ISRAEL MADUREIRA ‘RAEL’ 21 ANOS, 11 DE SKATE DE BELO HORIZONTE, MG FOTOS DIOGO ANDRADE

Skate e roupas atuais: Shape, rodas e camiseta Nanuk, rolamentos Everlong, eixos Silver e tênis Nike. Não suporta mais ver no skate: Quem só reclama mas não se move pra filmar uma vídeo parte, treinar pesado ou trabalhar para manter suas peças. Manobra que pretende acertar: nollie hard heelflip fs crooked numa borda. Principal rede social: Instagram (@rael. madureira) Dificuldade em ser skatista na sua área: Ter grana separada para fazer as sessões, viajar para campeonatos e etc. Profissional em quem se espelha: JP Dantas. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: GoPro. Melhor equipe brasileira atualmente: Blaze Supply. Amador que gostaria de ver pro: Brenndel Ferreira. (Apoio: Nanuk, Revolution Skateshop e lixa Atrito)

"DE SKATE EU VIM, DE SKATE EU VOU!"


THYAGO SILVA ‘ÍNDIO’ 24 ANOS, 11 DE SKATE DE RONDONÓPOLIS, MT, MORA EM CAMPO MOURÃO, PR FOTOS CAMILO NERES

Skate e roupas atuais: Shape Skill, rodas Spitfire, rolamentos Red Bones e tênis DC. Não suporta mais ver no skate: Skatistas antigos que representaram na época tendo que comprar peças pra fazer um rolê hoje em dia. Manobra que pretende acertar: Hard flip bs nose grind reverse. Principal rede social: Instagram (@tgmsilva) Dificuldade em ser skatista na sua área: Preços de passagens muito caras no Brasil. Profissional em quem se espelha: Bruno Aguero. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Chinelos Havaianas. Melhor equipe Brasileira atualmente: Simple. Amador que gostaria de ver pro: Pedro Biagio. (Skill Crew; Apoio: Family Skateshop)

"VOCÊ É AQUILO QUE FAZ."

HALF CAB HEELFLIP


TR A ÇOS E R ABISCOS

PER F I L D O A RT ISTA

FE LIPE G A SN I E R ARTISTA PLÁSTICO, MÚSICO, EMPRESÁRIO, PUNK, SKATISTA… SÃO VÁRIAS BOAS DEFINIÇÕES PARA FELIPE "XILIP" GASNIER SE ENCAIXAR. WORKAHOLIC E INQUIETO DESDE A INFÂNCIA, O INVENTIVO ARTISTA MORA HOJE NA FINLÂNDIA E VEM SE CONSOLIDANDO NO UNDERGROUND DA ARTE CONTEMPORÂNEA MUNDIAL, PROVANDO MAIS UMA VEZ QUE COM TALENTO, FOCO E DETERMINAÇÃO SE VAI LONGE.

Apresente-se, pra quem não o conhece ainda. Com nove anos comecei a tocar guitarra e andar de skate, com 12 já amava muito Ramones e as VHS da 411VM. Aos 15 quebrei a coluna andando de skate e durante os 3 meses que fiquei de cama compus dezenas de músicas, montei minha primeira banda de hardcore, depois uma gravadora, uma loja virtual e uma editora de livros. Posso dizer que durante 13 anos trabalhei para o rock underground do Brasil. Desde o início da gravadora, pela falta de verba para contratar artistas gráficos, tive que assumir as artes, uma espécie de D.I.Y à força. Muitos amigos me apoiaram e com o tempo descobri que arte é o que mais amo fazer. Em 2016 tomei coragem e larguei tudo que tinha no Brasil para focar na minha carreira de arte e música aqui na Finlândia.

Quando você se interessou por desenhar? Acho que o interesse veio de berço! Fui 70 • TRIBO SKATE

criado pela minha avó, que sempre pintou, cantou em coral, mexia um pouco com decoração, adorava moda etc. Mas só comecei a levar mais a sério quando fazia estampas de camisetas e cartazes de shows para bandas, e recebia elogios. Muitas bandas pediam os originais e os enquadravam, ou me chamavam para fazer a capa do disco, aí acreditei neles e comecei a me levar um pouco mais a sério. Digo isso pois eu sempre fiz arte brincando, como desenho de mesa de colegial, sabe? A minha pegada era meio tosca, meio anos 90, influenciado por artistas como Daniel Johnston, Basquiat, Sesper, Carlos Dias (aoseualcance), Nekro (Fun People), Tomas Spicolli.

Como você define a sua arte? Cara, minha formação é o punk & o DIY. Tudo o que acredito é na expressão e liberdade de comunicação. Definir minha arte é uma ferramenta que tenho para expressar o que aprendi com meus mes-

tres. Na prática: expor obras em galeria com um temática que estudei e acredito, como quando falei sobre a depressão que hoje é a doença que mais mata no mundo (!!!) e pouco se fala. Ou abrindo portas como esta aqui na revista, que graças a minha arte chamou para contar um pouco da minha trajetória. Quem sabe, sirva de inspiração para alguém do que fazer ou não fazer. Fui formado por zines, discos e muitas entrevistas; estou no mesmo caminho, quero estar aqui ou em algum lugar falando sobre minha visão de mundo. Junto com quem quer um mundo melhor e acredito que todas as formas de arte ilustrarão o melhor caminho para isso.

Quais os lugares que você já expôs, qual a que você mais destaca e por quê? Já expus algumas vezes no Brasil e aqui na Finlândia. Também já participei de coletivas em Nova York, Berlin e Buenos Aires. Meu sonho é viajar o mundo todo expondo; em uma van. Acredito que se sonharmos bem sonhadinho tudo acontecerá. A minha primeira exposição aqui Finlândia me marcou muito, foi paixão à primeira vista com o país. Fiquei uma semana aqui e voltei para o Brasil decidido: literalmente dei fim em tudo! Minha companheira, eu e minha gata viemos começar tudo outra vez aqui do outro lado do mundo. Não tem como não ter sido especial, não é?

→ CONHEÇA MAIS:

FELIPEGASNIER.COM


CANVAS E COLAGENS Reproduções de artes feitas por Felipe, algumas viraram capas de disco

EDU ANDRADE, AKA REVOLBACK

Vegetariano, vocalista da banda Questions e um dos mais conceituados artistas urbanos da cena brasileira TRIBO SKATE • 71


HOT STUF F

ESTILO É PRA QUEM TEM

PEÇAS SELECIONADAS PARA COMPOR SEU ESTILO, MAS TAMBÉM PARA SUA PERFORMANCE

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72 • TRIBO SKATE

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TRIBO SKATE • 73


ÁUDIO

E NTR EVISTA

DAG NASTY

CAN I SAY? TEXTO HELINHO SUZUKI

FORMADA EM 1985 EM WASHINGTON DC, O DAG NASTY - COM SUAS MELODIAS E LETRAS DE CUNHO PESSOAL, INTRODUZIU A EMOÇÃO NO HARDCORE PUNK AO LADO DE BANDAS COMO EMBRACE. DEPOIS DE 14 ANOS DE INATIVIDADE, A BANDA VOLTOU COM FORÇA EM 2016, LANÇANDO O 7” COLD HEART, COM SHAWN BROWN NOS VOCAIS E FEZ DIVERSAS TOURS NOS EUA E EUROPA. ENTRE O INTERVALO DE UMA TOUR E OUTRA, BATEMOS UM PAPO RÁPIDO COM O BRIAN BAKER (EX-MINOR THREAT E BAD RELIGION). DIVIRTA-SE!

74 • TRIBO SKATE


Como foram os primeiros dias do Dag Nasty? Como vocês se juntaram? DAG NASTY: Em 1985, Colin, Roger e eu decidimos formar uma nova banda de hardcore, em Washigton, DC. O Shawn era parte da cena hardcore punk local e nós achamos que ele seria um bom vocalista, então perguntamos se ele queria fazer um teste.

Apesar do Shawn ter escrito quase todas as letras do Can I Say (o álbum que a banda ganhou maior notoriedade), ele deixou a banda antes do disco ser lançado. Como ele se sente ao ouvir suas letras cantadas pelo Dave Smalley (que assumiu os vocais após sua saída)? DAG NASTY: Shawn escreveu algumas letras do Can I Say, mas a banda escreveu todas as músicas e a maioria das letras. Nós substituímos o Shawn pelo Dave, porque naquela época nós achávamos que o Dave seria melhor que ele.

Minority One, útimo full album, foi lançado em 2002 e tinha o Dave nos vocais. Por que vocês decidiram chamar o Shawn para a banda novamente? A ideia era reunir a formação original? DAG NASTY: Nós chamamos o Shawn para a banda quando nós a reformamos porque ele era da formação original e porque ele era o melhor vocalista. Nós nunca deveríamos ter chutado ele da banda, mas garotos fazem coisas estúpidas. Ele nos perdoou e estamos muito felizes de ser amigos novamente.

vocês se inspiram para fazer algo novo? DAG NASTY: Escrever e tocar música são minhas coisas favoritas no mundo. Isso tem sua própria inspiração.

Todos na banda devem ter famílias, filhos e trabalhos regulares. O que significa para vocês estarem em uma banda em 2016? DAG NASTY: A mesma coisa de estar em uma banda em 1985. Nós queremos tocar música para as pessoas e conhecer o mundo fazendo isso.

Como vocês estão respondendo uma entrevista para uma revista de skate, você pode falar sobre o envolvimento de vocês com ele? Como isso aconteceu? DAG NASTY: Punk Rock e skateboarding têm seus caminhos entrelaçados desde o início. Ambos são uma subcultura rebelde e altamente artística. Skate e punk são uma forma de auto-expressão, e são inerentemente anti-autoridade. Todos nós andávamos no passado, mas agora só de vez em quando. Machucados demoram para serem curados em nossas idades.

O que vocês conhecem do Brasil? Alguma banda, cultura ou outra coisa? DAG NASTY: Seu governo é tão corrupto quanto o nosso! Estão falando sobre isso agora.

O que podemos esperar daqui pra frente? Talvez uma tour brasileira? Vocês lançaram em maio o compacto “Cold Heart”. Como foi trabalhar com a Dischord Records e o Don Zientara (famoso produtor de DC que assinou trabalho de bandas como Minor Threat, Fugazi, entre outros), depois de tanto tempo? DAG NASTY: A Dischord sempre foi ótima com a gente, e estamos muito felizes que o Ian (Mckaye, dono da gravadora), estava disposto em lançar nossos novos sons, depois de estar longe da gravadora por tanto tempo. Gravar com o Don e o Ian no Inner Ear Studios foi tipo uma viagem no tempo. Me senti como há 30 anos, quando gravamos nossos primeiros discos com eles.

Podemos esperar um novo álbum?

DAG NASTY: Absolutamente! Estaremos por ai assim que der!

SKATE E PUNK SÃO UMA FORMA DE AUTO-EXPRESSÃO, E SÃO INERENTEMENTE ANTI-AUTORIDADE.

DAG NASTY: Assim que tivermos tempo de escrever novas músicas.

Algumas pessoas dizem que o Dag Nasty é uma das primeiras bandas emo. O que você acha sobre isso e como você define o termo emo?

Vocês são old school punk rockers, que inventaram isso e ainda influenciam a vida das pessoas e bandas ao redor do mundo. Como

BRIAN BAKER

DAG NASTY: Tinha um monte de bandas antes da gente tocando hardcore melódico. O termo emo se originou de um tom pejorativo e a gente costumava a fazer piadas com essas bandas que pareciam mais interessadas em realizar sessões de terapias em público do que tocar músicas. Eu não tenho a menor ideia do que emo quer dizer hoje em dia.

→ VEJA E OUÇA: D AGHOUSE.COM/ TRIBO SKATE • 75


CO LUNA V ISUAL

SOBRE O

FLANANTES Para além das manobras, o Flanantes é um vídeo

tenham pisado num carrinho mas que conseguem

sobre a vivência nas ruas das grandes cidades (no

entender a riqueza disso tudo que a gente vive, como

caso, São Paulo e Rio de Janeiro). Não há nada ali que

a escritora Jane Jacobs e o professor Ricardo Fabbrini.

nós skatistas de rua não estejamos acostumados a

Há espaço também para reverências pertinentes a

ver, mas ao mesmo tempo a forma como o Flanantes

grandes referências do skate de rua brasileiro como

apresenta essa vivência faz dele o melhor vídeo

Fernandinho Batman, Thronn e André Hiena. Entre

brasileiro de skate que eu vi em 2016. São vários

os responsáveis pelas boas manobras que compõem

os trechos geniais, como a sequência da banda

o vídeo, se encontra um vasto apanhado de estilos,

da Polícia Militar mais a repressão aos músicos de

idades, origens e níveis técnicos diferentes que

rua e o “fuck the police”; a linha do Diego Wanks

mostram a diversidade do skate que temos em nosso

começando com a travesti reclamando da “bagunça”

país e como isso é algo que deve ser exaltado.

e terminando com o cara caindo no canteiro e a cena

Podendo ser chamados de crew, coletivo

do Valdemar da Luz cantando com o acerto do nose

audiovisual ou nada disso, os flanantes mostraram

de front bigger spin do Murilo. São muitas as cenas

também um jeito não muito comum de andar de

que se destacam e enriquecem o conteúdo dessa

skate em São Paulo, com picos diferentes, manobras

obra que já chama atenção só pelo conceito.

criativas, muito asfalto, chão ruim e linhas mais fluidas,

O elogio ao ato de flanar é um “foda-se” ao

daquelas que parecem ter sido filmadas realmente de

capitalismo, uma resposta incômoda ao que o mundo

passagem. Vale ressaltar que os caras continuam em

te ordena e o Flanantes foi muito bem sucedido em

produção intensa, ainda no ano passado lançaram

mostrar que o skate tem muito disso. O sistema diz

outro vídeo muito bom (Sob a Aparente Desordem) e

que um banco de praça só serve para sentar; o skate

agora chegam com o Situacionistas.

vai contra e dá a ele outras muitas utilidades. Para

Tudo isso sem muito preciosismo. O Flanantes

o cidadão padrão, piscinas vazias são inúteis; os

é um vídeo que tem imagens de horizonte torto,

skatistas vão além disso e se divertem nelas como

takes tremidos, manobras simples junto a manobras

crianças quando havia água ali. Esse aspecto do

cabreiríssimas, imagens de arquivo em baixa

nosso estilo de vida é bem apresentado no vídeo

resolução, skatistas anônimos junto a profissionais “do

dirigido pelo skatista Murilo Romão em cenas como

game”... Ou seja, skate do jeito que ele é todo dia e a

a dos moleques brincando na fonte do Vale do

rua do jeito que a vivenciamos todo dia.

Anhangabaú. O que os skatistas fazem hoje nesse mesmo lugar é também uma brincadeira de rua que dá vida àquele local. Até mesmo a parte de erros traz consigo uma mensagem bastante interessante. Mensagem, aliás, é algo que o vídeo tem de sobra, pondo o skate para dialogar com diversos aspectos da vida urbana, sob um viés antropológico/sociológico. Para isso, traz também a visão de pensadores que talvez nunca 76 • TRIBO SKATE

FERNANDO GOMES

Vivedor do skate soteropolitano, é fotógrafo e jornalista


MURILO ROMÃO, IDEALIZADOR DO VÍDEO, FLANANDO PELAS RUAS DE SALVADOR, BA

TRIBO SKATE • 77


CO LUNA SK A T E S AÚ DE

T H I AGO PI NO

PREPARADO PRA 2017? Começo de ano é sempre um período importante para refletir

consiste em planejar e elaborar um modelo de treinamento,

sobre o que foi feito e também estabelecer metas e objetivos

respeitando o skatista com sua individualidade, biotipo, objetivo

para o ano que se inicia. No skate não é diferente, podendo as

e modalidade escolhida dentro do skate. Deve-se dividir essa

metas serem as mais variadas possíveis, como aprender manobra

periodização em ciclos ou períodos estabelecidos previamente

nova, buscar patrocínio, conhecer novos lugares, participar de

em função do grau de condicionamento físico em que se

campeonato ou até mesmo fazer uma vídeo parte. Indiferente

encontra o skatista.

da meta ou objetivo traçado, seu corpo precisa estar apto para

Diante disso o treino será personalizado e montado dentro das

realizar esta tarefa, afinal ele é a sua principal ferramenta para

possibilidades individuais. Esses ciclos devem ser respeitados em

andar de skate e é nesta hora que uma boa “periodização”

cada fase e etapa para que se tornem eficaz para fase seguinte.

faz toda a diferença na preparação física do skatista, tanto na

O objetivo é subdividir uma fase específica, geralmente longa de

melhora de sua performance como para a prevenção de lesões.

treinamento (macrociclo) em períodos mais curtos (mesociclos).

O skate vem evoluindo e atingindo novos níveis a cada dia que se passa. A altura dos obstáculos, os combos e até o pop mudaram, fazendo com que manobras difíceis realizadas por

Desses mesociclos se subdivide em microciclos, sendo a duração de uma semana até 15 dias. Sua grande função é eliminar qualquer tipo de efeitos

poucos skatistas, há anos atrás, hoje sejam manobras fáceis

negativos durante o treinamento, mantendo assim um melhor

realizadas até por skatistas iniciantes. Com toda esta evolução,

desempenho ao final de cada período. Se pararmos para pensar

cada vez mais a preparação física no skate ganha força e um

na rotina de um skatista é muito complicado para montarmos

ponto que chama muito a atenção é a periodização.

esse tipo de periodização muito comum em outros esportes.

O corpo humano consegue facilmente se adaptar a diferentes

No skate poderíamos montar uma periodização baseada em diferentes objetivos como um campeonato, uma tour, uma

INDIFERENTE DA META OU OBJETIVO TRAÇADOS, SEU CORPO PRECISA ESTAR APTO PARA ESSA TAREFA

viagem para produzir imagens entre outras muitas hipóteses. O principal diferencial do skatista é que ele anda de skate todos os dias para aprender novas manobras e evoluir, por isso seu corpo precisa estar apto sempre a novas situações. Este é o segredo da preparação física específica para o skate: manter seu corpo sempre pronto para render nas sessões de skate e aprender novas manobras, e não ser uma atividade extra que vai desgastar seu corpo e impedir que você consiga andar de skate melhor por estar cansado como acontece na maioria dos casos.

situações e estímulos. Por essa fácil adaptação é que, buscamos

Por isso sempre busque profissionais capacitados e que tenham

sempre estímulos diferentes em intensidades diferentes. Primeiro

um amplo conhecimento dentro do skate para evitar que algo

porque isso possibilita ao sistema neuromotor do skatista

feito para melhorar seu desempenho acabe prejudicando suas

não adaptar-se a um estímulo e assim, progredir sempre com

sessões de skate e consequentemente suas metas e objetivos.

diferentes formas de estímulos. Em segundo lugar, porque isso é uma maneira preventiva de overtraining e lesões. Saber

Que 2017 seja um ano de muita paz, saúde, alegrias e claro muito skate no pé para todos nós.

periodizar a preparação física é manter-se na intensidade máxima, dentro de padrões aceitáveis pelo corpo. A periodização são períodos montados ou pré-estabelecidos e dentro desses períodos encontramos diversos métodos de treinamento e, claro, diversos estímulos diferentes. O trabalho 78 • TRIBO SKATE

THIAGO ZANONI: Skatista, pai de gêmeos, educador físico, idealizador do Skate Saúde e fisioterapeuta especialista em fisiologia do esporte e do exercício



CO LUNA A GUINAL DO ME LO

TÓ Q UI O 2020

TODOS TEMOS QUE SER CBSK Nunca a CBSk precisou tanto do nosso apoio como neste

estivesse nas Olimpíadas do Rio, tenho certeza que no dia

momento. A batalha em jogo entre a ‘Confederação dos Rollers’

seguinte dos jogos, o skatepark olímpico já estaria lotado.

(CBHP) e a de skate não é somente para ver quem levará os

Skatista se apropria do skatepark como se fosse a casa dele.

skatistas para Tóquio, mas para definitivamente afirmar que quem

Isso não acontece em nenhum outro esporte.

manda no skate somos nós, skatistas! Nos últimos anos, a CBSk (Confederação Brasileira de Skate),

Entenda

silenciosamente, salvou pistas de serem construídas em projetos

Com a entrada do skate nas Olímpiadas, estava na hora da

bizarros, batalhou ferozmente atrás de grana para organizar eventos

CBSk se associar ao Comitê Olímpico Brasileiro. Mas não é

decentes, fez muita coisa invisível, mas que todos nós lucramos na

que ao chegar lá, a confederação de skate descobriu que uma

nossa sessão ou no campeonato em que participamos.

outra entidade, a CBHP (Confederação Brasileira de Hóquei e

Não ser reconhecido pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro)

Patinação) tinha chegado antes. Alegando que por ser filiada a

sempre foi um empecilho para a CBSk. A organização

FIRS (Federação de Roller Sports) teria direito de tomar conta

não recebe recursos recorrentes do governo, como as

do skate olímpico brasileiro. Neste momento a CBSk gritou pela

confederações de Ciclismo, Canoagem e Futebol. A batalha por

ajuda dos skatistas. Nomes como Pedro Barros e Rony Gomes

patrocínios sempre esbarrava naquele argumento: “Uma pena

se pronunciaram sobre o assunto, afirmando que se for para ir

que skate não é olímpico”.

para Olimpíadas sob a gestão dos rollers, o negócio seria ficar em

Não podemos nos esquecer que moramos no Brasil - um país

casa. Neste momento começou a campanha #somostodosCBSK.

que pouco dá valor para esportes além do futebol. A Olimpíada

O COB se pronunciou falando que não está nada fechado. Mas

era o argumento que faltava para provar o quanto o skate é legal,

os rollers da CBHP já falaram que querem vencer a gente pelo

quanto somos diferentes dos outros esportes.

cansaço e que para o skate ir para a Olimpíada, só ser for debaixo da asa deles. Hoje a CBHP toma conta de esportes como hóquei

SÓ VAI SER RESOLVIDO ATRAVÉS DA UNIÃO E MOBILIZAÇÃO DE TODOS NÓS SKATISTAS!

sobre patins e patinação artística. Ter o skate seria o sonho de trazer uma modalidade olímpica para a organização. Claro que isso significa recursos extras que fortaleceriam a entidade.

Participe Cada skatista pode ajudar a CBSk a ser reconhecida pelo COB. Converse com o seu vereador, deputado, pai, vizinho ou tio sobre o assunto. Este é mais do que nunca um problema político que só vai ser resolvido através da união e mobilização de todos nós

Sendo definitivamente reconhecida pelo COB, a nossa

skatistas. Entenda como mobilização mais do que apenas assinar

confederação poderá batalhar pelo skate, além de conseguir

um abaixo-assinado online. Temos que atormentar esse povo até

recursos do governo para realizar programas e ações.

eles entenderem o nosso recado. Não basta #sermostodosCBSK,

Aí que entra a parte legal do skate olímpico. O tal do legado.

temos que batalhar ou teremos que no resto da vida pedir favor

Seria muito sonhar com uma pista olímpica em que todos nós

para os rollers. Definitivamente temos de afirmar que quem

pudéssemos andar? Eventos amadores, iniciantes patrocinados

manda no skate somos nós, skatistas!

por uma grande empresa. Programas para ensinar skate a crianças em situação de vulnerabilidade e muito mais? Enquanto os estádios, piscinas e outras arenas da Rio 2016 apodrecem, as pistas do Rio sempre estão lotadas. Se o skate 80 • TRIBO SKATE

AGUINALDO MELO: Jornalista, skatista e alguns outros istas;

é apaixonado por esportes de ação e curioso pela vida

TRIBO SKATE• 80


CO LUNA G U TO JI M ENE Z

SK A TE BOA RD I NG M I LI TANT

NADA SERÁ COMO ANTES O tempo atual de alta velocidade de propagação da informação

do que quatro entre os top 6 do ranking da IDF. No slalom, mais

nos faz ver o quanto o skate cresceu em todos os aspectos que se

um recorde mundial foi pulverizado por Joe McLaren, não à toa

possa imaginar. Isso não se reflete só em números, que por si só

conhecido como “The Beast” pelos praticantes da modalidade.

são impressionantes: foi estimada em 100 milhões a quantidade

Falar em downhill slide chega a ser até covardia em termos

de skatistas que movimentam o mercado online em todo o

da diferença entre o que rola por aqui no Brasil e lá fora; basta

planeta. Quantos somos no mundo todo? Isso já nem importa

lembrar que essa forma de andar de skate teve um progresso aqui

tanto, talvez seja mais relevante pros profissionais do mercado e

no Brasil como em nenhum outro lugar do planeta; não é exagero

do cenário de alguma forma. Somos muitos, estamos em todos os

dizer que um amador de ponta daqui anda mais do que muitos

lugares, andando de todos os jeitos que se possa imaginar – isso

profissionais estrangeiros...

sim é o mais relevante de tudo. Independente da modalidade, o nível técnico é o mais alto já

O que esperar do skate em 2017 e nos anos que virão? Há anos não nutro expectativas em relação ao skate, pois prefiro me

visto em toda a história. No street, o conceito de “impossível”

surpreender a cada linha criativa de manobras nas pistas, nos

parece se expandir com cada vez mais frequência, como bem

picos ou nas ladeiras que vejo por aí, tanto em sessões quanto

provou o Aaron “Jaws” Homoki ao varar aquela mítica escadaria

em eventos. Nem preciso citar a quantidade industrial de vídeos

francesa. Nas transições, as linhas dos competidores nos eventos

de skate que são disponibilizados diariamente, tanto pela mídia e

estão cada vez mais fluidas, com aéreos mais altos e manobras

marcas do ramo quanto principalmente pelos próprios skatistas

de borda esticadas ao máximo, sempre, seja numa etapa da Vans

através das redes sociais, que ajudam a tornar impossível fazer

Park Series ou num dos inúmeros eventos amadores que estão

qualquer tipo de prognóstico quanto ao que virá em seguida.

SOMOS MUITOS, ESTAMOS EM TODOS OS LUGARES, ANDANDO DE TODOS OS JEITOS QUE SE POSSA IMAGINAR

No entanto, acho que dá pra apontar algumas mudanças, algumas delas em curso desde que o skate foi aprovado como modalidade olímpica de competição. Goste-se ou não, esse é um fato que mudou os rumos do carrinho pra sempre, principalmente nos aspectos de aceitação e inclusão social. As diferenças mais visíveis estão justamente aí, na forma que a sociedade enxerga o nosso universo e na possibilidade de inserção de nossa cultura em todas as camadas sociais a nível global. Veja bem, não estou dizendo aqui que todos vão passar a enxergar “atletas” em todos os skatistas, até mesmo nos maloqueiros de alma, ou que todos os seres humanos desejarão andar de skate; apenas afirmo que

acontecendo pelo Brasil e mundo afora. E no freestyle, então?

será diferente pra melhor, visto que o interesse geral irá aumentar

Novas manobras de solo surgem a cada episódio do “Short Sided”,

bastante. Portanto, vai se acostumando com a mudança de

do Brett Novak – o do Renê Shigueto é um petardo – e, no último

atitude dos que não andam de skate em relação a você.

ano, a evolução do chamado “dancing” (ou longboard freestyle)

É, o paradigma está mudando – pros outros, é bom que se diga.

partiu do Brasil pra todo o mundo, como bem provou o Breno

Pra gente, não vai fazer muita diferença, pois vamos continuar

Brélvis no mundial da modalidade que ele ganhou na Holanda.

andando e nos divertindo muito com isso tudo. Bons rolés e boas

No downhill, a evolução cresce como a velocidade dos dropes,

sessões de 2017 em diante!

a ponto de não existirem mais ladeiras consideradas impossíveis de serem domadas O paranaense Carlos Augusto Paixão, o “Guto Negão”, se sagrou bicampeão mundial no speed num circuito de campeonatos dominado pelos brazucas, com nada menos 81

•TRIBO SKATE

GUTO JIMENEZ: Carioca que está no Planeta Terra

desde 1962 e sobre o skate desde 1975




#GSHOCKTEAM Kelvin Hoefler Pentacampeão Mundial Street Skate

GA-100L-1A

Foto: Ana Negrão

Layered Color

GA-100L-2A

•Resistente a choques •Resistente à água (200m)

•Luz de LED •Hora mundial (48 cidades) •Cronômetro de 1/1000 seg. •Cronômetro regressivo •5 Alarmes diários •Calendário automático (até ano 2099)

LOJAS DISPONÍVEIS: •G-FACTORY - Shop. Granja Vianna/Cotia-SP (11)4613-6630 •G-FACTORY - Mooca Plaza Shop./SP (11)2063-1665 •Blood Stream - Curitiba/PR, Balneário Camboriú/SC, Itajaí/SC e Joinville/SC (41)3348-3261 www.bloodstream.com.br •Natural One - Maringá/PR e Londrina/PR www.naturalone.com.br •Sunpeak - Vale do Paraíba/SP (12)3942-2353 www.sunpeak.com.br •Ophicina - Interior de SP (19)3232-2135 www.ophicina.com •Hawaii - Santos/SP (13)3224-6800 www.hawaiivirtual.com.br •WQ Surf - Rio de Janeiro/RJ www.wqsurf.com.br

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