Tribo Skate #254

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S K AT E

LINDOLFO OLIVEIRA • DE XTER • RINCON SAPIÊNCIA • R O B S O N S A K A M OT O

Duas leituras, uma ideia e várias histórias

DANIEL MARQUES LOOK DAT TEAM Por dentro do 1º vídeo da crew de Felipe Oliveira

DENIS PITIGLIANE A volta por cima com a força dos amigos

ALMOÇO TRICKS Quando a manobra substitui o alimento R$ 12,90

WWW.TRIBOSKATE.ATIVO.COM

EDIÇÃO 254 JULHO E AGOSTO


Apresenta:

SERIES

Patrocínio:

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29 DE JULHO, 2017 \ 10AM PRAÇA DAS ÁGUAS - CAMPINAS R$15,000 em dinheiro

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Realização:

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ÍNDICE

S K AT E ANO 26 • JULHO/AGOSTO DE 2017 • NÚMERO 254

ESPECIAIS 22. Almoço Tricks 30. Denis Pitigliane 38. Look Dat Team 52. Daniel Marques SEÇÕES Editorial......................................................................8 Zap............................................................................. 14 Casa Nova............................................................. 64 Traços e Rabiscos..............................................70 Hot Stuff..................................................................72 Áudio (Rincon Sapiência)...............................74 Coluna Visual.......................................................76 Coluna Saúde.......................................................78 Skateboarding Militant................................... 82

CAPA: Em suas idas e vindas entre São Bernardo do Campo e São Paulo, no começo de suas viagens com o skate, Daniel Marques passava por este pico e se imaginava chegando com fotógrafo e videomaker pra registrar uma trick ali. Primeiro veio o drop e logo este noseblunt drop. De olho na estreita laje e já pensando em amaciar a aterrissagem, é preciso estar com corpo e mente preparados para a complexidade da manobra. Daniel Marques está e mostra isso com capa e artigo nesta edição, vídeo e entrevista no triboskate.com.br FOTO: Andre Calvão

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RENATO SILVA, POR VINICIUS BRANCA

Hidrante, tag, pixo, a fiação aérea e os postes. O skate é também um elemento de rua que passa despercebido aos olhos desatentos. Não se for um bs flip pesado como esse!

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EDITOR IAL

DIOGO ANDRADE

OS ENSINAMENTOS FICAM

V

ocê tem em mãos a edição de número 254 da sua Tribo Skate. O retrato de uma época, mais precisamente encaixada no período de dois meses estampado

na capa: julho e agosto. É claro que nossos artigos abrangem um período muito maior que o bimestre imediatamente passado, pois a revista conta histórias que não são apenas fatos relatados. São impressões além das notícias. São espaços físicos que se transformam, vidas que mudam de acordo com os acontecimentos internos e externos. No meu caso, um lance bem pessoal que estou superando: a minha queda no Bowl da Costeira a qual relatei no último editorial. Quase dois meses depois, apenas agora estou conseguindo digitar no teclado do computador, ainda assim com um certo desconforto e dores em função da recuperação dos ossos, dos músculos, tendões e nervos. Neste período segui como o observador privilegiado da cena do skate, brasileira e mundial, sequência de uma vida dedicada ao segmento, olhos treinados, revistas, sites como o triboskate.ativo.com, sessões com os filhos, leituras as mais diversas, redes sociais em diferentes cantos do país. Kelvin Hoefler volta a vencer no Dew Tour, desbancando outros monstros como ele; em Belo Horizonte, o guitarrista da banda Pato Fu, John Ulhoa, puxa o bonde de um evento old school e amador bem legal que restaura parte de um skatepark com três bowls na Lagoa do Nado: o BH Skate Invasion. Muito suor e discussões de bastidores para realização, com personagens como Alexandre Dota e Cleiber Binha assumindo papéis de protagonistas, mas também vidraças que receberiam “pedradas”. No final, vitória da festa, da celebração do skate em primeiro lugar… Do Nordeste do Brasil, mais pre-

DOTA BONES, INVERT

cisamente de Salvador/BA, Felipe Oliveira leva o brilho da arte do skate por onde passa e contamina as pessoas com suas leituras diferentes das ruas. Desde que apareceu pela primeira

CESAR GYRÃO

Skatista desde 1975, fez fanzines, associações, correu campeonatos, atuou na Overall de 88 a 90 até comandar a criação da Tribo Skate em 1991 8

vez para muitos, o japonês Yuto Horigome já conquistou espaço na Street League e o Oi STU Open parece ter sido fundamental nessa escalada. A importância de grandes eventos, como este, ganha artigo especial nesta edição, pois os fatos passam, mas os ensinamentos ficam.

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AQ U EC IMEN TO

S K AT E

ANO 26 • JULHO / AGOSTO DE 2017 • NÚMERO 254 DIRETOR-EXECUTIVO E PUBLISHER

Felipe Telles

DIRETORA DE CRIAÇÃO

Ana Notte

GERENTE DE CONTEÚDO

Renato Pezzotti EDITOR

Junior Lemos SITE

Sidney Arakaki DIRETOR DE ARTE

Huan Gomes

EDITORA DE ARTE

Renata Piai Montanhana EDITOR DE FOTOGRAFIA

Ricardo Soares PRODUTORA

Carol Medeiros CONSELHO EDITORIAL

Cesar Gyrão e Fabio Bolota REDAÇÃO

triboskate@triboskate.com.br COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: TEXTO

Aguinaldo Melo, Daniel Marques, Edu Andrade, Eduardo Ribeiro, Fernando Gomes, Guto Jimenez, Sidney Arakaki e Thiago Pino. FOTO

Andre Calvão, Bruno Donato, Camilo Neres, Cesar Matos, Daniel Valenti, Diogo Andrade, Fernando Gomes, Gabriel Trevisan, Manoel Martins, Pablo Vaz, Renato Stockler, Robson Sakamoto, Rossato Lima, Thomas Teixeira e Vinicius Branca. COMERCIAL

Fabio Bolota (fabio.bolota@nortemkt.com) DISTRIBUIÇÃO: DINAP TELEFONES

MARCELO PROFETA, HEELFLIP AQUELE VELHO DILEMA DE CHEGAR NO PICO E JÁ LEVAR KICK OUT! MAS A FORÇA DE CONVENCIMENTO DO SKATISTA EM ARRANCAR DO SEGURANÇA AQUELA ÚLTIMA TENTATIVA ÀS VEZES É O SUFICIENTE PRO ACERTO.

Belo Horizonte: 31 4063-9044 Brasília: 61 4063-9986 Curitiba: 41 4063-9509 Florianópolis: 48 4052-9714 Porto Alegre: 51 4063-9023 Rio de Janeiro: 21 4063-9346 Salvador: 71 4062-9448 São Paulo: 11 3522-1008 ASSINATURAS

www.assinenorte.com.br/faleconosco

Endereço: R. Estela Borges Morato, 336 Limão – CEP 02722-000 – São Paulo – SP IMPRESSÃO

Leograf

www.triboskate.com.br

A revista Tribo Skate é uma publicação bimestral da Norte Marketing Esportivo As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista.

FOTO JUNIOR LEMOS

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THOMAS TEIXEIRA

TRIBOSK ATE. ATIVO.CO M

AO SOM DE GARAGE FUZZ,

BIG POOL DAY 2017 PEDRO BARROS VENCEU A COMPETIÇÃO REALIZADA NUMA PISCINA DOS ANOS 70 EM CAÇAPAVA, INTERIOR PAULISTA. LUIZ FRANCISCO FICOU EM 2º E JONNY GASPAROTTO EM 3º.

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JUSTIN CRAWFORD

Pedro esmerilha um fs grind no ‘palco’

Pódio da etapa alemã da SLS

CARLOS RIBEIRO

O brasileiro figurou o pódio da etapa alemã da Street League, vencida por Nyjah Huston e Yuto Horigome em 2º. O gaúcho ficou na terceira colocação

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WHAT'S UP Informe-se e tenha argumentos para discutir nas redes sociais!

◉ A Kronik Skateboards armou uma surpresa para presentear o skatista curitibano Renato Souza com seu primeiro pro-model. “Achei que ia ser um dia normal, fazer um churras e andar de skate com os moleques. E quando eu vejo, está lá o shape escondido. Foi foda, fiquei felizão pra caralho. A gente sonha a vida inteira THOMAS TEIXEIRA

ser profissional. Senti como se tivesse conquistado uma missão cumprida, uma parte cumprida. Agora é uma nova jornada”, comemora o novo skatista profissional.

MARCELO AKASAWA O SKATISTA PAULISTANO morreu no dia 14 de maio, aos 37 anos de idade. Ele estava internado há algumas semanas e não resistiu a problemas nos rins. Skatista ícone da zona leste de São Paulo, ficou conhecido também pelas artes com seu projeto Nype do Gueto, produzindo caligrafias em diversas plataformas.

O skatista e multiartista gaúcho Rossato Lima acaba de lançar “skatistas”, um livro com colagens baseado numa exposição realizada no final dos anos 90 na cidade de Esteio, no Rio Grande do Sul. A publicação foi disponibilizada online gratuitamente no blog 527editorialestudio.tumblr.com.

O skatista espanhol Ignacio Echeverría teve um ato heróico usando seu skate para tentar defender uma mulher que estava sendo atacada por terroristas em Londres.

Guilherme Naccarato, filho do lendário skatista profissional Giancarlo Naccarato, agora faz parte do time da Colex. “Estou muito feliz porque sempre curti demais a Colex. Pra mim, é mais que um patrocínio, é amizade, consideração e respeito“, comenta Gui, que está com dez anos de idade e anda de skate praticamente desde que nasceu.

DANIEL VALENTI

Yuri Facchini foi profissionalizado pela Almost Skateboards. A apresentação do seu pro-model aconteceu alguns dias após a marca lançar um vídeo em que o curitibano mostra que sua missão como

GOING DOWN ANDERSON TUCA E THYAGO RIBEIRO ASSINAM CAPTAÇÃO E EDIÇÃO DO PRIMEIRO VÍDEO CLIPE DA BANDA DE HARDCORE. FABIO SLEIMAN E DOUGLAS PANKRAGE PROTAGONIZAM O VÍDEO.

skatista amador foi cumprida.

Após um ano se recuperando de uma séria lesão na perna, Kelvin Hoefler ganhou sua primeira competição grande. Ele foi o campeão do Dew Tour 2016, que aconteceu em Long Beach, na Califórnia. TRIBO SKATE• 13

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ZAP

OI STU OPEN A IMPORTÂNCIA DOS GRANDES EVENTOS POR CESAR GYRÃO X FOTOS PABLO VAZ

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A

construção da história de um esporte se deve muito ao seu aspecto competição. Não preciso entrar em outras modalidades para constatar essa tese. No skate, mesmo, por mais importante que sejam o lado diversão, as fotos publicadas nas revistas especializadas, os vídeos, as aventuras e apresentações, muito dos nossos ícones vieram do universo dos campeonatos. Por mais que brasileiros tenham participado de eventos internacionais nos anos 70 e 80, a primeira grande classificação de um brasileiro no skate internacional foi a de Lincoln Ueda no Mundial da Alemanha de 1989. Quarto lugar em meio às maiores estrelas da época. O nosso primeiro longa-metragem de cinema, o Vida Sobre Rodas, evidenciou alguns dos personagens que se destacavam nas sessões de skate, mas também nas competições, como a lenda do street Thronn (Antonio dos Passos Junior), Mauro Mureta e os protagonistas surgidos com base na pista Ultra de São Paulo, os “ultraboys” Cristiano Mateus e Bob Burnquist, com seus parceiros de grande expressão, Ueda (de Guarulhos) e Sandro Dias (de Santo André). Pegue todos estes personagens e perceba o quanto esses caras viveram grandes, médios e pequenos eventos! Todos se destacaram, participando e ganhando competições, tornando-se multi-campeões. Ao longo dos anos, a modalidade street veio conquistando o maior contingente em termos de praticantes ao redor do globo terrestre. Posso palpitar que talvez 90% dos skatistas

prefira a rua, ou as pistas que simulam rua (plazas, áreas de street). Os grandes eventos são referências de determinadas épocas, como recentemente se tornou o circo da Street League Skateboarding, criada para elevar os padrões de premiação e estrutura de competição. Tornou-se o desejo de elevação no esporte, como a NBA para o basquete mundial. Skatistas de ponta, aqueles que se sobressaem em suas regiões, seus países, precisam manter-se em forma para defender as posições conquistadas nas temporadas anuais. Grandes premiações de eventos como o Maloof Money Cup (extinto), os da SLS, o Dew Tour ou os XGames, atraem o interesse de grandes agências, montadoras de carros, refrigerantes e marcas de tecnologia e comunicação, e estimulam carreiras esportivas de sucesso. No Brasil, os grandes eventos de skate estavam tão raros que nossos principais skatistas de competição vivem correndo eventos nos EUA e Europa, com algumas eventuais viagens a campeonatos em outros continentes. Temos representantes nos principais eventos do mundo em todas as modalidades. Com o anúncio da primeira versão do Oi STU Open, suas propostas e características, passei a entender que nem tudo estava perdido neste ano de 2017, em se tratando de grandes holofotes para a cultura do skate. É bom que o espetáculo invada as casas das pessoas pela TV (além da internet), atinja bom público na arena, faça publicidade de corporações nacionais e valorize nossa cena de maneira diferente do que nosso mercado consegue fazer costumeiramente. A ótima premiação de R$ 400 mil estimula o crescimento da modalidade, que não via um grande evento de street desde os XGames de Foz do Iguaçu, em 2013. Só que, desta vez, não

PAMELA ROSA, bs feeble

FOTO AO LADO: Skatepark reformado, praça Duó lotada TRIBO SKATE • 15

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YUTO HORIGOME,

flip fs noseslide

foi apenas uma casta de convidados que pode participar. Os números do STU foram mais inclusivos, com um sistema de competição que envolveu 224 competidores, com triagem amadora, baterias com profissionais e as mulheres também sendo valorizadas. O legado deixado pelo Oi STU Open para o skate carioca, com a reformulação do skatepark criado pela galera e aprimorado pela Rio Ramp Design, é outro aspecto que o grande evento trouxe. A preocupação com o skatista e sua cultura ficou evidente, tal foi a programação dos seis dias, sendo cinco com baterias. Outras vertentes da arte do skate foram incluídas, como a música, as artes plásticas, a fotografia e a parte de vídeo. Muitos skatistas e envolvidos com a causa entre aqueles que puseram a mão na massa, deixaram a grande maioria dos participantes se sentindo em casa. Outro aspecto que pautou essa primeira versão do STU foi uma espécie de largada para a corrida olímpica do skate. A delegação da França, por exemplo, contava com seu ótimo contingente de skatistas e um técnico que lhes acompanhava e orientava para a melhor performance. O título do evento acabou nas mãos do japonês Yuto Horigome, que depois disso embalou 16

sua carreira de amador para profissional com entrada pela porta da frente na Street League, tendo feito finais nos eventos que participou. Como o grande evento que foi, o STU contou com dois embaixadores que fizeram juz à nomenclatura, Kelvin Hoefler e Pamela Rosa. Kelvin liderou as duas fases que participou antes da final, mas nesta parte derradeira errou algumas de suas manobras e não venceu desta vez. Pamela marcou posição desde o início, com muita vantagem sobre as demais participantes. Talvez o regulamento pudesse estimular mais as melhores manobras, se houvesse o descarte de pelo menos três da 12 tentativas. Alguns se sobressaíram pela regularidade, ao acertar as 12 vezes. A torcida é para que a próxima versão deste evento venha com ajustes como este, mas que se garanta que tenha continuidade, pois os grandes eventos são uma necessidade e nosso esporte é muito merecedor! Que se torne uma tradição para fortalecer tudo que envolve o skate, desde à paixão simples e pura pelo carrinho até o mercado e os negócios que o envolvem.

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KELVIN HOEFLER, switch feeble

LUCAS ALVES, fs tailslide fs heelflip out TRIBO SKATE • 17

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LIN H A VE R M ELH A

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LINDOLFO OLIVEIRA

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FLIP BS WALLRIDE

O ESTADO DO PARANÁ CONTINUA PRODUZINDO ÓTIMOS SKATISTAS, MUITOS ATINGINDO O ALMEJADO STATUS DE PROFISSIONAIS. LINDOLFO OLIVEIRA É UM DELES, CONQUISTANDO ESSA CONDIÇÃO EM 2017 COM UM ÓTIMO TRABALHO EM VÍDEOS E FOTOS EM REVISTAS E CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS. NASCIDO EM CAMPO MOURÃO, FOI NA “SKATE CITY” DE MARINGÁ QUE CRESCEU NO ESPORTE, VIVENDO COM MONSTROS LOCAIS E CRIANDO UM INVEJÁVEL POP QUE VIROU SUA CARACTERÍSTICA PRIMORDIAL. CONHEÇA UM POUCO DE SUAS IDEIAS NESTA SUA LINHA VERMELHA DA EDIÇÃO.

FOTOS BRUNO DONATO TRIBO SKATE• 19

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ZAP

LINDOLFO OLIVEIRA

29 anos, 18 de skate De Campo Mourão, PR, mora em Maringá (Diet, Quas4uatro Skateshop, Red Nose, John Roger, Reciclo, Koffee Skate, Asphalt. Apoios: Crail Trucks e Hip Skateshop)

(ADRIANO REBELO) Como você vê este processo olímpico do skate e

se houvesse uma oportunidade de estar nas Olimpíadas, você iria? E se você não fosse como "atleta", qual "função" teria capacidade de exercer nos jogos olímpicos? Vejo como uma consequência. O skate cresceu muito e ele ter chegado nas Olimpíadas é um reflexo disso. Não me vejo exercendo outras funções, se for algo que a CBSk e skatistas estiverem à frente e eu tiver oportunidade, participaria sim, como atleta.

(THIAGO PINO) Fala Lindolfo! Recentemente você soltou uma parte cabreira com o Bruno Aguero no Making It Happen. Como surgiu esta oportunidade em participar de um vídeo feito por um brasileiro na gringa? A oportunidade surgiu quando eu já estava em Nova York. O Rafael Gomes havia me pedido pra entregar umas revistas e artigos para o Ricardo Napoli, o idealizador do vídeo. Até então eu não o conhecia, mas nessa de entregar as coisas ele me chamou pra fazer uma sessão e aí foi fluindo naturalmente, sem cobranças e me divertindo pelas ruas, como se estivesse no Brasil. Me sentindo em casa (kkk). (CESAR GYRÃO) Como você se sente como parte de uma equipe de

skate, com os projetos comuns da marca e os seus? Falo mais em termos de Red Nose, que é seu patrocinador mais antigo. Pra mim é tranquilo! O pessoal da Red Nose sempre acreditou no meu trabalho e eu consigo levar numa boa, até porque eles estão sempre me ajudando em meus projetos, eventos, viagens e tudo o que vou fazer, sempre recebo total apoio deles.

(ANDRE CALVÃO) Com o skate tomando os mais diversos caminhos possíveis hoje em dia, o que lhe estimula e lhe faz querer continuar a andar de skate? E qual seu vídeo favorito? O que me estimula a continuar é o mesmo motivo desde o começo, que é me divertir, tentar evoluir ao máximo que puder e querer mostrar o real significado do skate aos mais novos que me acompanham. Meu vídeo favorito é o Lakai Fully Flared. (GUTO JIMENEZ) Você ficou um bom tempo até virar pro, isso numa época em que muitos procuram achar atalhos pra encurtar o caminho. O que levou a isso e quais lições você leva desse período de passagem? Eu acredito que para ser pro precisa ter uma história no skate. Querer encurtar o caminho é se tornar só mais um pro de carteirinha e eu nunca quis isso, entende? A lição é essa: saber que ser profissional não é brincadeira, tem que se sentir e estar pronto para o que virá pela frente. (JOVANI PROCHNOV) Como amador você viajou para diversos lugares,

teve partes de vídeo, fotos em revistas, compromissos com patrocinadores, entre outras coisas. E agora como profissional, o que muda? Como encarar e fazer diferente nessa nova fase em que a "cobrança" aumenta? Pra mim não muda muito, porque eu mesmo me cobrava a fazer um trabalho sério como amador, nos meus projetos e tal. O que muda é que agora carrego o nome de profissional, mas trabalhando com a mesma seriedade, encarando como novos aprendizados e me cobrando mais com a postura e em saber lidar com o público.

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DOUBLE TAP POR @SAKA47

A LUZ QUE A FOTOGRAFIA REVELOU PARA ROBSON SAKAMOTO ELE PASSOU A APLICAR NO SKATE. HOJE, COM A EXPERIÊNCIA VIVIDA NO JAPÃO E NA CALIFÓRNIA, ALÉM DAS PASSAGENS POR MARCAS RENOMADAS DO MERCADO, FEZ DELE UM DOS FOTÓGRAFOS MAIS EXPRESSIVOS DA ATUALIDADE

1 @THECAST HALFCAB FS BOARD

2 @MARIOHERMANI #THREEFLIP

3 @WILLIAM_CHOU SS FS CROOKED

4 @RAFAELZINHOSAKAMOTO #FUTURE

5 BOO JOHNSON PORTRAIT 2010

6 @MARCELLOGOUVEA OLLIE DROP

PE RFIL

ROBSON SAKAMOTO A Olympus Trip 35 foi a câmera que levou Robson Sakamoto ao mundo da fotografia, presente de pai quando ainda tinha oito anos de idade em sua cidade natal, Maringá. E foi no período em que morou no Japão, entre 2004 e 2006, que ele se interessou realmente pelos cliques de skate. Mas é no ano seguinte, quando ele foi para a Califórnia, que a paixão em fotografar

skateboarding começou a se transformar em profissão, com imagens assinadas de skatistas relevantes do cenário nacional e internacional. Em 2012 mudou-se para São Paulo, adicionando ao se currículo profissional trabalhos desenvolvidos na área de marketing com marcas nacionais de skate. Inspirações: Flavio Samelo, Anthony Acosta, Atiba Jefferson e Terry Richardson. TRIBO SKATE • 21

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THOMAS TEIXEIRA

PR A TO PRIN C IPAL

Al moço tricks PARA OS SKATISTAS QUE TRAMPAM EM HORÁRIO COMERCIAL, A SAGRADA PAUSA DO ALMOÇO ACABA SENDO UM DOS ÚNICOS TEMPOS LIVRES DURANTE O DIA PARA SE COLOCAR AS MANOBRAS NOS PÉS. MAS A ESCOLHA É SEMPRE CRUEL: OU SE MATA A FOME OU SE ANDA DE SKATE! E MESMO LIDANDO DIRETAMENTE COM O SKATE NO TRAMPO, É NESTA HORA QUE ESTES QUATRO SKATISTAS NÃO DEIXAM DE ALMOÇAR TRICKS.

POR JUNIOR LEMOS FOTOS THOMAS TEIXEIRA E GABRIEL TREVISAN

A

Galeria do Rock no centro de São Paulo concentra diversas skateshops e em algumas delas há skatistas que administram e/ou atendem aos clientes. É por ali também que estão os principais picos do skate de rua da região central, combinação perfeita que faz Lucas, Raoni, Diogo e João colocarem o skate pra manobrar no horário do almoço. O pico mais provável para trombar os marmiteiros de manobras é o solo do Teatro Municipal. Chão liso, arquibancada vip e fica do lado da galeria. Por isso, manobras de flat por ali acabam sendo a escolha para aquela esticada de pernas ou quando se tem apenas alguns minutos pra matar a fome de skate. Mas por ali também tem o Vale do Anhangabaú e um pouco mais de remada se chega ainda à Roosevelt. Mas vale manobrar em qualquer pico! O banco do ponto de ônibus, a paredinha inclinada na esquina, porque da mesma forma que comemos aquela coxinha engordurada em qualquer lugar quando estamos com fome, o pico é o que menos importa quando a vontade é de matar a sede de tricks.

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THOMAS TEIXEIRA

“A V O N TA D E E O AMOR PELO CARRINHO SUPERAM T U D O E N TÃ O O TEMPO QUE TENHO ME DEDICO AO MÁXIMO PRA MINHA E V O L U Ç Ã O N O S K AT E "

LUCAS OLIVEIRA, fs pivot TRIBO SKATE•23

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PRATO PRINCIPAL

“A V O N TA D E V E M D E A P R O V E I TA R A VIDA! TEM MOMENTOS QUE A MELHOR COISA Q U E S E FA Z É LARGAR TUDO E I R FA Z E R U M A S E S S Ã O ”.

JOÃO RICARDO, bs wallride

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RETRATOS: THOMAS TEIXEIRA

GABRIEL TREVISAN

DIOGO VILELA (RONALDINHO) 28 anos, 15 de skate de São Paulo, SP Nineclouds, apoio: Moska Wheels Trabalha com skate desde 2009

LUCAS DE OLIVEIRA

25 anos, 11 de skate de São Paulo, SP Klandestina, Destroyer Bearings e Mosh Streetwear Trabalha com skate desde 2009

RAONI SILVA (RAONINJA)

29 anos, 15 de skate de São Paulo, SP, mora em Caieiras apoios: Flowsk8 e Colex Oficial Trabalha com skate desde 2007

JOÃO RICARDO

33 anos, 18 de skate de São Paulo, SP Trabalha com skate desde os 15 anos, é também representante de marcas de skate em SP TRIBO SKATE•25

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GABRIEL TREVISAN

PRATO PRINCIPAL

"UM SOLINHO DE 40 MINUTOS JÁ DÁ UMA ALIVIADA E UM GÁS E X T R A PA R A CONTINUAR T R A M PA N D O E FOI DAÍ QUE SURGIU O ALMOÇO TRICKS”

RAONI SILVA, bs crooked 26•TRIBO SKATE

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THOMAS TEIXEIRA

“ V E J O M U I TA S PESSOAS PA S S A R E M C O M S K AT E E M F R E N T E À LOJA E O DIA T O D O M O N TA N D O S K AT E M E D Ã O M U I TA V O N TA D E D E ANDAR , SEM DÚVIDAS"

DIOGO VILELA, fs flip TRIBO SKATE•27

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ENT R E V ISTA A M

DENIS

PITIGLIANE

A VOLTA

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ROSSATO LIMA

A POR CIMA AS COISAS ACONTECERAM BEM CEDO PARA DENIS PITIGLIANE! AOS QUATRO ANOS CONHECEU O SKATE, AOS DEZ MUDOU DE CIDADE E AOS 18 ENFRENTOU A TÃO TEMIDA OPERAÇÃO NO JOELHO, EXPERIÊNCIA QUE O FEZ REENCONTRAR A FORÇA DE VONTADE EM MANOBRAR E DEU A VOLTA EM TUDO ISSO, GRAÇAS À ENERGIA DOS AMIGOS DE SKATE, COMO VISTO EM SUA ÚLTIMA VÍDEO PARTE: EXPRESSO BRASIL.

POR JUNIOR LEMOS FOTOS THOMAS TEIXEIRA E ROSSATO LIMA

Seu sobrenome é bem diferente, qual é a origem? Hahaha! A maioria das pessoas se atrapalha em falar meu nome no começo, mas acho que é tranquilo. Gosto bastante do meu sobrenome, acho diferente e ele é de origem italiana, por parte da família do meu pai.

E o lance do skate na sua família, você foi a ovelha negra ou o orgulho dos parentes?

360 FLIP

Na verdade já fui ovelha negra da família, por eles no começo acharem que o skate fosse coisa de vagabundo e que eu não pudesse ter um futuro com ele. Hoje em dia quem me apoia é minha mãe, meu irmão Diangelis, que me ensinou a andar de skate, minha esposa e meus amigos. Mas quem me dá a maior força mesmo são meus amigos, Jesué Tomé e Roberto Souza, que sempre estiveram comigo e sempre acreditaram em mim e no meu skate. TRIBO SKATE•31

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THOMAS TEIXEIRA

ENTRE VISTA A M Hoje quem são os locais que você coloca aquela pilha aí em Tubarão? Tem vários moleques que andam muito como o Arthur Molon e outros que estão começando agora, como os gêmeos Frederico Silva e Henrico Silva. Esses eu tenho certeza que têm um futuro muito promissor no skate. Eles têm total apoio dos pais, apoio da Alfa, e isso é fundamental e com certeza eles vão longe. Além deles, tem outros que andam na Plaza de Tubarão, onde também ando diariamente. Sempre procuro ajudar os moleques a entender e entrar na cena do skate para dar continuidade na tradição do skate da cidade.

Seu skate é bem completo, mas há algum terreno que você deixa pra encarar apenas em momentos especiais? Corrimão é o que mais sou travado. Penso bem antes de descer algum depois que tive uma lesão no joelho. Agora que estou me destravando, mas eu curto mesmo é andar em bordas, gaps e manual.

O que foi mais difícil na lesão: a operação ou a recuperação? Os dois! Primeiro porque eu não tinha condições de fazer a cirurgia quando torci meu joelho, então fiquei apavorado. Fui colocar meu nome na lista do SUS e tinha mais de 750 pessoas na minha frente. Quase desisti, na real! Graças ao Thales Prates e a Aline esposa dele, que me abriram a mente; fizemos um campeonato para arrecadar verba para poder fazer a cirurgia. Não levantamos o valor suficiente para a cirurgia, mas sobrou alguma coisa que usei no pós-operatório. E no fim das contas foi graças aos pais do Arthur Molon, Lidiane e Reginaldo, e o Júlio BS LIPSLIDE Kurisquinho, que me apresentaram o Dr. Vilmar. Ele era conhecido da mãe do Arthur, que o explicou minha situação e por uma benção de Deus ele me operou Como era na época que você começou a andar de skate e quais foram os locais que te ensinaram a manobrar? depois de duas semanas. Mas veio mesmo o alívio no peito quando o médico falou que eu ia voltar a andar de skate. Eu Quando comecei a andar de skate eu era bem novo, tinha só tinha que fazer o que ele orientasse e tudo iria dar certo, apenas quatro anos de idade e com dez anos meus pais e graças a Deus deu. Superei esse obstáculo na minha vida e vieram pra Tubarão. Nós andávamos em Valinhos na hoje estou aqui novamente, andando de skate por amor e mais varanda de casa e também em uma associação que tinha focado ainda para seguir em busca do meu profissionalismo. uma pista de skate. Depois que viemos morar em Tubarão, meu irmão apresentou os amigos deles e aí que conheci E em que sentido essa experiência te fortaleceu? a galera daqui, que andava no antigo Angeloni: Roberto Para mim, foi quando eu abri os olhos e vi que skate Souza, Jesué Tomé, Philipe Gordo, Raniere, Gabriel, Boca, não era uma simples brincadeira. Como queria viver de Salvio o skatista caminhoneiro, que já me aguentou em skate, eu tinha que cuidar da minha saúde e buscar fazer várias viagens para São Paulo, e também o irmão do um treinamento funcional e uma preparação física para Salvio, o Pipo, que também já me deu algumas caronas pra prevenir as lesões. Skate é bem louco, é muito impacto, e isso SP. Foi depois que comecei a andar com essa galera que me fez cair na real sobre o que eu não estava fazendo para passei a entender um pouco da visão de ser um skatista de preservar minha saúde. Essa fase também me fortaleceu verdade. Quem me ajudou muito mesmo foi o Jesué, que é para eu ter mais foco em fazer o trabalho correto no skate. dono da Alfa Skateboards, e o Roberto, que hoje é skatista Fiquei um ano e quatro meses sem andar, pensei demais profissional. Eles foram praticamente meus pais e meus em skate e quando voltei, estava com muito mais vontade e padrinhos mesmo; me colocaram na cena do skate, me muito mais forte para fazer o corre. ensinaram muitas coisas e me ensinam até hoje. 32•TRIBO SKATE

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THOMAS TEIXEIRA

DENIS PITIGLIANE

21 anos, 17 de skate De Valinhos, SP, mora em Tubarão, SC Alfa Skateboards, Amount Skate e Tesla Footwear

THOMAS TEIXEIRA

BS OLLIE FAKIE NOSEGRIND

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THOMAS TEIXEIRA

ENTRE VISTA A M

FAKIE SHOVIT SWITCH NOSE MANUAL FAKIE BIGSPIN OUT

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FELIPE OLIVEIRA, fifty

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LOOK DAT TEAM A HISTÓRIA DO VÍDEO QUE CELEBRA O MOMENTO VIVIDO PELO SKATISTA FELIPE OLIVEIRA, PRESTES A TER SEU NOME ESTAMPADO NUM SHAPE, MANOBRANDO E VIVENDO JUNTO A SEUS AMIGOS DO COLETIVO LOOKDATSHIT FOTOS E TEXTO FERNANDO GOMES

Existem algumas formas de um skatista oficializar sua profissionalização. Nome no shape, lista de confederação, planejamento com patrocinador, surpresa da marca, vídeo parte ou a combinação entre essas e outras opções. Tendo a criatividade como aspecto que mais chama atenção em seu skate, Felipe Oliveira escolheu “passar pá pro” do mesmo jeito que escolheu viver sua vida: manobrando junto com sua crew pelas ruas de sua cidade. O resultado dessas sessões vai ser apresentado no vídeo que está sendo produzido pelo videomaker Alan dos Anjos e que em breve ganhará as ruas junto ao shape que oficializa esse momento na vida de Felipe. Além de uma nova vídeo parte de Felipe, os skatistas Célio Kodai, Luis Moschioni, Pedro Lima e Rodolfo Gabriel também atuam como protagonistas das manobras do vídeo, que ainda vai contar com tricks de mais alguns amigos e intervenções urbanas para além do skate. Colei na Casa da Look, que além de lhes servir de lar também funciona como estúdio de tatuagem e espaço cultural, e troquei uma ideia corriqueira com os caras sobre esse momento e o que eles estão preparando.

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VÍDEO

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FELIPE OLIVEIRA, wallie body varial TRIBO SKATE•41

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VÍDEO

PEDRO LIMA, fs shovit 42•TRIBO SKATE

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PEDRO LIMA, fs wallride

SOBRE O VÍDEO FELIPE: A minha ideia foi surgindo bem no flow. Desde meus últimos vídeos eu já vinha pensando em como botar os caras nele também e que ficasse de um jeito legal, porque a internet tá foda, é muita coisa e sinceramente eu não tenho assistido tanta coisa por esse excesso mesmo. Então, eu não queria fazer só mais um; mais do mesmo, saca? Pensei em fazer uma parada legal, que tivesse meus amigos e uma parte minha, daí coincidiu que tá pra sair o meu shape; o fato de a gente estar junto aqui na casa e alguns amigos de outras cidades passando um tempo por aqui também. Foi tudo se alinhando. Pedrinho mesmo, que é de Maceió... quando eu estava pensando em fazer o vídeo ele também queria voltar pra cá e aí botei uma pilha pra ele colar mesmo. E ele rendeu uma parte cabreira pro vídeo. Foi massa conseguir filmar com ele porque praticamente não tem coisa dele lançada e vai ser massa que a galera vai poder ver mais o rolé dele. ALAN: Na real, a ideia do vídeo veio bem antes até do shape. A gente já pretendia fazer o vídeo da Look e agora vai ser também o vídeo de lançamento do shape. Tem tricks de mais alguns amigos também e a parte de LVC Vandalism, que é um pichador de outra geração do skate mas tá na rua com a gente

" O VÍDEO É BASICAMENTE ISSO, O RETRATO DA REALIDADE QUE A GENTE TÁ VIVENDO." e a parte vai ser mostrando algumas intervenções de rua que ele faz por aqui. Na trilha, a gente também tá buscando colaborar com artistas que a gente acredita, Pedro Leonelli é um deles. ARROZ: O vídeo é basicamente isso, o retrato da realidade que a gente tá vivendo, seja de Alan tendo mais tempo pra filmar à noite por causa dos outros trampos dele ou de a gente está todo mundo andando junto nos picos perto de casa, ocupando a brecha do sistema na cidade. TRIBO SKATE•43

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VÍDEO

ARTE, SORRISOS, TATUAGEM, ATIVIDADES DOMÉSTICAS, EQUIPAMENTOS DE FOTOGRAFIA E FILMAGEM, VISITAS DE AMIGOS E MUITO SKATE FAZEM PARTE DO COTIDIANO DO COLETIVO. ESSA É UMA SÉRIE DE FOTOGRAFIAS DE UMA NOITE COM OS CARAS, ENTRE O FIM DA ENTREVISTA FEITA NUMA RODA DE CONVERSA NA CASA DA LOOK E O COMEÇO DE MAIS UMA SESSÃO DE FILMAGEM PELAS RUAS DO RIO VERMELHO

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FELIPE OLIVEIRA, flip

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VÍDEO

RODOLFO GABRIEL, no comply shovit

" QUANDO TEM GENTE ANDANDO DE SKATE É ATÉ MAIS DIFÍCIL ROLAR TRETA, ASSALTO..." RIO VERMELHO FELIPE: Isso de ter bastante coisa filmada no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, tem muita influência também da dificuldade de custo de sair seis, sete cabeças pra filmar e da grana pro transporte que tá osso. Junto a isso tem o fato de a gente estar morando aqui e do bairro ter ficado cheio de picos depois das reformas recentes. Grande parte do vídeo é filmada à noite também porque acaba sendo o momento em que a gente tem mais tempo livre. Tudo se encaixou mesmo pra que fosse assim. Hoje tem um “point do skate” no bairro, que ó o lugar que a gente apelidou de peitinho, por causa da

transição DIY que foi construída lá e era um pico que antes da reforma era bem underground, escurão, rolava assalto e tal... e depois da reforma o pico foi ocupado pelos skatistas. PEDRO ALBAN: Um detalhe sobre o Rio Vermelho é que quando rolou a reforma todo mundo logo viu que rolou bastante pico, mas eu não achei que “o point” ia ser onde hoje é o peitinho. Tem outros lugares no bairro que até são mais skatáveis, mas aí você percebe que não é só o pico de skate exatamente, é o fato de ser longe do movimento dos bares, de ser mais escondido, do fluxo unilateral de carros... outras coisas que contribuíram pra essa ocupação. LVC: Ainda é um ato político né, porque a gente ocupa o espaço e também cuida, de não deixar destruir o local e manter essa interação também com as outras pessoas. Quando tem gente andando de skate é até mais difícil rolar treta, assalto... É o lugar que a gente se sente em casa. LÉO ALGA: Peitinho is my life! (risos)

O QUE É LOOKDATSHIT LVC: Pra mim é um manifesto foda-se. ALAN: É tipo uma continuação de nossa antiga crew, a FDN, que já era uma coisa meio foda-se, até porque se chamava

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LUIS MOSCHIONI, ollie up to grind TRIBO SKATE•47

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VÍDEO

CÉLIO KODAI, fs wallride 48•TRIBO SKATE

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fedenos né, ninguém tava nem aí pra nada (risos). E a Look termina sendo uma continuação disso. PEDRO ALBAN: Fala-se que skate é individual mas nunca foi isso na verdade. Quase ninguém gosta de ficar horas andando sozinho. Desde sempre você tem um grupo que anda com você e que alguns vão se afastando e outros se aproximando. É essa constelação que nesse momento eu vejo na Look. É o momento também em que o skate de Salvador deixa de ser só de Salvador e se torna polo, skate como tem que ser mesmo. ARROZ: É tipo “Olhe essa merda” mas veja que tem um bagulho bom também. É um coletivo. A amizade, skate, sem diferença de nível nem entre as pessoas. É um coletivo que todo mundo se observa também e acaba aprendendo um com o outro. LÉO ALGA: a L-O-O-K é minha vida. Eu entrei, engordei, fiz várias tattoos, tô nas streets, furei a orelha, aprendi a me comportar e me vestir. RADILUA: Por que qualquer pessoa não pode entrar na Look? FELIPE: É tipo uma casa de recuperação, não é todo mundo que consegue se internar nessa e viver assim. Tá cada vez mais intervenção mesmo, a gente quase nunca tá só, tem sempre dois pelo menos. E com Léo na gerência há alguns meses tá cada vez mais difícil porque pro cara aguentar ficar um tempo nisso... só Pedrinho mesmo! (risos)

"É UM COLETIVO. A AMIZADE, SKATE, SEM DIFERENÇA DE NÍVEL NEM ENTRE AS PESSOAS."

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D A N I E L

M A R Q U E S

C O M O S E M A N T E R S U A V E N O M E I O D A

T R E T A ?

A M É M A O R A I O N O V A Z I O E S C U R O FOTOS ANDRE CALVÃO TEXTOS DANIEL MARQUES

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HANG UP OLLIE TO MELON

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DURANTE AS SESSÕES DO STALL NA SAÍDA DO METRÔ VERGUEIRO (FOTO DA PÁGINA 60), ACONTECERAM DUAS COISAS INTERESSANTES QUE DEPOIS FICARAM NA CABEÇA E A PARTIR DELAS SURGIRAM ESSES DOIS TEXTOS QUE COMPARTILHO AQUI NAS PRÓXIMAS PÁGINAS. UMA FOI NO PRIMEIRO DIA, QUANDO TENTEI UM TEMPÃO E NÃO VOLTEI. A OUTRA FOI NO SEGUNDO DIA, O DO ACERTO, UMA PARADA QUE FIQUEI BRISANDO QUANDO PERCEBI QUE ERAM QUATRO OLLIES SEGUIDOS EM UM ESPAÇO MUITO CURTO DE TEMPO E O QUÃO ESPECIAL É ESSA FRAÇÃO DE MOMENTO. ISSO ME VEIO ENQUANTO TINHA QUE FICAR ESPERANDO O SINAL DO ANDRÉ, AVISANDO

DANIEL MARQUES

30 anos, 19 de skate De São Bernardo do Campo, SP, mora em São Paulo adidas Skateboarding, Agacê, Crail Trucks, Maze Skateshop. Apoio: Altai Company

QUE O CAMINHO ESTAVA LIBERADO PRA IDA. OS TEXTOS FORAM ESCRITOS EM 21 DE JUNHO DE 2017, DIA INTERNACIONAL DO SKATE, DIA INTERNACIONAL DO YOGA E SOLSTÍCIO DE INVERNO. 54 • TRIBO SKATE

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C O M O S E M A N T E R S U A V E N O M E I O D A T R E T A ? Quando já estava tentando o stall há quase duas horas, em uma das tentativas, logo que errei e naquele estado intenso que a gente fica quando está tentando uma manobra um tempão, olhei pro André e pro Granja (que estava filmando no dia) e lancei pra eles: “éééh... como se manter suave no meio da treta?”, que na verdade estava questionando isso pra mim mesmo. Voltei caminhando pela calçada, pro lugar de onde eu partia pra pegar gás, repetindo essa pergunta pra mim mesmo. E até agora, enquanto escrevo, não tenho uma resposta concreta e pelo jeito nem vou ter. A resposta talvez esteja na prática, no ato do momento, mas... o que é a treta?! Essa é a questão e talvez um vestígio da solução. A treta é relativa, ela existe dependendo de como nos posicionamos diante da situação. Então é tipo uma escolha; e se manter suave também pode ser uma escolha, é questão de sustentação e uma observação mais ampla. Claro que tem casos que são exceção. Já percebi que são tranquilas pra mim várias situações e acontecimentos, enquanto pra outros são uma treta, ou fazem virar uma (rs). E várias situações que pra uns são suave pra mim são a maior treta. No caso dessa sessão, que é como já aconteceu em várias outras, entrei na ‘treta’ quando começou muita repetição de tentativas. Nem estava cansado fisicamente, que é uma das coisas que mais me desalinha. Porém o mental e emocional, por causa das repetições, começa a abalar e umas tentativas nada a ver criam tipo uma irritação no corpo na hora que erra. E aí, como ficar suave? Gritar? Tacar o skate, reclamar, falar, falar e falar? Ou respirar fundo, dar uma sacudida no corpo pra liberar as tensões e assim criar uma brechinha de tempo que torna possível trazer um pouco de consciência pro

sistema nervoso não ter uma resposta automática agressiva e se reconstituir mais suave? É tudo relativo! Às vezes um grito ajuda a ficar suave também, ou não. Eu lidei da mesma forma por muito tempo, e confesso que tive e tenho todas essas reações que citei acima. Porém, agora com algumas novas ferramentas e técnicas que tenho experimentado e tem sido bem úteis pra me manter suave por mais tempo. Cada um tem suas ferramentas, ou pode ir descobrindo novas para experimentar. A treta também vem muito do desejo de acertar, de sentir a sensação da manobra por inteira, de ter aquela imagem que está ficando boa, de conseguir dar um jeito em mais uma situação complicada, e isso cria o medo de não conseguir, de tentar tanto e nada, ou até mesmo o receio de se machucar que está sempre presente. Então, olhando um pouco mais amplo, dá pra perceber que a treta dessa situação era uma escolha minha; o desejo também! As repetições também. Eu poderia mudar a intenção com que estava tentando, buscar mais neutralidade, ou poderia parar, ficar de boa, aceitar, mas parece que a gente tem uma tendência a gostar de uma ‘treta’, né? Não é assim na vida? No dia a dia? Por quantas situações podemos passar mais suavemente apenas por uma questão de ponto de vista, de controle dos desejos, do que temos como valores em relação a julgamento, de perceber o ego; por questão de paciência, desapego, ou de bons hábitos que harmonizam e nos preparam para a ‘treta’. Mas... qual é a treta mesmo? Se é que a treta existe.

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A M É M A O R A I O N O V A Z I O E S C U R O As diversas qualidades do Silêncio foram enumeradas de modo que possamos, gradualmente, experimentar a natureza complexa do Silêncio e, ao fazê-lo, começar a sentir algo realmente extraordinário. Nós começamos a ter momentos em que experimentamos a nós mesmos como Seres do Tempo e não seres no tempo. E o que significa a experiência de ser um Ser de Tempo? O Silêncio é completamente ativo e da maneira mais quieta possível. Quando estamos dentro dele, nós nos transformamos em atividade plena... Essa atividade tem a qualidade da duração, uma experiência interior de tempo que não é medida pelo relógio.” (Robert Sardello, "Silence")

Quatro ollies em aproximadamente dois segundos é o que acontece nesse stall. Dois segundos que não são sentidos nesse tempo, não por ser muito curto mas sim porque são dois segundos em que o tempo é transcendido. Ele então não dura nada e ao mesmo tempo uma eternidade. Talvez o único momento em que experimento o verdadeiro Silêncio, ou pelo menos tenho um relance dele no dia a dia. Mesmo que já tenha tido algumas experiências de conexão muito fortes com práticas corporais, meditações, uso de enteógenos, ou momentos de contemplação, sinto que é com o skate que eu chego mais próximo desse momento de Silêncio. Mesmo sendo o inverso do que se possa imaginar do que seja esse silêncio, fazendo uma coisa que envolve tanto barulho, movimento, atividade interna intensa, caos externo. Por ser no meio da cidade, entre pessoas, ônibus, carros, poluições, esse pequeno momento de tempo me

permite estar em total presença ativa com tudo que está acontecendo naquele momento, sem nada externo, do antes ou depois, apenas tudo junto num instante só, o corpo em um estado que não sei nem achar uma palavra pra descrever agora. E esse momento é, por exemplo, nesse curto fragmento de quebra do espaço/tempo desse stall, que começou um pouco antes de bater o primeiro ollie e durou até o momento em que o skate volta para o chão e percebo que acertei, que é quando a emoção e pensamento me trazem imediatamente para o tempo linear novamente. Não que isso seja ruim, o êxtase que vem nesse momento é uma das sensações mais fodas também. O antes da manobra envolve muito barulho mental e emocional, mas na ida já começa o preparo pra entrada no silêncio, com a atenção no que está acontecendo ao redor e internamente para poder ir. Assim que subo no skate, esse estado de presença começa a modificar mais ainda. O skate, em contato com o chão, vira condutor de uma espécie de mantra poderoso que vem do fundo da terra. E o skate em contato com os pés faz com que essa energia penetre na sola dos pés, suba pelas pernas, quadril, até chegar no coração, me colocando numa frequência vibratória diferente e fazendo com que corpo, skate, chão e ar virem uma coisa só.

" O S K AT E , E M C O N TATO COM O CHÃO, VIRA C O N D U TO R D E U M A ESPÉCI E DE MANTRA PODEROSO QUE VEM DO FUN DO DA TE R RA" TRIBO SKATE • 61

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E, ao mesmo tempo, a mente na atividade louca trocando de pensamento a cada segundo ou milésimo de segundo. Pensando se não está vindo ninguém no mesmo caminho, se estou com pouca velocidade ou muito rápido, no desvio da tampa de concreto do chão que está um pouco levantada e com um buraco do lado. Se vou bater o ollie errado na entrada e ir de ombro na transição ou se é agora que vou acertar. Tudo isso ao mesmo tempo em que o corpo entra numa firmeza, numa mistura doida de tensão e leveza que a manobra exige. E quanto mais perto chega do momento do ollie, mais o pensamento se centra e neutraliza. Até que quando se bate o tail a presença vira plena pra fazer acontecer aquele movimento. Nem sempre isso acontece, mas quando acontece é talvez um dos motivos que mais faz a gente querer sair pra andar de skate e talvez, também, nem temos muita consciência disso, ou nem precisamos ter. Nem de tantas explicações e falação como fiz aqui, o importante e o que desejo mesmo é que cada um possa ter seus encontros com o Silêncio, esse valioso relance do que faz toda a merda valer a pena. Esse pequeno raio no vazio escuro que quem já foi tocado por ele, seja andando de skate ou de outra forma, nunca mais foram os mesmos, pelo menos em algum sentido da vida.

Aqui descrevi sobre o momento de uma manobra em uma sessão fazendo foto e filmando, um rolê mais ‘travado’. No rolê de skate mais fluído do dia a dia esses relances podem acontecer muito mais. Que saibamos aproveitar! Essa experiência tão cabulosa, entre tantas outras, que o skate pode nos proporcionar. E é por tudo isso e mais um pouco ainda, que aproveito aqui para agradecer ao Tudo e a todos que ascenderam a chama do skate e fazem o fogo dele queimar da forma que queima hoje, e agradecer por tudo que vivo através dele e as experiências e relações que me proporciona.

AMÉM, AO RAIO NO VAZIO ESCURO! → ENTREVISTA E MAIS FOTOS:

TRIBOSKATE.COM.BR

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C A SA NOVA

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CARLOS ALBERTO RODRIGUES ‘JUNIN’

22 ANOS, 10 DE SKATE DE BRASÍLIA FOTOS CAMILO NERES

Skate e roupas atuais: Shape Capital, rodas Honeypot, rolamentos Reds e trucks Bravo. O que não suporta mais ver no skate: Skateparks acabados ou sem nenhuma reforma. Manobra que ainda pretende acertar: Nollie flip noseslide de front. Principal rede social que usa: Instagram (@carlosrjunior) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de marcas locais. Skatista profissional em quem se espelha: P-Rod. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Red Bull. Atual melhor equipe de skate brasileira: DC Shoes. Amador que gostaria de ver pro: Hudson da Paz.

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"VOCÊ JÁ ANDOU DE SKATE HOJE?" 04/07/17 18:36


Skate e roupas atuais: Shape Emperor, trucks Crail, rodas Alta Wheels e rolamentos Red Bones. Visto tudo da Blunt Brasil e tênis Vans. O que não suporta mais ver no skate: Os que andam de skate por moda. Manobra que ainda pretende acertar: 540. Principal rede social que usa: Instagram (@moskinta) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Nenhuma. Skatista profissional em quem se espelha: Otavio Neto. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Playstation. Atual melhor equipe de skate brasileira: Blunt Brasil. Amador que gostaria de ver pro: Peter Volpi.

BS SMITH

WESLLEY ALVES ‘MOSKITO’

15 ANOS, 4 DE SKATE DE SÃO PAULO FOTOS ROBSON SAKAMOTO

"VOCÊ NÃO PARA DE ANDAR DE SKATE PORQUE FICA VELHO, VOCÊ FICA VELHO PORQUE PARA DE ANDAR DE SKATE" casanova_254_1.indd 65

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C A SA NOVA

GUILHERME FRANÇA ‘ELBA’

18 ANOS, 7 DE SKATE CAMPO GRANDE, MS FOTO CAMILO NERES

Skate e roupas atuais: Shape Argan, rodas Diet, rolamentos Independent e eixos Crail. Touca Vegetal, camiseta Rema, bermuda ou calça Foton e tênis adidas. O que não suporta mais ver no skate: Skatistas deixarem de andar pela falta de material. E pelo preço que está cada vez mais alto! Manobra que ainda pretende acertar: Hardflip bs tail bigspin out. Principal rede social que usa: Instagram (@guilherme_francask8) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de picos skatáveis bons e cobertos. Skatista profissional em quem se espelha: Pedro Iti. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Takamine Atual melhor equipe de skate brasileira: Simple. Amador que gostaria de ver pro: Talles Silva. (Patrocínio: Rema Board House, apoio Gt94art)

"PEDIR MENOS, AGRADECER MAIS" casanova_254_1.indd 66

FLIP FS ROCKSLIDE

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NOLLIE FLIP

WESLEY GOIS ‘DENTE’ 25 ANOS, 12 DE SKATE DE SALVADOR, BA, MORA EM SP FOTOS FERNANDO GOMES

Skate e roupas atuais: Shape Rua Pura, rodas Control, rolamentos Exit e eixos Stronger. Boné TagEight, camiseta Gueto Unido e tênis adidas. O que não suporta mais ver no skate: Falta de respeito. Manobra que ainda pretende acertar: Nollie flip fs noseslide. Principal rede social que usa: Instagram (@wesleydente) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de investimento de boas marcas no skate baiano. Skatista profissional em quem se espelha: Alex Cardoso. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Latam. Atual melhor equipe de skate brasileira: Nype do Gueto. Amador que gostaria de ver pro: Anderson Lucas. (Apoio: Vilma, Foco Griptape, Fully, Gueto Unido, TagEight Co. e Cardoso Family).

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"SEM DOR, SEM GANHO" 04/07/17 18:37


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RICARDO GONÇALVES ‘RIK’

18 ANOS, 6 DE SKATE DE SÃO PAULO, MORA EM NATAL, RN FOTOS CESAR MATOS

Skate e roupas atuais: Shape Zero, rodas Black Label, rolamentos Everlong, trucks Thunder. Boné Krooked, calça Renner, camiseta e tênis Vans. O que não suporta mais ver no skate: A galera querendo aparecer e andando de skate pra ser melhor que o outro. Manobra que ainda pretende acertar: Impossible 50-50 descendo uma hubba. Principal rede social que usa: Instagram (@Ricardogonc_) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de incentivo das marcas e de lugares apropriados. Skatista profissional em quem se espelha: Elijah Berle. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Leader Bikes. Atual melhor equipe de skate brasileira: Converse Cons. Amador que gostaria de ver pro: Tiago Brasil. (Patrocínio: Lee boards)

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"VAI DAR CERTO CATCHORRO" 04/07/17 18:37


Skate e roupas atuais: Shape Kronik, rodas Spitfire, rolamentos Reds, eixos Indy e tênis Öus. O que não suporta mais ver no skate: Maluquinho pé de breck. Manobra que ainda pretende acertar: Switch 3flip na escadinha da Sé. Principal rede social que usa: instagram (@chalestropical) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: A falta de um chãozinho amplo, plano, liso, mas nem tanto, e que fosse bem iluminado. Skatista profissional em quem se espelha: Rafael Gomes. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Heineken. Atual melhor equipe de skate brasileira: Os meus e os seus amigos. Amador que gostaria de ver pro: Yuri Facchini.

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FELIPE CHALES 30 ANOS, 18 DE SKATE DE CURITIBA, PR FOTOS MANOEL MARTINS

"TANDO RUIM OU TANDO BÃO, SKATEBOARD COM OS IRMÃO!!!" casanova_254_1.indd 69

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T R A ÇOS E R ABISCOS

PER F IL D O A RTISTA

LE AN D R O DE X T ER

TEXTO EDU REVOLBACK X FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Quando você começou a se interessar por arte? Desde os três anos já passava noites criando, no lego, na massinha. Sempre pirei em fazer as coisas do meu jeito! Sabia desenhar e queria ser ilustrador mesmo, de quadrinhos, etc. Em 2003 me formei em redes de computadores por estar em um trampo na área e em meados de 2012 voltei a desenhar. Era tudo mais fácil quando não havia responsa e a ilustra foi um hobby que começou a dar dinheiro em 2013, quando peguei alguns merchs de bandas de hardcore de amigos pra fazer. De 2016 pra cá acabei pegando uma clientela de rap que foi se multiplicando, foram aparecendo os freelas e hoje em dia tenho que escolher quais trampos fazer pra conseguir dar conta da demanda.

Quais foram essas trabalhos feito pro rap? Minha entrada no rap foi pelo meu brother Doncesão! Depois, por coincidência, apareceu um trampo pra fazer pro Necro (Brooklyn, NY). Em seguida, por intermédio do Doncesão, o D2 me contatou pra fazer o pôster da tour dele com a Pirâmide Perdida, grupo do qual

ROBSON SAKAMOTO

LEANDRO CAVALCANTE LEITE, MAIS CONHECIDO COMO DEXTER, É UM JOVEM PROMISSOR VINDO DE GUARULHOS QUE SE DESTACA POR SUAS ILUSTRAÇÕES E OS ÓTIMOS TRABALHOS FEITOS PARA GRANDES MARCAS DE SKATE, ALIMENTAÇÃO E TAMBÉM PARA NOMES CONSAGRADOS DO RAP. CONHEÇA UM POUCO MAIS DO COTIDIANO DESTE TALENTOSO ARTISTA! NA MADEIRA Arte de Dexter em série de shapes com artistas feita pela Blunt

o filho faz parte e aí pintou ainda mais: Haikaiss, Djonga, Luccas Carlos e tá pra vir muita coisa ainda que tô fechando.

Até que ponto o skate influencia na sua arte? Quais trabalhos específicos você já fez? É impressionante como sempre fui péssimo em skate, mas o hardcore sempre me manteve perto dele. Eu curto muito todos os trabalhos de marcas de skate que fiz! Acho que a collab entre alguns artistas com a Blunt, pra pintar shapes de skate, foi um dos trampos mais legais que o skate me proporcionou.

Pra quais marcas você desenhou e quais destacaria? Meu primeiro contato no skate foi com a Urgh. Depois veio a Blunt. Fiz também Redbull, que tem uma parte voltada ao skate. Fiz Hurley também. Essas são as que eu acho que se destacam! Na parte de shape fiz uns trampos pra Emperor.

Quais são os seus maiores ídolos e influências na arte? Todd Mcfarlane sempre foi o maior artista de todos, na minha opinião. Aqueles tecidos que ele fazia na capa do

Batman, do Spawn. Sempre pirei nas carnificinas dele também. Quando voltei a desenhar, conheci o Godmachine, um cara do país de Gales, se não me engano. Tem também o Dan Mumford, que é uma baita inspiração na parte de luz e sombra. Ultimamente tenho curtido muito as coisas do Mike Deodato, desenhista brasileiro que trampa com a Marvel; é muita referência. Ficaria um dia inteiro falando sobre isso.

Planos futuros? Estou com a Stain, minha marca com o Victor Nocivo; nós acabamos de terminar os desenhos pra coleção de verão e mandamos para a fábrica. Agora vamos gravar um curta de terror com os caras do Cinelab, programa da Universal Channel onde três malucos muito sangue b fazem filmes de terror com pouca verba; o que foi perfeito pra Stain. E fora isso, meu maior plano é ter mais tempo pra estudar, mas tipo me internar nos estudos mesmo.

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ILUSTRAÇÕES Feitas para marca de skate

AO LADO Um detalhe de parte do processo de criação do artista

EDU ANDRADE, AKA REVOLBACK

Vegetariano, vocalista da banda Questions e um dos mais conceituados artistas urbanos da cena brasileira TRIBO SKATE • 71

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Á UDIO

E NTR EVISTA

RINCON SAPIÊNCIA

DESEJO DE LIBERDADE TEXTO EDUARDO RIBEIRO

// FOTO RENATO STOCKLER

O RAPPER PAULISTANO FAZ POESIA MUSICADA NO ÁLBUM ‘GALANGA LIVRE’. AO PROPOR UMA NARRATIVA INSPIRADA NA HISTÓRIA DE CHICO REI, ÍCONE DA LUTA ABOLICIONISTA, ABORDA O TEMA DA LIBERDADE EM TODOS OS ASPECTOS. DA RESISTÊNCIA POLÍTICA ÀS AMARRAS QUE PRENDEM O CORAÇÃO. DE PAPO COM A TRIBO SKATE, ELE DISCORREU ACERCA DISSO E FALOU AINDA SOBRE FUTEBOL E VEGETARIANISMO.

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Fale de como pintou essa ideia de fazer um álbum inspirado na história do Chico Rei. RINCON SAPIÊNCIA: O lance do Chico Rei surgiu muito por conta de que nessa contação de história africana que eu me proponho a fazer nas músicas. Às vezes a impressão que dá, quando se pensa na história africana, é que só existiu a escravidão. Mas existiram outras histórias legais, outros impérios que tinham um conhecimento avançado, consumiam do ouro, e por aí vai. Eram sociedades bem estabelecidas e estruturadas. Então, a partir disso, passei a fazer uma pesquisa a respeito da monarquia no continente africano. Foi aí que eu conheci o Manicongo, os reis no império do Congo, e Chico Rei, um rei deste império que veio para o Brasil na condição de escravo e comprou a sua liberdade e a de outros escravos. Um grande abolicionista na história preta brasileira é sem dúvida o Chico Rei, que se chamava Galanga.

Na faixa “Crime Bárbaro”, que abre Galanga Livre, o rei-escravo mata seu senhor e foge para alcançar a liberdade. Na história original que se conta, ele juntou ouro para trocar por sua alforria. Qual o intuito dessa liberdade narrativa? RINCON SAPIÊNCIA: Esse conto do escravo Galanga serve como analogia porque, nos dias de hoje, quando estou

RINCON SAPIÊNCIA: Amar passa pela libertação também. Quando falo de Galanga livre, é a liberdade de fato. Não só do personagem, mas do ser humano.

Por que nos permitimos a aceitar tantas amarras, em sua opinião? RINCON SAPIÊNCIA: Essa amarra vem muitas vezes do sentimento de culpa. Você cria o sentimento de culpa por conquistar alguma coisa. Existe muito isso.

Como foram os seus primeiros contatos com a cultura de rua? O futebol foi o que me levou pra rua. Indo pra rua eu conheci as rodas de samba, o ambiente da rua, quem era malandragem, quem fazia alguma atividade ilícita, quem não fazia, a polícia e como ela reprimia, como se comportava. Tudo eu aprendi a partir do futebol.

A foto da capa saiu muito legal. Ela reconstitui alguma cena histórica? RINCON SAPIÊNCIA: Ali é um lugar na Bela Vista, região central de São Paulo. No meu ponto de vista São Paulo toda deveria ter essa arquitetura igual Havana; aquela estética antiga, da janela, das portas. Os poucos lugares que mantêm essa arquitetura me atraem pra fazer

ESSA AMARRA VEM MUITAS VEZES DO SENTIMENTO DE CULPA QUE VOCÊ CRIA POR CONQUISTAR ALGUMA COISA. reivindicando minha posição como preto na sociedade eu não tenho assassinado ninguém pra fazer isso. O que eu quero matar são os valores racistas, a coisa de dizer que o cabelo crespo é “cabelo ruim” e uma série de coisas que sempre caíram na normatividade. Termos populares por aí que falam de preto... A proposta é essa, porque ele gerou uma reviravolta no engenho. Estamos, de certa forma, assassinando conceitos que são hostis pra nós. Essa é a simbologia do Galanga ter assassinado o senhor de engenho.

Ser pacífico não significa necessariamente ser passivo, certo? RINCON SAPIÊNCIA: Dar a outra face pode omitir a sua posição. E a nossa posição precisa ser colocada. Isso às vezes equivale a um tapa, um golpe. Precisamos entender isso.

A libertação que você propõe é política e também pessoal, como se nota em algumas faixas.

foto. Quando veio a proposta do disco, com referência da moda africana, dos dândis, eles usavam aqueles chapéus, charutos, paletós coloridos, isso me influenciou muito pra fazer a capa do álbum.

A sua opção pelo vegetarianismo tem a ver com motivos políticos, espirituais ou de saúde? RINCON SAPIÊNCIA: Eu me tornei vegetariano há 14 anos, quando tinha 17. Foi pelo lado espiritual, por influência das culturas Hare Krishna e Rastafári. Ao longo dos anos, descobri o lado social, como os grandes latifundiários do agronegócio são hostis com territórios indígenas, quilombos, e como a qualidade dos alimentos carnívoros é ruim.

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SOUNDCLOUD.COM/RINCONSAPIENCIA TRIBO SKATE • 75

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COLUNA VIS UAL

CINCO CONTO Dono de um dos skates mais sofridos que já vi, o pivete aí da foto

manha das remadas e começou a tentar o que foi sua trick do

colou de canto numa sessão que fazíamos em Lauro de Freitas,

dia: descer uma calçada. Tentou repetidas vezes, sempre numa

na Bahia. Atitude não tão comum entre os moleques de sua faixa

pegada tranquilona e determinada, como quando a gente está

de idade, soube chegar na manha e na maior parte do tempo

com um skatista pulando um gap na sessão e bate aquela certeza

observava mais do que falava.

de que o cara vai voltar a trick. Depois de várias tentativas,

Quando comentei sobre o estado de seu skate, ele revelou:

acertou, foi aplaudido pelos companheiros de sessão e lançou

"comprei por cinco conto, na mão de um brother e agora consegui

aquele sorrisão da indescritível sensação do acerto que todos nós

comprar uns rolamentos ABEC", contou felizão. Alguns minutos

conhecemos bem.

depois, quando ouviu os mais laricados entre nós reclamando da fome, ele se pronunciou com uma grande contribuição ao nosso dia:

- Como é seu nome mesmo, man? - Isaac Newton. Se escreve igual ao do cientista mesmo -

- Galera, minha mãe trabalha vendendo quentinha. Se vocês

respondeu, sorrindo orgulhoso do próprio nome.

quiserem eu posso ir lá buscar. - Quanto é? - Cinco conto.

Ele ainda não sabia nem dar ollie mas, naquele dia, já demonstrou ser mais um real skatista de rua. Fiquei feliz de ver mais um moleque passando a tarde longe de um computador,

Precisa nem comentar a alegria de um bando de skatistas

acompanhando e participando de uma sessão de skate de rua,

andando há horas abaixo de um céu sem nuvens ao saberem de

fortalecendo o corre da mãe, trocando ideia com os amigos e

um almoço de cinco conto, com direito a adaptação vegetariana,

aprendendo trick nova sem tutorial. Continue em cima do skate,

né? Depois do almoço o pivete, que era local, ainda fez o corre de

Isaac Newton!

umas paçoquitas que foram nossa sobremesa. Seguiu o dia acompanhando a sessão. Vez ou outra ficava trocando ideia com outros amigos locais, sempre na manha, tranquilão. Final da tarde, quando a maioria de nós já estava jogado pela praça naquele feliz cansaço pós-sessão, ele pegou seu skate de cinco conto e começou a andar. Já estava com a

FERNANDO GOMES

Vivedor do skate soteropolitano, é fotógrafo e jornalista

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ISSAC NEWTON: longe do computador, acompanhando e participando de uma sessĂŁo de skate de rua e aprendendo trick nova sem tutorial.

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COLUNA S K AT E S AÚ DE

T H I AGO PI NO

UM MEDO DE TODO SKATISTA: LESÃO NO LCA Um dos maiores temores de todo skatista está em machucar o

do joelho e, principalmente, de como o skatista pretende encarar

joelho, em especial o ligamento cruzado anterior (LCA), um dos

o skate após o tratamento. No caso do tratamento conservador,

quatro principais ligamentos dessa parte importante de nosso

o fortalecimento dos grupos musculares dos membros

corpo e que tem como função estabilizar o movimento e evitar

inferiores deverá ser executado e mantido para a proteção da

que a tíbia (osso da perna) se desloque adiante em relação ao

articulação e manutenção do padrão de estabilidade. Caso

fêmur (osso da coxa). A lesão do LCA ocorre na imensa maioria

contrário, a articulação que era estável pode passar a instável e a

das vezes em virtude de uma torção muito comum no skate ou,

recomendação cirúrgica passa a ser positiva.

em alguns poucos casos, devido a hiperextensão do joelho. No momento em que ela acontece, normalmente ocorre

Já o tratamento cirúrgico é realizado com a reconstrução do LCA por via artroscópica, ou seja, com o auxílio de um

um grande estalo seguido de dor, inchaço e derrame articular

equipamento chamado artroscópio que permite realizar a cirurgia

(aumento do volume de líquido no joelho). Após um tempo as

através de cortes pequenos. Nela, o ligamento lesionado é

dores e o inchaço diminuem e, em alguns casos, desaparecem

substituído por um novo, constituído de um enxerto de tendão (ou

completamente em poucos dias. Já em outros, os sintomas e

tendões) do nosso próprio corpo. Quando o tratamento cirúrgico é

sinais persistem por mais tempo. Mas o principal indício da lesão

indicado, o paciente precisa de tratamento fisioterápico logo após

do LCA é a instabilidade do joelho, nome dado para a sensação

a cirurgia e que deverá ser realizado por meses (dependendo do protocolo adotado) até o retorno ao skate.

A LESÃ OCORRE EM VIRTUDE DE UMA TORÇÃO MUITO COMUM NO SKATE

E esse retorno dependerá de vários fatores como a força e o controle muscular, a amplitude de movimento do joelho, a capacidade de realizar movimentos específicos do skate e a cicatrização do novo ligamento. Todos os parâmetros, com exceção do último, podem ser mensurados, que são conquistados geralmente após seis meses de fisioterapia. Porém, a cicatrização completa do ligamento ocorre depois deste período, por isso o

de falseios e deslocamentos, que representa um risco real para o favorecimento de lesões em outras estruturas do joelho e para um

retorno precoce ao skate pode colocar em risco a cirurgia. Uma das maiores revelações do skate brasileiro vem encarando

desenvolvimento precoce de artrose em sua articulação.

essa batalha para voltar a manobrar. Trata-se do Lucas Marques

Em algumas vezes, a lesão não traz a instabilidade

"Dutinha" que, após duas partes pesadas de vídeos em um curto

propriamente dita, com episódios de falseio bem estabelecidos,

espaço de tempo e excelentes participações em campeonatos,

mas sim muita insegurança para utilizar o joelho normalmente,

machucou o joelho na tentativa de um fakie flip sobre uma

o que podemos descrever como uma lesão parcial do LCA,

escadaria. Sem firmeza no joelho, passou por três médicos

com uma banda rompida e a outra preservada. Seu diagnóstico

diferentes para decidir que a melhor forma de resolver seu

é clínico, feito pela história da lesão somada ao exame físico.

problema seria através da cirurgia. Hoje, Dutinha está no meio

A ressonância magnética tem um papel importante, podendo

do tratamento fisioterapêutico, sentindo seu joelho cada vez mais

auxiliar no diagnóstico de lesões associadas, como as de

forte e esperando o momento certo para voltar a marretar.

outros ligamentos, de meniscos ou de cartilagem. Além disso, o procedimento também é uma ferramenta importante para auxiliar na reconstrução anatômica deste ligamento. O tratamento das lesões do LCA nem sempre é cirúrgico; vai depender do tipo de lesão que ocorreu, do grau de instabilidade

THIAGO ZANONI: Skatista, pai de gêmeos, educador físico, idealizador do Skate Saúde e fisioterapeuta especialista em fisiologia do esporte e do exercício

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COLUNA AGU IN AL DO ME LO

TÓ Q UI O 2020

“OURO” OLÍMPICO Temos quase três anos pela frente até o primeiro drop olímpico em

A grana nas competições de skate

Tóquio. Muito falamos aqui das confederações, de quem realmente

Até muito pouco tempo atrás, participar de competições de skate

deve representar nós skatistas. Mas pouco se falou sobre quanto.

não era nada lucrativo. Foi em 1995, com a chegada dos X Games,

Melhor, de quanta grana estará por trás do skate olímpico.

que a coisa começou a melhorar, mas só passamos a ver skatistas

As competições de skate em Tóquio poderão ser o campeonato de skate com maior premiação da história do skateboard. Apesar da medalha de ouro ter deixado de ser fabricada em ouro há

ganharem somas acima dos 50 mil dólares, em 2008, com o Maloof Money Cup. Uma comparação interessante foi a recente declaração de Tony

muito tempo, o cheque gordo que cairá na conta do skatista

Hawk dizendo que Nyjah Huston ganhava em uma competição

medalha de ouro fará com que muita gente coloque um empenho

mais do que ele ganhou em competições em toda sua carreira

especial nessa competição.

como skatista profissional.

Para ilustrar isso, fui atrás de alguns números relacionados à

Dos 50 mil, a coisa evoluiu rapidamente para os 110 mil dólares

RIO2016. O comitê olímpico realmente não paga um centavo para

pagos pela Street League. Hoje, a Street League diminuiu um pouco

os medalhistas, mas por outro lado, os países chegam a pagar até

a premiação, deixando a grana preta somente para a Super Crown.

700 mil dólares para os seus medalhistas. Em 2016, o Brasil pagou 35 mil reais para cada medalhista

Todos de olho em Tóquio

individual. Bem menos do que os 60 mil pagos no OI STU Open

Apesar de pagar apenas 15 mil dólares a cada um dos seus

que aconteceu recentemente no Rio de Janeiro.

medalhistas, a Austrália desembolsou 20 mil dólares como

Mas somadas a esta grana estão bônus de patrocinadores e da confederação. Isaquias Queiroz, da canoagem, que ganhou três medalhas no Rio, abocanhou mais de 100 mil reais em 2016.

incentivo para Shane O’neill continuar marretando nas competições internacionais. No mercado, o skate deverá ter pouca ou nula influência. Durante as competições, os skatistas não poderão usar bonés de

QUANTO CADA GOVERNO BONIFICA SEUS MEDALHISTAS País Bônus Cingapura US$ 753 mil Indonésia US$ 383 mil Azerbaijão US$ 255 mil Cazaquistão US$ 230 mil Itália US$ 185 mil França US$ 66 mil Rússia US$ 61 mil África do Sul US$ 36 mil Estados Unidos US$ 25 mil Alemanha US$ 20 mil Austrália US$ 15 mil Brasil US$ 10 mil

seus patrocinadores de energéticos, muito menos vestir roupas dos seus patrocinadores. Fico curioso em saber como serão os uniformes dos skatistas. Apesar disso, os movimentos também podem ser vistos no mercado do skate. A Nike, em 2016, abraçou Yuto Horigome em seu time. Este garoto japonês que fez sua primeira final na Street League de Barcelona certamente dará muito trabalho pela frente. Para nós brasileiros uma certeza já temos: Independente da grana que os nossos guerreiros irão levar neste evento, cada um deles irá certamente fazer bonito em Tóquio. Para comprovar isso, basta ver as manobras de Pedro Barros e Murilo Peres nas recentes edições do Vans Park Series e de Luan, Tiago Lemos, Carlos Ribeiro e Felipe Gustavo na Street League.

AGUINALDO MELO: Jornalista, skatista e alguns outros istas; é apaixonado por esportes de ação e curioso pela vida

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COLUNA G U TO J IMEN E Z

SK ATE BOA RD I NG M I LI TANT

UM BRAZUCA EM MÜNSTER Essa época de meio do ano marca uma data bem expressiva

Cheguei à página das presenças internacionais confirmadas, os

na minha vida: há 30 anos, me tornei o primeiro brasileiro a

nomes de quase todos os pros de vert e freestyle estavam lá,

competir no Münster Monster Mastership, o chamado “Mundial

assim como alguns de street, vindos dos EUA, Canadá, Alemanha,

da Alemanha”. Logo no primeiro ano que o evento adquiriu um

Dinamarca, França, Inglaterra, Bélgica, Espanha, Portugal, Itália,

caráter mundial, esse brazuca aqui se infiltrou no evento que se

Suécia, Japão, Austrália... E qual o nome eu vejo no canto inferior

transformaria no maior campeonato do mundo até meados da

direito, ao lado de “Brasilien / Brazil”? Sim, o meu nome, ou “Guito

década de 90. Como tudo o que acontecia no cenário de skate

Jimenez” como eles haviam escrito. Eu gelei e pensei, “PQP! Qual

daquela época, um mínimo de planejamento e um bocado de

parte do amador esforçado que o cara não entendeu?”, fiquei

sorte se aliaram pra que a história tivesse um final feliz.

com tanta vergonha de desmentir os caras que até me inscrevi no

No início daquele longínquo 1987, eu havia lido na Thrasher que o então campeonato europeu de skate se transformaria numa

profissional. Devo ter sido o único a ter “virado pro” numa fila! A competição em si foi muito bem organizada, como era de

disputa de alcance mundial e que várias equipes dos EUA (Powell,

se esperar em qualquer coisa que tenha a ver com os alemães.

Vision, Santa Cruz) enviariam seus skatistas pra disputa. Tinha

Terminei em 14º lugar no street pro entre pouco mais de 40

um endereço da Titus Skates, uma skateshop e distribuidora

competidores, entre eles Caballero, Gonz, Lance, Rob Roskopp, Nicky Guerrero, Claus Grabke e Per Welinder, pra citar apenas alguns. Além disso, fui o criador da famosa “feirinha de Münster”:

DOIS ANOS DEPOIS, EM 1995, A MESMA MÜNSTER SERIA TESTEMUNHA DO TALENTO DE LINCOLN UEDA

pra conseguir vender o material da No Limits, que levara comigo pra tentar repassar pro Titus, fiz um cartaz no melhor estilo “homem sanduíche” do Centro do Rio e saí vendendo tudo pro público. Não só levantei a verba da firma como também ainda fiz uma grana que me permitiu ficar mais duas semanas na Europa. Sem querer, fiz história duas vezes! Dois anos depois, a mesma Münster seria testemunha do talento de Lincoln Ueda, que levou o terceiro lugar do vertical pro; em 1995, via o Digo Menezes se transformar no primeiro brazuca a ganhar um campeonato mundial de skate em todos os tempos.

de material de skate e surfe na Alemanha, e eu escrevi pra

O skate do Brasil estava sendo inscrito definitivamente na história

eles – era assim que se fazia na época, dizendo que eu era um

mundial do carrinho, numa caminhada que já nos trouxe mais de

amador esforçado que escrevia pra Yeah!, que gostaria de mais

50 campeões mundiais em várias modalidades desde então.

informações e mandei uma revista pra eles. Como eu trabalhava

Sinto muito orgulho de ser uma espécie de portador de uma

numa empresa aérea, a passagem gratuita não seria problema,

das primeiras chaves a abrir portas pra skatistas brasileiros no

bastava eu me planejar com alguma antecedência. Pouco tempo

exterior. Assim como Marcelo Neiva e Osmar Fossa em 1979, ou a

depois, recebo a resposta com um flyer e uma ficha de inscrição

delegação brazuca no Trans World Championships do Canadá em

junto da carta, a qual enviei preenchida de volta pra eu competir

86, levei o skate do Brasil a algum lugar inédito e ainda me diverti

no amador. Tava tudo certo: Alemanha, aí vou eu!

muito no caminho. Isso sim é melhor do que qualquer evento,

Poucos meses depois, lá estava eu na fila do lado externo

viagem ou memória!

do Eissporthalle de Münster pra confirmar a minha inscrição no campeonato e peguei uma programação do evento pra dar uma olhada; tinha propagandas de refrigerante e de empresa de aluguel de carros, eu pensei ironicamente “igualzinho ao Brasil”.

GUTO JIMENEZ: Carioca que está no Planeta Terra desde 1962 e sobre o skate desde 1975

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