Tribo Skate #256

Page 1

capa 256_4.indd 1

01/11/17 18:07

S K AT E LUIGI CINI Bom menino, com muito futuro

VI KAKINHO • JULIO TIO VERDE • TEST • CHRISTIAN SPILLECKE •

Unanimidade nas Américas do Sul e do Norte

AKIRA SHIROMA

GIOVANNI VIANNA Poucas palavras, muitas manobras

DUPLAMENTE MONSTROS Duplas que merecem o adjetivo

MICAEL DOS PASSOS O skate raiz da Chácara do Tonel R$ 12,90

WWW.TRIBOSKATE.ATIVO.COM

EDIÇÃO 256 NOVEMBRO E DEZEMBRO


T H E

A S T O R

S

DC X ENJOI

ANUNCIOS.indd 2 dc_ad_tribo_novembro_17.indd 1

08/11/17 12:13


ANUNCIOS.indd 3

08/11/17 10:01 12:13


ANUNCIOS.indd 2

31/10/17 10:53

ANUNC


17 10:53

ANUNCIOS.indd 3

31/10/17 10:53


ÍNDICE

S K AT E ANO 27 • NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2017 • NÚMERO 256

ESPECIAIS 20. Luigi Cini 28. Micael dos Passos 40. Giovanni Vianna 52. Dupla de monstros 56. Akira Shiroma SEÇÕES Editorial......................................................................8 Zap............................................................................. 12 Casa Nova............................................................. 62 Traços e Rabiscos..............................................70 Hot Stuff..................................................................72 Áudio (Test)...........................................................74 Coluna Visual.......................................................76 Coluna Saúde.......................................................78 Coluna 2020......................................................... 80 Skateboarding Militant................................... 82

CAPA: É rua, mas é transição. O skate "misturado" de Akira Shiroma se deve ao fato dele ter sido criado na pista velha de Cubatão, mas também nos obstáculos urbanos que encontra pelo caminho. Em Louisiana, neste corte geométrico assustador, ele cismou que tinha que acertar um moskit air e fez o melhor que poderia ser feito. Foto: Bart Jones


RODRIGO MAIZENA, POR RENAN CASTAGNARO

Esta janela de São José do Rio Preto já integrou estas páginas, mas mereceu o upgrade depois que o Rodrigo Leal cravou este fs smith.

TRIBO SKATE • 7


ANTONIO DOS PASSOS “THRONN”

EDITOR IAL

RAGUEB, LAYBACK SMITH

SOBRE TODOS OS TERRENOS

U

m dos valores mais legais do skate atende pelo nome

Circuito UBS (União Brasileira de Skate), mas também em etapas

de “overall”. O skatista que anda bem na rua, mas

de vertical. Este é outro enfocado nesta edição, junto ao Daniel Kim,

também em pistas, leva certa vantagem no conceito

Felipe Foguinho e Harry Jumonji. O que falar do jeito “streeteiro” de

que vai criando no meio. No histórico da Tribo Skate

andar do Akira Shiroma em pistas e sua leitura “verticaleira” na rua?

temos muitos exemplos de personagens que se

Vinicius Kakinho, outra potência das transições não deixa de explo-

projetaram em vários terrenos, como por exemplo o Ragueb Rogerio,

rar outros terrenos. A especialização em uma modalidade ou tama-

capa da edição 78, de março de 2002. Além de se projetar no downhill

nho de carrinho não deixa de ter seu encanto, pois os especialistas

slide (inclusive protagonizando a primeira capa da modalidade da

elevam o nível. Mas, quando o skate expande seus limites, você está

revista), ele registrou passagens de sua carreira profissional em

apenas crescendo e evoluindo. “Crossover” é esta capacidade de

bowls, piscinas, banks, ditches, half pipes, mesas de picnic, cortes

adaptação do skatista de encarar qualquer tipo de desafio sobre

de calçada etc. Ragueb é citado nesta edição que você tem em

um skate, seja em que tamanho ou terreno for. Saber que você

mãos na entrevista do fenômeno Giovanni Vianna, um cara que

nunca estará limitado é motivação a mais para evoluir e ser feliz.

está destruindo os corrimãos mais casca grossas, mas que também não deixa a desejar em pistas e outros quadrantes do carrinho. Esta edição tem uma carga a mais de transições, como o Mika Passos com mais peso nos bowls e o Luigi Cini, que vem se destacando a partir do half pipe. Mas isso não significa que eles não venham se diversificando em outras formas de andar de skate – com fotos em bowls, half pipes e no street. Lembro bem quando Mauro Mureta, uma de nossas maiores lendas, vencia campeonatos de street do 8

CESAR GYRÃO

Skatista desde 1975, fez fanzines, associações, correu campeonatos, atuou na Overall de 88 a 90 até comandar a criação da Tribo Skate em 1991

•TRIBO SKATE

256 Editorial.indd 8

01/11/17 18:34


ANUNCIOS.indd 1

06/11/17 12:15


AQ U EC IMEN TO

S K AT E ANO 27 • NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2017 • NÚMERO 256 DIRETOR-EXECUTIVO E PUBLISHER

Felipe Telles

DIRETORA DE CRIAÇÃO

Ana Notte

GERENTE DE CONTEÚDO

Renato Pazikas EDITOR

Junior Lemos SITE

Sidney Arakaki DIRETOR DE ARTE

Huan Gomes

EDITORA DE ARTE

Renata Piai Montanhana EDITOR DE FOTOGRAFIA

Ricardo Soares PRODUTORA

Carol Medeiros CONSELHO EDITORIAL

Cesar Gyrão e Fabio Bolota REDAÇÃO

triboskate@triboskate.com.br COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: TEXTO

Aguinaldo Melo, Ceci Mãe, Edu Andrade, Fernando Gomes, Guto Jimenez, Jovani Prochnov, Rodrigo K-b-ça, Sidney Arakaki e Thiago Pino. FOTO

Adriano Rebelo, Andre Calvão, Antonio dos Passos “Thronn”, Bart Jones, Bruno Rocha, Carlos Henrique dos Santos, Christian Spillecke, Diogo Andrade, Fabio Bitão, Felipe Diniz, Ezequiel Zeik, Helge Tscharn, Jeff Landi, João Vitor Brinhosa, Jovani Prochnov, Julio Tio Verde, Manoel Martins, Raphael Kumbrevicius, Renan Castagnaro, René Jr, Rita Saes, Rodrigo K-b-ça e Thomas Teixeira. COMERCIAL

Fabio Bolota (fabio.bolota@nortemkt.com) TELEFONES

MARIANO NUNES HEELFLIP DE VOLTA DE SUA PRIMEIRA TEMPORADA NOS EUA, O GAÚCHO DE PELOTAS NÃO PARA DE PRODUZIR. RADICADO EM FLORIPA, CHAMOU O BRINHOSA PARA GARANTIR A TRADIÇÃO DA VELHA E BOA FOTOGRAFIA. FOTO JOÃO VITOR BRINHOSA

Ed.256 expediente.indd 10

Belo Horizonte: 31 4063-9044 Brasília: 61 4063-9986 Curitiba: 41 4063-9509 Florianópolis: 48 4052-9714 Porto Alegre: 51 4063-9023 Rio De Janeiro: 21 4063-9346 Salvador: 71 4062-9448 São Paulo: 11 3522-1008 ASSINATURAS

www.assinenorte.com.br/faleconosco

Endereço: R. Estela Borges Morato, 336 Limão – CEP 02722-000 – São Paulo – SP IMPRESSÃO

Leograf

www.triboskate.com.br

A revista Tribo Skate é uma publicação bimestral da Norte Marketing Esportivo As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista.

09/11/17 13:06


ANUNCIOS.indd 1

09/11/17 12:02


TRIBOSK ATE.CO M .BR

WHAT'S UP

IAN LANDI, METHOD AIR

Bob Burnquist foi eleito por unanimidade novo presidente da Confederação Brasileira de Skate. Sua gestão complementará o ciclo até 2019, renunciada por Marcelo Santos.

A catarinense Yndiara Asp foi apresentada oficialmente como integrante do time principal da tradicional Santa Cruz

JUNIOR LEMOS

Skateboards.

A CHAMA ACESA DO VERTICAL BRASILEIRO

A Federação Internacional de Roller Rollers Sports e a Federação Internacional de Skate se fundiram em uma só entidade, que agora é chamada de World Skate. A fusão tem o objetivo de facilitar as burocracias e dar mais autonomia ao skate nos diálogos com o Comitê Olímpico Internacional.

O circuito Vert Battle 2017 terá três etapas e o primeiro evento foi vencido por Rony Gomes no profissional. No campeonato de abertura, em Atibaia, interior de São Paulo, houver também as disputas feminina. vencida por Karen Jonz, e master, vencida por Evandro Mancha. A segunda etapa está marcada para acontecer em Curitiba!

A Vans fortaleceu seu time brasileiro com a contratação do skatista amador de Santo André

MAIS UM BRASILEIRO COM CHANCE DE ENTRAR NA LIGA

BARTJONES

Giovanni Vianna.

Leticia Bufoni foi contratada pela Red Bull.

Riviera Maya, no México, ganhou um complexo Woodward com a maior pista de skate do Caribe. A pista coberta de 1800 metros

Ivan Monteiro

quadrados fica no recéminaugurado Hard Rock Hotel e a inauguração contou com Tony

O SKATISTA AMADOR DE SÃO BERNARDO DO CAMPO IVAN MONTEIRO GARANTIU A VAGA PARA O STREET LEAGUE PRO OPEN 2018. O BRASILEIRO GANHOU O CIRCUITO DAMN AM 2017. OS DOIS MELHORES COLOCADOS NO PRO OPEN GANHARÃO CONTRATOS PARA SEGUIR A TEMPORADA COMO TITULARES DA LIGA.

12•TRIBO SKATE

Hawk, Sandro Dias, Leticia Bufoni, Felipe Gustavo, Karen Jonz, entre outros skatistas.


ZAP

DIA HISTÓRICO NO VALE

FOTO JEFF LANDI

SÃO PAULO recebeu no mês de agosto um dos eventos mais marcantes da sua história. Um grande evento da adidas Skateboarding montado no Vale do Anhangabaú chamado Skate Copa Court, foi a etapa brasileira de um projeto que rodou o mundo em 2017. Game of Skate entre skateshops, disputa para as garotas, para amadores e melhor manobra entre profissionais convidados, sem esquecer o game entre o Gordin e o Najera, foram o esquenta pra aguardada apresentação da equipe adidas presente; os norte-americanos Miles Silvas e Diego Najera, os brasileiros Rodrigo TX, Klaus Bohms, Akira Shiroma, Marcelo Garcia, Daniel Marques e o recém-contratado Felipe Gustavo.

MILES SILVA

Fs crooked reverse

A INSPIRAÇÃO QUE VEM DAS RUAS FOTOS RENÉ JR.

Storyteller Rodrigo TX

Na mesma semana do evento no Vale, a galeria Fita Tape na Roosevelt recebeu a primeira edição no Brasil do The Showcase, projeto que está movimentando o cenário de skate arte pelo mundo. Com curadoria de Lucas Ribeiro “Pexão”, os skatistas André Calvão, Akira Shiroma, Daniel Marques, Erica Maradona, Fernando Denti, Isabel de Castro, Lucas Cabu, Luis Moschioni “Arroiz”, Marcelo Garcia, Renato Custodio, Rodrigo TX, Storyteller, Klaus Bohms e Wallace da Costa ocuparam por uma semana o espaço com suas interpretações particulares do que veem n as ruas. A abertura da expo contou ainda com show do Acruz Sesper Trio. Coisa fina, pra inspirar a rua! Acruz Sesper Trio

Fernando Denti

TRIBO SKATE • 13

256_adidas01.indd 13

09/11/17 12:04


ZAP

LIEN TWEAKED

14•TRIBO SKATE


LIN H A VE R M ELH A

VI KAKINHO FOTOS HELGE TSCHARN

O PORTE FÍSICO, O TIMBRE DA VOZ... QUEM CONHECEU O PAI DO VI KAKINHO QUANDO ESTE ERA MAIS NOVO, NÃO PRECISA DE UM MINUTO PARA IDENTIFICAR FILHO DE QUEM ELE É. SE VER O SUJEITO ANDANDO DE SKATE, AÍ SIM, NÃO SOBRARÃO DÚVIDAS. POIS O FILHO DE PEIXE É UM PROFISSIONAL QUE TRILHA SEUS CAMINHOS, REPRESENTANDO A FAMÍLIA EM ALTO NÍVEL. VI KAKINHO HONRA O APELIDO QUE VIROU SOBRENOME

(ADRIANO REBELO) Ser filho do Léo Kakinho e um "irmão" do Pedro Barros gera em você alguma pressão?

Nunca levei isso como uma pressão mas sim como uma instiga pra melhorar meu skate e representar a família, pois quando você faz uma sessão com o Pedro ou com meu pai não tem jeito, você vai se puxar e eu gosto muito disso.

(THIAGO PINO) Seu pai foi um dos grandes nomes do skate no final da década de 80. Hoje vemos muitos pais incentivando e ao mesmo tempo cobrando de seus filhos um bom desempenho sobre o skate, patrocínios, este tipo de coisa. Qual a principal lição que você aprendeu com seu pai no skate e que você leva para a sua vida?

Meu pai sempre me incentivou a andar mas ele nunca me cobrou em nada, só que eu me divertisse em cima do carrinho. E por ele andar muito de skate, sempre me deu muitos toques de como eram os movimentos das manobras mas nunca cobrou sobre o desempenho ou coisa assim. Vejo muitos pais hoje pressionando seus filhos a andar e acho isso errado pois às vezes a criança está ali fazendo por obrigação, não porque ela realmente quer e acaba que não fica mais divertido. Ande de skate e divirta-se!

TRIBO SKATE•15


ZAP (GUTO JIMENEZ) Por favor, cite as dez melhores pistas de skate que você já tenha

andado até hoje e os motivos que te fizeram escolher uma favorita entre elas.

VI KAKINHO

19 anos, 15 de skate Florianópolis, SC (Monster, Volcom, Vans, Evoke, Drop Dead, Layback Beer e Independent Trucks)

Nesta ordem! Vans Huntington Beach skatepark CA, Burnside (under the bridge) OR, Washington Street (under the bridge) CA, Eugene skatepark OR, Prince park CA, Tiger park OR, Poods Park CA, Marseille Skatepark (França), La Kantera Skatepark (Espanha) e Lincol City OR. A melhor e mais divertida é Vans HB skatepark; todos os obstáculos perfeitos e chão lisinho bom demais! (JOVANI PROCHNOV) Recentemente você passou por uma lesão que o afastou por um

tempo dos rolês. Como fazer nessas horas para não perder a motivação e seguir na pegada que sempre esteve?

Fisioterapia é essencial nesta hora, para seguir na pegada, com motivação e requer tempo. Tentar ocupar sua cabeça com passatempos que você gosta é muito bom também! Deixar o skate um pouco de lado, focar na recuperação da lesão e ocupar seu tempo com outras coisas que você não faria se tivesse em cima do skate. OLLIE ONE FOOT

(RODRIGO K-B-ÇA) Morar no em Floripa pode ser

a melhor coisa do mundo… Mas você sente falta de alguma coisa na ilha, principalmente para o trabalho como skatista profissional?

Aqui na ilha, sinto falta de pistas e picos de street. Temos muitas transições por aqui e acaba que nos prendemos um pouco nesse sentido! Temos o centro da cidade mas como a city aqui não é tão grande, o centro acaba sendo pequeno.

(HELGE TSCHARN) Ouvi dizer que você é apaixonado em tocar guitarra. Qual seu set favorito pra tocar? E qual seria a configuração (guitarra, amplificador e feitos) dos sonhos pra você?

Quem me conhece sabe que eu gosto de tocar heavy metal, punk e blues anos 70. Um bom set pra mim seria com Black Sabbath, Jimi Hendrix e Dead Kennedys, e a configuração do sonhos pra mim é: Guitarra Gibson SG, amplificadores Marshall e os efeitos Fuzz Face e Dimebag Distortion.

“VEJO MUITOS PAIS HOJE PRESSIONANDO SEUS FILHOS A ANDAR E ACHO ISSO ERRADO POIS ÀS VEZES A CRIANÇA ESTÁ ALI FAZENDO POR OBRIGAÇÃO" 16 •TRIBO SKATE


ANUNCIOS.indd 1

19/10/17 15:24


ZAP

DOUBLE TAP POR @JULIOTIOVERDE

UM DOS MAIS RESPEITADOS FOTÓGRAFOS NO RIO DE JANEIRO, JÚLIO TIO VERDE SEMPRE ESTÁ NOS MAIS IMPORTANTES ACONTECIMENTOS DO SKATE LOCAL DOS ÚLTIMOS TEMPOS. DE EVENTOS A SESSÕES NA RUA, DO STREET AO VERTICAL, DO SUBÚRBIO AO CENTRO DA CIDADE, SUAS FOTOS CARREGAM A HISTÓRIA DO SKATE FLUMINENSE DAS ÚLTIMAS QUATRO DÉCADAS.

1 @DAEWON1SONG IN RJ

2 @LUCASDINIZSKT BONELESS

3 @TONYHAWK, INVERT EM MADUREIRA

4 SINISTRO @PEDROBARROSSK8

5 @YURIFORMIGAXV FS HEEL BIGAS

6 THX @CHRISTIANHOSOI

PE R FIL

JÚLIO TIO VERDE

RITA SAES

As primeiras fotos de skate são de 1977, feitas com a Instamatic emprestada de um amigo. O dia a dia fotografando com uma Olympus Trip em um antigo jornal de bairro (Méier) e o trampo por cinco anos como cinegrafista da TV Globo ampliou ainda mais seu conhecimento com imagem. 18

Júlio também passou pelas Zenit e Canon AE1, que o levou a trampar especificamente com a fotografia de skate e este trabalho vem sendo feito até hoje, como também visto em suas duas expos “Memórias de Impacto” e no quadro “Skate Em Foco”, do canal de Youtube Skatistas BR.

•TRIBO SKATE

Ed 256 Double tap.indd 18

01/11/17 18:31


ANUNCIOS.indd 1

31/10/17 14:35


ENT R E VISTA A M

PODE SER QUE O BIOTIPO AJUDE, POR SER MAGRO COM BRAÇOS E PERNAS LONGOS E LEVE PARA VOAR, MAS LUIGI CINI NÃO SE CONTENTA APENAS COM ISSO. APROVEITA A BOA ESTRUTURA QUE TEM AO ALCANCE NA GRANDE CURITIBA, AS OPORTUNIDADES DE VIAJAR PARA COMPETIR E FAZER SESSIONS E ACRESCENTA MUITA TÉCNICA E DEDICAÇÃO PARA FINCAR SEU NOME NA HISTÓRIA DO SKATE. BOM MENINO, COM MUITO FUTURO.

LUIGI

CINI

BIOTIPO VERTICAL POR CESAR GYRÃO X FOTOS: ADRIANO REBELO

O ar do Paraná parece fazer bem ao skate vertical. Nomes como Marcelo Kosake, Mizael e Vitor Simão, Humberto Pepeu, Marco Maguila, Miguel Catarina deixaram seu legado ativo para que surgissem expoentes como Iago Magalhães, Miguel Oliveira, Augusto Akio, apenas para citar como exemplos o mais novo profissional da área e dois amadores que se expressam muitíssimo bem em sessões e eventos de half pipe, bowls ou banks. Luigi Cini desponta neste cenário com uma vontade imensa de comer transições, tendo se notabilizado por acertar o 900 graus aos 14 anos na Vert Battle da Green Box, em 2016. Já com viagens internacionais para competir em seu currículo, acaba de levantar o terceiro título de campeão brasileiro amador de

half pipe, no dia 29 de outubro no Parque da Independência, em São Paulo. O diferencial de seu skate é sua facilidade em explorar os fundamentos da modalidade, com boas bordas, airs, manobras de giro e flips. Tais “skills” o estão ajudando muito a se manter competitivo, mas também a se divertir muito criando sempre novos desafios.

Você tem andado direto na Green Box, mas também faz sessions no half do Augusto Japinha. Qual sua frequência semanal de skate? Você também anda na rua ou nas pistas mais antigas de Curitiba? Eu ando no Green Box praticamente todos dias e passo a maior parte do meu tempo lá. É como se fosse uma segunda casa pra mim, mas toda semana tem aqueles dias que eu e

20 • TRIBO SKATE

EntrevistaAMLuigi_256.indd 20

01/11/17 19:04


FS FEEBLE TRIBO SKATE•21

EntrevistaAMLuigi_256.indd 21

01/11/17 19:04


ENTRE V ISTA A M

os meus amigos saímos pra dar um rolê na rua e nas mais clássicas como no Ambiental ou na pista do Gaúcho.

Entre seus “mestres” estão os paranaenses Vitor Simão, Affonso Muggiatti e Marcelo Kosake, mas este último parece ser o que mais impactou na sua evolução. Como é o aprendizado com estes caras? Tanto o Vitor como o Mizael Simão foram os caras mais influentes para que eu começasse a andar de skate. Os conheço desde pequeno, então sempre estiveram presentes. O Affonso também sempre foi uma referência e me dá várias ideias quando eu colo pra Floripa. Já o mestre Conan (haha), o Kosake, tem sido um dos meus maiores companheiros de sessão dos últimos tempos e, atualmente, com certeza é o cara que mais me orienta e me influencia em relação a minha visão do que é skate.

Você entrou pro Clube dos 900 no ano passado. Quanto tempo levou pra voltar a manobra? Como foi atingir este momento? Nossa, o 900 foi uma coisa que veio do nada. Comecei a girar e fiquei na pegada por uns três dias seguidos, aí foi um mês tentando um aqui, um ali (normalmente um por sessão), mas foi no Vert Battle que rolou. No Green Box a coisa ficou intensa, foi uma vibe irada demais e uma energia que não dá nem pra descrever e depois de umas oito tentativas consegui voltar.

LUIGI CINI EGG PLANT

15 anos, 7 de skate Curitiba, PR Juicy Co, S.O.S. Skate, Green Box,EBANX, CS Filmes

22•TRIBO SKATE

EntrevistaAMLuigi_256.indd 22

01/11/17 19:04


LIEN JUDO

TRIBO SKATE • 23

EntrevistaAMLuigi_256.indd 23

01/11/17 19:04


ENTRE V ISTA A M Para dar aquele grau a mais nas competições você está lançando nas linhas manobras mais cabreiras como o 540 body varial ou o 540 flip. Que manobras mais você gosta de usar como “cartas na manga”? Ultimamente eu tenho mudado bastante meu gosto por manobras, mas o bs flip stalefish sempre vai ser uma das minhas favoritas. Também comecei a jogar 540 flip e flip eggplant e acho que essas são as minhas cartas principais.

Você venceu entre os juniors o evento de Newcastle, na Austrália. Como foi essa vitória? Como foi andar no bowl de Bondi Beach? Conhecer a Austrália com certeza foi uma das melhores trips que eu fiz até agora. O país me surpreendeu, assim como suas pistas. Sempre via o bowl de Bondi em vídeos, então não tinha dúvidas de que ia ser alucinante, mas fiquei ainda mais impressionado com o ambiente que o rodeia. Assim como em Newcastle: era uma vibe totalmente praiana. Então correr esses eventos e ainda ter ganhado um deles foi uma experiência incrível.

Você já foi duas vezes para o Vert Attack na Suécia e alguns pros brasileiros também participam direto lá, como o Sandro Dias e o Rony Gomes. O que representa este evento pra você? O Vert Attack é uma das etapas que mais gosto no circuito. É muito gratificante para mim competir com os skatistas profissionais, pois eles são minha inspiração. A primeira vez que participei de um campeonato internacional open foi no Rocky Mountain Rampage, em Colorado Springs, EUA. Fiquei em terceiro, Sandro em segundo e Andy Macdonald em primeiro. Foi muito irado correr com esses caras.

O que mais lhe chamou atenção na cultura do carrinho nos EUA? Além do número de skateparks ser bizarramente maior do que aqui no Brasil, as pessoas têm uma visão muito diferente do skate, muitas vezes mais aceito e valorizado por todos.

Hoje em dia muitos skatistas têm apoio de seus pais, inclusive com alguns deles cobrando seus filhos de se saírem sempre bem. Você não tem essa pressão em casa. É isso mesmo? Nem perto disso (haha)! Meus pais não entendem praticamente nada de skate, então também não me dizem o que eu posso ou devo fazer. Eles me incentivam por ser uma coisa que eu amo, independentemente dos meus resultados ou algo do tipo. É uma pena que muitos pais tenham essa visão tão séria de algo que normalmente começa apenas de uma forma de diversão.

O Circuito Brasileiro de Vertical Amador vem sendo realizado seguidamente por vários anos e nos últimos três você foi campeão. Quais são as etapas mais legais? Você imaginava liderar o ranking desta maneira? As etapas mais legais do Brasileiro são as de São Paulo ou São Bernardo, porque encontro meus amigos que moram por estas cidades. A Vert Battle no Green Box, do ano passado, foi irada, pois foi nesse dia que acertei meu primeiro 900! Não imaginava liderar o ranking vertical dessa maneira. É o resultado de minha dedicação.

JUDO AIR

Como está o relacionamento com seus patrocinadores, agora que você tem acumulado títulos e parece que seu caminho será criar uma carreira no esporte. Vocês conversam sobre isso? Me tornar Pro sempre foi um sonho, que parece estar cada vez mais perto, mas eu prefiro deixar rolar e não forçar a barra para que aconteça antes da hora certa.

As fotos desta entrevista foram produzidas há meses em Floripa, um dos centros do skate de bowl no Brasil. Como é este intercâmbio entre os paranaenses e catarinenses? Eu tenho muitos amigos em Floripa. Sempre que estou lá eu me sinto em casa. Então ir pra Floripa é tudo de bom: skate, praia e diversão o dia inteiro, não tem erro. Obrigado André Barros, pela sessão na rampa!

Quem são seus parceiros de sessions? Quais são os que mais se puxam? São muitos! Mas entre os que estão comigo em todas as sessões temos o Caio, Gui, Miguel, João, Giovanni, Edu, Japinha e Rafa, fazendo o rolê pegar fogo e puxando o nível cada um da sua forma

Com tantas viagens, como você faz para levar a escola numa boa? A minha escola tem sido bem flexível em relação às minhas faltas. Os diretores também me acompanham nas redes sociais e “quebram um galho” quando eu preciso.

24•TRIBO SKATE

EntrevistaAMLuigi_256.indd 24

01/11/17 19:04


540 TAIL GRAB TRIBO SKATE • 25

EntrevistaAMLuigi_256.indd 25

01/11/17 19:04


C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K



ENT R E VISTA A M

BS HEELFLIP, Half do Tonel, Estância Velha-RS 28 • TRIBO SKATE

EntrevistaAMMicael_256_EV.indd 28

01/11/17 18:35


MICAEL DOS PASSOS

DA ESTÂNCIA TEXTO E FOTOS JOVANI PROCHNOV

U PRI M EIR O “ MS KE ATE F OI U M

Q U E M E U TIO TR O C O U P O R U M A G ALIN H A!!!" MICAEL DOS PASSOS

TRIBO SKATE•29

EntrevistaAMMicael_256_EV.indd 29

01/11/17 18:35


ENTRE V ISTA A M

JUDO AIR, Socorro-SP

30•TRIBO SKATE

EntrevistaAMMicael_256_EV.indd 30

01/11/17 18:35


M

Micael dos Passos, o Mika, nasceu numa

pequena cidade do interior gaúcho, Estância Velha, de costumes e características bem típicos da cultura do RS. Cresceu e viveu praticamente toda sua vida por lá, em meio à vida no campo, dos animais e de toda sua família que ainda por lá vive, e isso já explica em partes a frase na abertura da matéria. Mika anda de skate desde sempre. Não existe nenhum momento de sua vida em que o carrinho não fez parte do seu dia-a-dia. Mas como um moleque que vivia praticamente em meio rural descobriu o skate? E assim tão cedo? A resposta chama-se Chácara do Tonel. Essa é sua casa, onde cresceu com nada menos que um

half no quintal, literalmente, a poucos passos de casa. O half tem 22 anos de existência, um a mais que sua idade, foi idealizado pelo seu primo e mentor Alexandre Tonel, um skatista de alma que desde sempre o incentivou e o fez acreditar no skate, assim como o amigo e também mentor Alessandro dos Reis, parceiro nas sessões. O half do Tonel já foi palco de inúmeros eventos em que grandes nomes do skate já passaram, e cada um desses serviu de exemplo e inspiração para o moleque que sonhava voar alto. No início andava com o skate da galera que colava nas sessões, até que um dia um tio, que mora por ali também, teve a ideia de oferecer uma galinha em troca de um skate para um amigo. E deu certo: foi seu primeiro carrinho e um marco em sua vida; desde então nunca mais parou.

Ganhando peças e equipamentos, foi evoluindo e aprendendo a manobrar, e as dificuldades financeiras da família, que podem ter atrapalhado em algum momento, foram menores que a vontade de andar de skate. Outro marco em sua vida chama-se Carlos Schmitt, vulgo Cheirinho, um irmão de coração que entrou em sua vida pra somar e fazer a diferença, dando suporte não apenas financeiro, mas familiar e de ensinamentos de vida. Foi por causa dessa parceria

MIK A A N D A D E S K ATE DESDE S E M PR E BS OLLIE, São José-SC

TRIBO SKATE • 31

EntrevistaAMMicael_256_EV.indd 31

01/11/17 18:35


ENTRE V ISTA A M

32•TRIBO SKATE

EntrevistaAMMicael_256_EV.indd 32

01/11/17 18:36


FS TAILBONE TRANSFER, Sapiranga-RS

TRIBO SKATE•33

EntrevistaAMMicael_256_EV.indd 33

01/11/17 18:36


ENTRE V ISTA A M MADONNA ON THE CORNER, Farm Bowl, São Paulo

que Mika foi morar em Florianópolis, na casa do próprio Cheirinho, e aí começou sua nova busca dentro do skate, andar em bowl. O lugar não poderia ser melhor que essa cidade, a meca do bowlriding brasileiro. Há uns 5 anos vivendo em Floripa, Mika teve uma evolução gigantesca andando com os melhores do mundo em diversas sessões pelos bowls da Ilha, sua base sólida do half e suas manobras pesadas fizeram toda a

diferença também, o que o fez sagrarse campeão brasileiro de bowl amador pela CBSK em 2016, feito esse muito comemorado por ele e por todos que conhecem sua história, principalmente a galera lá da Estância. Poderíamos encerrar essa história falando do moleque do interior que chegou além, mas prefiro tratar do skatista de sangue que seguiu em busca do sonho de viver do e para o skate, passando por dificuldades

e empecilhos que só servem de motivação para seu crescimento. Mika é daqueles que fazem amizade com todo mundo, que está sempre rindo, e seu rolê pesado, de aéreos nas alturas e manobras técnicas, só acrescenta em sua personalidade. E o próximo passo qual é? Quem sabe a tão sonhada profissionalização, mas o foco e a motivação são os mesmos, e sua raiz estará sempre viva dentro do moleque da Estância.

MICAEL DOS PASSOS

21 anos, 18 de skate Estância Velha, RS Patrocínios: Drop Dead, Duelo Skate Shop, Wainui Board Machine Apoios: Corpore Sano Pilates NH, Bodycore funcional

34•TRIBO SKATE

EntrevistaAMMicael_256_EV.indd 34

01/11/17 18:36


LIEN AIR, Socorro-SP

FINGER FLIP, Vert in Roรงa, Guaratinguetรก-SP

TRIBO SKATE โ ข 35

EntrevistaAMMicael_256_EV.indd 35

01/11/17 18:36


ENTRE V ISTA A M

BS FEEBLE GRIND TO FAKIE, São José dos Campos-SP

36•TRIBO SKATE

EntrevistaAMMicael_256_EV.indd 36

01/11/17 18:36


TRIBO SKATE • 37

EntrevistaAMMicael_256_EV.indd 37

01/11/17 18:36


ANUNCIOS.indd 2

01/11/17 10:04

ANUNC


17 10:04

ANUNCIOS.indd 3

01/11/17 10:04


RAPHAEL KUMBREVICIUS

ENT R E VISTA A M

GIOVANNI

VIANNA

FOCO E VONTADE 40 • TRIBO SKATE

EntrevistaAMGiovanni_256.indd 40

01/11/17 18:49


HALFCAB HEELFLIP TRIBO SKATE•41

EntrevistaAMGiovanni_256.indd 41

01/11/17 18:49


GIOVANNI NÃO É UM CARA DE MUITAS PALAVRAS. NO ALTO DE SEUS 16 ANOS, O MOLEQUE RUIVO E TÍMIDO DE SANTO ANDRÉ, FALA MAIS COM SEU SKATE E MANOBRAS. FOCO E DETERMINAÇÃO SÃO AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DESSE SKATISTA QUE LEVA ADIANTE A BANDEIRA DE SKATISTAS COMO BIANO BIANCHIN, WOLNEY DOS SANTOS E ROGÉRIO TROY, CONHECIDOS POR ENFRENTAREM ALGUNS DOS MAIORES CORRIMÃOS DO PAÍS. CIENTE DE QUE SUA CAMINHADA ESTÁ APENAS COMEÇANDO, GIOVANNI FOCA NO FUTURO PARA DEIXAR SEU NOME MARCADO COMO ALGUÉM RELEVANTE PARA O SKATEBOARD NACIONAL. VOCÊ DUVIDA DE QUE ISSO PODE ACONTECER? EU NÃO...

RAPHAEL KUMBREVICIUS

ENTRE V ISTA A M

N

TEXTO RODRIGO K-B-ÇA LIMA

Não vou começar perguntando como você começou a andar de skate, mas sim sobre a sua família. Qual a importância deles para que você focasse no skate? Eles me deixaram livre. Me deixaram escolher e não me forçaram a nada. Nunca me forçaram a andar de skate, eles só queriam que eu ficasse feliz FS SMITHGRIND fazendo o que eu queria fazer. Isso foi essencial. Meu pai já andou de skate, mas nunca quis que eu andasse porque ele andava. Eles contam que escolhi o skate do nada. Estávamos no supermercado e peguei um.

O Ragueb Rogério é um cara que te apoia muito também... O Ragueb me ensinou o caminho, como funciona o game. Se não fosse ele eu ia demorar um pouco mais pra entender o que é o skate mesmo. Ele me ajudou a entrar no ritmo, a começar a filmar e a me preocupar em aparecer na mídia. Se não fosse essa ajuda, eu iria ficar só na vida de pistinha mesmo.

Santo André tem uma história legal no skate. Lá você anda onde? Alguém da área te inspirou? Eu andava e ando mais na pista do Ana Brandão e na quadrinha de Bela Vista. Cresci vendo o (Wanderley) Arame e ele é muito gente boa. O Klaus (Bohms), que também é lá de perto. Conheço eles desde muito pequeno. Mas sempre andei sozinho, pois eu era muito pequeno e todos eram maiores... Quem eu mais via mesmo era o Arame e o Klaus.

42•TRIBO SKATE

EntrevistaAMGiovanni_256.indd 42

01/11/17 18:49


RODRIGO K-B-ÇA

FS GRIND TRIBO SKATE • 43

EntrevistaAMGiovanni_256.indd 43

01/11/17 18:49


ENTRE V ISTA A M

44•TRIBO SKATE

EntrevistaAMGiovanni_256.indd 44

01/11/17 18:50


RODRIGO K-B-ÇA

FS TAILSLIDE BIGSPIN OUT

TRIBO SKATE•45

EntrevistaAMGiovanni_256.indd 45

01/11/17 18:51


ENTRE V ISTA A M Outra coisa que aconteceu recentemente foi a tua entrada na Vans, que teve um processo bem longo até se concretizar. Como foi exercitar a paciência até tudo acontecer? Teu controle do skate é algo que chama atenção. Isso é dom ou muito esforço mesmo? A única diferença que tenho mesmo é o apoio da minha família, que sempre me ajudou. Na real, tudo é esforço mesmo. Você tem que querer de verdade, treinar e colocar um objetivo na sua vida. Skate é uma coisa difícil. Não é para qualquer um... Então você tem que se esforçar e, se você quer mesmo, tem que correr atrás que você consegue.

E como funciona a concentração pra andar em corrimãos grandes? Na real é a vibe. Depende de quem está na sessão. Gosto de ir nos picos com mais gente, não curto andar sozinho. Gente na sessão me deixa na vibe. Gosto de filmar porque o videomaker é o cara que me deixa mais na vibe de descer um corrimão. Geralmente ser filmado me tira a coragem na hora, aí a pilha do videomaker é essencial. Se a vibe não está legal e a sessão não está da hora, é melhor nem ir. Não sei explicar direito, pois é algo que vem de dentro mesmo...

Quando você se deu conta que só boas colocações nos campeonatos não te ajudariam a construir algo sólido como skatista?

Foi uma escolha minha. A Vans é uma marca que eu sempre achei que podia me encaixar. Ela tem muita história e essa história é muito cabreira. Como eu queria entrar e nada acontece na hora, fui trabalhando até tudo dar certo. Mas isso é só o começo de um trabalho. As coisas aconteceram de maneira natural, apesar de ser algo que sempre quis. Andar pra marcas que gosto, como a Vans e a Volcom, é algo da hora pois demonstra que meu esforço está rendendo algo. Imagina você andar com peças, roupas e tênis que você gosta? Você vai se sentir bem.

Essas duas marcas são internacionais e já mostraram teu trabalho lá nos EUA. Existe a vontade de ir morar na gringa ou teu foco é o Brasil mesmo?

“G O STO D E FIL M A R PORQUE O VID E O M A KE R É O CA R A Q U E M E D EIX A M AIS N A VIB E DE DESCER U M C O R RI M Ã O.”

Lá em Santo André eu ando com vários camaradas, entre eles o Douglas Marques, que fez o Essência Skate Vídeo, que está no Youtube. Comecei a andar direto com eles na rua e eles me ajudaram bastante. Como foi um vídeo independente e a gente não tinha dinheiro pra viajar, ficamos só na área mesmo, mas estar com eles e escutar o que eles falavam me fez perceber o valor de algumas coisas. Logo depois o Ragueb me ajudou mais nesse sentido. Uma vídeoparte vai ficar pra sempre e um campeonato é como muita gente fala: ”em dois, três dias já era, ninguém mais lembra”.

Como foi gravar a vídeo parte Gingerzillian em apenas seis meses? Rolou alguma pressão pra terminar a tempo? O vídeo não foi algo planejado. Rolou porque eu conheci o Cavalinho (Luiz Felipe, que também dirigiu o vídeo “Na Missão”) e começamos a gravar. Quando vimos a maioria das imagens eu falei para ele: “Quero fazer uma parte para a Volcom”. Ele achou da hora. Ele fez uma pré-edição, os caras abraçaram e pagaram a nossa viagem para Brasília. Lá foi onde rendeu mais.

Primeiro quis fazer meu nome aqui no Braza e acho que estou conseguindo, mas sempre dá pra fazer mais, né? Já estou pensando em começar do zero lá fora. Eu quero morar lá, como todo mundo. É difícil, mas estou colocando isso como meta para mim e vou me esforçar pra conseguir. Ainda sou novo e tenho tempo de descobrir coisas novas. Dá pra seguir nessa caminhada, nesse foco. Uma hora vai acontecer...

Você ganhou passagens pra Tampa e para Barcelona. Você já está programando essas viagens?

Vou para o Tampa AM, que é um campeonato que eu sempre quis ir e muita gente participa. Todo mundo olha pra esse evento. Legal que lá é um campeonato que não rola a pressão dos outros eventos. Lá é mais descontraído. Para Barcelona quero ir filmar.

Quais os planos a curto prazo? Em 2018 eu quero ficar um pouco na gringa e ver o que acontece por lá, fazer uma correria e conhecer gente nova. Espero que dê certo. Não estou fazendo muitos planos. Sei que tem que programar, mas quero deixar as coisas acontecerem, sem forçar. Quero que as coisas acontecem na hora e no tempo certo.

Agradecimentos: Meu pai, minha mãe e minha família. Quero agradecer o Douglas Marques, o Ragueb e todo mundo que me ajuda na caminhada.

46•TRIBO SKATE

EntrevistaAMGiovanni_256.indd 46

01/11/17 18:51


RODRIGO K-B-ÇA

HURRICANE TRIBO SKATE • 47

EntrevistaAMGiovanni_256.indd 47

01/11/17 18:51


RAPHAEL KUMBREVICIUS

ENTRE V ISTA A M

GIOVANNI VIANNA

16 anos, 14 anos de skate Santo André, SP Patrocínios: Volcom, Vans, Improve, Alta, Altai, Maze

48•TRIBO SKATE

EntrevistaAMGiovanni_256.indd 48

01/11/17 18:51


BS LIPSLIDE TRIBO SKATE • 49

EntrevistaAMGiovanni_256.indd 49

01/11/17 18:52


Anúncio Mini Logo Página dupla_TRIBO.pdf

1

24/02/17

17:29

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

ANUNCIOS.indd 2

24/02/17 18:27


ANUNCIOS.indd 3

24/02/17 18:27


DOUB L E

G

MAURO ABREU DIAS FERNANDES, DANIEL KIM, FELIPE CESAR BROSLER CALTABIANO E ARISTÓTELES JUMONJI. PELOS NOMES COMPLETOS TALVEZ VOCÊ NÃO SE DESSE CONTA. MAS, PELOS NOMES DE GUERRA, ELES SÃO...

DUPLA MENTE MONSTROS POR CESAR GYRÃO X FOTOS FABIO BITÃO

52 • TRIBO SKATE

Dupla_monstros01.indd 52

01/11/17 18:31


MAURO MURETA, judo air DANIEL KIM, layback

Dupla_monstros01.indd 53

01/11/17 18:31


DOUB L E

G

HARRY JUMONJI, layback grind nosegrab FELIPE FOGUINHO, Invert

54•TRIBO SKATE

Dupla_monstros01.indd 54

01/11/17 18:31


M

Monstros costumam aparecer para assombrar desavisados. Chegam com estardalhaço ou sorrateiramente, mas não deixam de bagunçar os lugares por onde passam. Os primeiros significados pelo dicionário, colocam os montros como seres disformes, fantásticos e ameaçadores mas no skate eles são vistos como aqueles que destroem nas sessions, elevando os olhares, subvertendo os padrões, mexendo com as emoções como arte. Os personagens destas páginas costumam levar este legado por onde andam. Ari “Harry” Jumonji, este ano viu lançado o documentário com seu nome acompanhado da alcunha OG (Original Gangsta), com sua vida conturbada retratada sob o fio condutor do universo do skate e suas manifestações artísticas. Felipe “Foguinho” Caltabiano recentemente passou por uma verdadeira batalha contra agentes infecciosos (osteomielite), depois de uma cirurgia “simples” no menisco. O que era pra ser resolvido em poucos dias, virou uma agonia de vários meses para se recuperar. O encontro destes dois personagens em fases tão distintas da vida virou uma nova amizade e provocou esta imagem na cabeça do fotógrafo Fabio Bitão, com um dos clássicos laybacks tailslides do Harry acompanhado por um invert plantadão do Foguinho. A outra cena monstruosa é composta por dois amigos de longa data: Daniel Kim e Mauro Mureta. Quem, se não estes dois para representar a raiz angular do skate de transições? Que lugar mais emblemático que não seja a “rampa” do Mureta para esta épica cena? Mauro de judo air sobre o layback deitadão do Kim, falam muito sobre monstros sagrados. Recorrendo mais uma vez ao dicionário, a expressão quer dizer “pessoas do meio artístico e musical extremamente talentosas, às quais, após anos de contribuição e dedicação aos seus ofícios e suas carreiras, conquistam status de artistas renomados, pelo público e pela crítica especializada.” Estas duplas merecem tais adjetivos.

TRIBO SKATE•55

Dupla_monstros01.indd 55

01/11/17 18:31


V IA GE M

IMPOSSIBLE, Houston-TX

56 • TRIBO SKATE


akira TEXTO CECI MÃE X FOTOS BART JONES

TRIBO SKATE • 57


ANDRÉ CALVÃO

VIA GE M

AKIRA SHIROMA É UMA RARA UNANIMIDADE. SE HOUVER ALGUÉM QUE NÃO AME O PRÓPRIO E SEU SKATE, É PORQUE NUNCA VIU NENHUM DOS DOIS OU É RUIM DA CABEÇA, DOENTE DO EGO. POR ISSO, SEMPRE QUIS QUE O MUNDO CONHECESSE AMBOS E, REALMENTE, O SANTISTA [DE TIME E NASCENÇA] JÁ ENCANTOU MUITOS LUGARES DAS AMÉRICAS DO SUL E DO NORTE. AQUI ELE CONTA COMO FOI UMA DE SUAS ÚLTIMAS VIAGENS PROS ESTADOS UNIDOS.

Quantas vezes você já foi pra fora? Três, esta foi a segunda.

Pra onde você foi desta vez? Teve o Skate Copa Court, um campeonato da adidas e a final foi na Califórnia. Fui pra lá com o Klaus [Bohms], Daniel [Marques], Dodô e Felipe. Também estava armando com a Volcom para aproveitar a viagem, mas era tudo por e-mail e rolou um monte de desencontro. Fiquei uma 58•TRIBO SKATE


semana e, no último dia, desci e encontrei o Remy [Stratton] na recepção do hotel. Foi a maior sorte. Ele me chamou pra ficar uns dias lá. Colei na trip com os caras, acabei ficando mais um mês e o resto da equipe voltou pro Brasil. O Remy é gente boa, me levou pra casa, conheci a família dele. No dia seguinte fui pra Atlanta sozinho, mas cheguei lá e o Jake, que é team manager, tava me esperando. Ele me levou prum bar onde tava a equipe toda, depois da sessão. Estavam o Pedro, Grant Taylor, CJ Collins, Daan Van Der Linden, Dustin Dollin e uns caras que filmam e tiram foto. Acabou o dia ali, no bar, porque eu cheguei de noite. Conheci a Volcom em Costa Mesa e, no outro dia a gente seguiu de van pra vários picos em Atlanta. Uns dias depois, a gente pegou a estrada até o Texas [uns 1.600 km...]. Daí, a gente ficou mais um dia e todo mundo pegou seu voo pra casa.

“ V O C Ê E S TÁ C O M O S K AT E , E M QUALQU ER LUGAR VOCÊ VAI E S TA R B E M , C O N H E C E R A L G U É M E A Í J Á TÁ T U D O C E R T O . "

Como você se comunica com os caras?

salve, foi da hora. Galera tranquila, skate o dia inteiro. Fiquei impressionado. Também foi legal ver como os caras fazem o corre lá, como captam as imagens. Todo mundo sangue bom, sem palavras. Foi bem louco andar com os caras que a gente só via em vídeo. Na verdade, fiquei com vergonha de andar.

Como índio, né? [risos] Eu tenho facilidade pra entender um pouco, quando a galera tá com paciência de falar tranquilo. Difícil é formar as frases, dar ideia mesmo.

Você é assim aqui também. Chega na miúda, custa a engatar a primeira É, pode ser... Mas com o tempo, você vai se soltando.

O que você achou de andar em lugares perfeitos, você que aprendeu a andar na tosqueira aqui. Você tem até uma coisa com a tosqueira. Você gosta, né?

Na verdade é o melhor jeito de chegar. Ninguém gosta de quem chega chegando.

É, eu gosto. Eu nem andei em coisa perfeita assim, andei muito em coisa podre, sei lá... Quando você chega, imagina que dá pra mandar um monte de coisa, mas vê de perto, é ruim. Mas os picos em que eu andei, que eram perfeitos, não tem nem o que falar.

Verdade...

O que foi memorável?

É mais fácil se entender.

Um pico que eu fui em Atlanta, que é uma rampa, com um tipo de gramado bem largo e uma trave muito grande também. Atrás da grade, tem um estacionamento, é um gap gigante onde o Andrew Reynolds deu um flip de front, acho que no Baker 3. Eu olhei e pensei “Meu Deus do céu”! É gigante. No vídeo parece suave, mas você chega lá e é sinistro, absurdo, surreal... Muitos picos são assim lá.

É, foi bem tranquilo de trocar ideia, porque a língua é parecida.

E o povo gostou do seu rolê?

ANDRÉ CALVÃO

Não sei, mas acho que... sei lá... Me trataram bem, foi bem da hora. Não sei dizer se curtiram ou não. Deram o maior

E você acabou de voltar pra lá? É, os caras da Volcom Latin America me chamaram pra dar um rolê bem da hora.

Com skate você se sente em casa no mundo inteiro? Eu acho que sim e este rolê foi uma prova disto. Você está com o skate, em qualquer lugar você vai estar bem, conhecer alguém e aí já tá tudo certo. Foi meio que isso mesmo. Eu colei, ninguém me conhecia, por acaso e a galera já me tratou o maior bem, já me acolheu, me chamou pra andar.... Foi da hora. Em Atlanta a gente foi na casa do Grant Taylor, foi muito foda. Vi o bowl nos vídeos, achava que era maior de boa, chegou lá, o bagulho é a maior caverna sinistra, bizarro, umas rampinhas em volta do bowl, meio toscas, assim, podres, difícil pra caralho.

Olhei praquele moleque, que anda na terra, na grama, na chuva e no inferno com um sorrisão de quem acabou de roubar um biscoito e pensei “Será que ele não se enxerga?”. Sua frase final confirmou minhas suspeitas. Ver ele andando, destruindo, é surreal. É meio um monge andando de skate. Disse o sereno japonês careca à minha frente. Alguém, por favor, conta pra ele? TRIBO SKATE • 59


VIA GE M

WALLRIDE ALLEYOOP FAKIE FIVE-0 REVERSE

60•TRIBO SKATE


TRIBO SKATE•61


C A SA NOVA

LUCAS CRAMOLICHE

13 ANOS, 3 DE SKATE DE DOURADOS, MS FOTOS BRUNO ROCHA

Skate e roupas atuais: Shape Simple, rodas Honey Pot, rolamentos Bones, eixos Venture, camiseta DC, bermuda ou calça Simple, boné Official e tênis Freeday. O que não suporta mais ver no skate: Brigas, discriminação e drogas. Manobra que ainda pretende acertar: Hardflip fs crooked. Principal rede social que usa: Insta (@lucascramoliche) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de apoio de tênis e shape. Skatista profissional em quem se espelha: Tiago Lemos. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Alife. Atual melhor equipe de skate brasileira: Öus. Amador que gostaria de ver pro: Thyago Silva. (Patrocínio: Chillin loja)

"SKATE PRA SEMPRE." casanova_256.indd 62

FS FIFTY

01/11/17 18:13


HARDFLIP

FLAVIO VON ZUBEN 26 ANOS, 13 DE SKATE DE VINHEDO, SP FOTOS MANOEL MARTINS

Skate e roupas atuais: Shape Urgh, rodas e rolamentos Bones, eixos Independent, roupas e tênis Urgh. O que não suporta mais ver no skate: Falta de respeito e falsidade, não só no skate mas no mundo em geral. Manobra que ainda pretende acertar: Hardflip bs noseblunt. Principal rede social que usa: Insta (@flaviovonzuben) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de incentivo dos governantes da minha cidade. Skatista profissional em quem se espelha: Caleb Rodrigues. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Latam. Atual melhor equipe de skate brasileira: DC Shoes. Amador que gostaria de ver pro: Mauricio Nishirara. (Patrocínio: Urgh, Life Go Fitness e MP Training Center)

casanova_256.indd 63

"TUDO É POSSÍVEL, BASTA ACREDITAR. TENHA FÉ!" 01/11/17 18:13


C A SA NOVA

FELIPE GOVEIA

18 ANOS, 8 DE SKATE DE ARACAJU, SE FOTOS THOMAS TEIXEIRA

Skate e roupas atuais: Shape Plural, rodas Crupiê, rolamentos RAS e trucks Crail. Boné Cococaps, camiseta D’outro Jeito e tênis Tesla. O que não suporta mais ver no skate: Não viajo quando o skatista vira um personagem pra atrair mídia, mas é fácil de perceber quem força a barra. Manobra que ainda pretende acertar: Switch bs flip. Principal rede social que usa: Insta (@felipeegoveia) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de patrocínio, alto nível de skate e pouco apoio. Skatista profissional em quem se espelha: JN Charles. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Jeep. Atual melhor equipe de skate brasileira: Crupiê. Amador que gostaria de ver pro: Franklin Morales. (Apoio: RAS Skateshop)

"SÓ VAI!" casanova_256.indd 64

SMITH

01/11/17 18:13


SS VARIAL

LEONARDO PACHECO ‘PUNK’ 26 ANOS, 12 DE SKATE DE PEDRO LEOPOLDO, MG FOTOS DIOGO ANDRADE

Skate e roupas atuais: Shape Feeling, rodas Moana, rolamentos Shake Junt e eixos Independent. Camiseta e boné Moana, calça da Qbrada e tênis Nike. O que não suporta mais ver no skate: Pessoas tirando vantagens e se aproveitando da proporção que o skate vem tomando. Manobra que ainda pretende acertar: Switch shovit fs crooked. Principal rede social que usa: Insta (@norolest)

Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Carência de um skatepark e o transporte nada barato pra ir pra BH. Skatista profissional em quem se espelha: Tiago Lemos. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Apple. Atual melhor equipe de skate brasileira: Moana. Amador que gostaria de ver pro: Gabriel Loureiro. (Feeling, Moana, Qbrada, L5 Oficial e Família Pro Skate. Apoio: Undergroundsilk)

"SEJA INABALÁVEL E MANTENHA-SE EM MOVIMENTO" casanova_256.indd 65

01/11/17 18:13


C A SA NOVA

RAFAEL EASTWOART “JAPIRA”

EZEQUIEL ZEICK

20 ANOS, 11 DE SKATE DE CUIABÁ, MT, MORA EM CURITIBA FOTO JUNIOR LEMOS

Skate e roupas atuais: Shape Speed Toy, rodas Bones, rolamentos Red Bones e trucks Crail. Camiseta Kamaleon, bermuda Mixta e tênis Supra. O que não suporta mais ver no skate: Forçar o que não é. Manobra que ainda pretende acertar: Fakie hard heel ss fs crooked. Principal rede social que usa: Insta (@instwoart) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de grana e poucos lugares para andar. Skatista profissional em quem se espelha: Wade DesArmo. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Apple. Atual melhor equipe de skate brasileira: Öus. Amador que gostaria de ver pro: Carlos Eduardo “Dudu”. (Mixta Skate Shop, Kamaleon.co, Speed Toy)

"VIVER" casanova_256.indd 66

FS GRIND

01/11/17 18:14


Skate e roupas atuais: Shape onesixone (161), rodas Bones, trucks Independent e rolamentos Red Bones. Tênis Vertical, calça e camiseta Black Sheep, Boné Environ. O que não suporta mais ver no skate: Ver os haters com o skate em baixo do braço achando que é desodorante. Manobra que ainda pretende acertar: Fs invert. Principal rede social que usa: Insta (@lucasorsoliniskate) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: A dificuldade de qualquer pessoa comum; contas, trabalho e estudos. Skatista profissional em quem se espelha: Guilherme Rocha. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Hurley. Atual melhor equipe de skate brasileira: Black Sheep. Amador que gostaria de ver pro: Luc Willians.

FS AIR

LUCAS ORSOLINI “DRUSKOLINI” 22 ANOS, 6 DE SKATE DE CURITIBA, MORA EM SÃO PAULO FOTOS CARLOS HENRIQUE DOS SANTOS

"ANDE DE SKATE OU MORRA" casanova_256.indd 67

01/11/17 18:14


ANUNCIOS.indd 8

06/09/17 15:04


ANUNCIOS.indd 9

06/09/17 15:04


T R A ÇOS E R ABISCOS

PER F IL D O A RTISTA

CHR ISTIAN SPILLE CK E

ELE É UM TALENTOSO E DEDICADO ALEMÃO QUE VIVE NA CIDADE DE BERLIM. COM SUA BANDA DE HARDCORE (UNITED AND STRONG) CONSEGUE VIAJAR PARA MUITOS PAÍSES, ANDAR DE SKATE NAS HORAS VAGAS E TAMBÉM CAPTURAR MOMENTOS INCRÍVEIS COM SUA CÂMERA. FAZENDO DESTA TRINCA O SEU ESTILO DE VIDA. CONHEÇA CHRISTIAN SPILLECKE, A.K.A. LYSZTOF!

TEXTO EDU REVOLBACK FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Por favor, apresente-se. Eu sou Christian Spillecke, de Berlim. Tenho 35 anos e eu gosto de skate, hardcore e fotografia. Em 1990, depois que o muro de Berlim veio abaixo, pisei pela primeira vez em um skate.

Pula - Croácia

Berlim - Alemanha

de 90, tirei fotos no filme e é claro continuei deste jeito barato. E fotografei em uma câmera compacta até ela quebrar. Depois disso, usei diferentes tipos de câmeras analógicas simples, até eu ter uma Leica compacta e uma de disparo. Estas também quebraram depois de eu ter tirado milhares de fotos! E neste exato momento estou usando uma Canon Canonet QL 17. Eu gosto das minhas câmeras pequenas, silenciosas e fáceis de usar, não quero atrair muita atenção com câmeras grandes e caras . As fotos mostradas nesta entrevista foram fotografadas com essas três câmeras.

Que tipo de equipamento você usa? Eu nunca

Quais suas maiores influências no skate e fotografia, por quê? Eu realmente come-

possuí uma câmera digital, exceto a câmera do meu celular. Então, na década

cei a andar de skate em 1995. Neste tempo Toy Machine, Zero, Foundation

e Shorty’s eram as que arrebentavam! E me tornei um grande fã, especialmente do Ed Templeton por causa de seu skate, sua empresa e porque ele é um vegano e straight edge. Ele também é um respeitado fotógrafo de rua e artista, então é óbvio que as fotos dele influenciaram no meu início. Um dos fotógrafos que eu descobri um pouco mais tarde foi Boris Mikhailov. Ele tira fotos da vida dura das ruas da Ucrânia com pessoas em dificuldades, maltrapilhas e de baixa renda.

O que significa para você skateboarding, fotografia e sua banda de hardcore United Strong?

→ CONHEÇA MAIS:

LYSZTOF.COM INSTAGRAM.COM/UNITEDANDSTRONG

70 • TRIBO SKATE

Arte 256_2.indd 70

01/11/17 18:10


Rabat - Marrocos

Krakow - Poland

Tbilisi - Georgia

Manchester - Inglaterra

Depois de ter pisado a primeira vez em um skate, levaram-se alguns anos para perceber que existia toda uma cultura em torno disso. Através do skate, descobri o hardcore e artistas que influenciaram o meu jeito de tirar fotos. E vinte anos depois continuo andando de skate, não muito bem e não todos os dias, mas continuo e não vou parar. O mesmo com a minha banda United and Strong: começamos em 2001 e viajamos o mundo, fomos para 22 países em três continentes e continuamos, não nos importando se temos sucesso ou se somos cool. É tudo DIY e nós fazemos isso porque amamos. A fotografia é a melhor ferramenta para capturar essas experiências feitas na turnê, enquanto eu viajo ou quando estou com o meu skate procurando obstáculos. Isso traz as coisas mais importantes da minha vida juntos.

Você viaja muito. Quais são os melhores lugares que você já fotografou? Eu gosto de viajar para lugares que são muito diferentes da Alemanha. Aqui, tudo está limpo e em ordem. É por isso que eu prefiro viajar para países das antigas União Soviética e Yugoslávia. Eu também gosto muito do Brasil porque você sabe que as coisas não estão realmente em ordem e para os olhos de um europeu ocidental tudo parece louco. Mas Nova York também foi uma boa experiência; me surpreendeu como as ruas são detonadas em alguns lugares e tem uma grande mistura de

pessoas, então consegui muitos lugares pra tirar fotos. Mas o Leste Europeu é o melhor lugar para isto!

Sinta-se à vontade para dizer algo! Antes de tudo obrigado e gostaria de dizer olá para todos os skatistas brasileiros. Quando cheguei em São Paulo, passei um bom momento na Paulista. Todos os skatistas me receberam com os braços abertos e tivemos ótimos momentos. Mais uma razão, que eu preciso voltar para o Brasil!

EDU ANDRADE, AKA REVOLBACK

Vegetariano, vocalista da banda Questions e um dos mais conceituados artistas urbanos da cena brasileira TRIBO SKATE • 71

Arte 256_2.indd 71

01/11/17 18:10


HOT STUF F

FINAL DE ANO

NOSSAS SUGESTÕES DE PRESENTE, PARA DEIXAR MAIS FÁCIL A VIDA DO BOM VELHINHO

PRODUÇÃO CAROL MEDEIROS X FOTOS RICARDO SOARES CAMISETA BLACK SHEEP / R$ 60

BONÉ BLACK SHEEP / R$ 60

ÓCULOS SPEEDO / R$ 170

TÊNIS MORMAII BIG SPIN MID / R$ 200

RELÓGIO XGAMES / R$ 150

BERMUDA OAKLEY / R$ 330

CAMISETA QUIKSILVER / R$ 130

MEIA ...LOST! / R$ 40

TÊNIS CONVERSE CONS BREAK POINT ADVENTURE / R$ 220

CHAVEIRO ...LOST! / R$ 40 72 • TRIBO SKATE

Ed. 256 Hot Stuff .indd 72

01/11/17 18:12


CAMISETA ...LOST! / R$ 140

MOCHILA BLACK SHEEP / R$ 180

BONÉ ...LOST! / R$ 255 ÓCULOS ARNETTE / R$ 280

CAMISETA STAIN / R$ 60

TÊNIS NIKE SB WOMENS BRUIN HIGH / R$ 380

CHINELO BLACK SHEEP / R$ 90

MEIA ...LOST! / R$ 40

TÊNIS VANS ULTRARANGE PRO / R$ 500

BERMUDA OAKLEY / R$ 300

...LOST! LOST.COM.BR ARNETTE ARNETTE.COM BLACK SHEEP BLACKSHEEP.COM.BR/ CONVERSE CONVERSE.COM.BR MORMAII MORMAIISHOP.COM.BR NIKE NIKE.COM.BR OAKLEY OAKLEY.COM.BR QUIKSILVER QUIKSILVER.COM.BR SPEEDO SPEEDO.COM.BR STAIN UNFOLLOWSTAIN.COM VANS VANS.COM.BR XGAMES ORIENTNET.COM.BR/XGAMES

TRIBO SKATE • 73

Ed. 256 Hot Stuff .indd 73

01/11/17 18:14


Á UDIO

E NTR EVISTA

TEST

GRINDCORE ATÉ O TALO E MUITO ALÉM TEXTO FERNANDO GOMES

// FOTO FELIPE DINIZ

ELES SÃO DUPLA E ÀS VEZES BIG BAND. TOCAM GRINDCORE EXPERIMENTANDO E INOVANDO NUM GÊNERO MARCADO PELA REPETIÇÃO. FIZERAM UM CLIPE SEM MÚSICA. DIVIDEM PALCO COM NOMES COMO NAPALM DEATH E FAZEM SHOW NAS RUAS. CONVERSAMOS COM JOÃO KOMBI E THIAGO BARATA, RESPECTIVAMENTE VOCAL/GUITARRA E BATERIA, E AGORA VOCÊ PODE CONHECER UM POUCO MAIS DESSA BANDA QUE É UMA DAS MAIS INTERESSANTES DA MÚSICA PESADA DO BRASIL 74 • TRIBO SKATE

Ed.256 Audio.indd 74

01/11/17 18:11


PRA NÓS, É BOM TER ESSE FORMATO DE TOCAR EM QUALQUER LUGAR, COM A ESTRUTURA QUE PUDER Como começou essa história de tocar na rua? TEST: Foi uma junção de vários fatores. É difícil organizar as coisas no underground, convencer as pessoas a ir aos eventos e a gente viu que nesses shows de banda gringa sempre juntava uma galera na frente e a gente não quer ficar se matando pra galera ir aos shows. A gente vai onde tá a galera que curte mesmo. Começou só com a gente tocando na rua e chegou até a entrar na programação da Virada Cultural, numa proporção muito maior, com bandas de outros estados.

O disco “Espécies” tem várias parcerias e vocês ainda fizeram o show no formato mini-big-band. Dá pra dizer que o TEST, na verdade, é uma galera e não só vocês dois? TEST: Com certeza. Tem muita gente que contribui, e de muitos lugares. Tem vários amigos que fazem arte pra banda desde o logo às camisetas, vídeos e discos. Movimenta muita gente de um jeito bem natural, mesmo eles não ganhando quase nada. Muito mais na camaradagem do que por qualquer outra coisa. Sem isso, a gente não conseguiria fazer as coisas do jeito tão da hora que tem sido. Nunca foi muito pensado isso, até pelo formato de ser duas pessoas. Agora a gente até tem identidade visual, mas foi tudo meio sem querer. Se não tivesse nada disso, a banda também ia acontecer de um jeito mais tosco. A galera sabe que isso não é o principal e nunca falamos pra ninguém “faz assim”. Por exemplo, o disco Árabe Macabre, a nossa amiga Carolina Scagliusi fez a capa e o logo sem a gente dar palpite e ficou animal! Com o “Espécies” foi assim também. Os nomes das músicas e disco sempre partem de outras pessoas. Com os vídeos é semelhante, um ou outro a gente começou a criar junto mas a galera que faz é que manda. Acho que assim as pessoas ficam felizes de trampar com a gente. Só a visão de nós dois ficaria chato, é bom ter ideias de várias pessoas somando.

E essa história de lançar um clipe sem som? TEST: Então, é uma dessas ideias aí mesmo. A gente vê uns super clipes e pensa que combinariam com o Metallica,

mas não combinam com banda underground. A ideia foi dar uma zoada nisso, de a produção do vídeo valer mais que o som. Já que é assim, a gente fez um clipe sem música.

Vocês tocam em situações bem diversas, desde grandes festivais a esse show aqui num estúdio pequeno em Salvador. Como é transitar em ambientes tão diferentes com a banda? TEST: Isso é muito bom, primeiro porque diversifica e a gente não fica fazendo as mesmas coisas. E eu vejo que quando você é uma banda que começa a ficar meio conhecida e não tem ninguém por trás fazendo as coisas pra você, marcando show e tal, algumas dessas bandas meio que se matam, param de fazer o que elas estavam fazendo e ficando sempre buscando algo de estrutura maior. Isso é prejudicial. Pra nós, é bom ter esse formato de tocar em qualquer lugar, com a estrutura que puder e eu vejo que com o tempo a gente tem se encaixado em mais lugares ainda.

Sair do lugar comum e se reinventar parece ser uma vontade constante do TEST, vocês sentem falta disso na música pesada? TEST: Total! Acho que as maiores bandas são as piores nesse sentido. As bandas do underground ainda tentam arriscar mais. Eu não sei por que os caras não sentem vontade de fazer diferente e ficam fazendo sons parecidos entre si. Se fosse pra ser assim a gente não teria motivação. Acho que todo mundo que tem uma banda tinha que ter esse pensamento, de ter um som próprio. Todo mundo fala que faz um som autoral, mas hoje em dia o que eu vejo são as bandas grandes fazendo a coisa de um jeito meio automático, há 15 anos sem lançar nada relevante.

→ VEJA E OUÇA: T ESTDEATH.COM.BR

FACEBOOK.COM/TESTGRIND/ TRIBO SKATE • 75

Ed.256 Audio.indd 75

01/11/17 18:11


COLUNA VIS UAL

FLIP NOSSO DE CADA DIA Sem espetáculo, luzes elétricas, ingressos pra arquibancada ou cobertura televisiva. Moradores de rua como plateia e um solo que já aguentou milhões de manobras como palco. Com simplicidade e vontade, assim como são nossas sessões cotidianas. Assim como o skate é em cada rua, quadra ou

CÉLIO KODAI, flip no Teatro Municipal em São Paulo

pistinha em que alguém esteja flipando.

76 • TRIBO SKATE

Coluna VIsual_256_3.indd 76

01/11/17 18:32


FERNANDO GOMES

Vivedor do skate soteropolitano, fotรณgrafo e jornalista TRIBO SKATE โ ข 77

Coluna VIsual_256_3.indd 77

01/11/17 18:32


COLUNA S K AT E S AÚ DE

T H I AGO PI NO

EM BUSCA DE DIVERSÃO, NÃO DE RESULTADOS Nos últimos meses venho me deparado muito com duas

indiferente se for só remar pela rua, dar o primeiro ollie ou

palavras juntas até então estranhas para mim dentro do skate:

trazer uma inédita medalha de ouro para o seu país.

alto rendimento. Frases do tipo "quero que meu filho treine

Os valores no skate são diferentes de todos os outros

para ser um skatista de alto rendimento" estão ficando cada

esportes, nosso maior adversário somos nós mesmos. A

vez mais presentes no nosso cotidiano.

superação e o aprendizado de novas manobras, somadas a

O skate pode ser considerado um esporte, uma atividade

conhecer novos lugares e fazer novas amizades, são o que nos

física, uma expressão artística, um meio de transporte, uma

move para seguir em frente. O que vale mais no futebol dentro

ferramenta de inclusão social, um estilo de vida e muito mais,

de uma olimpíada, ser campeão ou fazer um gol bonito?

dependendo da ótica com que cada um olha para ele. Dentro

Acho que isso é o que skate tem de melhor, valorizar

dos esportes “convencionais”, o alto rendimento é denominado

cada momento, valorizar cada conquista seja ela qual for.

pela busca constante da melhor performance atlética. Mas

Acertar uma manobra nova ou ganhar a Street League tem

como relacionar a frase com o skate?

o mesmo valor dentro do skate. E dentro deste raciocínio acredito que o skate é o "esporte" que mais tem "atletas de alto rendimento", como o garoto da sua rua que acertou o primeiro ollie, o Bob Burnquist e a Leticia Bufoni com

TODO SKATISTA DESEMPENHA SEU ALTO RENDIMENTO POIS FAZ O SEU MELHOR QUANDO ESTÁ EM CIMA DO SKATE

suas medalhas nos X Games, o Tiago Lemos e o Rodrigo TX com suas partes de vídeo cabreiras e inesquecíveis, as fotos e vídeos que vários fotógrafos e videomakers fazem para eternizar estes momentos, o Sandro Testinha com seu trabalho social, o Rubens Sunab que já com mais de 40 anos ainda se diverte como uma criança com seu skate pelas ruas do mundo, o Roger Mancha que superou uma grave doença e segue manobrando, o Kamau e o Parteum que conseguem transmitir a sensação de andar de skate através de suas músicas, o Pela Rua que levou para a TV o que é uma sessão de skate com os amigos, o Gordin do Gueime que me faz rir e sentir vontade de andar de skate toda vez que assisto aos seus vídeos. Todos eles e mais muita, muita gente mesmo,

Acredito que a inclusão do skate nas Olimpíadas está trazendo uma nova visão para dentro dele. O tal "alto rendimento" me dá a impressão daquele skatista focado

são skatistas de "alto rendimento". Um skatista sempre vai ser um skatista, indiferente do rumo que o skate vai tomar daqui para a frente.

em obter bons resultados em campeonatos, que treina para aprimorar manobras e linhas a serem utilizadas na "competição". Na minha modesta opinião, todo o skatista desempenha seu alto rendimento pois faz o seu melhor quando está em cima do skate. Ele faz com amor, quer aprender, se superar e se divertir,

THIAGO ZANONI: Skatista, pai de gêmeos, educador físico, idealizador do Skate Saúde e fisioterapeuta especialista em fisiologia do esporte e do exercício

78 • TRIBO SKATE

Ed. 256 Coluna Saude.indd 78

01/11/17 18:35


A S EU ALC A NCE

LER UMA REVISTA É UM PRAZER INCOMPARÁVEL! A TRIBO SKATE PODE SER ENCONTRADA EM ALGUMAS DAS PRINCIPAIS LOJAS ESPECIALIZADAS E EM PISTAS DE SKATE, DE NORTE A SUL DO BRASIL. CONFIRA ALGUNS PONTOS EM SÃO PAULO E GARANTA A SUA:

DOZAPE SKATESHOP

Rua Américo Gomes da Costa, 74

SKA SKATE ROCK

Rua Capitão Cesário, 79

BLESS SKATESHOP SANTANA Rua Dr. Olavo Egídio, 27

SKATE CENTER

Rua Itapura, 1302

SKATE CITY

Rua Coronel Albino Bairão, 356

BRASIL SKATE CAMP

FOREVER SKATESHOP

Galeria do Rock, 3º andar, loja 448

COLEX

Rua 24 de Maio, 116, térreo, loja 33

MATRIZ SP

Rua Cerro Corá, 631

CAVE POOL

Avenida Eliseu Almeida, 984

BOWLHOUSE

Rua Morgado de Mateus, 652

Rua Augusta, 2414

BLESS SKATESHOP Rua Turiassú, 603

ROOSEVELT SKATESHOP

Rua das Macieiras, 249

Praça Franklin Roosevelt, 149, loja 01

R2 SKATEPARK

90’S SKATESHOP

Rua Neves de Carvalho, 482

TOOBSLAND

No TRIBOSKATE.COM.BR a gente tem uma lista completa, confira!

Rua Ana Cintra, 312, sobreloja 02

TRIBO SKATE•79


COLUNA AGU IN AL DO ME LO

TÓ Q UI O 2020

NOSSO PRESIDENTE Bob da Silva Burnquist foi nos últimos anos um verdadeiro

O exemplo que eu falo é de ter um legado. Não ser algo para

representante do skate brasileiro pelo mundo. Através de suas

ajudar meia dúzia de pessoas que não precisam daquela ajuda.

manobras, o skate do “Braza” passou a ser respeitado. Bob abriu

De ser algo honesto, íntegro, bem distante da corrupção.

as portas para muitos skatistas brasileiros que estão no game até

A primeira batalha já foi vencida. No final de outubro o

hoje. Dali para a frente, tudo se tornou muito mais fácil para os

COB (Comitê Olímpico Brasileiro) reconheceu a CBSk como a

brasileiros conquistarem a América.

entidade que mandará no skate olímpico. Agora só falta a CBSk

Apesar desse currículo, a última coisa que eu esperava é que Bob assumisse a presidência da CBSk, Confederação Brasileira de Skate. A noticia me surpreendeu. De embaixador para presidente, agora Bob assumiu uma bronca que definitivamente eu não gostaria nem de passar perto. Quando se ouve a palavra “confederação”, logo vem à mente a palavra grana. Muito disso devido a CBF e outras confederações que são milionárias, mas no skate a realidade é bem diferente. Considerados até hoje um “Sub Esporte” pelo governo federal, a CBSk não recebia as verbas que outras confederações com esportes nas Olimpíadas recebem. Sem grana, a gestão Marcelo Santos/Ed Scander fez milagre para manter viva e atuante a CBSk. Com Bob na cadeira de presidente vejo um oceano de oportunidades para o skate brasileiro. Qual politico que não vai querer

se filiar oficialmente à World Skate, o que deverá acontecer até

TENHO CERTEZA QUE NENHUM SKATISTA IRÁ RECLAMAR DE ANDAR EM PISTAS MAIS BEM CONSTRUÍDAS, DE VER O SKATE TENDO O REAL VALOR QUE ELE MERECE

receber Bob Burnquist? Apesar das portas estarem abertas, os desafios são gigantescos:

» Lutar pelas verbas que um esporte olímpico tem direito » Firmar parcerias para criar competições e eventos relevantes » Estruturar a entidade, tendo assim como ajudar na construção

o final do ano. Isso já significa 700 mil reais no cofre da entidade. A verba será um impulso para 2018 ser um ano de muitas coisas boas para o skate brasileiro. Mas temos muito trabalho pela frente. Já falei aqui nesta coluna sobre usar Olimpíadas como desculpa para ajudar todos os skatistas profissionais do nosso país, mesmo aqueles que nem passarão perto de Tóquio. Ajudar essa galera é ter certeza que o skateboard nunca será como os outros esportes olímpicos que dependem do surgimento de um Cielo ou de um Guga para se despontarem. Com o apoio da nação skatista brasileira, Bob Burnquist poderá fazer manobras tão cabreiras como as que que vimos em suas vídeo partes nos últimos anos. O mais legal é que essas manobras ajudarão a todos os

skatistas, não somente a ele. Pode soar redundante, mas temos um livro em branco pela frente. Olimpíadas, confederação, competição e organização podem soar como palavras chatas. Mas tenho certeza que nenhum

de pistas decentes e planejar ações para que o skate tenha um

skatista irá reclamar de andar em pistas mais bem construídas, de

futuro sustentável

ver o skate tendo o real valor que ele merece.

Na minha opinião, estes são os pontos mais críticos e urgentes

Longa vida à CBSk, longa vida ao skateboard brasileiro!

para a CBSk. E, apesar de saber dropar de switchstance a Megarrampa, Bob não conseguirá fazer tudo isso sozinho. É muito louco como o skate, aquele tal esporte de marginal, poderá dar mais um exemplo para esse Brasilsão.

AGUINALDO MELO: Jornalista, skatista e alguns outros istas; é apaixonado por esportes de ação e curioso pela vida

80 • TRIBO SKATE

Coluna 2020_256_1.indd 80

01/11/17 18:18


TRIBO_ REDS_02_2017_pirataria.pdf

1

01/03/17

08:44

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

ANUNCIOS.indd 1

01/03/17 16:42


COLUNA G U TO J IMEN E Z

SK ATE BOA RD I NG M I LI TANT

LADO A & LADO B Poucos assuntos relativos ao skate dominaram tanto o noticiário

de ser skatista ou não. Acredito que esse exemplo seja o suficiente

da mídia especializada e da grande mídia quanto a posse da

pra derrubar o argumento do exclusivismo.

nova diretoria da CBSk. Nomes como os de Bob Burnquist,

No entanto, algumas dúvidas pairam no ar. Como um skatista

Sandro Dias e Jorge Kuge, entre outros, trouxeram à entidade um

veterano que já praticou todas as modalidades (com exceção

nível de visibilidade compatível somente às épocas dos grandes

do longboard freestyle/dancing), tenho um bom trânsito entre

eventos transmitidos pela televisão. Junte-se a isso a enorme

skatistas de todas as idades que praticam as mais variadas

pressão que caiu sobre os ombros de todos os integrantes e

formas de skate possíveis. Existe um grande temor generalizado

pode-se ter uma dimensão da enorme responsabilidade que

de que o skate brasileiro acabe se dividindo em “Lado A” e “Lado

pesa sobre os ombros desse grupo.

B”, assim como os LPs de vinil. No Lado A teríamos o street e o

Se você acha que Bob, Sandro & Cia não estão preparados pra

vert, os grandes eventos televisivos, as competições das recém-

encarar o enorme desafio que se apresenta, talvez seja melhor

promovidas modalidades olímpicas, o envolvimento das grandes

rever os seus conceitos. Bob é o maior medalhista da história

corporações no skate... Uma visibilidade muito, muito maior – e,

dos XGames, Sandro foi hexacampeão mundial de vert, Kuge é o

por consequência, um maior retorno de mídia e marketing.

empresário de skate há mais tempo em atividade, com mais de 35 anos dedicados ao carrinho... Nem vou mencionar o trabalho

O trabalho precisa ser feito de uma forma que as outras modalidades não sejam relegadas a um “Lado B”, afinal o Brasil já produziu campeões mundiais em todas elas, sem exceção.

O TRABALHO PRECISA SER FEITO DE UMA FORMA QUE AS OUTRAS MODALIDADES NÃO SEJAM RELEGADAS

Não é uma tarefa fácil agora e não será daqui a alguns meses, quando o trabalho da nova diretoria já poderá ser avaliado. Um profissional de downhill speed fez uma análise muito fria e bastante precisa de algumas das dificuldades: “Nenhuma modalidade exige tanto investimento do skatista quanto o speed, basta somar os valores de um bom skate de competição + capacete fechado e certificado + macacão + luvas + não sei quantos jogos de rodas, etc. Estamos chegando ao final do ano e só teremos uma única etapa válida pelo circuito brasileiro.

de formiguinhas do Roberto Maçaneiro à frente da FPS e do Ed

Teve o circuito mineiro, tem o paulista, tem o gaúcho e do

Scander na própria CBSk, pois os resultados dessa labuta falam

Nordeste, mas não apareceu ninguém da CBSk pra pegar uma

por si. Agora pense comigo: será que eles iriam enfrentar algo pro

etapa de cada circuito e dizer que a etapa tal vale pro circuito

qual não estivessem preparados? Nem preciso responder, né não?!

brasileiro”. O mesmo profissional fez uma pergunta que eu não

Tem gente que não enxerga com bons olhos a presença de

consegui responder: “como é que você vai convencer os pais

não skatistas no quadro da atual diretoria. Na boa: isso é de

de um menino ou de uma menina com potencial que vale a

uma miopia sem tamanho. O fato de alguém andar de skate

pena investir em material, viagens, inscrições, etc se eles não

não outorga a essa pessoa uma expertise em tudo o que seja

enxergarem nenhum reconhecimento mais adiante?”

relacionado ao carrinho, simples assim. Olhe bem o exemplo da

Essa questão também é válida pra todas as outras modalidades

ISF, a Federação Internacional de Skate que foi a responsável por

e só o tempo trará as respostas. Repito aqui o meu mantra:

incluir o esporte em competições olímpicas: o próprio presidente,

“tudo é skate e todos somos skatistas”. Que a nova diretoria da

Gary Ream, tem as suas raízes na ginástica olímpica. Ele ganhou

CBSk consiga enxergar a dimensão que isso significa e consiga

destaque ao introduzir o skate e o BMX em seu Camp Woodward,

trabalhar de acordo com as expectativas que foram criadas.

uma espécie de colônia de férias dedicada aos esportes radicais – isso bem antes do carrinho ganhar notoriedade mundial. Ou seja, as qualidades necessárias são ter uma visão desportiva diferenciada e muita competência administrativa, independente

GUTO JIMENEZ: Carioca que está no Planeta Terra desde 1962 e sobre o skate desde 1975

82 • TRIBO SKATE

Ed. 256 Coluna Guto.indd 82

01/11/17 18:32



ANUNCIOS.indd 1

24/10/17 17:58


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.