As Viagens da REV - Volume 2 (amostra)

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sempre a viajar

www.trevl.pt

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américa•Ásia•Oceânia[2011-13]


pssst@trevl.pt

Editor Geral Hugo Ramos

Director José Bragança Pinheiro jbpinheiro@trevl.pt

Assessoria editorial Vítor Sousa

Assinaturas e edições atrasadas: assinaturas@trevl.pt

Arte Edgar Antunes

Autores das viagens publicadas

Publicidade António Albuquerque antonio.albuquerque@fast-lane.pt Telefone: (+351) 939 551 559

André Ferreira, António Conde, Carlos Azevedo, Carolina Moura, Daniel Almeida, Élvio Andrade, Gary Inman, Filipe Elias, Francisco Sarmento, João Luís, José Bragança Pinheiro, Miguel Jordão, Nick Sanders, Paulo Pinto, Pedro Bispo, Rui Baltazar, Vasco Rodrigues, Vítor Sousa.

Assinaturas e edições atrasadas REV: Maria João Nobre assinaturas@fast-lane.pt

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Impressão e acabamento: Peecho.com

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“As Viagens da REV” são publicadas em 2 volumes. 2 ME Siga o QRCode acima LU para obter os seus exemplares. VO AMÉRICA•ÁSIA•OCEÂNIA

Proprietário e editor FAST LANE Media e Eventos, Lda. Administração, Redacção e Publicidade: Rua Vitor Hugo - 2D, 1000-294 Lisboa

Todos os direitos reservados de reprodução fotográfica ou escrita para todos os países.

[2011-13]

Todos os lucros na venda desta publicação revertem para a Organização “Riders For Health” (mais sobre esta ONG na pág. 7)

Capa: Francisco Sarmento (Índia)

A TREVL é a primeira e única revista portuguesa a tornar-se Media Partner da Ted Simon Foundation.


Uma viagem que começa numa ideia, num projecto que transforma o sonho de liberdade. José Bragança Pinheiro Director da “TREVL- de moto pelo mundo”

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TREVL nasce da vontade de viajar que pulsa em toda a equipa da “REV - Motorcycle Culture”. Nas prateleiras de cada vez mais casas perfilam todas as REV; alinhadas, as lombadas evocam a bandeira de xadrez, símbolo que celebra o final vitorioso mas que aqui dá também a partida. Ao criar a TREVL, a Fast-Lane fez soar o disparo para que seja criada uma revista dedicada aos viajantes portugueses de moto. Mas para trás existe um passado de histórias contadas de uma forma diferente. Editar e publicar este livro onde

reunimos todas as viagens publicadas na REV é a forma que a equipa da TREVL encontrou para reconhecer a qualidade do trabalho desta revista inovadora e fresca, em jeito de agradecimento pela oportunidade. Associámo-nos à “Riders For Health” cedendo todos os lucros desta publicação, para que mais motos continuem a salvar vidas em África. Obrigado REV, por alimentar os sonhos de viagem. E aos autores da aventuras e viagens, continuem a seguir a estrada, com uma TREVL e uma REV por companheiras.

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Prefácio

A Viagem vitor sousa Jornalista

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iajar é o que mais gosto de fazer na vida. Não; viajar de moto é o que mais gosto de fazer na vida! Não sei quando começou. O facto de sempre ter existido uma moto em minha casa pode ter ajudado. Mas talvez tenha sido nas histórias fantásticas que lia na Banda Desenhada com que aprendi a ler ou nos livros da Enid Blyton que, não sendo de viagens, me transportaram para, e por, cenários magníficos. Mas o mais certo é ter sido naquelas duas viagens que fiz com o meu pai quando tinha 9 e 10 anos na sua velha scooter. Guardo memórias dessa “aventuras” que nunca se apagaram da minha memória nem, por certo, se apagarão alguma vez. Somos o que fazemos, o que sentimos e as experiências que vivemos. Estas determinaram o meu futuro. Guardo, especialmente, um momento, algures a caminho do Algarve. Ao cruzarmo-nos com um casal estrangeiro (só podia

ser, em 1975 ninguém viajava “assim”), na sua imponente BMW de motor boxer que seguia para norte, estenderam a mão e saudaram-nos… Eu, que já “dera umas voltas” de carro com os meus tios e primos (o meu pai não tinha carro), nunca tinha visto nada assim. Foi magia. Um tão simples gesto, portador de uma carga simbólica tão forte: a amizade que só a estrada proporciona e forja, a simpatia entre gente que se desconhece mas sabe que partilha a mesma paixão, a solidariedade como que a dizer ‘se for preciso estamos aqui’. Fiquei fã. Quanto comprei a minha primeira moto, esperei que o período lectivo terminasse e repliquei esta mesma viagem. Só para confirmar. Apesar de ir a 90 km/h, com pendura e carregado de tenda e tralha, adorei. Confirmei a sensação que me ficara e acrescentei algumas mais. A dada altura, viajar tornou-se um vício. Poupo-vos aos clichés do ‘vento na cara’ e do caminho

em direcção ao pôr do sol. Mas tenho que vos dizer que não há sensação como a de estar na estrada e enfrentar, ao nosso ritmo e à nossa vontade, o caminho, a meteorologia, os sítios e as pessoas. O ir para onde queremos, à hora que queremos, o dormir numa tenda debaixo da chuva intensa do País de Gales, ou num canto de uma estação de serviço, deitado na relva e enrolado no saco cama, numa auto-estrada francesa em pleno verão. O cheirar, o escutar e o ver, o inspirar e o expirar. O fazermo-nos entender e grangear amigos numa língua estrangeira, o deitarmo-nos sobre um mapa e desenhar uma estrada, uma tirada, uma aventura. O sorrir, o cantar e o meditar. A cada viagem ficamos mais ricos. No que é realmente importante: na cultura e na experiência. A viagem é uma metáfora da vida. Por isso me custa sempre tanto regressar. Estacionado “não existo”, estou apenas à espera de sair de novo.

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Um dia na vida de Mambwe Kaemba Aperta o capacete, calça as luvas e acelera a sua Yamaha vermelha deixando para trás o Ministério da Saúde. O dia começara com as rotineiras verificações da sua moto. Sim, a corrente está ajustada, tem gasolina e o nível do óleo está no ponto. A missão de hoje é vacinar recém-nascidos. Para o conseguir espera-a um caminho esburacado e tortuoso que nunca chegou a ser terminado. Todo o treino recebido permitirá fazê-lo em segurança e com facilidade viajando na sua pequena e ágil moto. Mambwe é uma funcionária de saúde na Southern Province da Zambia. À sua responsabilidade tem 6 mil pessoas dispersas numa área de 20km2. Aqui, o simples facto de ter ao seu dispor um meio de transporte, é algo pouco comum. A razão pela qual tem uma moto, e porque não se avaria e pode confiar nela, deve-se à “Riders For Health”.


Uma Causa

Riders for Health: motos que salvam vidas

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O que é a “Riders for Health” A “Riders for Health” é o parceiro oficial humanitário da Federação Internacional de Motociclismo (FIM) e do MotoGP™ sendo suportado por motociclistas por todo o Mundo. Entregar colheitas médicas é apenas uma das formas através da qual a organização utiliza motos e ambulâncias de confiança para promover os cuidados de saúde em África. A co-fundadora e Directora da Riders for Health, Andrea Coleman, explica que “em África as doenças causam mortes facéis de evitar. Biliões de dólares são gastos em medicamentos para curar as doenças das quais sofrem, mas”, explica Andrea, “esses não conseguem chegar até aos doentes, assim como

a medicina preventiva ou profilática”. “Riders for Health” foi fundada por Randy Mamola, Andrea e Barry Coleman no final dos anos 80, angariando fundos nos paddocks dos grandes prémios de motociclismo que reverteriam para uma organização humanitária a trabalhar em África. Numa visita à Somália em 1988 aperceberam-se como esse dinheiro estaria a ser empregue. Depararam com um cenário onde as motos que deveriam assegurar a vacinação em locais remotos estavam paradas, avariadas. Haviam sido utilizadas apenas algumas centenas de kms, devido à falta de manutenção apropriada e de um sistema eficaz para abastecimento de peças e combustível. Sem esse meio de transporte, os colaboradores de saúde percorriam a pé as distâncias

entre as aldeias, sem chegarem às comunidades mais remotas e distantes. Para essas mulheres e crianças significava sobreviverem sem nenhum cuidado de saúde básico. No mundo actual era evidente para os cofundadores da RfH que isto seria inaceitável. Com o apoio da comunidade motociclista mundial criaram uma organização para mudar este cenário. Este trabalho começou com os ministérios e organizações de Saúde para promover a manutenção das motos e ambulâncias, criando uma rede de oficinas e técnicos com o treino apropriado. Os técnicos incluídos no programa são membros das comunidades locais e deslocam-se todos os meses onde estão as motos de assistência. O treino incide também sobre técnicas de condução segura,

manutenção diária das viaturas para que estas não falhem nas deslocações exigentes. Desde 1988 que a RfH contribui para que os técnicos de saúde consigam trabalhar em 7 países de África, com um total de 1.400 viaturas que servem cerca de 14 milhões de pessoas com cuidados de saúde básicos. Ter uma moto de confiança a funcionar em condições permite aos técnicos de saúde gastarem o dobro do tempo nas comunidades e chegar a 5x mais pessoas, antecipando assim a proliferação e agravamentos das doenças, actuando em tempo útil. Para saber mais sobre o trabalho da RfH ou sobre como contribuir, visite www.riders.org ou contacte através do email rfh@riders.org.


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“Do Sonho à Paixão”

por Filipe Elias

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“Cabo da Roca John O’Groats” por Vitor Sousa

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“Estrada Mãe” por Vitor Sousa

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“10 dias em Marrocos”

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por José Bragança Pinheiro, Daniel Almeida

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“Costa a Costa”

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por Gary Inman, Nick Sanders

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“A Queimar Pneu e Gasolina”

por Carlos Azevedo

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“Bolívia 2012” por Élvio Andrade, Rui Baltazar

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“As Viagens da REV” são publicadas em 2 livros.

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“5 semanas na América Central”

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“Patagónia”

Histórias incluídas no Volume 1: “Europa•África”

por Carolina Moura

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“10 mil kms até à Noruega” VIAGENS

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por Pierre de Sousa Lima

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“Highway to Norway”

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por Vasco Rodrigues

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“A Estrada” por António Conde

“A Rota do Incerto”

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por André Ferreira, Miguel Jordão, Paulo Pinto pág.

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“A Bullet in India”

por Francisco Sarmento pág.

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Talvez o continente com as diferenças mais acentuadas, entre de Norte a Sul. No continente sul-americano os destinos são de sonho e aventura. Num mercado crescente de empresas de viagem de moto, as opções são inúmeras. Escolher uma é apenas o primeiro dos desafios. Na metade norte deste fascinante continente apenas três países: México, EUA ou Canadá; parece pouco, mas entre os dois há fauna que vai dos Alces às cascavéis do deserto.

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“5 semanas na América Central” por Carlos Azevedo

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“Costa a Costa”

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por Gary Inman, Nick Sanders

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“Bolívia 2012”

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“Patagónia” por Carolina Moura

por Élvio Andrade, Rui Baltazar

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Carlos Azevedo

Estou em Melchor de Mencos, uma vila fronteiriça entre o Belize e a Guatemala. 30

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Estou em Melchor de Mencos, uma vila fronteiriça entre o Belize e a Guatemala. Ainda há uma semana passei aqui “em serviço” guiando a Adventure Tour Rota Maya da MotoXplorers, mas passar é muito diferente de ficar e quando temos tempo conseguimos ver coisas que não vemos quando apenas passamos. Coisas como os tiros que ecoam na noite escura desta cidade, as ruas desertas ou o olhar ameaçador dos guardas armados até aos dentes que defendem o hotel como se esperassem uma invasão militar. O restaurante do hotel é assustador, limpo e organizado mas decorado com peles e cabeças de animais empalhados, aliás todo o edifício é adornado com estes sinistros

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bibelôs. Conto pelo menos seis jaguares, várias tartarugas, crocodilos de todos os tamanhos, cobras, tudo esparramado nas paredes. Perco o apetite, entre os tiros na rua e esta mórbida decoração não sei o que é pior. Assim passo a primeira noite da minha viagem, fechado num quarto com grades na janela, acompanhado pelos diálogos de uma telenovela mexicana, um prato cheio de tacos e o som de tiros esporádicos na rua. “Bienvenido a Centro America”. Já conheço as paisagens até ao sul da Guatemala, passei por aqui no ano passado com outra viagem da MotoXplorers, por isso não perco muito tempo. Sigo directo para as montanhas do sul que fazem de fronteira natural com as Honduras. A fronteira das

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Gary Inman Nick Sanders

De Nova Iorque a São Francisco e de volta a Nova Iorque. 24 Estados. 20 dias de condução.

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Zero dias de descanso 12 motociclistas. 13.500kms no total. 675kms, em média, por dia, podia escrever um livro com os pensamentos e memórias que esta viagem inspirou, mas deram-me apenas dez páginas. Estes são os destaques.

motociclistas, alguns com pendura, numa viagem de aventura de costa a costa a costa dos EUA. NY a SF e regresso à Big Apple via Las Vega, Texas e Memphis. Eu digo que o Nick lidera... - ‘Tornei-me mais num facilitador do que num líder de grupo nesta viagem,’ afirma ele.

Sierra Nevada ‘Foi um belo troço de auto-estrada com dez faixas’, diz-me o Nick Sanders com um sorriso estarola no canto da boca enquanto coça o seu cabelo grisalho. E ele está certo, passámos a manhã naquela que pode bem ser a mais bonita auto-estrada dos EUA. A I-80 trepa desde o silêncio opressor do deserto de Reno, no Nevada, direita às montanhas da Sierra Nevada cobertas de pinheiros, toca a estância de ski do Lago Tahoe, passa junto a Sacramento, Califórnia, terra de domingueiros Hot Rods e carros transformados, descendo depois em direcção à zona de maior classe da costa da NorCal (Alta Califórnia) e da ponte Golden Gate. E tudo isto com apenas um depósito de gasolina. O lendário, inglês, aventureiro das duas rodas lidera um grupo de 12

As suas viagens são auto-designadas expedições puras e duras. Têm muitos quilómetros, baixo custo, comparativamente a outras e atraem um certo tipo de clientes. Muito poucos dos que participam precisam de ser levados pela mão.

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Neste momento, espalhados sobre mais ou menos 50 milhas das estradas da Costa Oeste, está uma dúzia de viajantes que montam motos com matrículas britânicas ou irlandesas, todos em etapas ligeiramente diferentes da sua viagem de uma vida. Nove dias antes desta descida para a Califórnia, a aventura “Incredible USA” começou no poeirento e escuro porto de Newark, em Nova Jersey, a uma distância de uma viagem de táxi de Manhattan. A rota

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Élvio Andrade Rui Baltazar

Um país ainda em bruto por descobrir e com um potencial imenso para os aficionados das viagens aventura em duas rodas.

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Depois do Ghana em 2011, decidimos partir para um novo continente e o destino escolhido foi a Bolívia. A diversidade de paisagens é grande e apesar dos 2000 km percorridos, muito ainda ficou por ver e a pedir uma segunda aventura. Desta vez decidimos não ir sozinhos e estendemos o convite a alguns amigos.

30 Preparação A preparação da viagem em termos de percurso, alojamento e aluguer de motos foi efectuado com o nosso contacto local e demorou cerca de seis meses a aprimorar. No total iríamos estar sete dias a rolar pelas

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estradas e trilhos bolivianos aos comandos de motos de enduro com 650cc. Um carro de apoio acompanharia o grupo em todos os trajectos trazendo assim suporte para algum imponderável e também a necessária autonomia em termos de combustível. Foi efectuada a típica preparação para a viagem em termos de leitura, reunião do grupo para partilha de informação e até alguma preparação fisica (3 abdominais e 4,5 flexões diárias) para enfrentar os dias que iríamos passar a grandes altitudes (4000m). Os dias que antecederam a viagem pareciam não passar rápido o suficiente mas a 24

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Carolina Moura Carlos Coelho

Quando falámos em fazer a viagem à Patagónia eu não fazia ideia no que me ia meter...

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Pensei que era só mais uma viagem de mota e, como nunca tinha ido à Argentina, até estava empolgada com a viagem. Os preparativos começaram algum tempo antes porque havia algumas coisas que tínhamos de decidir, como que pontos iríamos visitar, que roupa levar e aspectos relacionados com a logística que este tipo de viagem “requer”, afinal iríamos ter quase um mês de aventura pela frente.

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Ferrugem Decidimos alugar a mota lá, tínhamos opção entre a F650GS ou a 1200, optámos pela 650 por ser uma mota mais ligeira para o tipo de estradas que íamos fazer, mais fiável e com menos electrónica, o que poderia ser um problema se tivéssemos uma avaria. No site do stand onde íamos alugar a mota davam a

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garantia de que todas as motas não tinham mais de 2 anos. Quando chegámos a Buenos Aires para ir buscar a mota constatámos que a mota tinha 5 anos, 60.000 km e estava toda ferrugenta!!! Bem, não haveria de ser nada, se já tinha aguentado 60.000 km com certeza que ia aguentar mais 6.000.

Ruta 3 Partimos de Buenos Aires em direcção a Bahia Blanca (onde o dono do hotel insistiu que entrássemos com a mota pela recepção...) onde iríamos entrar na Ruta 3, que é uma das principais estradas que percorrem a Argentina de Norte a Sul, pela costa atlântica. A outra é a Ruta 40, que o faz pelo interior, junto aos Andes, e que iríamos percorrer mais tarde.

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Não há escola de condução em Portugal que prepare um viajante para o que é rolar no trânsito das estradas asiáticas. É o preço a pagar para viajar por um dos continentes mais enigmáticos. Quanto à Oceânia, Overlander que se preze tem de ter este continente no arsenal, mesmo sendo (ou talvez por isso) nas antípodas de Portugal.


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por Francisco Sarmento

por Pedro Bispo

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por André Ferreira, Miguel Jordão, Paulo Pinto

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É o continente mais antigo do Mundo. Não só é um dos países maiores do Mundo, como também a maior ilha do planeta que é simultaneamente um continente e um único país.

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É o continente mais antigo do Mundo, habitado por aborígenes há mais de 60.000 anos e colonizado pelos ingleses há apenas 200 anos em 1788. Não só é um dos países maiores do Mundo, como também a maior ilha do planeta que é simultaneamente um continente e um único país. De todos os continentes é o mais vasto e plano, seco, quente, ressequido e estéril mas onde incrivelmente a vida prospera e floresce em qualquer recanto por baixo de qualquer pedra ao sol, sobretudo quando se trata de pequenos e perigosos predadores. Este é um país onde acontecem coisas interessantes, onde o povo sorri com frequência, se valoriza e se orgulha fervorosamente do seu país. 25 de Janeiro de 2011. Um abanão mais forte despertou-me do sono entorpecido que a poltrona pouco espaçosa do avião me permitiu, mas foi o burburinho animado e a voz empolgada da minha mulher a meu lado que me fizeram abrir os olhos. Estávamos por fim a sobrevoar Sydney. A custo, entre o vaivém das cabeças curiosas dos outros

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passageiros que se debruçavam na minúscula janela do nosso Boeing 747, reconheci, de já ter visto em postais, a imponência daqueles edifícios. A Harbour Bridge que faz a ligação entre o centro da cidade, a sul do porto, e a zona residencial a norte, a famosa e controversa Opera House com as suas inconfundíveis abóbadas e que demorou 14 anos a ser construída, a Sydney Tower com 305 metros de altura, o observatório mais alto do hemisfério sul, e o espaçoso Royal Botanic Gardens, vizinho dos enormes arranha-céus coroados de grandes e luminosos placards publicitários. Não obstante o facto de a minha mulher ser luso-australiana, a forma negligente como todos estes anos tenho tratado os assuntos australianos é curiosa. Por isso mesmo, e por ser um apaixonado por grandes viagens de moto, a melhor forma de conhecer e apreciála seria atravessar o país ao nível do chão, contactando directamente com as pessoas, com os cheiros, a paisagem, o calor, a chuva.

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Francisco Sarmento

A ideia de 4 meses de mota pela Índia ainda me intimidava, quanto mais à Maria João que nunca havia estado na Índia.

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Começámos a viagem de comboio, o percurso Delhi-Agra-Jaipur-Bhuj-Bombaim-Goa. Em Bhuj estivemos 3 dias, é uma zona muito interessante e nada turística, onde pudemos alugar uma honda 125 (não havia RE) e dar bons passeios. No resto dos destinos estivemos somente um dia, tirando Bombaim onde passámos apenas horas. Chegados a Goa, onde tenho família, começou a busca por uma Royal Enfield, Bullet para os indianos. Antes de lá chegar já tinha telefonado para o meu primo André e pedido para sondar por uma Bullet, havia o proprietário de um restaurante em Panjim, o Ernesto, que sabia de uma, mas o proprietário esteve incontactável. Os mecânicos locais a quem perguntava pediam valores “turísticos”.

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Foi então na praia de Anjuna, ao ir para a Feira da Ladra que encontrámos a Joana, uma amiga da Maria João dos tempos da primária, coincidência, o Holandês que acompanhava a Joana tinha uma RE 350cc para vender. Aceitei o valor de 3500rs (cerca de 560€) sem sequer ver a mota. Chega então o dia da primeira viagem, GoaMangalore, cerca de 400km. Eu tinha 3 dias para chegar a Cochim, onde nos iriamos encontrar com os meus Pais. A previsão feita pelo tal Ernesto era de 10h de viagem, eu como queria ir bem devagar achei 8h. O Ernesto estava certo, fazer 40km/h naquela estrada era puxado.

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N E 18 73 Índia

A Rota do Incerto

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André Ferreira, Miguel Jordão, Paulo Pinto

Tínhamos a certeza que começava em Ho Chi Minh. Sobre se regressaríamos de Hanói no dia e na hora impressos no bilhetes de avião, já não tanto.

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Somos três amigos: André, Miguel e Paulo. Partilhamos a paixão pelas motas e o desejo de conhecer novas culturas e viajámos de mota pelo Vietname ao longo de 16 dias. Chamaram-nos doidos, irresponsáveis, inconsequentes. Nós consideramo-nos viajantes, aventureiros, uma espécie de forasteiros que andam sem rumo, mas com um destino. Sabemos onde queremos chegar, mas os vários caminhos possíveis são totalmente imprevisiveis. Ouvimos sempre as mesmas perguntas: - “têm hotel marcado?” - “viagens entre as cidades?” - “têm guias?” - “e mota?” - “porquê mota?” A resposta dá-se em poucas palavras: sensação de liberdade, descoberta de lugares inóspitos e a adrenalina do incerto...

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Quando partimos de Lisboa levávamos na mochila um punhado de quase nada: duas ou três t-shirts, calções, kit de farmácia e de higiene, um lençol para as dormidas e uns emails trocados com Tran Danh, o dono das três motas (Honda Win 110cc) que iríamos comprar. Para isso tivemos a ajuda de Tran Ty Van, uma amiga vietnamita que mora em Portugal. Vestiamos o que nos acompanhou durante toda a viagem: o nosso equipamento Vietnam Tour Metralha Team. Nesta altura, era maior a lista daquilo que não tínhamos do que a lista daquilo que levávamos. Sem motas, nem mapas, nem marcação em hóteis, nem visitas guiadas, tínhamos apenas um mapa mental do país, dividido em diferentes etapas, que o percorriam de lés-a-lés, primeiro pelo interior e, mais tarde, pelo litoral, num total de 2.900 kms. Mas Vietname, porquê? Perguntavam-nos.

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