Apae 50 anos

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Apae

edição especial comemorativa ao jubileu de ouro da Apae Americana abril de 2018

A M E R I C A N A

JUAREZ GODOY

Apae de Americana comemora o Jubileu de Ouro e enaltece a contribuição de cada personagem que ajudou a escrever as páginas desta grande obra social

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ANOS DE HISTÓRIA



A EDIÇÃO ESPECIAL DA REVISTA APAE AMERICANA 50 ANOS É UMA PUBLICAÇÃO DA APAE DE AMERICANA PRODUZIDA NO OUTONO DE 2018

5 DÉCADAS passaram voando. Assim como o tempo, a semana, o dia, as horas. Tudo passa tão rápido, despercebido e as conquistas, que são tantas, ficam esquecidas. As derrotas, estas não, são lembradas por todos. Não vamos deixar isso acontecer com a Apae de Americana. São tantas alegrias, tantas histórias, tantas pessoas, tantas e tão maiores que nossas dificuldades. Por isso, com todo o carinho do mundo, elaboramos esta revista especial de 50 anos. Nela você vai ler e se emocionar com histórias de vidas que ganharam mais sentido e que nos enchem de orgulho, profissionais e voluntários que se doam todos os dias para o próximo e por uma única causa: o bem estar de pessoas que nasceram com algumas dificuldades, mas com uma vontade de lutar gigante. Nestes 50 anos, ganhamos a simpatia da comunidade, haja visto a quantidade de parceiros e apoiadores desta revista, a quem agradecemos e saudamos. Também nos tornamos referência, fomos a primeira Apae a receber a certificação de ISO 9002:1994. Em 2017, obtivemos a atualização para certificação ISSO 9001:2015 de acordo com as novas exigências da ISO. Nossos desafios continuam, hoje a instituição assiste cerca de 1000 pessoas desde o nascimento até a idade adulta. São 108 funcionários contratados e cerca de 150 voluntários. A Apae é uma associação beneficente de assistência social, para fins não econômicos, de caráter educacional, cultural, assistencial, de saúde, de estudo e pesquisa. Precisamos da sua ajuda e da ajuda do governo para continuar nesta luta, que não pode parar nunca! Boa leitura!

ADMINISTRAÇÃO 2017-2019 DIRETORIA EXECUTIVA PRESIDENTE

Anastácio Banov  VICE-PRESIDENTE

Luiz Gustavo Fornaziero Buzzo

1º DIRETOR SECRETÁRIO

Jacyara Malavazzi Gonçalves 2º DIRETOR SECRETÁRIO

Mônica Chiachio Mendes

1º DIRETOR FINANCEIRO

Luiz Carlos Rodegher

2º DIRETOR FINANCEIRO

Antonio Carlos Ruela DIRETOR DE PATRIMÔNIO

Érica Uehara Tayra DIRETOR SOCIAL

Roberto Cullen Dellapiazza PRESIDENTE DE HONRA

Albertina Palucci Pupo CONSELHO FISCAL EFETIVOS Claudinei Alves Pereira, Claudnei José Miani, Luiz Carlos Buzinari SUPLENTES Carlos Alberto Franco, Thiago Gonçalves CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Antonio Carlos de Camargo, Celso Ricardo Gonçalves, Danilo Gonçalves, Marcelo Martins, Marcus Vinícius Rossi Natal, Michel Gregório Gomes, Plínio Dimas Possobom, Sidney Isidro da Silva CONSELHO CONSULTIVO Sebastião de Souza Adegas, Alcyr Pupo, Paulo Roberto Belizário CONSELHO EDITORIAL Quelis Z. Ferreira, Anastácio Banov e Juliana Freitas PROJETO EDITORIAL | tantas.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL Juliana Freitas {MTb. 31805} TEXTOS | Cristiane Caldeira FOTOS | Juarez Godoy e Claudeci Junior DESIGNER GRÁFICO | Fábio B. Natali IMPRESSÃO | Gráfica Mundo TIRAGEM | 5.000 exemplares

ANASTÁCIO BANOV presidente da apae americana

apresentação

editorial JU A R EZ GODOY

quem fez?


História viva Albertina e Alcyr Pupo, os pais da Mônica, fundaram os alicerces da Apae de Americana numa época em que as famílias ainda escondiam seus deficientes

edição especial • abril de 2018

JUAREZ GODOY

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ALBERTINA E ALCYR PUPO personifi- que comprometeram seu desenvolvimento cam a história da Apae (Associação de intelectual. Albertina conta que, naquela Pais e Amigos do Excepcionais de Ame- época, teve que buscar tratamento espericana). Foram eles que, em 1968, junto cializado para a filha em Limeira, na comcom Maria Frizzarin, Osvaldo Pisoni, Pedro panhia de outras duas meninas, de AmeBertini, Homero Kalache e Elpídio Corde- ricana. O grupo se deslocava para a Aril nonsi, fundaram o CREIA (Centro de Recu- (Associação de Reabilitação Infantil de peração Infantil de Americana), que veio a Limeira) de manhã, voltava de trem, no se tornar a Apae, em 1997. final da tarde. Levaram esta vida por Albertina e Alcyr tinham uma motiva- cerca de três anos. Bernadete, sobrinha ção pessoal para abraçar o desafio de fun- de Maria Frizzarin, foi a número 1 no livro dar em Americana uma entidade especia- de matrículas do CREIA. Mônica, a número lizada no tratamento de crianças especiais: 2. O grupo fundador do CREIA trouxe para a filha Mônica, que sofreu hipóxia cerebral Americana renomados especialistas na no nascimento, em 1957, e teve sequelas época: os médicos Julio Abbade e Luiz

@sportevida23

Sader, da Aril, a fonoaudióloga Josedith Bicudo Álvares Bittar, a Didi, e a psicóloga Regina Loureiro, de São Paulo. O CREIA começou com cinco crianças, em um espaço cedido pela prefeitura na Rua 12 de Outubro, na Vila Gallo. Um “parque infantil adaptado”, como se refere Albertina. “Pedindo aqui, pedindo ali, fomos tocando”, lembra ela, que presidiu a Apae por 15 anos e hoje é presidente de honra da entidade. Em 2002, viu realizado o sonho do prédio amplo no Residencial Nardini. Há 50 anos, fora os desafios de fundar uma entidade pioneira em Americana, Alcyr e Albertina sentiram na pele os reflexos da desinformação sobre as síndromes que causam as deficiências. Albertina lembra que quando as crianças passaram a ir para a Apae de ônibus, precisaram abolir o uso do uniforme, tamanha a exclusão social. “Travamos uma luta de cachorro grande, mas graças a Deus, vencemos. Se precisasse, mesmo hoje, começaria tudo de novo”, assegura ela, aos 82 anos. Com 86 anos, membro do conselho, Alcyr ainda acompanha de perto os trabalhos da Apae, sempre que possível. “Para nós é uma alegria muito grande vermos a Apae como está hoje, as crianças bem atendidas. Todo trabalho que tivemos lá atrás foi recompensado. É comovente estarmos vivos para comemorarmos essa data.” O futuro? Albertina diz que ainda há muito a ser feito. A falta de independência financeira ainda causa temor, mas, para ela, a Apae é uma entidade abençoada. “Mesmo nas maiores dificuldades, nunca nos faltou nada. Sempre pudemos contar com uma alma caridosa”, afirma.

Sport Vida



Pai herói Pela filha Patrícia, Sebastião Adegas iniciou a luta pelos direitos que beneficiaram os filhos e centenas de famílias edição especial • abril de 2018

CLAUDECI JR.

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SEBASTIÃO DE Souza Adegas, 81, teve a primeira experiência com a rotina de uma pessoa com deficiência quando a filha Patrícia nasceu com paralisia cerebral, em 1966. Na época, morava em São Paulo e trabalhava no Banco do Brasil. Tinha pouco conhecimento sobre o distúrbio da filha e os tratamentos disponíveis, e buscou por conta própria cada um dos atendimentos que ela necessitava. Ainda em São Paulo, com outros colegas do Banco do Brasil, ajudou a fundar a Apabb (Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência de Funcionários do Banco do Brasil) e continuou custeando com recursos próprios o tratamento da filha em casa. Seu primeiro contato com uma Apae foi em São Paulo. Quando veio para Americana, transferido pelo banco, em 1985, surpreendeu-se com a estrutura da Apae que encontrou aqui, e com sua experiência, engajou-se e somou forças e conhecimento para tornar ainda mais eficiente o atendimento prestado pela entidade. Foi na Apae de Americana que viu a filha dar um salto no desenvolvimento, associado aos tratamentos particulares que nunca parou: ela aprendeu a nadar, dançar, escrever. Pequenos avanços que a ajudaram a levar uma vida mais independente. Vivendo o dia a dia da entidade, envolvendo-se diretamente nas atividades como voluntário, presidiu a Apae de 2005 a 2010 e 2014 a 2016. “A Apae de Americana sempre pontuou no ranking das Apaes do Brasil inteiro. E nós buscamos todas as inovações para que ela sempre fosse referência. É um trabalho de muitas mãos”, diz, fazendo uma reverência a seus fundadores e a todos os presidentes que o antecederam. “A Apae tem uma história bem maior que a minha como membro da diretoria. Tem uma história muito bonita que começou com gente muito boa. Eu apenas tentei ajudar naquilo que podia”, diz. Patrícia faleceu antes de completar 40 anos e tinha a Apae como sua segunda casa. O mesmo sentimento Adegas mantém por ela até hoje, participando ativamente da diretoria para poder proporcionar a outras famílias o amparo e apoio que necessitam, como ele um dia precisou. “Amor e dedicação sem fim são diferenciais da Apae de Americana. Temos aqui uma trajetória de sucesso. Esses 50 anos da Apae representam um percurso de lutas, mas de muitas vitórias”, resume.



Uma saudade ARQUIVO/APAE AMERICANA

edição especial • abril de 2018

José Luiz Carvalho assumiu a Apae como um missão após a aposentadoria, e dedicou-se de corpo e alma à entidade até o fim da vida

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FUNCIONÁRIO APOSENTADO do Banco do Brasil, José Luiz Carvalho foi convidado a integrar o conselho da Apae pelo amigo Sebastião Adegas. E fez deste desafio sua nova missão. Recebeu proposta de trabalho após a aposentadoria, mas recusou porque tinha aceitado o cargo na entidade, afirmando que seguiria neste trabalho voluntário até o fim. “Ele pegou esse trabalho com unhas e dentes”, lembra a esposa, Angela Aparecida Lomas Carvalho, 74. Inseguro sobre a própria capacidade em administrar algo que fugia completamente à sua experiência, pela falta de proximidade com a causa, foi incentivado pela mulher a, pelo menos, tentar. Deu tão certo que presidiu a Apae de 1996 a 2012, atuando na entidade até o fim da vida, como havia se proposto. Arregaçou as mangas, mesmo antes de ser presidente, e ajudou a erguer o prédio da Apae. Fez do voluntariado, um trabalho, ao qual se dedicava presencialmente todos os dias, como lembra Angela. “Levantava às sete e meia da manhã, às oito, oito e pouco, estava na Apae. Vinha para casa almoçar e voltava porque sempre tinha alguma coisa para fazer. Pegou mesmo com afinco”, orgulha-se. Angela chegou a ajudar a entidade como voluntária, como podia,

José Luiz Carvalho presidiu a Apae de 1996 a 2012

com seu artesanato, durante o período em que o marido assumiu as funções administrativas ali, e acompanhou de perto as dificuldades do dia a dia de uma entidade beneficente. “Trabalhar na Apae é muito gratificante. Eles fazem um trabalho bem feito e quando você vê os resultados, isso nos recompensa.” José Luiz faleceu aos 71 anos, em 2012. Os 70 dias que viveu após a cirurgia foram os únicos em que se ausentou da Apae fisicamente, desde que assumiu sua missão. É lembrado pelos amigos e funcionários como um abnegado, batalhador, resiliente. Presidente que fez história e ser humano excepcional. “Às vezes eu ficava até brava com ele, porque queria viajar e ele nunca podia, dizia que não podia se ausentar da Apae. ‘A gente vai outra vez porque tem reunião, tem isso, tem aquilo e eu não posso faltar’. Foi uma missão que lhe foi oferecida e ele aceitou de muito bom gosto. Trabalhou muito e foi com muito amor e carinho”, define.


FOI NA maçonaria que o empre- um momento para se arrecadar sário Paulo Roberto Belizário, 69, dinheiro porque era uma época recebeu o convite de Alcyr Pupo e difícil nas finanças do Brasil, de Rubens Gonçalves Dias para parti- transição da moeda. Foi uma luta cipar da diretoria da Apae. Aceitou, muito grande”. E prossegue suas de pronto, a ocupar a vice-presi- lembranças com a voz embargada. dência da Apae e a partir daí fazer “Uma época chegava final de ano uma imersão no trabalho da enti- e não tínhamos como pagar o dade. Desde então, não abando- 13º dos funcionários. Uma coisa nou mais o barco. sagrada, porque eles trabalharam, Em sua gestão como presidente mas não tinha de onde tirar verba, (2002/2004), a Apae foi primeira pedia pra cá, pedia pra lá. Quando no Brasil a conquistar a certifica- não tinha o que fazer, surgia uma ção ISO-9001, um dos grandes alma generosa e fazia uma doamarcos da história da entidade. ção que pagava os funcionários. Mais que os percalços financei- A gente passou por isso”. ros e as conquistas realizadas, Belizário destaca, com forte experiências pessoais ficam como emoção, o crescimento espiritual nos legado de sua trajetória junto à anos em que acompanhou de perto entidade, como as noites de tra- o trabalho na Apae. “Só o dia a dia balho voluntário para arrecada- aqui pra sentir o quanto é imporção de fundos na barraca da Festa tante o trabalho que é feito por do Peão de Americana, e as via- essas famílias. Aí você vai para casa, gens junto ao saudoso José Luiz vê seus filhos bem, isso dá força pra Carvalho na luta para arreca- tentar fazer uma coisa melhor para dar fundos para a entidade. “Era o próximo”, emociona-se. CLAUDECI JR.

Só o dia a dia aqui pra sentir o quanto é importante o trabalho que é feito por essas famílias. Aí você vai para casa, vê seus filhos bem, isso dá força pra tentar fazer uma coisa melhor para o próximo

história

Legado para a vida

Paulo Roberto Belizário abraçou a causa da Apae como um desafio e, mais que conquistas, acumulou crescimento pessoal


Por uma boa causa

edição especial • abril de 2018

Luiz Gustavo Fornaziero Buzzo ofereceu voluntariamente os serviços de seu escritório de advocacia para a Apae; e foi só o começo

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HÁ 12 anos, o advogado Luiz Gustavo Fornaziero Buzzo, 40, atual vice-presidente e presidente da Apae em 2012/2013, decidiu, com o sócio, que precisavam ter alguma atuação social, e escolheram a Apae por ser referência como instituição beneficente séria, atuante, e pelos seus resultados. “Em pouco tempo surgiu o convite para integrarmos a diretoria e até hoje estamos juntos com a Apae. É muito fácil se envolver pelo serviço e pelas ações da Apae e não querer mais sair”, conta. No momento em que assumiu um cargo na diretoria, não imaginava a mudança que aquele serviço voluntário faria em sua trajetória e conta que a maior delas foi forma como ele passou a enxergar a vida e a valorizar suas opções. “O voluntariado é sempre uma prestação de duas vias, no final você percebe que recebeu muito mais do que entregou. Quando vemos, lá na Apae, grandes exemplos de superação e dedicação, mudamos a nossa forma de encarar nossos próprios problemas. Pessoalmente, eu acredito ter crescido muito através das experiências e dos amigos que fiz nesse período”, conta. Apesar da dificuldade em se conseguir a sustentabilidade financeira, o grande gargalo de qualquer entidade beneficente no País, Luiz Gustavo constata o crescimento e evolução da Apae nestes 12 anos em que pôde acompanhar de perto. “As realizações foram muitas, tive o prazer de participar de muitas diretorias e vencer, junto com elas, muitos obstáculos e ao mesmo tempo atingir grandes objetivos. Mas

CLAUDECI JR.

O voluntariado é sempre uma prestação de duas vias, no final você percebe que recebeu muito mais do que entregou.

o que mais me marcou, com certeza, foram as realizações conseguidas através dos pequenos atendimentos. Foram os encontros e os trabalhos diretamente com os atendidos e suas famílias. Nessas situações, vemos com mais clareza a realização dos objetivos e os resultados na realidade daquelas pessoas”, destaca.


Desafio aceito Anastácio Banov assumiu a presidência da Apae em 2017 com a missão de alcançar a sustentabilidade financeira da entidade A CONVITE do amigo Theodolindo Mastrodi, Anastácio Banov, hoje com 68 anos e contabilista aposentado, participou de uma reunião da Diretoria e Conselho da Apae, em 2012. Assim começou a trajetória que o levou, em janeiro de 2017, à presidência da entidade. “A partir daquela reunião, de uma maneira muito forte, me identifiquei com a nobre missão dessa entidade e passei a fazer um tipo de ‘estágio’ no Conselho Fiscal”, conta. A partir daí, foi eleito para o Conselho Fiscal na gestão de Sebastião de Souza Adegas e, no final de 2016, após meses de reflexão “pois sabia o peso da responsabilidade”, como diz, aceitou a indicação à presidência e nessa tomada de decisão o apoio da família, em especial de sua

esposa Maria Lemilda foi fundamental. Diante das batalhas que se seguiram desde que assumiu uma função no Conselho Fiscal e, posteriormente, a presidência, Banov exalta como maior experiência a convivência com os assistidos e a nobreza do trabalho desenvolvido com eles. Sabedor das dificuldades enfrentadas pelas entidades assistenciais na atual conjuntura político-econômica, Banov define como a principal meta alcançar a sustentabilidade financeira da Apae, de forma a não permitir a queda na qualidade dos serviços prestados e o crescimento ordenado da instituição. Para o futuro, deseja que a Apae seja conhecida e reconhecida pela comunidade americanense, e que ela se mantenha como referência no “Movimento Apaeano” do Estado de São Paulo. “Quero que todas as pessoas que comungam comigo do mesmo ideal sejam lembradas como uma equipe que trabalhou para promover a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência, intelectual e/ou múltipla, em seus ciclos de vida: crianças, adolescentes, adultos e idosos, buscando assegurar-lhes o pleno exercício da cidadania”. É assim que deseja marcar sua história na entidade.

história

C LA U DEC I JR .

Anastácio Banov quer que a Apae de Americana continue sendo referência no “Movimento Apaeano” do Estado


edição especial • abril de 2018

Superação pessoal

JUAREZ GODOY

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Nanci Leone tinha tudo para desistir no começo da carreira; hoje completa 40 anos de Apae NANCI LEONE, 63, era recém-formada quando recebeu o convite para substituir uma professora por dois meses, no antigo CREIA. No ano seguinte, recebeu a proposta de assumir uma sala. Casada e com um filho pequeno, Nanci enfrentou muitas dificuldades para tocar o trabalho adiante, mas apaixonou-se pelas crianças e persistiu. Em novembro de 2017 completou 40 anos de Apae.

“Nesse tempo na verdade mais aprendi do que passei conhecimentos, e daí pra frente, apesar das diversas oportunidades de outros empregos, não consegui deixar a Apae”, conta. Depois de 27 anos como professora, Nanci passou a prestar serviços na Clínica de Habilitação e Reabilitação, no setor de Terapia Ocupacional, onde está até hoje. “Gosto muito do meu trabalho e gostaria de ser lembrada como uma profissional que ama o que faz e sempre colocou muito amor no seu trabalho e nas pessoas que ajudei a se desenvolver e a evoluir. Hoje vejo alguns que se tornaram bons profissionais em diversas áreas, pais de família e pessoas de bem. Isso paga todas as angústias vividas e toda felicidade conquistada”, conta.


anos lado a lado! Somos completos por participar dessa história.Parabéns, APAE, pelos 50 anos de lutas,conquistas e transformações


JU A R EZ GODOY

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Tenho muito orgulho de ter feito esse trabalho (...) Sou muito grata a eles, porque eu preciso muito mais deles que eles de mim

Vania Regina Nogueira jamais se imaginou trabalhando com educação especial; está se aposentando após 20 anos na Apae

Obra do destino FORMADA EM Educação Física, Vania Regina Nogueira, 52, começou seu trabalho na Apae em 1998, trabalhando nas oficinas de papel reciclado e, depois, marcenaria. Posteriormente foi convidada a trabalhar na Educação Física. Neste momento, deixou as aulas na rede estadual e passou a dedicar-se exclusivamente à Apae, de manhã como professora de Educação Física, à tarde como professora de Educação Especial. Levou essa rotina por alguns anos, até permanecer exclusivamente na Educação Física. O que ela não imaginava, quando teve o primeiro contato com a educação especial, ainda no estágio da faculdade de Educação Física, é que fosse aposentar-se na Apae. “Até então, nunca tinha

tido contato com pessoas com deficiên- “capitã” exigente e apaixonada como a cia. A primeira vez que entrei numa sala Vânia? As melhores lembranças estão de aula da Apae eu pensei que não naqueles sete anos em que os atletas seria capaz de trabalhar ali. Alguns participaram de competições fora. Cada anos depois, recebi de uma amiga que viagem, cada história de superação, cada trabalhava como psicóloga na Apae, o vitória da equipe, e foram muitas - pauconvite de trabalhar com as oficinas, e lista, brasileira, sul-americana -, repreaceitei. Quando fiz a faculdade de Edu- sentava para ela uma vitória pessoal. cação Física, era atleta e pensava em “Tenho muito orgulho de ter feito esse traseguir carreira no esporte, mas a vida balho”. Nessa época, incluiu mais de 50 vai conduzindo a gente”, revela. Naquele alunos no mercado de trabalho. Despemomento ela não imaginava que não diu-se dos atletas, mas deu novo sentido só seria capaz de exercer plenamente à vida de cada um deles, muitos dos quais sua função como fazer a diferença na tem boas notícias até hoje. Despedindovida de tantas crianças e jovens, que -se este ano da Apae, Vania se emociona encontraram no esporte uma oportu- ao dizer que nos anos que dedicou à insnidade de mudar suas vidas. tituição, ganhou mais do que deu. “Sou O que seria da equipe campeã de bici- muito grata a eles, porque eu preciso cross da Apae se não tivesse à frente uma muito mais deles que eles de mim”, define.


Vocação e amor

Manipulamos medicamentos especiais para pessoas mais que especiais

CLAUDECI JR.

Nutrição Enteral

Maria Irisnete Gomes, a Iris, dedica-se ao trabalho com a mesma paixão de 19 anos atrás

motivação

MARIA IRISNETE Gomes, 50, é professora de Educação Física da Apae há 19 anos. Para ter contato com a educação de pessoas com deficiência, ao final do período de estágio da faculdade de Educação Física, ofereceu-se como voluntária no antigo CREIA. Ocupou uma vaga quando surgiu a oportunidade, trabalhou por dois anos no CREIA, ficou cinco anos fora e depois voltou, em 1999, como professora de Educação Física no setor de Educação, onde está até hoje. Teve muitas experiências gratificantes no desempenho da função, como as viagens com as equipes que participavam dos Jogos das Apaes. E quando saia com as crianças para competições, carregava todos sob as asas “como se fosse uma galinha com seus pintinhos”, como brinca e compara. Alexandre Oliveira é o exemplo da recompensa que um profissional que trabalha com pessoas com deficiência leva para a vida. Com deficiência intelectual leve, Alexandre se destacava em todos os esportes na Apae, até optar pelo atletismo. Contratado pela Ajinomoto no programa de inclusão, seguiu carreira como atleta paralímpico e participa de competições internacionais pelo Clube Inclusivo de Limeira, com patrocínio da empresa.

Suplementos vitamínicos Cosméticos hipoalergênicos Medicamentos na forma líquida, comprimido ou filme para pacientes com disfagia Preparação via intra-vesical Preparação via Gastrostomia e Ostomia

Solicite seu orçamento

“Sempre torci muito por ele. Quando eu vejo que ele está realizando seus sonhos, concretizando seus objetivos, pra mim é uma satisfação enorme”, resume.Iris relembra os altos e baixos do trabalho ao longo dos anos, desde os progressos conquistados por cada aluno atendido, que caía por terra diante de uma convulsão, quanto as histórias de superação de cada um que conseguiu ajudar.

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FOI COMO voluntária que a então estudante de Pedagogia Giovana Rodrigues Pereira, começou sua história na Apae, em 1997. Na época, fazia um curso de especialização em educação especial na Apae de Santa Bárbara d’Oeste. No ano seguinte, conseguiu uma vaga de professora do ensino fundamental. Preparou-se ainda mais: fez mais especialização e Psicopedagogia. Deixou o ensino fundamental e foi trabalhar as oficinas, passou pela sala de apoio pedagógico, até chegar à coordenação pedagógica, cargo que ocupa até hoje. A identificação com a educação especial foi anterior à oportunidade que conseguiu na Apae, embora não tenha tido nenhum contato próximo com pessoas com deficiência. “Nasceu comigo esse desejo”, define. Hoje, aos 42 anos de idade e 21 anos de Apae, Giovana tem contato com adultos que eram crianças quando ela começou a trabalhar na entidade, adultos que têm a mesma motivação e satisfação em estar ali. “Temos de ser bem criativos para que eles não

C LA U DEC I JR .

Missão na pedagogia Giovana Rodrigues Pereira começou como voluntária na Apae e dedicou-se integralmente ao trabalho para chegar ao cargo de coordenadora pedagógica percam a motivação de vir pra cá”, diz Giovana, falando sobre os desafios da profissão. “Mas se não tiver desafio, não tem graça”, pondera. Nesses 20 anos de dedicação à educação especial, Giovana constata que a pessoa com deficiência acompanhou a evolução das pesquisas, tratamentos e direitos relacionados a elas: ele consegue, mesmo que num ritmo mais lento, se desenvolver como uma pessoa que nasceu sem deficiência. “E a recompensa é vê-los voltando com um troféu quando saem para competir, é vê-los participando de festivais da Federação, é quando eles vêm falar alguma coisa pra gente sem trazer um papel. A maior recompensa é ver a evolução deles. Só quem gosta acredita que eles evoluem”, defende.

A recompensa é vê-los com autonomia e preparo para a vida


Uma segunda casa Eles cresceram na Apae e fazem parte desta história de lutas e conquistas, assim como seus fundadores

PARA QUEM recebeu acolhimento, aceitação, tratamento, dedicação, respeito, carinho, amizade, conhecimento, a Apae é mais que uma instituição, é uma segunda casa. É deste sentimento que compartilham amigos/clientes, muitos deles que cresceram com ela. São mais que números ou nomes num livro. São personagens desta história. JUAREZ GODOY

Maria Elisabeth Gallo, a Beth, 64, ingressou na Apae em março de 1969, apenas um ano após a fundação do CREIA. Segundo suas próprias lembranças, antes de chegar ao CREIA, chegou a frequentar a escola regular, mas não conseguia acompanhar os demais alunos. Foi passada para uma sala especial nesta escola e, quando ela deixou de existir, foi transferida para o CREIA. A irmã Marinez José Bonin, 80, diz que apesar do comprometimento intelectual, Beth desenvolveu plenamente sua vida social. A maioria dos amigos são os que ela fez na Apae. Foi morar com a irmã aos 35 anos, quando a mãe faleceu, e ampliou seu círculo social. Viajou bastante, conheceu a Itália e passou a ser companheira da irmã quando ela ficou viúva, participando, inclusive, do grupo de baralho das amigas. “Todas gostam da Beth, é como se ela fosse uma irmã de todo mundo”, conta. Marinez a define como artista nata. Faz tricô, crochê, peças de artesanato para o bazar da igreja. Atualmente, tem atendimento na Apae duas vezes por semana. “É maravilhoso o trabalho que a Apae faz com as pessoas com deficiência. Eles fazem de tudo para que as crianças tenham seu desenvolvimento, tanto físico quanto social. A Beth mesmo já viu muitas crianças entrarem lá se arrastando e andando pouco tempo depois”, afirma.

motivação

Para a Beth

Maria Elisabeth Gallo, a Beth, ingressou na Apae em março de 1969



Marta Maria Mosna iniciou na Apae em fevereiro de 1971

Para a Marta

Odilon Santa Rosa está na Apae desde março de 1974

JUAREZ GO DOY

Marta Maria Mosna, 57, começou sua história na Apae em fevereiro de 1971, depois que a família mudou-se para Americana. Com problemas físicos decorrentes de uma escoliose e deficiência intelectual, viveu a infância, a adolescência e a idade adulta na entidade. Embora não tenha se alfabetizado, possui boa noção da realidade e do que a vida tem a oferecer a ela, conta a irmã, Isaura Mosna Rodrigues Simão, 62. É ativa na vida social da família e fica na expectativa dos dias em que tem atividades na Apae, atualmente às terças e quintas para atendimento, e às sextas para a natação. Como os demais colegas, não gosta de férias, pelo tempo que passa longe de lá. “A gente acredita que a Apae sempre fez o melhor pra Marta. A Apae desempenhou um papel muito importante na vida dela”, agradece Isaura.

Odilon Santa Rosa, 55, está na Apae desde março de 1974. A tia, Teresa Saura Morelato, com quem ele vive desde que a mãe faleceu, há 23 anos, conta que ele tinha 5 anos quando começou e quase não falava. As convulsões frequentes na infância atrasaram seu desenvolvimento e comprometeram o aprendizado. A tia o descreve como uma pessoa falante, que gosta de passear, vestir-se bem, viajar, comer fora. Ajuda a tia nos afazeres domésticos e nas compras da casa. É bem relacionado nos bairros São Manoel e Cariobinha, onde viveu desde a infância. Tem muitos amigos no bairro, principalmente do campo da Cariobinha, onde costuma frequentar, e da igreja São José, e não fica sem visitar os amigos, costume antigo que preserva até hoje. Hoje frequenta a Apae dois dias na semana e, segundo a tia, fica “perturbando” quando não vai. “A Apae foi uma das melhores coisas que aconteceu na vida do Odilon. Ele evoluiu muito e ainda continua. Está cada vez melhor”, assegura.

motivação

JUAR EZ GODOY

Para o Odilon


edição especial • abril de 2018

Para o Márcio

Márcio César Pasquini frequenta a Apae desde junho de 1973

JUAREZ GODOY

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Márcio César Pasquini, 52, começou a frequentar o CREIA em junho de 1973. A irmã lembra que ele passou da hora de nascer e que isso causou atraso em seu desenvolvimento. Desde que iniciou o acompanhamento na Apae, Maria Lúcia Pasquini, 57, diz que nota melhora contínua no irmão. “É lógico que não vai chegar nos 100%, mas ele está sempre evoluindo”, observa. Depois de terminar os estudos, Márcio continuou com os atendimentos na Apae, duas vezes na semana. Tem vida social ativa, participa como voluntário das atividades da Paróquia do São Domingos e na própria Apae quando precisa, sempre acompanhado da família. Márcio diz que hoje já ajuda a cuidar dos mais novos nas atividades na Apae. Quando está de férias, fica ansioso por voltar às atividades. “Só temos a agradecer a Apae, que desenvolve um trabalho muito importante. O Márcio é muito bem tratado, nunca chegou em casa reclamando, tem muito carinho por todos”, agradece.



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JUAREZ GODOY

edição especial • abril de 2018


Desapego solidário Muito antes de brechó virar moda, o bazar da Apae ajuda a entidade a captar recursos para suas atividades de assistência e obras sociais CLAUDECI JR.

motivação

POR INICIATIVA de um grupo de mães voluntárias, que notou a oportunidade de captação de recursos, nasceu, em 2010, o Bazar da Apae. A reforma e ampliação do espaço, que hoje funciona de segunda a sexta das 7h30 às 12h, e das 13h30 às 17h, foi possível através de uma doação da voluntária Bete Silva. Leni Melo Lopes, 58, é a responsável pelo bazar desde que ele foi aberto. A iniciativa capta todo tipo de doações, de roupas a utensílios domésticos. A divulgação é feita através do boca a boca. Há pessoas que doam desde que ele foi aberto e há também, quem, esporadicamente, passa pelo local para ofertar seus desapegos. Entre os itens, há usados e novos, com preços acessíveis, que variam de R$ 2 a R$ 20, dependendo do produto. O movimento aumentou ao longo dos quase oito anos de funcionamento do bazar, assim como a quantidade de doações, o que fez com que o espaço hoje quase não comporte a demanda. Mas Leni garante que a rotatividade é grande. O que entra é separado e exposto para venda diariamente, muitas vezes com ajuda voluntária. A ampliação do espaço é um dos desejos para o futuro. Além de atender a clientela do bazar, Leni, que é assistente social formada, também

acaba oferecendo “escuta amiga” a clientela, Leni ressalta que as doaquem passa pelo espaço. Já ouviu mui- ções são sempre muito bem-vindas. tas histórias e, sempre que solicitada, “O mínimo para algumas pessoas é não nega um conselho a quem, mui- muito para nós”, assegura. tas vezes, precisava mais um desabafo que a aquisição de um bem. “A gente se envolve e acaba se B A Z A R tornando outra pessoa, dando • Segunda a sexta valor a coisas que antes não dava. das 7h30 às 12h e das 13h30 às 17h00 A mudança é grande e para melhor. • Com preços acessíveis, que Agradeço a Deus ter vindo pra cá e variam de R$ 2 a R$ 20 fazer o que faço”, garante. Vivendo o dia do bazar e da necessidade de sua



Qualidade certificada CLAUDECI JR.

Marcelo Martins implementou o processo de certificação ISO na Apae e faz o acompanhamento há 17 anos

Apae de Americana foi a primeira Apae no País e receber a ISO9001 e há 17 anos mantém a conformidade das normas

e reabilitação clínica. Na prática, tendo a certificação ISO, a Apae de Americana comprova que, como empresa, conquistou maior responsabilidade e consistência da qualidade na equipe, melhor uso do tempo e recursos, redução de serviços não conformes, rastreabilidade, motivação nas pessoas dentro do ambiente de trabalho, respeito e credibilidade da sociedade, objetivo de desenvolver potencialida- maior satisfação dos clientes. des nas áreas terapêutica e educacio“Ao longo destes 17 anos de certificanal, buscando atender aos requisitos e ção considero que a adoção do sistema a melhoria contínua da eficácia do SGQ. de gestão da qualidade ISO-9001 na O escopo de certificação abrange Apae foi uma decisão estratégica que desenvolvimento e prestação de ser- vem contribuindo para a sustentabiviço de educação especial, habilitação lidade da entidade”, considera Martins.

impacto

A APAE de Americana foi pioneira em receber a certificação ISO-9001. Em 2001, foi a primeira no Brasil a receber a certificação de ISO 9002:1994. Em 2017, obteve atualização para certificação ISO 9001:2015 de acordo com as novas exigências da ISO. Uma grande conquista para uma entidade filantrópica. A ISO-9001 é a norma que certifica um sistema de gestão da qualidade (SGQ), reconhecida internacionalmente. É um processo em que a empresa é avaliada para analisar se atende aos requisitos das normas correspondentes ao seu nicho de atuação. Tem validade de três anos, sendo que, anualmente, a organização é submetida a auditoria de monitoramento. Passados três anos, é realizada a auditoria de recertificação, que deve ser realizada por certificadoras credenciadas no Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). No caso da Apae de Americana, a certificadora é a SGS, maior organismo de certificação mundial. Marcelo Martins, sócio-diretor da Destra Consultoria, responsável pela implementação e acompanhamento do processo de certificação ISO, explica que, para ser certificada, a Apae precisou comprovar que proporciona às pessoas com deficiências, assim como aos pais e amigos de seus clientes, a realidade do processo de habilitação, reabilitação, educação e prevenção, com o


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GRANDE

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A APAE tornou-se grande, como o sonho de seus pioneiros. A entidade que começou corajosamente atendendo 14 crianças em 1968, hoje assiste cerca de 1000 desde o nascimento até a idade adulta. Para atender adequadamente a demanda, a estrutura conta com 108 funcionários contratados e cerca de 150 voluntários. A Apae é uma associação beneficente de assistência social, para fins não econômicos, de caráter educacional, cultural, assistencial, de saúde, de estudo e pesquisa, tem por missão “Oferecer atendimento especializado através de áreas específicas de assistência social, saúde, educação, prevenção e inclusão da pessoa com deficiência”. Assim como começou, 50 anos atrás, a entidade segue na busca de parcerias para efetivação de novos projetos e manutenção dos existentes, bem como o reconhecimento da sociedade aos serviços prestados. Um dos principais desafios, citados por aqueles que acompanharam sua trajetória, ainda é ser reconhecida por sua comunidade como uma entidade comprometida com um traba-

A Apae busca sustentabilidade financeira, reconhecimento e parceria para viabilização de projetos

CLAUDECI JR.

lho sério, fundamental para a vida de tantas famílias, e cujo reconhecimento ultrapassou os limites de Americana, tanto que a instituição já firmou convênios e recebeu doações de organizações internacionais, como Dinamarca, Holanda, Itália, Canadá. Estão entre os projetos da atual administração, para o futuro da enti-

dade, a implantação de um Centro Dia, a reforma do Núcleo de Habilidades Aquáticas, a viabilização da educação para a vida toda, a disseminação do Emprego Apoiado como modelo para outras Apaes, e o aumento no número de associados/ parceiros para captação de recursos através do Serviço Corporativo.


JUAREZ GODOY

JUAREZ GODOY

DEDICAÇÃO, AMOR E CARINHO. INGREDIENTES ESPECIAIS PARA QUALQUER RECEITA DE SUCESSO.

JUAREZ GODOY

Nossa homenagem aos 50 anos da APAE - Americana

DESAFIO

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JUAREZ GODOY


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Ensino atende 114 alunos/clientes com deficiências intelectual e múltipla e transtorno global de desenvolvimento, dos 6 aos 30 anos de idade

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Uma escola para a vida A ESCOLA de Educação Especial da Apae de Americana oferece atendimento especializado para 114 alunos/ clientes com deficiências intelectual e múltipla (deficiência intelectual associada à outra deficiência) e transtorno global do desenvolvimento, na faixa etária de 6 a 30 anos, nas modalidades de ensino fundamental e socioeducacional. De acordo com a diretora pedagógica Ilce Carnaval de Mello Worschech, a Apae utiliza, desde 2008, a Metodologia do Currículo Funcional Natural, que tem como objetivo preparar para a vida, promover a autonomia, dar às pessoas com deficiência

condições de serem produtivas, bem sucedidas nas tarefas que desenvolvem e estarem incluídas em sociedade. O ensino é oferecido meio período, para os alunos que não foram incluídos na escola regular, os chamados pervasivos - que necessitam de apoio permanente. Com a Metodologia do Currículo Funcional Natural, a proposta é que se busque sempre situações contextualizadas/concretas relacionadas com a vida, que se afaste o máximo de situações mecânicas, que dificultam a compreensão, que estão desconectadas da vida e não tem sentido.

Nesta filosofia, o papel do professor é estabelecer as metas funcionais, buscar situações naturais para ensinar, e fazer parceria com as famílias. Ele é figura determinante para o avanço dos clientes/alunos, pois estabelece metas e plano individualizado de ensino. “O que a gente quer do aluno que vem pra cá? Que ele tenha autonomia, uma qualidade de vida melhor, e tudo o que a gente oferece para eles queremos que seja natural e funcional, ou seja, tudo o que ele aprende aqui pode ser levado para casa, pode dar continuidade dessa aprendizagem em casa. Esse é o principal objetivo da Apae de Americana: fazer com que o aluno leve as habilidades e competências para serem desenvolvidas também em casa, não só aqui”, explica a coordenadora pedagógica Giovana “As atividades desenvolvidas são focadas nas pessoas e não na deficiência, com a concepção de aprender fazendo, gerando autonomia, melhoria na vida do indivíduo, de sua família e inclusão social”, reforça Ilce.


impacto JUAREZ GODOY


JU A R EZ G ODOY

APAE Americana

pelos

50 anos

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Parabéns

de compromisso

Valorizando

pessoas,

e transformando

Vidas.

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NECESSIDADES ESPECÍFICAS EM CADA FASE A escola de Educação Especial da APAE atua em parceria com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, através de um termo de colaboração e segue as diretrizes de uma escola do Estado. O Ensino Fundamental e e Sócio Educacional são ministrados na APAE, para alunos de 6 a 29 anos. Temos duas salas de Ensino Fundamental e oito de Sócio Educacional. Na grade curricular estão incluídas também aula de arte, informática e educação física. Os professores trabalham com o Plano Individual, adequando o ensino à necessidades específicas do aluno. O plano de aulas extraclasse é desenvolvido de acordo com temas geradores de cada mês, com assuntos atuais, de forma com que levem os conhecimentos adquiridos para casa, tornando-se multiplicadores. Dentre os Projetos anuais estão a Feira de Ciências e Mostra de Arte. As atividades práticas e situações reais, adequadas às necessidades e peculiaridades dos alunos, através da Metodologia do Currículo Funcional Natural, fazem parte do processo educacional, desenvolvendo a autonomia da pessoa com deficiência, que nunca pode deixar de ser estimulada e incentivada à aprender porque nunca se sabe até onde ela é capaz de chegar, destaca Ilce.


Os gêmeos Felipe e Gustavo Telles Borges, 25, são alunos da Educação Especial da Apae desde o início da idade escolar e concluíram na instituição o ensino fundamental. Hoje são estudantes do socioeducacional. Felipe e Gustavo foram diagnosticados com a síndrome do X frágil - uma alteração no cromossomo X, que causa atraso mental -, na idade pré-escolar. Apesar de ser a segunda síndrome genética que mais afeta crianças, depois da síndrome de Down, na época, a família tinha pouca ou nenhuma informação a respeito, lembra Jefferson. Quando começaram a frequentar a Emei (Escola Municipal de Educação Infantil), por volta dos 3 anos, os pais foram informados pela coordenação que os filhos não conseguiam acompanhar o desenvolvimento das outras crianças e foram orienta-

dos a procurar a Apae para fazerem uma avaliação. Na ocasião em que foi feita a investigação na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), constatou-se que a mãe, Simone, também era portadora do gene, assim como outras pessoas de sua família. A partir daí, Jefferson e Simone passaram a buscar informações sobre como lidar com a deficiência dos filhos. “Todo suporte que precisei a vida inteira, a Apae sempre deu”, afirma Jefferson. A parte motora, da fala, a sociabilidade, tudo melhorou quando começaram a frequentar a Apae, tanto nos atendimentos clínicos quanto no pedagógico, afirma o pai. Não chegaram a ser alfabetizados, mas adquiriram noções fundamentais para o pleno convívio social. “Temos uma perspectiva de família, fazemos planos para os filhos, inglês, faculdade, netos, e de repente vai tudo por água abaixo. No começo tentamos fazer com que eles se adequassem à sociedade, depois, percebemos que não, que tínhamos que fazer as coisas de acordo com o que eles conseguiam fazer. A sociedade é que tinha que se adaptar a eles. E sempre adaptamos nossa rotina para que eles se sentissem bem em qualquer ambiente que estivessem”, relata o pai. JUAREZ GODOY

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Nem a distância separa


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Pequenos grandes passos

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Clínica da Apae desenvolve programas terapêuticos com técnicas atualizadas dentro de cada área JUAREZ GODOY

CONTRIBUIR COM a melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência é muito mais que assegurar-lhes direitos de cidadão. É garantir-lhes condições para desenvolver suas capacidades, habilidades e recursos pessoais para promover sua independência e a integração social, frente à diversidade de condições e necessidades. Em sua missão de desenvolver de forma global a pessoa com deficiência, a Clínica de Habilitação/Reabilitação da Apae de Americana oferece serviços de atendimento multidisciplinar, através do desenvolvimento de programas terapêuticos, utilizando técnicas especializadas e atualizadas dentro de cada área. Atualmente, a clínica realiza, em média, 90 mil procedimentos ao ano, com 470 atendidos em seus programas. O atendimento é realizado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 11h30 e das 13h às 17h. Os setores possuem processo de atendimento padronizado, respeitando a particularidade de cada caso, com monitoramento bimestral de progresso terapêutico e frequência aos atendimentos. Além disso, são realizadas avaliações, reavaliações, estabelecimento de diagnóstico, elaboração dos objetivos terapêuticos, encaminhamentos aos recursos comunitários, atendimento e orientações quanto às questões relacionadas às deficiências, entre outros. A equipe multidisciplinar se reúne semanalmente para reuniões de acompanhamento/ discussão de casos, envolvendo e abordando situações relevantes, encaminhamentos, e/ou alta do cliente/aluno.

C L Í N I C A • Segunda a sexta-feira das 7h30 às 11h30 e das 13h00 às 17h00


JUA R EZ GODOY

SERVIÇO SOCIAL: Atende a demanda de encaminhamentos, realizando entrevista para avaliação da família, orientação e agendamento com a equipe multidisciplinar, também faz atendimentos e orientações diárias, sociais e institucionais às famílias.

NUTRIÇÃO: O setor oferece atendimento e acompanhamento nutricional por meio de avaliação nutricional e antropométrica, orientações nutricionais qualitativas e/ou quantitativas de acordo com as necessidades e o estado nutricional dos clientes/alunos.

FISIOTERAPIA: O setor oferece tratamento através de exercícios terapêuticos específicos que desenvolvam o cliente/ aluno motoramente buscando sua recuperação total ou parcial, ou ainda, se este não atingir as fases do desenvolvimento motor, será dado apoio fisioterapêutico no próprio setor como também orientações e apoio familiar.

ODONTOLOGIA: Visa criar uma adequação do meio bucal contribuindo para a melhora da saúde geral, prevenindo as doenças bucais e consequentemente conseguir uma melhor qualidade de vida.

FONOAUDIOLOGIA: Habilitar e/ou reabilitar a comunicação, a fim de desenvolver as potencialidades individuais dentro do processo de desenvolvimento da linguagem oral e escrita, desenvolvimento auditivo, e motricidade orofacial e funções neurovegetativas.

EDUCAÇÃO FÍSICA/ PSICOMOTRICIDADE: Desenvolver a coordenação motora global, equilíbrio, coordenação fina, consciência corporal, esquema corporal, percepção tátil, orientação espaço/temporal, lateralidade, coordenação intersegmentar, percepção visual. PEDAGOGIA: Identificar através da avaliação/reavaliação o estágio do desenvolvimento e habilidades adquiridas, e a necessidade de acompanhamento individualizado, apoio pedagógico e ou atendimento psicopedagógico.

NÚCLEO DE HABILIDADES AQUÁTICAS INTEGRADO: O setor oferece atendimentos especializados na área de reabilitação aquática através da hidroterapia, natação adaptada, treinamento dos nados e hidroginástica, TERAPIA OCUPACIONAL: Busca promover e manter a proporcionando aos seus clientes/alunos uma melhora saúde, restaurar e/ou reforçar capacidades funcionais, na sua qualidade de vida, socialização, aperfeiçoa- facilitar a aprendizagem de funções essenciais e desenmento das habilidades e reabilitação, além de orien- volver habilidades adaptativas visando auxiliar o inditação as famílias. víduo a atingir o grau máximo possível de autonomia e independência no ambiente social, doméstico e de lazer, PSICOLOGIA: Oferecer atendimento psicológico ao cliente/ além de possibilitar através de orientações à família aluno que apresente distúrbio significativo de comporta- melhoria na qualidade de vida. mento, de atenção/concentração e/ou problemas emocionais objetivando o desenvolvimento de suas potencia- MÉDICOS: Fazer o histórico da doença e familiar com lidades e trabalhar com os seus familiares a aceitação dados de exame físico, neurológico/psiquiatra, que vão da deficiência e do sofrimento psíquico decorrente disto, determinar uma hipótese diagnóstica, a qual se segue à conduta de realização de exames ou terapias. visando uma melhor qualidade de vida aos mesmos.

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NA CLÍNICA, OS ATENDIMENTOS SÃO FEITOS NAS SEGUINTES ÁREAS:


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O despertar dos sentidos Crianças entre zero e 3 anos e 11 meses recebem atendimento especializado para o desenvolvimento neuropsicomotor TODA CRIANÇA, com ou sem deficiência, precisa de estímulos para aprender a se arrastar, engatinhar, sentar, andar e falar. Hoje sabemos que a pessoa com deficiência tem apenas um ritmo de aprendizagem mais lento, embora as etapas ultrapassadas sejam as mesmas das crianças ditas “normais”. A Estimulação Essencial é toda atividade que favorece e enriquece o desenvolvimento físico, mental e social de crianças com deficiência entre zero e 3 anos e 11 meses de idade. É um trabalho integral do despertar dos sentidos, a fim de que ela possa alcançar um desenvolvimento pleno e integral.

O atendimento especializado é feito através de equipe multiprofissional, para crianças com diagnóstico de patologias e desvios pertinentes ao desenvolvimento infantil, como prematuridade, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, síndromes e transtornos do comportamento. A dinâmica do programa facilita a integração entre as famílias, bem como troca de experiências, além da criação do vínculo afetivo mãe-filho, a independência nas AVPs (Atividades da Vida Prática) e AVDs (Atividades da Vida Diária) e o envolvimento dos mesmos no processo de habilitação/reabilitação.


O valor de cada conquista

muito mais difíceis que a minha. Aceitei e foi aí que descobri que meu maior problema era a falta de informação. Foi buscando saber e então as coisas foram se encaminhando”, prossegue. Hoje, Marcela diz que considera a Apae sua segunda casa. “Na Apae é onde me sinto normal, porque fora a Luiza é a ‘diferente’, lá ela é como os outros. Sou uma mãe como as outras. Me sinto muito acolhida. Os profissionais têm um preparo diferente. Eu até fiz terapia fora, mas me deparei com vários outros profissionais que olhavam para ela e não sabiam por onde começar. Via muito despreparo lá fora e na Apae me sinto num lugar onde as

pessoas sabem o que estão falando. Me sinto segura”, relata. Marcela afirma que Luiza teve uma evolução incomparável no último ano e acredita que a estimulação, associada ao Protocolo Pediasuit vai permitir que, em breve, ela possa frequentar a escola, mesmo com o uso da sonda. “Cada sorrisinho dela, cada gracinha, faz tudo valer a pena. Hoje ela sobe no sofá, coisa que qualquer criança de 1 ano faz, ela está fazendo agora, mas qualquer coisinha pra mim é motivo de filmar, motivo de festa. Se a gente desistir do filho da gente ninguém vai fazer por ele. Só tenho a agradecer a todos os profissionais da Apae, dos especialistas à administração”, ressalta.

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Portadora da Síndrome de Cri-Du-Chat, mais conhecida como Síndrome do Miado do Gato, Luiza, hoje com 3 anos, frequenta a Estimulação Especial desde bebê. A mãe, Marcela Rissetto Resta, 36, nada sabia da síndrome quando a filha nasceu. A expectativa era que ela fosse uma bebê saudável. A patologia de Luiza foi descoberta no nascimento. Microcefalia, apêndices no rosto, fissura labial, baixo peso e estatura. Fez as correções na face aos três meses no HRAC (Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais) da USP (Universidade de São Paulo), conhecido por “Centrinho”, em Bauru, e quando Luiza fez 5 meses, teve o diagnóstico de Cri-Du-Chat, uma síndrome rara, que afeta uma em cada 50 mil crianças. “A gente idealiza o filho. Quando está grávida, diz que o que importa é vir com saúde, independente de ser menino ou menina, e, de repente você se depara com uma deficiência desconhecida e você vive um luto com uma criança viva, a verdade é essa. É muito difícil. Se você não tem uma estrutura de família, marido, pai, mãe, entra em depressão”, confessa. “Mas, tudo passa. Tudo tem o tempo certo. Quando fui pra Bauru ali conheci outras mães de crianças especiais, gente que estava passando por situações

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Uma terapia intensiva e de ponta

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Fisioterapia ganha reforço de peso no tratamento de pacientes com sequelas neurosensoriomotoras PARA PACIENTES com lesões neurológicas, a tecnologia pode ser fator determinante no nível de reabilitação, independência, autonomia, qualidade de vida e inclusão social. O Protocolo Pediasuit é um grande aliado no tratamento de pacientes com sequelas neurosensoriomotoras. O Protocolo Pediasuit é um tratamento intensivo que tem como objetivo principal a recuperação do movimento, da circulação e parte óssea. A terapia tem duração de duas a quatro horas, durante 30 dias. Hoje o Pediasuit é o tipo mais moderno de macacão terapêutico ortopédico. Foi desenvolvido no ano de 2006, nos Estados Unidos, pelo terapeuta ocupacional brasileiro Leonardo de Oliveira, para atender as necessidades do seu filho. É composto por touca, colete, short, joelheira, tênis, e um sistema de elásticos ajustáveis à necessi-

dade de cada paciente e a gaiola. Pode ser usado por adultos e crianças a partir de 2 anos, com peso de 9kg até 112kg, e que tenham indicação médica para o tratamento de patologias como paralisia cerebral, atraso no desenvolvimento motor, traumatismo craniano, AVC, ataxia, atetose, deficiências neurológicas, deficiências ortopédicas, doenças genéticas, sequelas pós-cirúrgicas, lesões da medula espinhal, transtornos da medula espinhal e síndromes. Ele tem como conceito básico criar a unidade de suporte para alinhamento do corpo chegando mais próximo possível do funcional, restabelecendo o correto alinhamento da postura e a descarga de peso que são fundamentais na modulação do tônus muscular da função sensorial e vestibular. A terapia visa reeducar o cérebro,

reconhecendo os padrões dos movimentos funcionais e da atividade muscular, através do alinhamento do corpo, com suporte e pressões exercidos em todas as articulações. Os benefícios do tratamento são constatados na melhoria da qualidade de vida, maior variedade de movimentos seletivos e o desenvolvimento das atividades funcionais, como força muscular, equilíbrio, coordenação motora e postura.


‘O chefe da Pediasuit’ O Pediasuit tem sido de fundamental importância nos progressos do pequeno Gabriel Moura de Oliveira Silva, 7. Desenganado pelos médicos ao nascer, prematuro, com 27 semanas e 700g, ele já é considerado um vencedor pela mãe, Idelci Moura de Oliveira Silva, 36. Gabriel venceu a luta pela vida ao nascer, após 96 dias de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), e luta bravamente contra as sequelas da paralisia cerebral. A família sempre buscou o que era possível em tratamento de estimulação e reabilitação. A rotina de tratamentos, de segunda a sábado, é cansativa, mas não o desencoraja. A mãe conta que a paralisia afetou seus movimentos, mas não o desenvolvimento cognitivo. Além das terapias, Gabriel frequenta a escola regular onde cursa o 2º ano do Ensino Fundamental. Gabriel está na Apae de Americana há pouco mais de um ano e as melhoras são visíveis com o Pediasuit, relata Idelci. Para quem não tinha perspectiva médica nem de enxergar, em pouco mais de um ano de tratamento, já consegue sentar, mesmo que por pouco tempo. Idelci não esconde a gratidão pelos profissionais da Apae de Americana. “Fomos muito bem acolhidos. Todos gostam muito do Gabriel, são excelentes profissionais. Ele diz para a Joci (Jocimeire Aparecida Pires Godoy, diretora de Clínica da Apae) que é o chefe da Pediasuit (risos)”, brinca.

HISTÓRICO DE ATENDIMENTOS O Pediasuit foi inaugurado na Apae de Americana, em junho de 2016, através de um projeto de subsídio global da Fundação Rotária do Rotary Internacional. É um tratamento particular, viabilizado através de convênios.No primeiro ano do Pediasuit, foram realizados 22 atendimentos, dois deles gratuitamente, sendo que a maioria realizou mais de um protocolo intensivo. Nesse período, as patologias atendidas foram de paralisia cerebral, atraso no desenvolvimento neuromotor, AVC (aci-

dente vascular cerebral), TCE (traumatismo crânio-encefálico), síndrome de Down, síndrome da tetrassomia 12p, leucemia, mielomeningocele, síndrome do bebê hipotônico e leucinose. De acordo com a diretora de Clínica da Apae, Jocimeire Aparecida Pires Godoy, após reavaliação validada (GMFM) todos os atendidos apresentaram melhoras em seu quadro motor global, no ganho da função motora, ganho de força muscular, melhora da postura, melhora de equilíbrio e coordenação e melhora ou aquisição de marcha.

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Carlos Moreira, otorrino voluntário da Apae há 20 anos, atende o paciente Matheus Nepomuceno Mariano, de 13 anos

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CLAUDECI JR.


Médico amigo O VOLUNTARIADO é um dos pilares que sustenta a estrutura que tornou-se a Apae de Americana. Cada mão estendida é determinante para o funcionamento da engrenagem. As consultas sociais, feitas por médicos voluntários, garantem, às famílias que não dispõem de plano de saúde particular, o atendimento nas especialidades necessárias para o sucesso do tratamento do deficiente que chega à Apae. A partir do momento em que é avaliada pelo pediatra ou clínico da Apae e que é constatada a necessidade de uma consulta com um especialista da área de cardiologia, oftamologia, endocrinologia, ortopedia, otorrinolaringologia, a criança ou adulto que não tem plano de saúde é encaminhado ao Serviço Social, que aciona os médicos parceiros. É feito o agendamento e o paciente é atendido no consultório do especialista. O corpo médico da Apae é composto hoje pelo clínico geral e pediatra Antonio Gomes da Rocha, o neuropediatra André Leite Gonçalves, o neurologista Paulo Roberto Cheretti e a psiquiatra Stela M.O. Takakura. Os médicos voluntários são a endocrinologista infantil Mariane Ricetto Bertier, o otorrinolaringologista Carlos Antonio Moreira, o oftalmologista João Baptista Romano Jr., os ortopedistas Flávio Saretta e Mauro Bossi, a oftalmologista Peker Buzachero, o dermatologista Manoel Burgos e o cardiologista Ruy Roberto Morando. Qualquer consulta com outra especialidade é feita particularmente, para quem dispõe de plano de saúde, ou através das consultas sociais da Apae. A assistente social Veridiana Rauli Urbano da Silva explica que o paciente encaminhado ao médico particular passa pela consulta, faz os exames, se necessários, na rede municipal, e volta para dar sequência ao tratamento com o especialista, sempre que necessário, através desta parceria.

Desde 2012, a Apae tem o reforço do Hospital São Lucas, que presta esses atendimentos em diversas especialidades médicas. A partir do momento em que o encaminhamento é feito pela Apae, o especialista passa a acompanhar o paciente, com as consultas periódicas necessárias. Segundo Veridiana, anualmente, entre 20 e 25 encaminhamentos são feitos pela Apae na especialidade de oftalmologia, entre 15 e 20 para ortopedia, em média 15 na área de otorrino e entre cinco e seis para endocrinologia. Outro reforço à rede de atendimentos viabilizados está na área de oftalmologia, desde o ano passado, as Óticas Carol doam o óculos completo - armação e lente - à criança ou adulto com deficiência visual, que tenham em mãos a receita e o encaminhamento do Serviço Social. Veridiana diz que a Apae está aberta para a novas parcerias que venham a ampliar as possibilidades aos clientes/alunos que necessitam.

CONSULTAS SOCIAIS Depois de avaliado pelo pediatra ou clínico da Apae, caso a família não tenha plano de saúde, o paciente é encaminhado ao Serviço Social, que aciona os médicos parceiros.

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CLAUDECI JR.

Consultas sociais feitas por especialistas voluntários atendem pacientes que não possuem plano de saúde


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Ensinando a pescar

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DESDE 1993, o programa Mercado de Trabalho abre portas para as pessoas com deficiência. Atualmente, são 323 pessoas, moradoras de Americana e região, de ambos os sexos e com mais de 16 anos, incluídas no programa. Iracema Aparecida S. Ferreira, diretora do Centro de Formação Profissional, o objetivo do programa é gerar renda e oportunidades de trabalho para pessoas com deficiências, sejam elas intelectual, física, auditiva, visual e/ou múltiplas. O programa seleciona, prepara, capacita, inclui e dá apoio aos assistidos, através da equipe multidisciplinar (psicóloga, assistente social, terapeuta ocupacional), na instituição e nas empresas. “O programa foi idealizado e estruturado com base nas necessidades percebidas, ao longo dos anos de prestação de serviços na cidade, atendendo às necessidades da pessoa com deficiência e exigências do mercado de trabalho formal, que a cada dia se apresenta mais competitivo”, explica. O programa desenvolvido na Apae de Americana foi fundamentado na metodologia do Emprego Apoiado, que nasceu há mais de 30 anos nos Estados Unidos. No Programa de Emprego Apoiado, a pessoa com deficiência é primeiro incluída na empresa e treinada em seguida na própria função – processo este conhecido como colocar-treinar, que é o inverso do processo tradicional de treinar primeiro e colocar depois. Além da metodologia do Emprego Apoiado, a Apae promove cursos de capacitação profissional e consultoria em empresas, comércio e comunidade, não só para o cumprimento da “lei de cotas” – Lei 8.213/1991, mas para

favorecer a inclusão no mercado de trabalho com responsabilidade. Atualmente o Programa conta com 31 empresas parceiras, além do poder público municipal, que ajudam na sua sustentabilidade. A rede São Vicente é parceira da Apae no Programa Mercado de Trabalho desde 2004 e mantém em seu quadro, atualmente, 34 funcionários incluídos pela entidade. “A parceria com a Apae nos traz mais conhecimento e informação para ajudarmos nossos colaboradores. Para cada situação, é exigido de nós um olhar diferente, e para isso a Apae tem nos ajudado muito, trazendo informações a respeito de limitações específicas, acompanhamento necessário indicado e o desenvolvimento de cada um”, afirma a analista de RH (Recursos Humanos) do São Vicente, Charline Silva. “É importante, também, para ampliarmos o nível da nossa


equipe de liderança na mudança de cultura”, complementa o gerente de RH Eduardo Vitti. Daniele Cristina da Silva, 19, portadora da Síndrome de Down, trabalha como embaladora no São Vicente desde agosto de 2015, através do programa de inclusão da Apae. Frequentou a Apae desde os 4 meses e concluiu o 9º ano do Ensino Fundamental. A mãe, Fabiana Cristina de Castro, 38, diz que Daniele evoluiu muito, tanto no relacionamento interpessoal quanto na consciência de suas responsabilidades. Gosta tanto do trabalho que não gosta de tirar férias. “Inclusão social ela tem hoje no São Vicente, lidando com o público”, afirma. APOIO FAMILIAR. Durante todo o processo de inclusão da pessoa com deficiência, a família é muito importante e participa ativamente, recebendo orientações quanto às

questões que dificultam a inclusão de seus filhos e a permanência dos mesmos no trabalho. “Os atendidos são estimulados a uma vida mais independente, produtiva, com melhor qualidade, sempre incentivando as potencialidades dos mesmos”, comenta Iracema. Foi assim com Marcio Rodrigues da Silva, 31, que trabalha na Esper através do Programa há cinco anos. Ednei Rodrigues da Silva, conta que o irmão frequenta a Apae desde o CREIA e depois que começou a trabalhar teve significativa melhora na oralidade e na sociabilidade. “Quando pega 30 dias de férias, não vê a hora de voltar. O pessoal gosta muito dele e ele também. Na Páscoa, inclusive, ele pediu à minha namorada que fizesse umas caixinhas decoradas para ele presentear os colegas com ovos de chocolate”, conta. A partir do momento em que são incluídos no mercado de trabalho, os atendidos deixam a escola de educação especial, mas precisam frequentar as reuniões mensais de acompanhamento. Mesmo deixando a escola, Ednei diz que, incluído, os progressos de Marcio saltam aos olhos. “Foi fundamental para ele”, acredita. DIV ULGAÇÃO/SÃO VICENTE

Daniele Cristina da Silva, 19, trabalha como embaladora no São Vicente desde agosto de 2015

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Desde 1993 a Apae de Americana promove a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho


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Desenvolvendo as habilidades O PROJETO “Escola de Beleza” certeza farei novamente”, afirmou. desenvolvido pela Apae desde O curso também fez a diferença 2014, faz parte do Programa na vida da dona de casa JeanesEscola de Qualificação Profissional, lei Saldanha da Rosa, 37. Ela se criado e desenvolvido pelo Fussesp formou em junho do ano passado (Fundo Social de Solidariedade do e disse que a capacitação teve Estado de São Paulo). Visa a quali- grande impacto em sua autoesficação profissional com qualidade, tima. Tendo um filho autista, diz em atividades geradoras de renda que muitas vezes deixou de lado e ministradas em curto prazo. a própria vaidade para se dediO curso tem duração de 60 car a ele. “Estou me arrumando horas/aulas, divididas em 20 dias, mais, me cuidando mais. Me sinto três vezes por semana, totalizando mais vaidosa, mais bonita”, con9h semanais. Oferece certificado fessa. Além do reflexo no próprio aos aprovados e com frequência de visual, Jeaneslei diz que, após o 75% das aulas, material didático curso, passou, também, a ser a e camiseta. Os participantes não “maquiadora oficial da família”. podem ter três faltas consecutivas ou mais de quatro faltas alternadas, limitado a três atestados durante todo o curso. Desde que foi implantada, a “Escola de Beleza” já formou 90 pessoas da comunidade, pessoas Estou me com deficiência e familiares. Silarrumando mais, vana Mara da Silva, 47, trabalha como manicure e pedicure no Parme cuidando que das Nações, em Americana, e mais. Me sinto fez o curso de maquiagem há dois anos. Diz que o que aprendeu foi mais vaidosa, muito útil para usar em si mesma, nas pessoas próximas e diz que mais bonita espera uma nova atualização do curso para participar. “Se tiver, com JUAREZ GODOY

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Oferecido a alunos, familiares e aberto à comunidade, curso formou 90 pessoas desde a implantação


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Produzindo as oportunidades Projeto inaugurado em 2014 já formou 100 pessoas da comunidade e familiares de pessoas com deficiência

Dá pra fazer bastante coisa a um custo baixo

Só temos a agradecer os benefícios que a Apae nos dá impacto

A APAE desenvolve, desde 2014, o projeto “Padaria Artesanal”, em parceria com o Fussesp (Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo). O projeto capacita familiares e/ou cuidadores das pessoas com deficiência atendidas pela entidade, que tenha mais de 16 anos, e demais pessoas da comunidade. O curso tem duração de um mês, em quatro semanas consecutivas, com aulas teóricas e práticas, e já formou 100 pessoas da comunidade e familiares, desde a sua inauguração. No curso, além de noções de manipulação, higiene e comercialização dos produtos, são ensinadas 10 receitas de pães artesanais, com ingredientes de baixo custo, para que possam ser produzidas. As apostilas e o certificado são fornecidos pela Apae. A dona de casa Dalva da

Silva, avó materna do aluno Miguel Fernando Silva Maffei, fez duas vezes o curso. Pretende usar o conhecimento adquirido para contribuir com a hamburgueria que um dos netos pretende abrir. “Ele quer aproveitar as receitas dos pães. Já testamos a do pão de ervas e ficou muito bom”, conta. “Só temos a agradecer os benefícios que a Apae nos dá, meu neto é muito bem atendido lá”, comentou. Rita de Cássia Andrade Silva, 40, mãe do aluno Pedro Vinícius Nalin, tem um buffet e aproveitou a oportunidade do curso para aperfeiçoar os conhecimentos. Recomenda o curso tanto para quem gosta de panificação quanto para quem está desempregado e pretende buscar uma alternativa de renda. “Dá pra fazer bastante coisa a um custo baixo”, sugere.


Porta de entrada

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Equipe específica e habilitada inicia o processo de acompanhamento na Apae: qualidade de vida AS FAMÍLIAS que vivem em situação de vulnerabilidade social têm na Assistência Social o suporte para que seus assistidos tenham oportunidade de se desenvolvam integralmente. É através da área de assistência social, que se inicia o processo de acompanhamento na entidade. Os profissionais da assistência social atuam diretamente com os usuários, familiares e/ou cuidadores, trabalhando para o fortalecimento da qualidade de vida dos mesmos. Para tanto, conta equipe específica e habilitada para a prestação de serviços especializados para a pessoa com deficiência. A Assistência Social desenvolve o programa de Habilitação e Reabilitação da Pessoa com Deficiência, cujo objetivo é estimular e potencializar recursos das pessoas com deficiência, suas famílias e da comunidade no processo de habilitação, reabilitação e inclusão social, e o Serviço de Proteção Social e Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e Famílias, que promove ações especializadas para a superação das situações violadoras de direitos que contribuem para a intensificação da dependência dos clientes/alunos matriculados nos programas de atendimento da Apae. O setor coordena também os programas qualificação profissional e de geração de renda, como a “Padaria Artesanal” e a “Escola de Beleza”, e o Goas (Grupo de Orientação e Apoio Sociofamiliar). Os encontros do Goas abordam temas que têm o objetivo de promover o protagonismo e o bem-estar dos cui-


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dadores em relação à tarefa do cuidado pessoal, bem como promover a autonomia e inclusão social das pessoas com deficiência a partir de atividades realizadas com seus familiares. Somente no ano de 2017, 655 famílias e/ou cui-

dos grupos. Na pesquisa, 81% das famílias o consideraram ótimo e, 19%, bom. Na sondagem, 100% dos participantes respondeu que o grupo contribuiu para o estreitamento de vínculos com a instituição, sentiu-se acolhido emocionalmente no grupo, considerou importante a proposta desenvolvida e sentiu-se apoiado com a atividade realizada. “O grupo é facilitador de superação da ruptura e da reconstrução da vida sob as novas condições imputadas pela deficiência”, ressalta Lucia Helena M. Cesar Ferreira, diretora de Desenvolvimento Social. Cleonice Maria Lins Santos, 40, participa do grupo desde o ano passado. O dadores participaram dos grupos. Um filho, Nicolas, 10, tem autismo e é questionário semestral de pesquisa de atendido pela Apae desde os 2 anos. satisfação aplicado entre os participan- Para ela, o fato de poder trocar as tes mostrou que os participantes não experiências com outras mães tem apenas aprovaram a iniciativa como o efeito de uma rede de proteção. solicitaram a continuidade e ampliação “Uma ajuda a outra”, comenta.

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impacto

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Responsabilidade social edição especial • abril de 2018

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Apae de Americana conta hoje com 156 empresas que contribuem efetivamente com a causa da entidade DESDE 2006 a Apae desenvolve o Programa Empresa Solidária, com o objetivo de ampliar a rede de Responsabilidade Social Empresarial, que dá suporte às atividades da instituição, realizadas gratuitamente. O Programa Empresa Solidária trata primordialmente de formar parcerias com as empresas para financiamentos dos programas e projetos desenvolvidos pela entidade. Contamos hoje com 156 empresas conscientes da responsabilidade social que contribui efetivamente

e com maior nível de envolvimento e comprometimento, colaborando com a causa da entidade.As empresas participantes do programa entram com um valor de acordo com o Termo de Adesão, recebem certificação de Empresa Solidária pela Apae e conquistam o

direito de associar sua marca à da entidade, e assim, agregar valor social. Com este programa, podemos proporcionar um desenvolvimento e dar uma melhor qualidade de vida aos nossos atendidos, que hoje são cerca de mil pessoas, entre crianças e adultos.


Mão amiga COMO ACONTECE desde os tempos do CREIA, a Apae conta também com doações da comunidade para manter suas atividades. Hoje, esses recursos são captados através do telemarketing. Os valores arrecadados com as contribuições espontâneas contribuem para a manutenção das instalações, pagamentos de despesas administrativas, recursos humanos, enfim, todos os custos da engrenagem que garantem a manutenção dos programas desenvolvidos pela entidade nas áreas de assistência social, saúde e educação, além das despesas não cobertas pelos convênios firmados com o poder público, nas esferas municipal, estadual e federal.

Hoje, 2.300 cidadãos americanenses contribuem mensalmente com a Apae, através das captações feitas pelo telefone

A Apae conta hoje com 2.300 contribuintes captados através do telemarketing, como a dona de casa Maria Cristina Sferra, 65, que contribui com a Apae desde antes da mudança para o prédio atual, que aconteceu em 2002. Sempre que possível, Maria Cristina prestigia as atividades da entidade. Além das contribuições mensais, ela sempre participa do Dia da Pizza. “A gente auxilia porque é um dever da gente ajudar o próximo”, justifica. Acompanhando de perto o dia a dia da Apae e sabendo onde o dinheiro de sua doação é aplicado, Maria Cristina, mãe de dois filhos - de 34 e 37 anos-, se diz recompensada, tanto por ver a alegria das crianças atendidas e a satisfação dos pais, quanto pela dedicação dos funcionários. “É muito gratificante. A Apae presta um trabalho muito bonito e é muito bom ver o quanto ela prosperou”, relata.

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