SurfBahia Mag 5

Page 1




O verdadeiro luxo Dizem que dinheiro nem sempre traz felicidade. Neste momento, em um luxuoso quarto no Costão do Santinho, um dos resorts mais sofisticados do Brasil, eu tenho certeza de que isso é verdade. Mesmo com todas as regalias oferecidas por este belo lugar, não pensaria duas vezes se pudesse trocar de cenário. Algumas semanas atrás, estava em uma casa ainda em construção, cercada de poeira, tomando banho gelado, dormindo num colchão no chão, impregnado por muriçocas e com mais umas cinco pessoas espalhadas por todos os lados do quarto. A porta do banheiro não fechava, a descarga estava com problemas, não havia geladeira na cozinha e nem sinal no telefone. Mas aquilo foi importante pra mim, pois me fez reviver diversos momentos que curti no início da minha carreira de repórter especializado em surf. Eram roubadas atrás de roubadas junto com a galera de Ilhéus, onde cursei Comunicação Social e escrevi meus primeiros artigos sobre esse tão amado esporte. Nessa época, eu não tinha as mordomias de hoje, que consegui graças ao crescimento do site Waves, veículo no qual também sou editor. Já dormi em capa de prancha, fiquei hospedado em pousadas bem humildes e viajava de ônibus ou van para cobrir os campeonatos. Mas eu me divertia muito, pois meus grandes amigos estavam ali comigo e não havia falsidade, interesse, já que na época eu não tinha o mesmo status que alcancei no Waves e, mais recentemente, no SurfBahia. Risadas faziam parte do nosso dia-a-dia nas competições, e essa pureza da galera do interior andava me fazendo falta. Depois de retornar a Salvador, em 2004, passei a viajar cada vez mais para trabalhar em eventos em todo o litoral brasileiro e também em alguns países. Faltava tempo para rever os amigos do Sul da Bahia. Essa oportunidade surgiu com o feriadão de 7 de setembro e, logo no fim de semana seguinte, a etapa do circuito nordestino promovida pela Pena em Itacaré. Resolvi emendar o feriadão com o evento e passei uma semana fora de casa. Já estava me dirigindo a uma pousada, quando fui até a praia da Tiririca conversar com meu grande amigo e shaper Bruno Senna, que estava hospedado na casa dos irmãos Rhayto e Uriel Hilário, duas figuraças que costumavam viajar com a galera quando Gabriel Macedo treinava a equipe baiana no Brasileiro Amador. Lá também estavam o cômico Marcelo Alves, um dos caras mais engraçados que conheço, e Flávio Galini, outro grande atleta revelado em Ilhéus e meu amigo há muitos anos, desde que começou a disputar campeonatos. Quando senti aquela energia na casa e o alto astral de grandes amigos que viajaram comigo para dezenas de competições, não pensei duas vezes em abrir mão da pousada e ficar largado ali junto com todos. Foi uma semana rindo sem parar, há muito tempo não me divertia tanto assim. Já agora, aqui no resort, a curtição não é a mesma. É mais uma prova de que dinheiro não traz felicidade. O verdadeiro luxo é estar ao lado da sua família e dos seus verdadeiros amigos, isso não tem preço. Ader Oliveira Editor do SurfBahia Mag

SurfBahia

mag

Editor

Ader Oliveira ader@surfbahia.com.br (71) 7811-3966 / ID* 7*48169

Editor de arte

Bruno Benn www.brunobenn.com (71) 9206-4963

Diagramação

Bruno Benn www.brunobenn.com (71) 9206-4963

Diretor comercial

João Carlos joao@surfbahia.com.br (71) 7811-5363 / ID* 91*6706

Colaboradores fotográficos

Pedro Monteiro, Diego Freire, Fabriciano Júnior, Daniel Smorigo, Marcelo Aranha e Zecops. Capa: Marco Fernandez Foto: Diego Freire

Correspondências

Rua José Ernesto dos Santos, 47, Ed. Empresarial Center, sala 203, Centro, Lauro de Freitas (BA). Cep: 42.700-000

Tiragem Billabong Surf Eco Festival

The search

Gata SurfBahia

10.000 exemplares



Serpa sobe ao pódio Os baianos Franklin Serpa e Marco Fernandez fizeram bonito na terceira etapa da Seletiva Petrobras, realizada entre os dias 16 e 19 de setembro, na praia de Itaúna, Saquarema (RJ). Em boas ondas de 1 metro, Serpa subiu ao pódio em terceiro lugar e Fernandez descolou a quinta colocação na prova válida pelo Brasil Tour. Depois de boas performances nas fases anteriores, Marco acabou superado nos instantes finais pelo capixaba Kristian Kymerson na segunda bateria das quartas-de-final. O atleta de Arembepe vinha surfando muito e foi bastante elogiado por todos que assistiram à etapa. Para subir ao pódio, Franklin Serpa passou por importantes nomes como Odirlei Coutinho, Simão Romão e Felipe Martins. Na semifinal, ele não foi feliz na escolha de ondas e perdeu para Simão, que havia avançado atrás do baiano na terceira fase e deu o troco com uma ótima atuação no duelo homem-a-homem. Com o resultado, o atleta de Olivença faturou R$ 3 mil e somou 1460 pontos no ranking do Brasil Tour, enquanto Marco Fernandez embolsou R$ 1,5 mil e descolou 1220 pontos. A prova foi vencida pelo jovem capixaba Krystian Kymerson, que na grande final bateu o carioca Simão Romão. Yan Guimarães, talento da nova geração carioca, completou o pódio dividindo a terceira colocação com o baiano Franklin Serpa.

Franklin Serpa conquista o terceiro lugar na Seletiva Petrobras em Saquarema (RJ). Fotos: Pedro Monteiro.

Resultado da Seletiva Petrobras 1 Krystian Kymmerson (ES) 2 Simão Romão (RJ) 3 Franklin Serpa (BA) 3 Yan Guimarães (RJ) 5 Marco Fernandez (BA) 5 Felipe Ximenes (SC) 5 Gilmar Silva (SP) 5 Felipe Martins (CE)


No dia 19 de setembro, a praia do Jardim de Alah, em Salvador, foi palco do Makai apresenta Jardim de Alah Eco Surf 2010. Válido como a etapa de abertura do circuito da Associação dos Surfistas do Jardim de Alah (ASJA), o evento teve como principal foco a conscientização da limpeza das praias. Os atletas Leo Sepulveda (Convidados), Peterson Filho (Surf Salva), Vinícius Satyro (Local) e Bruno Farias (Legend) foram os grandes destaques da prova e subiram ao lugar mais alto do pódio em suas respectivas categorias. Na final da Convidados, principal categoria do evento, o local Leo Sepúlveda mostrou bastante conhecimento do pico para vencer o atleta de Lauro de Freitas, Elson Vieira (2º), e os também locais Diego Mori e Alan Machado, terceiro e quarto colocados, respectivamente. O Makai apresenta Jardim de Alah Eco Surf contou com o patrocínio da Makai, apoio da Wet Dreams acessórios, Diamba, Felicitá Crep Italiano, Trip Surf Soul e Êtchaaa Pizza. A realização ficou por conta da Associação dos Surfistas do Jardim de Alah (ASJA), homologação da FBSurf e cobertura oficial do SurfBahia.

do Jardim de Alah Eco Surf

Resultados

Sepúlveda vence em casa

Convidados 1 Leo Sepúlveda 2 Elson Vieira 3 Diego Mori 4 Alan Machado

Local 1 Vinícius Satyro 2 Diego Mori 3 Flávio Maia 4 Leo Sepulveda

Surf Salva 1 Peterson Filho 2 Adam Amorim 3 Luís Sá 4 Robson Vinhas

Legend 1 Bruno Farias 2 Janary Júnior 3 Afonso Celso 4 Fernando Sampaio Leo Sepulveda vence categoria principal do Surf Eco Festival. Foto: Fabriciano Júnior.


Alandreson Martins descola o vice nas esquerdas do Arpoador (RJ). Foto: Daniel Smorigo.

Volta por cima Aos poucos, o itacareense Alandreson Martins vai conquistando seu espaço no Rio de Janeiro. Desde que mudou-se de Florianópolis (SC) para Macaé (RJ), em 2009, o baiano tem obtido grandes resultados no circuito regional. Este ano, Alandreson subiu ao pódio em quatro das cinco etapas que disputou. Depois de começar a temporada vencendo em São João da Barra, o atleta ficou em terceiro em Quissamã, descolou o quarto lugar em Campos, perdeu na primeira fase em Saquarema e, recentemente, conquistou o vice-campeonato nas lendárias esquerdas do Arpoador. No Arpex, Alandreson perdeu na final para o local Simão Romão. Exímio conhecedor do “Arpex”, Simão chegou a ser derrotado por Alandreson na semifinal e por muito pouco não foi batido novamente na decisão. O baiano começou liderando com notas 5.67 e 6.67, mas ficou intimidado quando a melhor onda da final despontou no horizonte e não quis disputá-la com Simão, deixando o caminho livre para o local arrancar 9.00 pontos dos juízes e garantir a vitória em casa. Como reside no Rio há apenas um ano, Alandreson não pode ser declarado campeão estadual pela Federação de Surf do Rio de Janeiro (FESERJ). Antes de fechar patrocínio com a marca Perfect Waves e voltar a brilhar nas competições, o baiano passou por uma grande roubada. “Eu quase parei de competir. Estava morando em Floripa, perdi o patrocínio (Mormaii) sem motivo algum e ia voltar a Itacaré. Foi aí que uma grande amiga (Maria das Graças) me levou para morar em Macaé e impediu que minha carreira fosse interrompida. Com uma grande ajuda dela, do meu shaper Gilberto (Index Crown) e da minha namorada Mariana de Luca, pude voltar a fazer bonito nos campeonatos. Sou eternamente grato a eles”, agradece o atleta. Outro baiano que está arrebentando na temporada é Flávio Costa. Sem poder viajar para outros estados devido à falta de patrocínio, o ex-top da elite brasileira venceu a etapa em Quissamã a está a apenas 50 pontos do líder Igor Morais. A última etapa acontece na praia do Grumari, em data ainda não divulgada pela FESERJ.




Foto: Fabriciano Jr

Joabe Oliveira, 17, é um dos talentos da nova safra de atletas da paradisíaca Olivença, em Ilhéus, sul da Bahia. Com um surf bastante potente, Joabe chama atenção por onde passa. Atual campeão estadual Mirim, Joabe se espelha no surfista profissional Franklin Serpa, local de Olivença e tem como manobra preferida os aéreos. Nome Joabe de Oliveira Idade 17 anos Patrocínio Conto com o apoio da Trip Surf Soul, ManSurf e Hotwax Motivo de orgulho Poder surfar Por quê? Quando a pessoa tá pirada, ela vai pegar onda e esquece de tudo, só vê coisas boas! Apelido Jó Melhor campeonato Vencer a etapa do baiano amador na Praia do Forte (2009) Melhor viagem Brasieliro amador no Ceará Uma praia Backdoor, em Olivença Uma manobra Aéreo Filme de surf Young Guns II Ídolo no esporte Tem vários caras bons aí, mas gosto mesmo do Serpa (Franklin). Viagem dos sonhos Indonésia


“Estou muito feliz e até estava pensando nisso, que meu irmão ganhou. Quem sabe eu poderia ganhar um dia também e ele chegou. Nossa! Estou muito feliz mesmo”, vibrou Santiago. Fotos: Fabriciano Jr.

Santiago Muniz abusou dos aéreos para vencer o Surf Eco Festival.

Santiago decola para a vitória Entre os dias 14 e 18 de setembro, a praia do Jardim de Alah, em Salvador (BA), foi palco da terceira edição do Billabong Surf Eco Festival. O evento, que já foi realizado na paradisíaca Praia do Forte em 2008 e no Jardim de Alah em 2009, voltou a acontecer em águas baianas, desta vez com provas válidas pelo ASP Pro Junior e WQS Feminino. Nos dois primeiros dias (14 e 15), um grande público lotou a praia do Jardim de Alah para assistir às disputas da categoria Pro Junior Masculino. Com aéreos espetaculares, o catarinense Santiago Muniz não deu chances aos adversários e ficou com o título do Billabong Eco Festival. No último dia de disputas, Santiago investiu forte nas direitas para derrotar todos os adversários que enfrentou e herdar o título conquistado pelo irmão Alejo em 2009. Na final, o atleta residente em Bombinhas não deu chance alguma ao paulista Caio Ibelli e venceu pelo placar de 14.17 a 6.70 pontos. “Estou muito feliz e até estava pensando nisso, que meu irmão ganhou. Quem sabe eu poderia ganhar um dia também e ele chegou. Nossa! Estou muito feliz mesmo”, vibrou Santiago, logo depois de ser carregado pelos amigos quando saiu do mar. O potiguar John Max e o paranaense Peterson Crisanto completaram o pódio da etapa. John caiu nas semifinais diante de Caio Ibelli, enquanto Peterson foi eliminado por Santiago. Marco Fernandez, principal representante baiano, disputou a prova com reais chances de conquistar uma vaga na equipe sul-americana, mas viu seu sonho escapar depois de perder para Peterson Crisanto nas oitavas-de-final. Com o resultado, Fernandez finalizou a etapa na nona colocação. O título sul-americano ficou com o paulista Miguel Pupo. Mesmo derrotado nas oitavas pelo catarinense Cauê Wood, Miguel garantiu a primeira posição na temporada. O time sul-americano que disputa o World Tour Junior na Indonésia e Austrália conta ainda com o capixaba Krystian Kimerson, o catarinense Alejo Muniz, o paranaense Peterson Crisanto e os paulistas Caio Ibelli e Jessé Mendes.

Miguel Pupo é o novo campeão Sul-Americano Pro Junior.

Marco Fernandez foi o melhor baiano na seletiva.

Resultado Pro Junior Masculino 1 Santiago Muniz (SC) 2 Caio Ibelli (SP) 3 Peterson Crisanto (PR) 3 John Max (RN) 9 Marco Fernandez (BA)


Coco Ho vence WQS e divide a terceira colocação com a brasileira Bruna Schmitz no Pro Junior.

Estrangeiras dominam o Jardim A havaiana Coco Ho e a francesa Johanne Defay comandaram o show feminino no Billabong Eco Festival 2010, encerrado no dia 18 de setembro, em ondas de 1,5 metros de face e formação prejudicada pelo vento, na praia do Jardim de Alah, Salvador (BA). Na final do WQS 4 estrelas, Coco derrotou a peruana Anali Gomez por 7.97 a 7.03 pontos. Pelo título, Coco Ho faturou US$ 3,5 mil, enquanto Anali embolsou US$ 1,9 mil. Já na categoria Pro Junior, Johanne Defay, das Ilhas Reunião, superou a paulista Camila Cássia pelo placar de 11.83 a 10.80. Joanne também faturou US$ 3,5 mil pela belíssima campanha na Bahia e Camila foi premiada em US$ 1,9 mil. Também subiram ao pódio no Jardim de Alah a catarinense Gabriela Leite e a paranaense Bruna Schmitz no WQS; Coco Ho e Bruna Schmitz no Pro Junior. Nas semifinais do WQS, Gabi foi superada por Anali (10.70 a 9.67) e Bruninha caiu diante de Coco (10.17 a 7.67). Já no Pro Junior, Johanne eliminou Bruninha por 7.26 a 5.17 e Camila barrou Coco por 11.50 a 9.20. A soteropolitana Priscila Gondim foi a única representante baiana no evento. Convidada pela Abasurfe para disputar a prova do WQS, a atleta foi eliminada logo em sua estreia e finalizou sua participação em nono lugar, embolsando US$ 800 de premiação.

Resultados WQS 1 Coco Ho (Haw) 2 Anali Gomez (Per) 3 Bruna Schmitz (Bra) 3 Gabriela Leite (Bra) 9 Priscila Gondim (Bra) Pro Junior 1 Johanne Defay (Fra) 2 Camila Cássia (Bra) 3 Bruna Schmitz (Bra) 3 Coco Ho (Haw)


hagas no topo de Alah “Estou muito feliz. Esta vitória é para todos os baianos, eu só desejo o bem ao meu povo. Estou muito contente com o resultado. Este é meu primeiro ano como profissional e eu nem consigo dizer ao certo o que estou sentindo”

Leo Chagas conquista sua primeira vitória no circuito mundial. Foto: Zecops.

Neymara Carvalho comanda ataque brazuca na etapa baiana do mundial. Foto: Zecops.

Com uma campanha sensacional na praia do Jardim de Alah, Salvador, o soteropolitano Leandro Chagas fez a festa da grande torcida baiana ao vencer o Bahia Bodyboarding Show 2010, etapa do circuito mundial disputada entre os últimos dias 21 e 25 de setembro, em ondas que variaram de 1 a 2 metros, com formação prejudicada pelo vento sudeste. Vindo das triagens, o atleta local da praia de Amaralina disputou um total de seis baterias para subir ao topo do pódio da competição. A vitória de Leandro proporcionou um momento de rara emoção no esporte. O grande público que torcia pelo atleta na praia formou uma enorme corrente na beira da água, a poucos segundos do término da final. “Não há como descrever o que eu senti quando vi. Foi incrível”, declarou o atleta, muito emocionado. Com a vitória em casa, Leandro faturou US$ 4 mil de premiação, além de preciosos 1000 pontos no ranking mundial. “Estou muito feliz. Esta vitória é para todos os baianos, eu só desejo o bem ao meu povo. Estou muito contente com o resultado. Este é meu primeiro ano como profissional e eu nem consigo dizer

ao certo o que estou sentindo”, disse o atleta, que foi carregado pelo público até o pódio. Antes de vencer o pernambucano Iraí Rodrigues na grande decisão, Chagas atropelou o paranaense Rogério Pinheiro nas quartas e o catarinense Eder Luciano na semi. Entre as mulheres, vitória da capixaba Neymara Carvalho, que venceu o duelo final contra a basca Eunate Aguirre. Os atletas Israel Salas e Júnior Silva foram os outros baianos que chegaram às fases decisivas do Bahia Bodyboarding Show, garantindo a nona colocação na prova. Já Uri Valadão, campeão mundial em 2008, foi infeliz na escolha de ondas e caiu logo na estreia.

Resultados Pro Masculino 1 Leandro Chagas (Bra) 2 Iraí Rodrigues (Bra) 3 Manuel Centeno (Por) 3 Eder Luciano (Bra) Pro Feminino 1 Neymara Carvalho (Bra) 2 Eunate Aquirre (Esp) 3 Isabela Souza (Bra) 3 Patrícia Setubal (Bra)



The search

The search

The search Começar qualquer “The search” (A busca) é pura emoção! E foi assim que conheci um dos lugares mais perfeitos para viver e surfar! Texto e fotos: Guim Vasconcelos A busca “Se você quer uma boa dica para surfar direitas marcianas, corra atrás de seu visto para a Austrália!”. Esta frase, de um pôster de surf em meu quarto, rondou minha cabeça durante anos, até que um dia eu estava em Snapper Rocks, em Burleigh, em Duranbah, ainda tentando entender, juntar os pedaços que conhecia de filmes, revistas e reportagens de anos e anos. É tudo verdade! Linhas inacabáveis, todo mundo com alto nível de surf e o sorriso estampado no rosto de quem conhece o lugar. Mas, a Gold se limita de Stradbroke até D-Bah, e, cansado do crowd de lá, estava querendo conhecer um lugar que tivesse o real sentido da palavra “paradise”... Contraditório em Surfers. Começar qualquer “The search” (A busca) é pura emoção! E foi assim que conheci um dos lugares mais perfeitos para viver e surfar! This place is Byron Bay, mate! (Este lugar é companheiro de Byron Bay!). Uma pequena cidade ao norte de New South Wales que respira surf! Altas ondas, direitas mágicas como The Pass e esquerdas tubulares como Tallow, ditam o cotidiano de pessoas super acolhedoras! De lá já saíram grande nomes do surf mundial, como Danny Wills, ex-top do WCT e Kieren Perrow WT! Lennox Head está localizada a menos de 20 minutos de Byron e, até lá, ondas inimagináveis quebram quase que sem crowd, dando mais opção de surf para os aussies! Depois de conhecer essa infinidade de ondas, a opção Gold Coast só era cogitada se realmente estivesse valendo, coisa normal, é verdade, mas sempre a vontade era de ir até onde não havia conhecido!

The search

The search






Takito Adachi curte o fim de tarde na praia do Barravento. Foto: Diego Freire.

Visual paradisíaco da praia da Taíba, Ceará. Foto: Diego Freire.


Esdras Santos sobrevoa a praia de Stella Maris, Salvador. Foto: Diego Freire.

Heitor Pereira curte o visual da praia de Stella Maris, Salvador. Foto: Diego Freire.


Saulo Marques chuta a rabeta em 谩guas cearenses. Foto: Diego Freire.

Marcelinho Alves trava as quilhas para as lentes do fot贸grafo Diego Freire. Foto: Diego Freire.


Gata se diverte nas valinhas de Jaguaribe, Salvador. Foto: Diego Freire.

Manolo executa um cut back com perfeição em Busca Vida, litoral norte da Bahia. Foto: Diego Freire.


Thomas Hermes, Guarujรก (SP). Foto: Diego Freire.

Guga Arruda testa seu foguete na praia de Stella Maris, Salvador. Foto: Diego Freire.


Bino é o rei do Nordeste Com uma atuação brilhante nas ondas da praia da Tiririca, em Itacaré (BA), o baiano Bino Lopes conquistou sua segunda vitória no ANS Pro Tour 2010 e tornou-se o grande campeão da Pena Tríplice Coroa, entre os últimos dias 10 e 12 de setembro. Antes de vencer na Bahia, Bino subiu ao topo do pódio na etapa com ondas históricas em Fernando de Noronha (PE) e obteve um 17º lugar em Várzea do Una, também em Pernambuco. Foi a segunda vitória do baiano na temporada e a terceira na carreira. A primeira vez que ele levou a taça foi em 2009, em Stella Maris, Salvador. Pela performance, Bino recebeu uma passagem para o Hawaii como premiação pelo título da Pena Tríplice Coroa. Além da passagem, ele engordou sua conta bancária em R$ 8 mil pela vitória na sexta etapa do Tour 2010. “Muito obrigado a todos que me apoiaram e torceram por mim, em especial minha família, namorada, amigos, patrocinadores e meu preparador físico Sidney Resende”, comemorou Bino. A partir da foto ao lado, sentindo horário, Isaías Silva e o kerrutp flip vencedor do Pena Air Show, Bino Lopes, vencedor da etapa baiana do ANS Pro Tour, o local Alandreson Martins pelos ares da Tiririca e Bino consagrado como o Rei do Nordeste. Fotos: Fabriciano Junior


Afiado nas direitas da Tiririca, o baiano arrancou notas 9.17 e 7.17 dos juízes para superar o cearense Michel Roque (3º) e os conterrâneos Alandreson Martins (2º) e Rudá Carvalho, quarto colocado. De quebra, Bino ressume a liderança do ranking nordestino e deixa para trás o conterrâneo Bruno Galini, nono colocado em Itacaré. Antes da finalíssima do Pena Pro Itacaré, a Pena promoveu uma bateria especial de aéreos. Com um kerrupt nos minutos finais, o cearense Isaías Silva levou a melhor na briga com o conterrâneo Adilton Mariano, que vinha na frente. O voo rendeu R$ 1 mil a Isaías.

Resultado 1 Bino Lopes (BA) 2 Alandreson Martins (BA) 3 Michel Roque (CE) 4 Rudá Carvalho (BA) Ranking depois de 6 etapas 1 Bino Lopes (BA) 7620 2 Bruno Galini (BA) 6800 3 César Aguiar (PE) 6650 4 Alan Jones (RN) 6490 5 John Max (RN) 6110 6 Halley Batista (PE) 5950 7 Gutemberg Silva (CE) 5780 8 Thiago de Sousa (CE) 5700 9 Michel Roque (CE) 5620 10 Charlie Brown (CE) 5480 11 Patrick Tamberg (FN) 5160 12 Alan Donato (PE) 5100 13 Isaías Silva (CE) 5060 14 Marcelo Nunes (RN) 5040 15 Ulisses Meira (PB) 4750 16 Luel Felipe (PE) 4640

Bino sai carregado pelos amigos conterrâneos após a grande final do Pena Pro Itacaré. Foto: Fabriciano Junior.



Em comemoração à quinta edição do jornal SurfBahia Mag, resolvemos presentear os nossos leitores com o belo ensaio da curitibana Ana Paula Assis. Residente em Balneário Camboriú (SC), Aninha leva a vida entre seu trabalho como designer, as incríveis baladas do Balneário Camboriú e as praias da região. Para relaxar, Ana não abre mão de passear pela orla da região de Camboriú. Em seu primeiro ensaio, essa musa exibe suas belas curvas para o fotógrafo Marcelo Aranha nas areias da praia do Guaiúba, Guarujá (SP).

Fotos: Marcelo Aranha

Nome Ana Paula Assis Cidade onde nasceu Curitiba, mas moro em Balneário Camburiú Profissão Estudante de Design de Interiores Signo Sagitário O que gosta de fazer Viajar Praia preferida Praia dos Amores (SC) Comida preferida Japonesa Esportes que pratica Nenhum Viagem dos sonhos Dar a volta ao mundo Planos para o futuro Me formar e ser bem sucedida nos negócios Surfista preferido Rafael Paz Um passatempo Passear pela praia Dicas para manter o corpo saudável Beber muita água Uma frase Viva a vida Recado para a galera do jornal Tá stressado? Vai surfar!



Por Alexandre Piza O importante é competir? Esta frase dá uma certa incomodada, não é verdade? Lembra-me os tempos de moleque, quando perdia alguma competição na escola, no surf ou nas piscinas, e meus pais ou professores vinham com esse consolo na tentativa de me reanimar para a próxima competição. Afinal, quando entramos para competir, queremos mesmo é ganhar. No meio do caminho está a preparação para ganhar. A preparação física, psicológica, conhecer os adversários e, sobretudo, ter uma boa noção de nossos limites. Acho válido, no surf, quando vejo atletas de nível inferior se inscrevendo em competições de alto nível. Porém, são nessas horas que precisamos ter a noção de até onde podemos ir. Se passarmos desse limite, já estaremos muito no lucro e o aprendizado começa a fazer sentido. Porém, se chegarmos até onde achávamos que chegaríamos, também nada está perdido, o que é previsível não nos frustra. Tenho visto alguns atletas aqui na Bahia com um índice de frustração muito alto, principalmente os mais jovens e sem acompanhamento psicológico. Os amigos e família ficam botando aquela pilha: “Vai lá, você consegue, você é melhor do que eles, você tem nível para levantar esse caneco”, e assim por diante. Claro que os amigos e a família estão com a melhor das intenções, a questão nem é essa. Nas minhas competições na infância, eu sabia que fulano ou cicrano era melhor do que eu. Por mais que botassem essa pilha, eu já estava preparado para ganhar ou perder. Mas muita gente não tem essa noção. Tenho notado também, que na praia, muitos pais e mães estão incentivando o surf competição. Filmando, surfando junto, levando aos campeonatos e até ajudando na busca de patrocinadores. Isso é ótimo e só ratifica a força do surf como um esporte sério e que oferece potencial de futuro como profissão. O cuidado que esses pais precisam ter é exatamente esse que estamos falando: identificar e ajudar sempre o filho a ter a noção de saber até onde pode ir e, sobretudo a humildade em assumir: “Fulaninho é melhor do que eu, mas vou cair na água e dar o meu melhor, quem sabe na escolha de ondas e na estratégia de bateria posso me sobressair?!”. No surf, nem sempre quem ganha é o melhor surfista. Principalmente em beach breaks mexidos, característica preponderante das ondas no Brasil. Então, uma boa saí-

da para quem se depara com restrições de nível de surf, seria aprimorar-se em táticas de competir e usar posicionamento, escolha de ondas, preparação física e psicologia para tirar proveito dessa limitação. Se ficar esperando demais só o surf por si mesmo evoluir, pode-se perder tempo precioso, o que nos dias de hoje é muito importante que não se perca. E, por falar em preparação física, tem muita gente indo para as academias e malhando muito errado, dando ênfase para força pura (principalmente para os braços), sendo que no surf precisamos de elasticidade, velocidade e resistência. Não adianta só remar forte por 15 minutos, não ter força no abdômen e nas pernas, e achar que, só porque está ficando sarado, sua performance vai deslanchar. Ainda farei um texto só sobre esse assunto, aguardem! Existem vários bons profissionais de Educação Física aqui na Bahia especializados na preparação para o surf, procure-os e seja assíduo. Alguns atletas estão deixando de lado a preparação física por preguiça ou por não acharem necessário, ainda mais pelo motivo de que a malhação específica para o surf não apresenta um resultado visual tão “majestoso” quanto a musculação tradicional. Prepare-se para alongar bastante, exercitar a respiração e a ter força nos músculos mais usados na remada e na hora de surfar a onda. Muitos atletas têm saído para competir fora do estado e estão retornando com resultados abaixo da expectativa, principalmente os mais novos. São tops locais, mas, ao se depararem com seus rivais (sobretudo os do Sul e Sudeste), as colocações não estão sendo boas. Precisamos abrir bem os olhos e a mente e analisar caso a caso os motivos, que podem estar desde essa pilha exagerada de família e amigos, passando pelo baixo número de competições locais e ausência de preparação especializada, até chegarmos à conclusão de que praticamente tudo precisa ser mudado para não perdermos a essência de formação de grandes nomes no cenário nacional e mundial. Serpa, Rudá, Fernandez, Galini, Tihara e Bino estão representando muito bem, estão com resultados expressivos e constantes, mas hoje vejo poucos nomes da geração que vêm atrás despontando, isso me preocupa. Não frequentamos mais as primeiras posições das categorias mirins e juniores nas competições nacionais. Não gostaria de bater nas costas dessa molecada e dizer “O importante é competir”.



Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.