Presença Especial - 01/2016

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Intensa programação valoriza o aniversário de fundação do sindicato


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APRESENTAÇÃO PÓ DE GIZ

EXPEDIENTE Presença - Especial 01 /2016 Publicação do Sindicato dos Professores de Caxias do Sul Sinpro/Caxias

VISITE O SINPRO Endereço: Av. Júlio de Castilhos, n° 81 Salas 901/902 - Ed. Village Avenida Bairro Nossa Senhora de Lourdes

LIGUE PARA O SINPRO Fone: (54) 3228.6763 Fax: (54) 3222.0734

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Editorial

Com muito orgulho, 30 anos de história! RICARDO BARP

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CONHEÇA A EQUIPE Coordenação: Secretaria de Comunicação do Sinpro Coordenadora: Olga Neri de Campos Lima Edição: VOXMIDIA - (54) 3028.7479 Jornalista responsável: Rose Brogliato - MTB11004/RS Colaboração e Revisão: Lisiane Zago - MTB 12375/RS

DETALHES TÉCNICOS Tiragem: 1.000 exemplares Impressão: Lorigraf Papel reciclado

A Carta Sindical do Sinpro/Caxias foi publicada no Diário Oficial, em 18 de dezembro de 1986. De lá para cá, foram muitos momentos de encontro, formação, cultura, luta e reivindicação. Nosso desejo era passar este ano de 2016 recordando e festejando. Mas a vida não para e muitos acontecimentos recentes exigem posicionamento, provocam movimento. Assim, precisamos renovar a coragem e seguir trabalhando por melhores condições de vida para os professores, em defesa da educação de qualidade e da democracia. Acompanhe essa jornada, seguimos juntos!

A Diretoria Na foto, parte da diretoria atual do Sinpro/Caxias, reunida no dia do Almoço Comemorativo, em julho.


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CATEGORIA

INFORMAÇÕES

MULTIMÍDIA

APOSENTADORIA E PREVIDÊNCIA

Canal digital vai ampliar a informação

Sinpro/Caxias apoia evento com o Senador Paim

Em agosto, o Sinpro/Caxias vai lançar a TV Presença, um canal de vídeos no YouTube e que também poderão ser acessados pelo site da entidade: www.sinprocaxias.com.br. A TV Presença vai compartilhar os vídeos produzidos por entidades relacionadas à educação e vídeos próprios do Sinpro/ Caxias.

VAMOS FESTEJAR

Vem aí o BAILE dos PROFESSORES O Baile dos Professores, comemorativo dos 30 anos do Sinpro/Caxias, será realizado no dia 15 de outubro, Dia do Professor. Aguarde os detalhes!

“O Futuro da Previdência e das Aposentadorias no Brasil” é o tema da palestra do senador Paulo Paim que será realizada no dia 18 de agosto, às 15h, no auditório do Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Rua Carlos Giesen, 1217 - Bairro Exposição), com a promoção do Sindiserv e apoio do Sinpro/Caxias e outros sindicatos. O senador vai relatar o que está sendo tratado no Congresso Nacional sobre o assunto, explicando quais as conquistas e direitos que estão sendo ameaçados pelo governo interino com a perspectiva da Reforma da Previdência e da Mudança nas Aposentadorias. Interessados em participar devem fazer a inscrição pelo e-mail: ofuturodaprevidencia@gmail.com.

HISTÓRIA EM DESTAQUE

Exposição na Câmara de Vereadores vai mostrar a trajetória do sindicato No dia 23 de agosto, às 18 horas, será aberta a exposição de painéis sobre a história do Sinpro/Caxias, no Espaço Cultural Mário Crosa, no subsolo da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. A exposição permanece aberta para visita gratuita da comunidade das 8h30min às 18h até o dia 06 de setembro. Os painéis retratam momentos importantes como assembleias, greves, eventos culturais e de formação, além de outras informações visuais como charges, fotos de diretoria e professores. Participe da abertura!

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SINDICAL

30 ANOS

Evento apresentou comemorações dos 30 anos O Sinpro/Caxias apresentou para a imprensa e lideranças o novo logotipo, o selo comemorativo dos 30 anos e a programação do ano LISIANE ZAGO

A coordenadora de comunicação do Sinpro/Caxias, Olga Neri de Campos Lima, explicou as mudanças

Em evento no fim da tarde do dia 29 de março, o Sinpro/Caxias lançou as comemorações do aniversário de 30 anos de fundação da entidade. Foram apresentados para a imprensa, lideranças sindicais e de organizações

relacionadas à educação o novo logotipo do sindicato, o selo comemorativo dos 30 anos e a programação do ano. O novo logotipo incorpora a necessidade de identificar claramente a base territorial do

sindicato, pois são três Sinpros no estado – Sinpro/Caxias, Sinpro/Noroeste e Sinpro/RS. Além disso, tem a proposta de modernizar e marcar o novo momento da entidade a partir dos 30 anos. O Sinpro/Caxias também passa a contar oficialmente com um personagem representativo para gerar simpatia e identificação, especialmente nas redes sociais. A coruja foi escolhida porque é o símbolo da sabedoria, da Pedagogia e da Filosofia, tem olhar atento e a capacidade de enxergar no escuro. Já o selo comemorativo dos 30 anos pretende destacar as principais lutas do Sinpro/ Caxias ao longo de sua existência e por isso traz uma bandeira com as palavras Democracia, Educação e Direitos. O novo logotipo, o personagem e o selo foram criados pela Voxmidia Comunicação. Durante 2016, o Sinpro/Caxias está realizando uma programação especial incluindo uma campanha de sindicalização, o concurso “30 Histórias de Professores”, uma exposição de painéis contando a trajetória do sindicato e eventos que discutem os desafios para o futuro da educação. Especificamente para a categoria, foi realizado um almoço de confraternização e acontecerá um jantar dançante. O sindicato está produzindo uma revista e um vídeo para contar a história de 30 anos. Além disso, está sendo realizada uma pesquisa sobre a saúde dos professores, em âmbito estadual. ROSE BROGLIATO

Concurso Cultural incentivou relatos Integrando a programação dos 30 anos do sindicato, o Sinpro/Caxias promoveu o concurso 30 Histórias de Professores, com o objetivo de incentivar a produção de crônicas relacionadas ao cotidiano do professor. Algumas crônicas serão selecionadas para compor os materiais de divulgação dos 30 anos do Sinpro/Caxias. Entre todos os participantes, foi sorteada uma hospedagem com acompanhante no Hotel Casa da Montanha, em Gramado, e o professor Marco Antonio Gonçalves foi o ganhador do sorteio realizado durante o Almoço Comemorativo, no dia 10 de julho. Na foto, a professora Olga Neri de Campos Lima, coordenadora de Comunicação do Sinpro/Caxias, entrega o prêmio. Marco Antonio Gonçalves leciona nos colégios Madre Imilda e Murialdo. Ele trabalha no ensino privado de Caxias do Sul há 23 anos. “Foi uma oportunidade de manifestar meus agradecimentos pela ajuda que tive em determinado momento histórico”, revelou. O Sinpro/Caxias agradece a todos os participantes.


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SINDICAL

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DEBATE MÍDIA

Sinpro/Caxias apoiou debate sobre a mídia “A mídia brasileira é golpista desde que Dom João VI chegou ao Brasil. É uma imprensa para o poder, pelo poder e por poder” RICARDO BARP

O professor e escritor Juremir Machado denunciou o apoio da mídia brasileira aos golpes

O debate Mídia e Poder no Brasil foi realizado no dia 7 de julho, no auditório do Sindicato dos Bancários de Caxias do Sul. Organizado voluntariamente pelo Coletivo de Comunicação Alternativa,

grupo que se constituiu com o objetivo de propor novas discussões na cidade, o evento teve a promoção do Sindicato dos Bancários de Caxias do Sul e Região e apoio do Sinpro/ Caxias, Sindiserv e Sintep/Serra.

Os debatedores Juremir Machado e Ademir Wiederkehr discorreram sobre o tema e depois responderam perguntas e ouviram observações dos mais de 200 participantes. A mediação foi do sindicalista e professor Marcelo Caon, doutor em História. Na abertura do evento, Caon leu uma carta de Moisés Mendes que também era debatedor, mas não pôde comparecer por motivo de saúde. Juremir Machado iniciou polemizando sobre o momento que o Brasil atravessa: “Estamos vivendo um golpe, até os golpistas sabem que é um golpe.” Ele narrou fatos históricos mostrando que a imprensa do Brasil apoiou todos os golpes a partir da Proclamação da República. “Não há golpe sem a mídia”, justificou, “pois é ela que convence a classe média a aceitar um golpe e por três vezes a corrupção foi usada para derrubar governos de centro-esquerda no Brasil”. Na continuidade, o debatedor Ademir Wiederkehr afirmou que é possível fazer diferente e citou várias iniciativas de comunicação alternativa. Ele destacou que as redes sociais também são lugares de disputa de opiniões. “Estamos em um período de muito bloqueio da informação. Está em curso um processo internacional de ataque aos direitos dos trabalhadores”, denunciou.

ROSE BROGLIATO

Paulo henrique amorim criticou o quarto poder O jornalista Paulo Henrique Amorim foi o convidado do painel Mídia e o Estado Democrático de Direito, realizado no dia 20 de abril, em Porto Alegre, com o apoio do Sinpro/Caxias. O debate foi promovido pelo Sinpro/RS, Federação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Fetee/Sul) e CUT/RS. Com mais de 50 anos de atuação no jornalismo nacional, Paulo Henrique Amorim é autor do livro O quarto poder – Uma outra história (São Paulo, Hedra), lançado no ano passado com grande repercussão. Na palestra, ele fez uma análise da participação da Rede Globo no que ele chama de “atalho constitucional” para legitimar o golpe que está em curso para destituir a presidente Dilma Rousseff. Amorim defendeu a convocação de eleições presidenciais: “Eles deram o golpe, fizeram um atalho na Constituição, tirando a presidenta da República sem crime de responsabilidade, então, vamos fazer outro atalho constitucional e vamos para as urnas. Vamos extrair a legitimidade das urnas”, afirmou.

“A Globo deu a lógica e organizou o golpe”, denunciou Amorim


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SINDICAL

POLÍTICA E ECONOMIA

Ganz Lúcio: a estratégia agora é a resistência “É necessário resistir ao desmonte na vida sindical cotidiana e tentar se proteger das medidas de flexibilização trabalhista no Congresso” ROSE BROGLIATO

O sociólogo Ganz Lúcio destacou a maior luta sindical: contra as desigualdades

No dia 24 de junho, o Sinpro/Caxias promoveu o painel “O Brasil pode ser protagonista?”, com Clemente Ganz Lúcio, professor universitário, sociólogo e diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e

Estudos Socioeconômicos (Dieese). O evento ocorreu no auditório do Sindiserv e reuniu dezenas de lideranças sindicais e professores, além do supervisor-técnico do Dieese no Estado, Ricardo Franzoi.

Ganz Lúcio iniciou o painel afirmando que o Brasil é uma das maiores economias capitalistas do planeta e é nesse cenário que o sindicalismo brasileiro se situa, como instrumento de luta dos trabalhadores para conquistar bem-estar e qualidade de vida. Sobre o avanço do neoliberalismo no mundo, o sociólogo lembrou que, centrando a economia não mais na produção industrial, mas no capital financeiro, passa a imperar um conjunto de valores que nos incentiva a consumir tudo, de produtos a pessoas e a ter o máximo no menor tempo, trazendo prejuízo ao planeta, desigualdade social e infelicidade. Ganz Lúcio afirma que não há economia de serviços sem base material e que os professores de Caxias do Sul deveriam se preocupar com questões como: “Quem sustenta essa atividade econômica? Qual é o projeto futuro para essa economia? Na cidade, na Região, no país? Se não sabemos responder, não temos projeto.” Aliás, ele enfatizou que a sociedade não conhece o projeto do governo interino de Michel Temer, pois ele não é fruto de um debate político. Sobre o desafio dos sindicatos no atual momento brasileiro, Ganz Lúcio disse que a estratégia é de resistência. É necessário resistir ao desmonte na vida sindical cotidiana: ao arrocho e ao desemprego. Além disso, é preciso tentar se proteger das medidas de flexibilização trabalhista no Congresso, lutar pela regulamentação da terceirização e contra as reformas na Previdência.

REALIDADE POLÍTICA E ECONÔMICA EM PAUTA No dia 02 de julho, o Sinpro/Caxias recebeu o educador popular Emilio Gennari que conversou com a diretoria sobre os desafios do movimento sindical diante dos impasses da realidade política e econômica do país. Com formação em Teologia e pós-graduação em Ciências Sociais, ele se dedicou a apresentar a conjuntura econômica internacional e nacional e se concentrou em discorrer sobre os efeitos da situação atual no movimento sindical: “É preciso resgatar o âmbito internacional para buscar o sentido para o movimento sindical como um todo”, explicou. Gennari entende que a classe trabalhadora internacional “está dormindo”.

No mundo, a maior parte das pessoas está desempregada ou na informalidade. O que resta como consequência é um movimento sindical que representa a minoria dos trabalhadores empregados e que não reage. Gennari finalizou chamando atenção para

a necessidade de interpretar o novo trabalhador, que está enfrentando o adoecimento no trabalho. “Se não há pertencimento, não há envolvimento, há apenas interesses imediatos sem reconhecimento de causas comuns”, concluiu. LISIANE ZAGO

O educador popular Emilio Gennari discorreu sobre os efeitos da situação atual no movimento sindical


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LAZER

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CONFRATERNIZAÇÃO E FESTIVIDADE

FOTOS RICARDO BARP

Almoço Comemorativo promoveu a convivência

Centenas de professores compareceram no salão da comunidade de São Luiz da 6ª Légua para saborear a culinária italiana e conviver

No domingo de 10 de julho de 2016, o Sinpro/Caxias realizou o almoço comemorativo dos 30 anos do sindicato. O evento foi aberto pelo professor José Carlos Monteiro, fundador do sindicato e integrante da atual diretoria. Monteiro agradeceu a presença de todos e destacou que o almoço já é uma festa tradicional do Sinpro/Caxias, mas teve mais significado nessa data devido à comemoração do 30º aniversário do sindicato. Lembrando as diversas atividades previstas para o segundo semestre, seguindo a programação alusiva aos 30 anos do Sinpro/Caxias, Monteiro afirmou também que é um momento de se preparar para os desafios que o movimento sindical tem pela frente, com a ameaça de flexibilização das leis trabalhistas. “Vamos ficar atentos e, se precisar, vamos para a rua defender os nossos direitos”, conclamou. O almoço encerrou em clima de alegria, com sobremesas variadas, café e sorteio de brindes. No comentário dos professores, o desejo: “Nos encontramos novamente no almoço do próximo ano.”

A sopa esquentou o dia, enquanto as crianças fizeram a própria festa e a alegria contagiou a todos


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EDUCAÇÃO

ENTREVISTA ESPECIAL

MACHISMO: uma opressão que se vale da IGNORÂNCIA

Em entrevista exclusiva para o Sinpro/Caxias, Marcia Tiburi questiona que a educação seja um campo tão “feminino” e, ao mesmo tempo, não tenha ajudado a libertar as mulheres de suas amarras

SIMONE MARNHO

O Sinpro/Caxias entrevistou a escritora e filósofa Marcia Tiburi sobre escola, gênero e a tentativa de despolitizar a sociedade, temas que necessariamente devem estar presentes para uma correta leitura do contexto atual. Graduada em Filosofia e Artes e mestre e doutora em Filosofia pela UFRGS, ela publicou diversos livros de filosofia, romance e outros temas. No último livro lançado, o polêmico Como Conversar Com um Fascista (Record, 2015), Marcia Tiburi propõe o diálogo como antídoto para a barbárie. Completamente inquieta, a filósofa ainda é conferencista, professora e colunista da Revista Cult.

PRESENÇA: Como surgiu o seu interesse e posicionamento nas questões de gênero? MARCIA TIBURI: A sua pergunta se refere às origens do meu feminismo. É bem importante, no contexto de uma cultura misógina como a nossa, necessariamente antifeminista, poder usar o termo feminismo com liberdade e poder responder a sua pergunta sobre gênero, fazer uso do termo gênero. Hoje em dia, há um policiamento ideológico


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contra gênero e, se não frearmos essa forma antidemocrática de pensar e agir, em breve teremos outras tentativas de cerceamento e proibição que nos afundarão em um absurdo ainda maior. Aquilo que neofundamentalistas muito ignorantes chamam de “ideologia de gênero” se inscreve nessa linha. Dito isso, penso que o feminismo é um processo, um devir, e que o nosso feminismo, o feminismo de cada uma que produz essa diversidade de feminismos, nunca está pronto. Do mesmo modo, o meu feminismo também não está pronto. Desde que comecei a me interessar por questões de gênero, primeiro pesquisando as mulheres na história da filosofia, percebi que a misoginia é um dado cultural que preside perversamente os textos dos filósofos, os textos literários, o texto bíblico. A misoginia faz parte de todas as teorias, das formas de pensar, formadas por homens a partir de seus interesses e do seu lugar de privilégio. A vida concreta, as instituições, o dia a dia, estão absolutamente estruturadas nessa base. O feminismo é a desconstrução disso tudo. A minha posição tem sido nesse sentido de praticar um feminismo dialógico, aberto a toda forma de alteridade, crítico, como não poderia deixar de ser e também desconstrutivo.

PRESENÇA: Por que você diz que feminismo é uma questão de solidariedade? MARCIA TIBURI: Para as mulheres que não foram diretamente violentadas ou oprimidas, pois indiretamente todas somos, o feminismo pode parecer inútil, algo que

não lhes concerne. Nesse sentido, a postura feminista só pode advir de uma questão de consciência. Da necessária solidariedade que mulheres que não se sentem oprimidas, pois de algum modo se empoderaram, ou – na mesma linha – se iludiram, tem com as demais mulheres oprimidas. No entanto, em um sentido mais profundo, o feminismo se sustenta como laço social entre singularidades marcadas pela condição feminina necessariamente subalterna e secundária em uma sociedade patriarcal. Esse laço é de solidariedade, advém da capacidade de ligar-se ao outro, de perceber que seu sofrimento particular produz vínculo. Mulheres em geral se iludem em sua cultura, tornam-se vítimas do machismo estrutural, da dominação

masculina sem saber. Feministas são aquelas pessoas que percebem que há algo de ideológico em ser hetero denominado como mulher e ter que corresponder a um papel ou estereótipo de gênero. Em palavras bem simples, feminista é a mulher que percebe que está envolvida em relações de poder como um objeto e precisa inverter esse jogo transformando-se em sujeito autônomo de sua própria condição.

PRESENÇA: Você costuma dizer que “Ninguém nasce machista, torna-se machista.” As instituições de ensino educam para o machismo? Quais seriam as alternativas a essa realidade? MARCIA TIBURI: Todas as instituições, do Estado à família, da igreja aos meios de comunicação, sustentam e reproduzem o machismo estrutural. A escola não é diferente. Mas poderia ser. O que se ensina e se experimenta na escola vai depender de um projeto pedagógico necessariamente marcado por ideologias. É verdade que estamos todos bastante engessados pela instituição escolar, mas é verdade também que é a instituição que precisa ser reestruturada em outras bases, não machistas. Isso é bem complicado, mas não impossível de se fazer. Talvez não haja vontade política. Talvez não haja inteligência política para isso. O machismo é uma opressão que se vale da ignorância. Desmontar o machismo estrutural implica mudar o rumo do ensino, trocar o ensino mercadoria (cara ou barata) por um ensino crítico, um ensino voltado à formação do sujeito autônimo, do cidadão democrático. Falar de gênero, de sexualidade, é fundamental nesse processo. A história das mulheres, a história da intersexualidade, filosofia e sociologia que discutam problemas epistemológicos, a questão da violência envolvendo gênero, que sejam capazes de mostrar o nexo entre gênero, sexualidade, raça e classe social, bem como questões relativas à idade e os preconceitos de plasticidade (as chamadas deficiências, bem como as formas estéticas que implicam medidas de peso) tudo isso colabora para um ensino mais democrático.

PRESENÇA: Por que existe esse tabu em relação às discussões de gênero na escola? MARCIA TIBURI: Os cidadãos co-


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EDUCAÇÃO

muns, os pais, e, até mesmo, em muitas medidas, os próprios professores, são vítimas das mais variadas formas de ignorância. O que a educação faz é fazer a pessoa concreta passar de um estágio de não saber a um estágio de saber. A escola é uma instituição que forma, mas para formar, precisa informar. A escolha da escola sempre pode ser o conservadorismo – que pode implicar a ausência de informação – ou a crítica, que implicará muita informação. A meu ver, a escola pode ser o lugar onde o conhecimento é transmitido, trabalhado, analisado e criticado. Mas devemos nos perguntar: qual conhecimento? Ora, uma escola deve tentar apresentar um mapa geral do conhecimento. Nesse sentido, sua tarefa informativa. E isso para que o estudante possa fazer suas próprias escolhas. Se hoje em dia, a questão gênero está sendo proibida por alguns é porque o autoritarismo e o conservadorismo, na sua versão tacanha, têm ganhado terreno. Agentes e sacerdotes têm ocupado cargos importantes e usado esses cargos a seu bel prazer. Gênero é um conceito libertador, essencialmente, crítico. Ele pode soar insuportável para quem odeia a liberdade, pois ele liberta.

PRESENÇA: Como a educação pode ajudar para a emancipação feminina? MARCIA TIBURI: Se a educação for uma forma de ética, ou seja, um questionamento da moral, das opressões sociais, será necessariamente questionadora do machismo que é uma perspectiva necessariamente antiética. O feminismo é uma ético política que visa a participação das mulheres na política, a produção de respeito, de paridade salarial e o fim das desigualdades sociais, de raça, de classe,

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além de gênero. A educação tradicional não tem contribuído para isso. Se é curioso é que a educação seja um campo tão “feminino” e, ao mesmo tempo, não tenha ajudado a libertar as mulheres de suas amarras é pelo fato de que a estrutura de poder que rege a instituição escolar até agora foi machista. É preciso mudar essa estrutura, mas isso implica mudar o sistema das desigualdades como um todo.

PRESENÇA : A “cultura do estupro” existe ou é um mito? Como combatê-la nas instituições de ensino? MARCIA TIBURI: A “cultura do estupro” faz parte da produção de pensamento que nega a alteridade e que, em temos de gênero, é encarnada pelo sujeito homem como um sujeito da violência geral, inclusive a sexual. Há, portanto, sob a cultura, uma espécie de lógica do estupro, uma forma de pensar que orienta uma visão de mundo na qual as mulheres são vistas como objetos e não como sujeitos de direitos. Nesse sentido, o machismo é essencialmente violento, como posição mental, mas também uma postura ignota em que a má-fé dos machos não permite que saiam do sistema de privilégios e das posturas violentas que dela

resultam. A pergunta sobre a potência escolar em mudar isso só pode ser respondida se passarmos a ver a educação como uma luta pelo fim da desigualdade.

PRESENÇA: Qual é a sua posição sobre o movimento Escola Sem Partido? MARCIA TIBURI: Qualquer pessoa sensata fica preocupada com esse tipo de coisa. A meu ver, se trata de um desses temas que visam desviar a atenção da população de temas políticos, perturbar a politização cada vez mais crescente e criar, como vantagem, uma espécie de ignorância populista. Trata-se de uma mistificação, de uma enganação populista.

PRESENÇA: Você escreveu o livro “Como conversar com um fascista”. Como reconhecer (ou identificar) os fascistas no atual momento político brasileiro? Há uma certa conotação de exagero nessa denominação? MARCIA TIBURI: Exagero? Em que sentido? O fascismo é que é um exagero que não quer ser denominado como tal. Mas entendo sua pergunta. Muitas pessoas não se ocupam em compreender os fenômenos de ódio em nossa cultura. No livro, o termo é usado com vistas a compreender a expressão do fascismo em nossa época. O fascismo mudou, não é mais o mesmo dos anos 30 ou 40 do século passado. Hoje o fascismo se dá em condições digitais, microtecnológicas e, mais do que nunca, como um discurso capitalizado na sociedade do espetáculo.

Saiba mais: www.marciatiburi.com.br


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SINDICAL

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CONVENÇÕES COLETIVAS

NEGOCIAÇÃO SALARIAL 2016 Apesar do cenário complicado, o Sinpro/Caxias conseguiu manter as cláusulas já conquistadas em outros anos e avançar. Nos próximos meses, será preparada a negociação 2017 ARQUIVO FETEESUL

“Pergunte o por quê do aumento. Certamente dirão que tem a inflação, mas se eles disserem que tem o reajuste salarial dos professores, guarde bem essa informação e vamos juntos cobrar coerência depois.” Essa era a mensagem veiculada em anúncios de rádio pelo Sinpro/Caxias nos meses anteriores à negociação, referindo-se ao argumento das instituições para o aumento da mensalidade que, na realidade, não tem o mesmo percentual repassado ao professor.

Após seis rodadas de negociação realizadas durante os meses de março e abril entre o Sinpro/ Caxias e o Sinepe/RS (sindicato patronal), foram definidas propostas para as Convenções Coletivas de Trabalho 2016 da Educação Básica e da Educação Superior. A Campanha Salarial e as negociações foram desenvolvidas em conjunto com os outros sindicatos de professores e técnicos administrativos do ensino privado gaúcho, representados pela FeteeSul. Confira os destaques do acordo e consulte as Convenções Coletivas na íntegra no site do Sinpro/Caxias. Ajude a fiscalizar e denuncie ao Sinpro/Caxias qualquer irregularidade em relação aos direitos conquistados.

EDUCAÇÃO BÁSICA - reajuste de 11,08% retroativo a março, a ser pago junto com o salário de maio; - ajuste na cláusula referente ao número de alunos por turma; - comissão para revisão dos limites de alunos por turma para 2017; - regulamentação da participação dos professores nas atividades de formação; - valor de R$ 235,00 para auxílio-creche, a partir de março; - manutenção das demais cláusulas.

EDUCAÇÃO SUPERIOR - reajuste salarial de 6% em março e integralização de 11,08% em maio; - abono salarial de 5,08% nos salários de agosto e de setembro; - aumento de 12% do auxílio-creche, a partir do mês de março; - vedação de demandas de trabalho aos domingos e feriados; - manutenção das demais cláusulas.


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INFORMAÇÃO

LUTAS FEDERAÇÃO ARQUIVO FETEESUL

Celso Woyciechowski Coordenador Geral da FeteeSul

MOBILIZAÇÃO dia 16 de agosto: em defesa da democracia A FeteeSul, em conjunto com os sindicatos filiados no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, juntamente, com a CUT e a Frente Brasil Popular, considera uma afronta à democracia o processo instalado contra a presidenta legitimamente eleita pelo voto do povo brasileiro. Portanto, não consideramos como legítimo Michel Temer no exercício da presidência do país. Esse processo, além de atacar a democracia, ataca diretamente os direitos dos trabalhadores. Não vamos aceitar a retirada de direitos, sejam eles sociais, previdenciários ou trabalhistas.

A Federação dos Trabalhadores de Estabelecimento de Ensino do Rio Grande do Sul (FeteeSul) foi fundada em 1985 e reúne oito sindicatos de trabalhadores do ensino privado, entre eles, o Sinpro/Caxias. A FeteeSul é filiada à CUT e à Contee e tem o papel de articular políticas e ações conjuntas entre os sindicatos da sua base, como a campanha salarial.

Lei da mordaça? Não queremos uma escola castrada! O movimento Escola Sem Partido, para a FeteeSul, é uma afronta à inteligência humana. É possível imaginar uma escola sem a diversidade de opiniões, sem a pluralidade e a oxigenação de ideias e ideais, sem a possibilidade do contraponto? Não dá para imaginar. Nós não queremos uma escola castrada. Queremos uma escola viva, produzindo essa diversidade de ideias e opiniões com professores e professoras levando conhecimento aos seus alunos, livres da mordaça que tentam implementar com esse projeto. Não há escola sem partido, não há escola sem de opiniões e não há escola sem professores e educadores livres pra pensar e ensinar.

Semestre atípico com muitas ações e lutas

A CUT, as Federações e os sindicatos estão mobilizados em todos os segmentos da economia para não permitir que essa ameaça de retirada de direitos se confirme. Estamos organizando plenárias, audiências e também assembleias com a classe trabalhadora, promovendo articulações com segmentos da sociedade, como igrejas e organizações do judiciário, para barrar essa tentativa de retirada de direitos. Estamos organizando uma grande atividade de mobilização, incluindo greve e paralisações, no dia 16 de agosto, como capítulo de construção da greve geral para defender a democracia e os direitos. Convocamos todos os professores e técnicos administrativos a se juntarem nessa mobilização.

Este segundo semestre será o mais atípico nos últimos anos. Temos, em primeiro lugar, que defender a democracia e os direitos da classe trabalhadora ameaçados por esse interino no Palácio do Planalto. Essa será a principal atividade. Também temos o dia a dia das nossas entidades. A FeteeSul está engajada nas lutas sociais e sindicais e organizada para subsidiar os sindicatos filiados. Portanto, temos, no próximo período, o debate do tema da mordaça nas escolas. Além disso, estamos organizando um grande seminário preparatório da campanha salarial, um seminário sobre comunicação e várias atividades de formação junto com a CUT. No mês de outubro, que marca o dia do professor e do técnico administrativo, queremos construir a campanha de valorização dos profissionais de educação. Nesse conjunto da atividades, o Congresso da nossa entidade nacional, a Contee, vai entrelaçar as lutas por melhores condições de trabalho e na defesa dos direitos dos trabalhadores de norte a sul do país.


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AVALIAÇÃO

PROFESSORES RESPONDEM

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Professores aprovam atuação do Sinpro/Caxias No período entre 18 de maio e 30 de junho, o Sinpro/Caxias realizou uma pesquisa virtual com os professores, buscando avaliar a atuação do sindicato e fundamentar ações futuras. O questionário seguiu os parâmetros de uma pesquisa anterior, realizada em 2010, para que fosse possível o comparativo. Dos professores que responderam a pesquisa, 89% são associados ao Sinpro/Caxias e 11% não associados, sendo que parte destes se identificou como aposentados, recém demitidos ou docentes em instituições que buscam o Sinpro/Caxias como entidade representativa, ou seja, em geral, mesmo que não associados, esses professores mantêm uma forte relação com a entidade. A maioria dos professores que participaram da pesquisa (53%) está na categoria há mais de dez anos. Dos entrevistados, 96% concordam que o Sinpro/Caxias deve se preocupar com o cotidiano do professor, 93% concordam que o Sinpro/Caxias deve se preocupar com os assuntos estaduais e nacionais relacionados à educação e 85% concordam que o Sinpro/Caxias defende os direitos dos professores. A preocupação do sindicato com o tema ambiental tem o apoio de 85% dos professores e 62% afirmam que o Sinpro/Caxias é próximo dos professores. Sobre as realizações do Sinpro/Caxias, 96% apoiam as atividades de cultura e arte, 96% entendem que é importante que a diretoria sindical visite as instituições de ensino e 95% apoiam as atividades de formação, enquanto as ações de confraternização têm o apoio de 89% dos professores que responderam a pesquisa. Para os entrevistados, as principais características do Sinpro/Caxias são a representatividade e estar ao lado do professor. A fiscalização de direitos, a reivindicação e ampliação de direitos, além da assessoria nas rescisões foram destacadas como ações importantes que o sindicato realiza, seguidas da negociação anual da Convenção Coletiva e da divulgação sobre os direitos dos professores.

A pesquisa constatou que há maior participação nas atividades culturais e de confraternização do que nas atividades de formação e sindicais.

Em geral, o Sinpro/Caxias tem uma avaliação positiva, com 84% de aprovação.

o sinpro/caxias somos nós A diretoria do sindicato agradece a todos os professores que responderam a pesquisa e, em especial, aos que enriqueceram a avaliação com comentários, críticas e sugestões. As respostas serão analisadas, comparadas e poderão

gerar novas ações do sindicato com o objetivo de corresponder às expectativas levantadas. Quem não respondeu a pesquisa, pode contribuir da mesma forma, escrevendo ou telefonando para o Sinpro/Caxias ou preenchendo o contato do site, que permite anonimato.


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EDUCAÇÃO

DEFESA DA DEMOCRACIA

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rt. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (Constituição Federal de 1988) A escola democrática encontra-se sob múltiplos ataques. Um dos mais graves é o Programa Escola Sem Partido, que o PL 867/2015 pretende incluir entre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Esse projeto sintetiza as propostas do movimento homônimo, que defende que professores não são educadores, mas apenas instrutores que devem limitar-se a transmitir a “matéria objeto da disciplina” sem discutir valores e a realidade do aluno. Ainda segundo eles, a escola estaria usurpando uma atribuição da família. Nossa Constituição Federal é inequívoca ao afirmar que a educação é dever do Estado e da família com a colaboração da sociedade – uma tarefa compartilhada, portanto, e não exclusiva. O mesmo movimento insiste que “formar cidadãos” é “uma expressão que na prática se traduz, como todos sabem, por fazer a cabeça dos alunos” e que os professores que elegem esta tarefa como uma das principais missões da escola estão dando uma prova da “doutrinação política e ideológica em sala de aula”. Nossa constituição é igualmente cristalina ao estabelecer os objetivos da educação e o “preparo para o exercício da cidadania” é um deles. Sendo assim, quando um professor afirma que uma das principais missões da escola é formar para a cidadania, ele está apenas reafirmando elementos da nossa constituição. Professores ensinam a matéria objeto da disciplina visando alcançar os três objetivos expostos na nossa Constituição e não apenas a qualificação para o trabalho. Mas como visar o pleno


FOTO DOUGLAS TRANCOSO

INFORMATIVO DO SINDICATO DOS PROFESSORES DE CAXIAS DO SUL

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Penúltima Página Fernando de Araujo Penna IMAGENS QUE CIRCULAM NAS REDES SOCIAIS

Em defesa da liberdade de expressão em sala de aula desenvolvimento da pessoa sem discutir valores? Como preparar para o exercício da cidadania sem dialogar com a realidade do aluno? Por isso somos contra o Programa Escola Sem Partido. Os criadores do Programa Escola Sem Partido insistem que o projeto de lei apenas garante direitos constitucionais já estabelecidos e sua única inovação seria a proposta da afixação de um cartaz com os “deveres do professor” em todas as salas de aula das escolas brasileiras. Esta afirmativa apresenta dois gravíssimos equívocos. Primeiro, o cartaz deveria ser intitulado “proibições do professor”, porque é constituído por uma lista de atividades que o professor não deveria realizar em sala de aula. Elas são descritas de maneira tendenciosa, de forma a desqualificar atividades docentes cotidianas, e associando -as a práticas realmente condenáveis. Um exemplo: “O Professor não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas”. O professor realmente não deve fazer propaganda político-partidária em sala de aula, o que não equivale a dizer que não é indicado que se discuta questões políticas contemporâneas em sala de aula – pelo contrário! O professor não deve se furtar a discutir as temáticas pertinentes à interpretação da realidade na qual os alunos estão inseridos. A segunda parte da proibição é formulada de maneira especialmente tendenciosa, de maneira a desqualificar uma prática salutar para a educação. “O professor não (...) incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas”. O professor deve sim estimular seus alunos a se manifestarem de todas as maneiras democráticas no espaço público! Participar de manifestações democráticas é sinal de que o aluno se sente apto a mudar o mundo no qual ele está inserido – uma capacidade essencial na sua preparação para o exercício de uma cidadania ativa. O PL 867/2015, assim como todas as suas variações estaduais e municipais, não se limita a garantir direitos constitucionais já estabelecidos, ele tenta estabelecer uma interpretação equivocada da nossa constituição, amputando intencionalmente dispositivos constitucionais com base em uma concepção absolutamente deturpada do que seria a o processo de escolarização. O projeto de lei em questão se arvora a definir os princípios que devem orientar a educação nacional, omitindo o fato de que estes já são definidos na nossa Constituição Federal e reafirmados na Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional. O que percebemos ao comparar os princípios propostos pelo PL com aqueles estabelecidos pela constituição é que o projeto amputa maliciosamente os dispositivos constitucionais: “pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas” (Art. 206, III) reduz-se a “pluralismo de ideias no ambiente acadêmico” (Art. 2, II) e “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber” (Art. 206, II) reduz-se a “liberdade de aprender, como projeção específica, no campo da educação, da liberdade de consciência” (Art. 2, III). Podemos perceber que os elementos excluídos são todos relacionados à figura do professor: o pluralismo de concepções pedagógicas e a liberdade de ensinar. No entanto, o projeto não para por aí, chega ao extremo de afirmar, na sua justificação, que “não existe liberdade de expressão no exercício estrito da atividade docente”. Nos opomos veementemente a esta tentativa de excluir todos os dispositivos constitucionais que garantem as atribuições do professor em sala de aula e, mais do que isso, retirar dos docentes seu direito constitucional à liberdade de expressão no exercício da sua atividade profissional. Nenhum cidadão brasileiro em qualquer situação deve ser privado da sua liberdade de expressão! Todos devem, em todos os momentos, respeitar os limites impostos pelas leis à sua liberdade de fala sem nunca abrir mão dela. O professor obviamente tem um programa a seguir, mas como ele fará isso – recorrendo a qualquer concepção pedagógica válida e relacionando a matéria com as temáticas que julgar pertinentes – depende apenas dos seus saberes profissionais. Devemos confiar nos saberes profissionais docentes, formados em cursos reconhecidos pelo MEC para desempenhar sua função de professor e educador. Em defesa à liberdade de expressão dos professores no exercício da sua atividade profissional, dizemos não ao Programa Escola Sem Partido!

O Prof. Dr. Fernando de Araujo Penna, da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense escreveu esse texto para fundar o movimento dos Professores Contra o Escola Sem Partido. Informe-se e participe: www.facebook.com/contraoescolasempartido.


FORMAÇÃO

Karnal em Caxias Como parte da programação comemorativa dos 30 anos do sindicato, o Sindicato dos Professores de Caxias do Sul (Sinpro/Caxias) promove a palestra “Educando no Mundo Líquido”, apresentada por Leandro Karnal, no dia 08 de setembro, às 19 horas, no Teatro Murialdo. O evento tem o apoio da Federação dos Professores, Trabalhadores Técnicos e Administrativos e Auxiliares empregados em Estabelecimentos de Ensino (FeteeSul), da TVCaxias - Canal 14 e da Do Arco da Velha Livraria e Café.

O gaúcho Leandro Karnal é professor, historiador, graduado em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e doutor pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é professor universitário na Unicamp. Autor de vários livros sobre a história dos países e sobre o ensino de História, Karnal trabalha há muitos anos com capacitações para professores e realiza palestras em todo o país sobre vida, história, religião, política, filosofia, ética e comportamento humano.

Modernidade Líquida O sociólogo polonês Zygmunt Bauman é o arauto da modernidade líquida como uma substituição do termo “pós-modernidade”, em contraposição à modernidade sólida que seria a modernidade propriamente dita, da época da guerra fria e das guerras mundiais. Na modernidade líquida, a economia é desregulamentada, o capitalismo se baseia sobre a desordem, os indivíduos passaram de produtores a consumidores e as hierarquias

se dissolveram. Com a perda de referenciais a partir do fim das utopias, há dificuldade de pensar em longo prazo, existe uma incerteza produzida e impera a busca do prazer individual. Esse contexto e o mundo ultrassaturado de informações desafiam os educadores. Por isso a preocupação do Sinpro/Caxias em propor a discussão do tema.

INGRESSOS Até 19/08 Somente associados ao Sinpro/ Caxias = GRATUITO De 22/08 a 02/09 Professores das redes municipal e estadual = R$ 10,00 Outros interessados = R$ 30,00 MEIA ENTRADA Desconto de 50%, com apresentação de documento.


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