Revista SescTV - Dezembro de 2011

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dezembro/2011 - edição 57 sesctv.org.br

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MUSICAL

DOCUMENTÁRIO

EVENTO

Nação Zumbi apresenta o álbum Da Lama ao Caos

Os limites entre ficção e realidade em Jogo de Cena 1

SESCTV REALIZA ENCONTRO COM OPERADORAS E PRODUTORAS


Em dezembro, shows especiais.

Terças, às 22h. A PROGRAMAÇÃO DO SESC NA SUA CASA Foto: Divulgação

Racionais

MC’s

O grupo de rap apresenta repertório que denuncia o racismo, as injustiças sociais e a exclusão dos moradores da periferia. Gravado ao vivo no SESC Santo André

6/DEZ Foto: Nilton Silva

Bebel Gilberto

Show com os principais sucessos da cantora e compositora, além de composições de outros artistas como Vinicius de Moraes, Baden Powell, Harry Warren, Mack Gordon, entre outros.

Fernanda

13/DEZ Foto: Fabiana Figueiredo

Gravado ao vivo no SESC Pompeia

Takai

No show Onde Brilhem os Olhos Seus, a cantora mineira apresenta seu primeiro álbum-solo numa recriação de canções gravadas por Nara Leão. Gravado ao vivo no SESC Santana

20/DEZ Foto: Caroline Bittencourt

Marcelo

Camelo

Acompanhado pela banda de rock Hurtmold, o cantor e compositor apresenta seu álbum Sou, com as canções Menina Bordada, Doce Solidão, Tudo Passa e participação especial de Mallu Magalhães, na música Janta. Gravado ao vivo no SESC Pinheiros

27/DEZ

Para sintonizar o canal consulte sua operadora de tv por assinatura.

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Mistura musical

A diversidade musical costuma ser citada sempre que se destacam os aspectos de inventividade e criatividade presentes na cultura brasileira. A mistura de estilos é uma proposta acolhida por músicos de variadas vertentes. E o resultado dessa mistura são as infinitas possibilidades de inovar e surpreender. Essa inquietação pela busca do novo motivou um grupo de jovens artistas pernambucanos, no início da década de 1990, e traduziu-se na miscigenação de gêneros musicais até então inéditos, como o som das guitarras, as batidas dos tambores do maracatu e o ritmo do rap. Tendo entre seus representantes o cantor e compositor Chico Science e a banda Nação Zumbi, eles criaram um movimento cultural que, batizado de manguebeat, logo percorreu o Brasil. Neste mês, o SescTV exibe show inédito do Nação Zumbi, com o repertório de seu primeiro disco, Da Lama ao Caos, de 1994. O espetáculo, que será exibido em duas partes, nos dias 11 e 18, foi gravado no Sesc Belenzinho, em São Paulo. A programação musical deste mês contempla ainda reapresentações de espetáculos que reforçam a ideia de diversidade, tanto pelo estilo quanto pelo repertório: Racionais MC’s, dia 6/12; Bebel Gilberto, dia 13/12; Fernanda Takai, dia 20/12; e Marcelo Camelo, dia 27/12, sempre às 22h. A faixa de documentários exibe o filme inédito Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho, que mistura elementos da ficção e da realidade a partir de depoimentos de 23 mulheres. O canal apresenta também três curtas-metragens com a temática do Meio Ambiente, dirigidos por Márcia Paraíso, no dia 23/12, às 19h. A Revista do SescTV deste mês traz a cobertura do encontro que o canal realizou em outubro no teatro do Sesc Pompeia, com operadoras, canais, artistas e agências de comunicação, tendo por objetivo apresentar sua programação. No artigo, o cineasta Toni Venturi explica o que muda para as produtoras independentes com a sanção da Lei 12.485, que atualiza a legislação de TV por assinatura no País. Boa leitura! Danilo Santos de Miranda Diretor Regional do Sesc São Paulo

destaques da programação 4 especial - Novos rumos da TV por assinatura 8 artigo - Toni Venturini 10

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musical

O som do mangue Foto: paulo preto

identificou com o maracatu”, diz Du Peixe. Estavam lançadas as bases para seu trabalho. Aos poucos, outros músicos foram envolvendo-se com a proposta dessa miscigenação musical, num raro intercâmbio de classes sociais. “Foi uma oportunidade rara em que academia e periferia se juntaram, entraram numa linguagem comum”, diz o cantor e compositor Fred Zero Quatro, do Mundo Livre S.A.. O grupo, ainda com diferentes formações, passou a apresentar-se em shows e festas. Dessa experiência surgiria o primeiro álbum do Chico Science & Nação Zumbi, intitulado Da Lama ao Caos, lançado em 1994. “Não era um formato normal de bateria, guitarra e baixo. Os três tambores davam o diferencial. Então, quando o Liminha (produtor) recebeu a fita, ele pirou”, conta Du Peixe. “Esse é um disco muito bem resolvido, principalmente para aquela época. A gente era muito verde como músico, como compositor, como tudo”, recorda o guitarrista Lúcio Maia. A repercussão foi imediata. O grupo começou a excursionar e a mostrar seu som. “A gente fez uma viagem de ônibus de linha, para São Paulo e, de lá, para Belo Horizonte. Chamamos de Caravana da Coragem, porque foi no peito e na raça”, lembra Du Peixe. Da Lama ao Caos mudou o comportamento das grandes gravadoras, que passaram a observar com mais atenção o movimento musical fora do eixo Rio – São Paulo. Além de inovar na mistura de ritmos, o manguebeat também representou um manifesto de caráter político-social, pois criticava a pobreza e o descaso. “O ABC da gente foi o Da Lama ao Caos. Foi a primeira vez que a gente entrou num estúdio profissional. Tudo era novidade”, lembra Bola Oito. E mesmo após a morte de seu líder, vítima de um acidente de carro, em 1997, o movimento manteve sua força. O SescTV exibe o musical Nação Zumbi – Da Lama ao Caos, em duas partes, nos dias 11/12 e 18/12, às 21h. Direção para TV: Coi Belluzzo.

No início da década de 1990, um grupo de jovens pernambucanos traduziu, em ritmo e som, a pulsação dos mangues. A contagiante vibração logo ultrapassou os limites de sua região e invadiu os Estados do Sul e Sudeste. Não era apenas um som novo, mas um movimento que surgia, propondo rupturas, lançando manifestos. As vozes dissonantes tinham, como representante maior, Chico Science, músico criativo e inquieto, que circulava pela classe média e também nas periferias, reunindo referências para formular o que ficou conhecido como manguebeat. “Chico Science tinha um grupo e já misturava rock and roll, funk e hip hop. Já era um começo. Mas ele queria um som mais brasileiro”, lembra o vocalista Jorge Du Peixe. Foi numa conversa com o percussionista Gilmar Bola Oito que ele aceitou o convite para ir a um ensaio de um bloco chamado Lamento Negro. “Quando ele pisou ali, viu que a cultura era muito mais ampla, e de cara ele se

Nação Zumbi interpreta o álbum Da Lama ao Caos, que revelou Chico Science e renovou a música brasileira

musical Sextas, 21h

Nação Zumbi – Da Lama ao Caos Parte 1 Dia 11/12

Parte 2 Dia 18/12

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Documentário

Foto: DIVULGAÇÃo

Versões da vida real

surpreendida com a morte trágica de seu filho, vítima de um assalto. Casos de mulheres que enfrentam uma gravidez não esperada também estão presentes. Numa das histórias, uma mulher recém-chegada a São Paulo perde-se no centro da cidade depois de pegar um ônibus. Ao pedir ajuda, acaba envolvendo-se com um homem, com o qual tem uma rápida relação sexual. Tempos depois, descobre que espera um filho dele, ingenuamente sem acreditar que seria possível engravidar de uma única relação. As atrizes intercalam suas interpretações com revelações – seriam verdadeiras? – como a saudade que Andréa Beltrão tem de sua babá, ou a experiência a que Fernanda Torres se submeteu num terreiro de candomblé, pouco antes de engravidar. Em paralelo, elas explicam as dificuldades em encarnar personagens reais e os truques usados por atores para chorar e convencer a plateia.

“Se você é mulher com mais de 18 anos, moradora do Rio de Janeiro, tem histórias pra contar e quer participar de um teste para um filme documentário, procure-nos”. Um anúncio publicado em 2006 nos jornais cariocas foi o ponto de partida para a realização do filme Jogo de Cena, dirigido por Eduardo Coutinho. Interessado em explorar as histórias humanas – uma característica comum a seus trabalhos –, ele convidou mulheres a relatar suas experiências de vida. No total, responderam ao anúncio 83 mulheres, das quais 23 foram selecionadas para compor o documentário. Depois de recolher os depoimentos, Coutinho convidou atrizes profissionais para assumirem o papel de algumas daquelas mulheres, interpretando seus relatos, que são intercalados com os depoimentos reais. Compõem o elenco as atrizes Fernanda Torres, Andréa Beltrão e Marília Pêra. O mérito de Coutinho foi criar, na montagem do filme, um jogo de interpretação no qual não são explícitos os limites entre ficção e realidade. Histórias e encenações misturam-se e confundem-se, levando o espectador a envolver-se e ao mesmo tempo duvidar do grau de emotividade presente no relato das personagens. Algumas dessas histórias explicitam a fragilidade e a vulnerabilidade às quais todos estão expostos. Como conta, por exemplo, uma mulher que, certo dia, recebe do marido a notícia de que ele vai deixar a família para curtir a vida, abandonando um casamento de vinte anos. Sozinha, com dois filhos, ela tenta reconstruirse. Quando tudo parecia estar novamente bem, ela é

Em Jogo de Cena, Eduardo Coutinho recolhe relatos de mulheres no Rio de Janeiro e desafia os limites entre ficção e realidade

Documentário Jogo de Cena Direção: Eduardo Coutinho Dia 10/12, às 21h

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musical

O pai do ethio-jazz Foto: Divulgação

experimentavam e buscavam novos sons contagiou Mulatu. Foi nas raízes da cultura etíope que ele encontrou uma sonoridade que, combinada com o jazz, produziu o que ele batizou de ethio-jazz. “Só existe música com cinco tons na Etiópia. Isso é uma grande limitação. Então, comecei a pensar em combinar doze tons na música, em vez de cinco. Não é tão simples, é uma música de muita tensão. Então, para não perder a cor e as raízes da música de cinco escalas, descobri uma forma de usar minha própria voz, minhas progressões mais frias e os arranjos. Levou um tempo, mas finalmente consegui chegar a uma música diferente”, explica. Em paralelo com a carreira de músico, Mulatu também acompanha alunos bolsistas africanos no Berklee College e surpreende-se com os talentos. “Na maioria dos países do Terceiro Mundo a música, as artes e o teatro não são muito valorizados. Entendo que é exatamente isso o que temos de mais valioso. Temos tudo na África”, diz. Para Mulatu, o continente desperdiça muitos talentos por não oferecer oportunidades para estudar música. “Esses assuntos não são ensinados nas escolas e universidades e, a não ser que se ensinem logo cedo diversas artes para uma pessoa, fica difícil descobrir qual seu talento”. Mulatu interessa-se pela mistura de ritmos e reconhece a proximidade cultural da África com a música latino-americana. “Especialmente no que diz respeito ao ritmo, somos um só. Qualquer baterista ou músico africano pode ir para Cuba ou para o Brasil. É só contar um, dois, três, quatro, e pronto, podemos tocar juntos”. Ele esteve no Brasil em março deste ano para uma apresentação no Sesc Vila Mariana, na capital paulista. Diante do vibrafone, Mulatu, contando com a participação especial de Talib Kweli, foi acompanhado por James Arben (saxofone); Richard Baker (congas); Alexander Hawkins (piano); Daniel Keane (cello); Oliver Brice (baixo); David de Rose (bateria); Byron Wallen (trompete). O SescTV exibe o musical inédito neste mês. Direção de Camila Miranda.

Quando criança, Mulatu Astatke sonhava em ser engenheiro. Foi com esse objetivo que na juventude deixou sua terra natal, Addis, na Etiópia, para estudar na Inglaterra. Lá, ele descobriria uma vocação – até então não despertada – pela música. “Tive oportunidade de estudar música, arte, dança, como qualquer estudante britânico. Até então, eu queria ser engenheiro. Foi lá na Inglaterra que descobri meu talento como músico”, recorda. Mulatu estudou música no Trinity College, em Londres, e em seguida mudou-se para os Estados Unidos. “Fui para Boston, para o Berklee College e, para aprofundar meus estudos, fui a Nova York, coração estudantil musical do país, onde havia outros músicos incríveis”, conta. Nessa época, foi influenciado pelos trabalhos de Duke Elligton, Count Basie, Bill Evans, Coltrane e Miles Davis. O contato com profissionais da música que

Compositor e multi-instrumentista, Mulatu Astatke mistura a sonoridade etíope com o jazz

Musical Mulatu Astatke Dia 25/12, às 21h

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CURTAS-METRAGENS

Fotos: Aquifero Guarani

Natureza em imagens e sons

É um processo irreversível e que, portanto, deve ser impedido. Uma das possibilidades de ação apontadas no documentário é a iniciativa de pessoas físicas que adquirem um sítio ou uma chácara, e o inscrevem como RPPN – Reserva Particular de Patrimônio Natural, garantindo assim a preservação do local. A saga da equipe de filmagens para registrar imagens do leão-baio no Parque Nacional de São Joaquim é contada no curta-metragem Expedição Leão Baio. Felino de porte médio, que pode pesar até 60 quilos, o leão-baio é também conhecido como onça-parda ou puma, e era originalmente encontrado em toda a América, do Canadá à Argentina. Com personalidade ardilosa e hábitos solitários, é um animal difícil de ser encontrado, mesmo em trilhas de matas mais fechadas.

Temas como o meio ambiente e a relação do homem com a natureza sempre chamaram a atenção da documentarista Márcia Paraíso. Interessada em compreender e explorar, em imagem e som, a biodiversidade brasileira, ela e sua equipe visitaram alguns dos importantes parques e reservas do País, com intuito de produzir documentários. Neste mês, o SescTV exibe três de seus curtasmetragens, realizados no Estado de Santa Catarina. Aquífero Guarani – Gigante Desconhecido apresenta um dos maiores reservatórios de água doce subterrânea no mundo, que ocupa 1,2 milhão de quilômetros quadrados, espalhados por quatro países: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. É uma reserva ameaçada pela ocupação humana, em especial por conta dos desmatamentos. “Não sabemos ainda exatamente quanta água existe dentro deste aquífero. Nós o conhecemos muito pouco”, afirma o ambientalista Daniel José da Silva, professor da Universidade Federal de Santa Catarina. “Nós, brasileiros, e os países vizinhos precisamos compreendê-lo para que possamos dar um uso sustentável a ele”, defende. A intenção de pesquisadores envolvidos com o projeto do Aquífero Guarani é não deixar que ocorram ali experiências de degradação enfrentadas por outros reservatórios subterrâneos. “Este é o último aquífero do planeta que ainda não foi poluído. Temos a possibilidade de desenvolver valores que possam protegê-lo”, diz. Um das consequências do desmatamento e da degradação ambiental é a destruição do habitat natural de algumas espécies, levando à sua extinção. O curtametragem Mundo Selvagem aborda este assunto, citando como exemplos o tamanduá-bandeira e a onçapintada, ambos extintos da biodiversidade catarinense.

Três curtas-metragens de documentário dirigidos por Márcia Paraíso abordam a biodiversidade e a necessidade de preservação

Curtas-metragens Meio Ambiente Aquífero Guarani – Gigante Desconhecido Dia 23/12, às 19h

Mundo Selvagem Dia 23/12, às 19h20

Expedição Leão Baio Dia 23/12, às 19h50

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especial entrevista

Foto: ed figueiredo

Novos rumos da TV por assinatura

O SescTV realizou no dia 28 de outubro, no Teatro do Sesc Pompeia, na capital paulista, um encontro com operadoras, canais de TV, produtoras, artistas e agências de comunicação, cujo intuito foi apresentar o perfil do canal e estreitar relacionamentos, num momento marcado por mudanças no setor. Num teatro lotado por mais de 400 participantes, o Diretor Regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, fez um breve histórico sobre a Instituição, destacando sua natureza privada e seu caráter educativo desde sua criação, em 1946, por iniciativa do empresariado do comércio e serviços. “O Sesc traz uma proposta formadora, educativa, ligada aos objetivos do bem estar, da qualidade de vida, da cidadania e da melhoria de vida das pessoas”, afirmou. Em seguida, relembrou a trajetória do SescTV, desde sua fundação, então TV Senac, com programação ainda voltada para a formação profissional, até ser assumido exclusivamente pelo Sesc, em 2006. “O SescTV procura pôr na tela aquilo que a instituição realiza no seu dia a dia, com programas ligados à cultura, à cidadania, ao esporte inclusivo, à alimentação saudável, ao meio ambiente e a tudo o que tem caráter educativo para a cidadania. Não é nossa intenção a concorrência com outros canais, no sentido da disputa do mercado propriamente dito. Nossa intenção primeira é preencher

André Abujamra apresentou uma versão pocket do espetáculo musical Mafaro, interagindo com imagens e sons projetados no palco.

SescTV reúne operadoras, canais, produtoras, artistas e agências de comunicação para apresentar sua programação 8


de maneira qualificada um espaço que não está devidamente preenchido”, disse. Miranda explicou que o objetivo daquele encontro era mostrar, de maneira mais clara, qual é o perfil do canal e, assim, facilitar a aproximação com outros agentes do setor que tenham interesses em comum. “Pretendemos ampliar a nossa produção”, anunciou. O Diretor elencou alguns pontos de partida sobre as ações desenvolvidas pelo SescTV: “Não está agregado a nenhum grupo de comunicação. É um projeto de difusão cultural do Sesc. Tem foco nas artes e em todas as manifestações da cultura. Todos os programas são realizados por produtoras independentes. Não veicula publicidade. Trabalha com coproduções, licenciamentos de obras e parcerias com outros canais”. Após a apresentação do canal feita pelo Diretor Regional, a atriz Rosi Campos, mestre de cerimônias convidada para o evento, fez algumas esquetes sobre as mudanças do público de TV paga no Brasil. Com humor, ela usou diferentes máscaras e demonstrou seu talento para assumir diferentes personagens. Em seguida, os participantes apreciaram trecho de espetáculo musical Mafaro, de André Abujamra. Com criatividade e irreverência, o músico cantou e tocou guitarra e percussão. “Mafaro é uma coisa que inventei, uma mistura de show com filme”, explicou Abujamra, que interagia com sons e imagens projetadas num telão instalado no fundo do palco. Dentre os “convidados virtuais” do espetáculo estavam o músico Zeca Baleiro e a atriz e cantora Marisa Orth. O encontro representou, também, uma oportunidade para os profissionais debaterem sobre a recém-sancionada Lei 12.485, que atualiza a Lei do cabo e apresenta novas regras, dentre as quais a criação de uma cota de programação brasileira diária nos canais de TV paga. O setor vive uma fase de expansão no País, alcançando 12 milhões de assinantes. Além disso, essa ampliação tem ocorrido, inclusive, nas classes C, D e E, o que representa o surgimento de um novo público, fato que pode gerar mudanças na grade de programação dos canais. “O SescTV é, na prática, um precursor dessa lei, porque já trabalha com produção brasileira independente”, afirmou a cineasta Tata Amaral, presente ao evento. “É uma lei superoportuna, porque garante uma quantidade de produção brasileira na televisão. É um momento de celebração do audiovisual”, disse a criadora do Videobrasil, Solange Farkas. “Essa lei é um divisor de águas da história do audiovisual brasileiro”, acredita o cineasta Evaldo Mocarzel. Atualmente, o SescTV está disponível para todo o Brasil pela TV por assinatura, pelo Sistema DTH: Sky (canal 3); Oi TV (canal 28); GVT (canal 228) e CTBC (em

diferentes números de canais) e em mais 77 operações de TV a cabo em todo o território nacional. O sinal do SescTV é oferecido gratuitamente às operadoras, e os equipamentos para a recepção são fornecidos em comodato, também sem custo. No hall do teatro, exposição apresentou destaques da programação (acima). Participantes conheceram as linhas norteadoras do Sesc, apresentadas pelo

Fotos: ed figueiredo

Diretor Regional, Danilo Santos de Miranda (abaixo).

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artigo

Cinema amordaçado e a luz no fim do túnel e meia semanais de conteúdo nacional qualificado no horário nobre sejam efetivamente implementadas. Não se pode permitir que esse espaço de exibição seja tomado por programas de entrevistas, jornalísticos e esportivos. É necessário fomentar e estimular a produção de telefilmes, séries, documentários e produtos audiovisuais de DRAMATURGIA. Esperamos que a regulamentação da Lei, que tem que acontecer até março de 2012, não decepcione. Produzir dramaturgia exige qualificação em alto grau, larga experiência, e custa muito caro, mas os benefícios são elevados. É uma indústria limpa que para atender a complexa cadeia de produção demanda grande quantidade de mão de obra: roteiristas, diretores, produtores, atores e artistas de todos os campos do conhecimento, além de técnicos e profissionais das mais diferentes áreas. Uma série televisiva pode empregar por anos centenas de profissionais, sem contar os milhares de empregos indiretos e as muitas dezenas de fornecedores que atendem a produção: arte, figurinos, cenários, cenotécnica, serviços de alimentação, treinadores de animais, efeitos especiais, equipes especializadas em cenas de ação, lutas, corridas de carros, acidentes, maquinaria, elétrica... além de todas as necessidades da pós-produção da imagem e som: informática sofisticada, computação gráfica de primeira linha, estúdios, música, dubladores, ruídos de cena, editores, coloristas, finalizadores, produtores de finalização... A televisão aberta e o teatro vêm há décadas formando um mercado de atores e técnicos de nível e sensibilidade, a publicidade vem proporcionando a constante atualização do parque tecnológico, e o cinema, mesmo de forma tímida, vem capacitando novos profissionais e uma mão de obra especifica. Estamos ainda carentes de criadores, roteiristas e especialistas em dramaturgia. Mas onde há demanda a oferta logo aparece. A boa noticia é que temos uma Agência (Ancine) imbuída da missão histórica que o momento exige e estamos presenciando o surgimento de uma primeira geração de produtores especialistas (eu chamo de produtores criativos) que querem só produzir e vêm com formação das universidades de cinema. E a pergunta que não quer calar? De onde virá o dinheiro para se fazer esta revolução audiovisual? A Lei estabelece que 10% dos recursos do Fistel sejam direcionados para um fundo de fomento, o que representa R$ 300 milhões ao ano. Sem dúvida, suficientes para começar. Para quem iniciou a carreira na era Collor, quando o cinema entrou em colapso e a produção independente ainda era um sonho, a primavera do audiovisual brasileiro parece estar batendo à porta.

A recente aprovação da Lei 12.485 (antiga PL 116) foi exaltada pela produção independente. A Lei normatiza e regulamenta o Serviço de Acesso Condicionado, ou seja, da TV paga. Entre outras medidas, cria uma reserva de mercado no horário nobre para a produção brasileira. Ótima notícia, realmente, mas ainda há grandes obstáculos a transpor para que a indústria do audiovisual amadureça e se consolide. Há quase uma década a atividade pleiteia uma presença maior de conteúdo nacional na programação dos numerosos canais da TV a cabo que inunda a telinha dos mais abonados com enlatados de baixa qualidade. A programação da TV paga – com exceção dos canais jornalísticos e esportivos, dos culturais SescTV (que desde o início vem trabalhando com os independentes), GNT, Multishow e Canal Brasil (que se transformou no gueto do cinema brasileiro) – é puro filme B americano empacotado por sua agressiva indústria de produção e distribuição. Para se ter uma ideia, em 2010 foram nacionais apenas 64 títulos (1,4% do total) de filmes exibidos na TV paga. A nova lei não é só importante pela defesa da cultura, mas é uma questão econômica e estratégica, principalmente. Qualquer país que ambiciona ter um papel proeminente nas questões planetárias tem que ser também um exportador de ideias e imagens. Do ponto de vista da produção de dramaturgia, somos ainda estrangeiros em nossas telas de cinema e TV, reserva feita às novelas produzidas pelos canais abertos. Somos os ‘diferenciados’ em nosso próprio meio e vivemos uma situação que inibe o desenvolvimento do mercado e da indústria. Foi através de legislação, ainda mais restritiva que a nova Lei, que os EUA e Europa desenvolveram uma relação mais sadia entre as emissoras de TV e as produtoras independentes, que abastecem suas programações com conteúdos diversificados. A reserva de mercado como instrumento de proteção ao desenvolvimento da indústria local não apenas é legítima – proporcionou a formação, entre outros, dos setores nacionais automobilístico, petrolífero e da informática –, como é ainda largamente usada pelos próprios Estados Unidos quando se discute a importação do álcool, do aço e dos produtos agrícolas. O cinema é estratégico, e o Brasil, acredito, é um país vocacionado para o audiovisual. A imagem exerce um grande atrativo em toda a população, e a juventude é fascinada por suas possibilidades. Como estamos 30 anos atrasados em relação ao resto do mundo, para que o abismo seja vencido na próxima década são necessárias inteligência e coragem. Coragem para enfrentar os interesses econômicos hegemônicos e consolidados (a TV aberta continua um terreno inexpugnável), coragem para que a reserva de mercado não seja desvirtuada e as três horas

Toni Venturi é cineasta, diretor de O Velho, a historia de L. C. Prestes; Latitude Zero; Cabra-Cega e Estamos Juntos 10


último Bloco Foto: haroldo saboia Foto:

Variações sobre o céu

Dança de improviso Ausência de cenário e de coreografia previamente ensaiada. Este é o desafio que cinco jovens bailarinos do Coletivo Silenciosas e Gt’Aime propõem no espetáculo Improvisos. A ousadia da proposta está em levar ao público um espetáculo no qual a coreografia é criada no momento da apresentação, assim como a trilha sonora e a iluminação. “Improvisos não tem um tema, é simplesmente composição e improviso puro. Não se inspirou em nada”, explica o criador e coreógrafo do grupo, Diogo Granato. A trilha aposta em sucessos pop, como Let it Be, dos Beatles, e Dancing with Myself, de Billy Idol. Dia 14/12, às 24h.

Foto: divulgação

Cores fortes, telas grandes e temas abstratos compõem o universo visual da artista plástica Marina Saleme. “O que me move é a instabilidade da existência, a morte, a impermanência, o vazio, a suspeita da presença, qual a matéria das coisas e das pessoas. Você está por um fio, não pode conter a vida, e tudo vaza em forma de emoções”, diz. Não por acaso, ela explorou em seus trabalhos variações sobre o céu, a exemplo de: Céu Rosa Com Nuvens Muito Pesadas, de 2005; Doce Noite, de 2010; Céu Rosa Despencando Sobre Paisagem Vermelha, de 2008; e Purple Night, de 2009. Marina Saleme está em episódio inédito da série Artes Visuais. Dia 7/12, às 21h30.

Retrospectiva musical

Cavaleiros da caatinga

Dezembro é mês de retrospectiva e o SescTV exibe programação especial dos musicais de seu acervo. Dentre os destaques, o espetáculo Chiquinha em Revista: Um Tributo a Chiquinha Gonzaga, dia 13/12, às 19h; a série da Jazz Sinfônica interpretando diversos artistas, entre 19 e 22/12, às 19h; e a série Movimento Violão, com as virtuoses do instrumento, de 26 a 30/12, às 19h. Estão na programação também os Racionais MC’s, dia 6/12, às 22h; Pato Fu, no dia 12/12, às 19h; e Bebel Gilberto, dia 13/12, às 22h. Confira programação completa e classificação indicativa no site.

Eles são considerados valentes, “cabras machos”, por enfrentar a seca e a caatinga. Com indumentária típica – espora, perneira, guarda-peito, luvas, gibão e chapéu – cuidam do gado dos patrões, em troca de remuneração. A série Coleções viaja até Serrita, em Pernambuco, para mostrar a rotina dos vaqueiros nordestinos. Eles vivem da agricultura de subsistência, da venda do leite e do queijo das vacas, e da negociação e venda do gado. Montados em seus cavalos, adentram o sertão em busca do gado que escapa da boiada, e assim conquistam o respeito da população. Dia 29/12, às 21h30.

O SESCTV é credenciado pelo Ministério da Cultura como canal de programação composto exclusivamente por obras cinematográficas e audiovisuais brasileiras de produção independente em atenção ao artigo 74º do Decreto nº 2.206, de 14 de abril de 1997 que regulamenta o serviço de TV a cabo. Para sintonizar o SescTV: Aracaju, Net 26; Belém, Net 30; Belo Horizonte, Oi TV 28; Brasília, Net 3 (Digital); Campo Grande, JET 29; Cuiabá, JET 92; Curitiba, Net 11 (Cabo) e 42 (MMDS); Fortaleza, Net 3; Goiânia, Net 30; João Pessoa, Big TV 8, Net 92; Maceió, Big TV 8, Net 92; Manaus, Net 92, Vivax 24; Natal, Cabo Natal 14 (Analógico) e 510 (Digital), Net 92; Porto Velho, Viacabo 7; Recife, TV Cidade 27; Rio de Janeiro, Net 137 (Digital); São Luís, TVN 29; São Paulo, Net 137 (Digital). Na GVT, canal 228. No Brasil todo, pelo sistema DTH: Oi TV 28 e Sky 3. Para outras localidades, consulte sesctv.org.br

SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO – SESC Administração Regional no Estado de São Paulo

Presidente: Abram Szajman Diretor Regional: Danilo Santos de Miranda

A Revista é uma publicação do Sesc São Paulo sob coordenação da Superintendência de Comunicação Social. Distribuição gratuita. Nenhuma pessoa está autorizada a vender anúncios. Rua Cantagalo, 74, 13.º andar. Tel.: (11) 2227-6527

Direção Executiva: Valter Vicente Sales Filho Direção de Programação: Regina Gambini Coordenação de Programação: Juliano de Souza Coordenação de Comunicação: Marimar Chimenes Gil Redação: Adriana Reis Divulgação: Jô Santina e Jucimara Serra

Coordenação Geral: Ivan Giannini Editoração: Ana Paula Fraay Revisão: Maria Lúcia Leão Supervisão Gráfica e editorial: Hélcio Magalhães

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Este boletim foi impresso em papel fabricado com madeira de reflorestamento certificado com o selo do FSC® (Forest Stewardship Council ®) e de outras fontes controladas. A certificação segue padrões internacionais de controles ambientais e sociais.


Em dezembro, shows especiais.

Terças, às 22h. A PROGRAMAÇÃO DO SESC NA SUA CASA Foto: Giros Produções

FAMÍLIA

DINIZ

Documentário sobre a trajetória do compositor, cantor e músico Hildemar Diniz, o Monarco. Direção geral: Belisario Franca.

1/DEZ

HITLER TERCEIRO MUNDO

8/DEZ

CICLO JOSÉ AGRIPPINO DE PAULA Alegoria sobre a ascensão e queda de ditaduras.

CÉU SOBRE ÁGUA e CANDOMBLÉ NO TOGO

15/DEZ

Céu sobre Água (1972-1978): poema visual com Esther Stockler, esposa de Agrippino, no litoral baiano.O Candomblé no Togo (1972): registro do culto em povoado tribal.

22/DEZ

Foto: Maurcio Simotti

MOVIMENTO DE ABERTURA DA SINFONIA PANAMÉRICA e MARIA ESTHER E AS DANÇAS NA ÁFRICA

BARKA

Documentário sobre o cotidiano em Burkina Faso, a terra dos homens íntegros. Direção: Carlinhos Antunes e Márcio Werneck.

Foto: Divulgação

Sinfonia Panamérica (1988): fragmentos e nuances da saga e obra de Agrippino. Em Maria Esther e as Danças na África: o corpo traduzido pelos movimentos da dança, em rituais primitivos.

29/DEZ

Para sintonizar o canal consulte sua operadora de tv por assinatura.

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