Inkpire

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inkpire Edição Especial


Editor-in-chief Rui Soares ruijcsoares@live.com.pt

“Não basta abrir a janela para ver os campos e o rio”. Não basta apenas abrir esta revista para realmente vê-la. É preciso cheirar, mexer, sentir, rasgar, transforma-la em aviões de papel, bolas, ou postais. Há que esperimenta-la para além das ideias escritas. Tudo o que se vê é passivel de ser tocado. Uma edição tangível que nos conduz numa viagem por universos cuja existencia se deve ao facto de muitos terem ido além das formas óbvias das coisas. Nesta época de cores vivas e mudanças de ares, ainda temos a correr em nós o calor que já passou, e celebramos como se não houvesse amanhã mostrando o melhor de cada um e aproveitando ao máximo todos os momentos. Que vivam sempre a vida como se hoje fosse o ultimo dia! Rock on!

Edição Gustavo Nascimento guganas@hotmail.com Serenela Santos serenela_santos@hotmail.com Colaboradores Marcos Gama, Nuno Afonso, Raquel Abreu, Rui Soares, Sónia Margarido, Vania Pinky, A senhora do bar da ESAD.CR Paulinho, Pedro e Eduarda, Pedro outra vez (mas outro), A senhora da staples, Cleo... Desculpa por te termos apagado. Este mês Serenela Santos, Ana Matias, “Pucca”, Sónia Margarido, Marina “Marishka” a Russa, Joana, Rui “Super” Soares, Diogo, Rita “a quika” Nobre, Catarina Lopes, Inês “u” Manata, Eduardo “Edú” Ardo, João “pato” Pato, Lauraaaaaaa, Marco do Polo,

Rui, Serenela e Gustavo electronichearts@gmail.com Redacção e Dep. Comercial Rua da esperança, 2c, 2º Nossa senhora do Pópulo 2500-155 Caldas da Rainha Propriedade Propriedade Privada Distribuição Manual e por nós Impressão Obigraf R. António Oliveira 40-A/D Zona Idustrial, Caldas da Rainha Leiria 2500-916 Registo ERC 12377 Copyright Tudo nosso! Tiragem e Circulação Média 4 Exemplares (talvez) Periodicidade Única Assinatura 20€


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Índice 6 Curtas 8 História da tatuagem 10 Biologia da tatuagem 17 Entrevista a Marcus Gama 24 12 Passos de uma tatuagem 26 Telas humanas 62 Rockabilly em terras lusas 63 Rockabilly e tattoos de mãos dadas 64 Estilos de tattoos


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Curtas

Tatuagem nas costas de músico é vendida por 150 mil euros Um colecionador de arte alemão comprou por 150 mil euros uma tatuagem feita pelo artista belga Wim Delvoye nas costas de um músico, de acordo com o jornal britânico The Sunday Times. “Eu estou interessado em conceitos e idéias”, disse Reinking. “É uma beleza!”, disse ele da obra comprada. A verdadeira “tela viva”, Tim Steiner, de 30 anos, é de Zurique e toca na banda Passive Resistance. Depois da compra, ele teve que assinar um complexo contrato dando direito a Reinking, ou a seus herdeiros, de reivindicar a tatuagem de seu corpo quando Steiner morrer. “Eu não gosto de pensar nisso ainda”, disse Steiner, segundo o jornal britânico, “mas minhas costas vão ganhar um tipo de durabilidade, sobrevivendo a todo mundo. Isto me diverte.”

Peça de museu Steiner concordou ainda em “exibir” o trabalho pelo menos três vezes por ano e tem prevista participação em uma mostra num museu em Karlsruhe, na Alemanha. Esta não será a primeira vez que o músico expõe a imagem colorida de suas costas, que inclui rosas, uma caveira e uma imagem da Virgem Maria. Recentemente ele foi “exibido” em uma galeria de arte em Xangai. “Eu me sento, ou fico de pé, voltado para a parede. Tenho permissão para fazer intervalos de 40 minutos”, disse ele, de acordo com o Sunday Times. Steiner disse que entrou no mundo da arte através de um amigo que trabalhava em uma galeria. O amigo disse para ele, em 2006, que Delvoye estava à procura de gente que se dispusesse a alugar partes do corpo para que fossem transformadas em obras de arte. Ele ficou 30 horas sujeitando-se às agulhadas que o transformaram em “arte viva”. Mas hoje sua vida continua normal. “Nada mudou para mim”, afirma. “Eu sou apenas a moldura que carrega a imagem.” Delvoye, é um artista conceitual famoso por romper tabus sociais e por tatuar porcos vivos em uma “fazenda de arte” na China, diz o Sunday Times. Delvoye disse que foi inspirado para usar as costas de um ser humano como tela por um conto do autor galês Roald Dahl, Skin (Pele), em que um personagem traz nas costas a tatuagem feita por um artista famoso.

Australiano quer doar pele tatuada para museu Um australiano, Geoffrey Ostling de 62 anos, quer doar a própria pele tatuada a um museu ou galeria de arte no país quando morrer.O professor de história aposentado começou a tatuar o corpo aos 42 anos, e considera as 62 tatuagens espalhadas pelo corpo “uma obra de arte”.


Cuidado se adormeces durante a tatuagem LED Tattoos O que aconteceu com uma jovem chamada Kimberley Vlaminck, com 18 anos. Kimberley pagou 55 euros para que um profissional de tatuagem fizesse três estrelinhas pequenas na sua cara. O problema veio quando Kimberley Vlaminck acordou e ao invés de 3 estrelas, tinha 56...

Charlie Sorrel escreveu um artigo a explicar o potencial desenvolvimento de tatuagens iluminadas por LEDs. Os novos chips são tão pequenos que cabem devaixo da pele sem incomodar, envoltos noma fola de seda que se dissolve automaticamente no corpo.

Famosa Kat von D aparece sem tatuagens A super conhecida tatuadora do Miami Ink, tapa as suas tatuagens para promover o seu novo perfume. O resultado é divinal...

Remoção de Tatuagens

People + Arts exibe ‘Rio Ink’

A Remoção de Tatuagens é um processo que tem se tornado cada vez mais comum entre as pessoas, sendo a solução encontrada para “apagar” uma tatoo do corpo. Antigamente o processo era realizado através de cirurgia, porém a técnica se modernizou e aderiu o laser como instrumento de trabalho.

O canal People + Arts vai colocar no ar, o episódio especial Rio Ink, vertente do Miami Ink, o reality show de tatuagens. O programa foi gravado nas lojas do estúdio Banzai, no Rio de Janeiro e em Ipanema. Quem assiste ao Miami Ink sabe que os tatuadores, assim como os tatuados, são a alma da atração.

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História da Tatuagem O pai da palavra “tattoo” foi o capitão James Cook , que escreveu no seu diário a palavra “tattow”, também conhecida como “tatau”, uma onomatopeia do som feito durante a execução da tatuagem, em que se utilizavam ossos finos como agulhas, no qual batiam com uma espécie de martelinho de madeira para introduzir a tinta na pele.

A tatuagem foi inventada várias vezes, em diferentes momentos e partes da Terra, em todos os continentes, com maior ou menor variação de propósitos, técnicas e resultados. Para entender o conceito de multi-nascimento, alguns críticos supõem que a tatuagem estava na bagagem das grandes migrações dos grupos humanos e por isso passou de um povo para o outro. Através da arte pré-histórica podemos encontrar vestígios da existência de povos que cobriam o corpo com desenhos. Há uma hipótese de que, nos primórdios, marcas involuntárias adquiridas em guerras, lutas corporais e caças geravam orgulho e reconhecimento ao homem que as possuísse. O homem, partindo da ideia de que marcas na pele seriam sinónimos de diferenciação e status, passou a marcar-se voluntariamente, fazendo ele mesmo os seus ferimentos pelo corpo, que com o passar do tempo deu espaço para a criação de desenhos utilizando tintas vegetais e espinhos para introduzi-las à pele. A partir daí, diversos povos, de diversas culturas começaram

a usar pinturas definitivas por motivos espirituais, em rituais de várias espécies e fins, para a guerra, para marcar os factos da vida: nascimento, puberdade, reprodução, morte entre outros.

No entanto, foi com a descoberta das múmias que ficou provado real e concretamente que a arte da tatuagem acompanha o homem desde o seu surgimento. A Múmia mais antiga do mundo foi encontrada em 1991, em Itália e data de 5.300 anos a. C., conservou-se congelada em um bloco de gelo e tinha tatuagens acompanhando toda a espinha dorsal, além de uma cruz numa das coxas e desenhos tribais por toda a perna. Numa múmia de uma sacerdotisa de 2000 a.C. havia linhas horizontais e paralelas à altura do estômago, possivelmente para protecção contra gravidez ou doenças. Segundo especialistas, as tatuagens em múmias do sexo feminino tinham um efeito cosmético, para realçar seus encantos. Os maori destacaram-se pela criatividade


do Moko, tatuagem tradicional feita no rosto. Os povos Celtas e Vikings, os dinamarqueses, os normandos e os saxões, também desenvolveram os seus próprios estilos de tatuagem. A técnica pouco variava, mas os desenhos e motivos das pinturas eram singulares em cada cultura. No Taiti, segundo tradição local, a prática da tatuagem seria de origem divina. Para os Samoanos, o acto de pintar o corpo marcava a passagem da infância para a maioridade. Enquanto não fosse marcado, o membro da tribo, por mais velho que fosse, não teria voz numa roda de adultos, nem teria permissão para casar. A tatuagem também funcionava como instrumento de ascensão social. Quanto mais tatuado fosse o Samoano, mais alto seria seu estatuto na tribo.

Na clandestinidade, sob o jugo do poder pagão, os primeiros cristãos se reconheciam por uma série de sinais tatuados, com destaque para a cruz. As letras IHS, abreviatura do nome Jesus, o peixe, letras gregas, etc. A Idade Média baniu a tatuagem da Europa, com o argumento de que era “coisa do demónio”. Na América, tanto as tribos indígenas dos Estados Unidos, quanto as civilizações Maias e Astecas, eram praticantes da tatuagem. Para os Índios Sioux, tatuar o corpo servia como uma expressão religiosa e mágica. Eles acreditavam que após a morte, uma divindade aguardava a chegada da alma e exigia ver as tatuagens do índio para lhe dar passagem ao paraíso. A tatuagem foi introduzida no Ocidente no século XVIII, com as explorações que colocaram os europeus em contacto com as culturas do Pacífico. Na segunda metade do século XIX, as tatuagens viraram moda entre a realeza europeia. A partir de 1920 a tatuagem

foi ficando mais comercial, tornandose mais popular entre americanos e europeus.

Durante muito tempo, nos Estados Unidos, a tatuagem esteve associada a classes socioeconómicas mais baixas, aos militares, aos marinheiros, às prostitutas e aos criminosos. A grande popularização da tatuagem nas Américas começou nos anos 70, quando a Califórnia foi o berço dos desenhos que reproduziram imagens de Marilyn Monroe, James Dean e Jimmy Hendrix. Nessa mesma época, os surfistas lançaram a moda de braços decorados com dragões e serpentes. Na década de 80, foi a vez dos tigres e das águias. Desde então, a tatuagem teve um aumento tão grande de popularidade que o número de estúdios subiu de cerca de 300 para mais de 4.000 nos últimos 20 anos, nos Estados Unidos. A chamada “arte na pele” cada vez mais perde o estigma marginal que costumava caracterizá-la e está nos corpos de pessoas de várias idades e classes sociais. As tattoos, hoje, no mundo da estética, são muito bem recebidas na recomposição de sobrancelhas, delineamento dos olhos e lábios, cobertura de manchas e cicatrizes. Com toda essa evolução, mais e mais pessoas se dispõe a sacrificar suas peles para gravar figuras que cativam, excitam e embelezam os seus corpos.

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Biologia da Tatuagem Tatuar é um processo de pigmentação de pele. Uma substância que não é própria do nosso corpo é injectada sob a nossa pele e ali fica para o resto da vida, ficam algumas perguntas sobre como uma tatuagem pode durar tanto tempo... por que a pele descasca... porque temos que ter cuidado com determinados alimentos ou mesmo como é que o soal pode estragar a tatuagem...

Para entendermos tudo isso, devemos relembrar as nossas aulas de ciências na escola. A nossa pele é o maior órgão do corpo, pode ser entendido de uma forma fácil, dividindo-a em três partes. A primeira, é superficial e chamamos de camada córnea onde só existem células mortas e queratinizadas, cuja função é evitar a desidratação e enrijecer a pele. Podemos ver isto quando nos coçamos e sai uma pele fininha e branca, muito comum quando a pele está seca. A segunda é chamada de camada epitelial formada por células vivas e em crescimento, nesta camada encontram-se também os melanocitos, que são células produtoras de melanina cuja função é escurecer a pele para a proteger da radiação solar. A terceira é chamada de camada conjuntiva e é a mais espessa de todas, nela encontramos vasos sanguíneos, células que produzem colagénio. Quando estamos a tatuar, a agulha estando bem calibrada e na afinação correcta, atravessará todas as camadas anteriormente ditas, mas ao chegar

á camada conjuntiva as fibras de colágenio irão travar a sua penetração, nesse momento ao retornar para fora da pele, a tinta que estava no vão das agulhas é retida automaticamente dentro da pele. Esta tinta espalha-se desde o conjuntivo até á camada córnea, quando então acontece o mais impressionante processo biológico para manter a tinta dentro da pele: a fagocitose.

A pele não é estática, modificase a cada dia. Á medida que as células da camada epitelial vão surgindo na base deste tecido (na divisa com o tecido conjuntivo), ela empurra as outras células que estão por cima. Desta forma, uma célula que surgir hoje na base da nossa camada epitelial vai demorar uns 20 dias para chegar até á camada córnea, mas a camada conjuntiva continua imóvel produzindo colagénio. Quando acontece uma lesão muito grande como por exemplo uma agulha defeituosa, ou um tatuador descuidado que ficou a tatuar muito no mesmo lo-

cal, abre-se um ferimento e como a camada epitelial demora muito para se regenerar, o tecido conjuntivo activa os fibrócitos e a produção de colagénio intensifica-se, esse colagénio acaba por ultrapassar a camada epitelial, fazendo uma elevação no topo da pele, essa elevação é chamada de quelóide. Quando a tatuagem é bem-feita, aquela tinta que se espalhou por todas as camadas da pele começa a ser fixada no conjuntivo e retirada do epitelial, no limite entre a camada conjuntiva e a epitelial por conta do pigmento da tinta, do ferimento e dos vasos sanguíneos que se dilataram, as células de defesa começam a ir para o local original, estas são chamadas de neutrófilos e macrófagos.

Assim que encontram o pigmento da tinta, os neutrófilos e macrófagos começam a absorvê-los através da fagocitose é o processo pelo qual uma célula consegue “devorar” algum corpo estranho.

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Após fagocitar o pigmento da tinta essas células de defesa ficam paradas no local, e se por acaso morrerem, outras acabam por substitui-las. Dependendo do organismo da pessoa tatuada, esse processo pode ser mais demorado, e a tinta pode espalhar-se, com o tempo a tatuagem parece perder a definição e se por acaso morre a célula de defesa cheia de pigmento, este espalha-se pelo tecido; mas se demorar para que outra a venha substituir o pigmento pode espalhar-se ainda mais, deixando a tatuagem borratada com o passar dos anos por isso, aconselhamos retoques após o terceiro ano da tatuagem, mas isso varia muito de pessoa para pessoa. A tinta que ficou retida na camada epitelial e córnea é removida da pele rapidamente. A primeira que sai é a da camada córnea já que está mais superficial, esta tinta removida pode ser observada na primeira troca do curativo, quando muitas pessoas se espantam ao retirar o plástico da tatuagem e vêm o desenho parecendo que está a derreter, mas ao lavar e vê-se que a tatuagem ainda continua sem se degradar. Já a tinta da camada epitelial demora cerca de 20 dias a ser removida, pois á medida que as células dessa camada crescem, vão saindo como crostas impregnadas de tinta. Deve-se ter muito cuidado nessa altura pois se se remover as crostas, que podem estar enraizadas no tecido conjuntivo por algumas fibras colágenas que cresceram por causa da lesão, fará um novo ferimento que poderá inflamar ou até infeccionar, e certamente causará dano à tatuagem. Por isso é muito importante fazer correctamente o curativo nos cinco primeiros dias e depois passar a pomada à base de vitaminas e óleos durante os outros 15 dias de cicatrização. Mas ainda existe um outro cuidado muito importante que pode causar um severo dano á tatuagem: o escurecimento so-

lar, que acontece nos primeiros 40 dias da tatuagem. Durante o processo de tatuar, o sangue também participou na cicatrização, deixando células sanguíneas mortas que ao se decomporem libertaram ferro (lembramos que o ferro é um elemento essencial da hemoglobina que está dentro dos glóbulos vermelhos do sangue e que é responsável pela captura do oxigénio). Esse ferro quando espalhado na pele faz parte de um processo que activa a melanina (a melanina é um pigmento escuro produzido pelo melanócito que está na camada epitelial e que protege a pele da radiação solar).

Portanto, se a pele tatuada for exposta ao sol, o ferro disponibiliza uma maior produção de melanina pelo melanócito, e começa então o escurecimento da área tatuada, esse escurecimento pode ser transitório desaparecendo em algumas semanas, ou durar anos e anos. Por causa disso se precisar de se expor ao sol antes dos 40 dias iniciais, deve-se cobrir a tatuagem com roupa ou com protector solar, mas pode ser usada também pomada de queimaduras à base de óxido de zinco que fará uma protecção da tatuagem até mesmo dentro de água.Para além desses cuidados, muitos tatuadores alertam sobre o uso do celofane nos primeiros dias e o perigo de comer alguns alimentos, que após ingestão podem provocar danos á tatuagem.

São geralmente alimentos que causam alergias. Destacam-se os muito gordurosos, como carne de porco, ovos, chocolate e maionese, ainda para algumas pessoas, alerta-se sobre o camarão e outros frutos do mar. Esses alimentos,

por terem um potencial alérgico estimulam substâncias no corpo como a histamina, que causa vermelhão e comichão. Se isso acontecer na área tatuada ocorrerá uma deficiência no processo de cicatrização. O celofane por sua vez, fará o papel da camada córnea que foi praticamente destruída durante o processo da tatuagem, já que além da camada as glândulas da pele foram também danificadas. São as glândulas sebáceas e sudoríparas que mantêm a oleosidade, humidade e o o calor da pele. Portanto, sem o plástico a proteger a pele pode sofrer desidratação, o que levaria a pequenas fissuras e rachaduras que facilmente serviriam de abrigo às bactérias, causando micro infecções e levando a danos na própria tatuagem. O tempo para essas glândulas se recomporem é de cerca de cinco dias, o plástico também evita que a pele se cole à roupa e que a tatuagem seja arranhada. A tatuagem nunca foi e nem será um simples desenho na pele, após ser feita passa a ser parte do corpo, sofre processos dinâmicos e biológicos, necessita de cuidados regulares. Portanto, tenha atenção a estas informações, sendo um tatuador ou tatuado.


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Marcos Gama,

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tatuador

anos

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Um dia cheguei á loja, mandaram-me fazer um desenho, e eu pensei que era para outra pessoa e dizem-me:

”vais tatuar agora!”


De regresso a

casa Marcos, posso então fazer-te umas perguntas ácerca deste teu negócio/modo de vida? (risos), podes sim.

Quando começaste a tatuar? Em 2005.

O que te moveu? Basicamente já estava dentro do... bem, já gostava do mundo á volta das tatuagens. Já estava envolvido no meio rockabilly, e como tanto isso como as tatuagens andam de mãos dadas, foi um bocado por aí.

Porquê as Caldas? Bem, foi principalmente pelo facto de não haver nenhum estúdio mesmo de tatuagens e a população adolescente ser imensa.

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Uma vez tatuei uma equipa de rugby inteira... ...no rabo!”

Como entraste nesse mundo e quem te o mostrou? Bem, como já tinha dito, era um mundo onde já conhecia alguns tatuadores. Comecei mesmo a sério depois de ter acabado o curso de design industrial aqui na ESADCR, trabalhei 6 meses numa firma e...não gostei (risos) e então caguei completamente para o curso. Fui a uma loja de tatuagens de um gajo que conheci numa festa e perguntei: “Se precisares de um gajo para ajudar aí, diz!”. O gajo abriu-me a porta e a partir daí...

Como foi o teu processo de aprendizagem? Difícil? Não foi difícil, porque, lá está, era um amigo, não estava ali a fazer frete. Basicamente, trabalhava, limpava, montava e desmontava mesas, limpava máquinas e tubos. Fazia basicamente o trabalho que ninguém queria fazer, preparava desenhos, fazia químicos e pronto, foi assim, durante 6 meses fui aprendiz, vá, e um dia cheguei á loja, mandaram-me fazer um desenho, e eu pensei que era para outra pessoa qualquer e dizem-me:”vais tatuar agora!” (risos)

Como reagiram os teus pais? Os meus pais ficaram, digamos que, destroçados por eu estar a deixar um curso para trás e começar do zero. Como aguentas-te então? A partir do momento em que estás num curso e tens que o pagar com o teu trabalho e não tens ninguém como backup parece difícil. Mas pronto… tive uma tia que me abonou durante quase 1 ano em Lisboa.

Agora vou-te fazer uma pergunta bastante cliché, mas, qual a tatuagem mais estranha que fizeste? A tatuagem mais estranha que eu fiz... foi uma rapariga que pediu para eu assinar. Fiquei um bocado atrapalhado, não sabia o que havia de dizer, ainda estava um pouco na aprendizagem. Acabei por colocar apenas as iniciais. Tatuei uma vez uma equipa de rugby inteira...no rabo! (risos)

Para finalizar, qual a mais difícil? Isso... uh... ah... eh... são todas, porque cada tatuagem é uma tatuagem. Nunca sabes o que vais encontrar. A pele não é um papel e cada pessoa tem um tipo de pele diferente. Até se começar a tatuar, todas são complicadas, mas isso também tem a ver com a localização da tatuagem, pois há sítios mais sensíveis que outros. Tatuagens grandes são complicadas pois exigem muitas horas de trabalho e são cansativas não só para o tatuador como também para o cliente. Resumindo, todas são complicadas.


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a pele não é papel ”


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passos de uma

tatuagem

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Telas Humanas 27



Matias

“O om (com chapelinho no o) é o som primordial do Homem, tal como se pronuncia, e tem uma conotação ao yoga que pratiquei durante muitos anos. É um simbolismo de força, auto-suficiência, auto-confiança e equilibrio, por isso estar tatuado no pescoço. Centrado no corpo e na base da cabeça a.k.a. mente.”

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Puca

”A espiral é um símbolo de evolução e de movimento ascendente e progressivo, normalmente positivo, auspicioso e construtivo, sobretudo na sua forma. Por isso ter escolhido essa forma... também pela estética.”

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Sónia

“Ora então... fiz a minha quando tinha 17 anos, porque sempre me assustou um bocado crescer e tive medo de perder coisas que valorizo nesta fase da vida. O queque é o elemento associado á minha infância e as asas á liberdade.”


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Marishka

“Como sempre gostei de hamsters decidi fazer a tatuagem. Também porque me caracterizo com esses animais...são pequenos e fofinhos.”

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Joana

“O coração é puramente estético, adoro a forma, e a cor azul foi apenas por exclusão de partes, já que não queria vermelho, muito óbvio e porque amarelo iria ficar cor de doença com o passar do tempo! A esmeralda e as iniciais guardo o significado para mim. A manga é uma mascara balinesa, chama-se barong e é uma figura mitológica própria da ilha de Bali, pode ser representado por animais: javalis, porcos etc. O meu é o mais normal que é o tigre hmmm.. mais, para os balineses representa o bem, é uma representação de algo que ja existiu, conta a lenda (ahahah) que barong era um guerreiro e rangda (que por acaso é representada de uma maneira muito semelhante, mas com um ar ainda pior) uma feiticeira, lol, tipico, bem e mal guerras bla bla bla barong ganhou, o bem ganhou, eles metem as mascaras de barongs á porta dos templos e na entrada das casas porque acreditam que assim os demónios não entram, eu trouxe uma mascara de lá e pronto o tatuador fez igual, o resto viram, tem ar demoníaco mas é bonzinho! As flores foi porque não queria tornar a tatuagem muito pesada, e assim fica com uma composição mais alegre.”

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Rui

“Escolhi fazer esta tatuagem por vários motivos, desde ao fascinio por BD, à escolha do Hobbes pela simbologia da fuga à realidade por Calvin, já as 3 caras diferentes transmitem um pouco da minha personalidade.”

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Diogo

“Tem tudo a haver comigo pois sou muito preto no branco, ou é ou não é. Escolhi o símbolo de espadas pois é um símbolo de sorte e azar. Também porque gosto de stencil art. Fui eu quem a desenhou.”

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Quika

“A da perna é um poema da minha avó paterna que ela escreveu quando o meu pai acabou a academia da força aérea. A do lábio foi a primeira e diz a minha alcunha. Queria um sitio escondidinho e fora do normal. A das costelas representa uma fase da minha vida e é o título de uma música de Alexisonfire...e adoro estrelas.”


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Catarina


“A pulga foi a primeira. Desenhei quando terminei o secundário, porque me tratavam dessa forma(ou piolho) ah ah. As estrelas, estava de ressaca quando fiz, á 2 anos no carnaval. Foi para dedicar a 3 amigas e representam também a liberdade, a esperança e o amor. A das costas foi a última. Representa a superação dos problemas através de uma nova visão das coisas e protecção. Basicamente, uma é o secundário, a outra a amizade e os obstáculos.”

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Inês

“Sininho porque é a minha boneca animada favorita da infância. Fiz aos 14 anos. As estrelas fiz aos 16 com uma amiga...a pessoa com quem mais me identifico.”


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Edú “Fiz a estrela... porque sim... ah ah. A que tenho na perna é a letra de uma música que gosto. Pois para mim, música é vida e vida é música”

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Pato

“É o símbolo dos Deftones e simboliza uma fase da minha vida em que fazia parte de uma banda. Era vocalista e diga-mos que esta tatuagem representa o meu estilo de vida como também a minha personalidade, esperança, força e aventura.”

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Laura “Fiz a tattoo em homenagem aos meus pais. Como se vê, a tattoo está feita tipo henna e o que lá está escrito em árabe são os nomes dos meus pais, Maria e José.”

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Marco “Fiz a tatuagem, primeiro porque já era um desejo meu de á muito tempo; segundo, porque sempre quis ser eu a desenhar as minhas tatuagens; terceiro, porque esta tatuagem tem um significado importante para mim, uma vez que faz uma sátira á essência da mulher.Até a mais Santa mulher pode não o ser.”


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Rockabillyem terras lusas

O termo rockabilly nasceu da junção das palavras rock (de rock’n roll) e hillbilly termo utilizado nos Estados Unidos para definir música caipira, mais tarde sendo substituído por country music que contribuiu fortemente para o desenvolvimento desse género.

Embora o rockabilly seja considerado Em Portugal este movimento está pre como tendo surgido no início dos anos Special, Mean Devils, Texabilly Rockets 50, quando Bill Haley começou a mis- e os Dixie Boys. turar jump blues com electric country, pode-se dizer que surgiu pelo desenvolvimento da música country dos anos 40 - com artistas como: Tennessee Ernie Ford (Smokey Mountain Boogie), Hank Williams (Rootie Tootie), e Merle Travis (Sixteen Tons). “Rock Around The Clock”, sucesso lançado por Bill Haley em 1954, foi o ponto de partida do estilo, e catapultou as carreiras de diversos artistas do rockabilly. No mesmo ano, entretanto, um cantor chamado Elvis Presley iniciou a verdadeira popularização do género com uma série de gravações lançadas pela Sun Records. Já em 1958, face ao desaparecimento (precoce) de grande parte dos músicos, o rockabilly praticamente desapareceu da música popular norte-americana. Nos anos 80, foi reacendido um breve interesse no rockabilly. Mais tarde, bandas mesclaram o estilo com o punk, formando um sub-gênero chamado de psychobilly. Bandas actuais de rockabilly usam nas suas apresentações componentes teatrais características dos anos 50: o Penteado da época, roupas Retrô e Vintage dos anos 50, o slap do contrabaixo, o Finger-Pickin’ na Guitarra, acompanhados pelos fãs da época, denominados de Rockers e Pin-up’s.


Rockabilly e tattoos de mãos dadas Festival Internacional realiza-se em Julho A 5ª edição do Festival Internacional Great Shakin Fever realiza-se em Matosinhos, no hotel Tryp Porto Expo, no próximo mês de Julho, entre os dias 15 e 19. Único em Portugal, Great Shakin Fever é uma referência da cultura Rock’n’roll dos anos 50 e distingue-se dos demais por se realizar num hotel, aliando à oferta musical o conforto e bem-estar dos visitantes. O cartaz conta com 13 bandas, oito estrangeiras e 5 nacionais, onde se destacam os norte-americanos Gizzele e os britânicos The Jets. Do lado nacional, distinguem-se os Tennessee Boys e Ruby Ann. O festival conta ainda com a presença de 6 Dj’s, Rudy, Sílvia, V. Vegas, Óscar, P.Serra e Gogo Man. Abrangendo toda a cultura do Rock’n’roll, para além dos concertos realizados em dois palcos distintos, existem várias actividades de interesse para o público, como as festas da piscina, workshops de tatuagens e de dançae ainda o Car & Bike Show.

Nos 40’s e 50’s, as tatuagens eram feitas basicamente com tinta preta, sem sombreado e borravam com o tempo. Algumas tatuagens rockabilly mantêm este conceito, mas a maioria passou a utilizar cores, técnicas de sombreado e tintas permanentes. Os principais motivos rockabilly são: .A pinup, que é uma tatuagem rockabilly tradicional em que muitos fizeram um update ao utilizar cores, sombreado e adicionaram outros elementos. .Dados .Martinis .Hot Rods .Chamas .Cartas(normalmente ases) .Bolas de bilhar(normalmente bola 8) .Outros temas menos usuais são: postes de barbearias, pentes, botas, saltos altos, meias de rede, meias de seda, penteados(poupas no que toca aos homens e penteados rockabilly para as mulheres), saias hula, soutiens côco, óculos de sol de homem e mulher, cowboys e cowgirls, guitarras, baixos, microfones, pins, bolas e sapatos de bowling, bicicletas, batons e telefones .as raparigas rockabilly normalmente têm pombas, estrelas e/ou cerejas

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Estilosde tattoos Tradicional: mais conhecida como tattoo de marinheiro. como as âncoras ou as gaivota. Os marinheiros foram os grandes divulgadores da tatoo pelo mundo. Tebori: técnica oriental de tatuar usando bambu. Geralmente os desenhos são ricos em detalhes. Realista: desenhos que imitam o mundo real, como mulheres, pássaros e personalidades. Celta: desenhos de origem celta com figuras entrelaçadas. Pode ser preta ou colorida. Tribal: desenhos em preto ou coloridos com motivos tribais. Desenhos relativos a tribos que marcavam seus corpos, podem ser de tribos norte-americanas, maias, incas, astecas, geométricas ou abstractas. Oriental: trabalhos grandes, geralmente de corpo inteiro, como um painel. Os desenhos são com motivos orientais, como samurais, gueixas e dragões. Psicadélicas: trabalhos super coloridos com desenhos totalmente malucos.

Religiosas: trabalhos com personagens bíblicos, como um santo, uma cruz, etc. Bold line: desenhos das Comics e HQs com traços bem largos e cores berrantes. Branding: tatuagem marcada a ferro e fogo. Preto e Branco: desenhos geralmente no estilo sombrio, totalmente sombreados, sem cores, usa-se preto, branco, sumi e cinza para fazer. New School: Nova escola de desenhos, desenhos diferenciados parecidos com os tradicionais comics mas com o diferencial que se refere ao estilo de desenhar de cada artista, o que faz ele se destacar por não ter barreiras geométricas


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Edição de fotografia: Serenela Santos, Rui Soares, Gustavo Nascimento Edição de texto: Serenela Santos, Rui Soares, Gustavo Nascimento Fotógrafos: Serenela Santos, Rui Soares, Gustavo Nascimento



R. Seba

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Praça dos Bares

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R. das Vacarias

Segunda a Sábado 10h - 13h 14h - 20h . . www.myspace.com/ gloryboundtattooparlor . gloryboundtattooparlor@gmail.com

R. He

R. dos Artista

Desenhos Originais e Personalizados, Reconstrução ou Cobertura de Tattoos, Material Esterelizado de Qualidade Superior, Agulhas Individuais e Descartáveis, Máxima Higiene

Rua Henrique Sales nº7C loja D 2500-213 Caldas da Rainha Portugal


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