Filosofia Nietzsche

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Religião

Charles Darwin Nascido em Shewsbury, na Inglaterra, no ano de 1809, o cientista e naturalista sacudiu as bases da ciência ao propor a paradigmática teoria da evolução e da seleção natural. Esteve presente, durante quatro anos a partir de 1831, em uma expedição científica pela América do Sul a bordo do navio Beagle. Sua obra-prima, A origem das espécies (1859), é um dos livros mais importantes da história.

Ele (Nietzsche) conhecia o cristianismo na intimidade, pois fora educado baseado nesses preceitos. Nietzsche leu, releu, anotou, analisou e esmiuçou a Bíblia, além dos textos dos ideólogos protestantes, com ênfase na forma literária e conteúdo filosóficodogmático desses escritos. Não era, portanto, um pensador que lançava pedras a esmo. Ele sabia quais eram os pontos sensíveis do cristianismo As reclamações logo surgirão. Nossa lista está, obviamente, incompleta. Deixou muita gente importante de fora, embora esta biblioteca imaginária seja composta por títulos mais evidentes, sem explorar nada além do conhecido. Na realidade, esta biblioteca foi montada para acomodar um nome em especial e obrigatório. Aquele que decretou: “Deus está morto”. Sim, ele. O filólogo-filósofo de Röcken, Friedrich Wilhelm Nietzsche, capaz de proclamar, com todas as letras, ser um

ateu por “instinto”. Um ateu nascido em berço protestante que, ao fim da vida, manteve uma impressionante obsessão pela imagem da Cruficação. Nietzsche escreveu um pelotão de livros nos quais, com maior ou menor intensidade, atirou contra as religiões, sobretudo aquelas de tradição oriunda do cristianismo. Com seu estilo bíblico-profético-poético, Assim falou Zaratustra esmigalhava com os clichês religiosos; A Gaia Ciência, Genealogia da Moral e Ecce Homo seguem pelo mesmo caminho. E, para coroar a campanha anti-cristã nietzschiana, um livro de título explícito: O anticristo – ensaio de uma crítica ao Cristianismo. Nesse conjunto de obras acima elencado, o filósofo demonstrava que aniquilar com as doutrinas e rituais não seria suficiente; era necessário superar a ética e as civilizações fundadas na religiosidade, sobretudo nos valores da cristandade. Sem deixar de lado suas convicções, Nietzsche alivia um bocado a barra para outras tradições como o Budismo e o Islamismo. A primeira menção à máxima “Deus está morto” encontra-se em A gaia ciência, e é burilada em ensaios e obras posteriores. Mas circunscrever seu pensamento a um ateísmo militante é empobrecer e reduzi-lo a gritos de guerra. Nietzsche, homem e pensador, teve uma relação muito mais complexa e ampla com a religiosidade. Ele, a propósito, não amparava seu argumento nas teorias científicas em voga na segunda metade do século XIX e nos desdobramentos do evolucionismo darwinista. O filósofo alemão sempre tivera um pé atrás com o racionalismo científico, e tinha lá suas razões. A febre evolucionista era tão forte, tão alta, que surgiram pérolas como o darwinismo social, equívoco extirpado pelas ciências sociais do século XX. O que realmente consternava Nietzsche era a renúncia ao corpo e a vida difundida pelos dogmas cristãos. Separar Apolo e Dionísio daquela maneira era inconcebível. Cristianismo por dentro Como sabemos, Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu em uma família de pastores luteranos. Na juventude, às vésperas de entrar para a universidade, chegou a cogitar seriamente dedicar-se ao estudo de Teologia. Ele conhecia o cristianismo na intimidade, pois fora educado baseado nesses preceitos. Nietzsche leu, releu, anotou, analisou e esmiuçou a Bíblia, além dos textos dos ideólogos protestantes, com ênfase na forma literária e conteúdo filosóficodogmático desses escritos. Não era, portanto, um pensador que lançava pedras a esmo. Ele sabia quais eram os pontos sensíveis do cristianismo. Havia um aspecto de angústia existencial nessa cruzada nietzschiana. Se, nas páginas de Ecce Homo ou O anticristo, ele estava

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