Revista Intatantes nº 4

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Instantes revista

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Biblioteca Escolar/Centro de Recursos Educativos

Escola Secundรกria Manuel Teixeira Gomes


Instantes | 2


4 Instantes 2011 2 Palavra do Director 3 Editorial 4 SABE e a Biblioteca Escolar 6 Dias de escola

42 Outros dizeres 42 | Somos todos gregos 44 | Provérbios nas nossas línguas

46 Em observação 46 | A página meteorológica… 48 | Exposição Humanos

6 | Pais na Escola

49 | As nossas mãos humanas

7 | Representante dos Alunos 8 | Os Nossos Professores 9 | CNO

50 Semanas certas

10 SPO – Serviço de Psicologia

50 | Semana da Informática 53 | Semana da Leitura

11 Dias de saber 11 | Dias de Filosofia

54 | Pedro M. Ribeiro, a visita…

55 A escola e a cidade

14 | Dias de Ciência

16 Dias de leitura 16 | LE.I.A. – MLM 17 | A propósito de livros

19 Talentos 19 | Argumentative Test

56 Festa multicultural 59 Oferecer o verdadeiro direito à diferença 60 Profissionalmente 62 Criticamente

20 | Come, lay with me

62 | Um livro

21 | Shutterburg

63 | Um filme

22 | The colors of the rainbow 23 | Free writing

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64 Desporto em acção

25 | Prémio Literário Conto de Natal

31 Outros gestos 31 | Teatro da Caverna

Destacável Mimi de Leew – um testemunho de esperança

34 | Teatro em Alemão

36 Outros olhares 38 Outras letras 38 | De Acordo! 40 | Como o latim é …

Sumário


Colaboraram neste número:

Palavra do Director

Aires Almeida Alice Duarte

Prof. Telmo Soares

Amélia Taveira Ana Maria Gonzaga Antonieta Marques Associação de Pais da ESMTG Alunos de Alemão do 10.º N Conceição Veloso Equipa do Projecto JA Estefânia Cunha Fernando Hébil Frederico Abreu Gonçalo Rochato Grupo de professores de Geografia Grupo de professores de Informática Gechenig Kushnisenko Helyana Gomez Inês Metello Ion Levinsschi João Carlos Alves Joaquim Carvalho Joel Duarte Julieta Albuquerque Luís Pinto Salema Luísa Vicente Márcia Vicente Maria José Duarte Maria do Rosário Cardoso Maria do Rosário Cristóvão Marina Postulachi, Marlene Tinoco Nídia Santos Olena Kovalska Patrícia Carolino Pedro José Raquel Santos Rosa Frieza Rodrigo Fragoso Rui Barbosa Rui Nascimento Sandra Cristina Sofia Fortunato Tatiana Martins Telmo Soares Teresa Garrocho Tomás Varela Vanda Pedro

Propriedade: Escola Secundária de Manuel Teixeira Gomes | Av. S. João de Deus |8500 Portimão Tiragem: 300 exemplares

Coordenação: Maria do Rosário Cristóvão Concepção gráfica: Luís Pinto Salema Foto da capa: Rui Barbosa

Mais um ano lectivo se aproxima do seu final e, naturalmente, a revista Instantes, já uma referência e tradição na nossa escola, surge mais uma vez para fazer um balanço do trabalho e das inúmeras actividades desenvolvidas e promovidas pelas diferentes estruturas, reflectindo toda a dinâmica e criatividade da nossa escola. Num ano particularmente difícil, pelas razões que todos conhecemos, quero expressar, em nome da direcção, o nosso agradecimento e reconhecimento a todos os elementos da comunidade que contribuíram para a promoção e afirmação da nossa escola que, ano após ano, se vem afirmando como uma instituição de referência a nível local e regional através da aposta clara na diversidade, qualidade e excelência do ensino ministrado. Não posso deixar de realçar o esforço e empenho de todos, na promoção das aprendizagens, e na melhoria dos resultados académicos dos nossos alunos, como atestam os dados relativos aos resultados dos exames nacionais do secundário disponibilizados pelos organismos do Ministério da Educação e pelos rankings de escolas publicados na imprensa. Também, a nível da racionalização e aplicação dos recursos materiais e financeiros disponibilizados à escola, tem-se verificado uma diminuição considerável dos mesmos. Os próximos anos continuarão a ser de exigência, contenção e rigor financeiro, por isso todos nós teremos de continuar empenhados a trabalhar na melhoria da qualidade das aprendizagens e dos resultados académicos dos nossos alunos, gerindo de forma eficaz e eficiente a utilização dos recursos humanos e a aplicação dos recursos materiais e financeiros postos à disposição da nossa instituição, ou seja, cortando no que é dispensável, agindo de forma a não comprometer o que é essencial e indispensável. Finalmente, uma palavra de apreço a todos os que tornaram possível e contribuíram para a publicação deste número da revista Instantes, na qual se têm vindo a guardar momentos marcantes desta escola que teima em traçar futuros. Bem Hajam!

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EDITORIAL

Prof. Rosário Cristóvão

A revista Instantes 4 apresenta-se como prova do testemunho de esperança que a nossa escola quer dar. A escolha da cor verde e a fotografia que ilustra a capa desta edição são reveladoras deste testemunho. Vive-se tempos conturbados, quer a nível nacional, quer a nível internacional. Preocupamo-nos a todo o momento com o que se passa à nossa volta, a crise económica, a eminência de graves problemas ambientais, a queda de antigos regimes políticos, a reviravolta política do nosso país, a instabilidade de leis que deixam de legislar e abrem um vazio que desmotiva mais do que orienta, a imprevisibilidade do futuro a todos os níveis, tudo isto são preocupações que acompanham a nossa tarefa de ensinar e aprender. A ESMTG prova que aguenta este turbilhão de mudanças! Soma e segue a traçar futuros, a reciclar ideias e projectos, a procurar diariamente o valor de cada um de nós e a enraíza-lo na comunidade educativa e a abri-lo à comunidade local. A presença da árvore mesmo no centro de um pátio por onde todos passamos. Passamos debaixo da sua sombra nos meses de Primavera. Tropeçamos nas suas folhas nos meses de Outono. Deixemo-nos guiar pela sua força. Sempre!

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A relação entre o SABE e as Bibliotecas Escolares Joaquim Carvalho, Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares

O Município de Portimão possui um Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares, designado por SABE, que funciona na dependência hierárquica da Divisão das Bibliotecas e Documentação, desde o ano 2000, coordenado por um Técnico Superior de Bibliotecas e Documentação, com vista a apoiar a criação e desenvolvimento das Bibliotecas Escolares. Só através de uma relação efectiva de parceria e cooperação entre a Biblioteca Municipal Manuel Teixeira Gomes e as escolas do município de Portimão, se poderão atingir os objectivos a que se propõe a Rede de Bibliotecas Escolares. A Biblioteca Municipal, através do SABE, tem apoiado as Bibliotecas Escolares desde a sua

implementação.

Esse

apoio manifesta-se

na

aquisição de

mobiliário e

equipamento, fundos documentais, tratamento documental, empréstimos de fundos


documentais às escolas, entre outros. Em 2010 o Município de Portimão assinou um protocolo de cooperação com as escolas dos diversos graus de ensino formalizando, assim, o Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares (SABE), que já era uma realidade.

No sentido de aprofundar o trabalho de parceria, em 2004 foi criado o Grupo de Trabalho Inter-concelhio das Bibliotecas Escolares de Portimão e Monchique, envolvendo todos os Professores Bibliotecários dos dois concelhos, com uma reunião mensal, rotativa por cada biblioteca escolar, no sentido de partilhar experiências, projectar acções comuns e uniformizar procedimentos. Foi elaborado um Manual de Procedimentos para as Bibliotecas Escolares, fruto deste trabalho que envolveu as escolas de Portimão e Monchique. A partilha de opiniões, o trabalho colaborativo, a formação formal e informal estão sempre presentes. Em 2010, as reuniões de trabalho passaram a “Círculo de Estudos”, como formação reconhecida e creditada pelo Centro de Formação de Professores Portimão. Neste momento a Rede Concelhia de Portimão conta com 18 Bibliotecas Escolares, desde o 1.º Ciclo ao Secundário, estando apenas uma escola no concelho que não pertence à rede de Bibliotecas Escolares (EB1 Montes de Alvor), embora já tenha fundo documental e equipamento, prevendo-se para breve a sua integração. As parcerias pautam-se também por projectos continuados de promoção da leitura, no âmbito do Plano Nacional de Leitura, tendo como exemplo “Um escritor na Biblioteca Escolar”, dirigido ao 1.ºciclo e envolvendo todas as escolas e alunos do município.

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DIAS DE ESCOLA Associação de Pais e Encarregados de Educação

PAIS NA ESCOLA

da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes email: associacaodepais@esmtg.pt

Associação de Pais e de Encarregados de Educação da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes email: associacaodepais@esmtg.pt

O que se passa com os pais deste país? Será que acham que os filhos quando vão para o secundário já não precisam dos pais?! Já são adultos?! Ou será porque acham que o papel de educador é só para os professores? Porque colocamos estas questões? Questionamo-nos porque numa escola com mais de mil alunos foi muito difícil encontrar pais disponíveis para constituir uma Associação de Pais que, para além do mais, por lei deve existir, pois faz parte das estruturas da escola. Mas aqui estamos nós, membros da Associação de Pais convictos de que a participação dos pais na vida escolar dos seus filhos pode influenciar, de modo positivo o seu desenvolvimento afectivo e escolar. Convictos de que a participação activa e a cooperação em actividades extracurriculares permitem à família melhorarem a ligação dos

jovens

à

comunidade.

Convictos

de

que

este

envolvimento

contribui

significativamente para uma educação de sucesso, com sucesso e para o sucesso. Através de várias iniciativas e em colaboração com as diversas estruturas da escola procuramos aproximar os pais à escola, dar-lhes oportunidade para conhecer o ambiente onde os jovens passam a maior parte do seu tempo, criando espaço para a reflexão, aumentando as possibilidades de compreensão e convívio saudável. Mas porque não vêm os pais à escola? Será este o reflexo da actual sociedade onde os valores da família têm vindo a ser progressivamente adulterados? Numa adaptação às novas realidades onde se fundem e se confundem formas de estar, onde a falta de rigor e coerência na educação criam instabilidade e confusão nos nossos jovens? São grandes as dificuldades e os desafios que temos que ultrapassar mas queremos nós ser os que “depositam” os filhos na escola e “depositam” os pais nos lares e asilos sem acompanhar e conhecer as condições em que estes vivem o seu dia-a-dia? Que possibilidades estamos a dar aos nossos filhos de se sentirem amados e se tornarem adultos responsáveis, capazes de encontrar a realização pessoal e profissional no futuro? Os jovens de hoje enfrentam, também eles, muitos desafios e incertezas! Vamos juntos assegurar um futuro melhor para os nossos jovens. Estar próximo, interagir, participar e colaborar diariamente na sua vida é a chave para atingir o grande objectivo – um futuro melhor para os nossos filhos.

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DIAS DE ESCOLA

REPRESENTANTE DOS ALUNOS Frederico Abreu

No ano lectivo 2010/2011 candidatei -me ao cargo de representante dos alunos da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, embora nunca tenha pensado chegar a concretizar tal objectivo. Estava enganado. O mais importante é estar determinado em representar os alunos e em defender os seus interesses, a qualquer momento. No meu entender, as principais qualidades de um representante é ser, principalmente, uma pessoa responsável, que saiba falar e actuar correctamente perante o órgão de gestão da escola, mas que saiba também resolver os problemas e as questões que surgem, para que as saiba resolver sem hesitações, procurando os meios adequados para que elas sejam resolvidas. Hoje em dia, é importante que haja um representante dos alunos para que este possa defender as suas causas e dinamizar actividades do interesse de toda a comunidade escolar. Temos sempre de dar valor aos objectivos alcançados por nós, porque para sermos bons representantes depende de nós e não dos outros, conseguindo boas propostas é uma das salvaguardas para um bom caminho para o sucesso como representante e aluno mas o mais importante é defender cada uma delas e não desistir. Espero que o próximo representante que tome o meu lugar seja uma pessoa responsável e saiba defender os interesses dos alunos tal como eu os defendi e que não vire costas aos problemas que surgem, porque ao virar as costas estamos a perder uma oportunidade de sermos respeitados perante a comunidade escolar e de fazermos o melhor perante os alunos da Escola Manuel Teixeira Gomes.

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DIAS DE ESCOLA Julieta Albuquerque Representante dos alunos do ensino nocturno

OS NOSSOS

Como representante dos alunos do curso EFA nocturno da Escola Manuel Teixeira Gomes em Portimão, tive a honra e o prazer de assistir pela primeira vez a uma reunião do

PROFESSORES

conselho pedagógico da referida escola. O que me foi dado ver e ouvir deixou-me super apreensiva, para não dizer super preocupada, com a vida dos nossos queridos professores. Uns mais,

outros

menos, mas todos têm

toneladas de assuntos burocráticos para fazer e resolver. Os nossos professores queimaram as pestanas a estudar, para poderem ensinar as nossas crianças a serem os homens e as mulheres de amanhã, incluindo serem também professores.

Tendo

actualmente

que

se

preocuparem com avaliações, com relatórios, com mapas e relações disto e daquilo como é possível sobrar tempo para aquilo que é realmente a profissão deles? Preparar as aulas, os testes, corrigi-los, actualizarem-se estudando o que de novo vai aparecendo. Como fica a parte emocional, a tranquilidade, a paz de espírito que é preciso para que o seu papel de professores seja bem desempenhado? Será que alguma vez pensaram que os grandes homens de hoje tiveram professores a 100%. Aqueles que apenas tinham que se preocupar com os seus alunos? Já se começa a perceber pelos novos pais, que não dão educação em casa aos seus filhos, porque os seus professores foram privados de puderem ajudar a essa educação. Hoje é aquilo que se vê. A educação no nosso país vai de mal a pior e a culpa não é, com certeza, dos professores, nem dessa tal avaliação.

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DIAS DE ESCOLA

O papel do profissional de RVC no processo de reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCC) Patrícia Carolino | Sandra Cristina |Vanda Pedro (profissionais de RVC)

DIAS DE ESCOL O profissional de RVC é um elemento da equipa técnico - pedagógica do Centro de Novas Oportunidades (CNO). Actua sobretudo ao nível do processo RVCC, como facilitador entre as aprendizagens do adulto, adquiridas ao longo da vida, e o Referencial de Competências - Chave, para uma certificação de nível básico ou secundário. Sempre que necessário, o Profissional de RVC acompanha os primeiros passos do adulto que interessado e curioso se dirige ao CNO para ver aumentadas as suas qualificações. Quando encaminhado para o processo de RVCC, já vai encontrar, organizado pelo profissional, um conjunto de materiais orientadores, desenvolvidos em parceria com os formadores, assim como um programa que inclui sessões de grupo e individuais para iniciar um percurso de exploração e reflexão das suas vivências. Durante todo o Processo, o adulto conta com o apoio do Profissional no reconhecimento das suas experiências de vida e na organização das suas competências num quadro harmonioso que é o Portefólio Reflexivo de Aprendizagens. O Profissional, também reforça as estratégias que o adulto implementa para a realização deste processo, apaziguando ansiedades, medos e terrores “que não vou ser capaz”, “não percebo nada”, “não consigo”, “vou desistir” e transforma-os em “desta vez já vai ser melhor”, “vou conseguir”, “quero terminar”, alimentando a motivação que conduz o adulto à etapa final de certificação. O Profissional, não trabalha apenas com histórias de vida trabalha também com lições de vida, que o fazem crescer pessoal e profissionalmente.

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S.P.O. na ESMTG

Psicólogo Rodrigo Fragoso

A Escola Secundária Manuel

uma organização e orientação onde

Teixeira Gomes tem ao serviço de toda

se coloca em prática uma dinâmica

a comunidade escolar, ou seja, alunos,

sistémica,

professores,

educativos são parte importante e

educação

encarregados e

famílias,

o

de Serviço

Psicologia e Orientação. Este

fundamental efectiva,

da

todos

para

onde

é

os

uma

agentes

mudança

necessário

uma

escola

tem

consciencialização do esforço e do

objectivos,

o

gosto pelo saber e pelo aprender de

acompanhamento individual de alunos

forma a alcançar sucesso escolar. É

com dificuldades ao nível emocional,

também essencial o empenho dos

comportamental

de

encarregados de educação, tendo

aprendizagem, o desenvolvimento de

este um papel fundamental como

programas de métodos e hábitos de

guias

estudo, acompanhamento de alunos

educandos, não só a nível educativo,

com

como também, na construção do seu

como

serviço

onde

principais

e/ou

Necessidades

Especiais/Avaliação Orientação

Especializada,

Escolar

participação

e

Educativas

e

em

o

sucesso

dos

seus

projecto de vida.

Profissional,

colaboração

para

É de salientar que este serviço se insere numa escola de grande

Conselhos de Turma e reuniões com

humanismo

Professores

alunos, professores e funcionários, com

e

Encarregados

de

que

integra

todos

os

Educação com vista à eliminação e/ou

sentido

diminuição de comportamentos menos

trabalhando para a construção de um

correctos

futuro melhor.

e

dificuldades

de

aprendizagem. O

desenvolvimento

de

todo

este trabalho só é possível através de

de

responsabilidade,

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XII CONFERÊNCIA DE FILOSOFIA DA TEIXEIRA GOMES

dias de saber | dias de filosofia

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filosofia da música Prof. Aires Almeida

O que é a música? Há quem se apresse a responder que a música, ao contrário do simples ruído, é som organizado. Bem, quando falamos, também estamos a produzir sons organizados e isso não é música. O que distingue, pois, um evento sonoro musical de um evento sonoro não musical? Este é o problema da definição de música. E, apesar de poder interessar também os musicólogos, é um problema filosófico: é um problema de filosofia da música. Eis outro problema de filosofia da música, mais precisamente de ontologia da música: que tipo de objecto é uma obra musical? Será uma entidade concreta, situada no espaço e no tempo, como o quadro Mona Lisa, por exemplo? Ou será antes algo abstracto, como é, talvez, o caso dos números? Pensemos na 5ª Sinfonia de Beethoven. Se essa obra do compositor alemão for uma entidade concreta (um


particular concreto, como dizem os filósofos), onde se encontra ela? Na gravação em CD que tenho agora na minha mão, ou nos milhares de outras gravações diferentes que se encontram nas mãos de outras pessoas? Mas, se está em tantos sítios diferentes ao mesmo tempo, será coerente afirmar que existe apenas uma 5ª Sinfonia de Beethoven? Talvez essa obra se encontre apenas na partitura que todas essas interpretações tomam como referência. Acontece que a partitura é papel pintado e papel pintado não é música. Não será a obra, afinal, o que estava na mente de Beethoven quando ele escreveu a partitura? Bom, mas se a obra estiver na mente do compositor, então ela já não existe, pois o compositor já morreu. Talvez a 5ª Sinfonia de Beethoven seja antes algo que existe e sempre existiu (uma determinada estrutura sonora) e que o compositor alemão se limitou a descobrir. Mas, nesse caso, a obra não é uma criação humana e Beethoven não é realmente um compositor. Problema difícil, este! Instantes | 12

Já agora, o que nos permite dizer que uma dada execução musical é uma interpretação da 5ª Sinfonia de Beethoven? O critério será estar de acordo com a partitura, isto é, com o conjunto das instruções dadas pelo seu autor? Nesse caso, se um executante se enganar numa nota e der um Ré onde, por exemplo, está um Dó, continuaremos perante uma interpretação da mesma obra? Diríamos que sim. Afinal, trata-se apenas de uma nota diferente do que está na partitura. Mas, se uma nota não faz diferença, por que razão duas haveriam de fazer? E, já gora, três? E quatro? E…? Em que consiste, então, a identidade de uma obra musical? Humm... Um aspecto que todos destacam na música é o seu poder expressivo: as pessoas falam frequentemente na capacidade de a música exprimir emoções. Mas o que quer isso dizer? Em que sentido a música exprime emoções? Será que há mesmo emoções (como tristeza, alegria, euforia, raiva, etc.) na música? Como assim? As emoções são, ou envolvem, estados mentais e é simplesmente disparatado acreditar que a música tem estados mentais; ela é apenas som. Talvez a música não exprima realmente emoções, mas se limite a despertar emoções no ouvinte e, assim, a tristeza, euforia, alegria, etc. estejam apenas em quem ouve. Nesse caso, diferentes ouvintes poderão ter emoções diferentes perante a mesma obra musical. Só que isso não bate certo com o facto inegável de pessoas diferentes, em estados emocionais diferentes,


serem capazes de concordar que determinada peça musical é triste ou que é alegre. Podemos estar alegres e reconhecer que a música que ouvimos é triste; e vice-versa. Parece, afinal, que há qualquer coisa na música que nos faz dizer que é triste ou que é alegre. Mas o quê e como? E, já agora, por que razão havemos de querer ouvir música triste (ou música que nos causa tristeza), apesar de, em condições normais, evitarmos estar tristes? Como se vê, há aqui muito para discutir. Estas foram precisamente algumas das questões abordadas por Vítor Guerreiro na XII Conferência de Filosofia da Teixeira Gomes, realizada na passada sexta-feira. A conferência cedo se transformou num animado debate, graças à intervenção empenhada de vários participantes, alunos e professores. E a conversa prolongou-se até ao fim da tarde. Por último, e de modo algum menos importante, a XII Conferência de Filosofia contou com a extraordinária presença e actuação ao vivo da Orquestra de Câmara da Escola de Música Joly Braga Santos, de Portimão, sob a orientação do maestro João Miguel Cunha. Também se assistiu a uma extraordinária apresentação do violinista João Pedro Cunha. Um bem haja à Escola de Música Joly Braga Santos pelo seu excelente trabalho no ensino e promoção da musica!

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dias de saber | dias de ciência

casa da ciência e da tecnologia Prof. Amélia Taveira

Este projecto da escola tem, como se sabe, o lema: “fazer as boas perguntas (e tentar encontrar as melhores respostas…) – vencer desafios!”. Não sem algumas dificuldades, foi isso mesmo que fizemos! Representámos a nossa escola em Lisboa (Ciência Viva), na Lousã (Câmara Municipal), no IPAD, no Visionário, na Finlândia, na ANQ (Projecto seleccionado no concurso “Projectos com Futuro”). Abordámos temas tão vastos e diversos como (as nossas Salas) Astronomia, Meteorologia, Física, Química, A brincar, a brincar (ciência para os mais novos), Electricidade, Electrónica, Robótica/Domótica, Informática, Programação, Mecânica, Instantes | 14

Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Cultura Geral e Música. Para património da escola, conquistámos material inovador; esgalhámos robot’s (e demos-lhes alma, i.e., algoritmo); construímos engenhocas electrónicas, eléctricas e mecânicas e outro material didáctico de demonstração; elaborámos cartazes soltos, ou ligados a um tema, se fosse caso disso e oportunidade houvesse, comemorámos datas específicas porque sim ou outras porque nos apeteceu; desenvolvemos trabalhos científicos de grande qualidade e outros nem tanto; lançámos concursos; fomos visitados por turmas de escolas primárias de Portimão e Alvor (e até nas férias, de Alcobaça….) fomos nós lá, brincando a sério; criámos jogos didácticos interactivos; trouxemos à nossa escola oradores extraordinários e também orámos nós; ouvimos boa música…e até vimos as estrelas… (E, entre nós, membros da Casa, até tivemos o privilégio da Formação, por duas vezes, - Obrigada Fernanda Baptista Marcelino! – (à laia de Adeus) – e de elaborar materiais adequados aos novos equipamentos). Nunca o conseguiríamos – nem quereríamos, aliás –, sem alunos, pois é para vós que trabalhamos! Felizmente, não cabem aqui todos os nomes dos alunos que acreditaram que o entusiasmo faz crescer (por dentro) e que seguramente estão maiores, hoje. Eles sabem-no bem.


Parece-nos pouco comparando com aquilo que queríamos fazer e poderíamos alcançar…. Mas isto de ensinar é difícil e exigente – tal como o nosso mentor – o extraordinário poeta Rómulo de Carvalho. Não, não nos enganámos no nome, pois como dizia outro (maior ainda) o Binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo. O que há é pouca gente para dar por isso…

óóóó

óóóóóóóóó

óóóóóóóóóóóóóóó

(O vento lá fora.) Acreditem! Bora lá?!?

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dias de leitura

LE.I.A Quem somos Prof. Ana Gonzaga e Rosário Cardoso

LE.I.A. – Letras, Imagens e Afectos - é um projecto que nasceu no ano lectivo de 2009/10, da vontade expressa de alguns alunos de Literatura Portuguesa. Tem-se afirmado como um espaço de partilha de experiências de leitura e de escrita, mas também de liberdade e de afecto. No corrente ano lectivo aparece renovado: ao responder afirmativamente ao convite endereçado à escola pelo projecto LER+do Plano Nacional de Leitura, para a criação de um clube de leitura, ganhou a sigla M.L.M. – Melhores Leitores do Mundo, integrando agora na sua estrutura um verdadeiro clube de alunos leitores. Permanece, no entanto, sempre aberto às sugestões de leituras que nos queiram enviar e que teremos o prazer

de

publicar

no

nosso

blogue

www.leia-

esmtg.blogspot.com. Objectivo do projecto tem sido também o de “converter” ao prazer da leitura alguns mais difíceis de convencer. Para isso, e além das actividades normais de um clube de leitura –selecção, leitura de obras e debate sobre as mesmas, temos vindo a organizar sessões com escritores, projecção de filmes, e um concurso fotográfico alusivo à temática da leitura. Todos sabemos que o caminho não é fácil, mas ficar parado não é de todo a solução. Uma palavra de apreço aos leitores do nosso clube pela forma empenhada e entusiástica como participam.

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dias de leitura A propósito de livros

Motivos de escolha de um livro Tomás Varela | 10.º N

Chamem-me as mais feias banalidades, pois banais foram os motivos da minha escolha. Acusem-me de todas as superficialidades, pois superficiais foram os motivos da decisão. A escolha desta obra não tem nenhuma história comovente, hilariante ou até mesmo com algum interesse relevante para aquele que estas palavras lê. Não passa de uma história comum resultante da subtileza do destino. Instantes | 17

Ele lá estava, na estante entre livros maiores e mais vistosos, suplicando por atenção. Li-lhe o nome, O Cavalo a Tinta-da-China. Bonito, pensei. Por fim, cedi aos seus queixumes. Retirei-o daquele canto escuro e sinuoso e fitei-o com reprovação. Naquele momento, admito, teria pensado em tudo menos naquele, até porque, para uma pessoa que vai iniciar uma leitura de um livro desconhecido, a aparência, quer queiramos quer não, assume um papel bastante pesado. Vasculhei, por entre as suas páginas, por uma centelha de identidade, a sua identidade, ou seria a minha? Corri para a minha mãe, a cabeça infestada de dúvidas, e perguntei-lhe se já tinha lido o livro. Respondeu-me que não. O mistério persiste. Por fim, pensei que, quem iria ter, forçosamente, de descobrir os segredos escondidos no seu interior era, inevitavelmente e sem a menor das dúvidas, eu! Abri a primeira página, li o texto inicial, a escavação começou.


A propósito de livros

dias de leitura

Um livro lido no LE.I.A

O rapaz do pijama às riscas John Boyne Tatiana Martins | 11.º F

O Holocausto foi, sem sombra de dúvida, o pior e mais horrendo período da História pois evidenciou o quão irracional se pode tornar o Homem, capaz de sacrificar a sua humanidade, em prol de uma utopia. Em O Rapaz de Pijama Às Riscas, este tenebroso episódio é-nos relatado segundo o inocente ponto de vista de Bruno – filho de um general nazi que se viu obrigado a mudar de casa para a contiguidade de um campo de concentração. Bruno trava uma amizade com Schmuel, um jovem judeu, que definha a pouco e pouco, aos olhos de Bruno, sem que este fizesse algo significativo para o impedir. Inicialmente, confesso que estava bastante ansiosa por ler este livro, pois sou uma entusiasta de temáticas relacionadas com o nazismo. Contudo, o meu interesse desvaneceu-se à medida que progredia na leitura. A cada página que lia, mais interesse perdia; a história ficou muito aquém das minhas expetativas e, inclusive, do próprio potencial do tema. O autor talvez tenha tentado proporcionar ao leitor a oportunidade de conhecer a história segundo uma perspetiva mais ingénua, crédula e pueril, no entanto, acabou por mitigar a brutalidade das decisões e consequentes ações tomadas. Ignorou a agonia e sofrimento patentes nas súplicas por misericórdia, as lágrimas que foram choradas, as preces que nunca foram ouvidas, ignorou as almas que penaram sem qualquer demonstração de compaixão face ao seu pranto. Na minha opinião, é uma afronta à realidade vivida pelas vítimas desta nefanda realidade e um insulto ao espírito crítico das crianças. Este episódio marcou para sempre a história da Humanidade pelas piores razões, no mínimo, devemos ter em consideração a realidade, não o seu eufemismo.

Instantes | 18


Should homosexual couples be allowed to adopt children? Rui Nascimento | 11.º C

As everyone knows two people of the same gender can’t naturally and biologically be parents. So, if a couple with two people of the same gender, that is, if a homosexual couple wishes to have children, they wouldn’t be able to do it in a biologically natural way, and therefore, they would have to use a different way as, for example, adoption. And despite the recent legalization of homosexual marriages in Portugal, the adoption of children by these couples wasn’t legalized. But aren’t these couples ready and able to adopt and raise a child? Some experts in psychology say that a child needs a male and a female reference to develop physically and psychologically and a homosexual couple would have no chance to give them that. But what about the countless people whose father or mother were less present or

Talentos

weren’t present at all and ended up developing normally? The ones against homosexuality may also argue that this relation between the couple and the adopted child can promote homosexuality in the latter. However, no one knows what generates homosexuality and there is no statistical evidence capable of supporting this argument. Furthermore, people with this type of sexual orientation are also human beings and, as such, they should have equal rights and freedom as heterosexual people. Since the latter are free to adopt children and educate them, homosexual couples should also have this option available to them. There are also the best interests of children. Wouldn’t it be better for these children to be brought up with the dedication and attention of a family, even a homosexual one, than growing up in an institution where the conditions are limited? Of course, the child may be discriminated against but this is society’s fault for having such a conservative mindset and that ends up disrespecting those who are different. In conclusion, if these couples have conditions to support a child, they have as much right to adopt as heterosexual couples, since their development doesn’t depend on gender nor on sexual choices of their parents and this would be a beneficial change for them. It is also important to notice that what is being discussed here is the promotion of the child’s happiness and the social acceptance of this kind of adoption will promote the integration of the child in the society and also his/her happiness.

Instantes | 19


Talentos Come, lay with me Nuno Antunes | 12.º E

Come, lay with me. Share your dreams and tales; There’s no line you can’t see, We are one, our mind prevails. So come, Cross the broken frame. Look through, Forget what you became. Come, sleep with me. Skip the mindless days, Dream of life, of horizons, Don’t be you in vain. They will look at you, See your eyes through your veil. And they will threaten you But you’ll never wail. Come, flee with me! Let your wings grow free, Move your feet in the breeze They are blind, but I’ll see! Though, in shame, you trembled You broke out. You’re free. Now your heart is mended, Will you watch over me?

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Talentos

Shutterbug Gonçalo Rochato | 12.º G

Whenever I feel down, sad, melancholic or even blue Bored, unhappy and I have nothing to do I’ll grab my camera, my creativity and I run away I take as many pictures as I can, and it makes my day

My camera and I become one She’s like my mother, and I’m her favourite son Together we shoot the world one-click-at-a-time Photography becomes Poetry; a picture turns into a rhyme

And that’s why they call me Mr. Shutterbug Because photography is like a hallucinogenic drug It takes over my mind, body and soul I lose all my senses; my self-control Instantes | 21

No matter if it is a portrait, landscape or a mere object There will never be a subject I could possibly reject I will take pictures of whatever comes in front of my sight As long as I make magic with my camera I will be alright

Photography is my art, my passion, my lover There’s a whole wide world left to discover From the sunny, breezy countryside to the blinding city lights I’ll capture all the people, all the life and all the sights

The world seems different from my perspective Behind those thick lenses I often feel introspective And I wonder what makes photography so endearing to me The answer is obvious - it’s everything my eyes can see.


The Seven Ages of Man – Revisited The colors of the rainbow Inês Metello | 12.º G She was sitting in the kitchen’s balcony when, looking through the window at the mackerel sky, she took a deep breath and said: I don’t want to grow old. Sooner that day, Anna was walking in the park when, behind big trees and surrounded by chubby pigeons, she spotted an old and wrinkly man, with a hump on his back. His face had a sad expression, an image of loneliness and life scars. “He needs company”, she thought, and while she approached the bench, Anna looked him in the eyes. They were clear and limpid, but had a strange depth followed by a crystal blue waterfall that took his vision probably years before. His hands were dry and tremulous, filled with small crumbs that would feed his flying friends. At the time she took her seat, the man coughed to an unclean handkerchief and made a sincere smile. “Would you like to hear a story?” he asked, and while he looked at the rainbow that had just formed, he started his narration: You see, life is more or less like the rainbow above. Our course is divided into seven stages, just like the rainbow is divided into seven colors. In the beginning, red; it represents the passion, blood and love out of which we were born. Then, orange; it is a warm color, like red, and shows the movement and energy we feel when we are an infant: freedom. Yellow transmits relaxation, exaggeration and optimism and is usually

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associated with summer; adolescence can be easily compared to this color. The meaning of green is youth force, hope and calm; this is the kind of

Talentos

feelings you encounter in your early adulthood. Blue is the color of our mind and thought; it is the symbol of loyalty, fidelity and personality – traces that begin to evolve in our adulthood. After that, life starts to become colder. Indigo is a sad color; it is rather tranquilizing and especially good in moments when you start to feel alone, like in our old age. And me, well, I can’t call myself Indigo anymore. I’m violet; it is all about spirituality and fake intuition, dementia and decrepitude. When the rough, rasping and tired voice finally stopped with a heavy sigh, Anna’s eyes were filled with tears, almost falling onto her hands. There she was, alone with an old man, having nothing to say that could eventually reduce his pain. He had no family to support him anymore and the garment he almost certainly wears the most is a black tie and suit, necessary to the constant mourning parade of his life. He no longer could see the world, stand on his feet or even taste the sugar of life. He no longer loved what he saw in the mirror or fell the love of others around. He had nothing. He was nothing. And so would she be. A few moments later, Anna started to feel small drops on her shoulder; the rain had started again and she had to leave. When she asked the man where he was going he just said: “There’s no rain where I’m heading. I’m enjoying it while I can”. No, she didn’t want to grow old.


Talentos Free Writing Sofia Fortunato | 12.º E

On top of the roof the air is so cold and restless. The sky thunders wails of sorrow. It is my unspoken voice. It screams all that my melancholic self can’t. All those unshed tears trace now their long ago destined path. Life has done me wrong and all my rescuers are long gone. I’m alone and aching.

I wander once more through the memories that will soon leave me, fading away like the clouds that strut before my eyes, mocking at the bruises life left in my soul.

Funny things about memories, they remain hidden until they’re not ours anymore and we want them back, begging time itself for something that will not be given back. “Will you always be my friend? Are you always going to be there when we grow up? Are you?” “Cross my heart” We used to take long walks and talk about our dreams and desires. “I want to be a dancer and perform for millions in Paris.” “And I want you to be happy.” “You’re my best friend. I always feel good when you’re with me.”- I say leaning my head on his shoulder, closing my eyes and feeling the warm embrace of the sun. -“But I wish you wished something for yourself.” “I just did. You’re my friend, Claire, and your happiness makes me happy.” Down on the street hundreds of people pass, oblivious to the tears that taint the rain falling on their umbrellas. “I’m not sure…” “Trust me, you’ll do great. Now, shift into first and slowly take your foot off the clutch and at the same time gently press the accelerator.” “I did it! I’ve got my driver’s license!” “I told you you could do it”- he says tossing me the keys-“ now let’s go for a spin.” I scream out of the pain and guilt in my heart. It was my fault, I should have seen it, but I didn’t.

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“Look ou!t” I hear him scream and next thing I know the car is upside down. “Damien, I’m so so sorry… What have I done? I have to get you out…” “Shh, Claire stop. It wasn’t your fault. Get out of the car, i… it migh… might explode soon.” I gasp for air. My sobbing makes it difficult for me to breathe. “I’m sorry. I’m so sorry” “I’m not leaving you here” “Leave, please. For me” “No. I’ll stay here” I say clutching to his hand. “I’m sorry, I’m so sorry” I wish it had been me “ Claire … don’t you forget about me. Don’t forget our dreams.” “"May his soul and the souls of all the faithful departed through the mercy of God rest in peace." “Murderer! ” “You should be the one that’s 6 feet under!” Holding onto to fading memories, my heart is heavy and I’m all out of hope. My dreams are all the company I keep in the cold emptiness of the world. I long for peace, I’ve walked too long in this lonely lane, being eyed down by prejudiced eyes like I had stolen the sky, the frozen sea and its icy tide, and having a thousand fingers pointed at me. I fought back the tears and tried to mend the broken pieces, but they don’t care to see beyond lies and accusations. I trade the token of all I am for my escape and soon my burden will rest in the depths of a water grave of someone’s tears.

The sun’s rising. I’ve got such a feeling as it comes up, architect of my soul relief.

“If you ever feel like tomorrow will not come, think of yesterday and that the sun rose for today.”

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Prémio literário Conto de Natal

O PAI NATAL EXISTE Joel Duarte | 12.º F

Simão Lopes sempre receou chegar à idade adulta, ao contrário dos seus colegas da escola. Era jovem, de doze anos, sem certezas de nada. Chegar à idade do pai preocupava-o;

não

iria

ter

tempo

para

os

filhos,

carregar

toneladas

de

responsabilidades e deixar para trás o mundo perfeito da infância. Nascido e criado numa casa um pouco maior do que as outras, numa cidade pacata no norte do país, Simão nunca conheceu a sua mãe. Foi o seu pai, Valter Lopes que o criou em conjunto com a governanta Lúcia. Valter era um dos homens de negócio mais ricos da província, o que o deixava indisponível para Simão. Cabia a Lúcia dar a atenção necessária ao petiz. Porém, Simão sabia que nem tudo era um mar de rosas. Sentia saudades do carinho e amor de pai. A sua ausência era um tormento que aumentava a cada dia que

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passava. Não negava que a companhia de Lúcia era importante, pois se não fosse ela, a esta hora, Simão seria um estranho ou um fantasma a vaguear pela enorme casa, enquanto o pai

Talentos

permanecia no seu escritório a construir o seu próprio mundo de solidão. Num destes dias, Simão viu que faltava um mês para o Natal, a época que mais adorava. Era uma das poucas alturas que podia ter o pai sentado a seu lado, numa refeição agradável, com um ambiente de felicidade e união, tudo aquilo que ambos precisavam, não só na época natalícia, mas para a vida inteira. Simão encontrava-se a lanchar, depois do último dia de aulas daquela semana, na companhia de Lúcia. “Então, menino, já escreveu a sua lista de presentes ao Pai Natal?” - perguntou a governanta. Simão riu-se e respondeu, “Já cresci o suficiente para saber que o Pai Natal não existe.” Lúcia riu-se igualmente. “Muito bem. E sem ter escrito a lista, já pensou num presente?”. “Sim… quero o meu pai de volta.” – respondeu Simão. Lúcia ficou séria. O rapaz para quem ela olhava já não era a criança inocente que viu crescer e brincar, mas sim um jovem a entrar no mundo real, capaz de perceber e lidar com as verdades que viviam em seu redor. Se assim era, Lúcia tinha de


compreender o que se passava na cabeça de Simão. “Menino, porque pede o seu pai de volta? Não o tem?”. “Tenho-o, mas não passamos de desconhecidos um para o outro. Moramos na mesma casa e é só essa a ligação que vejo entre nós. Tenho pena e choro essa realidade. Se o Pai Natal existe, então peço-lhe que me traga o meu pai. O meu verdadeiro pai.” Se Lúcia estivesse sozinha, teria dito a Valter para abrir os olhos, para ver que, acima de tudo, tinha um filho que não desistia dele, que o amava. “Menino, venha comigo. Vou-lhe mostrar uma coisa.” Sem contestar, Simão seguiu Lúcia até ao sótão, onde residiam velharias, familiarizadas com pó e teias de aranha. Entre essas velharias, muitas delas com décadas de existência, encontrava-se uma pequena caixa. Lúcia aproximou-se e trouxe-a para perto de Simão. “Quando o seu pai era mais novo, costumava guardar tudo o que lhe fazia feliz nesta caixa. Não sei se deveria mostrar-lha, mas já cresceu o suficiente, não é verdade?”. E foi com um sorriso terno que deixou Simão a sós com a caixa. Sentindose perfeitamente à vontade, o jovem sentou-se e abriu-a… No seu interior encontrou diversos objectos como uma pequena bola de trapos, um carro de corda, um pião e uma fotografia a preto e branco, entre outros. Mas aquela fotografia despertara-lhe uma especial atenção. Não demorou muito para reconhecer o pequeno rapaz que estava naquela fotografia. Era igualzinho a si, mas mais novo. Era o seu pai. Estava abraçado ao seu pai, o avô que Simão nunca chegara a conhecer. Na mão tinha o carro que estava na caixa; fora uma prenda de Natal. Estavam felizes, pai e filho. E, subitamente, Simão sentiu um grande aperto no peito. Nada do que via na fotografia correspondia ao que o pai lhe disse uma vez quando lhe perguntou porque nunca sorria quando recebia as prendas que Simão lhe oferecia pelo Natal. Não passavam de desenhos, mas feitos com amor. A resposta foi severa “O teu avô disse-me uma vez «Não percas tempo com o Natal, não passa de uma época inútil onde pessoas esbanjam o dinheiro que levaram a poupar o ano inteiro.» E agora eu te digo para não perderes tempo a gastar as mãos com estes desenhos; elas poderão vir a ser-te úteis um dia.” No dia seguinte, Simão nada comeu. Não conseguia perceber o que vira na fotografia e compará-la com o que o pai lhe dissera há dois anos. Na fotografia notava-se o amor que ambos sentiam um pelo outro, mas não era isso que Simão notava com o seu pai. Deduzia o impensável: o pai não o amava. Ele era apenas um peso nos seus ombros, por isso pouco ou nada estava com ele, por isso pouco lhe falava. “Ele acusa-me da morte da minha mãe. Só pode ser essa a resposta.” Nos dias que se seguiram, o estado de Simão era lastimável. Começou a emagrecer por não comer nada. Passou a ignorar os trabalhos de casa e os amigos da escola. Lúcia tentava a todo o custo fazê-lo comer, mas em vão. Quando tentava conversar

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com ele para perceber o que se passava, Simão não respondia ou ignorava ter algum problema. Mas na sua cabeça, ele era o problema. E assim continuou, Simão Lopes, refém de um pensamento que o estava a atirar para a depressão, para o maior e mais frio dos mundos: o da solidão. Aos poucos foi deixando de falar. Cada vez as frases eram mais curtas, ficando-se por respostas simples e objectivas como: não, sim, está bem. Esta situação preocupava Lúcia mais do que nunca. Em todos os anos que trabalhara naquela casa, nunca encontrara ninguém naquele estado. Falar com Valter era como falar com uma parede. “É a puberdade, também nós por lá passámos.” Era a resposta do engenheiro Valter Lopes, pai de família. Numa última tentativa, Lúcia entrou no quarto de Simão e encontrou-o a escrever uma carta. “Uma carta para o Pai Natal, Simão?”. “Mais ou menos”, respondeu com voz rouca. A ausência de diálogo era visível nestas alturas. “Posso lê-la?”- perguntou Lúcia. “Podes” - disse poisando a caneta e entregando-lhe a carta. Lúcia leu-a do princípio ao fim e ficou chocada, contudo, fez os possíveis e os impossíveis para não o demonstrar. “É intensa, menino. Que quer que faça com ela?”, “Guarda-a numa mala, como o meu pai fez com as coisas dele.” E foi assim que Lúcia se dirigiu para a porta do quarto. Deteve-se e olhou para o jovem Simão. Lembrou-se, por momentos, de quando ele estava alegre, corria e saltava no jardim, de quando era feliz. “Tenho saudades do antigo Simão, sabe?”, confessou numa tentativa desesperada de o chamar à razão. Ele olhou-a com olhos murchos e pálidos “Também eu.” E sorriu antes de se meter na cama. Lúcia aproveitou para sair. Não aguentou mais. Eram raras as vezes em que se ia abaixo, mas este era o culminar da sua paciência. Chorou por muito tempo, antes de fazer o que já devia ter feito há muitos anos. Bateu à porta do escritório de Valter. Ao ouvir a ordem, entrou e avançou até à secretária onde o seu patrão trabalhava sem desviar os olhos do computador. “Passase alguma coisa, Lúcia?”, perguntou com pouco interesse. “O seu filho, senhor. Não está bem.”, “Bem sei, mas já sabemos como são os jovens nesta idade, certo?”. Lúcia não aguentou. Sentiu o seu peito a arder e disparou. “Como se atreve a não ligar ao seu próprio filho?! Nunca ninguém o viu assim! Na escola as notas desceram este período, queixam-se dele, sentem falta dele. Eu sinto a falta dele!” – exclamou Lúcia desesperada. “Que queres que faça? São fases da vida.” –

respondeu Valter

indiferente. “Ajude-o, senhor, seja o pai que nunca foi!”- atreveu-se Lúcia a dizer. “Na minha idade também passei por aquilo e tu sabe-lo muito bem. Ninguém me ajudou.” – justificou o pai. “Os tempos mudaram! E não, o senhor, nunca passou por aquilo. Trabalho cá há cinquenta anos e é a primeira vez que me deparo com semelhante

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situação. Assuma a sua condição de pai!” – disse Lúcia num acesso de coragem. Valter bateu na mesa. “Chega! Ainda está para vir o dia em que acatarei os conselhos de uma governanta!” – respondeu furioso e voltou novamente para o seu trabalho. Lúcia estava Já sem forças. Então, numa tentativa desesperada, investiu novamente. “E os conselhos de uma velha amiga?”. Aquelas palavras tocaram em Valter. Com elas percebeu que realmente algo de anormal se passava, então,

concentrou toda a sua atenção em Lúcia.

“Sim… isso sou capaz de ouvir.” Lúcia tinha

“A doença dele não se

conseguido começar a abrir os olhos de Valter!

cura com um médico. Eu

Não iria perder semelhante oportunidade! “Por

sei qual é o seu mal: falta de atenção. Ele precisa de si,

precisa

de

um

favor, senhor, ele não está bem. Não come refeições completas, não fala com ninguém. Está doente.” – explicou Lúcia. “Já chamaste

pai.

um médico?” – inquiriu o pai. “A doença dele

Precisa de si mais do que

não se cura com um médico. Eu sei qual é o seu

nunca!” – disse Lúcia com

mal: falta de atenção. Ele precisa de si, precisa

voz a tremer. “Mas o que originou

tudo

perguntou

o

admirado.

“Ele

isto?” pai

de um pai. Precisa de si mais do que nunca!” – disse Lúcia com voz a tremer. “Mas o que originou tudo isto?” – perguntou o pai muito

muito

admirado. “Ele viu uma fotografia onde estava

uma

o senhor com o doutor Lopes. Estavam felizes. E

fotografia onde estava o

nunca o viu ser assim com ele. Então, acha que

viu

senhor com o doutor Lopes. Estavam felizes. E nunca o viu

ser

assim

com

ele.

Então, acha que o senhor o

o senhor o culpa pela morte da mãe, a senhora Renata.”- disse Lúcia já a chorar. Valter levantou-se alarmado. Valter percebeu, então, que algo de errado se passava com o seu filho. Lúcia entregou a carta que Simão

culpa pela morte da mãe,

tinha escrito e retirou-se. Valter leu-a em voz

a senhora Renata.”- disse

alta, para que tudo o que lesse lhe preenchesse

Lúcia já a chorar.

o cérebro. “Sabes o que pedi este ano pelo Natal? Pedi-te de volta. Se conseguisse obter

isso pelo Natal era sinónimo de que o Pai Natal existia. Mas a cada dia que passa sinto que ele

não é mais do que uma história. Tenho pena. Queria que concretizasses o meu pedido. Sabes, pai, embora julgue que não gostas de mim, eu sempre gostei de ti. Quando vi a tua fotografia com o avô e vos vi tão felizes, deduzi que talvez tivesse nascido na família errada, pois não notava nada daquele amor entre nós os dois e hoje choro essa falta. Queria que tudo fosse diferente. Queria que tivesses mais tempo

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para mim, queria que fizéssemos mais coisas juntos, queria que jantássemos todos os dias e não só no Natal, no meu aniversário ou quando há algum evento na tua empresa. Queria-te a ti para sempre, porque te amo acima de tudo e tenho saudades tuas. Bom Natal, paizinho, amo-te para todo o sempre.” No verso da carta encontrava-se a fotografia do pai com o avô. Ao ver tamanha felicidade, Valter chorou. De facto, em doze anos nunca tivera um momento tão feliz com o seu filho. Sentiu que fora sempre ausente e que nunca dera a devida atenção a quem realmente lhe tentava dar valor e a quem o amava. Tudo isso tinha de mudar. Pegou no telefone e apressou-se a ligar para a sua empresa, informando que não iria trabalhar nos próximos dias. Ao sair do escritório, deparou-se com Lúcia que limpava as lágrimas. Valter aproximou-se e beijou-a na testa. “Obrigado, Lúcia. Prepare o maior banquete para a ceia de Natal que alguma vez fez.” Dirigiu-se para o quarto do filho. Simão estava a dormir. Avançou e sentou-se perto dele, despertando-o. “Pai?”, “Estou aqui.”, “Li a tua carta, filho.”, “Desculpa ter-te magoado. Não fiz por mal.”, “A morte da tua mãe foi muito dura para mim. Mas sabes qual foi o lado positivo? Foi teres nascido.”, “Então, não me culpas?”, “Claro que não, Simão. Tu foste o fruto do nosso amor. E quem tem de pedir desculpas aqui sou eu. Desculpa por não ter sido um pai presente, por nunca te ter dado a devida atenção, por não ter sido um exemplo a seguir para ti, por todo o mal que te causei. Serás capaz de me perdoar?” – perguntou o pai emocionado. Simão olhou para os olhos do pai. Percebeu que estivera a chorar e que havia sinceridade neles, então, abraçou-o. Valter sentiu o seu coração a bater como nunca. Aquele era o melhor abraço que alguma vez lhe fora dado por alguém. Era um abraço de amor, de alguém que amava e era amado. “E queria agradecerte. Por me teres feito sair deste mundo estúpido onde estava, de me fazeres voltar a ter um objectivo na vida: amar um filho com tudo o que temos. Eu amo-te, filho, com todas as minhas forças, com tudo o que tenho em mim.” – disse o pai . “E eu a ti, paizinho”, disse beijando-o na face. “ E eu a ti…” Algumas horas mais tarde, ambos desceram para jantar, juntamente com Lúcia. Valter vestira o seu melhor fato, fizera a barba e arranjara o cabelo. Lúcia deixara de parte o seu uniforme para se apresentar com um vestido elegante. E quando Simão se apresentou, ambos sorriram. Não tinha nada a ver com o que viram horas antes. Tinha outro aspecto. A sua cara deixara de estar pálida para reavivar o seu habitual sorriso, sendo por ele conhecido. Lúcia voltou-se para Valter, também sorridente. “Salvou-o, senhor, salvou-o. Muito obrigado.”, “Não, Lúcia, ele é que me salvou a mim.” Há muito tempo que nenhum dos três tinha um jantar abundante em alegria, união e, mais importante, família. As horas passaram sem ninguém dar por isso e só deram pela chegada da meia-noite quando o relógio tocou. Correram para junto dos presentes.

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Não havia muitos, mas os suficientes. Antes de os abrir, Simão ajoelhou-se perto do presépio e agradeceu todo o jantar, a presença do pai e que todos no mundo fossem tão felizes como ele naquele momento. Posto isto, Simão abriu a primeira prenda. Ao vê-la, ficou admirado. Era a caixa do pai. “Mas eu já a vi, pai. Está aqui tudo o que te fez feliz ao longo da vida.”- disse Simão nervoso. “Será que estava completa? Espreita novamente.”- sugeriu o pai sorridente. Simão assim o fez e deparou-se com a caixa repleta de fotografias da sua mãe, algumas suas fotografias de pequenino e para sua surpresa, todas as ecografias que foram feitas ao longo dos nove meses de gravidez. Também lá estavam fotografias da governanta. Lúcia emocionou-se. “Sim, Lúcia,

ninguém aqui teria conseguido sem ti. Devemos-te toda a nossa vida. Por isso, estão aqui as tuas fotografias. Fazes

Há muito tempo que nenhum dos três tinha um jantar abundante em alegria, união e, mais importante, família. As horas passaram sem ninguém dar por isso e só deram pela chegada da meia-noite quando o relógio tocou. Correram para junto dos presentes. Não havia muitos, mas os suficientes. Antes de os abrir, Simão ajoelhou-se perto do presépio e agradeceu todo o jantar, a presença do pai e que todos no mundo fossem tão felizes como ele naquele momento.

esta família feliz constantemente. Obrigado!” - disse Valter com gratidão. Este Natal, Simão não tinha feito nenhum desenho, como nos anos anteriores. “Desculpa pai, mas não me atrevi a fazer outro desenho” – desculpou-se. “Procuraste bem na caixa?” – perguntou o pai. Simão despejou todo o conteúdo da caixa de cartão até que todos os seus desenhos caíram a seus pés. “Tudo o que fizeste está ali, meu filho.” Simão abraçou o pai, num abraço ainda mais forte que o anterior. “Obrigado por tudo, paizinho!” – disse muito feliz. “Eu é que agradeço, filho.” Então, Valter retirou uma máquina fotográfica digital do bolso. “Penso que este Natal de 2010 merece ser recordado como um Natal vitorioso, que me dizem? Aproximem-se todos!” Simão sorriu. “Afinal, o Pai Natal existe.” – exclamou em voz alta. Quando se juntaram, a foto foi tirada.

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Outros gestos

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Nós, que fazemos teatro como quem faz um poema Prof. Nídia Santos

É difícil falar d’ O TEATRO DA CAVERNA. É sempre muito mais fácil mostrá-lo em palco. Trata-se de um projeto complexo, com tantas vertentes e perspetivas tão variadas que as palavras ficam pálidas quando o pretendemos traduzir num texto. Por isso é que todas as formas do sincretismo das artes do homem são armas usadas para “fazer” teatro, para movimentar o que está estiolado no no sentir. E sentimento e palavra são inimigos lendários. O fio que liga o coração e a mão chama-se espírito, ou alma, ou inspiração ou qualquer outra coisa... Porque as palavras não chegam.


Depois

existe

o

obstáculo

psicológico:

encenadores

e

atores

são

todos

intrinsecamente tímidos e inseguros, doentiamente perfecionistas, eternamente insatisfeitos…Como é óbvio, com este perfil, o trabalho de escrever fica ainda mais penoso. Mas ousemos: o que torna este projeto tão apaixonante é o facto de ser sempre o trabalho de um grupo. Todos os anos, professores e alunos constroem juntos um novo grupo com um espírito diferente, um clima diferente, uma energia diferente. Exercício complicado, mas salutar. E todos os anos se soma ao trabalho a experiência dos obstáculos ultrapassados no ano anterior, criando uma espécie de filosofia de grupo no que se mantém de estruturalmente horizontal: a vontade de projetar no que se faz o que de melhor se tem para dar. E tão forte é, que se tem a coragem de mostrar em público o resultado do esforço e do trabalho comum, seja ele uma peça de teatro ou uma animação. A alegria da partilha ultrapassa medos, cansaços, ansiedades, preocupações, desalentos.

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Fazer teatro num grupo assim é árduo: é preciso ter a sensibilidade de um poeta e a confiança pura de uma criança. Isto porque se trata cada texto com a delicadeza da tecedeira Penélope: laçada aqui para dar este efeito; passagem de luz e cor para aquele outro. Depois, é um faz e desfaz contínuo na tecedura da encenação até ao dia da estreia. Os corpos vivos das imagens que vão emergindo das cenas são os dos alunos: expressão, voz, movimento, sensibilidade, sonho. São eles o bordado no tecido. Isto tudo para que quem vá ao teatro tenha encontro marcado com a Beleza: a emoção virgem, a história do homem, a estética da mente, o engenho ardiloso, a consciência social, a perfeita arquitetura das artes, a bruma da ilusão…Uma infinidade de fusões. Este manancial não se esgota, porque se inscreve na imensa diversidade da vida.


E por isso fazer teatro é tão ingrato: é um processo de transformação, é colocar beleza no que se transmuta em palco. E se os outros não a vêem? Ninguém que tem certezas se mete em aventuras teatrais; não é para políticos, nem para conformados; não serve economicistas, nem pessoas de bom - senso; vaidosos, materialistas, hipócritas e preguiçosos não se ajustam nestas lides, embora sobrevivam no meio atrapalhando cada passo em direção ao ideal. Mas os que sorriem com o corpo todo, se sabem entregar e dizer “sim” e “não” com alegria, esses são os verdadeiros heróis. E nós, n’ O Teatro da Caverna já tivemos muitos. Bem hajam! Esperamos sempre por mais.

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Outros gestos Teatro em alemão Prof. João Carlos Alves e alunos de alemão do 10.º N

Em Portugal, o teatro faz-se, por norma, em português. Mas nós, alunos do 10ºN, na disciplina de alemão, tivemos uma experiência inovadora. Assim, no âmbito do projeto Alemão em cena, desenvolvido pelo Instituto Alemão, criámos uma peça de teatro falada nesta língua. Após o desafio lançado pelo nosso professor, surgiram as mais variadas ideias que culminaram na redação do nosso guião. A nossa história está repleta de comédia e personagens tipo, cada uma mais louca do que a outra. No entanto, não foi esquecido o seu caráter moralizador, uma vez que questiona as relações familiares e a discriminação a elas inerentes. Instantes | 34

Para nós, a realização desta peça representou uma oportunidade cheia de perspetivas. Com esta representação teatral podemos melhorar a nossa pronúncia e estabelecer uma ótima relação entre o nosso “elenco”, fundamentada num espírito de equipa e num objetivo comum: sermos apurados para o festival onde seriam apresentadas as várias peças participantes. Felizmente conseguimos alcançar este objetivo, uma grande vitória com um grande trabalho, o que nem por isso nos vai impedir de pensar na possibilidade de num próximo ano esta fantástica experiência se realizar novamente. Graças a esta oportunidade, que nos proporcionou muito divertimento, podemos ter não só umas aulas diferentes, como também ficamos mais motivados com a disciplina e mais aptos para

aprender.

conhecimentos!

É

sem

dúvida

uma

maneira

muito

cativante

de

adquirir


Deutsch auf der Bühne In Portugal wird das Theater normalerweise auf portugiesisch gespielt, aber wir, die Schüler aus der Klasse 10N, haben eine neue Erfahrung im Fach Deutsch gemacht. Im Rahmen des Projekts Deutsch auf der Bühne, das vom Goethe Institut organisiert wird, haben wir ein Theaterstück auf Deutsch vorbereitet. Nach der Herausforderung von unserem Lehrer, kamen viele Ideen zusammen, die zum endgültigen Text führten. Unsere Geschichte hat viel Komödie und viele verrückte typologische Figuren, deren moralisierenden Charakter aber nicht vergessen wurde, da die Familienbeziehungen und die dazugehörende Diskriminierung infrage gestellte werden. Dieses Theaterspiel hat unsere Ausprache verbessert und die Beziehungen in der Gruppe, die sich auf einen Teamgeist stützten und ein gemeinsammes Ziel verfolgten (am Theaterfestival mit anderen Schulen teilnehmen zu dürfen) wesentlich verstärkt. Wir sind froh, dass wir dieses Ziel erreicht haben. Es ist die Belohunung für die harte Arbeit und wir hoffen, im nächsten Schuljahr diese fantastische Erfahrung wiederholen zu können. Dieses Projekt hat uns viel Spaß bereitet und es ist eine gute Gelegenheit Deutsch nicht nur auf eine anderen sondern auch auf eine motivierenden Weise zu lernen. Es ist zweifellos eine interessante und fesselnde Art Kenntnisse zu erwerben.

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Viver sem fotografia Prof. Rui Barbosa

Para compreender factos e eventos do passado, há

historiadores

que

estudam

livros,

vasculham

manuscritos, em busca de uma realidade perdida, algo que aconteceu, mas que não chegou aos dias de hoje. Para compreender a forma como as pessoas viviam no passado estudam-se ruínas, mapas, textos… Até aos anos 20 do século XIX, tudo o que aconteceu foi contado, escrito, pintado, passado de geração em geração, para que hoje tenhamos uma vaga ideia do que existiu. Vaga porque não temos um retrato real, apenas uma interpretação humana da realidade. Muitos exageros fizeram história devido à falta de comprovativos factuais. Muitos mitos, lendas e até religiões nunca teriam existido se fosse possível ter fotografado certos momentos, que contados são como livros que se lêem e se interpretam de forma pessoal.

Outros olhares

Em 1926 Nicéphore Niépce tirou a primeira fotografia e a partir desse dia, a captura do momento passou a ser possível. As primeiras fotografias demoraram cerca de 8 horas a fazer mas hoje, quase 200 anos depois, é rara a pessoa que não tem telefone com uma câmara integrada, ou uma máquina fotográfica digital. A história contemporânea está recheada de eventos

que

foram

fotografados,

e

muitas

dessas

fotografias causaram um impacto maior do que o acontecimento em si. Imagens como as de Adolf Hitler junto à torre Eiffel em 1940, depois de o exército nazi ter capturado Paris; a primeira pegada de Neil Armstrong na lua, em 1969; ou a menina vietnamita de 9 anos que corria aterrorizada em fuga de um ataque de napalm em 1972, podem ser contadas e explicadas, mas a famosa expressão “uma imagem vale por mil palavras” nestes

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casos é mais verdade. Esses momentos poderão ser vistos por gerações vindouras. Qualquer pessoa que veja por exemplo uma fotografia das bombas lançadas em Hiroshima ou Nagasaki, reconhece imediatamente que se trata de uma bomba atómica. Quando se ouviam histórias de cenários de guerra, com campos de cadáveres mutilados cobertos de sangue as pessoas ficavam horrorizadas, mas a partir do momento em que apareceram registos fotográficos das mesmas situações, a ideia que as pessoas tinham da guerra ficou para sempre alterada, porque ouvir falar ou ver imagens de sofrimento e morte são conceitos totalmente diferentes. Hoje em dia temos a televisão ou a internet que nos mostram imagens capturadas em directo, mas um filme não é mais nem menos do que uma sequência de fotografias (entre 24 a 30 imagens por segundo) que nos permite ver o que se passou, ou mesmo o que se está a passar neste preciso momento ao vivo, e a cores. A fotografia, foi apenas o primeiro passo para podermos testemunhar ao vivo as torres do World Trade Center serem atacadas por aviões comerciais dia 11 de Setembro de 2001, ou o recente tsunami no Japão a 11 de Março. Se

nós

podíamos

viver

sem

Podíamos, mas não era a mesma coisa.

a

fotografia?

Instantes | 37


outras letras

de acordo? a nova norma ortográfica da língua portuguesa Foi no início do ano letivo que surgiu a ideia de divulgar a nova norma ortográfica da língua portuguesa, no âmbito da área de projeto. Inicialmente, as atividades envolveram todos os alunos do 12.º E. Numa segunda fase, o grupo constituído pelos alunos Anne Geerlings, Jessica Rosa e Mário Monteiro iniciou um trabalho de pesquisa, recorrendo a dicionários, gramáticas, prontuários e vocabulários. A esta pesquisa, juntou-se a leitura do texto do acordo ortográfico. Munidos deste referencial teórico, os alunos elaboraram uma apresentação multimédia, com as principais alterações introduzidas pelo novo acordo ortográfico. O passo seguinte foi dinamizar sessões para alunos da escola. Realizaram sete palestras, por onde passaram mais de 300 alunos, acompanhados dos seus professores. Uma das sessões foi especialmente dedicada aos alunos do ensino noturno, onde também esteve um grupo de alunos que estuda português como língua estrangeira. Para além das sessões de esclarecimento, os alunos elaboraram um folheto que foi disponibilizado a toda a comunidade escolar.

Prof. Luís Pinto Salema

Em contexto escolar, a partir do próximo mês de setembro, será obrigatória a utilização da nova norma ortográfica da língua portuguesa, decorrente da ratificação do acordo ortográfico de 1990. A aquisição de regras de ortografia e a sua interiorização é um processo que demora algum tempo, porque, para além de ser necessário dominar as normas, é preciso habituarmo-nos à memória gráfica que está associada à palavra. Para que este processo seja mais fácil, na nossa escola, ao longo deste ano letivo, realizou-se um conjunto de iniciativas que visou divulgar as alterações introduzidas pelo novo acordo ortográfico. No início do ano, os alunos do 12.º E colaram, nas portas da escola e Instantes | 38 noutros locais, pequenos cartazes, com palavras escritas à luz das novas regras e com a grafia antiga, para que fosse mais fácil percecionar as alterações. As sessões de divulgação, realizadas por um grupo de alunos dessa turma, e o folheto que elaboraram, disponibilizado, em linha, na página da escola, foram dois momentos que permitiram a divulgação das novas regras. Na parte final do ano, estão previstas várias sessões de trabalho, para os docentes dos vários departamentos curriculares. Para além disso, uma das iniciativas do projeto 999 atividades, coordenado pelo prof. Rui Lemos, será dedicada a esta temática e contará com o prof. Luís Pinto Salema como dinamizador. A biblioteca escolar já adquiriu algumas obras de referência que permitirão esclarecer as dúvidas existentes, nesta fase de transição.


Durante o ano letivo, perguntaram-me muitas vezes qual era a minha opinião acerca do acordo ortográfico. Respondi sempre que era a favor e, para fundamentar a minha resposta, salientava o facto de a ortografia ser uma mera convenção. Se folhearmos um manual de português, deparamo-nos com várias grafias, que ilustram as diferentes épocas em que os textos foram redigidos. Talvez por ser professor de português, latim e grego, convivo com tantas ortografias que nem estranho que haja mais uma. Ao longo do ano, fomos convivendo com várias opiniões acerca da nova norma ortográfica, umas mais inflamadas do que outras. Professores, escritores, jornalistas, políticos e linguistas manifestaram-se contra ou a favor, apresentaram os seus argumentos e ajudaram a criar «mitos». Para muitos, as novas regras não são mais do que a «promoção» e quase generalização da norma brasileira. Contudo, importa não esquecer que, pouco depois da implantação da república, foi realizada uma reforma ortográfica, em Portugal, que o Brasil perfilhou já em plena década de 30, reconhecendo, assim, a «superioridade» da ortografia do nosso país. Como professor, não posso deixar de referir as vantagens pedagógicas que advêm das alterações introduzidas. A maior uniformização das normas brasileira e luso-afro-asiática facilitará a mobilidade dos estudantes e dos trabalhadores. Importa ter presente que, no estrangeiro, a língua portuguesa tanto é ensinada por professores portugueses como brasileiros e que as flutuações existentes nas normas cultas das duas variedades constituem um entrave a quem está a aprender a língua e muda de professor ou, até, de país. A maior proximidade entre a escrita e a pronúncia também facilitará o processo de interiorização das normas por parte daqueles que iniciam, agora, a sua aprendizagem. A nova norma ortográfica da língua portuguesa privilegia o critério fonético, não esquecendo o etimológico. Ao mesmo tempo, sistematiza o uso do hífen, especifica as situações em que se eliminam as consoantes mudas e os acentos gráficos e organiza a utilização das letras maiúsculas e minúsculas. As reformas ortográficas não são exclusivas do português. Em 1928, Mustafá Ataturk protagonizou o caso mais espantoso de reforma ortográfica recente. O presidente da Turquia aboliu o alfabeto então utilizado, o árabe, e substituiu-o pelo latino. Todas as pessoas tiveram de reaprender a escrever. Apesar dos protestos, a reforma vingou e, hoje, para a maior parte dos turcos das novas gerações, o alfabeto árabe é tão estranho como para a maior parte da população da Europa ocidental.

Instantes | 39


outras letras

Instantestipo | 40 A maior parte das pessoas pensa que o estudo do latim não traz qualquer

de benefício. «Latim? Isso serve para que? É uma língua morta…», dizem muitos. Embora não deixem de ter alguma razão quando dizem que se trata de uma língua morta, estão redondamente enganados quando afirmam que não tem

Como o latim é importante para mim…

muita utilidade. Para fundamentar a minha opinião darei o meu exemplo. Quanto entrei para o décimo ano, não dominava, minimamente, a nossa gramática; funções sintáticas, o que é isso? «Conjuga o pretérito mais-que-perfeito do conjuntivo», e não conseguia dar resposta. Por curiosidade, decidi matricular-me na disciplina de latim. No início, estive um pouco receosa com a escolha mas, no final da primeira semana, apercebi-me de que não podia ter feito escolha mais acertada. Além de me identificar, muitíssimo, com a disciplina, esta abriu os

Helyana Gomez | 12.º E

meus horizontes, não só no raciocínio, na reflexão, mas também a nível linguístico e gramatical. Espero que, com este pequeno texto, consiga mudar um pouco a ideia de alguns sobre o latim. É uma disciplina muito interessante e que nos instrui de uma maneira muito completa. Nas aulas de latim, há lugar para arte, para a literatura, para a história, para a gramática, para a reflexão linguística. Todas as disciplinas vêm buscar um pouco ao latim.


O que se faz nas aulas de latim?

> trabalhos com ferramentas informáticas > estudo da mitologia > estudo do dia a dia, em Roma > traduções > aprofundamento do estudo da língua portuguesa > visualização de documentários > reflexão sobre as línguas da europa > estudo da gramática > puzzles, palavras cruzadas…

O que se faz nas aulas de grego?

> estudo da mitologia > estudo da estrutura básica do grego moderno > estudo da estrutura básica do grego antigo > cartazes > apresentação de trabalhos multimédia > estudo de uma tragédia grega

Para além do latim, decidi complementar o meu estudo das línguas clássicas, com um ano de grego. Desta forma, fiquei com uma visão mais completa daquilo que somos, das nossas raízes culturais e linguísticas. São, pois, disciplinas que, julgo, irão marcar o meu percurso académico e profissional. Pretendo frequentar o curso superior de estudos clássicos para poder conhecer mais sobre as culturas que se tornaram o modelo da civilização ocidental. Por tudo isto, o latim ( e o grego) são muito importantes para mim…

Instantes | 41


Outros dizeres

Prof. Luís Pinto Salema

A mitologia romana e grega e a história e cultura clássicas forneceram à humanidade um conjunto de padrões estéticos, literários, filosóficos, científicos e linguísticos que ainda hoje persiste. É fácil encontrarmos expressões, sobretudo de origem latina, que nem traduzimos para português, e que utilizamos, quase diariamente, no campo do direito, da filosofia, da medicina, da literatura e até da publicidade. Essas expressões tornaram-se, em alguns casos, internacionais e é fácil comprovarmos a sua utilização noutras línguas, sejam elas românicas, germânicas ou eslavas. Para além dessas expressões que não traduzimos, há outras que utilizamos, em português, e que remetem para a antiguidade clássica, embora muitos de nós já tenhamos esquecido a sua origem. Façamos um percurso por algumas dessas expressões. Devemos aos gregos a expressão entrar em pânico. Pã era deus dos pastores, dos bosques e dos rebanhos e tinha o poder de desencadear súbitas alterações na Natureza. Essas alterações atemorizavam os camponeses e o nome do deus constitui o radical que encontramos em pânico. Muitas vezes, quando entramos em pânico, é porque descobrem qual é o nosso calcanhar de Aquiles. Esta expressão, utilizada para referir o ponto fraco de alguém, baseia-se no herói da mitologia grega Aquiles, que, quando nasceu, foi mergulhado, pela mãe, nas águas de um rio que tinha o poder de o tornar imune. Ao segurá-lo pelo calcanhar, essa parte do seu corpo não foi imersa nas águas e a invulnerabilidade de Aquiles não foi absoluta. De origem grega é, também, a palavra hipócrita, que, etimologicamente, significa «ator», «aquele que finge», tendo evoluído para o significado que hoje reconhecemos, o de alguém que finge o que diz ou sente. Por vezes, os nossos dias são uma verdadeira odisseia, ou seja, uma longa e perigosa aventura, cheia de contratempos, não tão graves como aqueles que Ulisses enfrentou, durante dez anos, ao regressar da guerra de Troia.

Instantes | 42


Na área de matemática, utiliza-se a expressão quadratura do círculo para designar um problema de resolução impossível ou até mesmo um absurdo. Durante muitos séculos, vários foram os estudiosos

que

se

ocuparam

desta

questão, introduzida pelos matemáticos gregos. A expressão que se refere a uma total ausência de regras – vale tudo, menos tirar olhos – radica numa modalidade de luta dos Jogos Olímpicos, o pancrácio (que à letra significa «toda a força»). Nesta luta, tudo se podia fazer ao concorrente, exceto tirar-lhe os olhos, com os dedos. De origem latina é a expressão saber de cor, ou seja, saber algo de forma quase intuitiva, como se viesse do coração («cor» significa coração, em latim) e não de forma racional. Muitas expressões remetem para a capital de um dos maiores impérios da Antiguidade: quem tem boca vai a Roma, em Roma sê romano ou Roma e Pavia não se fizeram num dia. A primeira significa que temos de ser sensatos e perguntar quando não sabemos, para que possamos alcançar o nosso propósito. A segunda, de origem religiosa, prendia-se com a diversidade de cultos existente no período tardio do império. Assim, consoante o local onde nos encontramos, devemos seguir as práticas locais, não só em termos religiosos, entenda-se, porque a expressão ganhou outra abrangência. A última expressão remete-nos para a ideia de que tudo demora tempo a ser feito, quer seja uma grande cidade, como Roma, quer um sítio bastante menor. Com referência a Roma encontramos, ainda, a expressão todos os caminhos vão dar a Roma, que remete para a excelente rede viária do Império Romano, cujas estradas confluíam na cidade eterna. Para além destas expressões, um passeio atento pela cidade leva-nos a descobrir palavras gregas ou latinas em realidades bem contemporâneas: «Aqua», «Millenium», «Maximus», «Imaginarium», «Securitas», «Intimissimi», «Nívea», «Ceres», «Optimus» ou «Alumni» são, apenas, algumas palavras que designam marcas ou serviços dos tempos modernos mas que encontraram nos tempos antigos a melhor forma de exprimir o conceito que levou à sua criação.

Instantes | 43


Outros dizeres

PROVÉRBIOS DE OUTRAS NACIONALIDADES Prof. Conceição Veloso

Os provérbios, transmitidos de geração em geração, são ensinamentos ditos de forma simples e de

fácil memorização para justificar acções, fundamentar

comportamentos ou mesmo situações a nível quotidiano, possuindo um conjunto de valores e importância no contexto social, por serem eles mesmos verdades absolutas, tendo sempre em conta a experiência e a sabedoria popular. Dado que a nossa escola é frequentada por um elevado número de alunos oriundos de outras culturas e nacionalidades, apresentamos uma lista de alguns ditados populares usados nessas terras e que correspondem a outros nossos, ilustrando a importância que cada terra dá ao seu provérbio, expressando os valores culturais e

Instantes | 44

as suas potencialidades comunicativas. Este trabalho, de que se apresenta, apenas, uma parte, foi realizado pelos formandos que frequentam o curso de Português Para Todos, na nossa escola, em regime pós-laboral e a ser coordenado pela professora Conceição Veloso, responsável pelo Gabinete de Apoio ao Aluno Estrangeiro.

PORTUGAL Depressa e bem, não há quem. Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Quem boa cama fizer, nela se deitará. Não deixes para a manhã o que podes fazer hoje. Quem parte e reparte e não fica com a maior parte ou é tolo ou não tem arte.

MOLDÁVIA A pressa estraga tudo. A água cava a pedra. Como fizeres a cama, assim irás dormir. Não deixes o trabalho de hoje para amanhã porque vai ficar assim. Quem separa, tira a sua parte.


PORTUGAL Deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer.

UCRÂNIA A quem se levanta cedo, dá Deus tudo.

Não ponhas a carroça à frente dos bois. Não vás à frente do pai para o inferno. Quem pergunta quer saber. A pessoa que pergunta é porque é inteligente. Peixe não puxa carroça. Sem força não podes puxar o peixinho do lago. Quem não semeia não colhe. Colhes o que semeias. Enganaste-me uma vez, nunca mais me enganas. (Só cai quem quer) / Não caio no mesmo duas vezes.

PORTUGAL Queres um conselho, pede-o ao velho.

PORTUGAL

Num rio duas vezes não entro.

SENEGAL O homem mais velho é o mais importante no país. INGLATERRA Instantes | 45

Quanto mais depressa, mais devagar.

A pressa faz o desperdício.

Não contes com a galinha antes do ovo.

Não contes as tuas galinhas antes de serem chocadas.

O fruto proibido é o mais apetecido. Frutos proibidos têm mais sabores.

PORTUGAL Passarinho só, não faz ninho.

MARROCOS Uma mão só, não bate palmas. RÚSSIA Com o gato fora, os ratos dançam na mesa.

PORTUGAL Quem não trabalha, não tem comida. Patrão fora, dia santo na loja. Irmãos, irmãos, dinheiro pelo queijo. Quem não trabuca, não manduca. Amigos, amigos, negócios à parte. A boda e a baptizado, não vás sem ser convidado.

O hóspede que não é convidado é pior do que um militar.


em observação…

Estação meteorológica da escola

10 anos a medir o Tempo Prof. Grupo de Geografia

Completaram-se em 5 de Janeiro de 2011, 10 anos de medições dos mais variados fenómenos meteorológicos (Temperatura, Precipitação, Pressão, Humidade Relativa, Vento, Radiação Solar e Radiação Ultravioleta), registados pela Estação Meteorológica da Escola (EMA). Os dados registados constituem já uma valiosa Base de Dados Meteorológica de âmbito local, a disponibilizar à comunidade, aos investigadores e particularmente aos alunos, para suporte dos trabalhos do clima ou em que

o clima

tenha uma relevância maior nos sistemas físicos ou biológicos em estudo. Os professores do grupo de Geografia da ESMTG, responsáveis pelo Projecto de Dinamização da Estação Meteorológica da Escola (Projecto DEME), objectivam ao longo de cada ano lectivo potenciar a estação não só pela disponibilização pública da informação meteorológica, no site da escola, mas também através da criação de eventos relacionados, de que é exemplo a Comemoração do equinócio da Primavera e do Dia Meteorológico Mundial, através de uma Exposição Fotográfica, aberta à comunidade educativa. Esta potenciação da EMA envolve ainda actividades curriculares específicas no seio da Geografia, mas também parcerias com outras disciplinas, como é o caso do Projecto MacsGeo, que através dos dados meteorológicos registados na EMA são aplicadas várias medidas estatísticas, no âmbito da disciplina de Matemática Aplicada às Ciências Sociais (no presente ano lectivo da responsabilidade dos professores David Graça e Carla Simas) e, por último, da constituição da Sala de Meteorologia no âmbito do Projecto da Casa da Ciência e da Tecnologia. A página de meteorologia (Meteorologia On-line), do site da escola, está de novo a funcionar, fruto da parceria com o grupo de Informática da escola (a cargo dos professores Bruno Zacarias e Mário Nogueira), possibilitando, finalmente, a completa autonomia da gestão da página para escola. Para além disso, a nova página da Meteorologia On - line, terá um renovado layout e novas funcionalidades: destaque para o link das Curiosidades Meteorológicas, com a divulgação dos valores climáticos extremos, no país, no mundo e dos extremos registados na estação e para a Galeria Fotográfica, com divulgação das turmas, professores e investigadores, visitantes da estação, desde a sua abertura. A nova página terá ainda uma actualização dos dados meteorológicos, com um desfasamento máximo de 8 minutos relativamente ao último registo disponível na base de dados. Outra das novidades, acrescentada à página da Meteorologia On-line, é a disponibilização de informação sobre a radiação UV, resultado da recente aquisição de 1 novo sensor da radiação ultravioleta, que permite não só monitorizar uma radiação potencialmente perigosa, mas também aconselhar a comunidade, do grau de

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perigosidade dos valores desta radiação, através de um índice, que remete para comportamentos práticos de protecção, em função dos vários valores do índice UV. Finalmente, gostaríamos de apresentar o layout da apresentação da nova página da Meteorologia On-line, e não deixar de convidar todos os membros desta escola e restante comunidade educativa a visitarem-na, e a terem o melhor usufruto da informação meteorológica disponibilizada.

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em observação…

Instantes | 48

Prof. do grupo de Geografia O grupo de Geografia da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, no âmbito do projecto DEME (Dinamização da Estação Meteorológica) organizou uma Exposição Fotográfica, comemorativa do Equinócio da Primavera e do Dia Meteorológico Mundial, intitulada Humanos. As fotografias presentes na exposição resultaram da participação da Comunidade Educativa, tendo sido expostas 96 fotografias, de 34 alunos, 21 professores, 4 Encarregados de Educação e 1 Funcionário de Acção Educativa. A todos, queremos manifestar o nosso agradecimento pela participação e qualidade das fotografias.


em observação…

As nossas mãos humanas – 50 mãos / 50 turmas

Prof. Maria do Rosário Cristóvão

Mais uma vez o grupo disciplinar de Geografia tomou a iniciativa de desafiar a comunidade escolar a participar na Exposição Fotográfica, este ano dedicada ao tema Humanos. De igual modo a Biblioteca Escolar (BE) foi desafiada a criar uma actividade em sintonia com o tema, à semelhança do ano anterior. Assim, se no ano passado a BE tomou a gota de água como símbolo da Água tema da exposição fotográfica de 2010 -, este ano a BE tomou a mão, como símbolo dos Humanos. Na passagem de quadrúpede a bípede, a libertação da mão tornou-se numa ferramenta indiscutivelmente poderosa, associando a essa poder toda a capacidade inventiva e visionária do cérebro humano.

Estas

duas

máquinas

-

mão

e

cérebro,

eternamente ligadas numa espécie de parceria siamesa transformaram para sempre a vida da humanidade. Assim, a mão é a marca do humano. Como dinamizar esta marca junto das turmas da nossa escola? Pedindo que cada turma reflectisse sobre o que é ser humano. Foi feito uma mão para cada turma e pedido, através do professor de Português, que cada turma, depois de reflectir e discutir a questão, elegesse por maioria uma só palavra definidora do Humano. Resultou, então, um conjunto de 50 mãos, cada uma com uma palavra escrita, e todas em conjunto formaram a exposição As Nossas Mãos Humanas - 50 mãos / 50 turmas, apresentada na parede à direita da sala de professores. Interessante é ler a diversidade de palavras escolhidas pelas turmas e tomar conta desse significado! O bloco B da nossa escola apresentou uma verdadeira marca humana, a nossa marca!

Instantes | 49


Semana da inform@tica Prof. do grupo de Informática

Decorreu entre os dias 28 de Fevereiro e 4 de Março, mais uma edição da Semana da Informática da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes. Esta é uma iniciativa integrada no Plano Anual de Actividades do Grupo 550 e vem sendo realizada há vários anos contando sempre com uma adesão muito significativa por parte da comunidade escolar.

Instantes | 50

semanas certas


Organizada pelos professores do grupo disciplinar, engloba um conjunto de actividades diversificadas, tendo sempre como mote principal a temática da informática e das tecnologias da informação e comunicação. No presente ano lectivo, algumas das actividades desenvolvidas foram: torneio de programação, Lan Party, Peddy Paper, Workshops de programação, Workshops sobre montagem de computadores, palestras e mostra de filmes alusivos ao tema. Esta iniciativa tem como público-alvo prioritário os alunos dos cursos de informática da nossa escola, nomeadamente do Curso Profissional de Gestão de Equipamentos Informáticos e do Curso Profissional de Programação de Sistemas Informáticos, embora a participação nos diversos eventos tenha contado com inúmeras turmas de outros cursos. Uma das mais-valias da Semana da Informática é o facto de envolver os alunos, não só através da participação nas actividades, mas na própria organização e dinamização das mesmas. São exemplos disso, o Workshop de Programação, orientado pelas professoras Marta Félix, Ana Ferreira e Sandra Guerreiro e dinamizado pelos alunos do 11ºK e 10º D e o Workshop sobre montagem de computadores, orientado pelos professores Rafael Pral e Sandra Guerreiro e dinamizado pelos alunos do 12ºK. Este tipo de workshops, é habitualmente muito procurado levando à necessidade de realizar, por vezes, mais do que uma sessão, de forma a permitir que todos os alunos interessados possam participar. Também o Peddy Paper, este ano sob a temática “À procura do bit”, envolveu directamente os alunos do 12ºK na sua dinamização, tendo sido uma das actividades mais procuradas. Com diversas equipas de várias turmas inscritas, proporcionou a todos os participantes momentos de diversão e de boa-disposição, ao mesmo tempo que pôs à prova os conhecimentos das equipas na área da Informática. Os alunos tiveram, ainda, a oportunidade de frequentar workshops de programação na área da animação - SCRATCH, dinamizada por um técnico da EDUCOM e pela equipa TIC da escola, sendo que as duas sessões realizadas contaram sempre com “casa cheia”, reunindo um feedback muito positivo por parte de todos os participantes. Decorram, também, no auditório da escola várias palestras: •

Palestra subordinada ao tema RFID – Smart Objects, ministrada pelos professores Cristóvão Cerqueira e Adolfo Nobre, onde os alunos e professores participantes tiveram a oportunidade de conhecer melhor alguns conceitos

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associados ao tema do Sistema de Posicionamento Global (GPS), bem como de ver em acção alguns dispositivos denominados “Smart Objects”. •

Apresentação do “Making of” do filme “A rede social”, seguida de um debate de ideias sobre o tema.

Palestra pelo Eng. Jânio Monteiro da Universidade do Algarve, sobre "Redes de Comunicação e Informação- Novas Tecnologias Rumo à Internet II" .

Também a Lan Party, outra actividade sempre com uma elevadíssima adesão, foi mais uma vez um sucesso, contado com participantes de várias turmas e até mesmo de outras escolas. A competição foi renhida e a tarde garantiu divertimento a todos os alunos presentes. Alguns dias mais tarde, teve lugar a entrega dos prémios às equipas vencedoras do Torneio de Programação, da Lan Party e do Peddy Paper. Mais um ano se cumpriu, desta que é já uma semana muito aguardada pelos alunos da escola, em particular pelos alunos dos cursos de informática, constituindo uma oportunidade única de convívio entre professores e alunos, de aprendizagem e de contacto com o mundo das tecnologias em geral e da informática em particular e de partilhar os conhecimentos adquiridos ao longo da frequência do curso. Esperamos repetir o sucesso no próximo ano lectivo, contando com todos os que a nós se queiram juntar nesta aventura!

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semana da leitura Prof. Bibliotecária Rosário Cristóvão

O Plano Nacional de Leitura (PNL) recomendou que este ano a Semana da Leitura decorresse entre os dias 21 e 25 de Março, apresentando como parceria temática o Ano Internacional das Florestas. De facto, a semana escolhida engloba o dia em que se assinalam o Equinócio da Primavera, o Dia Mundial da Poesia e o dia Mundial da Árvore - dia 21 de Março. A Biblioteca Escolar (BE) criou um conjunto de actividades decorrentes destes temas. Ao longo da semana, os alunos do Clube de leitura LE.I.A. foram à salas dizer poesia de autores portugueses (Visitas do LE.I.A.). Cada um destes grupos de alunos pediu a um aluno de cada turma que escrevesse um verso do poema A Chave de Eugénio de Andrade, numa tira de cartolina. O produto final da redacção deste poema - um verso escrito por cada turma visitada - deu corpo à actividade Poema-Puzzle, a ser afixado na vitrina da BE. É interessante verificar que o

semanas certas

poema escolhido fazia referência ao ser humano - Volta a dizer: homem, mulher, criança - como forma de se fazer alusão ao tema Humanos da Exposição Fotográfica do grupo de Geografia, também apresentada à comunidades escolar nesta semana. Outra

actividade

desenvolvida consistiu

na

lista

bibliográfica

intitulada Árvore de Livros, dedicada aos temas Biodiversidade e Ética Ambiental, a propósito da comemoração do Ana Internacional das Florestas, disponível numa vitrina perto da sala de professores, gentilmente cedida pelo projecto Escola Electrão. A fim de dinamizar a leitura e de promover a compra de livros um pouco mais acessível, a BE organizou, em conjunto com a CELivrarias de Portimão, uma feira do livro na própria biblioteca, o que veio a revelar-se uma actividade de grande procura, quer por parte dos professores, quer dos alunos. A BE manifesta a sua grande satisfação, pois ao longo desta semana

todas

as

actividades

decorreram com grande sucesso e a

comunidade

grande

escolar

empenho

sua dinamização

e

revelou na muita

sensibilidade e interesse pela leitura.

Instantes | 53


semanas certas

Pedro Medina Ribeiro, a visita de um escritor …

Prof. Bibliotecária Rosário Cristóvão

Se ao longo da Semana da Leitura todas as actividades dinamizadas decorreram com agradável sucesso, há que dar especial realce a uma actividade em particular - a visita à nossa escola de Pedro Medina Ribeiro, escritor do livro A Noite e o Sobressalto (Oficina do Livro). Esta visita inseriu-se nas sessões do Clube de Leitura LE.I.A. - MLM, estando o livro em causa e ser lido pelos alunos do clube. Assim, o escritor deslocou-se à nossa escola neste duplo sentido, por um lado como autor da obra a ser lida, por outro lado, como forma de dinamizar em particular a semana dedicada à leitura. O encontro decorreu na sala da biblioteca, estando presentes a maioria dos alunos do clube e as professoras responsáveis. Os alunos manifestaram um forte interesse pelo livro, por cada um dos contos, pelo género fantástico, tendo colocado diversas questões ao autor, que de uma forma muito atenta e receptiva ia respondendo a todas as questões e partilhando com os presentes as suas experiências de escritor e de professor. A visita de Pedro Medina Ribeiro ao nosso Clube de Leitura consistiu num testemunho vivo da importância da leitura de todos os géneros literários e também da necessidade de se dar valor à criatividade. A literatura é um campo aberto onde a imaginação encontra muita matéria de trabalho! Com muito trabalho e empenho, no dizer do autor.

Adorei a sessão com o escritor Pedro Medina. Este mostrou-se muito simpático e atencioso, sempre pronto a esclarecer as nossas dúvidas, da melhor maneira possível. Além disso, conseguiu despertar o interesse de todos os que não tinham lido o livro na íntegra, levando-os a requisitá-lo, novamente, no intuito de o lerem por completo. O escritor Pedro Medina também mostrou ser uma pessoa simples e bastante acessível, sem ares de superioridade, induzindo, assim, um maior interesse no diálogo e bastante interacção entre os leitores e o escritor. Marlene Tinoco | 11.ºF

No passado dia 23 de Março o clube LEIA – MLM teve o prazer de receber o escritor Pedro Medina na biblioteca escolar, para uma sessão sobre o seu livro A Noite e o Sobressalto. Os alunos do clube prepararam previamente a leitura da obra e perguntas pertinentes para colocar ao autor e a sessão decorreu num ambiente agradável e familiar. Pedro Medina falou da sua experiência pessoal e o debate envolveu tanto uma discussão sobre a obra como sobre o género literário fantástico. A obra em si é uma colectânea de contos variados que escreveu durante sete anos, englobando histórias diversas que passam por práticas de ocultismo, criaturas míticas, magia e finais inesperados. A tarde foi do agrado de todos e deixou a vontade de repetir uma sessão semelhante.

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Projecto Internacional

“Vencer o Tempo nas Sete Cidades” Equipa do projeto JA

No dia 19 de Janeiro, teve lugar no auditório da nossa Escola uma sessão de esclarecimento relativa ao Projeto Cidades Amigas dos Idosos, promovida pela equipa do JA. Atualmente, a população mundial com 60 ou mais anos ronda os 650 milhões, e prevê-se que daqui a 40 anos chegue aos 2000 milhões, logo, é essencial sensibilizar e preparar as sociedades para atenderem às necessidades dos idosos. Por isso, um dos objetivos deste projeto é sensibilizar os autarcas para o conceito Cidade Amiga dos Idosos, promovendo, nas suas urbes, vilas ou aldeias, condições que permitam que os idosos se mantenham mais saudáveis, mais seguros e mais felizes durante muito mais tempo. Neste projeto inovador, a ser desenvolvido em 7 cidades portuguesas, entre as quais Portimão, procurou -se na formação que foi ministrada aos jovens, incentivar a prática solidária, a curiosidade e confirmar a generosidade que lhes é inerente, através de um voluntariado criativo e permanente. Após a sensibilização, estes foram alguns dos “ecos” que alguns alunos deixaram:

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Quero ajudar os idosos. Adorei a ideia de ajudar os mais velhos.

Não consegui fazer nada quando a minha avó morreu, por isso quero fazer aos outros o que não consegui fazer por ela. Gosto de conviver com os idosos, ouvi-los, e gosto de ajudar. Gosto de idosos. Acho importante dar valor a quem já foi novo, e darmos-lhe uma nova oportunidade de ser ouvido. Ajudar os seniores, porque penso que é muito importante mudar o nosso comportamento na relação

com eles. Projeto inovador que irá fazer muito bem aos mais velhos e mais novos.

Gostava de conhecer as histórias dos mais velhos. Tenho familiares que trabalham num Centro de Idosos. A escola e a cidade


FESTA MULTICULTURAL Prof. Conceição Veloso Coordenadora do GAAE

Realizou-se no passado dia 25 de março

mais

uma

edição

da

Festa

Multicultural. Trata-se de uma iniciativa do Gabinete de Apoio ao Aluno Estrangeiro (GAEE), que aqui se destaca como um bom exemplo

da

escola

inclusiva

que

nos

orgulhamos de ser. A festa, destinada a toda a comunidade escolar, contou com a participação de jovens alunos estrangeiros que frequentam a nossa escola, integrados nos diversos cursos que a mesma oferece e de alunos das três turmas de Português para Todos, adultos imigrantes que escolheram Portugal como país de acolhimento e que nos procuraram para aprender a língua portuguesa. Constituindo-se para os alunos imigrantes, enquanto ato de aprofundamento da integração na comunidade, a Festa Multicultural cumpriu claramente os objetivos previstos. A animação cultural esteve a cargo de vários agrupamentos culturais representativos da cultura dos diversos países de origem dos alunos. Na primeira parte do convívio estiveram presentes o grupo de ballet e de dança moderna da Associação Capela; a Associação de Capoeira de Faro a cargo do contramestre Betão, com uma demonstração de luta e a Associação S. Tomé e Príncipe, que apresentou danças típicas santomenses. Finda esta primeira parte, o convívio continuou com um jantar no qual foi possível degustar especialidades, doces e salgadas, das várias comunidades. Seguiuse a segunda parte do espetáculo com a participação do grupo A Doina, que apresentou danças da Moldávia, seguido pelo grupo de dança da Associação Cabo Verdiana e da Guiné - Bissau. A representação portuguesa esteve a cargo do Grupo Coral de Portimão dirigido pelo maestro António Vinagre e do Rancho Folclórico da Ladeira do Vau. Endereçados a todos os que através da participação e apoios tornaram possível mais uma realização deste evento, aqui ficam os sinceros agradecimentos da organização.

Instantes | 56


Instantes | 57

Na Festa Multicultural tivemos o privilégio de assistir, por entre sorrisos e aplausos, a cantares e danças tradicionais do Algarve e dos diferentes países, donde são oriundos os nossos alunos estrangeiros. No intervalo do animadíssimo e colorido espetáculo aconteceu o momento tão ansiado: a partilha das mais diversas e saborosas iguarias típicas dos países aqui representados. Este evento exigiu, sem dúvida, um grande trabalho de planificação e organização por parte da sua responsável - Conceição Veloso. Incansável foi também o professor João Alves que, «munido» da sua máquina fotográfica, procurou captar as expressões, os gestos e os instantes mais significativos para que toda comunidade escolar tenha a oportunidade de «viver» e rever este momento alto da vida da nossa escola. Deverse-á dar continuidade a estas iniciativas que em muito contribuem para prestigiar e dignificar toda a escola. Prof. Antonieta Marques e Luísa Vicente

Trata-se de um evento que revela grande impacto na escola, uma vez que a comunidade interna e externa adere em grande número, estando representadas diversas nacionalidades e culturas, promovendo assim, as relações humanas, o conhecimento e a partilha através da dança de grupos de várias nacionalidades e troca de sabores na apresentação de pratos de culinária dos vários países que se fazem representar. Assistente operacional Rosa Frieza


Na sexta-feira passada, dia 25 de março, realizou-se uma festa multicultural na Escola Secundária de Manuel Teixeira Gomes. Nesta festa, assistimos a espetáculos de canto e dança dados por grupos de várias nacionalidades. Gostei sobretudo das danças em que participaram crianças. O público era também composto por pessoas de várias origens, nomeadamente portuguesas, russas, moldavas, africanas, entre outros. Este tipo de convívio é muito interessante, porque ficamos a conhecer um pouco mais dos hábitos culturais de outros países. No intervalo do espectáculo dirigimo-nos para o refeitório, onde havia igualmente pratos tradicionais dos países representados na festa. Eu, particularmente, gosto muito deste género de eventos, pelas razões já apontadas. Ion Levinschi | 11.º D Gostei imenso da Festa Multicultural. Adorei conhecer coisas das outras culturas, como por exemplo danças, comida, roupa, etc. Esta festa é uma boa maneira de convivermos uns com os outros, fazer muitos amigos e também conhecer muitas coisas sobre a cultura dos outros alunos daqui da escola. Achei a festa muito interessante e agradeço às pessoas que a organizaram, pois são estas pessoas que se esforçaram para nos juntar a todos e para nos sentirmos como em casa. Obrigada! Marina Postulachi, | 12.º C Eu participei na Festa Multicultural, realizada pela Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, e gostei muito. Achei muito interessante, serviu para demonstrar os costumes e tradições de cada cultura.

Instantes | 58

Gechenig Kushnisenko | 10.º K

A festa foi interessante, deu para ter um maior conhecimento cultural, tanto através dos olhos como do estômago. A culinária das outras culturas provou ser deliciosa e nutritiva. Pedro José | 10.º K

Gostei muito da festa e acho que é uma boa ideia de quem não é indiferente aos estrangeiros que estudam aqui na escola e não só, mas também aqueles que vieram de outros países e que moram cá. É muito interessante conhecer outras culturas porque cada país tem algo especial e diferente. Espero que nos próximos anos a festa continue a ser aquilo que é ou ainda melhor. Olena Kovalska | 11.º B Foi muito engraçado e animado. Poderia ser melhor se aparecessem mais jovens. Estefânia Cunha | 11.º O


OFERECER O VERDADEIRO DIREITO À DIFERENÇA “Só é possível pensar o direito à diferença se for possível pensar o homem concretamente” Regina Schöpke Prof. Maria José Duarte

Desde que criada, a ESMTG tem assumido, inequivocamente, a sua verdadeira essência. Iniciou-se como a Secção de Portimão da Escola Industrial e Comercial de Silves, onde a sua oferta de ensino técnico correspondeu aos interesses dos jovens da década de 60. Recebeu posteriormente a designação de Escola Industrial e Comercial de Portimão, atingiu, nesta altura, a sua plena autonomia e aí deu ênfase ao ensino vocacionado para a formação técnica e profissional da população de Portimão e de concelhos vizinhos. Assumiu em 1976 a designação de Escola Técnica Manuel Teixeira Gomes, tendo poucos anos depois, e desde então, divulgado a sua identidade como Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes. Tal como consta da sua história, o seu lugar físico sofreu algumas mudanças, mas a sua oferta educativa permaneceu fiel ao seu princípio, pautado pela recusa ao elitismo, pela aposta séria na oferta diversificada de percursos escolares, permitindo espaço, nas suas práticas, à inovação pedagógica e tecnológica. Esta é uma escola que nunca recusou abrir as suas portas ao ensino nocturno e hoje, à semelhança de outrora, permite à sua população novas oportunidades, onde o reconhecimento e validação das competências daqueles que retomam os seus estudos é um lugar assumido. Os tempos têm sido de mudança, os conceitos do saber, do fazer e do ser, também eles experimentam novos contornos. Esta foi uma escola que acompanhou essa mudança através das suas renovadas propostas que anualmente se moldaram às características desses momentos. Talvez a sua persistência em acompanhar os desafios da sociedade lhe permitissem apropriar-se de uma modernidade latente e adequada. Hoje divulga-se esta escola ao concelho a que pertence e projecta-se aos concelhos limítrofes, acreditando que os conhecimentos e a formação que nela se promovem, permitem aos seus alunos encontrar soluções de vida em lugares mais longínquos. Sem nunca renunciar aos seus princípios, à sua condição humanista, fomentou ao longo dos anos uma cultura científica, acreditando que a modernidade se vive apostando continuamente na inovação tecnológica. É na diversidade da sua oferta que hoje, mais uma vez, permite aos jovens trajectórias humanistas, científicas e tecnológicas que enquadram com dignidade o seu projecto de vida.

Instantes | 59


profissionalmente

ENSINO PROFISSIONAL Prof. Raquel Santos

PRETO

BRANCO

no

Os cursos profissionais constituíram-se como um desafio que a nossa escola “agarrou” de forma “destemida e consistente”. Esta oferta educativa tem características únicas, essenciais

DESAFIO

num sistema onde fazem falta os “técnicos intermédios”; por isso sempre acreditei que, com a qualidade do corpo

QUALIDADE

docente que a escola pública tem, a formação de técnicos profissionais seria uma aposta ganha. Acredito que é possível formar

“técnicos

competências

de…”,

técnicas,

dando-lhes

para

competências

além

das

humanas

FORMAÇÃO

e

educacionais que lhes permitam encarar o mundo do trabalho com seriedade e profissionalismo. Parece-me bastante

exequível

contando

sempre

com

COMPETÊNCIA

alunos Instantes | 60

“duplamente” motivados e empenhados em responder a uma solicitação tão exigente como é a dupla certificação…

PROFISSIONALISMO

É certo que vivemos um momento único na nossa história, conturbado e exigente, que condiciona indiscutivelmente

EXIGÊNCIA

tudo: os professores, os alunos, as famílias, a escola, a sociedade, … e que exige que sejamos ainda mais criativos, positivos, e empenhados para que a “nuvem negra” que

CRIATIVIDADE

paira sobre nós, não nos atinja e fulmine, qual raio de Thor! Volvidos três anos de implementação dos cursos profissionais na

ESMTG

parece-me

que

muito

foi

percorrido,

EXPERIÊNCIA

principalmente em termos organizativos e de funcionamento dos cursos, mas mais caminho haverá a percorrer. Esforços no sentido de colmatar problemas reais e objectivos foram

CERTIFICAÇÃO

sendo sempre feitos, ora tímidos e subtis, ora ousados, acreditando sempre que o melhor deve ser tentado.

ESCOLA PÚBLICA


Os

alunos

dos

cursos

profissionais

“ganharam”, desde o primeiro dia da sua implementação, um “estatuto” diferente. Porque de facto são

diferentes!

A dupla certificação que este percurso lhes confere,

DIFERENÇA

sempre

que

conseguem

completar as 3.100 horas de formação, nas quais 420h já no mercado de trabalho, obrigatoriamente os destaca dos restantes percursos!! O perfil destes alunos está consagrado na lei! E deve obedecer a determinadas características, claramente identificadas por curso profissional! No ensino regular sempre foi defendido que

DIFERENÇA

é

mais

fácil

pequenas:

no

acontece!

É

conteúdo

e

ensinar

profissional mais

fácil

avaliá-lo

em é

turmas

isso

que

Instantes | 61

leccionar

de

imediato:

um a

estrutura modular é isso mesmo! Devem haver momentos e formas de consolidar / recuperar aprendizagens: isso é obrigatório! Poderia continuar a enumerar vantagens, algumas delas indiscutíveis e facilmente defensáveis para o ensino profissional, mas o

DIFERENÇA

objectivo

é

mesmo

diferença! Esta

marcar

a

oferta formativa

deve orgulhar-se da sua diferença, porque foi criada para a marcar!


CRITICAMENTE Um livro

O Leitor de Bernard Schlink

Marlene Tinoco | 11.º F

Um jovem de 15 anos, Michael, encontra-se com uma mulher mais velha, Hanna, que o ajudara aquando da sua doença. Apesar da diferença de idades, os dois acabam por se envolver. Os encontros entre os dois obedeciam a um ritual: após uma sessão de leitura, em que Michael lia para Hannha, seguia-se uma relação sexual. No entanto, Hanna é avisada da sua promoção e, portanto, teria que trabalhar no escritório da empresa. Após este aviso, Hanna desaparece subitamente.

Anos mais tarde, Michael já adulto e estudante de Direito, volta a encontrar Hanna num julgamento. Esta era acusada de ter trabalhado para a SS na Segunda Guerra Mundial. Neste julgamento, várias mulheres eram acusadas de terem deixado morrer trezentas prisioneiras judias, queimadas numa igreja em chamas, durante a “Marcha da Morte”, que ocorrera durante a retirada do campo de Auschwitz. Hanna era uma delas. Entretanto, Michael descobre finalmente o seu segredo. Esta era analfabeta e ocultara-o por toda a vida por vergonha. A revelação desse segredo podia ser crucial para a decisão do tribunal. Assim, esta situação deixa Michael perante uma indecisão acerca do que deveria fazer.

Deveria revelar a verdade, visto que isso iria ser favorável a Hanna, em tribunal? Ou deveria respeitar a sua decisão e não contar nada, dado que ela acabara por esconder esse segredo durante a sua vida? Esta é uma excelente questão que o livro levanta, suscitando opiniões divergentes e interessantes, ponto de partida para um vivo debate.

Instantes | 62


CRITICAMENTE Um filme

Filme do desassossego de João Botelho

Ksenia Kvast | 10.º N

O Desassossego – uma perpétua e ruidosamente silenciosa acção, emergida das ondas do corpo mútuo e flexível, como o mar. A agitação entre os gritos calados, penetra na mente dos pássaros que os humanos sonham ser e quebram-se os desejos. Para sempre vive, então, o peso da noção pura e a prisão da mente e do desejo! Por mais que os filósofos digam que sim, que somos livres, pelo menos na nossa imaginação, não acredito que seja verdade. O orgasmo da inocência rebenta como o ventre de uma mãe e começa a ouvir-se o tilintar do peito. Os braços, fazendo de ramos de amendoeira, na sua ingénua brancura, caem sobre a ria que tenta infiltrarse na maré, forçada pelo inexplicável desejo e o cheiro que claramente se sabe que não é nem de amêndoa, nem de maçã. O fôlego fecha-se nas masmorras e as veias formadas na areia começam a explodir, criando remoinhos. A tentação é maior que a impaciência. Por fim, o toque dos sinos é tão agudo que só queres arrancar as tuas fontes e murchar como uma flor, queimada pelo frio do dia, entre uma duna e outra.

O desassossego, como o teu beijo! Quem me dera reencarnar Pessoa...

Foi através deste texto que consegui expor as emoções inexplicáveis que me trouxe o Filme do Desassossego, de João Botelho, baseado na obra homónima de Fernando Pessoa, estreado no TEMPO a 25 de Novembro de 2010. E foi também através deste filme que ganhei um maior interesse, e posso admitir, até uma paixão ainda maior, por esta personagem tão plurifacetada da história da Literatura Portuguesa, que foi Fernando Pessoa.

Instantes | 63


DESP

RTO em acção Prof. Fernando Hébil

No dia 2 de Março de 2011, realizou-se o Corta Mato Distrital com a presença das escolas do Algarve. A nossa escola contou com a presença de alguns dos alunos que ficaram apurados no corta mato de escola, no final do 1.º período. Apesar de a participação ser algo reduzida, em relação à totalidade dos alunos apurados, a prestação dos alunos presentes foi bastante meritória. Assim, a equipa de juniores femininos, composta pelas alunas Andreia de Jesus, Rosínila Máximo, Susana Francisco e Marta Ferreira, ficou em primeiro lugar. Na representação individual, destaque para a aluna Helena Casimiro, que alcançou o quinto lugar da geral, na prova de juvenis femininos, resultado esse que lhe permitiu o acesso ao Corta Mato Nacional, realizado em Vila Nova da Barquinha, a 12 de Março de 2011.

Instantes | 64


a escol@ na web

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Instantes | 66

Traçamos futuros. Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes – Portimão | Avenida S. João de Deus TELEFONE: 282 450 410 | FAX: 282 415 049 | geral@esmtg.pt | www.esmtg.pt


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