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O percurso dos incas
A cidade perdida de Machu Picchu e os vestígios incas continuam a fascinar quem visita o Peru Rui Oliveira Marques* romarques@meiosepublicidade.workmedia.pt
Não é na capital Lima que se encontra a essência do Peru. A capital fundada em 1535 pelo conquistador Francisco Pizarro conta agora com cerca de oito milhões de pessoas e é a quarta maior cidade da América Latina. Apesar da dimensão avassaladora, e com as classes mais altas a preferirem a limítrofe cidade de Miraflores, junto ao mar, para viverem e se divertirem, o centro da cidade foi totalmente requalificado, o que ajudou a que fosse declarado património mundial da humanidade pela UNESCO. As casas do centro continuam a manter as varandas de madeira, tal como os espanhóis as construíram. Os pontos mais interessantes estão reservados para a Catedral de Lima e para o
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Mosteiro de São Francisco e as suas catacumbas. Estes edifícios ainda conservam as pinturas da escola de Sevilha, os azulejos portugueses e as estátuas de madeira esculpidas de acordo com os métodos incas A capital histórica do Peru, título reconhecido até pela Constituição do Peru, encontra-se a mais de mil quilómetros de Lima. Cusco ainda hoje é considerada o coração inca e ponto de partida para descobrir Machu Picchu. A cidade encontra-se a 3.350 metros acima do nível do mar, o que não torna propria-
mente fácil a chegada, principalmente para quem opta pelo avião. A falta de oxigénio provoca algumas tonturas e dores de cabeça, que podem ser contornadas com um chá de coca, disponível em qualquer hotel, e por algum cuidado nas actividade no primeiro dia, já que não são aconselhados esforços físicos. Quando em 1532 Pizarro invadiu a cidade, Cusco era o centro administrativo e cultural do Império Inca. A cidade tinha sido planeada para ter a forma de um puma. A central Praça das Armas, ou Praça do Guerreiro,
como era denominada no tempos dos incas, corresponde ao coração do puma e da cidade. Agora a ladear a praça encontra-se a impressionante Catedral de Santo Domingo que demorou um século a ser construída. É também aí que se percebe como os ícones cristãos foram adaptados às tradições locais. Jesus Cristo enverga os tecidos da região e as santas foram inspiradas na Pacha Mama, a deusa inca responsável pela natureza. No outro lado da praça, deparase com a Igreja do Triunfo, a primeira a ser edificada na cidade.
Imponente é também a Igreja da Companhia de Jesus. A cabeça do puma corresponde a Saqsaywaman. No topo de um monte que ladeia Cusco ainda se percebe que Saqsaywaman funcionava esta antiga zona de defesa, constituída por torres e muralhas. Foi aqui que os espanhóis foram buscar as pedras para construir as igrejas e casas senhoriais espanholas. Hoje Cusco é um ponto de encontro para muitas nacionalidades, entre mochileiros, hotéis de charme e lojas recheadas de produtos locais. À noite muitos
Hotelaria
Os melhores sítios Aranwa Valle Sagrado é um dos hotéis mais inovadores do mundo, decretou há cerca de três meses a edição norte-americana da revista Conde Nast Traveller. Os responsáveis pelo Aranwa defendem que o maior spa da América Latina está aí instalado. Com 2.500 metros quadrados, o spa tem sete salas de tratamento, três piscinas de hidroterapia, sala de oxigenação, entre outros equipamentos e actividades. Rodeado pelas montanhas do Vale Sagrado, o complexo hoteleiro construído em torno de uma hacienda dos colonizadores espanhóis tem ainda igreja, sala de cinema, galeria de arte e biblioteca. A localização, mesmo ao lado do rio Urubamba, faz com que as suites junto ao curso de água sejam obrigatórias. No entanto, o Aranwa é apenas um exemplo das infra-estruturas hoteleiras de qualidade que podem ser encontradas no circuito Cusco-Vale Sagrado-Machu Picchu. Prestes a ser inaugurado, o hotel Libertador do Vale Sagrado promete tornar-se num ponto incontornável da zona. Outra das referências é a Casa Andina, constituída por chalêts em que todos os quartos têm vista para o Vale Sagrado. Destaque ainda para o observatório astronómico que permite perceber o céu estrelado que inunda um vale com pouca luz artificial. No extremo do Vale Sagrado, em Aguas Calientes, o Hotel Machu Picchu Pueblo permite um contacto directo com uma ambiente de selva implantada num ambiente de aldeia. É que cada a cada um dos 85 quartos corresponde uma casa disposta em terraços com vista para o rio Vilcanota. De regresso a Cusco, o hotel Libertador Palacio del Inka é uma alternativa interessante na cidade, mas o destaque vai para o Hotel Mosterio. O edifício, que começou a ser construído em 1595 e é património histórico nacional, foi o mosteiro construído em Cusco. O Hotel Monasterio é uma viagem no tempo graças aos claustros, à capela e ao aos quartos que transportam para o barroco dos primeiros tempos da colonização espanhola e das obras da Escola Cusquenha.
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Travelers e Air Europa
o eixo para a visita aos monumentos arqueológicos e aos povoamentos incas que parecem perdidos no tempo. A cidade de Pisac, também conhecida pelo mercado de artesanato, é o ponto de partida para descobrir o Vale. Junto ao rio ainda se encontra a povoação colonial, enquanto no alto da montanha se localiza o complexo arqueológico. Outro vestígio de referência é Ollantaytambo. A cidade está disposta em ruas rectas em torno de uma praça principal. A acompanhar a colina, encontram-se o Templo do Sol, o Mañaracay, o Salão
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dos cantos do centro histórico transformam-se em bares e discotecas, que são pontos de encontro até para os jovens de Lima. Cusco continua recheada de vestígios incas. Ainda é possível, por exemplo, perceber como era o Templo do Sol, que tinha as suas paredes cobertas de ouro antes de os colonizadores espanhóis construírem por cima o Convento de São Domingo. A 15 quilómetros de Cusco começa o Vale Sagrado. Foi graças a este vale fértil, dominado pelo rio Urubamba, que os incas alimentaram o seu povo. Hoje é
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A ligação para Peru O operador turístico Travelers lançou a nova programação para o Peru, desta vez constituída por 11 programas que contemplam alguns dos locais mais emblemáticos do país, como Machu Picchu, Lago de Titicaca, Lima, Vale Sagrado e Cusco. Como explica Mohamed Fouad, director da Travelers, “no ano passado fizemos um workshop em Lisboa e no Porto para vender o destino, mas como os preços altos da Ibéria foi difícil vender o destino tal como nós queríamos”. No entanto, a colaboração com a Air Europa, que começou a voar a 22 de Fevereiro entre Lima e Madrid poderá inverter a situação. “A proposta da Air Europa dá mais vontade para vender o destino, porque temos lugares garantidos e os preços são mais competitivos. Decidimos que íamos começar agora vender a sério o destino porque já não falta nada: temos voo, melhores preços do mercado e serviço”, refere ao Publituris Mohamed Fouad,. Um bom resultado seria já este ano transportar 1.500 clientes por ano para o destino. A seguir, poderão vir pacotes combinados com a Argentina e o Equador. “O destino Peru é competitivo porque tem uma das Novas Maravilhas do Mundo. O importante é que o destino chegue às pessoas, porque ainda não é bem conhecido em Portugal. As pessoas, por exemplo, pensam que é muito caro ir para o Peru, mas é um destino com preços normais, com uma óptima qualidade de hotéis e na comida”. A Air Europa pretende, com esta colaboração com a Travelers, reforçar a ideia junto das agências nacionais de que é “uma companhia aérea regular que, em termos de dimensão, é como a TAP. Transportamos nove milhões de passageiros em 2009”, refere ao Publituris José Minguez, delegado comercial da transportadora em Portugal. A companhia conta com três ligações entre Lisboa e Madrid, com o aeroporto de Barajas a funcionar como hub para as ligações de longo curso. Entre os destinos que a Air Europa está a disputar na América Latina à Iberia estão Buenos Aires, Caracas, Caraibas e Miami. Já as ligações para Salvador deverão ser retomadas em Novembro. Um mês antes deverá ser a ver de arrancar a ligação para o Panamá. Lisboa-Madrid é feito três vezes ao dia e, segundo José Minguez, tem tido, nos primeiros seis meses de operação, uma taxa de ocupação de 70 por cento. No primeiro voo da manhã, segundo José Minguez, cerca de 70 por cento dos passageiros vão apanhar em Madrid outra ligação da Air Europa.
Artesanato de Pisac e vista aérea da Praça das Armas, em Cusco
Real e o Incahuatana. Noutro monte depara-se com o silo de alimentos, que graças ao vento forte constituía o melhor sitio
para conservar as colheitas. A viagem ao Vale Sagrado só acaba em Machu Picchu que, além de ser património mundial
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da UNESCO, foi eleita uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo. Há quem prefira entrar de Machu Picchu através do trilho, considerado um dos melhores percursos de trekking do mundo, que ligava aos centros religiosos e administrativos do império. A alternativa mais confortável é optar pelo comboio até Aguas Calientes. Aí, no fundo do vale, apanha-se um autocarro até Machu Picchu, 2.350 metros acima do mar. A cidade inca regressou à ribalta mundial depois de o explorador norteamericano Hiram Bingham a redescobrir em 1911. “Acreditará alguém no que encontrei?”, questionou Hiram Bingham. As interrogações seguiram-se. Qual seria a sua função? Porque se perdeu o registo da sua existência? Machu Picchu parece ter sido escolhida para descanso de Pachacútec, o primeiro imperador inca, e funcionava como centro religioso, cultural e económico. O Templo do Sol, o Templo Principal e as Três Portas são alguns dos pontos de interesse de uma cidade que continua cheia de interrogações. Hoje sabe-se que era um lugar sagrado onde apenas o inca, nobres, sacerdotes e mulheres eleitas poderiam entrar. São mistérios como este que continuam a atrair milhares de pessoas a Macchu Picchu. Aliás, a região está a assistir ao crescimento dos programas de turismo místico e espiritual, em que os visitantes podem descobrir os rituais e as curas “milagrosas” que, ainda hoje e graças aos ensinamentos dos incas, os peruanos praticam. ■ *O jornalista viajou a convite da Travelers e Air Europa
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