Revista Ragga #68

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começo

mundo

em Alto Paraíso POR RENATA FERRI

FOTOS ANA SLIKA

Moradores da única cidade brasileira que, por causa de suas características geográficas, sobreviveria ao fim do mundo, contam o que acham das teorias de que tudo acabará em 2012 BASTA PESQUISAR NA INTERNET sobre a cidade de Alto Paraíso de Goiás, para se deparar com inúmeros textos e reportagens sobre como o local pode servir de refúgio para quem quer escapar de um possível desastre que destruiria o planeta em dia 21 de dezembro de 2012. A cidade, que tem altitude superior a 1.600m acima do nível do mar, é protegida também pela Chapada dos Veadeiros, uma formação rochosa situada no ponto mais alto do Planalto Central Brasileiro. Esses fatores representam uma localidade menos vulnerável a enchentes e alagamentos que podem ser provocados pela elevação dos níveis oceânicos. Porém, ao caminhar pela cidade e conversar com quem já vive lá há muitos 50

anos, compreende-se que o fim do mundo mais provável não será aquela catástrofe holywoodiana que a nossa cultura do entretenimento nos ensinou a imaginar. Em vez disso, o que pode acontecer é uma mudança gradual de paradigmas, que deve causar impactos mais profundos em nossa cultura do que um eventual meteoro caindo no Atlântico. De acordo com o paulista Rogério*, que vive na cidade há 20 anos, os boatos de que Alto Paraíso seria um local onde as pessoas poderiam se proteger do fim do mundo surgiram na virada do milênio. “Em 1999, a rede Globo fez uma reportagem dizendo que, de acordo com previsões, no dia em que as águas do mar subissem, aqui não seria atingido


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