Revista Novacer Edição 47 Março 2014

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Entrevista com o autodidata e pesquisador do comportamento humano Wilson Mileris

Ano 4

Março/2014

Edição 47

www.novacer.com.br

Laboratorial

Ensaios laboratoriais garantem qualidade e diferenciação no mercado

Por mais segurança na indústria cerâmica

Expocever ocorrerá em abril em Santa Catarina

Cerâmica de Sergipe amplia fábrica


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SUMÁRIO

DESENVOLVIMENTO 16 Ensaios cerâmicos garantem qualidade e diferenciação

EDITORIAL

SEGURANÇA

ENTREVISTA

ARQUITETURA CERÂMICA

12: Carta ao Ceramista

24: Por mais segurança na indústria cerâmica

28: Inovação e competitividade

34: Filtro de barro brasileiro é o mais eficiente do mundo

Diretor Geraldo Salvador Junior

direcao@novacer.com.br

revista@novacer.com.br Av. Centenário, 3773, Sala 804, Cep: 88801-000 - Criciúma - SC Centro Executivo Iceberg Fone/Fax: +55 (48) 3045-7865 +55 (48) 3045-7869

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Administrativo Financeiro Wanessa Maciel

Diagramação & Arte Jefferson Salvador Juliana Nunes

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Redação Juliana Nunes

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Impressão Gráfica Coan

Jornalista Responsável Juliana Nunes - SC04239-JP

Tiragem 3500 exemplares

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Jesus Cristo, O Messias

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Não nos responsabilizamos pelos artigos assinados


SUMÁRIO

Março 2014 FEIRAS

ARTIGO TÉCNICO

36: Expocever vai acontecer em abril em Santa Catarina

38 : Avaliação do Desempenho da Incorporação de Lodo de Lavanderias Têxteis na Fabricação de Blocos Cerâmicos de Vedação ou Estruturais

ERRATA DESENVOLVIMENTO 22: Cerâmica Dois Irmãos amplia fábrica em Sergipe

DESENVOLVIMENTO 48: RS sediará Congresso Brasileiro de Cerâmica

Diferentemente do que foi publicado na matéria "Cerâmicas são reconhecidas por compromisso ambiental", o nome correto do proprietário da cerâmica Adolpho Guglielme é Pedro Guglielmi Neto. O texto publicado em janeiro – edição 45 –, na página 25, diz que o nome do empresário é José Antônio Patrício da Silva. Porém, este é o encarregado da fábrica. Para interagir com o jornalismo da NovaCer, envie e-mail para redacao@novacer.com.br ou para direcao@novacer.com.br.

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EDITORIAL Red Brick Church, em Budapest

Carta ao Ceramista O tema que ganhou destaque na edição deste mês foi a importância da realização de ensaios laboratoriais. Além de garantir a qualidade dos produtos e diferenciar a fábrica no mercado, especialistas no assunto afirmam que a empresa que preza pela realização de ensaios tem maior crediilidade e competividade. Conforme profissionais da área, os ensaios cerâmicos também evitam perdas no processo produtivo, trazem maior confiabilidade do consumidor e segurança quanto ao processo de construção das edificações. Saiba ainda na reportagem principal deste mês o custo-benefício de ter laboratório próprio. Confira dicas de especialistas sobre o assunto e o exemplo de uma cerâmica da Paraíba que investiu em um laboratório. Confira ainda nesta edição a inaguração da cerâmica Dois Irmãos, em Sergipe. A empresa foi ampliada e agora tem capacidade de produzir 5 mil toneladas mensalmente. A partir desta nova fase, a empresa passa a ser responsável

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por 150 empregos diretos e outros 300 indiretos. A importância de um técnico em segurança do trabalho também ganhou espaço na edição deste mês. Saiba a quais riscos os colaboradores estão expostos e como o profissional poderá agir para evitar que acidentes aconteçam em sua empresa. Neste mês, a entrevista especial é com o autodidata e pesquisador do comportamento humano Wilson Mileris. Criador de vários métodos de treinamento e educação de executivos, com ênfase nas áreas de Liderança, Motivação, Comunicação e Negociação, Mileris fala sobre inovação e competitividade. Como aumentar a rentabilidade, como melhorar a posição frente ao concorrente e como deve acontecer a inovação dentro das empresas são alguns dos assuntos abordados na entrevista. Aproveite a leitura!

A Direção


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Ensaios cerâmicos garantem qualidade e diferenciação Garantia que o produto atende às normas vigentes no país, maior credibilidade e competitividade dos produtos. Estes são alguns dos diferenciais de uma indústria cerâmica que preza pela realização de ensaios laboratoriais em todo o processo produtivo. Além destas vantagens, a realização de ensaios laboratoriais diferencia uma empresa no mercado competitivo pela mobilização de pessoas em torno de um objetivo comum, pela oportunidade para alavancar a imagem da empresa, diferenciação dos produtos em relação a seus concorrentes, aumento da satisfação dos clientes e condição essencial para exportação para diversos mercados, entre outros. Conforme o engenheiro cerâmico Clement Cadier, o controle do processo é sinônimo de qualidade. “Ou seja, ser capaz de sempre produzir um produto de mesmo padrão”, com-

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plementou. Segundo a técnica em cerâmica vermelha Francis de Matos Aquino, toda e qualquer indústria que se ajusta a um sistema de gestão de qualidade terá sempre um diferencial competitivo dentro do mercado, de forma a validar o produto final em conformidade com as NBR’s (Normas Brasileiras) instituídas pela ABNT. “Sendo assim, por meio dos ensaios de matéria-prima e produto acabado (blocos e telhas), podemos validar o processo de fabricação e a conformidade do produto acabado dentro dos padrões de confiabilidade do mercado consumidor, garantindo à empresa que adota estes procedimentos, maior aceitação pelos consumidores”. Para Fernanda Legat Taques, responsável técnica do Laboratório de Cerâmica Vermelha do Senai/Ponta Grossa, existe uma preocupação na adequação das cerâmicas em realizar


as NBR’s; maior confiabilidade do consumidor quanto à qualidade do produto; maior segurança quanto ao processo de construções das edificações; e menores despesas no processo produtivo. “O conhecimento dos produtos quanto às suas características cerâmicas é de suma importância para a obtenção de produtos tendo em vista a qualidade. O processo cerâmico apenas será bem-sucedido se for amparado com a garantia da qualidade através de ensaios cerâmicos”, afirmou Chaves.

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ensaios dos seus produtos acabados e aplicar as devidas correções que foram obtidas por meio dos resultados. Porém, conforme o coordenador técnico do Laboratório de Ensaios De Monte Carmelo (Lemc), Paulo Victor Antônio Chaves, apenas 2% das indústrias de cerâmica vermelha possuem laboratório interno de controle do processo e apenas 5% já enviaram matérias para laboratórios externos para controle da qualidade. “Com a chegada da copa do mundo e olimpíadas, penso que o momento é oportuno para inserir metodologias para atestar a qualidade física e mecânica dos produtos cerâmicos, ajudando as empresas a atender as necessidades e expectativas dos seus clientes”, completou. “Na realidade as empresas do polo cerâmico carecem de uma maior maturidade quanto à análise de conformidade de seus produtos, hoje elas veem como despesa e não como valor agregado ao produto, sendo assim, hoje há uma baixa procura na qualificação do produto com relação aos ensaios de conformidade. O mercado consumidor não está exigindo essas análises dos produtos cerâmicos”, disse o técnico em cerâmica vermelha Emerson Araújo. Segundo Araújo, os controles laboratoriais no processo de cerâmica vermelha são importantes, pois garantem a conformidade e a rastreabilidade do produto acabado. Entre os benefícios de fazer os ensaios necessários no produto fabricado, conforme a técnica em cerâmica vermelha Francis de Matos Aquino, estão a conformidade dos produtos em acordo com

Controle do processo produtivo Conforme o engenheiro mecânico Rodson Barros, por meio de consultorias, acompanhamentos laboratoriais internos, treinamentos de gestão para os colaboradores e ensaios físicos de qualificação do produto e físico-químico da matéria-prima, o ceramista consegue analisar todo o processo produtivo da fábrica. Para o engenheiro cerâmico Clement Cadier, dependendo da tecnologia de secagem e de queima, pode ser muito difícil controlar o processo. “A secagem natural, por exemplo, ou a queima em forno intermitente à lenha, são

difíceis de controlar. Nestes casos, o ceramista tem que se concentrar nos ensaios de material nas diferentes etapas de produção: argila, produto verde, produto seco e produto queimado”. Conforme o coordenador técnico do Laboratório de Ensaios De Monte Carmelo (Lemc), Paulo Victor Antônio Chaves, “por meio de práticas simples o ceramista pode melhorar substancialmente seu processo produtivo, realizando ensaio de umidade na conformação e secagem, verificando seu resíduo, regulando vácuo da maromba e controle de boquilhas”.

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Ensaios químicos nas argilas Os ensaios laboratoriais químicos nas matérias-primas e produtos acabados são importantes para mostrar a composição química a ser utilizada no processo de fabricação. “O conhecimento dos elementos da composição química permite classificar as argilas para as diversas finalidades cerâmicas. Permite também compreender a ação das impurezas que tendem a baixar a temperatura de queima das argilas, na reação com compostos de sílica e alumina, formando sílica-aluminato de ferro, cálcio, magnésio, sódio e potássio, que são fusíveis”, disse o coordenador técnico do Lemc, Paulo Victor Antônio Chaves. A realização da análise química, conforme o coordenador técnico do Lemc, contribui para controlar a qualidade das argilas. “Ao conhecer os componentes básicos presentes e a variação percentual dos óxidos presentes como a

sílica, cálcio, sódio e potássio, entre outros, tem-se informações de interesse prático nas etapas do processo, tais como resistência mecânica pela formação de fases líquidas, sinterização e formação de cristais; comportamento das substâncias durante as fases de queima nas variações de temperatura; identificação de eflorescência; identificação de elementos indesejáveis que são liberados durante as fases de queima e que causam corrosão na estrutura dos fornos e das estruturas metálicas dos secadores”, disse. “Os ensaios laboratoriais químicos conseguem quantificar a composição química da argila e, com esse resultado, o técnico consegue definir a melhor maneira de utilizá-la, realizando misturas de outras argilas para encontrar a composição ideal”, disse a responsável técnica do Laboratório de Cerâmica Vermelha do Senai/ Ponta Grossa, Fernanda Legat Taques.

Perdas no processo Um dos benefícios da realização de todos os ensaios necessários para uma cerâmica é a redução das perdas no processo produtivo. Para isso, segundo a técnica em cerâmica vermelha, Francis de Matos Aquino, os ensaios preliminares físico-químicos da argila devem ser realizados antes do início da produção, sequenciado pela análise de plasticidade do aparelho de Casagrande antes da extrusão. Para os dois

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produtos (telhas e blocos), utiliza-se o mesmo procedimento de ensaio. No entanto, para o engenheiro cerâmico Clement Cadier, é preciso controlar o processo no seu conjunto. “Algumas argilas serão mais sensíveis a uma etapa ou outra do processo”, disse. Para o coordenador técnico do Laboratório de Ensaios De Monte Carmelo (Lemc), Paulo Victor Antônio Chaves, existem dois tipos de ensaios que podem auxiliar a evitar perdas no processo. São eles Análise Térmica Diferencial e Análise Dilatométrica. “A presença de certas impurezas e sua fração granulométrica modifica o comportamento físico da argila, que influi diretamente na dilatação das massas argilosas. Sendo uma propriedade das argilas, a dilatação ocorre perante a composição química e mineralógica, portanto, prevê maior eficiência no controle da queima, no grau de sinterização da massa e fornece informações importantíssimas para delinear as curvas de queima, a velocidade de queima da massa e a obtenção de fases cristalinas desejadas no produto”, disse.


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Ensaios na fábrica Conforme a técnica em cerâmica vermelha, Francis de Matos Aquino, existem ensaios possíveis de serem realizados pela própria empresa. Entre eles estão os ensaios de controle de processo, como ensaio de sazonamento da matéria-prima, monitoramento do processo de laminação, ensaio de plasticidade, secagem e queima. “Porém, os ceramistas devem procurar uma instituição competente para viabilizar as orientações e treinamentos referente aos ensaios acima citados. Após estas orientações, o ceramista poderá realizar o controle com seus colaboradores”. É importante, conforme Clement, o ceramista ter seu próprio laboratório e também fazer ensaios em laboratórios credenciados. “Os dois são importantes. Os ensaios na cerâmica permitem o controle do processo. Os ensaios em laboratórios são essenciais para a cerâmica que começa, que vai usar uma nova argila, por exemplo”, contou. Conforme o engenheiro cerâmico, o custo-benefício da realização de todos os ensaios que precisam ser feitos pelas empresas fabricantes de tijolos é difícil mensurar, mas o custo de implantar é mínimo e o retorno pode ser muito grande. “Por exemplo, um laboratório simples com um custo de R$ 5 mil por mês (técnico no laboratório mais amortecimentos de investimento em equipamentos). Se este laboratório permite reduzir a perca da fábrica em 1%, para uma fábrica que produz 100T/dia de tijolo, o laboratório já se paga”, explicou. “Aconselha-se sempre a empresa possuir um técnico de cerâmica contratado, para ana-

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lisar os resultados obtidos e implantar as mudanças necessárias para melhoria através dos resultados obtidos”, disse Chaves. Após a instalação de um laboratório próprio, a cerâmica Salema, de João Pessoa, na Paraíba, melhorou o processo produtivo e a qualidade dos produtos acabados. Conforme o diretor da empresa, João Neto, por meio de ensaios e testes de avaliação no laboratório, foi possível monitorar o processo, como a escolha da jazida, extração das matérias-primas, controlar o sazonamento e a qualidade na produção e dos produtos acabados. Entre os ensaios realizados no laboratório da Salema estão caracterização das matérias-primas, (resíduos, granulometria, retração de secagem, queima), ensaios de produto acabado - dimensionamento e absorção. “Através destes ensaios, é possível monitorar as características que irei obter dos meus produtos, antecipar determinadas mudanças no comportamento das argilas, podendo manter o padrão dos produtos e dos processos internos (melhorar)”, disse o técnico em cerâmica da Salema, Alisson Lima. Segundo Lima, com o laboratório, é possível restringir o achar a certezas. “Ainda hoje as cerâmicas trabalham no sistema de acho que é assim, assado! Por mais simples ou mais sofisticado que seja o laboratório é possível extrair informações que melhoram o desempenho da cerâmica e consequentemente dos produtos”. Para o diretor da Salema, vale a pena instalar um laboratório. “Além do espaço físico, é necessário obter alguns materiais, como peneiras de granulometrias diferentes, estufa, paquímetros, réguas de precisão e uma balança de divisões mínimas de 1 em 1 grama por exemplo, isso tem um custo muito baixo em termos de aquisição x resultado, é importante também investir em treinamento e, na falta de um técnico, preparar as pessoas para que executem estes ensaios”. Conforme Neto, é recomendável que as cerâmica tenham laboratório próprio, pois se todos trabalharem em busca da qualificação de seus produtos, não haverá mais produtos fora da norma e a concorrência será mais justa ao fim. “O mercado em geral se tornará mais exigente, elevando o nível das empresas que batalham pela qualidade”.


Os ensaios laboratoriais começam já antes da extração da matéria-prima. Nesse caso, conforme o engenheiro mecânico Rodson Barros, os ensaios físicos e químicos são realizados com a perfuração na jazida da argila para verificação da plasticidade e homogenização da argila e a composição química dos argilominerais existentes. “Antes da extração, no caso de uma argila desconhecida, tem que ser realizado uma análise química, uma granulometria, perda ao fogo e finalmente teste do processo em barras por exemplo (moagem, extrusão, secagem e queima). Antes disto, também tem o trabalho de geologia, de mapeamento da argileira na superfície e na profundidade”, disse o engenheiro cerâmico Clement Cadier. Após a extração, são importantes os ensaios de caracterização da matéria-prima, para a determinação do traço, retração e resistência do produto. “Geralmente as cerâmicas processam uma mistura de argila. Raramente se trata de uma única argila. Neste caso, é importante testar a mistura com testes de granulometria simplificado (% de resíduo por exemplo) e de umidade”, relatou Cadier. Já na etapa de secagem são necessários ensaios de teor de umidade, ensaios de Casagrande. “Ambos para determinação de umidade ótima para o processo de queima”, disse Barros. “Na secagem, temos diminuição da água e retração. Isso que tem que ser controlado. Portanto, na secagem, é importante controlar a umidade de entrada e de saída assim como o dimensional”, disse Cadier. Na etapa de queima, conforme o técnico em cerâmica vermelha Emerson Araújo, são neces-

sários o “controle das temperaturas de entrada da queima e saída dos fornos, pois os produtos podem sofrer deformações e trincas, diminuindo assim a sua resistência mecânica e o aspecto visual”. “O ensaio mais simples é a umidade residual na entrada do forno. No caso que não tenha reabsorção de água, é a mesma que a umidade de saída do secador. Esse controle pode evitar problemas de trincas de pré-aquecimento no forno. Já depois de queimado é preciso fazer os ensaios simples dimensionais e de peso”, relatou Cadier. Para o engenheiro, os ensaios são, quando bem aplicados, sinônimo de produto de qualidade. Uma cerâmica com uma boa política e cultura de qualidade estará na frente da concorrência. “Os ensaios são a ferramenta desta qualidade”, disse. Segundo o técnico em cerâmica Emerson Araújo, os ensaios qualificam e certificam o produto em conformidade com as normas técnicas da ABNT, assegurando a qualidade do produto ao mercado consumidor.

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Etapas do processo e seus ensaios

Ensaios Produto acabado: Determinação das medidas das faces – Medidas efetivas; Determinação da espessura das paredes externas e septos dos blocos; Determinação do desvio em relação ao esquadro; Determinação da planeza das faces; Determinação da massa seca e do índice de absorção de água; Determinação da resistência a compressão (Bloco Cerâmico) Ensaios Argila: Retração de secagem e queima, cor de queima; Porcentagem de umidade de extrusão, perda ao fogo; Porosidade aparente; absorção de água; Resíduo #100, #150, #200 e #325; massa específica aparente; Resistência a flexão seco e queimado em duas temperaturas, 850ºC e 950ºC; análise química, AD e ATD. NC

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Fotos: Agência de Notícias Sebrae

A cerâmica Dois Irmãos, uma das indústrias do grupo do empresário Abílio Guimarães Primo, em Sergipe, foi ampliada. A solenidade de inauguração da empresa, fabricante de tijolos para vedação e tijolos para laje, ocorreu no dia 12 de fevereiro, em Capela. Com a ampliação, a indústria agora tem capacidade para produzir 5 mil toneladas mensalmente e a partir desta nova fase passa a ser responsável pela geração de cerca de 150 empregos diretos e outros 300 indiretos. Localizado na BR 101, Km 034, no Povoado Pirunga, o empreendimento de porte médio, em Capela, soma-se as outras cinco indústrias do grupo administrado pelo empresário, sendo três em Itabaianinha (SE), uma em Siriri (SE) e uma em Araçás (BA). Juntas, elas empregam 600

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empregos diretos e 1,2 mil empregos indiretos. A capacidade de produção das seis fábricas do grupo é de 20 mil toneladas por mês. Segundo o empresário e diretor presidente da cerâmica Dois Irmãos, José Abílio Guimarães Primo, o que o levou a investir na fábrica foram “as perspectivas que surgiram em 2010, onde houve uma alavancada nas indústrias de cerâmica vermelha”. Conforme ele, a ampliação realizada com o intuito de aumentar a produção para expansão no mercado interno e nos estados vizinhos, levou três anos para ser concluída. O empresário Abílio Guimarães se mostrou bastante animado com a nova fase da cerâmica, que recebeu incentivos fiscais do Governo do Estado por meio do Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI). “Agradeço ao governador Jackson Barreto, ao secretário Saumíneo Nascimento e todos aqueles que contribuem para o nosso desenvolvimento”. Presente na inauguração, o governador do estado de Sergipe, Jackson Barreto, fez questão de ressaltar a importância dos funcionários para o crescimento da fábrica e de Sergipe. “A empresa não seria a mesma sem vocês, funcionários, somado à capacidade de empreendedorismo de Abílio e sua família. O poder público não pode fazer nada sozinho, tem que estar caminhando ao lado do setor privado. São as duas mãos, pernas e cabeças que fazem Sergipe não parar e continuar se desenvolvendo”. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico e Tecnologia, Saumíneo Nascimento, a inauguração desta ampliação da fábrica contou com empenho da equipe da Companhia de Desenvolvimento Industrial e de Recursos Minerais de Sergipe (Codise) e incentivo do Governo do Estado. “O que é produzido aqui será parte da casa de muitos sergipanos, nós ajudamos a construir uma vida melhor para a população deste povoado ao incentivar o crescimento desta cerâmica e o que é produzido será usado para construir muitos lares”, explicou o secretário. NC Com informações da Agência de Notícias Sebrae

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SEGURANÇA

Por mais segurança na indústria cerâmica Técnico em segurança do trabalho ajuda solucionar situações de riscos nas cerâmicas

Um ambiente de trabalho, muitas vezes, pode revelar armadilhas perigosas para colaboradores de uma indústria de cerâmica vermelha. Os acidentes vão desde amputação/esmagamento de membros por ausência de proteção na maromba até doenças infecciosas/dermatológicas por ausência de papel higiênico ou recipiente adequado com tampa para os papéis de higienização periódica dos sanitários. Para solucionar es-

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tas e outras situações de riscos, existe o técnico em segurança do trabalho, um anjo da guarda preocupado em garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores por meio de ações voltadas à prevenção. De acordo com o técnico em segurança do trabalho do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest/Piracicaba), em São Paulo, Marcos Hister, o técnico é aquele que tem na sua formação acadêmica conhecimento sobre aspectos da prevenção de acidentes e doenças do trabalho e tem como principal atribuição mediar os conflitos existentes entre o capital e o trabalho, ou seja, criar uma situação de equilíbrio entre demanda de produção e a proteção dos trabalhadores. Conforme Hister, normalmente, um técnico de segurança está alocado no setor


SEGURANÇA

de recursos humanos da empresa e, para evitar um acidente de trabalho, deve agir de forma articulada com os outros setores da empresa, ou seja, entender como funciona o processo produtivo da empresa. Além disso, segundo o profissional, é necessário ter noção dos principais setores que compõem a empresa, sendo eles setor de produção, finanças, contábeis, logística, marketing e gestão de pessoas. “Enfatizo isso porque a empresa é um sistema sócio técnico e qualquer desequilíbrio em um dos setores irá potencializar o risco de ocorrência de acidentes e doenças do trabalho. Um exemplo: se o setor de produção estipular metas com prazos curtos para o cumprimento e não tiver mão de obra suficiente, combinado com a falta de proteção nos maquinários, o trabalhador tende a acelerar o ritmo de trabalho para dar conta da produção e pode sofrer acidentes de trabalho”, explicou Hister, que trabalha com saúde do trabalhador há oito anos, sendo seis especificamente no setor de olarias e cerâmicas vermelhas. “Constantemente, presenciamos situações de risco de vida dos trabalhadores. As mais comuns são de risco de amputação de dedos em maquinários sem proteção. Certa vez, estive em uma cerâmica e os trabalhadores estavam colocando os tijolos para serem queimados, porém, o forno estava com risco iminente de desmoronamento. Nesta ocasião, os trabalhadores tinham conhecimento do risco, mas não tinham autonomia para exercer seu direito de recusa, pois normalmente moram em casas fornecidas pelos patrões e tem forte vínculo de paternalismo, o que dificulta a intervenção e prevenção. Quando há situações deste tipo, imediatamente é lavrado um Termo de Interdição para que a empresa sane as irregularidades”. De acordo com o técnico em segurança do trabalho da Anicer, Isac Medeiros, evitar acidentes é uma tarefa difícil por requerer disciplina dos administradores e demais colaboradores, pois a segurança completa só acontece quando existe uma plena consciência individual e coletiva dos riscos no ambiente de trabalho. “Todos devem estar em

sintonia com as regras e os padrões. Não basta contar com o bom senso. É necessário que treinamentos sejam realizados com frequência”, disse o profissional que atua na área de segurança há quatro anos. Entre os setores de mais riscos, Medeiros destacou os de preparação de argilas e massas, conformação e cozimentos (fornos). “Em ordem de riscos iminentes, podemos citar, em primeiro lugar, as instalações elétricas industriais (casas de forças, quadro e painéis de comando com circulações de fios incorretas). Em segundo, temos os maquinários, estacionários ou móveis. A maioria apresenta riscos. E em terceiro, temos os fatores biológicos do ambiente de trabalho”. Segundo Hister, toda empresa deve possuir um técnico de segurança, mesmo que seja em forma de assessoria, pois os profissionais que atuam na prevenção de acidentes do trabalho são preparados para aplicar técnicas que evitem os acidentes de trabalho. É dever de toda empresa, estatal ou privada, zelar pela saúde de seus trabalhadores. Portanto, Hister alertou que “a empresa deve calcular os custos aplicados na prevenção de acidentes sem pensar em retorno financeiro, uma vez que a vida do trabalhador é um bem intangível e, portanto, não pode ser mensurado”.

Na foto, Hister realiza intervenção em uma serra circular sem proteção

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SEGURANÇA

Além da prevenção Quando se fala em segurança do trabalho, logo se pensa na prevenção de acidentes. Porém, o tema envolve muito mais que prevenção, segundo o técnico em segurança do trabalho Isac Medeiros. “Além de outros temas, prefiro destacar o respeito a partir do momento em que você instrui o colaborador sobre a maneira como ele deve usar o EPI (Equipamento de Proteção Individual), faz palestras e desenvolve diálogos

diários de segurança. Todas essas práticas geram um respeito mútuo com o ser humano no ambiente de trabalho”. Conforme Medeiros, o técnico em segurança do trabalho é um anjo da guarda, um amigo e um líder. "Você tem que estar sempre apto e disponível para conversar com os colaboradores sobre qualquer tipo de problema, até mesmo ouvir desabafos de problemas pessoais. Muitas vezes, um colaborador pode sofrer um acidente por não prestar a devida atenção na execução do trabalho, isso porque estava com problemas em casa e não tinha com quem desabafar”.

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Acidentes podem ser evitados

Vistorias a campo para intervenções em maquinários de olarias que estavam sem proteção

“Os acidentes de trabalho podem ser evitados e não ocorrem por obra do acaso. Fatalidades ou imprevistos, como muitos acham, são fenômenos complexos que

acarretam em diversas perdas. E estas perdas geram custos pessoais, emocionais, institucionais e sociais”. A afirmação é do técnico em segurança do trabalho do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest/Piracicaba), em São Paulo, Marcos Hister. Para que acidentes sejam evitados, é preciso o envolvimento dos trabalhadores com relação à segurança no trabalho. Porém, devido ao baixo grau de instrução da maioria, este envolvimento é deficiente. “A solução imediata, aplicada na maioria das vezes, é advertências e penalidades quanto ao descumprimento das práticas de saúde e segurança no trabalho. Isso é do ser humano. Durante anos o governo alertou os motoristas sobre os riscos de dirigir sem cinto de segurança e, mesmo assim, o índice de utilização era baixíssimo. Somente quando começou-se a aplicar uma penalidade que doeu no bolso, o uso do cinto de segurança tornou-se realmente uma prática comum entre os motoristas”, disse o técnico em segurança do trabalho Isac Medeiros. NC M

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ENTREVISTA

Inovação e competitividade Revista NovaCer - Em sua opinião, o que é inovação? Wilson Mileris - Inovação é uma competência essencial que envolve a criação de novos tipos de negócios ou um aumento da variedade estratégica no setor atual. Tem que ser expressivo o bastante para agregar alto valor ao cliente. Inovação não é apenas um jargão corporativo, mas um caminho necessário para transformações nas organizações. A inovação implica em uma mudança cultural que exige tempo, dinheiro e muito compromisso.

A entrevista especial deste mês é com o autodidata e pesquisador do comportamento humano, Wilson Mileris. Criador de vários métodos de treinamento e educação de executivos, com ênfase nas áreas de Liderança, Motivação, Comunicação e Negociação, Mileris atua há mais de 30 anos como conferencista, treinador e consultor de recursos humanos. O pesquisador também é autor do livro "O Click do Êxito", editado pela Ediouro, e coautor dos livros "Gigantes da Motivação" e "Gigantes da Liderança" 28

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Revista NovaCer - Como uma empresa pode aumentar sua rentabilidade? WM - Rentabilidade significa sucesso econômico de uma empresa em relação ao capital aplicado. Para ter sucesso e ser rentável, toda empresa vai ter que considerar a inovação como uma competência promotora da rentabilidade. Vejamos os bem documentados esforços da GE e da P&G – duas das maiores e mais conceituadas empresas do planeta – para levar a inovação até a essência de suas respectivas organizações. O atual CEO (chefe executivo) da GE, Jeff Immelt, deu início a nada menos que uma revolução cultural na empresa, colocando o foco estratégico além do aprimoramento contínuo e dos resultados financeiros, visando à criação de ideias ousadas e criativas. As metas de Immelt são bastante desafiadoras. Atualmente, ele sofre a pressão de alcançar um incrível crescimento orgânico de 8% ao ano. Para o tamanho da GE, isso representa cerca de 15 bilhões de dólares em novas receitas ao ano que equivale a acrescentar novos negócios que remontem a uma operação do tamanho da Nike. Immelt adotou a inovação como uma competência para impulsionar e sustentar o crescimento de novas receitas. Alan G. Lafley, presidente da P&G, adotou a inovação de “cabo a rabo” – nas invenções, mercados, fábricas e distribuidores. Ele também está sob pressão. Ele precisa produzir níveis de crescimento lucrativo cada vez maiores – cerca de 7 bilhões de dólares em novas receitas a cada ano – e tem de encontrar maneiras


NC - Como uma empresa pode melhorar sua posição frente ao concorrente? WM - Adotando um esforço sério e amplo, com um conjunto correto de regras, na direção do desenvolvimento de uma capacidade sistêmica que contribua com a inovação. O procedimento deve ser o mesmo e tão onipresente quanto o Seis Sigma, o tempo de ciclo, o TQM (Gestão da Qualidade Total), o rápido atendimento ao cliente ou qualquer outro processo complexo usado pelas empresas nos últimos 30 anos. Um exemplo de melhoria de performance de uma empresa em relação aos concorrentes é a Cemex, multinacional mexicana fabricante de materiais para construção. A Cemex é a terceira fabricante de cimento do mundo. O setor de cimento não parece um segmento que inspire ideias revolucionárias a exemplo do segmento de cerâmica vermelha. Contudo, a capacidade de renovação da Cemex, tanto interna quanto externamente, serve como exemplo para qualquer empresa disposta a incorporar a inovação em seu DNA. No início dos anos 90, o CEO da Cemex, Lorenzo Zambrano, decidiu que a chave para construir um futuro melhor para a empresa era a inovação. Resolveu levar a empresa para além de suas raízes tradicionais, investindo nas habilidades de solução de problemas até o “chão de fábrica”. Esta visão produziu uma capacidade de inovação em toda a corporação que ajudou a empresa a atingir aumento nas vendas, nos lucros e nas margens operacionais de mais 20% na última década – um aumento duas vezes maior que o de suas duas rivais globais, a francesa Lafarge e a suíça Holcim. Além disso, ainda hoje, a Cemex é uma das empresas mais cobiçadas pelos trabalhadores em todo o México. NC - Qual o futuro de empresas que não investem em inovação? WM - O primeiro sintoma é perder terreno para os concorrentes. Em um mundo que

muda de forma cada vez mais acelerada, a inovação é a única segurança contra a irrelevância. Num ambiente em que os atritos diminuem com a mesma constância com que caem as barreiras, a inovação é o único antídoto contra a concorrência que destrói as margens. Além disso, numa economia globalizada em que as vantagens do conhecimento se dissipam cada vez mais rápido, a inovação é o único meio para se destacar na multidão. NC - O que é competitividade? WM - É quando a empresa desenvolve competências para diferenciar-se da concorrência através de um custo menor, de uma eficiência maior, de novos produtos e serviços disponibilizando mais valor sob o ponto de vista do cliente. Pode ser entendida como uma vantagem que a empresa conseguiu em relação aos seus concorrentes, investindo em produtos novos ou agregando valor aos já existentes.

ENTREVISTA

criativas de alcançar metas tão ambiciosas. Naturalmente, quando Immelt e Lafley falam da necessidade premente de inovação, não se trata de mera retórica – esses líderes falam de uma competência que tem transformado profundamente suas organizações e mantido a rentabilidade em crescimento.

NC - Como ser uma empresa competitiva no mercado? WM - No caso do segmento da cerâmica vermelha, buscando inovar através de seus produtos e serviços, oferecendo um diferencial aos seus clientes. Um dos caminhos para manter a vantagem competitiva no segmento é por meio da diferenciação, dessa forma a inovação passa a ser um aspecto fundamental para que as empresas do segmento consigam se diferenciar e crescer no atual cenário. É fundamental que o segmento considere a importância da prática da inovação para a vantagem competitiva nas empresas do setor. Portanto, consideramos que a vantagem competitiva pode ser alcançada através de duas maneiras: a) por custo e b) por diferenciação. Desta forma, a inovação é um importante meio para o alcance da vantagem competitiva, primeiro porque ela pode contribuir através de novas formas de gestão visando a redução de custos e, segundo, porque ela pode atuar diretamente na diferenciação dos produtos ou serviços que o segmento oferece. NC - Inovar é se arriscar? Explique melhor esta frase. WM - Se considerarmos que ARRISCAR é sujeitar-se ao arbítrio da sorte, não concorda-

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ENTREVISTA

mos com a frase “inovar é arriscar-se”. Prefiro utilizar o verbo DESAFIAR no sentido figurado de fazer surgir, despertar, instigar ou suscitar. Inovação implica em desafios e deveres da liderança. Para criarmos novos insights que levem nosso segmento à inovação, é preciso desafiar o status questionando os modelos mentais arraigados na nossa indústria. Precisamos identificar padrões despercebidos que podem mudar significativamente as regras do jogo que praticamos no segmento. É preciso ver nossas empresas como um portfólio de habilidades e qualidades, e não como um fornecedor de produtos ou serviços para mercados específicos e, finalmente, precisamos de muita empatia para colocar-se no lugar do cliente, buscando identificar necessidades não atendidas. NC - A quais riscos os empresários devem estar atentos? WN - Se examinarmos o portfólio das crescentes oportunidades que o segmento da cerâmica vermelha gerou com seus esforços de inovação é bem provável que encontremos um variado conjunto delas com períodos e perfis de risco diferentes. Risco significa a probabilidade de insucesso de determinada ação, em função de acontecimento eventual, incerto, cuja ocorrência não depende exclusivamente da vontade dos interessados. Qualquer atividade oferece um perfil de risco. É possível com uma estratégia e uma metodologia adequada reduzir o risco de qualquer ação. O empresário que quiser reduzir o risco dos investimentos em inovação vai ter que aprender a distinguir entre apostar a fazenda ou apenas um boi – ou vários bois. Sem dúvida, a inovação pode ser um esforço arriscado. Risco é uma variável da incerteza – ou da probabilidade de falha – multiplicada pelo tamanho da vulnerabilidade financeira de alguém. Os empresários do setor devem ter capacidade para diferenciar o risco efetivo do risco percebido. O risco efetivo é determinado por quatro fatores. São eles o tamanho do compromisso financeiro, irreversível e não-recuperável, que precisa ser feito para o projeto decolar; o grau para o qual a nova oportunidade se desvia da base de compreensão técnica e de mercado existentes na empresa; o volume de incerteza em torno das premissas cruciais do projeto (particularmente com

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respeito à natureza da demanda do cliente e da viabilidade técnica); o período de execução necessário ao lançamento (quanto mais longa a escala de tempo, maior o risco); o risco percebido, por outro lado, é uma variável da incompreensão – baseia-se na pura falta de informação, de provas ou de experiência. Ele é determinado não por aquilo que o risco é de fato, mas pelo que a empresa pensa que é. Essa incompreensão pode criar uma diferença significativa entre o risco efetivo e o risco percebido que pode ser chamado de gap da incompreensão. NC - O futuro da cerâmica vermelha depende da inovação? WM - Se no futuro da cerâmica vermelha estiver contemplado um planejamento estratégico que abarque a construção de uma arquitetura da inovação, sem dúvida. É preciso que a cerâmica vermelha aceite que a inovação bem-sucedida é um jogo de números. As chances da cerâmica vermelha encontrar novas oportunidades de peso estão intimamente ligadas à quantidade de ideias geradas. A cerâmica vermelha precisa criar um portfólio diversificado de ideias e experiências para conseguir alguns sucessos. Não estou sugerindo que a cerâmica vermelha busque um mix de oportunidades desconexas, na esperança de que uma pequena porcentagem gere recompensas financeiras e estratégicas. Ao contrário, sugiro e afirmo que a inovação estratégica requer um alto grau de concentração. Para a cerâmica vermelha obter vantagem competitiva, ela não pode fazer “uma corrida maluca em todas as direções”. Considero importante a cerâmica vermelha pensar na inovação como uma ferramenta para construir um futuro melhor para o segmento. Esta ferramenta exige coerência, coesão e especialização. O resto é conciliar dois requisitos aparentemente opostos: “diversidade” e “coerência”. Administrar esse paradoxo é o desafio maior da cerâmica vermelha para construir seu futuro. NC - Quando deve acontecer inovação dentro de uma empresa? WM - Quando a empresa decide focar no processo de inovação. O objetivo da inovação não é apenas “produzir milhares de flores”, mas garantir que elas sejam plantadas


NC - O que é fundamental para o sucesso de uma empresa? WM - Transparência. Talvez seja uma palavra abrangente demais, mas é fascinante. Ela inclui franqueza, integridade, honestidade, ética, clareza, exposição completa, conformidade legal e uma série de outras coisas que nos permitem tratar uns aos outros corretamente. Sem transparência, as pessoas não creem no que dizem seus líderes. A transparência é uma questão urgente, principalmente, em consequência do surgimento, nas últimas

NC - Qual a principal dica para empresas serem competitivas? WM - A competitividade empresarial significa a obtenção de uma rentabilidade igual ou superior aos rivais no mercado. Se a rentabilidade de uma empresa, numa economia aberta, é inferior ao dos seus rivais, embora tenha com que pagar os seus trabalhadores, fornecedores e acionistas, a médio ou longo prazo estará debilitada até chegar a zero e tornar-se negativa. A principal dica para uma empresa ser competitiva é ela prestar aten-

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ENTREVISTA

NC - Como você vê o setor de cerâmica vermelha quanto à inovação? WM - Vejo que o setor está preocupado com este caminho e quero contribuir sugerindo alguns mecanismos para o setor criar os pontos-alvo. Se o setor decidir criar um portfólio de plataformas de crescimento, será necessário concentrar-se estrategicamente ano após ano nesse tema. A GE, por exemplo, definiu um número limitado de grandes desafios a serem superados. A Cemex é uma das empresas que mais cresceram e lucraram no mundo nos últimos anos. A multinacional mexicana fabricante de materiais para construção também optou por concentrar sua inovação em um número relativamente pequeno de plataformas de crescimento específicas nas quais a empresa procura ideias inovadoras. Esses domínios especiais incluem “habitação para os menos favorecidos” e “soluções no lugar de cimento”. Tais questões são amplas o bastante para gerar muitas sugestões, mas focadas o suficiente para não tirar a iniciativa do contexto. Depois desse período, há um rodízio de pessoas nesses grupos e os novos integrantes continuam o trabalho nas mesmas plataformas. O sistema gerou uma inovação atrás da outra, às vezes, resultando na criação de negócios totalmente inéditos.

décadas, da tecnologia digital onipresente, que torna a transparência praticamente inevitável. Precisamos aceitar que vivemos em uma época em que a comunicação nunca foi mais fácil nem mais implacável. Uma parte cada vez maior de nossa experiência está sendo armazenada eletronicamente, e poderosos mecanismos de busca possibilitam que este vasto arquivo seja explorado em questão de segundos por qualquer pessoa com acesso à internet. Essa nova tecnologia está emancipando, literalmente, milhões de pessoas que antes viviam isoladas dentro dos limites de seus vilarejos, e oferece a todos nós possibilidades intermináveis. Há muito tempo considero a transparência essencial para a saúde pessoal e organizacional; negar a verdade prejudica todos imensamente. As organizações precisam de transparência da mesma maneira que o coração precisa de oxigênio. A falta de transparência bloqueia as ideias inteligentes, retarda as ações rápidas e impede que as pessoas capazes contribuam com todo o seu potencial. É algo devastador. É um inibidor da inovação. Onde não existe transparência, as pessoas não se comunicam com objetividade nem manifestam suas ideias de modo a estimular o verdadeiro debate. Elas engolem seus comentários e críticas. Ficam de boca fechada para não ofender os outros e para evitar conflitos, além de adoçarem as más notícias para manter as aparências. Reprimem sentimentos e ideias e guardam as informações para si mesmos. Ironicamente, quanto mais os líderes políticos e empresariais combatem a transparência, menos conseguem. A razão disso, infelizmente, não é o triunfo inevitável do bem sobre o mal, mas o poder que tem a nova tecnologia de mudar a realidade.

de maneira ordenada, no mesmo jardim, por assim dizer. Em vez de atirar em várias direções, a meta é produzir mil ideias e oportunidades de alta qualidade nas áreas escolhidas para o foco estratégico. É importante definir “pontos-alvo” que devem ser amplos o bastante para conquistar a adesão de todos na empresa e fora dela. Entretanto, têm de ser específicos o suficiente para canalizar os esforços e investimentos da empresa.

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ENTREVISTA

ção no seu potencial humano e nas relações entre as pessoas. A comunicação e o relacionamento devem ser considerados como comportamentos importantes para ampliar a competitividade das empresas. Retomamos o tema transparência. Considere que a transparência traz mais pessoas para a conversa. Obviamente, quanto mais gente participa da conversa, mais claras e ricas ficam as ideias, mais sugestões vêm à superfície e são discutidas, rejeitadas e aprimoradas. Em vez de todo mundo se fechar, todos se abrem e aprendem. Qualquer organização – unidade ou equipe – que envolva mais pessoas e seus cérebros nas conversas desfruta de uma vantagem competitiva. NC - Em sua opinião, os empresários do setor de cerâmica vermelha devem se preocupar em modernizar suas indústrias para se tornarem competitivos? WM - Creio que a modernização implica em efetuar mudanças buscando substituir sistemas, métodos e até equipamentos. Essa preocupação deve ser constante em virtude de que qualquer segmento, deve acompanhar a evolução e as tendências do mundo atual para sobreviver. A modernização passa pela estratégia que os empresários do setor de cerâmica vermelha devem adotar. Para nós, estratégia significa fazer escolhas claras sobre como competir. Não se pode ser tudo para todos, não importa o tamanho do negócio ou a quantidade de dinheiro que o empresário tenha no caixa. Quando Jack Welch se tornou CEO da GE, em 1981, ele lançou uma iniciativa que se tornou alvo de grande publicidade: “Ser a número um ou a número dois em todos os mercados, consertando, vendendo ou fechando para chegar lá”. O objetivo de Welch era se afastar de negócios que estavam sendo comoditizados e buscar negócios que fabricassem produtos de alta tecnologia e alto valor agregado ou vender serviços no lugar de coisas. Como parte dessa iniciativa, era preciso melhorar substancialmente os recursos humanos com um foco implacável no treinamento e no desenvolvimento. Os empresários do setor de cerâmica vermelha devem revigorar seus negócios através da inovação. Entretanto, antes, devem protagonizar seu pessoal para um processo de questionamentos sobre cinco questões diferentes. São

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elas: Como está o campo de jogo do setor da cerâmica vermelha nesse momento? O que os concorrentes estão fazendo para mudar o campo de jogo? O que a sua empresa está fazendo para explorar o atual cenário? Qual é a visão de futuro da sua empresa? E qual será sua estratégia vencedora? Estratégia também significa combinar tarefas e pessoas – combinação que geralmente depende do ponto em que a empresa se encontra no contínuo da comoditização. Para se tornarem competitivos, é preciso encontrar um foco e definir a direção. Escolha as pessoas adequadas para executar e trabalhe como um louco para torná-las realidade. Descubra as melhores práticas e aprimore-as todos os dias. Lembre-se: acertar a estratégia significa combinar tarefas e pessoas. NC - Se tivesse que dar um conselho aos empresários brasileiros quanto à inovação e competitividade, qual seria? WM - Se o empresário brasileiro quiser se destacar perante o mercado, os clientes e os consumidores, ele deve saber que não é por meio de corte de custos, de downsizing, da adoção de sistemas de gestão consagradas como Seis Sigmas ou de programas e metas de eficiência que vão se destacar. O jeito de crescer de modo significativo é através da nutrição dos seus colaboradores e da inovação. O combustível de todo tipo de crescimento hoje no mundo corporativo é composto pela capacitação dos colaboradores e adoção da inovação. Sem esses dois elementos, não há crescimento sustentável a longo prazo. NC - Como pode ser definida a capacidade de inovar de uma empresa? WM - Adotando a metáfora do “Espelho, espelho meu” para saber se sua empresa está de fato comprometida com inovação, faça as sete perguntas: Você consegue descrever o seu sistema de inovação corporativa da empresa? A direção da empresa enxerga todo funcionário como um inovador e potencialmente capaz de moldar a direção da empresa? Você, na condição de líder, foi treinado para ser um inovador? Qual o papel da inovação na sua avaliação de desempenho? De que maneira os processos administrativos da sua empresa apoiam seu trabalho como inovador? Quanta burocracia você teria de


NC - A capacidade de inovar é determinante para a competitividade das empresas? Por quê? WM - Sim, é determinante. As empresas precisam ser rentáveis. Considerando que a competitividade empresarial significa a obtenção de uma rentabilidade igual ou superior aos rivais no mercado. O grau de êxito econômico de uma empresa em relação ao capital nela aplicado está intimamente ligado à inovação, que é o combustível de todo tipo de crescimento hoje no mundo corporativo. NC - Os produtos estão cada vez mais parecidos, similares. Nesse caso, como ser um diferencial neste mercado competitivo? WM - O caso da fabricante americana de softwares, computadores e gadgets eletrônicos Apple é exemplar para discutirmos diferenciação num mercado competitivo. Em 1997, quando seu fundador, Steve Jobs, voltou à empresa depois de um longo período de afastamento, ela estava cheia de problemas, desacreditada pelo mercado – sua imagem era de uma companhia praticamente falida. Desde que Jobs reassumiu o controle, portanto, em apenas 12 anos, o valor de mercado da Apple cresceu tanto que hoje é nada menos que três o da Nokia – 35 bilhões de dólares. A valorização das ações da Apple foi ainda mais impressionante: 2.300% em uma década. De onde veio todo esse crescimento? Não foi tentando desenvolver o laptop mais barato do mundo, investindo em programas de eficiência ou fazendo downsizing e perdendo talentos que Jobs conseguiu esta proeza. Não havia nada de errado com

a eficiência da Apple, ao contrário. Seus produtos são desenvolvidos na Califórnia, porém, montados na China, como vários outros eletrônicos. Mas não é esse o diferencial da Apple. Então, como Jobs fez isso? Não foi com certeza ficando sentado em uma cadeira no escritório na sede da empresa. Foi inovando, revolucionando o mundo dos computadores pessoais com o iMac, revolucionando o mundo da música com o lançamento do iPod e do iTunes e o mundo dos telefones celulares e smartphones com o iPhone e a Apple Store. São produtos mais caros que os concorrentes, mas que não deixaram de vender nem durante a crise. Isso é diferenciação. Isso é inovação.

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vencer para obter os recursos para inovar, mesmo em um projeto pequeno e de baixo risco? Você sabe onde encontrar, em sua organização, treinadores e mentores que possam ajudar a empurrar uma nova ideia para frente? Se você tem respostas para as sete perguntas acima, pode ser que sua empresa esteja comprometida com a inovação. Agora faça outras duas perguntas: Por que os colaboradores parecem não ter a menor ideia sobre como inovar? Existe alguém da alta direção responsável pela inovação? Se você tem respostas para todas as perguntas acima pode ser que sua empresa esteja capacitada para adotar a inovação como prioridade.

NC - Cite algumas boas práticas de gestão empresarial voltadas à competitividade e inovação. WM - O primeiro passo é construir a empresa com foco nas pessoas. Os casos de gestão bem-sucedida continuam a ter como pano de fundo as grandes mudanças do passado, as coisas que nunca tinham sido feitas e a descoberta de lugares nunca antes descobertos. A boa gestão empresarial passa obrigatoriamente pela mudança. Toda mudança exige que os gestores busquem ativamente formas de tornar as coisas melhores, crescer, inovar e melhorar. Às vezes, os gestores têm de desafiar o processo. Se a mudança for provocada por desafios de dentro ou de fora da empresa, são os gestores que fazem as coisas acontecerem. E, para fazer com que aconteçam coisas “novas”, eles têm de “olhar para fora”, para encontrar ideias inovadoras, para além das fronteiras conhecidas. NC - É possível pensar em inovação se a empresa não possui uma boa gestão? WM - Prefiro afirmar que não é possível pensar em inovação se não houver uma liderança exemplar. Os líderes exemplares são abertos às mudanças e portanto flexíveis. Flexíveis o suficiente para lidar com as mudanças. Somente líderes com grande capacidade de adaptabilidade sentem-se à vontade e aberto diante de novas ideias, enfoques e novas informações. Eles são potencialmente inovadores. NC

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ARQUITETURA CERÂMICA 34

Filtro de barro brasileiro é o mais eficiente do mundo Por: Cristiane Mendonça Revista ECOLÓGICO

O sistema lento de gotejamento colabora para que micro-organismos não passem pelo filtro Objeto comum em muitos lares brasileiros, o filtro de barro pode até ser um antigo morador, mas ainda dá conta do recado. Estudos publicados no livro “The Drinking Water Book” de Colin Ingram apontam que

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o filtro tradicional de barro, com câmara de filtragem de cerâmica é bastante eficiente na retenção de cloro, pesticidas, ferro e alumínio. Além de também reter 95% do chumbo e 99% do parasita Criptosporidiose, espécie causadora de diarreias e dor abdominal. A eficiência na retenção de impurezas se deve a forma como o filtro faz a passagem de água impura para filtrada. A filtragem por gravidade, em que a água lentamente passa pela vela e goteja num reservatório inferior, garante que micro-organismos e sedimentos não desçam. Exatamente como funciona o filtro de barro. Em contrapartida, quando a água sofre uma pressão de passagem, tais como o fluxo da água da torneira ou tubulação, o processo de filtragem fica prejudicado, já que a pressão faz com que micro-organismos e sedimentos passem pelo sistema e cheguem ao copo das pessoas. A pesquisa também revela que muitas tecnologias lançadas para novos filtros não têm tanta utilidade, pois em geral não impedem que elementos perigosos como flúor e arsênio passem pela filtragem. Pelo visto, a aposentadoria do filtro de barro ainda está longe. O enfermeiro Maique Pelanda gostou tanto da pesquisa que se prontificou a comprar um para a sua casa. Já a gestora ambiental Adrielly Silveira Lima garante que para ela a pesquisa não é novidade. “Sempre disse ao pessoal da minha casa que o filtro de barro era o melhor, agora está comprovado cientificamente!” NC


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FEIRAS Primeira edição do evento ocorreu em 2011, em Rio do Sul

Expocever vai acontecer em abril em Santa Catarina Feira será de 23 a 25, no Centro de Eventos Hermann Purnhagen, em Rio do Sul

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A 2ª edição da Exposição de Máquinas e Equipamentos para a Cerâmica Vermelha (Expocever) será realizada de 23 a 25 de abril, no Centro de Eventos Hermann Purnhagen, em Rio do Sul (SC). São esperados mais de 2 mil visitantes para o evento deste ano. Devem participar da feira como expositores 45 empresas de diversas áreas. Destas, até o momento 32 já confirmaram presença. Absorção de água, tendências da construção civil, exigências ambientais e seus conflitos nas cerâmicas, normas de desempenho, PSQ, retorno de investimento na saúde ocupacional e NR12 são alguns dos temas que serão abordados nas palestras que fazem parte da programação do evento. Além destas, para fechar o ciclo, o último dia contará com a palestra “Como pular o


das novidades oferecidas para o setor da cerâmica vermelha”, disse. A feira, promovida pelo Sindicato das Indústrias Cerâmicas de Rio do Sul (Sindicer/ Rio do Sul), tem como foco a exposição de equipamentos novos onde os expositores apresentam as novidades para o mercado da cerâmica. A intenção também é fortalecer as indústrias cerâmicas com a troca de informações entre empresários do ramo, apresentação de novas tecnologias que acompanham o setor que se mostra cada vez mais competitivo e promissor. NC

FEIRAS

muro da incerteza e se tornar um empreendedor”, que será ministrada pelo consultor Airton Carlini. Além das palestras, haverá as visitas técnicas. Segundo o secretário do Sindicer/ Rio do Sul, Moacir Tenfen, as visitas serão realizadas nos três dias do evento na parte da manhã. Para isso, haverá um ônibus à disposição dos participantes, sem custo. No primeiro dia, os ceramistas terão a oportunidade de visitar cerâmicas de Pouso Redondo. São elas cerâmica Oliveira, Kitijolo, Constrular e Lorenzetti. No segundo dia, receberão os visitantes da Expocever as cerâmicas Telhas Hobus, de Agrolândia, a cerâmica Bela Vista Tijolos, de Ituporanga, e a cerâmica Bosse, de Presidente Getúlio. Já no terceiro dia haverá visitas técnicas às cerâmicas Telhas Rainha e Cerâmica Princesa. As duas empresas ficam em Rio do Sul. Conforme Tenfen, as empresas escolhidas para a realização das visitas participam efetivamente do sindicato “e estão sempre em busca de novidades para atualizar o parque fabril, investindo em tecnologia e em novos equipamentos”. Como forma de confraternização entre os visitantes e expositores, o evento ainda oferecerá durante todas as noites apresentações artísticas e comida com temáticas diferentes. “Ou seja, no primeiro dia de feira temos a noite Italiana com a apresentação de grupos folclóricos. No segundo, será a noite gaúcha, com música tradicionalista. Por último, será a noite germânica, com muita música alemã. É bom destacar que será tudo de graça, inclusive o “Chopp” que será oferecido aos participantes”. “Esperamos mais uma vez superar as expectativas, porque estamos trabalhando para isso. Esperamos que os ceramistas prestigiem o evento e possam além de conhecer novas tecnologias, novos equipamentos, confraternizarem entre si. O evento é realizado com este objetivo, a confraternização entre os visitantes, a troca de experiências e a busca por novas tecnologias que possam ser aplicadas. Além disso, fazer com que aquela empresa que não pode participar de eventos nacionais realizados em grandes centros, tomem conhecimento

Palestras com temas ligados ao setor fizeram parte da programação do evento em 2011

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ARTIGO TÉCNICO

Avaliação do Desempenho da Incorporação de Lodo de Lavanderias Têxteis na Fabricação de Blocos Cerâmicos de Vedação ou Estruturais Trabalho apresentado no 57º Congresso Brasileiro de Cerâmica, de 19 a 22 de maio de 2013, Natal, no Rio Grande do Norte

Resumo O desenvolvimento industrial e comercial das últimas décadas foi acompanhado de um processo acelerado de urbanização e um aumento da concentração populacional. Tanto as indústrias como o comércio, bem como a população em geral, têm aumentado sua procura por matérias-primas, produtos e energia, ocasionando um aumento na geração de resíduos. Assim, faz-se necessário o desenvolvimento de métodos de tratamento alternativos e eficazes, em substituição ao simples descarte desses resíduos em aterros sanitários. O objetivo deste trabalho é estudar a incorporação do lodo de lavanderias industriais têxteis, por meio do processo de Solidificação/Estabilização em blocos cerâmicos de vedação ou estruturais na atenuação do ruído gerado pelo tráfego de veículos. Foram produzidas amostras de blocos cerâmicos, em escala real, utilizando formulação com 20% de lodo, na massa de argila cerâmica. Os ensaios de resistência a compressão e absorção de água dos blocos apresentaram-se dentro dos limites estabelecidos nas normas vigentes.

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NovaCer • Ano 4 • Março • Edição 47

P. H. S. Almeida, O. T. Kaminata, C. R. G. Tavares. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ –UEM e-mail: phsoal@yahoo.com.br

Introdução O ramo de lavagem de roupas é um importante setor de serviços na sociedade moderna e responsável por uma parcela significativa no consumo de água no meio urbano. O crescimento da demanda por produtos têxteis impulsiona a expansão das lavanderias industriais e, consequentemente, aumenta-se a geração de efluentes e resíduos. Portanto, é necessário que sejam pesquisadas tecnologias de tratamento que garantam o reaproveitamento desses resíduos (LIU et al, 2007). A incorporação de resíduos industriais em matrizes sólidas, tais como argila cerâmica e argamassas de cimento, produzindo-se amostras de materiais aplicáveis na construção civil, vem sendo amplamente estudada como alternativa para minimizar o custo do descarte. A argila pode ser moldada facilmente, pela sua alta plasticidade, fornecendo resistência estrutural e estabilidade aos constituintes da massa, após a queima em alta temperatura. Um dos materiais cerâmicos que atualmente vêm sendo bastante estudado e que atuam como barreira acústica são os blocos cerâmicos de vedação ou estruturais, chamados de ressoadores de Helmholtz. A técnica de Solidificação/Estabilização (S/E) é umas das formas de tratamento e disposição dos resíduos industriais. O processo consiste no encapsulamento do resíduo junto à matriz sólida, para que este se mantenha fixado na massa, em consequência da fusão com queima ou cimentação com aditivos quimica-


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ARTIGO TÉCNICO

mente reativos entre os materiais envolvidos, evitando a lixiviação ou solubilização dos elementos constituintes do resíduo, considerados nocivos ao ambiente. Os benefícios do uso de resíduos como aditivos cerâmicos incluem além da imobilização de metais pesados na matriz queimada, a oxidação da matéria orgânica e a destruição de qualquer organismo patogênico durante o processo de queima.

Objetivos O objetivo deste trabalho foi estudar a incorporação do lodo de lavanderias industriais têxteis, por meio do processo de Solidificação/Estabilização, em blocos cerâmicos de vedação ou estruturais na atenuação do ruído gerado pelo tráfego de veículos.

Materiais e Métodos Os blocos cerâmicos de vedação ou estruturais em escala real foram produzidos utilizando formulação com 20% de lodo, na massa de argila cerâmica. O resíduo têxtil (lodo) utilizado neste trabalho foi proveniente de 10 lavanderias industriais situadas na região de Maringá-PR. Esses resíduos são derivados do processo de tratamento de efluentes das lavanderias industriais, apresentando uma consistência pastosa, ao ser retirado na fase de decantação (tratamento primário). Inicialmente foi realizada uma caracterização do lodo e das argilas. O lodo foi caracterizado quanto aos seguintes parâmetros: teor de umidade e matéria orgânica total (Método Kiehl, 1985), massa específica (método do picnômetro), pH (Embrapa,1979), análise química (relacionada aos metais por meio da digestão ácida) e quanto suas características estruturais relacionadas ao ensaio de Fluorescência de raios-X (FRX). Para determinação dos elemen-

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tos químicos do extrato da digestão ácida, foi utilizado o espectrofotômetro de absorção atômica modelo SpectrAA 50B da Varian. O ensaio de FRX foi realizado no Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará (UFC). A argila cerâmica utilizada neste trabalho foi caracterizada quanto ao teor de umidade e matéria orgânica total (Método Kiehl, 1985), pH (método da APHA, 2005), análise química (relacionada aos metais), análise granulométrica (NBR 7181/1984), limite de plasticidade (NBR 7180/1984), limite de liquidez (NBR 6459/1984), índice de plasticidade (NBR 7180/1984) e massa específica (método do picnômetro). Também foi realizado o ensaio de Fluorescência de Raios-X (FRX). A argila e o resíduo foram triturados em moinho com barras cilíndricas, passando em seguida pela peneira 10 com malha de 2 mm, para posterior mistura, em porcentagem de massa seca e homogeneização. Após a mistura e homogeneização, a massa foi transferida para recipiente de amassamento, adicionando-se água de forma gradativa, até formar uma massa consistente com plasticidade a ponto de abastecer uma extrusora de laboratório. A boquilha de saída da extrusora dá o formato ao bloco cerâmico acústico. Após a confecção, os blocos cerâmicos eram secos em temperatura ambiente em local fechado e ventilado, durante 7 dias, para evaporação da água absorvida. Após a secagem, eram queimados no forno de uma cerâmica localizada na cidade de Paranapoema - PR, a 850ºC durante 72 horas, garantindo as condições de queima de um processo industrial. O resfriamento dos blocos ocorreu de forma natural por cinco dias, até alcançar a temperatura ambiente para o recolhimento do material pronto para análise. Os ensaios de resistência a compressão e absorção de água foram realizados conforme procedimento descrito na norma NBR 152703/2005 da ABNT. Para o ensaio de resistência a compressão axial, foi utilizada uma prensa de modelo EMU 100 com capacidade para 20.000 Kg, provida de dispositivo que assegurou a distribuição uniforme dos esforços nas


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ARTIGO TÉCNICO

Tabela 1 Características do resíduo têxtil (lodo)

P ar â metr os

L od o

As p ec t o p H Mas s a E s p ec Mat é ria Org â U m id ad e ( % ) M etai s ( mg / K Alum í nio Ars ê nio B á rio Cá d m io Ch um b o Co b re Cro m o Ferro Mang anê s Merc ú rio P rat a Selê nio Só d io Zinc o n. d : v alo r nã o

p as t o s o 6,5 6 1,86 41,70 16,87

í f ic a ( g / c m 3) nic a To t al ( % ) g )

87. 5 20,5 0 n. d 247,5 0 7,20 90,00 337,5 0 n. d 21. 231,00 675 ,00 0,25 63,00 n. d 14. 845 ,5 0 163,80 d et ec t ad o p elo ap arelh o .

amostras ensaiadas e transmitiu a carga de modo progressivo e sem choques. Caracterização do lodo têxtil A tabela 1 apresenta os resultados da caracterização do lodo, bem como os resultados das análises de metais. Por meio da análise de caracterização do resíduo, observou-se que o lodo da lavanderia têxtil possui uma grande quantidade de

Elementos

Tabela 2 - Concentração (%) dos elementos avaliados por fluorescência de raios-X

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Mg O Al2O3 SiO2 P 2O5 SO3 Cl K2O CaO TiO2 Cr2O3 MnO Fe2O3 N iO ZnO R b 2O

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% massa 0,75 6 27,111 5 0,85 1 3,5 34 4,204 0,267 5 ,304 1,483 0,75 5 0,113 0,237 5 ,268 0,038 0,05 7 0,021

alumínio, cobre, ferro, manganês e sódio. Provavelmente estes metais são provenientes do processo de tratamento dos efluentes que se fixam no resíduo sólido que, na maioria das indústrias, é feito por processo de coagulação/ floculação, utilizando sulfato de alumínio e cloreto férrico como agentes coagulantes. Os resultados de caracterização do lodo mostram que este resíduo não pode ser descartado em aterros comuns, havendo necessidade de um processo de tratamento adequado, ou ainda, a sua reutilização como matéria-prima secundária, ou então ser disposto em aterros de resíduos industriais. Na tabela 2, são apresentadas as concentrações dos elementos contidos no resíduo têxtil. O ensaio de Fluorescência de Raios-X (FRX) foi realizado para determinar a porcentagem de óxidos presentes no resíduo. O FRX pode ser utilizado para justificar os resultados obtidos com os ensaios de resistência a compressão dos blocos cerâmicos, uma vez que alguns óxidos aumentam a rigidez da estrutura cristalina deste. Para o estudo proposto, os valores relevantes com relação à resistência a compressão são aqueles que se referem aos teores de sílica (SiO2), óxido de ferro (Fe2O3) e óxido de alumínio (Al2O3). Caracterização da argila cerâmica A argila é a principal matéria-prima para a confecção de massas para cerâmica vermelha. Sua caracterização pode ser considerada uma das etapas mais importantes do processamento industrial, fundamental para se obter produtos de boa qualidade. A tabela 3 apresenta os resultados das análises de caracterização da argila utilizada para a fabricação dos blocos cerâmicos de vedação ou estruturais. As características das argilas dependem da sua formação geológica e da localização da extração. A argila estudada é proveniente da Bacia do Ivaí, norte do estado do Paraná, onde predominam as rochas sedimentares, folhetos, arenitos e calcários (MINEROPAR, 2013). O valor de pH da argila analisada foi de 4,81. Segundo Thomas (1996), geralmente valores de pH do solo de 4 a 6, indicam a pre-


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ARTIGO TÉCNICO Tabela 3 Características da argila cerâmica

P ar â metr os

A r g i la

As p ec t o p H Mas s a E s p ec Mat é ria Org â U m id ad e ( % ) M etai s ( mg / K Alum í nio Ars ê nio B á rio Cá d m io Ch um b o Co b re Cro m o Ferro Mang anê s Merc ú rio P rat a Selê nio Só d io Zinc o n. d : v alo r nã o

s ec o 4,81 2,62 5 ,33 4,46

í f ic a ( g / c m 3) nic a To t al ( % ) g )

6. 435 ,00 n. d 2. 835 ,90 5 ,40 61,20 196,20 n. d 2. 486,70 63,00 0,5 8 0,90 n. d 14. 845 ,5 0 40,5 0 d et ec t ad o p elo ap arelh o .

sença dos minerais: hematita (Fe2O3), alumina (Al2O3) e quartzo (SiO2), que influenciam muito o comportamento de plasticidade da argila analisada, bem como a capacidade de retenção de água no bloco acústico. Tal fato se confirma ao analisar a tabela 4, na qual são apresentadas as concentrações dos elementos contidos na argila cerâmica. Observou-se que os valores encontrados para sílica (SiO2), no lodo têxtil bem como na argila cerâmica, estiveram próximos ou acima dos valores de sílica encontrados na fabricação de vidros (> 50%), o que melhora as propriedades das cerâmicas, como dureza e aspecto vítreo. O termo consistência é utilizado para designar as manifestações das forças físicas de coesão entre partículas do solo e de adesão entre as partículas e outros materiais. Outras características do material cerâmico referem-se à análise granulométrica e os limites de consistência da argila utilizada para a fabricação dos blocos cerâmicos acústicos, ou seja, o limite de plasticidade (LP), limite de liquidez (LL) e índice de plasticidade (IP). Na tabela 5, são apresentados os valores obtidos quanto à análise granulométrica e os limites de consistência da amostra da argila cerâmica.

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A amostra de argila utilizada apresenta características físicas apropriadas para produção de materiais cerâmicos de boa qualidade, visto que, por meio da análise granulométrica apresentada na tabela 5, verificou-se que 50% da argila bruta referem-se à fração argila, ou seja, trata-se de um material com alta capacidade de coesão após o umedecimento adequado, contendo principalmente partículas da fração argila e silte, que são preponderantes para formação de rigidez durante a queima em forno. A argila estudada pode ser considerada um material de alta plasticidade (LP > 15%). O limite de plasticidade indicado para cerâmica vermelha varia entre 17,2 e 32%. O limite de liquidez (LL) foi superior a 50%, o que indica que esta argila apresenta uma alta

Elementos

% massa

Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 MnO Fe2O3 CuO ZrO2

17,646 66,728 1,429 0,493 3,229 0,081 10,298 0,028 0,068

Tabela 4 - Concentração (%) dos elementos avaliados por fluorescência de raios-X P ar â metr o

( %)

Arg ila ( < 0,002m m ) Silt e ( 0,002m m

- 0,06m m )

5 1 27

Areia f ina ( 0,06m m

- 0,2m m )

15

Areia m é d ia ( 0,2m m

– 0,6m m )

6

Areia g ro s s a ( > 0,6m m )

1

L im it e d e P las t ic id ad e ( % )

19

L im it e d e L iq uid ez ( % )

60

Í nd ic e d e P las t ic id ad e ( % )

41

Tabela 5 - Análise granulométrica e limites de consistência da amostra de argila


Caracterização dos blocos cerâmicos de vedação ou estruturais Na figura 1, tem-se uma melhor visualização do ensaio de resistência mecânica dos blocos cerâmicos de vedação ou estruturais testados. Nesse ensaio, verificou-se a capacidade de carga que os blocos acústicos suportavam, quando submetidos à forças exercidas perpendicularmente sobre suas faces opostas, determinando se as amostras ofereciam resistência mecânica adequada, simulando a pressão exercida pelo peso da construção sobre os blocos. Para os ensaios mecânicos das amostras, foram obedecidos os procedimentos descritos na norma NBR 15270-2/2005 da ABNT. De acordo com a norma, os blocos cerâmicos acústicos devem atender ao requisito mínimo de 3,0 MPa. O não atendimento aos parâmetros normativos mínimos indica que a parede poderá apresentar problemas estruturais, como rachaduras e, consequentemente, oferecerá riscos de desabamento da construção. Verificou-se que em todas as proporções (blocos somente com argila e com 20% de incorporação de lodo têxtil) utilizadas a resistência característica à compressão dos blocos cerâmicos de vedação ou estruturais produzidos atendeu aos limites mínimos especificados na NBR 15270-2/2005. Observa-se que com a incorporação de lodo houve uma tendência de redução do valor da resistência à compressão, este comportamento pode ser associado ao aumento da porosidade formada na queima dos blocos cerâmicos acústicos, devido principalmente à volatilização da matéria orgânica e da água durante o processo de queima presente no lodo. O objetivo da determinação do índice de absorção de água é a verificação da porcentagem de água absorvida no período de 24

Figura 1 - Resistência a compressão em amostras dos blocos cerâmicos horas, à temperatura ambiente, isto é, quanto maior a quantidade de água absorvida, maior a porosidade existente na massa cerâmica. Na figura 2, tem-se uma melhor visualização do processo de absorção de água, obtido em blocos cerâmicos de vedação ou estruturais. Verificou-se que todos os blocos atenderam as especificações da norma NBR 152703/2005 da ABNT. Os blocos fabricados com o lodo incorporado à massa cerâmica apresentaram maior valor de absorção de água, em virtude da maior área superficial que as partículas de argila ocupam no bloco juntamente com a quantidade de poros, decorrente da volatilização da matéria orgânica durante o processo de queima dos blocos cerâmicos. Blocos cerâmicos com alto índice de absorção água podem sofrer aumento de carga quando expostas à chuva, podendo acarretar problemas estruturais à construção.

ARTIGO TÉCNICO

compressibilidade. De acordo com Campos (1999), no caso específico da tecnologia cerâmica, para moldagem de blocos cerâmicos por extrusão, as faixas de limite de liquidez (LL) e índice de plasticidade (IP), recomendadas para argilas plásticas, correspondem a: LL variando de 26,50% a 71,60% e IP variando de 4,00% a 47,70%.

Figura 2 - Índice de absorção de água em amostras dos blocos cerâmicos

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Conclusão Os blocos incorporados com lodo têxtil apresentaram resultados inferiores aos blocos fabricados somente com argila (controle) por razão da grande quantidade de matéria orgânica verificada na amostra, o que ocasionou aumento de porosidade e diminuição da coesão entre as partículas na estrutura da massa cerâmica, reduzindo substancialmente a resistência mecânica do bloco confeccionado com tal resíduo.

Os blocos incorporados com lodo têxtil apresentaram maiores valores de absorção de água em virtude do aumento de porosidade em sua estrutura. O processo de Solidificação/Estabilização mostrou-se como uma alternativa eficaz de disposição do resíduo, reduzindo o impacto causado pelo resíduo caso fosse disposto no solo sem tratamento prévio.

Referências APHA. Standard Methods for the Examination of Water & Wastewater, Método 4500H+ B, 21ª ed. Washington, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6459: Solo Determinação do limite de liquidez. Rio de Janeiro, RJ, 1984. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7180: Solo Determinação do limite de plasticidade. Rio de Janeiro, RJ,1984. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7181: Solo – Análise granulométrica. Rio de Janeiro, RJ, 1984. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15270-2: Componentes cerâmicos. Parte 2: Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural. Rio de Janeiro, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15270-3: Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural e de vedação – Métodos de ensaio. Rio de Janeiro, RJ, 2005. CAMPOS, L. F. A.; MACEDO, R. S.; KIYOHARA, P. K.; FERREIRA, H. C. Características de plasticidade de argilas para uso em cerâmica vermelha ou estrutural. Revista Cerâmica, São Paulo, v. 45, n. 295, 1999. EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Serviço nacional de levantamento e conservação de solos. Manual de métodos de análise de solos. Ed.SNLCS, Rio de Janeiro, 1979. KIEHL. E.J. Manual de Edafologia: Relação solo-planta. Ed. Agronômica Ceres, São Paulo, 262p, 1985. LIU, R.; CHIU, H. M.; SHIAU, C.; YEH, R.Y.; HUNG, Y. Degradation and sludge production of textile dyes by Fenton and photo-Fenton processes. Dyes Pigments, London, v. 73, p. 1-6, 2007. MINEROPAR – Minerais do Paraná S/A. Indústria da Cerâmica Vermelha. Disponível em: <www.mineropar.pr.gov.br> Acesso em: 12 de Março de 2013. THOMAS, G. W. Soil pH and Soil Acidity. In: Methods of Soil Analysis. Part 3. Chemical Methods, Soil Science Society of America, Book Series n. 5, p. 475-490, 1996. NC

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sa, indústrias fabricantes de produtos cerâmicos e fornecedores de matérias-Primas, equipamentos e insumos, para discutirem os últimos avanços e acontecimentos do setor. Realizado pela Associação Brasileira de Cerâmica (ABCeram) e promovido pela Metallum, empresa especializada em eventos técnicos e científicos, o evento tem caráter amplo, onde serão debatidos temas de interesse para os segmentos cerâmicos, com apresentações de trabalhos técnicos, palestras e painéis, que abordarão de forma específica ou abrangente, aspectos relacionados ao desenvolvimento nacional e internacional dos materiais cerâmicos, além de promover minicursos e oficina de decoração. Os trabalhos técnico-científicos devem envolver as seguintes áreas ou assuntos: Matérias-Primas; Síntese de Pós; Cerâmica Vermelha; Cerâmica Branca; Revestimento Cerâmico; Gesso e Cimento; Refratários / Isolantes Térmicos; Vidros e Vitrocerâmicos e Materiais Correlatos; Cerâmica Termo-Mecânica; Cerâmica Nuclear, Óptica e Química; Cerâmica Eletroeletrônica/Magnética, Biocerâmica; Reciclagem e Meio Ambiente; Arte e Design; Esmaltes/Fritas/Corantes; Ceramografia; Processamento; Nanotecnologia; Educação em Materiais Cerâmicos. Paralelamente ao congresso, ocorrerá uma feira onde as empresas e instituições de ensino e pesquisa têm a oportunidade de divulgar seus produtos e serviços. Interessados em participar do evento, devem realizar o cadastro na página eletrônica do evento. As inscrições devem ser efetuadas através do site até 9 de Maio, assim como os pagamentos e envio dos comprovantes. Após está data, as inscrições e os pagamentos devem ser efetuados na Secretaria do Congresso a partir do dia 18 de maio, das 15h às 18 horas.


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râmica do Rio Grande do Sul, que visa formar profissionais capazes de operar linhas de produção, utilizando máquinas, equipamentos, instrumentos, matérias-primas e insumos da indústria cerâmica. Por ser uma entidade de caráter nacional, a ABC tem procurado atuar nas diversas regiões do país. Dessa forma, o congresso é itinerante, tendo já sido realizado na Bahia (3), Espírito Santo (1), Minas Gerais (6), Paraíba (1), Paraná (7), Pernambuco (3), Rio de Janeiro (6), Rio Grande do Norte (2), Rio Grande do Sul (1), Santa Catarina (9), São Paulo (18) e Distrito Federal (1). NC

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