Revista Novacer Edição 74 Junho 2016

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Entrevista com o presidente da Acertar, Juliano Nivoloni

Ano 7

Junho/2016

Edição 74

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Eficiência comprovada Da argila ao produto acabado: peças de cerâmica vermelha são mais eficientes em qualidade e desempenho

Filtro de barro tem eficiência comprovada

Santa Catarina sedia Jornada Inovação e Competitividade

Encontro Nacional ocorrerá no mês agosto em SP


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SUMÁRIO

DESENVOLVIMENTO 13 A qualidade dos produtos cerâmicos

EDITORIAL

ARQUITETURA CERÂMICA

DESENVOLVIMENTO

FEIRAS

12: Carta ao Ceramista

18: Filtro de barro tem eficiência comprovada

20: Santa Catarina sedia Jornada Inovação e Competitividade

22: Encontro Nacional ocorrerá no mês agosto em SP

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Não nos responsabilizamos pelos artigos assinados


ENTREVISTA

ARTIGO TÉCNICO

24: O setor paulista

30: Estudo das técnicas de análises granulométricas usadas em argila para cerâmica vermelha

SUMÁRIO

Junho 2016 DESENVOLVIMENTO 27: Evento promove capacitação por meio de visitas técnicas 28: Comitê de Eficiência Energética visita o setor 35: Vendas em tempos de crise é tema de palestra em PE

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EDITORIAL

Carta ao Ceramista A qualidade dos produtos cerâmicos foi o tema que ganhou destaque na edição de junho. Nesta reportagem, a NovaCer traz informações sobre as vantagens comprovadas pelo estudo ACV e também sobre o motivo de os produtos cerâmicos serem a preferência de muitos arquitetos. Outro ponto abordado nesta matéria é a concorrência desleal entre os ceramistas do mesmo segmento. Nesta edição, a revista ainda traz uma reportagem especial sobre o filtro de barro, item que já dominou as cozinhas de alguns lares em décadas passadas e que está de volta. O filtro chegou a perder espaço no mercado, porém, devido à alta eficiência na filtragem da água, voltou a ser necessidade em muitas residências do país. O evento promovido pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), de 18 a 20 de maio, também foi assunto nesta edição. Saiba o que ocorreu durante a quinta Jornada Inovação e Competitividade da Indústria Catarinense. O

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evento, realizado em Florianópolis, abordou temas como qualidade de vida, educação, inovação e tecnologia e ambiente institucional. Além deste evento, a NovaCer divulgou neste mês algumas das atividades programadas para ocorrer durante o 45º Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha e a 19ª Exposição Internacional de Máquinas, Equipamentos, Automotivos, Serviços e Insumos para a Indústria Cerâmica (Expoanicer). Os dois eventos ocorrem simultaneamente na cidade de Campinas, em São Paulo, de 24 a 27 de agosto. A entrevista especial deste mês é com o presidente da Associação das Cerâmicas de Tatuí e Região (Acertar), Juliano Nivoloni. Nesta entrevista, ele fala sobre o setor em Tatuí, sobre os benefícios da associação, além do Encontro Nacional. Aproveite a leitura!

A Direção


D E S E N VO LV I M E N T O

A qualidade dos produtos cerâmicos As edificações em cerâmica estão entre as construções que têm maior aceitação pela humanidade, desde as antigas civilizações. No Brasil, não é raro encontrarmos construções em tijolos cerâmicos com mais de 200 anos. A afirmação é do engenheiro cerâmico e gerente técnico da Anicer, Bruno Frasson. Conforme ele, materiais feitos em cerâmica são produtos consagrados: “aprovados e utilizados pela humanidade há milhares de anos, os produtos cerâmicos são utilizados em cerca em 90% das residências brasileiras”. Conforme o consultor em cerâmica Emerson Dias, se obedecidos os requisitos normativos, as principais características dos produtos cerâmicos são o coeficiente térmico e acústico que muito contribui com a redução do consumo de energia elétrica

(coeficiente térmico). “Devo ainda salientar que trata-se de um produto inteiramente natural que está em nossa sociedade há milênios, participando efetivamente do desenvolvimento diversas civilizações ao longo da história”, complementou ele, que também é diretor da Edias Consultoria.

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D E S E N VO LV I M E N T O

Apesar da crise, empresas tem investido em tecnologia para aumentar ainda mais a qualidade dos produtos. “Embora, nos últimos dois anos, os investimentos tenham reduzido consideravelmente em função da crise, mesmo assim, temos visto as empresas investirem em tecnologia visando o aumento da qualidade – desde a instalação de termopares, higrômetros e durômetros, até a substituição de antigos fornos por fornos túneis, vagão e móvel, e até mesmo plantas indus-

triais inteiras”, relatou Frasson. De acordo com Dias, são inúmeros os benefícios das peças de cerâmica vermelha. “Partindo da beleza, seguindo para os requisitos técnicos, podemos considerar que o produto cerâmico mostra diversos benefícios (coeficiente térmico, acústico, beleza, durabilidade, são alguns), prova disso, é estar na sociedade e fazer parte dela”, disse. Além disso, segundo o gerente técnico da Anicer, o setor de cerâmica vermelha foi pioneiro em toda a cadeia da construção civil brasileira a se dedicar ao estudo de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), que foi desenvolvido com base na ferramenta padronizada pela ISO 14040, avaliando a carga ambiental associada ao produto, levando em conta todas as etapas de seu ciclo de vida, desde a extração das matérias-primas para a fabricação e a extensão de sua vida útil até seu descarte final.

Vantagens comprovadas pelo estudo ACV BLOCOS CERÂMICOS: - Baixo impacto nas Mudanças Climáticas: emitem 50% a menos de CO2-eq. que o bloco de concreto e 66% a menos que as paredes de concreto armado moldadas in loco. A baixa emissão de gases de efeito estufa se dá porque os blocos cerâmicos utilizam fontes de energia renovável em sua fabricação, como o cavaco de madeira e biomassas descartadas por outras indústrias, ajudando a limpar o meio ambiente; - Causam menor esgotamento de recursos não renováveis, consumindo 43% a menos que os blocos de concreto e 63% a menos que uma parede de concreto armado moldada in loco; - Consomem 24% a menos de água que uma parede construída com blocos de concreto e 7% a menos que a parede de concreto armado moldada no local. TELHAS CERÂMICAS: - Emitem 52% a menos de CO2-eq. do que o equivalente utilizando telhas de concreto. Além de que a fabricação de telhas cerâmicas utiliza fontes de energia renovável; - São 15-20% mais leves por metro quadrado de telhado; - Faz menores distâncias de transporte, resultando em menores emissões de CO2 na atmosfera; - Impacto 57% menor no Esgotamento de Recursos não renováveis que a telha de concreto, pois utilizam fontes renováveis de energia; - Consomem 72% menos água que uma cobertura feita com telhas de concreto.

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A preferência dos arquitetos Os materiais cerâmicos são preferência de muitos arquitetos, não só por suas propriedades técnicas, como também pela beleza e charme que traz aos ambientes, conforme o gerente técnico da Anicer, Bruno Frasson. “Além disso, valorizam muito o imóvel. É bastante comum o uso de materiais aparentes ou revestimentos com placas cerâmicas que imitam tijolos maciços dando aparência de ambiente rústico. Tem sido muito utilizado também o green wall, ainda pouco difundido no Brasil, mas que tem ganhado espaço e a preferência dos arquitetos. Contudo, ainda há bastante espaço e precisa ser melhor explorado”, disse. Porém, ainda conforme Frasson, não basta fabricar produtos de qualidade, qualificar ou certificar seu produto e esperar que os clientes o procurem, é fundamental que as cerâmicas participem de feiras, mostrem seus produtos, sua qualidade e seu desempenho. “A participação de feiras é uma das formas mais eficientes de promoção comercial. Com um estande apropriado, bem produzido e esteticamente agradável, é possível tornar conhecida a empresa e seus produtos e realizar bons contatos. Em termos práticos, muitas vezes as feiras permitem condições de negociação imediata dos produtos e criam a oportunidade de um intercâmbio comercial que poderá ser duradouro”. “Já dizia o ditado ‘Quem não é visto, não

é lembrado’. O grande problema, é como fazemos isso hoje. Penso que estabelecer uma campanha nacional de marketing seria uma boa proposta, cabendo aos sindicatos/ associações regionais a operacionalização desta. Utilizar-se de profissionais renomados, com expertise e domínio comprovado sobre o assunto “aplicação de produto” em palestras e eventos técnicos passaria a ser uma regra. É hora de apresentar nosso setor de modo técnico, fundamentado em conhecimento e experiência, pois a complementação vem com o produto por si só”, finalizou o diretor da Edias Consultoria, Emerson Dias.

Vendas x Crise Conforme o gerente técnico da Anicer, Bruno Frasson, a crise tem afetado toda a cadeia da construção civil e consequentemente as cerâmicas enfrentam momentos de recesso com queda nas vendas. "Não é a primeira e certamente não será a última

crise enfrentada pelo setor. A única certeza que temos é que será superada. É um momento de inovar e de se reinventar, ser mais eficiente e produzir mais com menos e de promover o fortalecimento do setor", afirmou.

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"O mercado se mostra retraído, em decorrência do momento de crise que assola o país. Porém, empresas que se utilizaram da redução de produção como ferramenta de sustentabilidade se mostram no caminho certo. Em minha consultoria, considero que a compatibilização das variáveis produção x mercado x estoque se mostra como viável. Pois o conceito é: mercado vende pouco, produzo pouco e meu estoque é baixo. Pois quando tenho estoque alto, isso dispara na cerâmica o gatilho de venda a qualquer preço. Isso é fatal. CRISE em GREGO quer dizer peneira....Por isso, “vamos passar por esta crise”. Esteja pronto", disse o Emerson Dias.

Principais benefícios Facilidade (bloco estrutural): proporciona facilidade para prumada das paredes; permite a utilização de componentes pré-moldados (vergas, contra-vergas, etc); simplifica o detalhamento de projetos e a integração dos mesmos; facilita ainda a execução das instalações hidrossanitárias e elétricas. Econômico (bloco estrutural): redução nos custos finais das habitações em mais de 30%; sensível redução de mão de obra e do tempo da execução; decréscimo na espessura de revestimento (emboço ou reboco); diminuição do desperdício dos materiais (componente, argamassa de assentamento e reboco). Isolante: os produtos cerâmicos têm o melhor isolamento térmico. Além de habitações mais confortáveis, garantem grandes economias de energia ao longo de toda a vida útil do imóvel como, por exemplo, com ar condicionado ou aquecedor. Modularização (bloco estrutural): minimiza a formação de entulhos e resíduos; possibilita a integração entre os diversos tamanhos, evitando desperdícios e quebras, pois são baseados na norma de coordenação modular para edificações; proporciona ainda um canteiro de obra menos congestionado e espaços mais limpos. Leveza: o peso dos materiais cerâmicos é significativamente menor do que seus equivalentes fabricados com outros materiais, o que economiza energia no transporte das fábricas para os canteiros de obras e nos elevadores dos canteiros, além do decréscimo do custo das fundações. Natural: produzida a partir dos quatro elementos da natureza, a cerâmica é 100% natural e não utiliza aditivos insalubres aos ocupantes dos imóveis e ao meio ambiente. Produção limpa: as indústrias cerâmicas utilizam biomassas renováveis como combustível em seus fornos, consumindo muitas vezes o que é descartado pelas indústrias agrícolas e moveleiras, ajudando a limpar o meio ambiente. Estética: os exuberantes tons avermelhados da cerâmica tornam esse material o preferido por consumidores, conferindo charme aos projetos quando usados de forma aparente.

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Atualmente, existe muita concorrência entre ceramistas do mesmo setor. Segundo o especialista em gestão empresarial Emerson Dias, essa concorrência, muitas vezes, chega a ser desleal e prejudicial ao setor como um todo. “Digo desleal, pelo fato de muitas empresas apoiadas na falsa ideia de lucro, evitam ou sequer preocupam-se com passivos fiscais, trabalhistas que acumulam por não pagarem seus impostos. Não pagando impostos, entendem que podem praticar preços abaixo da linha da sustentabilidade do negócio, fato este agregado pelo total desconhecimento de custos de fabricação. Assim, se não sei quanto me custa fabricar, muito menos saberei a quanto vender, possibilitando deste modo “SER COMPRADO”. E essa prática provoca danos a todo o setor, pois estabelece o nivelamento por baixo, impossibilitando melhoria contínua a que o setor tanto necessita”, alertou. Ainda segundo Dias, a indústria cerâmica deveria agir de modo integrado (sindicatos, associações e cerâmicas) desenvolvendo uma política que possa estabelecer a igualdade de condições e oportunidades. “O setor precisa permanecer unido e se fortalecer junto às associações, sindicatos e cooperativas, fabricando seus produtos em conformidade com às normas técnicas e portarias, se qualificando no PSQ, buscando soluções ao atendimento da norma de desempenho, mostrando ao mercado suas qualidades, inserindo-se no meio acadêmico, participando de eventos e feiras da construção civil, realizando ações de marketing”, complementou Frasson. Para o gerente técnico da Anicer a concorrência é natural, a livre concorrência faz parte da atividade empresarial sendo, inclusive, um fator importante para o crescimento econômico, pois quando é praticada de forma justa, beneficia tanto o consumidor quanto ao empresário. O que não pode haver é concorrência desleal. Para evitar este tipo de concorrência desleal, o primeiro passo, conforme Frasson, é fabricar em conformidade com a

norma. “Não se pode concorrer com outras empresas, independente do material, se o seu produto não atender minimamente as normas. O trabalho precisa ser estruturado e planejado para longo prazo como a construção de um patrimônio imaterial, que será responsável não só pela captação de clientes, mas também pela manutenção da mesma. Muitas empresas perduram no tempo em função da construção de marcas sólidas e investimentos em marketing”, afirmou. Frasson ainda alertou que, não raro, as empresas que “prostituem” o mercado, vendem apenas preço, com características técnicas fora de norma, o que pode gerar patologias nas edificações, maior consumo de material e ainda problemas de segurança aos habitantes. “No final das contas, o consumidor fica no prejuízo. Além disso, geralmente estas empresas sonegam impostos e não fornecem condições dignas de segurança aos seus colaboradores. Esse tipo de empresa precisa ser denunciada aos órgãos competentes, seja o Inmetro, Ministério Público, DNPM, CADE, etc”, finalizou. NC

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D E S E N VO LV I M E N T O

Concorrência desleal

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ARQUITETURA CERÂMICA

Filtro de barro tem eficiência comprovada A alta eficiência é determinada pelo elemento filtrante em cerâmica, que filtra a água por gravidade

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O filtro de barro que já dominou as cozinhas de alguns lares em décadas passadas está de volta. O item chegou a perder espaço no mercado, porém, devido à alta eficiência na filtragem da água, voltou a ser necessidade em muitas residências do país. Segundo o diretor superintendente da Cerâmica Stéfani, Emilio Garcia Neto, a água a ser filtrada é colocada no reservatório superior e, através do elemento filtrante, retira as impurezas, bactérias e o cloro. “O nosso filtro retira partículas maiores que 1 micro e mais de 75% do cloro da água. A eficiência do filtro é determinada pelo elemento filtrante em cerâmica, que filtra a água por gravidade, praticamente gota a gota”, explicou. Ainda de acordo com Neto, a maioria dos filtros do mercado não retira partículas pequenas. “Ou seja, o nosso produto retira


biente. “As nossas argilas são extraídas em áreas com autorizações dos órgãos competentes, depois elas são misturadas, secas, moídas e peneiradas. Posteriormente, os nossos artesãos moldam as peças, secam a temperatura ambiente e então são queimadas em nossos formos, em um ciclo de aproximadamente 25 dias”, contou. O filtro de barro não prejudica em nada a qualidade da água. Porém, é recomendável que o produto seja limpo periodicamente, sem o uso de produtos químicos, e que os elementos filtrantes sejam trocados a cada 500 litros. NC

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ARQUITETURA CERÂMICA

partículas mil vezes menor que um grão de areia. Além de baixar a temperatura da água em até 5ºC, sem consumo de energia elétrica”, complementou. Conforme Neto, o filtro é composto de reservatório superior e inferior em argila, o elemento filtrante de cerâmica é fixado no reservatório superior, além da torneira e tampa. “Além da ótima qualidade da água, os reservatórios de argila baixam a temperatura da água em até 5ºC”, disse ele. Neto afirmou que a procura por filtros de barro tem aumentado. No último ano, o aumento nas vendas foi de 16%, devido à crise hídrica e o problema com a água do volume morto. A empresa de Neto fabrica desde 1947 o filtro São João, o mais conhecido do gênero. Em 2017, a cerâmica completará 70 anos. A produção mensal da Stefani é de cerca de 16 mil filtros, todos certificados. “Nossos produtos são certificados pelo INMETRO desde 2004. Os filtros desde de 2010 só podem ser fabricados e comercializados com o certificado e selo do INMETRO”, disse o diretor superintendente da cerâmica Stéfani. Além da certificação dos produtos, a empresa também se preocupa com o meio am-

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D E S E N VO LV I M E N T O Fotos: Fiesc

Santa Catarina sedia Jornada Inovação e Competitividade Evento foi realizado de 18 a 20 de maio, na sede da Fiesc, em Florianópolis

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A Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) promoveu de 18 a 20 de maio a quinta Jornada Inovação e Competitividade da Indústria Catarinense. O evento ocorreu em Florianópolis e abordou temas como qualidade de vida, educação, inovação e tecnologia e ambiente institucional. A jornada é uma das grandes iniciativas da Fiesc em prol da competitividade da indústria. No evento, foram apresentados temas fundamentais para o desenvolvimento do setor industrial nos próximos anos. Empresários, diretores e gerentes das indústrias catarinenses, autoridades, representantes do universo acadêmico e dirigentes de sindicatos industriais estiveram reunidos para analisar e debater o futuro e os novos desafios das indústrias. Uma das palestrantes do evento foi a di-


empresas. “A concorrência de uma máquina de lavar roupa já não é o mesmo produto de outra marca, mas sim um serviço que lave, passe e entregue as roupas no mesmo dia, por um preço competitivo”, disse. “A inovação é uma estratégia de negócios e deve ser determinada pela alta direção da organização”. Desta forma, Fioretti salienta que todas empresas que competem por um espaço no mercado vivem crise em tempo integral. “As líderes têm que se defender de quem está querendo chegar. Os que estão desafiando o líder têm que buscar formas de melhorar sua competitividade para atingir o espaço almejado. Portanto, no mundo empresarial existe um eterno desafio”, disse. “Inovar no momento em que há uma desconfiança do consumidor e do empresário, de insegurança institucional, como vivemos hoje, é a grande oportunidade de se diferenciar daqueles que não o estão fazendo”.

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retora executiva do Centro de Performance Industrial do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT, na sigla em inglês), Elisabeth Reynolds. Em sua palestra, ela falou que, para elevar competitividade, o Brasil precisa focar o mercado global. “O mercado brasileiro tem uma tendência de olhar para si próprio, que é muito atraente, mas o mercado global é a maneira pela qual o Brasil vai alcançar muitas das metas de crescimento e capacidade tecnológica”, afirmou. “Participar do mercado global é a maneira pela qual aprendemos sobre a tecnologia, o estado da arte e as fronteiras da tecnologia”. O evento reforçou que a inovação é fator fundamental para superar a crise. “Quem inova entra depois e sai antes da crise”, destacou o presidente da Federação das Indústrias, Glauco José Côrte. “A união de esforços convergentes das indústrias, universidades e governo assegurará e ampliará a presença de produtos catarinenses inovadores e de qualidade em todos os cantos do mundo”, disse. Ainda para o industrial, “muitas ações, nos setores público e privado, são necessárias para que a mudança efetivamente ocorra. O aprendizado constante das empresas mostra que a inovação não é um processo que ocorre da noite para o dia. Mas o papel central que a inovação tem nas economias desenvolvidas mostra e comprova que os esforços valem a pena, para as indústrias e para a sociedade”. O consultor e mentor de startups Mário Fioretti considera que, em um ambiente econômico dinâmico, em que os modelos de negócios se modificam continuamente, inovação representa a própria competitividade das

Indústria 4.0 Durante o evento, o diretor regional do Senai/SC, Jefferson de Oliveira Gomes, abordou a definição e a disseminação da manufatura avançada no Brasil e no mundo. O conceito, também chamado de Indústria 4.0, prevê, entre outras coisas, o aproveitamento da interconectividade de máquinas, unidades industriais e o consumidor. "É preciso entender o que acontece dentro da máquina, dentro da fábrica, entre indústrias e entre o consumidor e a indústria", afirmou. Ele defendeu ainda o aprimoramento da legislação que envolve o setor de pesquisa e desenvolvimento no Brasil e a melhoria das infraestruturas de energia e internet. NC

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FEIRAS

Encontro Nacional ocorrerá no mês agosto em SP

Fotos: Anicer / divulgação

Encontro nacional realizado em 2015

A cidade de Campinas, em São Paulo, vai sediar de 24 a 27 de agosto o 45º Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha e a 19ª Exposição Internacional de Máquinas, Equipamentos, Automotivos, Serviços e Insumos para a Indústria Cerâmica. Os dois eventos ocorrem simultaneamente no Expo D. Pedro. A programação do encontro, que é anual e itinerante, contará com Clínicas Tecnológicas, Fóruns Empresariais, Minicursos, encontros nacionais do Sebrae, Senai e Sesi, Visitas Técnicas e prêmios Jovem Ceramista e João-de-Barro. Localizada a 99 quilômetros de São Paulo, Campinas é considerada polo industrial e a 10º cidade mais rica do Brasil. Acompanhando o desenvolvimento da construção civil, o evento movimenta a economia das

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cidades onde é realizado, promovendo uma aproximação importante entre as instâncias políticas locais, estaduais e municipais, e o empresariado. “Eu participo do Encontro Nacional há muitos anos. O evento é muito importante para o setor, pois nos dá a chance de conhecer novos equipamentos, termos acesso às novas tecnologias e trocarmos experiências com os colegas”, disse Jairo Guerreiro, da cerâmica Joca Costa, em Dianópolis (TO). As Clínicas Tecnológicas deste ano oferecerão oportunidade de conhecimento nos assuntos do dia a dia das fábricas de cerâmica. Entre os temas estão “Formação de preço de venda dos produtos cerâmicos”; “O mercado da construção civil”; “Inovação: como fazer diferente”; “Como vender melhor, agregando valor ao produto”; “Norma de Desempenho: porque e para quem?”; e “Associativismo e cooperativismo, o caminho para fortalecer a indústria cerâmica”. Além das palestras, os participantes do encontro terão oportunidade de assistir a minicursos. Haverá uma estrutura montada em meio ao pavilhão da Expoanicer para este fim. Os Minicursos foram desenvolvidos para que o ceramista entre em contato com as questões mais voltadas ao dinamismo do chão de fábrica. Com temas diretamente relacionados ao cotidiano das cerâmicas, as palestras contam com o suporte de profissionais capacitados do mercado de cerâmica vermelha. Os Fóruns Empresariais são outra atração do evento. Com temas voltados para o desenvolvimento do setor, palestrantes brasileiros e europeus discutirão temas estratégicos para o bom desempenho da indústria cerâmica e que nortearão o futuro das fábricas. São temas “Gestão por resultados: Casos de sucesso do CS+V” e “O que as cerâmicas de sucesso têm em comum”. “Para nós, é um evento muito importante


FEIRAS

porque é um dos poucos que está vocacionado exclusivamente ao nosso setor, em toda América Latina. Apresenta um conteúdo completo e integral, através de palestras e seminários que permitem nos capacitar, ver novas tecnologias disponíveis aplicáveis ao nosso meio e por sua vez visitar várias indústrias parceiras onde podemos trocar experiências, além de ser um local propício para o encontro de amigos do mundo cerâmico”, relatou Soledad Pereira, da Cerâmica Santa Maria SRL, Limpio, Paraguai.

Visitas técnicas Localizada em Itu, São Paulo, a Selecta será uma das empresas a receber os visitantes do Encontro Nacional. A empresa é a maior fabricante nacional de blocos Cerâmicos para Alvenaria Estrutural e de Vedação. Com uma fábrica totalmente automatizada, possui uma produção mensal de aproximadamente 180 mil metros quadrados de alvenaria. Já forneceu seus produtos para mais de 500 mil unidades habitacionais. Além disso, conta com laboratório interno onde todos os lotes produzidos são avaliados desde a pesquisa e caracterização da matéria-prima até o produto acabado. Detentora do selo de qualidade do

PSQ, programa do Governo Federal mantido pela Anicer, uma das prioridades da Selecta é manter o alto padrão de excelência de seus produtos. Outra empresa que abriu suas portas para os participantes do evento foi a cerâmica Mundi. A indústria exercita a arte de obter o máximo que a argila pode oferecer, através de processo de alta tecnologia, agredindo o mínimo possível a natureza. O resultado está na excelência das telhas fabricadas. Com experiência de 30 anos de mercado, a Mundi é uma indústria que agrega alta tecnologia aos seus produtos.

Show de encerramento será com Demônios da Garoa O show de encerramento do 45º Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha, de 24 a 27 de agosto, será com a banda de samba Demônios da Garoa. Com mais de 70 anos de estrada, Demônios da Garoa é um dos principais intérpretes do compositor Adoniran Barbosa. Em 1994, o grupo paulistano entrou para o Guinness Book, como o “Conjunto Vocal Mais Antigo do Brasil em

Atividade”, título que permanece com a atual formação. Entre as canções mais famosas estão “As Mariposas”, “Tiro ao Álvaro”, “Saudosa Maloca”, “Ói Nóis Aqui Trá Veiz” e a clássica “Trem das Onze”, que foi eleita em 2000, por votação popular, a música-símbolo da cidade de São Paulo. O disco mais recente gravado pelo grupo é “Um samba diferente”, de 2014. NC

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ENTREVISTA

O setor paulista A entrevista deste mês é com o presidente da Associação das Cerâmicas de Tatuí e Região (Acertar), Juliano Nivoloni. Nesta entrevista, ele fala sobre o setor em Tatuí, sobre os benefícios da associação e sobre o 45º Encontro Nacional, que neste ano ocorrerá em São Paulo, de 24 a 27 de agosto NC - Como iniciou no ramo de cerâmica vermelha? Juliano Nivoloni - A tradição da minha família vem desde meu avô, há mais de 70 anos trabalhando com argila. Logo, nasci dentro da cerâmica e, aos 17 anos, já começava a aprender com meu pai como fazer um bloco cerâmico. Hoje tudo que sei e aprendi devo a ele. NC - Em todos esses anos no mercado de cerâmica vermelha, o que mais o motiva? JN - O desafio diário que temos dentro de uma empresa, o reconhecimento dos colaboradores, uma obra bem executada com nosso material, a satisfação e o elogio de um cliente são fatores que fazem com que tenhamos cada vez mais vontade de vencer e buscar atingir nossas metas. NC - Há quanto tempo existe a Acertar e como foi criada? JN - A Acertar – Associação das Cerâmicas de Tatuí e Região – foi fundada em 12 de maio de 1988 com o nome de Associação dos Dirigentes das Cerâmicas Vermelhas de Tatuí e Região, sendo eleito o primeiro presidente, o empresário João Antonio Sgorlon. Seu quadro societário inicial contava com 29 ceramistas. NC - Há quanto tempo o senhor é presidente da ACERTAR? JN - Estou no terceiro mandato como presidente da Acertar, com início em 1º de janeiro de 2016 e término em 31 de dezembro deste

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NC - A ACERTAR conta com quantos associados atualmente? JN - Pertence hoje ao quadro associativo da ACERTAR 28 indústrias cerâmicas. NC - Que tipo de benefícios a Acertar oferece aos seus associados? JN - Defender direitos e buscar a satisfação dos interesses comuns de seus associados e propósitos não econômicos; promover o intercâmbio de informações e divulgação de conhecimentos entre fabricantes, usuários, escolas, pesquisadores e colaboradores, visando à excelência da produção de cerâmica vermelha; desempenhar em juízo e extrajudicialmente a representação de seus associados, ativa e passivamente, nos interesses da classe ou de seus associados; e representar e defender os interesses de seus associados perante os poderes constituídos – Federais, Estaduais e Municipais – e com eles colaborar como órgão técnico e consultivo, no estudo de assuntos que se relacionem com as atividades do setor. NC - De que forma a Acertar conscientiza os ceramistas para se associarem? JN - Orienta sobre a importância de se organizarem em grupos, pois sozinho encontrará grandes dificuldades quando tiver que pleitear soluções para o bom desenvolvimento de sua empresa. Porque constitui em uma alternativa necessária de viabilização das atividades econômicas, possibilitando aos empresários do setor um caminho efetivo para participar do mercado em melhores condições de concorrência. Com a cooperação formal entre os associados, a produção e comercialização dos produtos cerâmicos podem ser muito mais rentáveis, tendo-se em vista que a meta é construir uma estrutura coletiva das quais todos serão beneficiários. NC - Quais ações e projetos a Acertar desenvolve em prol das cerâmicas? JN - Possui um laboratório para ensaios em produtos cerâmicos e em argilas para atender associados e não associados, que é atualmente gerenciado pelo Senai, uma parceria entre a Acertar, o Senai e o Sindicercon. Outros pro-

jetos apoiados pela Fiesp, Sebrae, Senai e a Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo vêm incentivando a certificação de produtos, adequando-os às normas vigentes e fortalecendo o combate a não conformidade. A Acertar desenvolve campanha publicitária para alavancar a imagem do produto cerâmico e as suas vendas e melhorar a imagem do setor dentro do município. NC - Qual o maior benefício em se associar a uma instituição como a Acertar? JN - É a prática associativa que consiste na organização voluntária das indústrias cerâmicas, sem fins lucrativos, com o objetivo de satisfazer as necessidades coletivas ou alcançar os objetivos comuns, via cooperação.

ENTREVISTA

mesmo ano.

NC - Quais cursos são realizados pela Acertar para os ceramistas? JN - Nas nossas necessidades de qualificar ou capacitar nossos colaboradores, para planejar e controlar a produção cerâmica e para participar no desenvolvimento de melhorias dos processos de produção, entre outros, sempre contamos com o apoio do Senai e do Sebrae. NC - Em sua opinião, qual a importância da realização do 45º Encontro Nacional no seu estado? JN - Pode ser um raro momento para conversar pessoalmente com parceiros comerciais. As feiras de negócios são boas oportunidades não só para impulsionar novas ideias, mas também para buscar informações competitivas sobre diversos produtos, fornecedores e novos serviços disponíveis. Sem dúvida, o atual cenário econômico exige cautela na definição de novos projetos/investimentos, porém, é importante continuar em evidência e não se permitir cair no esquecimento do mercado. Com cerca de 1 milhão de habitantes, Campinas é uma das dez cidades mais prósperas do Brasil e o segundo maior centro econômico do Estado de São Paulo. O município está localizado a apenas 90 quilômetros da capital do Estado de São Paulo, um dos mais importantes centros industriais e financeiros da América Latina. Itú e região, Tatuí e região, dois dos maiores polos da indústria da cerâmica vermelha do país fazem parte desta região. Também es-

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ENTREVISTA

tão instaladas aqui os principais fabricantes e fornecedores de máquinas e equipamentos para o setor. Muitos são os motivos que levam o mercado às feiras de negócios, como buscar novos fornecedores, ficar por dentro das tendências do setor, desenvolver parcerias estratégicas e, sobretudo, formalizar novos negócios. NC - Qual combustível é utilizado pelas cerâmicas de Tatuí? JN - Iniciativas importantes foram adotadas pelas indústrias cerâmicas de Tatuí e região, com a utilização de resíduos de madeira, transformando-os em cavaco ou pó para alimentar os fornos e outros setores produtivos das fábricas. NC - Como é o setor de cerâmica vermelha em Tatuí? JN - Estão instaladas no Polo Cerâmico de Tatuí e região 55 indústrias cerâmicas, que compreende os municípios de Tatuí, Itapetininga, Cesário Lange, Tietê, Cerquilho, Jumirim, Laranjal Paulista, Conchas e Pereiras. Deste total, 27 cerâmicas pertencem ao município de Tatuí e 28 nos demais municípios que compõem a nossa região. As 27 indústrias de cerâmica vermelha de Tatuí geram 3,5 mil empregos diretos e 8 mil indiretos. NC - O que tem a dizer sobre o trabalho desenvolvido pela Anicer? JN - Desde 1992, a Anicer – Associação Nacional da Indústria Cerâmica – atua como defensora nacional dos interesses do setor em busca de melhores condições políticas, jurídicas e tributárias para os seus associados. Representa o setor de cerâmica vermelha e promove o desenvolvimento sustentável por meio de difusão tecnológica e da capacitação empresarial. É a instituição de referência nacional, com apoio dos Sindicatos e Associações, para acesso à tecnologia, inovação e meio ambiente. Acreditamos muito nessa nova diretoria. Através do presidente Natel, temos certeza que irá fazer um excelente trabalho para nosso setor. NC - O que espera para o futuro da cerâmica vermelha?

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JN - A busca de um produto de qualidade que venha atender as normas vigentes e principalmente aos anseios dos usuários dos produtos cerâmicos. Linhas de créditos específicas para investimentos na modernização do parque industrial. NC - Como funciona a extração de argila? O sistema é cooperativado? JN - O polo cerâmico de Tatuí e região é privilegiado para a fabricação de blocos, lajes e telhas cerâmicas. Ele está sobre uma formação geológica com argila de excelente qualidade. Atraídas pelas condições ideais de extração da matéria-prima, muitas fábricas de cerâmica vermelha se instalaram na região principalmente a partir dos anos 60. O polo de Tatuí e região é pioneiro de uma revolução tecnológica no setor, deixando no passado as antigas olarias através de um modelo produtivo automatizado, sustentável e com qualidade de vida. Por isso, o polo cerâmico de Tatuí atende as necessidades mais atuais do mercado com produtos de alta performance. A extração de argila neste polo não é cooperativado. NC - Para finalizar, a crise tem afetado as indústrias de Tatuí? Como eles têm enfrentado a crise? JN - Em relação a 2015 a produção teve uma queda em torno de 20%, face a atual situação econômica e política do Brasil. O ano de 2015 foi marcante na vida de todos os brasileiros. E 2016 já começou turbulento. Há muito tempo não se via uma crise política e financeira como hoje vemos. A crise econômica também atingiu em cheio a produção e os investimentos das indústrias do setor de cerâmica vermelha. A nível Brasil, mais de 15% das indústrias cerâmicas encerraram suas atividades em função desta crise. É claro que, como em toda situação de incerteza, principalmente em ano eleitoral, uma certa dose de dúvidas acabam se instalando. Esse também não é o caminho para a solução do problema, pois em momentos de histeria, decisões precipitadas podem também acabar destruindo o seu negócio. Mas trabalhando muito em diminuir as despesas, para manter o ponto de equilíbrio das fábricas, sem atingir os colaboradores. Aguardando para uma possível melhora de mercado em 2017. NC


Encontro de Amigos Ceramistas ocorre nos dias 30 de junho e 1º de julho, em Santa Catarina

Cinco empresas do setor cerâmico receberão empresários do setor para conhecer modelos de gestão, assim como fornecedores específicos da área. O objetivo é compartilhar informações relevantes para melhoria dos negócios. As visitas ocorrerão durante o 1º Encontro dos Amigos Ceramistas, organizado pelo Sindicer Alto Vale, nos dias 30 de junho e 1º de julho, em Rio do Sul, Santa Catarina. Receberão os participantes do encontro no dia 30 as empresas Cerâmica Lorenzetti, em Pouso Redondo; e Telhas Esmaltadas Hobus, em Agrolândia. No dia 1º, as visitas acontecem na Cerâmica Bosse, em Presidente Getúlio; na Cerâmica Princesa, em Rio do Sul; e na Bela Vista Tijolos, em Ituporanga. Durante todas as visitas, forne-

D E S E N VO LV I M E N T O

Evento promove capacitação por meio de visitas técnicas

Uma das empresas a receber o visitantes do encontro é a Bela Vista. A foto é de 2014, em visita realizada durante a Expocever

cedores de equipamentos apresentarão novidades em maquinários. Além das visitas, o encontro contará com a palestra Novas estratégias e a visão do atual cenário econômico industrial, ministrada pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Corte. A palestra será no dia 30, no Parque Universitário Norberto Frahm (PUNF). NC

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D E S E N VO LV I M E N T O Fotos: Evelin Monteiro - Sindicer/ RN

Comitê de Eficiência Energética visita o setor Visita ocorreu a cerâmicas dos municípios do Vale do Açu e do Seridó, no Rio Grande do Norte

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Uma missão empresarial de industriais da América Latina visitou o estado do Rio Grande do Norte para conhecer a modernização e a utilização de combustíveis alternativos em fábricas produtoras de cerâmica vermelha. O grupo, composto por 60 pessoas, entre equatorianos, mexicanos, colombianos, peruanos, Bolivianos e Africanos, além de ceramistas brasileiros da Paraíba, Sergipe e do Ceará, visitou cerâmicas dos municípios do Vale do Açu e do Seridó. O evento começou no dia 26 de abril, no Espaço Cultural Candinha Bezerra, na Casa da Indústria, em Natal, e seguiu até o dia 29 do mesmo mês. Estes 60 empresários fazem parte do Comitê do Projeto EELA – Eficiência Energética em Indústrias Cerâmicas na América Latina para Mudança Climática, organizado


dores são significativos. Com o intercâmbio, Jon afirmou que as visitas vêm somando conhecimento aos ceramistas destes países e mostrando o grande porte produtivo de cerâmica no estado, contribuindo para a agregação dos nossos valores em seus países sede. “Esperamos que as instituições possam continuar investindo em pesquisas com as questões ambientais e a diminuição de gases na atmosfera, contribuindo com o avanço tecnológico das cerâmicas no Rio Grande do Norte”, afirmou o presidente do Sindicer/RN, Vargas Soliz. A segunda fase do projeto no estado tem prazo para finalização em dezembro deste ano. A meta do projeto é reduzir em 833 mil toneladas da quantidade de emissões de poluentes em toda a América Latina. NC

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D E S E N VO LV I M E N T O

pelo banco suíço Cosude e a Swisscontact, além de representantes do Peru, da Bolívia e entidades como o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Serviço Brasileiro de Apoio a Pequenas Empresas (Sebrae/RN), a Associação Nacional da Indústria (Anicer) e Associação Nacional dos Fabricantes de Máquinas e Equipamentos (Anfamec). Para o vice-presidente da Fiern, Pedro Terceiro de Melo, foi importante sediar o encontro do comitê diretivo do projeto de eficiência energética. “A Federação está de portas abertas para a troca de ideias, tecnologias e a modernização do setor que é muito importante para a economia do estado” disse. O Projeto EELA é realizado há seis anos como plano piloto no Rio Grande do Norte sob a coordenação do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) no Brasil. A ideia do encontro deste comitê foi apresentar todo o levantamento, pesquisas e avanços deste projeto. Entre as melhorias nas cerâmicas do estado estão modernização dos fornos, automação dos processos fabris e a utilização da biomassa como combustível. Consequentemente o EELA conseguiu diminuir os gases de efeito estufa na atividade ceramista, proporcionando ao Rio Grande do Norte a diminuição de 60 mil toneladas de gás carbônico durante o processo de queima dos produtos. Segundo o chefe da Divisão de Energia do Instituto Nacional de Tecnologia, Maurício Henriques, a biomassa apresenta um melhor consumo de energia e contribui para a preservação da mata-nativa, pois os resíduos são reaproveitados nas fábricas. Conforme ele, a algaroba, a lenha de manejo e a poda de caju representam cerca de 85% das riquezas naturais na região seridoense. Os outros 15% dos combustíveis renováveis estariam sendo utilizados materiais como a serragem e o coco. O diretor do projeto EELA, Jon Bickel, afirmou que os pequenos produtores da Colômbia, por exemplo, utilizam fornos caipiras e as metas são a massificação de novas tecnologias neste território. No Peru, a utilização de novos maquinários e ventila-

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ARTIGO TÉCNICO 30

Estudo das técnicas de análises granulométricas usadas em argila para cerâmica vermelha Trabalho apresentado no 59º Congresso Brasileiro de Cerâmica, de 17 a 20 de maio de 2015, Aracaju

G. A, Falcão1; B. M. A,Brito2; J. S.Buriti2, R. S, Macedo3 Universidade Federal de Campina Grande 1 Bolsista do PIBIC/UFCG/CNPq 2 Alunos do curso de Eng. de Materiais da UFCG 3 Prof. da Unid. Acadêmica de Engenharia de Materiais

Resumo

Introdução

A argila é um material natural, de textura terrosa, de granulação fina, constituída essencialmente de argilominerais, podendo conter outros minerais que não são argilominerais, matéria orgânica e outras impurezas. O presente estudo tem como objetivo discutir a utilização de parâmetros advindos da determinação de análises granulométricas como ferramentas de controle de argila com alto conteúdo de partículas finas, correlacionando-os, dentre outros fatores, com a absorção de água, assim como evidenciar as características químicas dos materiais argilosos em estudo. Para realização deste trabalho, foram coletadas amostras, em duas diferentes regiões hidrográficas do Estado da Paraíba. A granulometria das amostras de argila foi determinada por peneiramento, via seca, e à laser. Os resultados indicam que as argilas apresentam características de plasticidade e composicional dentro da faixa de valores indicada na literatura para aplicação na tecnologia de blocos e telhas, quanto à comparação das técnicas granulométricas, é possível observar uma maior aproximação de granulometria entre os resultados feitos à laser e por peneiramento.

As argilas são compostas pelos argilominerais propriamente ditos e por outros constituintes, algumas vezes denominados de impurezas, como quartzo, feldspatos, carbonatos, matéria orgânica, dentre outros, estes argilominerais são os responsáveis pelo desenvolvimento da plasticidade que as argilas apresentam quando misturadas com uma quantidade conveniente de água(1). A classificação granulométrica é uma técnica pela qual os diversos tipos de solos são agrupados e designados em função das frações preponderantes dos diversos diâmetros de partículas que os compõem. Estas frações são obtidas através da análise granulométrica. Este tipo de classificação deve ser avaliado com cautela, pois o comportamento do solo nem sempre é condicionado pela fração predominante, apesar dessa restrição, a análise granulométrica é universalmente utilizada. A análise granulométrica é uma técnica de fundamental importância na caracterização de matérias-primas, principalmente argilosa, pois a granulometria do material influencia de forma direta na qualidade do processamento e, consequentemente, nas propriedades finais do produto. A importância da medida do tamanho de partículas de uma amostra na forma de pó está no fato de que determinadas propriedades microestruturais só serão acionadas a

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ARTIGO TÉCNICO

partir de tamanhos bem definidos, como por exemplo, o aumento da densidade, a condutividade térmica, a condutividade elétrica, o grau de compactação, área superficial e etc. Todas essas propriedades dependem do tamanho das partículas. Por esta razão é preciso dispor de uma técnica confiável para se obter uma medida da distribuição do tamanho das partículas. Realizada com o objetivo de quantificar as matérias-primas e classificá-las de acordo com a faixa granulométrica em: argila, silte e areia. Diante deste contexto, o objetivo desta pesquisa é fortalecer a competitividade da indústria de cerâmica vermelha da Paraíba, através de um estudo das diversas técnicas de granulometria, de argilas utilizadas na produção de blocos cerâmicos no Estado da Paraíba, visando determinar se estas matérias-primas apresentam uma boa aplicabilidade na confecção destes produtos cerâmicos.

Figura1: Fluxograma da metodologia utilizada nos ensaios laboratoriais AMOSTRA ACTA

Materiais e métodos MATERIAIS Foram utilizadas amostras de argila vermelha, fornecidas pelas indústrias de blocos cerâmicos do Estado da Paraíba, localizadas nas proximidades dos municípios de Taperoá e Serra Branca, denominadas por ACTA e ACSB, respectivamente. MÉTODOS O fluxograma da figura 1 descreve todas as etapas dos ensaios realizados com as amostras em estudo.

Resultados e discussão Ensaio de Plasticidade As características de plasticidade: limite de liquidez (LL), limite de plasticidade (LP) e índice de plasticidade (IP) foram determinadas com o objetivo de comprovar a plasticidade do material juntamente com os resultados das

ACSB

LL

LP

IP

38,10

23,55

14,55

41,66

27,21

14,45

Tabela 1 - Índices de plasticidade das amostras ensaiadas, em (%) análises granulométricas. Na tabela 1 constam os valores dos ensaios de plasticidade das massas cerâmicas pelo método de ensaio de Casagrande. Foi concluído com os devidos cálculos necessários que a mínima quantidade de água requerida para a formação de um filme estável em volta de cada partícula, quantidade que é expressa como percentual da argila seca usada para o ensaio, a passagem do estado semisólido para o líquido, ou seja, o limite de plasticidade foram de 23,55% e 27,21% para as amostras ACTA e ACSB, respectivamente. Obteve-se um limite de liquidez de 38,10% para a amostra ACTA e 41,66% para a amostra ACSB, representando assim o teor de umidade que indica a passagem do estado plástico para o estado líquido, ou seja, a capacidade do material argiloso absorver água, portanto, observou-se a maior capacidade da amostra ACTA em absorver água. NovaCer • Ano 7 • Junho • Edição 74

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ARTIGO TÉCNICO

Tabela 2 Composição Química das amostras analisadas, em (%)

ÓXIDOS SiO2 Al2O3 Fe2O3 K2O MgO CaO TiO2 SO3 MnO ZrO2 P2O3 Outros PF

AMOSTRA

Ø < 2 µm

ACTA ACSB

18,30 16,20

ACTA 46,90 21,55 9,85 3,78 2,36 1,76 1,40 0,17 0,08 0,08 0,08 12

2 µm < Ø < 20 µm 59,05 54,32

ACSB 47,06 20,88 9,22 3,65 2,34 2,0 1,21 0,17 0,08 0,17 0,17 13

Ø > 20 µm 22,97 27,88

Tabela 3 – Tamanho de partículas das amostras em estudo, em (%) Já para o índice de plasticidade os valores encontrados foram de 14,55% e 14,45% respectivamente, o que indica que as amostras se comportam como mediamente plásticas, pois os valores do IP estão dentro da faixa de 7 a 15%. Os resultados encontram-se na faixa apropriada à moldagem por extrusão, adequada para a produção de blocos e telhas, segundo a literatura consultada(4). Composição Química Na tabela 2, consta a composição química das amostras estudadas, analisadas em um espectrômetro por fluorescência de raios X, em uma atmosfera a vácuo, para determinação dos elementos presentes nas amostras em análise. Observa-se que as amostras de massa cerâmica analisadas podem ser classificadas como sendo sílica aluminosa com elevado teor de sílica (próximo 50%), provavelmente proveniente dos minerais argilosos e da sílica livre em mais da metade de sua composição. Nota-se que a presença Al2O3, normalmente a presença de alumina estar relacionada com a proporção de mineral argiloso, indicando que nas amostras analisadas o teor de material argiloso é muito similar em todas as amostras. Esse baixo teor de alumina é característico das argilas utilizadas na tecno-

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logia de cerâmica vermelha. Verificam-se altos teores de óxido de ferro, maior que 5%, o que é característico de argilas que queimam com cor vermelha, e são utilizadas na tecnologia de cerâmica vermelha. Deste modo, observa-se que as amostras são de composições típicas de argila para cerâmica vermelha(1) com predominância de SiO2 e Al2O3 e altos teores de Fe2O3. Nota-se também a presença de outros óxidos em menor quantidade como, cálcio (CaO), magnésio (MgO), potássio (K2O), entre outros. O cálcio e o magnésio podem estar relacionados à presença de pequenos teores de calcita magnesiana e serem oriundos de argilomineral esmectítico. Já o potássio está relacionado à mica e ao feldspato (ou feldspatoide) presente nas amostras, que são muito comuns em argilas oriundas do Planalto na Borborema aplicadas em tecnologia de cerâmica vermelha. Análises Granulométricas Análise por Difração à Laser É comum considerar-se a fração argila de uma matéria-prima cerâmica natural, aquela com fração granulométrica com dimensão inferior a 2 µm. Assim a fração argila teria partículas abaixo de 2 µm, a fração silte, entre 2 e 20 µm e a fração areia teria as partículas com diâmetros superiores a 20 µm. A fração argila está relacionada, sobretudo, aos minerais argilosos, que são os responsáveis pelo desenvolvimento da plasticidade do sistema argila + água, segundo a literatura consultada(1). Nas tabelas 3 e 4, constam os resultados da distribuição granulométrica por tamanho de partículas das amostras ensaiadas. Observa-se que as amostras ensaiadas apresentam baixos percentuais da fração argila para serem utilizadas na fabricação de telhas e blocos cerâmicos, no entanto, as frações de silte e areia se encontram na faixa aceitável. Nota-se pelo teor da fração argila que a amostra ACSB apresenta uma fração argila maior que a amostra ACTA. É possível observar também uma larga distribuição heterogênea e assimétrica das partículas em ambas as amostras, como pode ser visto nas figuras 1 e 2, as curvas de dis-


Análise por peneiramento, via seca Na análise por peneiramento duas amostras de mesma composição foram submetidas ao conjunto de peneiras onde foi possível medir os devidos pesos retidos em cada peneira e realizar os seguintes cálculos e encontrar os seguintes resultados para a análise granulométrica por peneiramento para cada amostra, levamos em consideração a média e resultados entre essas duas amostras. Na tabela 5 encontram-se os dados referentes à análise por peneiramento da amostra ACSB, onde se nota uma quantidade de 21,77g de material passante pela peneira de malha 325. Na tabela 6 encontra-se os dados referentes a análise por peneiramento da amostra ACTA, se observa uma quantidade de 26,15g de material passante pela peneira de malha 325. Os solos recebem designações segundo as dimensões das partículas compreendidas entre determinados limites convencionais, conforme a tabela 7. Nesta tabela, estão representadas as classificações adotadas pela A.S.T.M (American Society for Testing Materials)(2). Analisando a escala granulométrica ASTM a qual foi realizada a análise por peneiramento, foi possível observar que, para a amostra ACSB obtivemos cerca de 18,59% de areia de grãos grossos, cerca de 44,10% de areia com grãos médios e 19,22% de areia de grãos finos, 15,90% de silte e 2,18% de argila. Para a amostra ACTA foi observado 32,382% areia grão grossos, 31,77% de areia com grãos médio, 13,499% de areia com grãos finos. 19,71% de silte e 2,62% de argila. Com esses resultados adquiridos na análise por peneiramento, observou uma discrepância de resultados quando comparado com as análises por difração a laser, no entanto,

Figura 1 – Curva de distribuição granulométrica por difração à laser da amostra ACTA

Figura 2 – Curva de distribuição granulométrica por difração a laser da amostra ACSB

ARTIGO TÉCNICO

tribuição granulométrica das amostras ACTA e ACSB respectivamente e comprovar com base nos seus respectivos diâmetros médios, a 10, a 50 e a 90% de massa acumulada, a qual é mostrado na tabela 4. Nota-se que a amostra ACTA apresenta diâmetro médio menor que a outra, comprovando então, sua maior plasticide.

Tabela 4 Diâmetros médios das amostras em estudo, em (µm)

AMOSTRA

DIÂMETRO MÉDIO

D10

D50

D90

ACTA ACSB

12,61 14,69

1,19 1,06

9,53 10,14

29,35 36,52

Peneira (#) 10 20 30 80 100 200 325

Abertura (mm) 2 0,841 0,595 0,177 0,149 0,074 0,044 Bandeja Total

Peso Retido (g) 185,585 236,82 203,28 173,275 18,59 101,55 57,085 21,77 997,955

Retido (%) 18,597 23,731 20,370 17,363 1,863 10,176 5,720 2,181

Retido Acumulado (%) 18,597 42,328 62,697 80,060 81,923 92,099 97,819 100,000

Passando (%) 81,403 57,672 37,303 19,940 18,077 7,901 2,181 0,000

Tabela 5 - Resultados da análise por peneiramento da amostra ACSB Peneira (#) 10 20 30 80 100 200 325

Abertura (mm)

Peso Retido (g)

2 0,841 0,595 0,177 0,149 0,074 0,044 Bandeja Total

322,89 200,855 115,965 110,3 24,295 114,635 82,035 26,15 997,125

Retido (%) 32,382 20,143 11,630 11,062 2,437 11,497 8,227 2,623

Retido Acumulado (%) 32,382 52,525 64,155 75,217 77,654 89,150 97,377 100,000

Passando (%) 67,618 47,475 35,845 24,783 22,346 10,850 2,623 0,000

Tabela 6 - Resultados da análise por peneiramento da amostra ACTA

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ARTIGO TÉCNICO

foi possível analisar que tanto a percentagem de argila como de silte na amostra ACTA são maiores que na ACSB, o que é comprovado nos resultados adquiridos na análise por difração à laser, onde se mostra que a amostra ACTA contém um menor diâmetro médio das partículas, mais fração argila, o que é mostrado no ensaio de plasticidade que é a amostra que apresenta o maior índice de plasticidade.

Tabela 7- Escalas granulométricas adotadas pela A.S.T.M., A.A.S.H.T.O, M.I.T. e ABNT

Conclusão Os resultados indicam que as argilas apresentam características de plasticidade e composicional dentro da faixa de valores indicada na literatura para aplicação na tecnologia de blocos e telhas. A partir deste trabalho foi possível concluir com as análises de tamanho de partículas pelas técnicas do peneiramento e por difração à laser que o método do peneiramento é um modelo com resultados demorados, trabalhoso e impreciso, além de haver perdas na quantidade de massa e danos a saúde do operador. Enquanto que o método da difração por laser é prático, preciso, usa um mínimo de material e gera um relatório dos resultados

com dados fáceis de interpretar. As amostras estudadas apresentaram o mesmo percentual de areia (fração maior que 20 µm) e diferentes percentuais de fração argila (fração menor que 2 µm). Isto pode acarretar diferenças significativas nas propriedades tecnológicas após queima. A amostra ACTA apresentou maior índice de plasticidade, onde foi possível comprovar essa plasticidade com o percentual de argila da mesma mostrado, tanto na análise de tamanho de partículas pela técnica do peneiramento, por via seca, quanto por difração à laser, sendo possivelmente a argila mais indicada para a produção de blocos cerâmicos.

Referências (1) SOUZA SANTOS, P., Ciência e tecnologia de argilas, 1 e 2 v. 2ª ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1992. (2) ASTM (1990). Standard Test Method for Particle-Size Analysis of Soils – Designations D422-63. American Society for Testing and Materials, Philadelphia, USA, 06 p. CAMAPUM DE CARVALHO, J.; GUIMARÃES R.C.; CARDOSO F.B.F. e PEREIRA, J.H.F. (1996). Proposta de Uma Nova Metodologia para Ensaios de Sedimentação. 30o (3) VIEIRA, C. M. F.; MONTEIRO, S. N.; DUAILIBI Fh, J. Considerações sobre o Uso da Granulometria como Parâmetro de Controle de uma Argila Sedimentar. Cerâmica Industrial, v. 10, nº. 1, 2005. (4) ANDRADE, F. L. F. Estudo da formulação de massas cerâmicas provenientes da região do Seridó – RN para fabricação de telhas. 2009, 101p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) – PPGEM/UFRN, Natal. (5) MACEDO, R.S. Estudo das matérias-primas e tijolos cerâmicos furados produzidos no Estado da Paraíba. 1997. 112p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) - CCT/UFPB, Campina Grande. (6) DNER, Materiais para obras rodoviárias, métodos e instruções de ensaios, Rio de Janeiro. 1977. (7) ABNT (1984). Solo - Análise Granulométrica Norma Brasileira NBR-7181. Associação de Normas Técnicas, São Paulo, SP, 13 p. ASTM (1958). Grain-size Analysis of Soil – Designations, D422-54T. American Society for Testing and Materials, Philadelphia, USA, 03 p. (8) Reunião Anual de Pavimentação, Salvador, BA, pp 521-529. NC

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Em tempos de crise: como manter e aumentar as vendas foi tema de palestra no município de Dormentes, em Pernambuco. O evento foi realizado no dia 19 de abril, no Restaurante Chico de Rosa. O palestrante foi o consultor em gestão empresarial Emerson Dias. “Iniciamos a palestra discorrendo o impacto da crise na economia, na sociedade e no setor da construção civil. Destacamos também as ferramentas utilizadas para manter e aumentar o potencial de vendas, como investimentos na qualidade, qualificação PSQ, gestão dos custos, associativismos, centrais de compra e venda de produto como sistemática de alavancagem industrial e comercial”, disse o palestrante. Segundo ele, diante de um cenário onde não se consegue com exatidão prever qualquer resultado, cabe a indústria cerâmica: – Sentar em cima do caixa: Isso significa que o ceramista deve cuidar muito do fluxo de caixa de sua empresa, não basta vender se isso não resultar melhora no caixa. Caixa forte possibilita comprar melhor, aproveitar melhor oportunidades de negócios; – Rentabilizar a empresa: como obter mais do cliente, como vender mais para este cliente, faça uma análise do seu cliente (seu cliente é seu patrimônio), faça uma análise completa de suas instalações e equipamentos, frotas de caminhões, etc. – Senso de Urgência: em tempos de crise os clientes se tornam mais exigentes e seletivos, então não demore no atendimento e não deixe de dar resposta a este. Diminua o tempo de resposta a solicitações, assistência técnica, cotações e pedidos – Reveja os sistemas e os fluxos de sua empresa: nesta revisão, o ceramista descobrirá sistemas que estão em demasia ou defasados, os quais podem e devem ser eliminados.

– Retenha os melhores talentos de sua empresa: não dispense os melhores, mude de funções ou ocupe com sistemas de melhoria profissional, pois isso será fundamental para dias futuros. Ao final da palestra, Dias destacou que esta crise passará e que, se a cerâmica atuar sobre esses cinco pontos, estará apta para uma nova fase. NC

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D E S E N VO LV I M E N T O

Vendas em tempos de crise é tema de palestra em PE

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25˚ Salão internacional da tecnologia e maquinaria para a indústria de construção e cerâmica

O Futuro da Cerâmica

26 A 30 SETEMBRO DE 2016 RIMINI-ITÁLIA Organização

Em colaboração com

tecnargilla.it

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