Revista Novacer Edição 02 Abril 2010

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Exclusivo: entrevista com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf

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Abril/2010 - Edição 02

Alerta: Cerâmicas vermelhas registram pequena evolução em 30 anos

Mão de obra qualificada é desafio para construção civil Feicon 2010 foca sustentabilidade e tecnologia A influência da Gipsita em telhas cerâmicas

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SUMÁRIO EDITORIAL

Revista NovaCer | Abril 2010 | Edição 02

10 Carta ao Ceramista

FEIRAS

12, 13 e 14 Inovação marca Feicon 2010

ENTREVISTA

26 e 27 O bom momento do Brasil, com o Presidente da Fiesp, Paulo Skaf

ECONOMIA E NEGÓCIOS

60 e 61 PAC 2 terá investimentos de R$ 137,2 bilhões na construção civil

CONSTRUÇÃO CIVIL

20, 21 e 22 O desafio da mão de obra qualificada

MEIO AMBIENTE

18 Resíduos de cana são combustíveis para cerâmicas

Rua Coronel Marcos Rovaris, 54, Sala 34 Cep: 88801-100 - Criciúma Santa Catarina

Conselho Editorial: Engª Celina Oliveira Monteiro, Prof. Edgard Más, Stefano Merlin, Antônio Cubano Rissone, Jamil Duailibi Filho, Engº Joaquim Canha, Geol.Luciano Cordeiro Loyola, Sérgio Lanza, Prof. Adriano Michael Bernardin, Harald Blaselbauer

Fone/Fax: +55 (48) 3045-7865

Abril 2010

Diretor: Geraldo Salvador Junior direcao@novacer.com.br

Comercial: Espindola espindola@novacer.com.br

Edição e textos: Aline Ventura redacao@novacer.com.br

‫חישמה ושי‬

Administrativo Financeiro: Moara Espindola financeiro@novacer.com.br

Jornalista Responsável: Aline Ventura - SC01781-JP redacao@novacer.com.br

Diagramação & Arte: Jefferson Salvador arte@novacer.com.br

www.novacer.com.br revista@novacer.com.br Não nos responsabilizamos pelos artigos assinados 06

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Impressão: Coan Gráfica Editora e CTP.


DESENVOLVIMENTO

28, 29 e 30 - Capa: Alerta - Cerâmicas vermelhas registram pequena evolução em 30 anos. A tímida evolução da cerâmica vermelha e seu desafio no mercado produtivo

GESTÃO

32 Os métodos industriais de organização na cerâmica vermelha 33 e 36 A passagem da olaria para indústria 37 Os filhos dos oleiros na faculdade - A descoberta da administração e da engenharia

FEIRAS

42 Cerâmica vermelha é discutida em encontro no Nordeste 43 e 44 A opinião dos participantes 45 Verdés reúne amigos e ceramistas no encontro em João Pessoa-PB

ARTIGO TÉCNICO

48 a 51 - 54 a 57 Influência da Gipsita no surgimento de eflorescência em telhas cerâmicas

GESTÃO

24 Carimbos: mais que um simples detalhe

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EDITORIAL

Carta ao Ceramista Estamos apresentando a segunda edição da revista NovaCer. O reconhecimento do trabalho veio estampado nos inúmeros e-mails e telefonemas de boas-vindas recebidos após a circulação da primeira edição, o que nos deixa lisonjeados. Mas agora o comprometimento aumenta diante do desafio de publicar esta e as demais edições seguintes. Forte nisso, ampliamos nossa lista de colaboradores que, a partir das próximas edições, estarão apresentando trabalhos científicos direcionados às várias atividades componentes da indústria cerâmica de modo geral, passando pelos trabalhos periféricos, suprimentos e ensaios sobre a correta destinação de resíduos. Nossa pretensão é grande, mas nada alcançaremos sem a colaboração de você leitor e anunciante da revista NovaCer. Nesta segunda edição destacamos reportagem sobre o tímido avanço da cerâmica vermelha nos últimos anos. Ainda estudo sobre a influência da Gipsita no surgimento de eflorescência em telhas cerâmicas. Também a inserção do carimbo entalhado nas peças cerâmicas para identificação do produto, exigência da ABNT. Destaque, ainda, para a matéria que recomenda utilização do bagaço de cana-de-açúcar como combustível alternativo e abundante para a indústria cerâmica, confirmando nossa preocupação por direcionar nossos leitores a uma maior consciência ambiental. O Conselho Editorial Consultivo, em vias de consolidação para as próximas edições, estará apresentando tópicos técnicos diversos e sempre destinados ao nosso público alvo, sem esquecermos da colaboração recíproca que estamos esperando dos nossos colaboradores/ leitores/parceiros para expressarem seus conhecimentos aos demais em um processo de feedback entre as partes envolvidas. Mencionamos também os eventos direcionados à classe, tais como a Feira Internacional da Indústria da Construção e o Encontro dos Sindicatos do Nordeste, recentemente realizado em João Pessoa, Paraíba. Esperamos corresponder à expectativa de nossos colaboradores e melhorar a cada dia. Para andar uma légua, é preciso dar um passo. Os Editores 10

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FEIRAS

Revista NovaCer | Abril 2010 | Edição 02

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Arquitetos, engenheiros, construtores, lojistas, compradores do exterior, , além de consumidores interessados em construir ou reformar lotaram o Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo, em busca de tendências e solução para o setor.

Inovação marca Feicon 2010

Mais de 700 expositores de 29 países, 2,5 mil produtos e 175 mil visitantes. Estes são os números

de 2011 já tem reservas confirmadas de 87% da área destinada ao evento.

da Semana Internacional da Indústria da Cons-

Inovação e meio ambiente continuam sendo pa-

trução e Iluminação de São Paulo realizada de 6 a

lavras de ordem para os fabricantes. Os chamados

10 de abril. O evento reuniu as duas principais fei-

produtos “verdes” deram o tom à exposição. Maté-

ras da América Latina, numa área de 85 mil metros

rias-primas, tecnologias, processos e produtos em

quadrados, que representam as cadeias produtivas

sintonia com a sustentabilidade chamaram a aten-

da construção e iluminação: Feicon Batimat 2010

ção dos visitantes, que também puderam debater o

(18ª Feira Internacional da Indústria da Construção)

tema das construções sustentáveis em seminários

e Expolux (12ª Feira Internacional da Indústria da Iluminação). De acordo com uma das

do Núcleo de Conteúdo, realizados simultanea-

organizadoras do evento, a Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Mate-

mente ao evento.

rial de Construção), foram gerados negócios da ordem de R$ 481,8 milhões. Um público

Tecnologia e inovação também foram foco dos

qualificado de arquitetos, engenheiros, construtores, lojistas, representantes de home

expositores. Vasos sanitários e equipamentos de

centers e compradores do Brasil e exterior, além de consumidores que estão construindo

banheiro com descarga inteligente que reduzem o

ou reformando imóveis conferiram o lançamento de produtos e serviços oferecidos pelo

consumo de água, “portas ocultas” que permitem

segmento. Segundo Juan Pablo De Vera, presidente da Reed Exhibitions Alcântara Macha-

maior aproveitamento de áreas internas, sistemas

do, empresa organizadora e promotora da “Semana”, “o intuito do evento foi criar opor-

construtivos a seco, pisos fáceis de limpar, aparelhos

tunidades de negócios”. O bom momento do mercado da construção atraiu o alcance do

para melhorar a segurança residencial e até uma

objetivo. De Vera ressaltou o alto nível dos itens em exposição.

casa que pode ser montada em dois dias por apenas

A participação de 29 países nessa edição da Feicon e Expolux, interessados no poten-

uma pessoa, como se fosse um brinquedo Lego. O

cial do mercado nacional e no posicionamento estratégico do Brasil em relação ao bloco

luxo não foi esquecido. Chuveiros e banheiras cada

latino-americano, foi destacada por Jair Saponari, diretor de Feiras da organizadora. “Além

vez maiores associados a design estilizado de tor-

da dimensão internacional do evento, há que se destacar o esforço dos expositores em

neiras e pias ganharam destaque.

posicionar seus produtos no mercado, através da Feira, utilizando cada vez de forma mais produtiva esse canal de negócios e relacionamento”, atesta Saponari. Uma demonstração da satisfação dos expositores com a “Semana” pode ser medida pelo fato de que a edição 12

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FEIRAS

Participação de cerâmicas vermelhas aumenta A cada edição o número de cerâmicas vermelhas aumenta na

são de mercado e compreende que os resultados de uma feira são de

Feicon. A informação é do presidente da Associação de cerâmicas Ver-

médio e longo prazo. “Entendemos que as coisas levam certo tempo

melhas de Itu e Região (Acervir), Gustavo Barduchi, que considera esta

para acontecer, mas acreditamos que a Feicon tenha nos dado grandes

a melhor edição da Feicon, das três que participou. “O número de ex-

resultados”, finaliza Marchi.

positores de cerâmica em feiras como esta tem aumentado significati-

A Ziegel Telhas, de Vale Real, no Rio Grande do Sul, participou

vamente. Vimos vários grupos expondo, o que é bastante positivo para

pela 8ª vez da Feicon como expositora. Para o proprietário André Luiz

o setor”, declara Barduchi. Neste ano foram sete cerâmicas vermelhas

Buchmann os resultados práticos da participação da Ziegel numa feira

mais o Grupo Tetto, que representa mais de 20 associadas.

como a Feicon são “a abertura de novos mercados e consolidação da

A TopTelha, empresa que atua no segmento de telhas de cerâmica

marca, além da realização de contatos para futuras vendas. Buchmann

há mais de 50 anos, em Lema, interior de São Paulo, avalia de forma

acredita que todas as feiras são produtivas, “pois é o canal de ligação

bastante positiva sua participação na Feicon 2010. A grande expecta-

entre fábrica e cliente”.

tiva da empresa era aumentar sua participação no mercado interno,

Para o Grupo Tetto, a feira foi sucesso, pois o estande das cerâmi-

ampliando suas possibilidades de instalações em outros estados. “Não

cas associadas ao grupo paulista registrou mais de cinco mil visitas, o

foi uma feira para fechar negócios e sim para fazer contatos e entender

que possibilitou ao grupo alcançar o objetivo de solidificar a marca

melhor o nosso consumidor”, disse Paulo Marchi, diretor administra-

Tetto, estreitar relacionamento com clientes e atender a todo tipo de

tivo.

demanda graças a união de empresas do mesmo segmento em função

A Feicon ofereceu oportunidades de abrir canais em estados que a

do potencial produtivo do grupo. Demanda exigida pelas principais

empresa ainda não atua. “Conseguimos contatos de representantes co-

construtoras e principais depósitos. ”Com certeza alcançamos nossa

merciais de várias localidades, em especial do Nordeste”, complementa

meta, além de atender uma grande clientela com este perfil, estamos

Marchi.

iniciando uma fidelização de clientes”, explica o consultor de mercado

O lançamento na feira foi a telha Flameada que possui o tradicio-

Paulo Henrique Manzini.

nal fundo vermelho com mesclas em marfim e preto. A telha desperta

O Grupo Tetto apresentou na Feicon telhas naturais e impermeabi-

sensações diferenciadas e tem tido uma forte demanda no litoral e em

lizadas nos modelos Romana, Portuguesa, Italiana, Francesa, Ameri-

casas de campo.

cana e acabamentos e lançou as telhas coloniais gigantes, produto de

Compreender o mercado e estudar as tendências também é impor-

fino acabamento direcionado para casas de alto padrão.

tante. Após o término do evento a empresa passa a investir na expan-

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Casa Cerâmica é sucesso

Paulo (Sindicercon-SP). Durante a feira o público conheceu o interior da residência e acompanhou palestras de profissionais do Senai sobre

Durante a feira o público conferiu o protótipo de residência ecologi-

o processo construtivo da casa.

camente correta construída em alvenaria estrutural e custo reduzido.

O projeto tem custo até 30% menor que a construção tradicional.

Com dois quartos, sala, cozinha, banheiro e hall de entrada, a casa

“Além de o custo ser barato a construção é rápida, eficiente, não utiliza

ficou em exposição na Feicon onde os visitantes puderam conhecer

madeira e não se quebra parede para sua execução, o que se torna um

todo o processo construtivo . O projeto Casa Cerâmica é do Senai-SP e

atrativo”, explica o presidente da Acervir, Gustavo Barduchi.

Sindicato da Indústria da Cerâmica para Construção do Estado de São

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MEIO AMBIENTE

Resíduos de cana são combustíveis para cerâmicas O uso de bagaço ou briquete de cana-de-açúcar como combustível

Briquete não é bagaço

para aquecer os fornos das cerâmicas gera benefícios para as produtoras de tijolos, blocos e telhas. Por se tratarem de biomassas renováveis,

Apesar de o briquete e o bagaço serem derivados da cana-de-açú-

esses dois combustíveis colaboram com a preservação ambiental.

car, essas biomassas não são o mesmo produto. “O bagaço é um re-

Além disso, essa biomassa também apresenta vantagens no transporte

síduo in natura que existe nas lavouras de cana e pode ser utilizado em

e na disponibilidade.

caldeiras ou fornos. Quando esse resíduo é prensado e compactado, se torna um briquete”, explica Piza. “O briquete é o bagaço que foi compactado sob pressão, portanto libera uma grande caloria com um volume reduzido”, conta o analista técnico, dizendo que por isso, o preço do briquete é mais caro. A cerâmica Bom Jesus paga R$ 230,00 por tonelada de briquete. Na maioria dos casos, o processo de briquetagem é realizado fora da cerâmica, por empresas especializadas. Segundo Piza, o equipamento de prensa do bagaço, chamado de briquetadeira, é grande e de alto custo. Mas apesar de ser mais barato, usar bagaço exige investimento

A • • • •

em tecnologia. Segundo o analista técnico da Carbono Social, para queimar essa biomassa é necessário instalar queimadores ou injetores. “Esses equipamentos injetam automaticamente a biomassa e o ar, já Na região Centro-Sul do País, onde se concentram a maioria das

que é inviável a injeção totalmente manual.”

usinas, o fornecimento é garantido. O analista técnico da Carbono

Produção - Os fornos não costumam ser abastecidos apenas com

Social Serviços Ambientais, Gabriel Toledo Piza, conta que mesmo com

uma biomassa. Há sempre uma mistura de combustíveis. Um exemplo

o uso do bagaço nas caldeiras das próprias usinas, ainda há excedente.

é a cerâmica Maguari, de Nazaré da Mata (PE), que utiliza 80 kg de bri-

“A oferta de bagaço é abundante e existem lavouras onde o bagaço é

quete, entre outras biomassas, para produzir 1 milhão de peças.

desperdiçado.”

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Colaboração: Social Carbon

Mas um fator que deve ser levado em conta é a sazonalidade, pois a safra de cana não dura o ano inteiro. E para isso, há solução. A Cerâmica Bom Jesus, de Paudalho (PE), usa briquete como combustível e estoca a biomassa. “Fazemos um estoque para não faltar (briquete) durante a época de entresafra da cana”, diz Mário Henrique, proprietário da empresa. De acordo com o analista técnico da Carbono Social, o bagaço/ briquete tem um bom poder calorífico, embora não tão alto quanto o de outras biomassas. Mas há a vantagem da baixa liberação de cinzas. Outra facilidade é o transporte e a armazenagem. Tanto o bagaço como o briquete são ensacados, portanto, não há problemas de umidade, insetos ou sujeira. “E para projetos de créditos de carbono não há a necessidade de comprovar a origem renovável do combustível”, completa Piza. 18

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CONSTRUÇÃO CIVIL

Revista NovaCer | Abril 2010 | Edição 02

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Iniciativas para especializar trabalhadores precisam ser tomadas para evitar o risco de um apagão de mão de obra.

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O desafio da mão de o Com o aquecimento da economia e os indícios

das por serviços temporários, onde ganham mais.

de que 2010 vai marcar uma nova fase para o setor

De acordo com Ishikawa reformas de casas, apar-

da construção uma questão ainda esbarra nessa

tamentos e construções dos populares puxadinhos

onda de otimismo. Há anos empresários reclamam

absorvem cerca de 50% da mão de obra qualifi-

da falta de mão de obra qualificada no setor. Até

cada do Brasil. Estes profissionais trocam a carteira

mesmo trabalhadores desqualificados é difícil en-

assinada por um rendimento um pouco mais alto,

contrar. E a reclamação não é isolada. Ela procede

porém inseguro. Além disso, de acordo com o Sin-

e a realidade é uma só. Faltam trabalhadores capa-

dusCon-SP 40,7% dos trabalhadores da construção

citados.

civil são ajudantes, dado que revela a necessidade

O governo anunciou que o país ganhará mais

da especialização.

2 milhões de empregos com carteira assinada em

A falta de preparo dos profissionais leva ao au-

2010, puxados pela construção. Mas a falta de es-

mento de acidentes nos canteiros e ainda, um cres-

pecialização pode retardar a recuperação projetada

cente número de obras mal acabadas. Conforme

para os próximos meses. Sem trabalhadores quali-

Ishikawa, até 2004 a construção civil foi decrescente

ficados as obras atrasam e a escassa mão de obra

no país. A partir daí o quadro econômico mudou e a

existente tende a encarecer.

escassez de mão de obra virou realidade.

Um dos problemas, de acordo com o vice-presi-

No Distrito Federal a solução encontrada pelos

dente de relações capital-trabalho do SindusCon–

empresários para não atrasar as obras é buscar tra-

SP, Haruo Ishikawa, é a informalidade. Culturalmente

balhadores em outros estados. “O número de pro-

os custos sociais são muito grandes para manter um

fissionais qualificados para entrar no mercado não

profissional registrado, o que impede o aumento

supre essa demanda aquecida do Distrito Federal, o

dos salários dos trabalhadores. Hoje as pessoas que

que tem feito empresas importarem profissionais”,

passam por capacitação não permanecem nas

conta o 1° vice-presidente do Sinduscon-DF, Júlio

obras onde trabalham com carteira assinada atraí-

Cesar Peres.


CONSTRUÇÃO CIVIL

e obra qualificada

O Sinduscon-DF debate o tema em reuniões e leva a necessidade

o Pará vai tentar capacitar os trabalhadores nos canteiros de obras em

de mão de obra do setor para o Senai, de modo que essa entidade faça

até, no máximo, 30 dias. O piso salarial da construção civil no estado

mais cursos de formação e capacitação de pessoal especializado, com

é de R$ 530,00 para servente e R$ 730,00 para carpinteiro, pedreiro e

o objetivo de atender à demanda. Outra medida tomada pelo sindi-

armador.

cato é conscientizar as empresas da importância da capacitação interna de funcionários. “Costumamos reforçar para as empresas que elas

Capacitação no canteiro de obras é alternativa

procurem capacitar seus funcionários e não esperar pelo Senai. Assim, procuramos fazer com que entidades em parceria com Senai possam

Atualmente o que se observa é uma rotatividade muito grande no

especializar as pratas da casa e fazer a empresa crescer”, destaca Peres.

setor. Os trabalhadores são nômades, saem de uma empresa e vão para

O Distrito Federal possui grande volume de obras públicas e da área

outra, conferindo atrasos nas obras. Ishikawa projeta uma adaptação

habitacional, o que levou a cidade para o segundo lugar do ranking

do mercado. “Os empresários reclamam que querem contratação ime-

nacional do setor, perdendo apenas para São Paulo. Mais um motivo

diata, porém vamos ter que nos adaptar à realidade”, argumenta.

para os empresários locais apostarem na qualificação interna.

Uma alternativa, além de contar com o apoio de entidades como o

A mesma realidade é encontrada no Pará. O presidente do Sin-

Senai para a promoção de cursos direcionados ao setor, é a realização

duscon-PA, Dr. Manoel Pereira dos Santos Jr., conta que a falta de

de escolas nos canteiros de obras. Os alunos deixam de ir até o Senai

investimentos no estado durante vinte anos fez a mão de obra da

e os professores vão até a obra ensinar o empregado. A criação dos

construção civil migrar para outras áreas. “Com o boom atual estamos

canteiros-escola foi uma proposta do SindusCon-SP aprovada pelo Se-

sofrendo com a falta de trabalhadores especializados. Os cursos não

nai. De fevereiro a março foram montados pilotos em cinco canteiros

acompanham a necessidade do setor”, afirma Santos.

de obra no estado de São Paulo com instrutores do Senai. As empresas

A ação do sindicato é, através de uma parceria com o Sebrae, quali-

ficam responsáveis por disponibilizar um espaço para os cursos.

ficar até o final do ano de 15 a 20 mil pessoas. A meta do Programa

Os canteiros-escola vão agilizar a formação dos profissionais do

Minha Casa Minha Vida no Pará é a construção de 40 mil casas em 2010.

setor. O Sinduscon-SP tem dez mil filiados da construção. A meta com

Para isso são necessários 15 mil trabalhadores, número que o sindicato

o convênio é qualificar 60 mil trabalhadores. Inicialmente serão capaci-

não tem certeza se vai conseguir especializar. A exemplo de São Paulo,

tados pedreiros, carpinteiros, armadores e pintores, funções consideNovaCer

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CONSTRUÇÃO CIVIL

radas mais urgentes. A ideia é qualificar quem já tem carteira assinada

ros meses de 2009, outras 129.358. Porém, o setor registra déficit de

e manter este público empregado formalmente. Hoje em São Paulo o

pessoal qualificado, inclusive porque foi um dos setores que menos

piso salarial do servente é de R$ 767,80. Já o profissional qualificado

demitiu durante a crise econômica do ano passado.

como carpinteiro, pedreiro, armador tem o piso de R$ 917,40, mas a

Os dados das pesquisas realizadas pelo Senai dão conta de que,

maioria ganha em média cerca de R$ 1.600,00 em função de o traba-

no período analisado, 54% da demanda da construção civil estará

lhador da construção civil trabalhar por produtividade.

concentrada na região Sudeste; 18% no Nordeste; 14% no Sul; 8% no Centro-Oeste e 6% no Norte.

Senai estrutura Programa Nacional da Construção Civil

Em regiões de baixa escolaridade, a qualificação de profissionais poderá ser um problema. Isso exigirá que a formação profissional

Pesquisas prospectivas e de tendências realizadas pelo Senai

tenha uma vertente de educação básica, o que demandará a mobili-

apontam, para o período 2009-2014, uma vigorosa expansão da in-

zação de organizações públicas e privadas. Suprir a demanda por for-

dústria, sobretudo da construção civil. “A demanda média por forma-

mação profissional de um dos setores que promete crescer com mais

ção no setor será de aproximadamente 380 mil profissionais por ano,

dinamismo nos próximos anos é um dos principais focos do Senai.

entre formação continuada e inicial”, acentua Márcio Guerra Amorim,

“Esse desafio vai além de simplesmente expandir a oferta de vagas

gerente do Observatório Ocupacional da Unidade Prospectiva do Tra-

em cursos de formação profissional, é preciso que um conjunto de

balho (Unitrab) do Senai Nacional.

ações coordenadas e planejadas seja viabilizado para que o atendi-

Desde a sua criação, em 1942, o Senai desenvolve em todo o país programas de educação profissional e tecnológica na área da

mento da demanda do setor ocorra”, explica a diretora de Operações do Senai Nacional, Regina Torres.

construção civil. Hoje são 24 cursos técnicos de nível médio, 95 para

O Senai, assim como todo o setor industrial da construção civil,

jovens aprendizes, seis pós-graduações tecnológicas e outros tantos

está atento a essas questões e em 2010 vai estruturar um Programa

nas modalidades de qualificação e aperfeiçoamento profissional, por

Nacional da Construção Civil, que em conjunto com o setor buscará

meio dos quais atende a demandas específicas de empresas.

soluções para que o crescimento do país não seja comprometido nos

Em 2008, esses cursos somaram 115.655 matrículas e, nos dez primei-

próximos anos. “Nesse programa o Senai terá como objetivo atender 70% da demanda industrial total, o que representaria cerca de 270 mil trabalhadores capacitados, mas para isso deverão ser desenvolvidas ações articuladas com o setor da construção civil – empresários e associações de classe – com vistas a tratar as questões relacionadas à baixa atratividade das profissões do setor”, adianta a diretora de Operações do Senai Nacional. Uma das primeiras iniciativas é o protocolo de intenções que a organização assinou com a CBIC para dinamizar processos de formação de profissional e da inovação no setor da construção civil. Nos próximos 5 anos os setores que demandarão maior esforço (maior volume) do Senai em suas ações de formação serão principalmente os relacionados ao consumo interno e a cadeia da construção civil, dentre eles destacam-se: construção civil e sua cadeia; fabricação de alimentos e bebidas; artigos de vestuário e acessórios; fabricação de produtos de metal e fabricação de máquinas e equipamentos.

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GESTÃO

Mais que um simples detalhe Utilizado para registrar dados de identificação como o nome da empresa, telefone e cidade para fins comerciais e gravar medidas e nomes dos produtos, os carimbos para cerâmica atendem às normas da ABNT e Inmetro. De fundamental importância para as cerâmicas, o não cumprimento das normas gera sérios problemas para os fabricantes. Multa e bloqueio de lotes são as consequências da não utilização do carimbo. Quem fala da importância dos carimbos é o gerente de vendas da Cerbsoriani, Ítalo Soriani, que destaca características importantes das gravações nas peças . “Eles precisam ser duráveis e ter ângulo de saída na letra, o que é muito funcional, pois permite que o carimbo trabalhe com mais facilidade, deslizando ou prensando sobre o material, sem que grude barro no carimbo, o que prejudica a marcação”, informa Soriani. Carimbos sem ângulo de saída e com a superfície mal acabada têm durabilidade menor. “Sem contar que a empresa terá mais mão de obra, pois vai precisar limpar o carimbo”, complementa. Os materiais mais utilizados para a fabricação do carimbo são metais não ferrosos, como bronze e latão, por não proporcionarem abrasão ao entrar em contato com a argila, proporcionando assim maior durabilidade do carimbo. Engana-se quem pensa que, por serem usados para marcar barro, esta marcação não precisa ter qualidade. Os carimbos são a apresentação da cerâmica no ponto de venda, um detalhe que agrega valor ao produto final.

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ENTREVISTA

Apoio ao setor cerâmico, eleições 2010, bom momento econômico e expectativas são alguns dos assuntos abordados nesta entrevista do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, à NovaCer. Passada a crise financeira, a hora é de crescer. Oportunidades não vão faltar para a indústria.

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ENTREVISTA

bom momento do Brasil

Revista NovaCer - Qual a expectativa da Fiesp para as próximas

previsão de crescimento de 5 a 6%.

eleições?

NC - O que a Fiesp faz pelo setor de cerâmicas? PAULO SKAF: O processo eleitoral é um momento importante para o fortalecimento da democracia. Alguns cidadãos dispostos a em-

PS: A Fiesp tem dado apoio ao setor com capacitação aos trabalhadores

preender mudanças positivas colocam seus nomes à disposição de

por meio do Sesi e Senai de São Paulo, com laboratórios cerâmicos em

toda a nação, para servir à coletividade com propostas que visam o

várias regiões do estado de São Paulo, inclusive com a Escola Cerâmica,

progresso do País, em todos os aspectos — econômico, social, educa-

que analisa o setor e aponta soluções para suas necessidades. Também

cional, ambiental e outros. A Fiesp e o Ciesp sempre esperam debater

auxiliamos nos problemas tributários, com consultorias sobre substi-

propostas que levem em conta os anseios não somente do setor in-

tuição tributária e Nota Fiscal Eletrônica, orientação relacionada ao

dustrial, mas, também, de todos os setores da economia brasileira. Por

meio-ambiente e regularização da principal matéria-prima, a argila.

isso, como já é tradição, vamos receber os candidatos à Presidência da

Além disso, o Sesi elabora cartilhas especiais como: “Saúde do Trabaha-

República e ao governo de São Paulo para um debate público sobre

dor na Indústria Cerâmica” e “Produção Mais Limpa”.

suas propostas e compromissos. NC - Em sua opinião, a indústria brasileira está preparada para NC - Em ano eleitoral o que devemos esperar economicamente do

crescer sem gerar pressão inflacionária?

Brasil? PS: O Brasil está em um momento excelente, fomos o último país a PS: Estamos certos de que independentemente das eleições, o

entrar na crise e o primeiro a sair dela. Nós superamos as perdas e

Brasil seguirá sua rota de crescimento e de recuperação da atividade

geramos cerca de um milhão de empregos em 2009, em plena crise

econômica. A crise financeira mundial começa a ficar para trás e o PIB

financeira internacional. O crescimento efetivo virá neste ano quando a

brasileiro deverá crescer em torno de 6% em 2010, influenciado pelo

produção industrial deve alcançar 12%, enquanto o PIB brasileiro deve

setor externo e pela demanda doméstica, que terá como destaques

atingir os 6%. Isto porque o cenário externo está menos adverso e o

as expectativas de crescimento de 7% do consumo das famílias. As

consumo doméstico continuará em rota de crescimento, impulsionado

perspectivas são ainda melhores quando falamos de investimentos,

pela oferta cada vez maior de crédito e da massa salarial.

com crescimento esperado de 20%. Além disso, as exportações de produtos industrializados deste ano devem crescer em torno de 21%.

NC - Quais seriam os limitadores para um crescimento mais destacado da economia brasileira e como fazer para superar estas

NC - E o que podemos esperar para os próximos anos?

limitações?

PS: Se olharmos um pouco além de 2010, as novas oportunidades

PS: O Brasil precisa, com urgência, de uma série de reformas estru-

de investimento são ainda maiores. Apostamos no crescimento sus-

turais: trabalhista, política, previdenciária e tributária. É necessário que

tentado da atividade econômica brasileira nos próximos anos e, além

o presidente da República, governadores, senadores e deputados elei-

disso, temos as oportunidades ligadas aos investimentos para a Copa

tos comprometam-se com a realização imediata destas reformas, que

do Mundo, Olimpíadas e a exploração do Pré-Sal.

deverão acontecer no início do próximo mandato, em 2011. Reformas são para início de governo, não para o fim. Além disso, devemos ter

NC - Qual o cenário para o setor cerâmico neste ano?

como foco o investimento em educação e infraestrutura como prioridade. Só assim, depois de fazer o dever de casa, o País se desenvolverá

PS: O cenário para o setor da Indústria de Cerâmica é promissor, com

ainda mais, atraindo novos investidores.

NC

NovaCer

27


DESENVOLVIMENTO

Revista NovaCer | Abril 2010 | Edição 02

R e v i s t a

®

Empresários resistem em abrir os olhos para a importância de investimentos em tecnologia, qualificação profissional e abandonar a produção artesanal. O número de cerâmicas automatizadas está longe de ser o ideal para o mercado promissor que vem pela frente.

A tímida evolução da cer â mercado produtivo A indústria de cerâmica vermelha no Brasil é for-

o saldo está sendo pago hoje pelos ceramistas que

mada por 5,5 mil empresas entre cerâmicas e olarias

precisam investir cada vez mais em tecnologia para

com faturamento de R$ 6 bilhões por ano, segundo

suprir a carência de matéria-prima de qualidade.

a Associação Nacional da Indústria da Cerâmica

“Sem dúvida os equipamentos imprescindíveis às

(Anicer). O setor gera 400 mil empregos diretos e

indústrias cerâmicas são os voltados à preparação

mais de 1,25 milhão de indiretos. A indústria res-

da argila, uma vez que as argilas de qualidade foram

ponde pela fabricação de bilhões de tijolos, blocos,

“queimadas” indiscriminadamente, sem poupan-

telhas, tubos, entre outros materiais que compõem

ça, o que leva atualmente à obrigação de fabricar

mais de 90% das alvenarias e das coberturas cons-

produtos cerâmicos com qualidade usando matéri-

truídas no Brasil.

as-primas de baixa qualidade”, relata Nizzola.

O segmento de cerâmica vermelha tem grande

Nas últimas décadas muitas cerâmicas já

importância no setor cerâmico e papel fundamental

substituíram seus fornos antigos por modelos mais

na construção civil. Segundo a Associação Brasileira

modernos, mas ainda há um longo caminho para

de Cerâmica (ABC) as unidades produtivas são de

as empresas que pretendem se atualizar. Segundo

pequeno e médio porte e utilizam em geral tecnolo-

Nizzola os fornos mais antigos, do tipo “moruno”

gia desenvolvida há mais de 30 anos.

ou reversíveis, de construção barata, ainda são os

Sem dados oficiais, a grande maioria das cerâmi-

mais empregados. Estes fornos têm baixo rendi-

cas ainda tem produção artesanal, baixa qualifica-

mento térmico, mas a vantagem é que aceitam

ção profissional, baixo uso de tecnologia e elevado

combustíveis diversos. Em algumas regiões nota-se

grau de informalidade tanto na produção quanto

a difusão de fornos do tipo “Hoffmann” e em outras

na comercialização da cerâmica. Nas regiões Norte

do tipo “Túnel”, mais modernos e de rendimento tér-

e Nordeste se encontram a maior parte de cerâmi-

mico superior, porém ainda são limitados no em-

cas com estas características. “Mudou algo sim para

prego de combustíveis alternativos.

melhor. A aplicação de equipamentos que foram se

Edgard Más cita os diversos tipos de fornos

adaptando às condições brasileiras e ao modo dife-

desde os mais antigos aos mais atuais da cerâmica

renciado de cada região. Mas, infelizmente, reduziu-

vermelha. São eles: queima ao ar livre, caieiras de

se o número de empresas do setor em 50%”, revela o

aspiração ascendente, paulistinha descendente sem

consultor Luiz D’Elboux Nizzola.

crivo, redondo de chama descendente com crivo,

Uma quantidade de empresas relativamente

Hoffmann, Túnel, Manta com 2 crivos (Rogefran) e o

pequena, porém crescente, utiliza em seus pro-

mais moderno de todos: o forno de rolos para telhas

cessos produtivos tecnologias mais atuais, como

esmaltadas que queimam em minutos.

sistema de carga e descarga semi-automático e fornos túneis. Normas, Programa Setorial da Qualidade,

Arranjos Produtivos Locais e eventos foca-

dos no setor ajudaram, na opinião do consultor e engenheiro, Edgard Más, a mudar grande parte do cenário de décadas atrás. “Tudo isso mudou a cabeça dos donos de olarias”, diz Más. Durante anos de extração de argila sem critérios, normas e preocupação com o meio ambiente, 28

NovaCer

Antigos métodos de estocagem


DESENVOLVIMENTO

r âmica vermelha e seu desafio no

Cerâmica na Alemanha

Novos tempos A automação das empresas já é realidade em

chegar na telha de massa de piso, em prensas de

vários locais do Brasil, fato que pode comprometer

piso e queimadas em fornos de rolos, em produção

o número de cerâmicas. “O grau de automação visto

em série de alta velocidade. Os empresários que

em cerâmicas estruturais ou vermelhas já é bastante

produzem a partir de marombas precisam se adap-

superior ao empregado antigamente no Brasil e,

tar a telhas feitas com processos de alta velocidade”,

certamente, haverá ainda redução no número de

declara.

empresas pequenas em substituição a poucas de

Ao lado dos avanços tecnológicos a preocupa-

alto nível de automação”, avalia o consultor Nizzola.

ção com o meio ambiente é outro fator que guia a

Quando questionado sobre onde o setor

evolução da cerâmica vermelha. Para Más o setor

pode chegar, Más anuncia algumas possibilidades

como um todo deve parar de queimar floresta na-

que deixaram de ser remotas há algum tempo.

tiva com bambu picado e a partir de 2011, deve

“A produção de blocos para prédios pode chegar

parar com o capim elefante. “O tempo para queimar

na produtividade e na automação de países como

floresta nativa está acabando”, estima.

a Alemanha. Já o setor de telhas coloridas pode NovaCer

29


DESENVOLVIMENTO

Os estados brasileiros mais modernos com relação a produção de cerâmica vermelha são São Paulo

tiveram forte investimento nos últimos 10 anos”, informa Nizzola.

e Santa Catarina. A cidade catarinense Morro da Fu-

Quando o tema é bloco, o país mais avan-

maça é considerada por Más como a mais inovadora

çado, na opinião de Más, é a Alemanha. “A indús-

quando o assunto são telhas coloridas. A região

tria cerâmica estrutural ou vermelha no Brasil tem

conta com 295 cerâmicas.

caminhado a passos de tartaruga, embora algumas

Fora do Brasil, o exemplo de superação vem de

instituições mereçam nosso reconhecimento pelo

Portugal. “Nosso “irmão” é um país que obrigatoria-

trabalho que vêm executando na conscientização

mente teve que sair em busca de modernização

dos empresários no sentido de investirem em equi-

para adequar-se às exigências de um novo mercado

pamentos e tecnologia além de especialização de

em formação, o europeu. Hoje, a grande maioria de

mão de obra. Essa morosidade pode levar o setor à

cerâmicas estruturais lá são automatizadas porque

catástrofe”, conclui Nizzola.

Cerâmica na Itália

Palavra de especialistas sobre a necessidade atual do setor Consultor Eng. Edgard Más “É preciso fazer uma análise financeira a partir de dados energéticos com ênfase nas queimas secas, análise financeira das perdas, ensaio de matérias-primas, pisos de concreto, sala de treinamento interna, escolas para operadores e técnicos, escola itinerante APL, administradores, engenheiros, técnicos, produtos inovadores. O setor precisa sair da banalidade e da penúria financeira e acordar para a modernidade industrial”.

Consultor Luiz D’Elboux Nizzola “A necessidade atual do setor é investimento, pura e simplesmente. Certa vez ouvi de um grande empresário que sua cerâmica era melhor negócio que sua boiada, adquirida com os lucros da cerâmica. Então o questionei porque ele não vendia os bois e retornava seu capital para a cerâmica que, naquele momento, estava quebrada. Fiquei sem resposta e ele, sem cerâmica”.

NC

Cerâmica em Portugal

30

NovaCer



GESTÃO

Revista NovaCer | Abril 2010 | Edição 02

R e v i s t a

®

A inter-relação entre consultoria e ensino na cerâmica vermelha da extrusão. 1960 - 2010 Meio século melhorando a qualidade da cerâmica branca e vermelha.

Os métodos industriais de organização da Cerâmica Ve r O passado pré-industrial Estima-se que 80% do setor de cerâmica vermelha é composto por olarias e 20% por indústrias. Todos fabricam tijolos e telhas. As olarias utilizam métodos de trabalho anteriores à revolução industrial de 1800, não controlam as matérias-primas, não têm barreiros legalizados, suas fábricas têm chão de terra, muitas não têm CNPJ, engenheiros, técnicos ceramistas, laboratório, controle de qualidade. Os operários não são profissionais, muitos operários são peões analfabetos. Os fornos são antigos, muitas vezes as queimas são feitas sem termopares, as estufas secam sem termômetros, as queimas são molhadas, lentas e caríssimas, os rendimentos produtivos são baixos, as perdas são elevadas, enfim, as empresas vivem numa penúria financeira, não têm planilhas de controle de qualidade, nem planilhas de custo. Muitas destas olarias podem ser descritas com a frase “Patrão e Peão”, um método de organização industrial que dá lugar a muitas risadas. Existem muitas olarias que não têm mecânico nem eletricista. O patrão nessas olarias primitivas faz as vezes de administrador, engenheiro, geólogo, técnico de cerâmica, capataz, supervisor e até vendedor. O único profissional qualificado que estas antigas olarias atrasadas realmente contratam é o contador.

32

NovaCer

Por Edgard Más


GESTÃO

A passagem da olaria para a indústria Com o apoio do Governo, com o advento das Normas Técnicas, do Programa Setorial da Qualidade, PSQ,

e rmelha

dos Arranjos Produtivos Locais, APLs, a situação das olarias do passado longínquo está começando a mudar. Algumas olarias estão melhorando de uma maneira que empolga e entusiasma. As melhores daquelas antigas olarias hoje são em torno 500 boas empresas industriais. As empresas industriais de hoje, filhas das primitivas olarias pré-industriais, têm fornos túnel, técnicos ceramistas, algumas têm engenheiros e administradores profissionais. Existe uma fase de transição em que os próprios donos são os primeiros administradores e os primeiros engenheiros formados das suas respectivas empresas.

NovaCer

33




36

NovaCer


Os filhos dos oleiros na faculdade Tudo que os oleiros não fazem pela modernização das suas fábricas rudimentares, eles fazem pelos seus filhos. Alguns oleiros têm casas boas, carros novos e mandam seus filhos estudarem nas melhores faculdades. São raros os oleiros que moram em casas com chão de terra como aquele onde trabalham. Os oleiros vivem com uma mentalidade nas suas fábricas e outra nas suas casas modernas com pisos de cerâmica e os filhos na faculdade. Na parte pessoal da vida dos oleiros eles são normais. Na parte fabril eles parecem pertencer a outro mundo perdido nas névoas da memória. Com um contraste tão grande entre a fábrica e a residência, o progresso chega de modo inevitável. “A ficha cai”, digamos assim. O progresso chega. De uma hora para outra eles percebem que está faltando alfabetização entre os peões, que estão faltando administradores, engenheiros e técnicos na fábrica, vendedores externos na rua, pisos de concreto na fábrica e máquinas modernas chumbadas sobre esses pisos, laboratórios no controle do processo e folhetos de vendas. Estava faltando tudo. Mas este atraso inacreditável está mudando precisamente agora.

A descoberta da administração e da engenharia Como diz o Presidente Lula, no Brasil é desesperadora a necessidade de escola para os peões. Não passa de 10 o número de boas Escolas Técnicas de Cerâmica com centenas de alunos formados cada uma. Que seria do Brasil se não fosse o Senai? Entretanto, já imaginou quantas escolas Senai a mais seriam ainda necessárias para realizar o sonho do Presidente Lula? Quantas escolas Senai pelo Brasil afora seriam necessárias para que todos os operários filhos de peões fossem a partir de agora, operadores profissionais formados? O melhor Senai de Cerâmica, (o famoso Mário Amato) está em São Bernardo do Campo. A melhor faculdade de engenheiros em cerâmica voltados para processo produtivo está em Cocal do Sul, no Instituto Maximiliano Gaidzinski, IMG. Esta região é um centro de tecnologia de fecundidade impressionante. Todo o estado de Santa Catarina é um modelo vivo de modernidade pronto para ser adotado pelos outros estados brasileiros. Criciúma e Morro da Fumaça são dois polos em fecunda interação um com o outro. Em nenhum lugar do Brasil se vê uma interação entre cerâmica branca e vermelha como existe em Morro da Fumaça. A Mata Atlântica catarinense entre Florianópolis e Rio do Sul está reflorestada com uma extensão que bem gostaríamos de ver em outros estados. A Mata Atlântica catarinense mais parece um parque. Santa Catarina é modelo vivo a ser seguido em todos os aspectos. Rio do Sul

Canelinha

Florianópolis

Mata Atlântica Catarinense

Cocal do Sul

Criciúma

Morro da Fumaça

NovaCer

37


Treinamento de operários

vêm de longe e ficam mais tempo em contato com o instrutor. Um

O que mais necessita uma olaria é treinamento de operários no

curso na escola de cerâmica demora um ano. Um workshop no APL

chão de fábrica: 1) Operador de barreiros; 2) Controlador de matéria-prima. Liberador de lotes;

demora 2 dias.

Poucos engenheiros ceramistas

3) Operador de extrusão; 4) Mecânico Ajustador de boquilhas;

Enfim, e para completar ainda mais a falta de quadros profissio-

5) Operador de estufas com termômetros e auto-viajantes;

nais, os Engenheiros em Cerâmica com formação prática de pro-

6) Operador de forno, ou seja: foguista condutor de queimas com

cesso industrial, “os que gostam de pôr a mão na massa”, digamos

PC;

assim, são raríssimos. Os técnicos de cerâmica tão bons quanto os da

7) Controlador de produto acabado. Assistência técnica;

Escola Mário Amato são poucos e raros de encontrar pelas longín-

8) Supervisor de fábrica e calculador de custos;

quas olarias do imenso Brasil. O que vamos fazer? Vamos deixar o

9) Técnico em biomassas e energia alternativa.

Brasil acabar? Encontram-se sim, técnicos ceramistas nas verdadeiras indústrias. A própria Escola Mário Amato, a melhor escola técnica de

O treinamento dos operários é feito em um dia por um consul-

cerâmica do país, está localizada nada menos que em São Bernardo

tor itinerante, em uma semana por uma escola de operadores e em

do Campo. Está patentemente longe do centro de gravidade das

um ano em uma escola técnica de cerâmica completa. A mudança

olarias da nossa realidade pré-industrial e longe das indústrias da

de mentalidade começa pelo patrão e se propaga ao peão. Demora

nossa realidade cerâmica industrial emergente.

de um a dois anos a partir do momento de enxergar a necessidade desesperadora de modernizar.

O papel dos consultores na modernização

O treinamento de operários no chão de fábrica é uma modalidade da consultoria. A Análise Financeira junto aos Empresários é outra

Não estranha que aconteçam perdas impressionantes seguindo

modalidade. O trabalho junto às escolas Senai e Cefet é uma ter-

esse modelo arcaico. Quando a conta bancária fica em vermelho “a

ceira modalidade. Trabalhar para biomassa e sustentabilidade é uma

ficha cai”. Não raro os oleiros descobrem que necessitam de con-

quarta modalidade.

sultores e que não podem pagar porque estão com perdas. Muitas das antigas olarias jogam dinheiro fora fazendo queimas molhadas

Colaboração entre escolas, APLs, faculdades e consultores

porque não têm balanças. Estouram tijolos porque admitem queimar molhado. Queimam lento, queimam mal e queimam caro porque ignoram a água como algo que esfria o forno. Ignoram também na

Um APL como o do Norte Goiano é uma escola itinerante, com

mais absoluta ingenuidade o uso de termopares. Um pouco que a

um carro do Governo do Estado para visitar as empresas e preencher

olaria evolui na direção industrial já é suficiente para “sentir” que pre-

as planilhas de controle do produto acabado. A Mário Amato ou Se-

cisa de uma profunda renovação. Para isso estão os consultores.

nai Piauí são entidades onde estão os laboratórios e os estudantes

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NovaCer


GESTÃO

Faltam mecânicos ajustadores de boquilhas

empregos. O Governo sabe disso e os Sebraes sen-

Todas as cerâmicas compram boquilhas para

olarias. Os Peões do Brasil são uma situação que

extrusão. Dentre todas elas pode-se contar nos de-

destoa dessa economia emergente que o mundo

dos as que têm mecânicos ajustadores de boquilhas

admira, a economia do Pró-Álcool e do Pré-Sal. A

formados em verdadeiras escolas. Como diz o Presi-

mesma que voltou da crise internacional mais forte

dente Lula, este é o país onde “a 1ª escola é a vida”.

do que nela entrou, liberando os impostos para a

Não estranha que tantos oleiros quando enfrentam

linha branca... Tem algo aqui que não bate neste

um problema de boquilha pagam a multa do In-

contraste incrível.

tem estranhos remorsos em relação às misteriosas

NC

metro como se fosse um mal necessário. Em vez de ajustar a boquilha, jogam fora com raiva aquilo que os mais modestos não entendem. É marcante a falta de treinamento em mecânica no setor da extrusão comparado com o setor da cerâmica de pisos, azulejos e porcelanato. Não estranha que os oleiros trabalhem com matériasprimas sem liberar lotes. Não passaram pela escola! Não sabem o que é matéria-prima. Entretanto a contribuição destas empresas ao PIB brasileiro mostra

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FEIRAS

Cerâmica vermelha é discutida em encontro no Nordeste Sem muita teoria e muita prática as discussões foram bastante positivas para o setor, na avaliação do presidente. Divulgação de eventos, orientações sobre a utilização do Senai, Sesi e IEL em benefício dos empresários, como legalizar cerâmicas e jazidas, como tirar licença ambiental, esclarecimentos sobre a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) foram alguns assuntos que chamaram a atenção dos participantes. Técnicos da Anicer apresentaram o projeto “Conheça seu produto pela avaliação da conformidade”. O programa, parceria entre Anicer e Sebrae vai prestar assessoria técnica na indústria; treinamentos; gestão da qualidade; eficiência energética e desenvolvimento de produtos. Com duração de três anos, tem como objetivo a implantação de ações de avaliação de conformidade nos produtos A abertura do evento contou com a presença dos presidentes de sindicatos do Nordeste

de cerâmica vermelha visando a qualificação nos Ceramistas de todo o país se reuniram entre

Programas Setoriais da Qualidade. Os recursos e

os dias 25 e 27 de março, na Paraíba, para discutir

custos do programa com os ensaios laboratoriais fi-

o

desenvolvimento da indústria cerâmica ver-

carão divididos em 70% para Anicer e Sebrae e 30%

melha. Entre visitas a empresas, palestras e debates

para empresários. O encontro contou ainda com a

os cerca de 500 participantes saíram satisfeitos do

exposição de 18 fornecedores

evento realizado no Hardman Praia Hotel, em João Pessoa. “O encontro aconteceu conforme o previsto

Xavier convocou a todos que participem em

tes do Brasil”, afirmou o presidente do Sindicer-PB,

agosto do encontro nacional da Anicer, que acon-

Francisco Xavier.

tece em Florianópolis, SC e destacou a união do

Convenção Nordeste de Cerâmica Vermelha.

NovaCer

ram as cerâmicas Salema e Ceramina.

com a participação de empresários de várias par-

Junto com o encontro foi realizada a 5ª

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No último dia do evento os participantes visita-

setor. “Somente com a união e qualificação teremos resultados positivos. O encontro do Nordeste é um

Os participantes foram recepcionados no hotel

exemplo disso. Temos que nos qualificar cada vez

na quinta-feira, dia 25 e na sexta-feira, 26, às 8 horas,

mais, mas temos que estar unidos para que pos-

foi realizada a cerimônia de abertura do evento com

samos nos defender e nos organizar. Tudo isso em

início das mesas-redondas, palestras e integração.

benefício do cliente. O empresário destacou tam-

Durante os debates foram conhecidas as práti-

bém a harmonia que deve haver no setor e ilustrou

cas dos ceramistas, o que possibilitou trocas de

seu sentimento com o exemplo do ceramista José

experiências entre diversas regiões. “Quando nós

Abílio, de Sergipe. “Ele vende para três estados.

ouvimos a história de gente que se deu bem na

Sergipe, Bahia e Alagoas. Isso demonstra que pode

cerâmica, ficamos felizes, porque estas pessoas

haver harmonia entre fabricantes e fornecedores.

realizaram”, destaca Xavier.

Todos podem evoluir juntos”, conclui.


FEIRAS

Ceramistas e fabricantes se aproximaram durante debates de temas pertinentes ao setor

A opinião dos participantes

Raça Máquinas - Élcio Mateus “O evento embora curto contou com a presença de bom público de ceramistas interessados em fazer negócios. O encontro teve um bom aproveitamento em função da união dos ceramistas da região, Bonfante – Luiz Bisacione

em busca de conhecimentos e novas tecnologias, abrindo aos

“Estes encontros são sempre positivos. Eventos como esse dão

fornecedores oportunidades de negócios.

continuidade ao nosso trabalho e concentram um número interes-

Os debates foram muito importantes para o setor. Como sugestão

sante de ceramistas e lideranças do setor. As regiões Norte e Nordeste

para o próximo evento, que será realizado em Salvador-BA, em

estão em expansão, há muita coisa para fazer, muitos investimentos

função da distância e do custo alto, poderia se pensar em mais um

estão sendo feitos. Percebemos que todo o país vive os mesmos pro-

dia de feira destinado aos fornecedores que são parte importante

blemas com fiscalização, concorrência com o mercado paralelo com

do evento em todos os aspectos”.

a entrada de produtos alternativos, por isso temos que nos organizar. Este é o caminho”.

Pneucorte – Radamés M. Caetano “Fiquei surpreso com a grande presença de ceramistas, gostei bastante da resposta dos fabricantes. É a segunda vez que participo do encontro. Eventos como este são importantíssimos para o setor. Foram discutidos assuntos pertinentes e o que me chamou a atenção é que fomos direto aos problemas do dia-a-dia. O encontro foi muito objetivo. Tem que ser assim”. NovaCer

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FEIRAS

Cerâmica Bandeira - Frederico Gondidim C. Albuquerque “O evento foi muito positivo. Quando se reúnem ceramistas sempre se tem novas experiências. Por mais anos que a gente tenha de trabalho sempre aprendemos. Apesar de já conhecer alguns temas debatidos sempre temos algo para conhecer. Foram debatidos importantes assuntos referentes à mineração e a Cefem. Hoje a mineração e as questões ambientais

Equipamentos Natreb- Gelson Bertan “O encontro foi muito bom. Ficamos surpresos com o movimento de clientes e visitantes. A participação dos ceramistas foi muito positiva. Em eventos como este nos aproximamos cada vez mais dos ceramistas. As palestras foram bem proveitosas”.

andam cada vez mais junto”.

Duracer - Jamil Duailibi “A exemplo do encontro do Nordeste na Paraíba, outros encontros regionais deveriam acontecer no Norte, Sul, Sudeste, CentroOeste. Na minha opinião o evento da Anicer, que é nacional, deveria acontecer de dois em dois anos para termos mais novidades. Os

JT Automação - Isaldo Valli “Bastante satisfatório o encontro. Fizemos muitos contatos com clientes. Este é o quarto ano que participo. Já estamos trabalhando em cima dos contatos feitos durante o evento”

eventos regionais têm custo menor e são válidos. Revezar as regiões é interessante para os fornecedores. O evento atendeu as expectativas dos participantes”.

Crisda – Carlos Eduardo Paranhos BB Mendes – Benedito Bezerra Mendes

“O evento foi válido. Observamos que os empresários estão

“O destaque do encontro foram as inovações tecnológicas na

aproveitando o momento da cerâmica porque todos foram dispostos

indústria cerâmica. Senti uma preocupação muito grande de todos

a fazer negócios. Estamos chegando numa fase em que todos terão

os participantes com este assunto. As melhorias nas empresas foram

que se automatizar. Quem não se automatizar vai ficar em situação

bastante discutidas. A questão ambiental também foi muito debatida,

difícil no mercado, principalmente com a mão de obra cada vez mais

principalmente a redução dos combustíveis. Cada um precisa fazer a

difícil”.

sua parte com relação ao meio ambiente”. 44

NovaCer

NC


FEIRAS

Verdés reúne amigos e ceramistas durante encontro em João Pessoa

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ARTIGO TÉCNICO

Influência da Gipsita no s telhas cerâmicas Parte 1 Por Engª Celina Oliveira Monteiro

A indústria de cerâmica vermelha é referência no Estado do Piauí. Constitui o maior polo produtor localiza-

MONTEIRO, C. M. O. L.; NASCIMENTO, R. M.; MARTINELLI, A. E.

do na capital, Teresina, principalmente, de telhas cerâmicas. Uma das principais patologias observadas nesses

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, SENAI, Teresina, PI

eflorescências em telhas cerâmicas, utilizando padrões de produção da indústria local. As matérias-primas foram

Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais PPgCEM Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN

produtos é o surgimento de eflorescências. Este trabalho visa estudar a influência da gipsita no surgimento de

caracterizadas por FRX, DRX, ensaios térmicos e determinação de sais solúveis em sulfatos. Foram confeccionados corpos-de-prova por extrusão, adicionando-se percentuais de 1%, 3% e 5% de gipsita à massa cerâmica, queimados a 850ºC, 950ºC e 1050ºC. Após sinterização, os corpos-de-prova foram submetidos a ensaios tecnológicos e caracterização microestrutural. Os resultados demonstram que o sulfato de cálcio, oriundo da gipsita, provoca o surgimento de eflorescência. A amostra com adição de 1% de gipsita não apresentou eflorescência após queima. Os corpos-de-prova com 5% de gipsita apresentaram eflorescência de secagem.

A indústria de cerâmica vermelha merece destaque no cenário na-

pode se dar no interior da alvenaria, então o fenômeno é chamado de

cional, possuindo em torno de 5,5 mil empresas que faturam, anual-

criptorescência, provocando desagregações mais ou menos pronun-

mente, R$ 6 bilhões, o que representa 4,8% da indústria da construção

ciadas (Figura 2).

civil, a qual, por sua vez, corresponde a 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Do total das indústrias de cerâmica vermelha, cerca de 36% fabricam telhas cerâmicas. Nesse cenário, o Nordeste participa com, aproximadamente, 15% dos fabricantes de telhas cerâmicas. No caso particular do Piauí, o setor de cerâmica vermelha é referência. Seu maior polo produtor está na capital Teresina, com produção média mensal de 18 milhões de peças, principalmente, de telhas cerâmicas. Teresina está no Meio Norte do Estado e faz divisa com o Maranhão, de tal forma que a simples travessia do Rio Parnaíba nos conduz ao município maranhense de Timon. Este também é polo produtor, com fabricação mensal de mais ou menos 14 milhões de peças, sob esta ótica, a presença dos rios Parnaíba e Poty, onde estão grandes jazidas de argila, justifica a existência dos polos produtores, tanto em Teresina,

Figura 1 – Telhas com eflorescência

como no município circunvizinho de Timon. No entanto, ao tempo em que a indústria de cerâmica vermelha, sobretudo, de telhas cerâmicas, constitui referência no Piauí, sua produção enfrenta a presença de eflorescências. Mas esta patologia não consiste problema apenas local. Encontram-se telhados recentes ou antigos com eflorescência, em ambientes salinos, frios e /ou quentes, independentemente da localidade. A durabilidade e o conforto térmico das telhas cerâmicas são indiscutíveis, porém, como esperado, os consumidores desejam que a cobertura de suas residências não apresente patologia e não demande trocas por um tempo indeterminado. Eflorescência é um depósito cristalino de sais solúveis sobre a superfície de telhas, resultante da migração de água desde o interior e sua evaporação na superfície. (Figura 1). Mas a cristalização dos sais 48

NovaCer

Figura 2 - Telhas com criptorescência


ARTIGO TÉCNICO

o surgimento de eflorescência em Os sais solúveis que provocam o surgimento de eflorescências podem estar presentes na matéria-

sença de água e sais solúveis como condicionantes do

problema.

prima, aparecerem durante a secagem ou após a

Os sulfatos de cálcio e de magnésio são os sais

queima. Para Barzaghi, o surgimento da eflorescên-

mais apontados por vários estudiosos Camer-man,

cia depende da existência, ao mesmo tempo, de

Barzaghi, Brownell e Cooling como causadores

substâncias solúveis (sais solúveis), de água e o

de eflorescência, fato decorrente da

transporte (por capilaridade) dessa solução até a

desses sais, conforme Tabela 1.

superfície. Em sua visão, a complexidade do fenômeno se dá exatamente por conta do significativo

solubilidade

Em geral, os sais são pouco nocivos, mas muito aparentes e desfiguram a alvenaria.

número de possibilidades, em se tratando da preTabela 1 - Ação de diversos sais misturados com argilas com tendência a formar eflorescências

Fonte: BROWNELL (1955, apud VERDUCH; SOLANA, 2000).

É possível outros sais causarem o surgimento de

ou introduzidos de diferentes formas e que fazem

eflorescências, como os sais de vanádio (V2(SO4)5).

surgir eflorescências e a consequente “desordem” na

Nesse caso, normalmente, a tonalidade da eflo-

massa cerâmica ainda não está totalmente esclare-

rescência é amarelada, podendo escurecer para

cido.

verde ou preta, devido ao vanádio se tratar de um

Na atualidade, a utilização de hidrofugantes

íon cromóforo. Brady e Coleman, além de Cooling,

vem atuando como medida paliativa, visando inter-

estudaram as eflorescências, ainda na década de

vir no mecanismo de surgimento de eflorescência.

30, século XX. Mesmo assim, o tema continua in-

O hidrofugante reage com o substrato, que pode

quietando pesquisadores e fabricantes de produtos

ser um material cerâmico, eliminando um dos fa-

cerâmicos. Nos anos 50, significativo número de

tores condicionantes do mecanismo do fenômeno:

trabalhos sobre o comportamento da eflorescência

a condição de transporte (capilaridade). A escolha

foi editado, em especial, por parte de alemães, fran-

da adição de gipsita (CaSO4.2H2O) à massa cerâmica

ceses e espanhóis. Os materiais cerâmicos mais es-

em estudo decorre da possibilidade desse mine-

tudados foram os blocos cerâmicos (tijolos). Trans-

ral poder ser amplamente distribuído em rochas

corridos mais de 50 anos da publicação do primeiro

sedimentares, muitas vezes, em camadas espessas,

artigo sobre a formação de eflorescência e crista-

e, que ocorre, frequentemente, interestratificado

lização nas alvenarias, a dificuldade de neutralizar

com calcários e folhelhos. Sua cristalização também

esse fenômeno ainda persiste. Há muitas pesquisas

pode se dar em filões e como corpos lenticulares ou

acerca dos sais eflorescentes mais prejudiciais às

cristais disseminados em argilas e folhelhos.

alvenarias, inclusive, em outros materiais utilizados

Esse trabalho objetiva avaliar a influência da

na construção civil, como brita e areia. No entanto,

gipsita no surgimento de eflorescência em telhas

o percentual de sais solúveis nas matérias-primas

cerâmicas. NovaCer

49


ARTIGO TÉCNICO

MATERIAIS E MÉTODOS

peraturas de 850oC, 950oC e 1050oC, a uma taxa de

Foram utilizados no estudo três tipos de argila,

2oC por minuto e patamar de 30 minutos, com at-

coletadas no pátio de uma fábrica de Teresina e ex-

mosfera oxidante. Os resultados obtidos dos ensaios

traídas de jazidas da várzea do rio Parnaíba. As ar-

tecnológicos de absorção de água e tensão de rup-

gilas já estavam expostas ao ar livre há mais de um

tura à flexão foram realizados segundo as Normas

ano. A caracterização química das argilas foi feita

da ABNT NBR 6220 e 6113.

com espectrômetro por fluorescência de raios-X

A caracterização microestrutural foi realizada no

- EDX-700 da Shimadzu e a caracterização minera-

MEV da Shimadzu. As amostras foram lixadas, poli-

lógica, por DRX, no equipamento XRD-6000 da Shi-

das com pasta de diamante e atacadas em solução

madzu. Os termogramas (DTA, TGA e AD) foram rea-

aquosa de 2% de ácido fluorídrico e depois de secas

lizados no equipamento da BP Engenharia RB-3000,

metalizadas com ouro. A superfície de fratura dos

0

com taxa de aquecimento de 12,5 C/ min. Os sais 2-

corpos-de-prova foi analisada empregando-se mi-

solúveis em sulfatos (SO4 ) foram determinados por

croanálise por espectroscopia de energia dispersiva

gravimetria, segundo a ABNT NBR 9917.

(EDS), no sentido de analisar a composição química

Para confecção dos corpos-de-prova as argilas

elementar pontual das amostras e se obter imagens

foram desagregadas em moinho de martelo e 100%

topográficas e morfológicas da superfície de fratura.

dos grãos passaram na peneira no 8 da ABNT, cuja abertura é de 2,38mm. A amostra de gipsita utiliza-

RESULTADOS E DISCUSSÃO

da foi moída, em almofariz, até que 100% dos grãos

A gipsita utilizada apresenta as característi-

passassem pela peneira nº 50 da ABNT (abertura de

cas da formação “cocadinha”, objeto de estudo de

0,30mm). A granulometria adotada das argilas e da

Cunha Filho et al sobre o polo gesseiro de Araripina,

gipsita está compatível com o processo produtivo

município do sertão pernambucano. A Tabela 2

das empresas que possuem apenas desintegrado-

mostra os resultados da análise química via FRX das

res e laminadores na linha de fabricação. Os corpos-

argilas A2, A3 e A5. A detecção de enxofre (em SO3)

de-prova foram confeccionados por extrusão, com

nas argilas para uso na indústria de cerâmica verme-

vácuo de 25 pol/Hg, medindo, aproximadamente,

lha não é usual, existindo indícios de contaminantes

150mm x 25mm x 15mm, respectivamente, com-

como sulfatos nas matérias-primas. Na Tabela 3 são

primento, largura e espessura. A umidade média de

apresentados os resultados das análises químicas

extrusão chegou a 18,4%.

via FRX das amostras e de uma telha cerâmica quei-

A formulação da massa cerâmica padrão (P) foi

mada em uma cerâmica local. A formulação da mas-

de 25% da argila “A2”; 25% da argila “A3” e 50% da

sa cerâmica dessa telha foi a mesma adotada para

argila “A5”. Foram adicionados percentuais de 1%,

confecção dos corpos-de-prova da amostra padrão

3% e 5% de gipsita à massa cerâmica padrão. A

“P”. Ressalta-se que as amostras TQ e TQA são partes

secagem dos corpos-de-prova foi realizada por 12h

de uma mesma telha, ou seja, a massa cerâmica, as

o

à temperatura ambiente e 24h em estufa a 110 C.

condições de queima e o ambiente de exposição

A queima foi realizada em mufla elétrica, nas tem-

foram os mesmos (conforme Figura 4).

Tabela 2 – Análise química por FRX das amostras in natura. 50

NovaCer

Legenda: A2 Argila 2 A3 Argila 3 A5 Argila 5


ARTIGO TÉCNICO

Tabela 3 – Análise química por FRX de telha cerâmica.

Legenda: TQ - Telha Queimada / TQA - Telha Queimada c/ eflorescência

Figura 4 – Telha com eflorescência, Piauí

O grande teor de CaO e SO3 observados na região da TQA, comparado com a região da TQ (Tabela 3), demonstra que a eflorescência ocorre pela elevada concentração desses sais. O mecanismo de surgimento da eflorescência está relacionado com a solubilidade dos sais em água. Os sais estando heterogeneamente distribuídos na telha e com a presença da água, ocorre a dissolução desses sais e, com o transporte, por capilaridade, concentram-se na superfície, gerando a eflorescência mais acentuada em alguns pontos da telha. Portanto, os sais sofreram processo de lixiviação. Tabela 4 – Determinação de sais solúveis em sulfatos (SO42-)

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ARTIGO TÉCNICO

REFERÊNCIAS

A Tabela 4 apresenta os resultados da determinação

são relevantes no surgimento de eflorescências, re-

1. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE CERÂMICA. Dados do setor. Disponível

2-

em<http://www.anicer.com.br›. Acesso em: 27 mar. 2009. 2. SINDICATO DA INDÚSTRIA CERÂMICA PARA CONSTRUÇÃO DO PIAUÍ.

de sais solúveis em sulfatos (SO4 ). As amostras das

forçando a ideia de que as argilas podem estar con-

argilas A2 e A5 possuem um teor inferior a 0,001%

taminadas com gipsita (CaSO42H2O) disseminada

de sulfatos, estando abaixo do nível de detecção por

como corpos lenticulares ou cristais interestratifica-

gravimetria (técnica utilizada no ensaio). Porém, a

dos com calcário e argilas.

amostra da telha com eflorescência TQA apresentou

Os difratogramas das argilas utilizadas na com-

um teor de 1.300% acima do resultado encontrado

posição da massa cerâmica padrão (amostra P)

para a amostra A3 devido ao processo de lixiviação

estão apresentados na Figura 5. Do ponto de vista

dos sais solúveis.

mineralógico, as argilas confirmam a predominância

Com os resultados da Tabelas 2, 3 e 4, pode-se inferir

dos argilominerais do tipo ilita e caulinita, usuais nas

que os óxidos de cálcio e de enxofre, combinados,

argilas utilizadas na indústria de cerâmica vermelha.

Dados das cerâmicas do Piauí. Teresina, 2008. (Digitado). 3. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15310: componentes cerâmicos-telhas-terminologia, requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro, fev. 2009.(Emenda 1). 4. CAMERMAN, C. Efflorescences et cristallisations dans les maçonneries. In: CONGRESSO TÉCNICO DA INDÚSTRIA CERÂMICA, 1948, Paris. Anais... Paris: Maison de la Chimie, 3 e 4 jun. 1948. 5. FORTES, H. R. T. C.; MONTEIRO, C. M. de O. L.; OLIVEIRA, A. A. Estudo sobre o fenômeno da eflorescência destrutiva em telhas cerâmicas não esmaltadas. In: 34o CONGRESSO BRASILEIRO DE CERÂMICA, Águas de Lindóia, 1995. Anais... Águas de Lindóia: ABC, 1995. 6. BARZAGHI, L. Eflorescência em ladrilhos esmaltados. Cerâmica, São Paulo, v. 29, n. 164, ago.1983. 7. BROWNELL, W. E. Scum and its development on structural clay products. Chicago, Illinois: Structural Clay Products Research Foundation, July 1955. (Research Report, 4).

Figura 5 – Difratogramas de raios X das amostras de argilas utilizadas

8. COOLING, I. F. Contribution to the study of fluorescence. II. The evaporation of water from brick. Trans. of the Cer. Soc., v. 29, fév. 1930. 9. VERDUCH, A. G.; SOLANA, V. S. Formação de eflorescências na superfície dos tijolos. Cerâmica industrial, São Paulo, v. 5, n. 5, p. 38-46, out. 2000. 10. ASOCIACIÓN NACIONAL DE FABRICANTES DE LADRILLO Y DERIVADOS DE LA ARCILLA. Manual técnico de patologías en productos de arcilla. Bogotá, 2007. 11. BRADY, L. F.; COLEMAN, E. H. Contribution to the study of fluorescence. III / IV. The effect of firing condition upon the soluble salt content of clayware. Trans. of the Cer. Soc, v. 30, mai 1931 ; v. 31, fév. 1932. 12. MENEZES, R. R. et al. Sais solúveis e eflorescência em blocos cerâmicos e outros materiais de construção-revisão. Cerâmica, São Paulo, v. 52, p. 37-49, 2006. 13. DANA, J. D. Manual de mineralogia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1976. v. 2. 14. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT).NBR 9917: agregados para concreto – Determinação de sais, cloretos e sulfatos solúveis. Rio de Janeiro, mar. 2009. 15. _________. NBR 6220: materiais refratários densos conformados – Determinação da densidade de massa aparente, porosidade aparente, absorção e densidade aparente da parte sólida. Rio de Janeiro, maio 1997. 16. _________. NBR 6113: Materiais refratários densos conformados – Determinação da resistência à flexão à temperatura ambiente. Rio de Janeiro, jul.1997. 17. CUNHA FILHO, P. L. da et al. Caracterização estrutural e microestrutural do gesso produzido pelo pólo gesseiro de Araripina. Cerâmica Industrial, p. 31-38, maio / jun. 2008.

Foram realizados ensaios tecnológicos da

cutidos apenas os resultados tecnológicos mais

amostra padrão e das formulações, tais como retra-

relevantes na avaliação da influência da gipsita no

ção linear após secagem e queima, absorção de

surgimento de eflorescência. Todos os resultados

água, tensão de ruptura à flexão após secagem e

dos ensaios tecnológicos foram resultantes da mé-

queima, porosidade aparente e massa específica

dia aritmética dos valores de cinco corpos-de-prova.

aparente. Nesse trabalho são apresentados e disFigura 6 – Absorção de água e TRF da massa cerâmica padrão e das formulações.

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ARTIGO TÉCNICO

Os resultados apresentados na Figura 6 demonstram que o índice corpos-de-prova, em kgf/cm2, são considerados satisfatórios para uso de absorção de água dos corpos-de-prova diminui com o aumento da na indústria de cerâmica vermelha, inclusive todos os CP apresentaram temperatura de queima, conforme previsão, havendo um decréscimo som vítreo na referida temperatura, porém a amostra P5G apresenta da porosidade aparente. Porém, a amostra P5G não acompanhou a valores da TRF abaixo das demais formulações. mesma proporção de decréscimo dessa característica cerâmica. Para a

Os termogramas apresentados na Figura 7 mostram picos endo-

amostra P5G o maior desvio padrão foi de 3,94 para a TRF após queima térmicos de pequena intensidade em torno de 200oC, devido à saída a 950oC. A amostra P3G apresentou um desvio padrão de 7,18 para a TRF de água adsorvida e também à presença do argilomineral montmoapós queima a 1050oC. As demais amostras nas outras temperaturas os rilonita; picos endotérmicos de média a grande intensidade em torno desvios padrão não ultrapassaram 5,7. ABNT NBR 15310:2009 fixa em de 600oC referente à desidroxilação dos argilominerais e/ou hidróxi20% o valor máximo permitido para a absorção de água de qualquer dos presentes e transformação alotrópica do quartzo α em quartzo ß tipo de telha cerâmica. De acordo com os resultados encontrados to- (573oC). Os picos exotérmicos em torno de 900oC sinalizam a formação das as formulações atendem à referida norma. Para a carga de ruptura de espinélio. Pode-se dizer que existem os argilominerias caulinita, à flexão, a ABNT NBR 15310:2009, fixa em duas faixas: 100kgf para tel- ilita e montmorilonita em camadas mistas, sendo confirmado com os has simples de sobreposição; 130kgf, para telhas tipo compostas de difratogramas de raios X das amostras de argilas utilizadas (Figura 5). encaixe. Os valores encontrados da TRF após queima a 950oC para os

Figura 7 - Termogramas (DTA) da massa cerâmica padrão e das formulações.

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ARTIGO TÉCNICO

As curvas dilatométricas da massa cerâmica padrão e com adição de gipsita também são similares (Figura 8), devendo-se destacar que a amostra P5G (padrão com adição de 5% de gipsita) está um pouco deslocada com relação às demais curvas, indicando que a gipsita pode influenciar no processo de sinterização das peças cerâmicas. Verifica-se que da temperatura ambiente até cerca de 6000C ocorreu uma expansão volumétrica causada pela dilatação térmica dos argilominerais presentes nos corpos-de-prova. A transformação do quartzo α em quartzo ß pode ser observada na dilatometria em torno de 6000C. Desta temperatura até cerca de 9000Cnão foi possível observar dilatação ou retração, significando que o efeito de dilatação térmica foi compensado pela retração devido ao início do processo de sinterização. A partir de 9000C com o aumento

Figura 8 – Curvas dilatométricas da massa cerâmica padrão e das formulações.

significativo da difusão volumétrica, tem-se uma acentuada retração, com possível formação de fase líquida em torno de 10000C.

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ARTIGO TÉCNICO

Para confirmar a afirmação de que a composição química da eflorescência em estudo deve conter

das amostras e de se obter imagens topográficas e morfológicas da superfície de fratura.

cálcio e enxofre, também foram realizadas micro-

As análises por EDS no ponto “A” e no ponto “C”

grafias por MEV de um CP da amostra P5G (Figura 9)

da amostra P5G (Figura 9) detectaram a presença de

e da superfície de uma telha (Figura 10), ambos com

cálcio e enxofre, reforçando a ideia que fenômeno

eflorescência, e realizada microanálise por espec-

em estudo possui cálcio e enxofre na sua com-

troscopia de energia dispersiva (EDS), no sentido de

posição química.

analisar a composição química elementar pontual Figura 9 – Micrografia por MEV da superfície polida da amostra P5G sinterizada a 950oC. Aumento de 270x (a) e 100x (b).

A análise química por EDS do ponto “A” detectou

A análise por EDS do ponto A da superfície de

44,6% de SO3 e 35,1% de CaO. No ponto “C” determi-

uma telha com eflorescência (Figura 10) detectou

nou 32,6% de SO3 e 32,2% de CaO.

50,3% de SO3 e 30,0% de CaO.

Figura 10 – Micrografia por MEV da superfície de fratura de uma

Figura 11 – Corpos-de-prova sinterizados a 950oC. Da esquerda para

telha com eflorescência.

direita: padrão, padrão + 1% de gipsita, padrão + 3% de gipsita e padrão + 5% de gipsita

A Figura 11 mostra os corpos-de-prova (CP) após queima a 950oC. A cor de todos os CP é vermelha, portanto a adição de gipsita não altera a cor (tonalidade). Conclusões A amostra padrão utilizada satisfez aos ensaios preliminares visando ao uso para cerâmica estrutural vermelha, além de não apresentar eflorescência, nem de secagem nem após a queima em nenhuma das temperaturas testadas. O sulfato de cálcio (CaSO4), oriundo da gipsita, provoca o surgimento de eflorescência. A amostra com adição de 1% de gipsita (P1G) não apresentou eflorescência após sinterização a 850°C, 950°C e 1050°C. A adição de gipsita até 3% não afeta negativamente os resultados tecnológicos de absorção de água e resistência mecânica. Os corpos-de-prova com adição de 5% de gipsita (P5G) apresentaram eflorescência de secagem, a qual, após queima, se consolidou numa das faces. NovaCer

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ECONOMIA E NEGÓCIOS

PAC 2 terá investimentos de R$ 137,2 bilhões na construção

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Lançado em 29 de março pelo Governo Federal,

dentro do PAC 2, o programa habitacional responde

o PAC 2 contará com investimentos de R$ 137,2 bi-

por 51% do total de postos de trabalho e por apenas

lhões por ano para a construção civil, entre 2011 e

29% do total de investimentos entre 2011 e 2014.

2014, de acordo com estudo elaborado pela Funda-

O aumento de renda anual esperado é de R$

ção Getúlio Vargas (FGV) a pedido da Associação

124 bilhões, R$ 63 bilhões deles resultantes do pro-

Brasileira da Indústria de Materiais de Construção

grama habitacional. O faturamento da indústria de

(Abramat).O valor inclui investimentos em habita-

materiais de construção deverá registrar um salto

ção, saneamento, infraestrutura e construção de es-

de 8,5% ao ano, de R$ 96 bilhões em 2009 para R$

tradas. Do montante a ser investido a cada ano, R$

188 bilhões em 2016. A alta é resultado das obras

69,5 bilhões serão provenientes da segunda etapa

do primeiro Minha Casa, Minha Vida, da segunda

do programa Minha Casa, Minha Vida, que prevê a

etapa do programa, do PAC 2, da Copa de 2014 e da

contratação de 2 milhões de moradias até 2014.

Olimpíada de 2016.

Serão gerados 2,8 milhões de empregos por ano,

O estudo aponta ainda que outros pontos pre-

sendo 1,4 milhão decorrente da segunda fase do

cisam avançar, como a liberação de licenças e a

Minha Casa, Minha Vida, dos quais 984 mil somente

reforma tributária, assim como a manutenção das

no setor de construção civil. De acordo com a FGV,

atuais alíquotas do Imposto sobre Produtos Indus-


trializados (IPI) de materiais de construção. “A continuidade da desoneração do IPI para materiais é um ingrediente fundamental da atual

sibilitando que a indústria de materiais não tivesse uma queda ainda mais forte em sua demanda”, acrescenta o estudo da FGV no levantamento.

NC

fórmula do crescimento baseado na construção civil. Um aumento de tributação nesse contexto significaria a oneração dos investimentos, com efeitos negativos na economia”, disse, em nota, o presidente da Abramat, Melvyn Fox. Conforme a pesquisa da FGV, se houver ampliação em 24 meses das atuais alíquotas, a partir de 1º de julho, haveria aumento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 1,34%, a inflação seria reduzida em 0,04%. O déficit habitacional cairia 0,41%, o

“Segunda etapa do programa Minha Casa, Minha Vida, prevê a construção de 2 milhões de moradias até 2014”

emprego cresceria 1,27% e a arrecadação 1,3%. “Em 2009, as desonerações tiveram um papel decisivo na política anticíclica colocada em prática no país, posNovaCer

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