Edição 75º de julho2016

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Entrevista com o presidente da Acervir, Sandro Roberto da Silveira

Ano 6 ● Julho/2016 ● Edição 75

www.novacer.com.br

Reagindo à Crise Enxergar as oportunidades é uma forma de superar este momento

Marta Herford: arquitetura em tijolos na Alemanha

Livro sobre o setor deve ser lançado em Encontro Nacional

Construsul ocorre em agosto no Rio Grande do Sul


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SUMÁRIO

EDITORIAL 12: Carta ao Ceramista

ECONOMIA E NEGÓCIOS

ARQUITETURA CERÂMICA DESENVOLVIMENTO

13: Reagir à crise poder ser a saída de muitos empresários.

19: Marta Herford: Arquitetura em tijolos na Alemãnha

20: Livro sobre o setor deve ser lançado em encontro nacional

Diretor Geraldo Salvador Junior

revista@novacer.com.br Av. Centenário, 3773, Sala 804, Cep: 88801-000 - Criciúma - SC Centro Executivo Iceberg Fone/Fax: +55 (48) 3045-7865 +55 (48) 3045-7869

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Diagramação & Arte Jefferson Barbosa

Comercial Moara Espindola Salvador

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Administrativo Financeiro Felipe Souza

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Jornalista Responsável Geraldo S. Júnior - SC04239JP

22: Construsul ocorre em agosto

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Impressão Gráfica Coan Tiragem 3500 exemplares

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FEIRAS

NovaCer • Ano 7 • Julho • Edição 75

Não nos responsabilizamos pelos artigos assinados


ENTREVISTA

TECNOLOGIA

24: Unidos pelo setor

28: Cerâmica de SP economiza após investir em automação

SUMÁRIO

Julho 2016 ARTIGO TÉCNICO 30: Efeito da adição de cascalho sintético em massa de cerâmica vermelha

Fale com a NovaCer www.novacer.com.br @revistanovacer RevistaNovaCer RevistaNovaCer @revistanovacer

Comentários, sugestões de pauta, críticas ou dúvidas podem ser encaminhadas para os e-mails redacao@novacer.com.br ou direcao@novacer.com.br Na internet Todas as edições podem ser visualizadas no site www.novacer.com.br Anuncie na NovaCer Divulgue sua marca. Atendimento pelo e-mail comercial@novacer.com.br Assinaturas: +55 48 3045.7865

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EDITORIAL

Carta ao Ceramista Por que a crise está fechando muitas cerâmicas? O que se perde e o que se ganha com isso? Empresas estão investindo em maquinários e demitindo pessoas? Essas e outras perguntas são respondidas na reportagem de capa da edição deste mês. Segundo especialistas, o momento é de retração. Porém, é necessário reagir. “A tendência natural de muitos empresários, em época de crise, é reduzir custos para manter-se onde está e esperar a crise passar. Mas, a crise, muitas vezes, pode se tornar uma oportunidade”. Conheça nesta edição o livro Notas e Apontamentos de um Ceramista. O autor é o engenheiro cerâmico e do Vidro Vitor Salvado Frutuoso da Costa. A obra tem 186 páginas e terá tiragem inicial de 3 mil exemplares. Segundo Costa, o objetivo do livro é servir como ferramenta para dar ideias e lançar opiniões sobre os tipos de problemas que surgem na fabricação do tijolo, telha e outros aspectos de argila vermelha.

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Nesta edição, a revista ainda traz uma entrevista especial com o presidente da Associação das Cerâmicas Vermelhas Itú e Região (Acervir), Sandro Roberto da Silveira. Ele fala nesta entrevista sobre o histórico da associação, sobre o objetivo da entidade, sobre as ações e sobre os benefícios em se associar, entre outros assuntos. Efeito da adição de cascalho sintético em massas de cerâmica vermelha foi o artigo técnico publicado nesta edição. O trabalho foi apresentado no 59º Congresso Brasileiro de Cerâmica, de 17 a 20 de maio de 2015, Aracaju, Sergipe. Aproveite a leitura!

A Direção


ECONOMIA E NEGÓCIOS

Fotos ilustrativas

Reagir à crise pode ser a saída de muitos empresários Sabe-se que, historicamente, a Economia Mundial apresenta movimentos cíclicos de retração e crescimento. A afirmação é da especialista em Negócios e diretora executiva da Anima Consultoria Empresarial, Ana Alves. “Estamos no momento de retração, o que, para muitos empresários, significa fechamento da empresa. Portanto, muitas cerâmicas no Brasil fecham de fato. Porém, eu diria que não é a crise que fecha uma empresa, mas sim a persistência de muitos empresários em não fazer a gestão responsável de sua empresa”, disse ela. Conforme Ana, gestão responsável é a administração diária das finanças da empresa, o planejamento financeiro para o futuro, orquestrando todas as variáveis que afetam o sucesso da empresa: produção, vendas e finanças. “Esta gestão deve ocorrer sempre,

mas é na época da crise que se percebe sua ausência nas empresas”, complementou. De acordo com o sócio e diretor técnico da Edias Consultoria, Emerson Dias, basta uma pesquisa rápida na internet ou realizar estudos básicos para se deparar com números como: terceiro ano de queda do PIB, aumento dos índices de inflação, indicação de que o brasileiro terminará 2016 cerca de 10% mais pobre comparado a 2014, queda de 13,8% da produção industrial (comparando janeiro/2016 a janeiro/2015) e a indústria da construção civil recuou no último ano 7,1% (dados da CBIC). “Assim, diante deste cenário de retração, o setor da indústria cerâmica vem acumulando perdas significativas em todo o Brasil. Acredito que nossa capacidade instalada trabalha com 60%

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ECONOMIA E NEGÓCIOS

de sua capacidade nominal, o que confirma os dados citados anteriormente”, relatou Ainda segundo Dias fatores contribuem para que uma empresa venha a fechar as portas. Dentre eles estão a falta de capital de giro, baixos lucros, alto grau de endividamento e, principalmente, o baixo nível de gestão empresarial. “Posso ainda citar a baixa competitividade provocada pelo desrespeito a máxima produtividade, altos custos e despesas e até mesmo a falta de experiência dos sócios. O ano de 2015 foi e o de 2016 tem sido um dos piores anos para a indústria cerâmica. A forte crise política associada a leniência do governo em implementar suas medidas de ajustes fiscais produziram uma crise econômica que nos afetará por muitos anos. Nessa mistura toda de acontecimentos e ações equivocadas, encontra-se uma indústria defasada em processos e gestão que não consegue “passar” (pois a palavra Crise em Grego, quer dizer peneira...por isso, passamos por uma crise) e fica no meio do caminho”, relatou. Diante disso, a palavra correta a se usar neste cenário econômico brasileiro é: reação. “A tendência natural de muitos empresários, em época de crise, é reduzir custos para manter-se onde está e esperar a crise passar. Mas, a crise, muitas vezes, pode

se tornar uma oportunidade. Oportunidade de revisão de processos e procedimentos, oportunidade de inovações nas políticas de vendas da empresa, oportunidade de crescimento. Minha orientação, neste sentido é: não se esconda da crise. Reúna sua equipe e analise seus pontos fortes e fracos, estimule novas ideias, seja proativo, melhore o controle financeiro da sua empresa. E você superará este momento com sucesso”, aconselhou Ana. Outra dica, conforme Dias, é o desenvolvimento de um plano de negócios de curto e médio prazo. É necessário que este plano leve em consideração como a cerâmica irá se desenvolver. “Este planejamento deve levar em conta um fluxo de caixa das operações, análise de rentabilidade e, principalmente, um plano de ação que deve ser executado com o máximo de disciplina. Aumentar controle de resultados, fazer planejamento financeiro, reduzir riscos, separar conta pessoal de jurídica, reduzir obstinadamente custos e despesas, manter caixa de segurança, reduzir capital de giro aplicado a estoques e criar parcerias com fornecedores são outras dicas que dou, pois é sabido: ‘Cerâmicas que planejam e que são bem controladas e estáveis financeiramente têm, geralmente, maior chance de sucesso’”, orientou Dias.

Todos perdem com uma indústria que fecha as portas Segundo a especialista em Negócios, Ana Alves, existem dois motivos que levam uma indústria do setor cerâmico a fechar as suas portas: “decisão consciente, sabendo exatamente os reflexos financeiros da crise em sua empresa (minoria dos casos) ou decidiram fechar sem nem mesmo saberem se teriam condições de superar a crise (maioria dos casos)”. Com isso, o setor perde, em alguns casos, sua participação em um

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mercado já tão concorrido, por ter menos empresas competentes, e reduz a geração de empregos diretos e indiretos. “Perdemos todos: o funcionário perde seu posto de trabalho, o empresário perde sua capacidade sonhar e realizar, o município perde receita como no mais profundo sentido de captação e o setor cerâmico perde participação. Pois é um erro crer que, com o fechamento de uma cerâmica, outra


Crise x modernização Para o diretor da Edias Consultoria, Emerson Dias, não há uma relação direta entre crise x modernização, pois esta crise está muito mais em decorrência de erros de governos do que propriamente falta ou existência de modernização. “A modernização tem atuação direta sobre a nossa produtividade (que hoje é baixa), pois é sabido que a aceleração e a rápida disseminação dos avanços tecnológicos tem colaborado para uma commoditização generalizada. No passado, uma empresa que lançava um novo produto desfrutava de uma vantagem competitiva significativa em relação aos concorrentes por mais tempo. Hoje, na maioria das vezes, concorrentes conseguem lançar produtos similares ou melhores em prazos cada vez mais curtos”. Para Dias, inovar sempre é preciso. Hoje, ainda mais. “De 2004 a 2010, a economia brasileira expandiu-se a um ritmo médio de 5% a.a. incorporando mão de obra ao mercado de trabalho e usando mais infraestrutura existente. De lá pra cá tais recursos se esgotaram e não adianta mais colocar mais gente, pois o desafio agora e produzir mais sem mais gente. Resumindo, está cada dia mais difícil manter diferenciais em relação à concorrência, mas, sem estes diferenciais, as cerâmicas instaladas no Brasil estão condenadas a crescer menos”, comentou. Já para a especialista em Negócios, Ana Alves, o que existe é uma forte relação entre a

crise e a falta de Planejamento de Investimentos, e, como consequência, falta de modernização. “Importante ressaltar que a modernização não é saída para todos, mas é essencial no aumento da produtividade. Para conhecer melhor sua situação, o empresário deve executar o que chamamos de Análise de Viabilidade de Investimento, que nada mais é do que o empresário saber se deve ou não investir em sua empresa. Esta análise trará respostas a muitas dúvidas diárias dos empresários ceramistas”, disse.

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ECONOMIA E NEGÓCIOS

ampliará sua participação de mercado, pois o que vemos na realidade é a ocorrência de um fator contrário, onde outros produtos vem a cada dia assumindo o papel que antes era da indústria cerâmica”, ressaltou Emerson Dias. Para Ana, o setor pode até ganhar, mas é preciso que consiga renascer em um cenário de crise, com competitividade e maior produtividade.

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ECONOMIA E NEGÓCIOS 16

Como driblar a crise e superar as vendas Ser um bom gestor exige bastante fôlego do empresário, conforme Ana Alves. Ainda segundo ela, o ceramista precisa equilibrar todos os setores essenciais da empresa. Caso a produção esteja bem consistente, com continuidade e poucos gargalos, é hora de atuar com força nas vendas. “O setor cerâmico, antes do aumento da concorrência, não precisava se preocupar em ter uma equipe de vendas, pois seis clientes eram fiéis e eles mesmos buscavam o produto, ligando para a cerâmica. Digo aos meus clientes que antes eles não vendiam, só atendiam ao telefone. A crise e a concorrência de hoje exige uma dedicação maior do setor de vendas. Tenho implantado em meus clientes métodos capazes de monitorar as vendas e conseguir identificar a atua-

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ção dos vendedores de forma bastante detalhada. Criamos um sistema de controle de ligações, desenvolvemos programas de fidelização. Estas são ações estratégicas capazes de garantir a continuidade da empresa e fidelização dos clientes”, alertou a especialista em Negócios. Entre as dicas do diretor da Edias Consultoria, Emerson Dias, estão: “Inove – busque novidades que agreguem valor ao negócio, acompanhe tendências, escute seus clientes; Conheça seu produto – conhecer o que você produz e vende traz credibilidade à sua empresa e segurança ao seu cliente; publicidade – todos nós já ouvimos que a propaganda é a alma do negócio...As redes sociais estão aí para comprovar isso; Foco e determinação – o segredo é planejamento e dedicação; Reduza custos - verifique, diagnostique onde se possa reduzir despesas; Aumente a produtividade – produtividade não precisa estar alinhada com o aumento da produção, mas sim com a eficiência no processo de trabalho; e Foque em atender o cliente – um bom atendimento fideliza o cliente e atrai novos, sua equipe deve ter empatia com o que vendem”, orientou O setor cerâmico, especificamente, tem sofrido de forma generalizada com este momento econômico de fragilidade no Brasil, de acordo com Ana. “Muitas empresas decidiram por encerrar suas atividades e, as que permanecem, demonstram grande insegurança quanto ao futuro do setor. Vemos empresários que mantêm sua atividade básica e outros poucos que decidem investir em novas tecnologias. O fato é que não há crise que dure para sempre e, os que continuarem suas atividades de forma controlada e equilibrada, poderão se beneficiar no futuro próspero. O ideal, portanto, é controlar as finanças de sua empresa em detalhes e diariamente e então tomar as decisões corretas no momento correto”, afirmou.


O ideograma chinês de crise é o mesmo ideograma de oportunidade. “Daí sempre nos referirmos que a crise, vista de determinado ângulo, pode ser uma oportunidade real de mudança e crescimento. A crise exige a revisão de muitas práticas adotadas sem muito questionamento. É o momento de revisar todos os processos de sua empresa. É o momento de se reinventar, seja com mudanças internas na produção ou mudanças externas nas vendas”, disse Ana. Ainda conforme ela, o mercado do setor cerâmico, nas últimas décadas, sofre grandes mudanças e exige que o empresário acompanhe tais mudanças para conquistar novas fatias de mercado. “O primeiro passo, portanto, é planejar com detalhes o que pretende mudar na empresa, vendo se é viável ou não. Plano de Negócios é o método para isso”, acrescentou. “A crise é o momento ideal para realizar o

planejamento estratégico da empresa, pois, de posse desse, podemos identificar oportunidades de negócios e agindo nisso neste período, tão logo saiamos dessa crise, a empresa conseguirá estar à frente das demais”, complementou Emerson Dias. “Cito aqui um exemplo de uma empresa que estamos realizando consultoria, após a realização do planejamento estratégico ao final de 2015 e já em meio ao período de crise, optamos pela busca da certificação ISO9001:2015 para que a empresa pudesse melhorar seus níveis de gestão e devido à empresa possuir o PSQ, definimos o lançamento de dois produtos, sendo o primeiro para o segundo semestre/2016 e segundo para segundo semestre/2017 (este, totalmente inovador). Acreditando que este período assim como a vida é feita de ciclo, logo teremos um novo panorama econômico capaz de estarmos à frente dos principais concorrentes”, contou Dias.

ECONOMIA E NEGÓCIOS

Oportunidade de se reinventar

Investimentos em tempos de crise Quando se fala em investir em tempos de crise, muitos empresários levam um grande susto. Mas sim, investimento devidamente analisado pode ser uma saída para efetiva redução dos custos de produção, conforme a especialista em Negócios, Ana Alves. “Vejo muitos ceramistas que nem mesmo conhecem o custo mensal de fabricação do seu produto e, portanto, não conseguem medir, de fato o que contribui para a formação do preço e onde deve ser feita a intervenção para redução do custo. De modo geral, a ideia de investir em máquinas que substituam mão de obra é válida desde a Revolução Industrial. Porém, nem sempre a relação é tão simples e direta. Para ter certeza do caminho certo a seguir e onde investir seus recursos, o empresário deve ter seu

Plano de Negócios, plano que será capaz de demonstrar a viabilidade do investimento e tempo de retorno do mesmo”. “Neste momento, percebemos grande queda de aquisição de máquinas no setor máquinas, já que a hora é de muita cautela entre os empresários. Porém, se tais empresários acreditarem na sua empresa e tiverem um Plano de Negócios ou Análise de Investimentos bem delineado na sua mão, poderão investir sem medo, pois o mercado cerâmico ainda é de grande demanda, mesmo que cada vez mais exigente”, disse Ana. Conforme Emerson Dias, é preciso um estudo detalhado sobre o que comprar, onde investir e por que se investir. “Daí a necessidade do ceramista contar com o apoio de consultores qualificados e experientes.

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ECONOMIA E NEGÓCIOS

"Vemos em todo o Brasil grandes erros de montagem de plantas devido ao ceramista contar com o apoio de gerentes práticos ou por outros profissionais que não são técnicos e especialistas no processo cerâmico. O setor cerâmico deve abandonar de fato

Cerâmica de SC aposta em inovação para driblar crise e otimizar vendas Um dos exemplos em driblar a crise é do proprietário da Bellatelha, Ademir da Silva Cardoso, de Sombrio, Santa Catarina. Para ele, os maiores desafios estavam nos modelos de telhas francesas e portuguesas, fabricadas por via úmida. Depois de mudanças, a empresa conseguiu se reinventar e criou oportunidades inteligentes dentro da própria empresa. A Bellatelha expandiu um nicho que antes estava desacreditado e estático, e que atualmente representa 20% do faturamento global da empresa. “O alto volume de peças defeituosas saindo da produção impedia a venda desses modelos. Tudo isso acontecia por conta dos antigos moldes de ferro

Foto: AlfaCom

Proprietário da BellaTelhas, Ademir da Silva Cardoso

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o empirismo e as práticas não baseadas no conhecimento técnico, controle de processo e ferramentas de gestão, pois caso não adote tais conceitos está fadado a gastar muito, comprar equipamentos super ou subdimensionados e ainda ver seu negócio ruir”, disse.

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que usávamos”, explicou Cardoso. A solução para o impasse foi a implantação de estampos em polímero. “O estampo em polímero facilita o desmolde da telha, pois não há tanta adesão e também exige menor quantidade de produto desmoldante no processo, ou seja, redução de custos e desperdícios”, afirmou Célio Gastaldon, do departamento comercial da Icon Estampos e Moldes. Conforme o proprietário da Bellatelha, a redução do uso de produto desmoldante caiu em 50% após a mudança. “Além disso, o acabamento e encaixe são muito superiores a anterior, tanto é que atualmente a perda de telhas na hora do desmolde é zero”, definiu Cardoso. Hoje, a empresa produz 120 mil peças de telha francesa mensalmente, vendendo em torno de 40 mil peças de telha por mês em nome da empresa e terceirizando mais 80 mil. Já na produção de telha Portuguesa a necessidade era de modernizar o layout da peça e também de solucionar problemas no transporte acometidos pela falta de encaixe e empenamento das peças. Conforme Gastaldon, foi possível redesenhar a telha exatamente dentro das necessidades do cliente. “É nosso maior diferencial na linha de telhas portuguesas, afinal, somos a única cerâmica de telhas no Brasil que possui esse layout”, afirmou Cardoso. As mudanças acarretaram não só a qualidade e diferencial competitivo da peça, mas também um aumento em torno de 30% de vendas das telhas portuguesas. NC


Um mundo completamente diferente da arquitetura composta de linhas retas e ângulos retos. Assim é o museu Marta Herford, um dos edifícios mais incomuns do mundo, localizado na cidade de Herford, na Alemanha. Com formas transversais, o prédio aparece na paisagem como um cometa misterioso que caiu do espaço. O museu foi construído segundo o projeto desenhado por uma estrela da arquitetura, o americano Frank Gehry. Para compor arquitetura especial do edifício, o profissional escolheu o tijolo cerâmico vermelho para a fachada do prédio, formando um contraste agudo com o aço inoxidável brilhante da cobertura. Em oposição com o uso tradicional em edifícios industriais históricos na região, os tijolos aqui são surpreendentemente colocados em movimento. E esta proposta continua no interior do museu, com a coreografia dos volumes de construção e o redemoinho de formas, que transformam cada exposição em uma expe-

ARQUITETURA CERÂMICA

Marta Herford: arquitetura em tijolos na Alemanha riência espacial. Marta Herford foi cerimoniosamente aberto no dia 7 de maio de 2005. Considerado um museu de arte contemporânea, que o coloca também no contexto de questões atuais da arquitetura e do design, o museu não se reduz aos limites clássicos de um museu e promove grandes exposições retrospectivas, como também projetos especiais sobre temas sociais importantes da atualidade. NC

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D E S E N VO LV I M E N T O

Livro sobre o setor deve ser lançado em Encontro Nacional A obra Notas e Apontamentos de um Ceramista foi escrito pelo engenheiro Vitor Costa O engenheiro cerâmico e do Vidro Vitor Salvado Frutuoso da Costa lançará o livro Notas e Apontamentos de um Ceramista. A obra tem 186 páginas e terá tiragem inicial de 3 mil exemplares. “O livro está ainda em fase de lançamento. Estou tentando recolher apoios para financiar a impressão, procurando anunciantes nas páginas separadoras dos capítulos. Pretendo que seja distribuído durante o evento mais importante do ano para o ceramista do setor do barro

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vermelho, o Encontro Nacional, que este ano será realizado em Campinas, São Paulo, durante o mês de agosto”, disse o autor. Segundo Costa, o objetivo do livro é servir como ferramenta para dar ideias e lançar opiniões sobre os tipos de problemas que surgem na fabricação do tijolo, telha e outros aspectos de argila vermelha. “Pode servir de base para alguma escola ou instituto que lecionem um curso de "Ceramista Industrial", ou apenas para quem se interesse sobre a produção deste tipo de produtos. Às vezes, o pessoal da Construção Civil, se soubesse um pouco mais sobre o barro vermelho e sua produção, poderia dar mais valor às virtudes dos cerâmicos e limitações dos concorrentes”, comentou. No livro, o autor aborda todas as etapas do processo de fabricação do barro vermelho. “Porém, dou ênfase para alguns pontos como


esclareceu. O livro é voltado para ceramistas e qualquer pessoa que estude ou trabalhe direta ou indiretamente no setor de cerâmica vermelha. O livro está disponível em dois formatos: eBook e livro em papel. O eBook pode ser adquirido pelo GooglePlay. Já a versão impressa estará a venda no Encontro Nacional, em Campinas, São Paulo.

D E S E N VO LV I M E N T O

a exploração bem pensada e programada de uma jazida de argila, já que tenho verificado que existem imensos erros e desperdícios de argilas, porque não são devidamente exploradas. Dedico um outro capítulo à organização e gestão da informação da produção, com integração de dados recolhidos de modo a que os responsáveis tenham acesso à informação necessária para as medidas corretivas e a melhoria da eficiência das operações da produção. Geralmente, sistemas simples são os mais eficientes e mais práticos do que softwares muito elaborados e difíceis de implementar e articular na fábrica”, contou. Outro ponto abordado no livro, conforme o autor, é a elaboração de testes de varrimento de temperatura e pressão ao longo do ciclo de queima que permite fazer um "raio x" do processo e revela os segredos mais íntimos do forno. “Praticamente desmistifica e banaliza a condução de um forno tornando claro tudo o que se passa ao longo do processo de queima. Muito aplicável a fornos túnel, mas de interesse prático para qualquer forno existente no mercado”,

O livro O livro Notas e Apontamentos de um Ceramista é baseado na vivência do dia a dia como ceramista do próprio autor. "Ao longo do tempo que tenho trabalhado no setor sempre procurei ter projetos de Investigação e Desenvolvimento, que me obrigam a ter metodologia e sobretudo fazer registros do que ia fazendo e testando. A partir daí surgiu uma quantidade grande de material escrito que fui por vezes publicando. Numa certa altura decidi compilar esses trabalhos e escrever mais alguma coisa que achava interessante para reunir material suficiente para um manuscrito que pudesse servir de consulta, análise e discussão técnica para os intervenientes deste segmento”, contou. A decisão de fazer uma compilação dos vários documentos escritos foi tomada há aproximadamente dois anos, conforme Costa. “Os temas e os exemplos citados na obra são de experiências no setor realizadas ao longo de vários anos de atividade que tenho dedicado à cerâmica, pois a minha formação é especifica-

mente nisso mesmo, e desde que me formei, na Universidade de Aveiro-Portugal, não tive ainda oportunidade de trabalhar fora do setor da cerâmica”, relatou. “Meu objetivo é ser um elo de discussão e mais uma opinião sobre fenômenos e sobre técnicas a que recorri para resolver problemas de produção, além de ser também a minha opinião sobre certos aspectos práticos de como organizar e ver um ciclo de produção corretamente funcionando. Não tenho leviandade da certeza absoluta e quero, com isto, também ser um elemento de troca de opinião e informação, pois só assim compreendo que possa evoluir. A discussão tem que ser conjunta para promover ideias e inovação”, concluiu. Costa é licenciado em Engenharia Cerâmica e do Vidro, pela Universidade de Aveiro e Mestre em Engenharia de Materiais, pela mesma universidade. Desempenha atualmente as funções de consultor industrial na Cerâmica Argibem, assim como em outras empresas do Estado de São Paulo. NC

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FEIRAS

Construsul ocorre em agosto no Rio Grande do Sul Evento será de 3 a 6, no Centro de Eventos e Negócios Fenac, em Novo Hamburgo

Fotos: Construsul / divulgação

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De 3 a 6 de agosto, o Rio Grande do Sul sediará a 19º Feira Internacional da Construção (Construsul) e a 11ª ExpoMáquinas, que é a maior exposição da Região Sul de Máquinas e Equipamentos para Construção. Os eventos ocorrem simultaneamente no Centro de Eventos e Negócios Fenac, em Novo Hamburgo. De quarta a sextafeira, ocorrerá das 14 às 21 horas. Já no sábado, das 11 às 18 horas. A Construsul realiza há 19 anos o maior encontro de construção civil da Região Sul, onde se encontram lojistas, construtores, engenheiros, órgãos de governo, fabricantes, importadores, arquitetos, técnicos, incorporadores e imprensa, entre outros. Todos com a proposta de sinalizar o desenvolvimento do setor. O evento recebe hoje em média 70 mil visitantes e tem como expositores as mais importantes indústrias do Brasil, mostrando além de sua credibilidade, o elevado grau de desenvolvimento que atingiu, sendo apontada como uma das primeiras feiras no ranking do setor no Brasil e a maior da Região Sul. A feira tornou-se mais do que um evento local, pois, além de contar com expositores internacionais, tem tido um considerável número de visitantes e compradores de outros Estados e do Mercosul, interessados nos produtos e na tecnologia que expõe. O evento é exclusivo para profissionais do setor, sendo proibida a entrada de menores de 16 anos, ainda que acompanhados pelos pais. Em 2015, a feira contou com 564 expositores. O evento, realizado nos pavilhões da Fenac, no Rio Grande do Sul, reuniu aproximadamente 70 mil pessoas durante os quatro dias de funcionamento. A estimativa das empresas é que o volume de negócios no ano passado tenha ficado muito próximo à meta de R$ 600 milhões. NC


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Foto: divulgação

Paraná sedia 88º Enic De 11 a 13 de maio, Foz do Iguaçu (PR) sediou o 88º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic). Considerado o principal evento brasileiro do calendário anual da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), entidade que representa nacionalmente todos os segmentos do setor, o encontro teve como tema ‘O Futuro Nós Construímos’. O objetivo do Enic, foi integrar toda a cadeia da construção civil. Um dos assuntos discutidos durante o evento foi como o atendimento às normas de desempenho em uma construção podem constituir uma importante vantagem competitiva em novos empreendimentos, especialmente, em tempos de crise. O palestrante foi Alexandre Mourão, do Sindicato da Indústria de Construção (Sinduscon) do Ceará. “Entendemos que a norma de desempenho é grande oportunidade de melhoria da vantagem competitiva, já que se divide em nível mínimo, intermediário e superior. Dentro da ABNT

(Associação Brasileira de Norma Técnicas), posso dizer que o prédio que vou lançar tem a norma superior da ABNT”, afirmou Mourão. Ele expôs a ideia sobre impactos das normas desempenho na indústria de construção. Mourão apresentou estudos feitos no âmbito do Programa de Inovação da Indústria da Construção Civil do Ceará (Inovacon-CE), que lista passo a passo do que deve ser observado pelas empresas para cumprir essas regras. Segundo ele, o grupo elaborou uma espécie de questionário para checar o atendimento das regras e tornar esse projeto uma ferramenta prática, além de fazer um breve diagnóstico do atendimento a essas normas por parte das construtoras. Além deste tema, também foram discutidos outros assuntos como Economia, Regularização de obras, Produtividade e custo de obras, Formalização no setor, Reformas Política e Institucional e sustentabilidade das cidades, entre outros. NC

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ENTREVISTA

Por um setor mais desenvolvido A entrevista especial deste mês foi com o presidente da Associação das Cerâmicas Vermelhas Itú e Região (Acervir), Sandro Roberto da Silveira. Ele fala nesta entrevista sobre o histórico da associação, sobre o objetivo da entidade, sobre as ações e sobre os benefícios em se associar, entre outros assuntos. associação? SRdS - Estou na diretoria há 15 anos e como presidente esta é minha terceira gestão bianual. NC - O senhor é ceramista há quanto tempo? Como iniciou neste ramo? SRdS - Estou na área há 30 anos. Iniciei em uma empresa que fabricava máquinas e equipamentos para cerâmica (Mecânica Roal). Depois disso, fui para o departamento comercial e, para se tornar um ceramista, foi um caminho natural. Hoje sou ceramista há 20 anos. NC - Em todos esses anos no mercado de cerâmica vermelha, o que mais o motiva? SRdS - O processo produtivo de cerâmica para mim é fascinante, logo, poder trabalhar essa diversidade de situações, sejam administrativas, produtivas e marketing, entre outros, me estimula a continuar. NC - Há quanto tempo existe a Acervir? Sandro Roberto da Silveira - A Associação das Cerâmicas Vermelhas Itú e Região (Acervir) foi fundada em 8 de fevereiro de 1985. Atualmente, temos 31 anos de existência. NC - Qual o objetivo da Acervir? SRdS - A Acervir foi fundada com o objetivo de proporcionar a discussão conjunta sobre temas relativos à normatização, processos produtivos e discutir demandas oriundas do setor de cerâmicas estadual. NC - Há quanto tempo está na presidência da

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NC - A Acervir tem quantos associados? E qual o porte dessas indústrias? SRdS - Já fomos próximo de 100, hoje somos pouco mais que 50. Já nosso quadro associativo é muito heterogêneo, temos de micro a grandes empresas. NC - Quais ações e projetos a Acervir desenvolve em prol das cerâmicas? SRdS - Já fizemos muitos programas, desde a capacitação de processos produtivos, controle de qualidade dos produtos e ações mercadológicas, que hoje são permanentes no


NC - Como a associação estimula as cerâmicas a buscarem a padronização de seus produtos? SRdS - É difícil a sensibilização das empresas quando envolve investimentos que não são percebidos como futuras receitas pela obtenção da certificação, logo o maior estímulo para o engajamento das empresas nos programas de qualidade vem do mercado, ele que promove mudanças profundas em qualquer setor. NC - Qual a importância da realização do 45º Encontro Nacional no seu estado? SRdS - A maior concentração nacional de indústrias cerâmicas e de fabricantes de equipamentos para cerâmica está no estado de São Paulo, logo, acreditamos que temos uma logística muito boa para visitas técnicas e para a presença de equipamentos durante a feira que se realiza junto ao encontro. NC - Como espera receber os participantes do Encontro de Cerâmica Vermelha? SRdS - Com muito otimismo e esperando que o visitante retorne com a percepção que acrescentou conhecimento e estará retornando com uma bagagem maior do que veio. NC - Quais são os planos da Acervir para o futuro? SRdS - O mercado da construção civil se tornou muito dinâmico, logo, temos demandas diversas para tratar, o foco principal é identificar onde podemos atuar de forma associativa e promover os projetos. NC - O que o senhor gostaria de implantar na associação e ainda não conseguiu? SRdS - Um laboratório para desenvolvimento de produtos, otimizando seu desempenho. NC - Quais as características do setor de cerâmica vermelha no estado? SRdS - É o maior polo produtor do país, logo, temos aqui as empresas mais desenvolvidas tecnologicamente e com grande eficiência nos processos produtivos. NC - O que tem a dizer sobre o trabalho desen-

volvido pela Anicer? SRdS - Vejo com muito otimismo a Anicer, já que foi feito um grande trabalho para conduzi-la até onde está e a nova diretoria poderá levá-la a um patamar ainda maior. Afinal, é muito positiva essa alternância de administração, traz novas ideias, novas abordagens e, com isso, quem ganha é o setor. NC - Em sua opinião, qual a maior carência do setor atualmente? SRdS - A carência de informações. Temos que melhor promover a informação e orientação aos nossos clientes.

ENTREVISTA

nosso quadro de treinamentos. Na verdade, fazemos os projetos de acordo com a necessidade do momento.

NC - O que é e como funciona o projeto Acervir Florestal? Quais os resultados deste projeto ao longo dos últimos anos? SRdS - É um projeto de fomento ao replantio de mudas exóticas onde fornecemos de forma gratuita a quem quer efetuar o plantio o projeto, as mudas e o apoio tecnológico para plantar. Quem recebe o benefício, não tem a obrigatoriedade de comercializar as árvores com o setor de cerâmica, mas garantimos que exista a produção. Já plantamos algo próximo de 10 milhões de árvores exóticas e 100 mil nativas, creio que é um ótimo resultado. NC - Qual o maior benefício em se associar a uma instituição como a Anicer? SRdS - O maior benefício é ajudar a fortalecer o setor de cerâmica no país, já que a pauta da associação está toda voltada ao desenvolvimento do setor como um todo, como na área produtiva, técnica, normativa e comercial. Sem essa entidade representativa para atender essas demandas como seria? NC - Que tipo de benefícios a Acervir oferece aos seus associados? SRdS - O primeiro é a informação sobre o que ocorre no setor, creio que isso é fundamental para a orientação de qualquer empresário, não se pode mais navegar às escuras. Depois, temos assessoria jurídica, assessoria publicitária e levamos o nome dos associados a várias ações de marketing que a associação apoia. NC

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Alunos de Macapá recebem palestras sobre o setor Os treinamentos sobre cerâmica foram ministrados nos dias 19 e 31 de maio

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Universitários dos cursos de administração e engenharia civil, da Faculdade Estácio do Amapá (Famap), em Macapá, receberam palestras sobre cerâmica. O palestrante foi o consultor técnico da Anicer, Edvaldo Maia. Os treinamentos foram ministrados nos dias 19 e 31 de maio. Os dois eventos foram uma parceria da Anicer, Fundacer e Cerâmica Amapá Telhas. A primeira ocorreu na Faculdade Estácio do Amapá (Famap) e foi voltada para os alunos de administração de empresas da instituição. Ao todo, 45 estudantes participaram da palestra com o tema “O Setor de Cerâmica Vermelha, produção e produtividade da matéria-prima”. “A palestra destacou a evolução dos produtos cerâmicos, usando como exemplo a produção da cerâmica Amapá Telhas, já que os alunos tinham interesse no processo fabril daquela cerâmica e solicitaram aos seus administradores a utilização das informações para um projeto de pesquisa daquela turma. Combinamos então, para o dia 23 de maio, uma visita guiada a Amapá Telhas, para um aprendizado in loco, quando foi mostrado todo o processo de fabricação da cerâmica”, contou Maia. Já a palestra do dia 31 foi voltada para os alunos de engenharia da mesma instituição. O tema da palestra foi “Cerâmica Vermelha: Desempenho, Economia e Sustentabilidade na Construção Civil”. “Nesta, abordei as vantagens do produto cerâmico, com destaque ao desempenho, melhor conforto térmico e acústico, produto ecologicamente correto e melhor rendimento, entre outros. Como exemplo, levei o “tijolão” da Amapá Telhas, bloco com 29 centímetros de comprimento, além da alvenaria racionalizada e estrutural, de coberturas com telhas cerâmicas, informações sobre a ACV – Avaliação do Ciclo de Vida dos Produtos, o PSQ e a importância da qualidade, Norma de Desempenho e


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conceitos gerais sobre o setor de cerâmica vermelha”, disse o consultor da Anicer. Esta palestra foi ministrada para 200 alunos. Segundo Maia, há alguns anos, consultores da Anicer e Fundacer realizam palestras e reuniões sobre a cerâmica vermelha junto às universidades. “O objetivo dessas ações é levar informações para as academias, para que os dados do setor façam parte da grade dos cursos de engenharia, arquitetura, edificações e afins. Assim, os alunos e futuros formadores de opiniões e projetistas terão embasamento para incluir em seus projetos os produtos cerâmicos frente às vantagens que eles apresentam, oferecendo qualidade, melhor desempenho, conforto térmico e acústico, em um produto mais sustentável”, esclareceu.

Visita Técnica A visita técnica na cerâmica Amapá Telhas possibilitou aos alunos conhecer de perto como funciona processo de fabricação. Durante a visita, eles conheceram máquinas e equipamentos utilizados, os controles de processos, os investimentos em automatismo de produção e o processo de queima com forno túnel. Além disso, puderam ver a preocupação da empresa com o meio ambiente. Segundo Maia, a Amapá Telhas aproveita os recursos disponíveis na região e tem automatismo de alimentação do forno, utilizando 100% de biomassa (caroço de açaí). “Os alunos apresentaram bastante interesse em conhecer melhor o setor e demonstraram pouco conhecimento sobre o funcionamento de uma cerâmica. Ao final, mostraram-se animados com a nova visão que construíram da Cerâmica Vermelha. Eventos como esses despertam o conhecimento dos alunos e proporcionam um leque de opções para futuras tomadas de decisões em suas vidas profissionais”, concluiu Maia. NC

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FEIRAS

Sindicer/PR decide unificar Expocer e Expominerais Decisão foi tomada junto ao Conselho Setorial da Indústria Mineral da Fiep Com o objetivo de otimizar e valorizar os segmentos da indústria cerâmica e mineral, o Sindicato das Indústrias de Olarias e Cerâmicas para Construção no Estado do Paraná (Sindicer/ PR) e o Conselho Setorial da Indústria Mineral da Fiep decidiram unificar os eventos: Expocer e Expominerais. Os dois eventos ocorrerão simultaneamente e em associação com a 16ª edição do Encontro Nacional dos Produtores de Calcário (Enacal). A ideia é proporcionar um ambiente ainda

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mais favorável para a geração e realização de negócios entre expositores, visitantes, fornecedores e consumidores do setor cerâmico e mineral participantes do evento. A Expocer, Expominerais e Enacal terão como slogan "Semana da Mineração do Paraná" e serão realizados de 26 a 28 de outubro, no Parque de Exposições Expo Renault Barigui, em Curitiba (PR). Os eventos reunirão ceramistas, administradores e gestores de empresas atuantes no segmento de extração de argila e minerais, fabricantes de tijolos, telhas, blocos e produtos cerâmicos, construtores, compradores, lojistas e revendedores de materiais construção, distribuidores, revendedores, representantes, engenheiros, arquitetos, profissionais, autônomos e estudantes do setor. “Desta forma esperamos contar com a presença da indústria fornecedora de máquinas, equipamentos, tecnologias e serviços para promover o maior evento do setor cerâmico e mineral do sul do Brasil”, comentou a organização, que espera receber em torno de 10 mil visitantes, entre profissionais do setor ceramista e mineral, de todas as regiões do Brasil e de países da América do Sul, como Paraguai, Argentina, Venezuela, Peru e Bolívia. NC


Uma casa com tijolos fabricados a partir de resíduos é construída em Roterdã, na Holanda. A residência de quatro andares pertence ao casal Nina Aalbers e Ferry in 't Veld, graduados Arquitetura. A obra é feita a partir de tijolos que começaram como um experimento em um laboratório em Limburg - uma província do sul da Holanda. A linha de tijolos é chamada de WasteBasedBricks e é confeccionada na StoneCycling, fornecedora de materiais de construção. Os tijolos são fabricados por meio de desperdícios das indústrias de cerâmica, vidro e isolamento, e rejeitos de argila de fabricação do tijolo tradicional. Além disso, são usados resíduos de demolição na fabricação da peça. A confecção destas peças desvia os resíduos de construção dos aterros sanitários e reduz a demanda por matérias-primas virgens. A StoneCycling produz principalmente tijolos especiais que são únicas em termos de cor, forma e textura. Todos os tijolos StoneCycling são submetidos a testes de padrão de mercado para garantir que eles são seguros para uso de acordo com as normas europeias.

ARQUITETURA CERÂMICA

Casa é construída com tijolos de resíduos na Holanda Os primeiros WasteBasedBricks estão sendo colocados na casa de Nina Aalbers e Ferry in 't Veld. A construção iniciou em março. O casal planeja se mudar em agosto. NC Fonte: Theguardian. Foto: architectuurMAKEN

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ARTIGO TÉCNICO 30

Efeito da adição de cascalho sintético em massas de cerâmica vermelha Trabalho apresentado no 59º Congresso Brasileiro de Cerâmica, de 17 a 20 de maio de 2015, Aracaju

Resumo Cascalho sintético é um resíduo gerado na exploração de petróleo durante a etapa de perfuração de poços. Este trabalho objetiva a avaliação tecnológica da incorporação de cascalho de perfuração calcinado e não calcinado em massas de cerâmica vermelha. Inicialmente, as matérias-primas foram caracterizadas por TG-DTA, FRX, DRX e perda ao fogo. Além disso, foram determinados os índices de Atterberg da argila. Em uma primeira etapa, os corpos de prova foram conformados por compactação com teores de cascalho variando de 0 a 12% em massa. Em seguida, as amostras foram secas a 105ºC/ 24h, e sinterizadas a 800 e 1000ºC com patamar de 2h, e determinados: retração linear, absorção de água, densidade aparente, massa específica, porosidade e ruptura à flexão em três pontos. Os resultados indicam que todas as formulações e temperaturas de queimas propostas atendem a norma ABNT NBR 15270-2.

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D. A. Nunes.1; J. D. C. Carregosa1; L. S. Barreto1; W. Acchar2; R. M. P. B. Oliveira¹ 1 Universidade Federal de Sergipe 2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Introdução Segundo o Instituto Tecnológico e de Pesquisa de Sergipe (ITPS), a aglomeração de empresas de cerâmicas vermelhas dá-se em três regiões do estado: Agreste, sul sergipano e o baixo São Francisco. Tradicionalmente, essa indústria gera muitos empregos diretos e indiretos e tem relativa importância na economia sergipana (1). A argila utilizada neste trabalho provém do polo produtivo do baixo São Francisco. A ideia de introduzir cascalho de perfuração de poços de petróleo em mistura com argilas veio da grande quantidade gerada deste resíduo nas perfurações e do enorme impacto ambiental causado pela falta de descarte adequado do mesmo. Os cascalhos de perfuração são misturas de pequenos fragmentos de rochas impregnados com o fluido usado para lubrificar e resfriar a broca durante a perfuração, no cascalho em estudo o fluido é do tipo orgânico. O tipo do fluido indica os contaminantes presentes no cascalho (2,3). A perfuração dos poços de petróleo também ocasiona graves problemas ambientais, assim como a destinação dos resíduos gerados por esta atividade. Tem-se que os estudos para o reuso do cascalho em materiais de construção são novos. Esses têm destinação para a construção de sub-base de pavimentação, concretos e materiais cerâmicos (2). Os benefícios desse estudo agem tanto na área econômica como na ambiental, com a redução dos impactos da geração dos resíduos e também viabilizar a substituição de recursos naturais pelo cascalho como matéria-prima alternativa. Neste trabalho, utilizou-se a adição de cascalho sintético de perfuração de poços calcinado e não calcinado para desenvolver formulações cerâmicas com a substituição parcial da argila nas massas cerâmicas, visando estudar


Materiais e métodos As matérias-primas utilizadas na realização do estudo foram argila, oriunda de uma jazida da região do baixo São Francisco em Sergipe, e cascalho sintético de perfuração de poços de petróleo do estado disponibilizado pela Petrobras. Os materiais foram beneficiados em moinho de martelo para fragmentação e, posteriormente, em moinhos de bolas por 2h e peneirados em série de peneiras (16, 65, 100 mesh e fundo) em agitador mecânico. Com material em granulometria desejada, realizou-se uma série de ensaios de caracterização. O índice de plasticidade (IP) da argila foi determinado seguindo as normas NBR-7180/84(4), NBR-6459/84 5) e a NBR6457/86(6). A composição química dos materiais foi obtida através da espectrometria de florescência de raios X em equipamento S8 Tiger, da Bruker. A análise de difração de raios X para identificação das fases cristalinas dos materiais foi realizada no equipamento XRD600, da Shimadzu, pelo método do pó, com ângulo de varredura 2θ e faixa de varredura de 10 a 80. As curvas TG-DTA foram obtidas no equipamento da Netzsch (STA 449 F3 Jupiter), operando na faixa de temperatura de 25 a 1400ºC, com taxa de aquecimento de 10ºC/ min), em atmosfera de gás nitrogênio. Para a confecção dos corpos de provas (CPs) foram definidas 9 formulações, tendo a F0 como parâmetro, as formulações foram homogeneizadas manualmente. Confira tabela 1 contendo as formulações. As amostras foram denominadas conforme o tratamento térmico: amostras secas com cascalho a 100ºC (F3.a, F6.a, F9.a e F12.a), seco em estufa, e calcinadas a 600ºC (F3.b, F6.b, F9.b e F12.b). Os CPs foram conformados por prensagem uniaxial, em prensa hidráulica, com dimensões de 62x22x5 mm a uma tensão de aproximadamente 29 MPa (4 Tf). Ao total, foram produzidos 180 CPs, nos quais, após sinterização, realizou-se ensaios de retração linear pós-queima (RLq), absorção de água (AA), porosidade aparente (PA), densidade aparente (DA) e ruptura à flexão em três pontos, em máquina de ensaios universal Instron

Tabela 1 - Formulações definidas

Tabela 2 - Composição química das matérias-primas

ARTIGO TÉCNICO

o efeito da incorporação desses componentes nas suas propriedades tecnológicas.

3367 utilizando célula de carga de 25 toneladas. Sendo 10 CPS para cada temperatura investigada, as temperaturas de queima usadas foram 800 e 1000°C.

Resultados e discussão A tabela 2 apresenta os resultados da análise química das matérias-primas por Espectrometria de Fluorescência de Raios X. A argila possui em sua composição química mais da metade da massa de óxido de silício (SiO2), o segundo componente mais abundante é o óxido de alumínio (Al2O3), os dois juntos correspondem a 87,07% da massa total. O óxido de ferro (Fe2O3) está presente em quantidade significativa, a esse é creditado a cor avermelhada ou alaranjada das massas cerâmicas. O principal componente do cascalho é o óxido de cálcio (CaO), presente em rochas calcárias, as quais são abundantes no perfil geológico sergipano(7,8). O segundo é o óxido de silício (SiO2), que é um composto comumente encontrado nos solos em geral. Sabe-se que o SiO2 melhora a secagem, diminui a retração e contribui na liberação de gases durante a queima(10). Já o CaO é um componente relacionado a presença de carbonato de cálcio (CaCO3), presente nas rochas calcárias, este óxido contribui para um aumento na porosidade nas peças(11). Também foram identifica-

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ARTIGO TÉCNICO

Figura 1 Difratograma de raios X da argila

Figura 2 Difratogramas de raios X do cascalho a diferentes temperaturas de calcinação

Figura 3 - Curvas TG/DTA a) argila; b) cascalho sintético

Figura 4 Retração linear em função da temperatura

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dos em proporções significativas oxido de sódio (Na2O) e cloro (Cl), provavelmente do fluido utilizado na perfuração do poço de petróleo. Na figura 1, estão identificadas as principais fases cristalinas da argila analisada, determinando os minerais presentes no material. Assim conclui-se que se trata de uma argila caulinita, com presença de quartzo, muscovita, goethita e ilita. Essa argila provém da várzea do Rio São Francisco e suas caraterísticas mineralógicas já eram esperadas por ser muito comum nessa região(9). Na figura 2 temos as fases cristalográficas do cascalho em todas as temperaturas que se realizou a calcinação, a partir da análise do gráfico, decidiu-se confeccionar amostras com cascalho calcinado a 600°C, essa foi escolhida, pois já se nota a transformação de Ca(CO3) em óxido de cálcio (CaO). A necessidade de fazer esse tratamento deu-se porque o calcário, presente nos corpos de prova quando sinterizados, transforma-se em CaO, liberando gás carbônico (CO2), que causa microfissuras nas peças(10). Fazendo o tratamento térmico prévio do cascalho evitam-se danos por causa desta transformação. Como pode ser observado, o pico de maior intensidade do cascalho seco em estufa, sem tratamento, apresenta a fase calcita Ca(CO3), que nas amostras CS 500ºC a CS 800ºC formam a fase CaO. A curva de Análise Térmica Diferencial da argila (figura 3.a) mostra claramente um pico endotérmico que ocorre entre 25ºC e 150ºC, acompanhado pela perda de água livre e água absorvida. Entre as temperaturas de 200ºC e 500ºC, ocorrem bandas exotérmicas, provavelmente, devido às reações da matéria orgânica, e um pico endotérmico entre 480°C e 510°C devido à perda de hidroxila estrutural. A análise termogravimétrica para a amostra da argila do baixo São Francisco indica visivelmente uma perda total de massa de 7,4%. Este valor difere do obtido com PF que foi de 5,91%. Credita-se a divergência de valores às diferentes condições em que as análises foram realizadas, na PF o material foi previamente seco a 1000ºC em estufa e na análise TG/ DTA ele estava em temperatura ambiente (13). A perda endotérmica em torno de 750ºC na curva de Análise Térmica Diferencial do cascalho (figura 3.b) corresponde ao processo de descarbonatação do cascalho. Os


Figura 5 - Absorção de água em função da temperatura

Figura 6 Porosidade aparente em função da temperatura

ARTIGO TÉCNICO

carbonatos são constituintes predominantes desta amostra, dessa forma, a partir de 755ºC é notada uma perda de massa considerável na análise termogravimétrica, cerca de 58%. Além disso, observa-se uma perda de 14% em massa antes de 750ºC atribuídos a perda de água e matéria orgânica. Foram realizados ensaios de Limite de Liquidez (LL) e Limite de Plasticidade (LP). A partir da diferença entre o LL e o LP, determinou-se o índice de plasticidade (IP) da argila, sabe-se que quanto maior o IP, tanto mais plástico será o solo, para a argila em questão obteve-se um IP igual a 17,40%, caracterizando essa argila como altamente plástica (5,6). Verifica-se na figura 4 que para F9.b, F12.a e F12.b houve diminuição da RL a 1000ºC se comparadas com as demais formulações na mesma temperatura. Pode-se observar também que existe aumento desta propriedade da temperatura de 800ºC para 1000ºC, já que a 1000ºC ocorre maior densificação do material, diminuindo as dimensões dos CPs. Observa-se na figura 5 que a absorção de água diminui à medida que a temperatura aumenta, exceto no caso da F12.b, esta diminuição está relacionada com a diminuição da permeabilidade ocasionada pelo aumento da temperatura de sinterização. Nota-se também que as amostras feitas com cascalho calcinado (F3.b, F6.b e F9.b) obtiveram valores de AA menores que F0, dada a diminuição das microfissuras geradas pela transformação de Ca(CO3) em CaO. A figura 6 demonstra os resultados encontrados para PA, em F3.a e F12.a a 1000ºC a porosidade aumenta em relação a F0, mantendo a mesma característica a 800ºC, onde além delas F6.a e F9.a também aumentam. Para as demais, PA diminui devido à formação de fase líquidas nessas formulações que tendem a fechar os poros dos CPs. Observa-se na figura 7 os valores obtidos de densidade aparente, é notável que a DA é progressivo com o aumento da temperatura para todas as formulações, exceto a F12.b onde essa decai. Deve-se esse aumento a maior compactação sofrida pelos grãos. Considerando a maior temperatura de queima apenas a F3.b superou F0. A figura 8 apresenta os resultados do módulo de ruptura à flexão de três pontos das formulações, pode-se observar que a 800ºC

Figura 7 Densidade aparente em função da temperatura

Figura 8 - Módulo de ruptura á flexão em função da temperatura

somente F3.a obteve redução no módulo de ruptura, as demais superaram o valor de F0, as formulações a 1000ºC também superam o valor de F0. Pode-se notar ainda que os melhores valores são das formulações em que o cascalho sofreu tratamento térmico.

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Conclusão Como demonstrado nos resultados, a substituição parcial da argila por cascalho de poços de perfuração nas frações avaliadas não influencia de forma tão significativa nas propriedades tecnológicas do produto final. A temperatura de sinterização a 1000ºC apresenta os melhores resultados para as propriedades estudadas. Conclui-se também que o tratamento

prévio do cascalho confere melhorias significativas às mesmas. Dessa forma, podemos comprovar cientificamente que é viável adotar, principalmente, as composições propostas nas formulações F6.b e F9.b, para a fabricação de produtos à base de cerâmica vermelha, sendo perfeitamente atendidos o requisitos da norma da ABNT NBR 15270-2(13).

Referências (1) Instituto Tecnológico de Pesquisas do Estado de Sergipe- ITPS. Disponível em: www. consecti.org.br/giro-nosestados/instituto-tecnologico-e-de-pesquisas- do-estado-de-sergipe-lanca-cartilha-sobre-ceramica-vermelha. Acesso em: 10 fev. 2015. (2) Revisão Bibliográfica. PUC rio- Certificação Digital n0 0510757/CB. Disponível em: www.maxwell.vrac.puc-rio.br/14991/14991_3PDF. Acesso em: 23 fev. 2015. (3) Pereira, M. S. Caracterização de cascalho e lama de perfuração ao longo do processo de controle de sólidos em sondas de petróleo e gás. Dissertação de mestrado, UFU, Uberlândia, MG, 2010. (4) ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7180/84. Solo-Determinação do Limite de Plasticidade, BR, 1984. (5) ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6459/84. Solo-Determinação do Limite de Liquidez, BR, 1984. (6) ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6457/86. Amostras de Solo-Preparação para Ensaios de Compactação e Ensaios de Caracterização, BR, 1986. (7) Recursos Minerais. Mapa Geológico do Estado de Sergipe. Disponível em: http:// www.cprm.gov.br/arquivos/pdf/sergipe/sergipe_recmin.pdf. Acesso em: 27 mar. 2015. (8) Indústria Extrativa e Riquezas Minerais. Disponível em: http://www.invistaemsergipe. se.gov.br/modules/tinyd0/index.php?id=36. Acesso em: 27 mar. 2015. (9) Prado, C.M.O ; Junior, F.S. ; Nascimento, J.M. ; Barreto, C.A. ; Bertolino, L.C ; França, S.C.A. ; Patrocínio, J. Caracterização das argilas utilizadas na produção de cerâmica vermelha no Estado de Sergipe. 56º Congresso Brasileiro de Cerâmica, 1º Congresso Latino-Americano de Cerâmica, IX Brazilian Symposium on Glass and Related Materials, p. 745-755, Curitiba, PR, 2012. (10) Soares, R. A. L.; Castro, R. J. S.; Nascimento, R. M.; Estudo da potencialidades da aplicação de uma argila contaminada com calcário na produção de placas cerâmicas. In: cerâmica 58, pgs. 475-480, 2012. (11) Sousa, S. J. G.; Holanda, J. N. F.; Avaliação das propriedades físico-mecânicas de uma massa cerâmica para revestimento poroso (BIII). In: cerâmica 51, pgs. 70-76, 2005. (12) Pinheiro, B. C. A.; Pinheiro E. F.; Souza, S. F.; Caracterização químico-mineralógica de uma amostra de argila utilizada em uma indústria cerâmica da região de Itamarati – MG. In: 57º Congresso Brasileiro de Cerâmica e 5º Congresso Ibero-americano de Cerâmica, Natal, RN, 2013. (13) ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15270-2. Componentes cerâmicos. Parte 2 - Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural – Terminologia e requisitos, BR, 2005.NC

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