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CANSADO DO WHATSAPP?

ABRIL 2014

CONHEÇA O RELAY E OUTROS APPS PARA CONVERSA

BIG DATA CONTRA O CRIME

CIDADES AMERICANAS USAM DADOS COMO PREVENÇÃO

info.abril.com.br O IMPÉRIO DIGITAL DA MARVEL / CANSADO DO WHATSAPP? / BIG DATA CONTRA O CRIME

O filme Capitão América 2 – O Soldado Invernal estreia no dia 10 de abril

INFORMAÇÃO | TENDÊNCIAS | INOVAÇÃO | CULTURA DIGITAL

E o d io ã ç r Edi Ersá iv an

O IMPÉRIO DIGITAL DA MARVEL R$ 14,90 / ED. 340 / ABRIL 2014

Nº 340

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facebook.com/revistainfo

@_INFO

COMO GAMES SOCIAIS, APPS, REVISTAS ELETRÔNICAS E FILMES TRANSFORMARAM CAPITÃO AMÉRICA, X-MEN E HOMEM-ARANHA EM HERÓIS MODERNOS

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76 F1 / O novo motor 1.6L V6 Turbo da fabricante alemã Mercedes-Benz

ABRIL 2014

SUMÁRIO inovação 38. GUERRA? UH! O QUE HÁ DE BOM As invenções militares não causam só mortes. Podem gerar inovações. Veja algumas que chegaram ao mercado. E as que virão no futuro

42. MENSAGENS SEM LIMITES Preocupado com a privacidade na nova fase do WhatsApp? Listamos as melhores opções de apps para baixar e conversar com os amigos

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46. CIENTISTAS & EMPREENDEDORES Eles são do interior de São Paulo e atuam em biotecnologia, uma área quente para startups. Conheça cinco novos negócios que apostam em pesquisa e inovação

52. CELULAR EM BLOCO O Google quer inovar ao produzir um smartphone modular e barato a ser aperfeiçoado de acordo com as necessidades de cada usuário, que poderá montá-lo a seu gosto. Dará certo?

56. O SUPERPODER DA MARVEL? TECNOLOGIA Como a Marvel apostou no digital para se transformar em uma inovadora empresa de entretenimento, com apps, games, filmes, séries no Netflix, revistas digitais e até API aberta para desenvolvedores

70. BIG DATA CONTRA O CRIME Cidades americanas usam modelos matemáticos e alto poder de processamento de dados contra crimes. O que podemos aprender com elas?

76. UMA NOVA F1 Um drástico pacote de mudanças nas regras deixa os carros de Fórmula 1 híbridos e mais tecnológicos. Mas não espere ouvir o ronco potente dos motores. Ele se foi

82. O PRIMEIRO GRANDE CRASH A falência do site de câmbio MtGox derrubou a confiança no bitcoin. Será que a moeda virtual conseguirá se reerguer e evitar que quem investiu fique sem o dinheiro?

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76 F1 / O novo motor 1.6L V6 Turbo da fabricante alemã Mercedes-Benz

ABRIL 2014

SUMÁRIO inovação 38. GUERRA? UH! O QUE HÁ DE BOM As invenções militares não causam só mortes. Podem gerar inovações. Veja algumas que chegaram ao mercado. E as que virão no futuro

42. MENSAGENS SEM LIMITES Preocupado com a privacidade na nova fase do WhatsApp? Listamos as melhores opções de apps para baixar e conversar com os amigos

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46. CIENTISTAS & EMPREENDEDORES Eles são do interior de São Paulo e atuam em biotecnologia, uma área quente para startups. Conheça cinco novos negócios que apostam em pesquisa e inovação

52. CELULAR EM BLOCO O Google quer inovar ao produzir um smartphone modular e barato a ser aperfeiçoado de acordo com as necessidades de cada usuário, que poderá montá-lo a seu gosto. Dará certo?

56. O SUPERPODER DA MARVEL? TECNOLOGIA Como a Marvel apostou no digital para se transformar em uma inovadora empresa de entretenimento, com apps, games, filmes, séries no Netflix, revistas digitais e até API aberta para desenvolvedores

70. BIG DATA CONTRA O CRIME Cidades americanas usam modelos matemáticos e alto poder de processamento de dados contra crimes. O que podemos aprender com elas?

76. UMA NOVA F1 Um drástico pacote de mudanças nas regras deixa os carros de Fórmula 1 híbridos e mais tecnológicos. Mas não espere ouvir o ronco potente dos motores. Ele se foi

82. O PRIMEIRO GRANDE CRASH A falência do site de câmbio MtGox derrubou a confiança no bitcoin. Será que a moeda virtual conseguirá se reerguer e evitar que quem investiu fique sem o dinheiro?

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6. CARTA DO EDITOR 8. EXPEDIENTE 10. WWW 12. INBOX

29. JOGO PARA CEGOS Quase 1 000 efeitos sonoros simulam o cenário de BlindSide, o primeiro game para deficientes visuais

ideias 30. ALESSANDRA LARIU O fim do download

32. MANOEL LEMOS No hype dos dados

20 21. PARA AQUECER O MUNDIAL Game licenciado da Fifa chega às lojas com 203 seleções e mais de 7 000 jogadores

22. UM VALE DE COMÉDIA

23 enter 16. A CIÊNCIA DAS SELFIES Projeto analisa autorretratos para estudar o comportamento em cinco cidades pelo mundo

18. A TECNOLOGIA DOS AVIÕES ESTÁ OBSOLETA? A tragédia da Malaysia Airlines reacendeu o debate sobre os equipamentos de segurança da aviação civil. Veja as inovações que já existem e que poderiam monitorar aviões de forma mais confiável

20. EM UMA RODA SÓ Monocicleta elétrica pode ser um novo meio de transporte para curtas distâncias

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Série brinca com situações vividas por empreendedores no Vale do Silício

34. DAGOMIR MARQUEZI

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Quer ler de forma rápida?

36. WEB PARA TODOS As regras que vão reger a rede devem garantir o respeito à liberdade dos usuários, afirma Fadi Chehadé, presidente do ICANN

86

23. EM BUSCA DO SOM PERFEITO Apaixonado por música, o executivo Ricardo Monteiro mantém 3 000 discos de vinil e toca-discos de várias épocas

24. APPS DO MÊS Uma seleção de aplicativos para iOS, Android, Windows Phone e BlackBerry

infolab 86. O QUE O INFOLAB TESTOU NESTE MÊS Câmera X-T1 / Fujifilm Smartphone Galaxy S5 / Samsung Filmadora ATC Chameleon / Oregon Scientific Cafeteira Barista EA9000 / Krups Smartphone G Flex / LG Fone Soho / Harman Kardon Aparelho de som LP-P1000 / Teac Smartphone Lumia 1520 / Nokia

startup-se

25. SUPERPANORÂMICA

98. A CARTA DE VINHOS, POR FAVOR!

A câmera Panono dispara suas 36 lentes quando é jogada para cima

O engenheiro Cristiano Lanna decidiu trocar a calculadora pelos utensílios de cozinha e montou um bufê e um bar italiano. Em 2010, com três sócios, ele criou o Selo Reserva, um e-commerce de vinhos

26. ACELERADOR DE PROJETOS Laboratório de inovação da USP incentiva alunos a elaborar ideias para projetos criativos que possam ser colocados em prática

28. AIRBNBOI Startup da Bahia cria plataforma para o aluguel de pastagens, ao estilo Airbnb, mas para o gado escapar da seca

ILUSTRAÇÃO DENIS FREITAS

TIRAGEM DA EDIÇÃO 108 114 EXEMPLARES

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CARTA DO EDITOR

UM BOM EXEMPLO COMO UMA EMPRESA DE 75 ANOS

que começou vendendo gibis de super-heróis para crianças da década de 40 encara hoje o desafio de se manter relevante e lucrativa em plena era digital? Parece que a Marvel encontrou a resposta para essa pergunta. E o melhor: sem abandonar as origens que lhe deram fama (Capitão América, aos 74 anos, está mais popular e lucrativo do que nunca, ganhou um filme que estreia neste mês e está na nossa capa). Imortalizada pelo talento de Stan Lee, criador de X-Men, Homem-Aranha e vários outros heróis, a Marvel entendeu que seu futuro está no pixel, e não no papel, e se reinventou. “Estamos tentando usar todas as ferramentas para melhorar a experiência narrativa”, disse Kristin Vincent, vicepresidente de produtos digitais da Marvel, ao editor Rodrigo Brancatelli, autor da bem apurada reportagem de capa desta edição, que mostra o caminho da Marvel para o digital. Ele UNIVERSO MARVEL

De gibi e revista digital a apps e bonecos

inclui revistas eletrônicas com efeitos sonoros que acompanham o ritmo de leitura, aplicativos, games, realidade aumentada, séries feitas para o Netflix e, claro, filmes de super-heróis. Ao entender o espírito do tempo e reescrever seus gibis para que tenham uma narrativa multimídia em tablets e smartphones, a Marvel deu um passo que pode inspirar toda a indústria do entretenimento. Sua modernidade com ares de tradição nos inspirou, nesta edição de aniversário da INFO, a criar uma matéria ao estilo dos efeitos especiais de seus filmes de ação, com uma mistura de dados que informam e divertem. Nos tablets e na nossa edição para o iPhone, há ainda extras e vídeos. Se você curte o universo pop de Os Vingadores, não pode perder. Se está em dúvida, experimente. É diversão certa! Acompanhe ainda nesta edição o giro de 1 770 quilômetros que nossos repórteres deram pelo interior de São Paulo para descobrir as mais inovadoras startups ligadas à biotecnologia; veja o novo projeto do Google, que quer lançar um smartphone em blocos, para que o usuário monte conforme suas necessidades; entenda se o bitcoin tem futuro após a quebra de um dos maiores sites para transações com a moeda; e surpreenda-se com a reportagem que conta como cidades americanas estão usando big data para prevenir crimes. Boa leitura, até a edição de maio. E nosso sincero obrigado por acompanhar a INFO nestes 28 anos! ;-))) �

katiam@abril.com.br

ILUSTRAÇÃO EVANDRO BERTOL

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FOTO DULLA

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Fundada em 1950

VICTOR CIVITA (1907-1990)

ROBERTO CIVITA (1936-2013)

Conselho Editorial: Victor Civita Neto (Presidente), Thomaz Souto Corrêa (Vice-Presidente), Elda Müller, Fábio Colletti Barbosa, José Roberto Guzzo

Presidente: Fábio Colletti Barbosa Vice-Presidente de Operações e Gestão: Marcelo Vaz Bonini Diretor-Superintendente de Assinaturas: Fernando Costa Diretora de Recursos Humanos: Cibele Castro Diretora-Superintendente: Cláudia Vassallo

Diretora de Redação: Katia

Militello

Editores: Airton Lopes, Filipe Serrano, Maria Isabel Moreira, Rodrigo Brancatelli Editora Assistente: Paula Rothman Repórteres: Adeline Daniele, Thiago Tanji INFOlab: Luiz Cruz (engenheiro-chefe), Leonardo Veras (analista de qualidade) INFO Online Editor-chefe: Rafael Kato Editor: Marcus Vinícius Brasil Repórteres: André Fernandes, Monica Campi, Vanessa Daraya Desenvolvedores Web: Octavio Fernandes, Silvio Donegá Produtor Multimídia: Cadu Silva Núcleo de Revisão: Ivana Traversim (chefe), Eduardo Teixeira Gonzaga (coordenador),

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INFO EXAME 340 (ISSN 1415-3270), ano 29, é uma publicação mensal da Editora Abril S.A. Edições anteriores: venda exclusiva em banca, pelo preço da última edição mais despesa de remessa. Solicite a seu jornaleiro. Distribuída em todo o país pela Dinap S.A. Distribuidora Nacional de Publicações, São Paulo. INFO EXAME não admite publicidade redacional.

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TUDO COMEÇOU COM UM GIBI “Se você olhar a cultura pop como uma interseção entre os interesses comerciais e artísticos, a Marvel é o melhor exemplo a ser estudado”, disse a INFO o jornalista Sean Howe, autor do livro Marvel Comics — A História Secreta, recém-lançado no Brasil pela editora Leya. A entrevista completa você lê no nosso site.

LADRÕES DIGITAIS

NOSSOS HOMENS EM WESTEROS

Crackers podem usar uma falha em chips Intel para roubar um alto volume de bitcoins. Conversamos com o professor de ciência da computação Yuval Yarom para entender como essa brecha funciona e quais cuidados precisam ser tomados ao fazer transação com a moeda virtual.

JOGOS GRATUITOS A PARTIR DO DIA 7 DE ABRIL , confira o hotsite da INFO sobre Game of Thrones. Além de notícias, assista toda segunda-feira aos programas com comentários dos jornalistas da revista sobre os episódios da quarta temporada da atração da HBO. Você vai ficar por dentro de tudo o que acontece em Westeros. Não sabe que lugar é esse? Eis mais um motivo para acessar nosso especial online.

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Estreia neste mês o portal móvel de jogos gratuitos da INFO. Realizado em parceria com a empresa BoosterMedia, o site conta com games como FlappyBird. Será que você vai conseguir bater seu recorde nesse jogo viciante? Acesse m.jogos.info.abril.com.br

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DIGITAL

MUITO MAIS INFO PARA VOCÊ Nossa versão digital para tablets e iPhone é atualizada diariamente com notícias. Dá ainda acesso a vídeos exclusivos e a conteúdo extra das reportagens

ÁUDIO VÍDEO Assista aos vídeos dos produtos testados pelo INFOlab e veja um making of do ensaio fotográfico

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EXTRAS

PAINEL DE NOTÍCIAS

INFO desvenda a ciência por trás dos super-heróis da Marvel em um vídeo exclusivo

Acesse um painel com as notícias de tecnologia atualizadas diariamente e mantenha-se informado até chegar sua nova INFO

LEIA A INFO DIGITAL COMO, QUANDO E ONDE QUISER. BAIXE O APLICATIVO PARA IPAD, IPHONE E TABLETS COM ANDROID E AINDA COMPARTILHE O CONTEÚDO COM FACILIDADE. VEJA COMO FAZER O DOWNLOAD DE SUA INFO EM INFO.ABRIL.COM.BR/BAIXE-INFO/

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INBOX

Tecnologia é coisa de mulher atualizada!

CELIA REGINA SOUZA VIANA / RIO DE JANEIRO (RJ) Precisamos de mais beleza inspiradora e criativa!

ROGERIO PEREIRA ARAUJO / GOIÂNIA (GO)

TECNOLOGIA É PARA MULHER

Tecnologia é coisa de humano!

A CAPA DA EDIÇÃO DE MARÇO ESTÁ ELEGANTE, REVOLUCIONÁRIA E COMO SEMPRE INOVADORA. A CADA EDIÇÃO INFO FICA MELHOR. BRUNO DE CASTRO BARRETO / RECIFE (PE)

Muito feminista a capa. Tecnologia é voltada para o ser humano.

ANDREW PETERS / SÃO PAULO (SP)

DIOGO TAVARES / BELO HORIZONTE (MG)

A CAPA DESTE MÊS ESTÁ INCRÍVEL. INOVADORA E LIMPA, JUSTIFICA A ALTA QUALIDADE DA REVISTA. CONTINUEM SEMPRE BUSCANDO A SUPERAÇÃO ;) LUIS CARLOS FARIAS / AGROLÂNDIA (SC)

Não gostei da capa preta da INF O. Prefiro as coloridas e com mais textos.

MARIO SOUSA / RIO DE JANEIRO (RJ)

disso foi que consegui terminar minha tese de doutorado intitulada Wikipédia: Discurso e Validade da Informação. No lugar da abstinência digital ganhou espaço a vontade de alcançar uma meta que o mundo offline exigia.

Fiz questão de comprar!!! Não é por menos que adoro a revista INFO.

@PAMORTEGAGARCIA A capa ficou show de bola, ou no popular “capa de revista”!!!

@_RICARDOCASTRO

MARCIO GONÇALVES / RIO DE JANEIRO (RJ)

VIDA DESPLUGADA

Revista INFO tentando me conquistar!

A reportagem Vida Desplugada, com David Baker, está muito interessante. Faz lembrar a alegoria da caverna de Platão, onde vivemos imersos e totalmente dependentes de um mundo como uma ferramenta. O autor descobriu que existe uma vida inteira para viver se fôssemos menos dependentes da tecnologia. INFO me surpreende a cada mês com matérias legais!

QUER VIAJAR PARA MARTE?

CAIO VINICIUS DE CARVALHO / FEIRA DE SANTANA (BA)

Ainda é difícil digerir a ideia de ser um colonizador de Marte. Não será para mim, porque tenho muito ainda a viver e a contribuir pelo nosso planeta. Quem sabe em futuras reencarnações?

Tecnologia é para todos! Parabéns para a equipe que criou a capa! #Show #Fantástico

LUCAS CARVALHO CORRÊA / BELO HORIZONTE (MG)

CLAYTON LOTAR / PIRACICABA (SP)

Enquanto David Baker ficou 21 dias sem acesso à internet, eu fiquei seis meses, de julho a dezembro do ano passado, sem acessar o Facebook. O resultado

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Não entendo por que uma pessoa v iaja r ia pa r a Ma r te nu ma expedição só de ida. Temos ainda muito o que fazer pelo nosso planeta, como mostrou a reportagem em história em quadrinhos que a INFO publicou em fevereiro.

CARLOS ALBERTO SANTOS / BELO HORIZONTE (MG)

@APKARINA

Tecnologia é para quem gosta, não tem isso de “para mulher ou para homem”. Todos nascemos com dons, talvez o dom dessas pessoas seja o novo.

FRIDA COSTA / SALVADOR (BA)

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BRONCAS DO MÊS

FALE COM A INFO REDAÇÃO

Comentários sobre o conteúdo editorial da INFO e reclamações para Broncas do Mês:

CANCELAMENTO DIFÍCIL

ENDEREÇO INEXISTENTE

Era assinante da SKY até julho de 2013, quando pedi o cancelamento. Porém, continuo recebendo cobranças como se a assinatura estivesse ativa. No começo do ano, recebi uma fatura com valores atualizados e maiores. Fiz mais de dez contatos com a SKY. Apelei até para a Anatel, mas continuo recebendo as cobranças. O que devo fazer para resolver um problema de absoluta desorganização da operadora?

Tentei comprar no Submarino, mas não consegui cadastrar meu endereço. Ao digitar o CEP, o formulário bloqueava o nome da rua. Provavelmente os programadores do site nunca tenham estado em uma cidade que usa um só CEP, pensei. Mas o serviço de televendas disse que não podia fazer a transação, pois o sistema não aceita o endereço. Se a cidade não é atendida, por que o sistema não informa?

CARLOS REY / BARUERI (SP)

LUCAS SILVA / BENTO GONÇALVES (RS)

RESPOSTA DA SKY

RESPOSTA DO SUBMARINO

Uma equipe de atendimento da SKY entrou em contato com o leitor, informou que a assinatura está cancelada e providenciou a devolução do valor pago após o cancelamento.

O Submarino.com informa que contatou o cliente por telefone, esclareceu o ocorrido e solucionou o problema.

COMENTÁRIO DO LEITOR Depois de receber uma carta de cobrança da SKY, que me ameaçava colocar na lista negra da Serasa, fui contatado pela operadora e informado da disposição em devolver o dinheiro.

COMENTÁRIO DO LEITOR O Submarino indicou outro cadastro do site. Nele é possível cadastrar um endereço para cidades com CEP único. Consegui comprar o produto que queria. Mas poderia haver uma indicação mais clara no site, o que teria evitado tanta dor de cabeça.

contateinfo@abril.com.br. A mensagem pode ser publicada de forma reduzida. Envie seu nome completo e a cidade onde mora. COMUNIDADES Facebook / facebook.com/revistainfo Twitter / twitter.com/_INFO Google+/ google.com/+info Pinterest/ pinterest.com/revistainfo Instagram/ @revista_info

ASSINATURAS assineabril.com (11) 3347-2121 Grande São Paulo 0800-775-2828 Demais localidades SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CLIENTE abrilsac.com (11) 5087-2112 Grande São Paulo 0800-775-2112 Demais localidades LOJA INFO info.abril.com.br/loja / (11) 4003-8877 lojaabril@vendapontocom.com.br PUBLICIDADE Para anunciar na INFO, ligue: (11) 3037-2302 São Paulo (21) 2546-8100 Rio de Janeiro (11) 3037-5759 Outras praças (11) 3037-5679 Internacional (11) 3037-2300 Fax publiabril.com.br PERMISSÕES DA INFO Para usar selos, logos e citar qualquer avaliação editorial da INFO, envie um e-mail para permissoesinfo@abril.com.br. Nenhum material pode ser reproduzido sem autorização por escrito. VENDA DE CONTEÚDO Para licenciar o conteúdo editorial da INFO em qualquer mídia: atendimento@ conteudoexpresso.com.br / Para solicitar reprints das páginas: reprint.info@abril.com.br SAIBA QUE / A INFO não aceita doações de hardware e software nem viagens patrocinadas por fornecedores de tecnologia. Todos os produtos testados no INFOlab são devolvidos aos fabricantes. / Os artigos dos colunistas não expressam necessariamente a opinião da INFO.

POR QUE LEIO INFO “Leio a INFO porque, além de curioso profissional, tenho de estar 100% antenado com as tendências mobile”

FABIANO DESTRI LOBO / MANAGING DIRECTOR LATAM DA MOBILE MARKETING ASSOCIATION (MMA)

FOTO NICOLAS CAMARGO

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ENTER AUTORRETRATO // AVIAÇÃO // VALE DO SILÍCIO NA TV // AUDIOFILIA // EDUCAÇÃO

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A CIÊNCIA DAS SELFIES Projeto analisa 3 200 autorretratos para estudar o comportamento em cinco cidades // POR RODRIGO BRANCATELLI

PODE PARECER clichê e até preconceito dizer que brasileiros são sensuais e sorriem sem motivo aparente, enquanto russos são sérios e estão sempre com cara de poucos amigos. Mas, de acordo com o Selfiecity, projeto que analisou 3 200 selfies tiradas por habitantes de cinco metrópoles, já há uma base científica para confirmar esses estereótipos. O estudo capitaneado pelo designer alemão Stefaner Moritz e pelo professor russo de ciência da computação Lev Manovich mostra que, além de um fenômeno, a selfie pode identificar o comportamento em diferentes países. O Selfiecity (selfiecity.net) analisou autorretratos postados de 4 a 12 de dezembro em São Paulo, Berlim, Moscou, Bangcoc e Nova York. Com as imagens, os pesquisadores compilaram dados sobre sexo, idade, posição da câmera, nível de felicidade, se os olhos estavam abertos ou fechados, o ângulo da foto, entre outras informações. Os resultados mostram que, em todas as cidades, mulheres tiraram bem mais selfies do que homens. E a metrópole com mais sorrisos foi Bangcoc, seguida de perto por São Paulo. A mais carrancuda é Moscou. Mulheres usam um ângulo 15 graus mais alto para retratar mais o corpo. A diferença é ainda maior entre as paulistanas, com 17 graus.

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E N T E R // A V I A Ç Ã O

A TECNOLOGIA DOS AVIÕES ESTÁ OBSOLETA? A tragédia do voo 370 da Malaysia Airlines reacendeu o debate sobre os equipamentos de segurança da aviação civil. Veja as inovações que já existem e poderiam monitorar aviões de forma mais confiável // POR RODRIGO BRANCATELLI

CONEXÃO COM O GPS A cobertura dos radares funciona bem em terra, mas o sinal enfraquece a mais de 300 quilômetros da costa. Já existe um sistema de controle aéreo que utiliza as informações mais precisas do GPS dos aviões. Hoje o GPS indica aos pilotos a posição da aeronave, mas não se comunica com centros em terra. Chamado de ADS-B, o novo sistema passará a ser obrigatório nos Estados Unidos em 2020 e vai substituir o rastreamento baseado em radares mundialmente até 2030.

STREAMING DA CAIXA PRETA As caixas-pretas até emitem sinais ultrassônicos, mas ainda assim é extremamente difícil achá-las no mar. Para evitar que dados desapareçam em tragédias como a do voo 370, seria necessário transmitir em tempo real as informações de cada avião. O problema é o valor: a empresa L-3 estima que o custo anual seria de 300 milhões de dólares. Airbus e Boeing já estudaram alternativas para enviar só as mensagens mais importantes. Mas ainda não houve determinações de órgãos que regulam o setor.

TRANSPONDER AUTOMÁTICO Há um motivo para que o transponder possa ser desligado manualmente dentro da cabine. Como o dispositivo transmite sinais sobre o voo ininterruptamente, até quando a aeronave está no solo, o monitoramento dos aeroportos ficaria “congestionado”. Boeing e Airbus estudam automatizar o acionamento. Especialistas acreditam que essa é a mudança mais urgente — e não seria cara. Em metade dos dez grandes acidentes aéreos mais recentes (incluindo os quatro voos de 11 de setembro), o transponder foi desligado deliberadamente.

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ILUSTRAÇÃO CARLOS GRILLO

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E N T E R // T R A N S P O R T E

E PARA ESTACIONAR? / Suporte frontal serve de apoio quando a Ryno está parada

em uma roda só Monocicleta elétrica pode ser um novo meio de transporte para curtas distâncias // POR FILIPE SERRANO

JÁ PENSOU ANDAR por aí numa moto dessa? Se depender dos criadores, a Ryno pode se tornar um dos primeiros veículos elétricos de uma roda só a tomar as ruas — e também calçadas, trens, corredores de prédios e shopping centers. Isso porque a “monocicleta” é feita para entrar em qualquer lugar e pode ser um novo meio de transporte para curtas distâncias. O objetivo é parecido com o dos segways. A diferença é que o piloto a dirige sentado. O balanço do corpo faz a Ryno virar e acelerar (alcança 17 km/h). A ideia surgiu quando a filha do engenheiro mecânico americano Chris Ho�man sugeriu que o pai criasse uma moto de uma roda só, semelhante à que a garota tinha visto em um game. Ele então resolveu projetar a moto. Seis anos depois, a Ryno ganhou um modelo final e entrou em produção. O plano é começar a venda no segundo semestre, ao preço de 5 295 dólares.

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FOTOS DIVULGAÇÃO

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E N T E R // G A M E S EM ANO DE COPA, apaixonados por

PARA AQUECER O MUNDIAL Às vésperas do torneio de futebol mais importante do planeta, game licenciado da Fifa chega às lojas com 203 seleções e mais de 7 000 jogadores // POR THIAGO TANJI

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futebol cumprem alguns rituais: completar o álbum de figurinhas, cornetar a lista de jogadores convocados e reunir os amigos para uma competição com o game da Fifa. Produzido pela EA Sports, Copa do Mundo Fifa Brasil 2014 é uma pequena evolução do Fifa 14, lançado no ano passado. Com melhorias na jogabilidade, o game conta com as 203 seleções que participaram das eliminatórias, reunindo mais de 7 000 jogadores. O público brasileiro recebeu atenção especial. Além de ter narração do apresentador Tiago Leifert e comentários de Caio Ribeiro, o jogo reproduz com fidelidade as 12 arenas nacionais que vão sediar as 64 partidas do torneio mundial. Haja coração. Copa do Mundo Fifa Brasil 2014 // EA Sports // 250 reais // Para Xbox 360 e PlayStation 3 // Lançamento_24 de abril

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E N T E R // T E L E V I S Ã O

E N T E R // L I V R O

li�ões p��a empreen�er Biz Stone, um dos fundadores do Twitter, conta em livro o que aprendeu na carreira // POR FILIPE SERRANO

UM VALE DE COMÉDIA Nova série brinca com situações vividas por empreendedores para criar uma startup no Vale do Silício // POR DIOGO ANTONIO RODRIGUEZ

DEPOIS DO CINEMA, agora é a televisão que começa a usar as startups de tecnologia como pano de fundo. O canal HBO estreia neste mês a nova série Silicon Valley, que se passa na região que é berço das empresas mais inovadoras de tecnologia. A série é uma paródia bem-humorada da cultura das startups e está mais para The Big Bang Theory do que para o filme A Rede Social (2010). O jovem programador Richard (Thomas Middleditch) vive numa espécie de incubadora e albergue, o Hacker Hostel, e tenta criar um produto de sucesso para seguir a trilha de seus ídolos do mundo da tecnologia. Richard reúne cinco colegas para montar a startup e tem de encarar os desafios e os problemas de quem tenta empreender. A empresa deve aceitar ou não o investimento de milionários que querem participação acionária? Vale a pena abrir mão do controle pelo dinheiro? Os dilemas são discutidos em meio a piadas com figuras inovadoras consagradas, como Steve Jobs (um “poser” que “não sabia escrever código”, diz um dos personagens). Entre os criadores da série está Mike Judge, responsável pela animação Beavis and Butt-Head. Ele tem conhecimento de causa. No fim dos anos 80, Judge foi engenheiro em empresas do Vale do Silício e conheceu de perto o mundo que transformará em hu// ESTREIA: 7 DE ABRIL, mor nos oito episódios de meia hora de Silicon Valley. 22H30

HÁ POUCO mais de dez anos, Christopher Isaac Stone (ou Biz Stone) estava falido, devia milhares de dólares no cartão de crédito e morava no porão da casa da mãe. Mesmo sem diploma universitário, Stone recebeu uma proposta para trabalhar no Google por indicação de Evan Williams. Assim começou a parceria entre os dois americanos que, mais tarde, criariam o Twitter, com Jack Dorsey. Em seu novo livro, Things a Little Bird Told Me, Stone, 40 anos, faz um retrospecto das dificuldades enfrentadas na carreira e conta as lições que aprendeu. “Entendi que a essência do empreendedorismo é ser alguém que faz as coisas acontecer”, escreve. A edição brasileira será lançada no segundo semestre.

SILICON VALLEY HBO

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T HINGS A L I T T L E BIRD T OL D ME , P OR BIZ STONE // 240 PÁGS. // 26 DÓLARES

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E N T E R // P E R F I L

em busca do som perfeito Apaixonado por música, o executivo Ricardo Monteiro mantém 3 000 discos de vinil e toca-discos de diferentes épocas //

POR GUSTAVO GUSMÃO

NO FIM DE MARÇO, quem entrasse na casa do executivo Ricardo Monteiro, diretor de marketing da operadora GVT, seria recebido por uma relativa bagunça. Quatro vitrolas sobre uma pilha de caixas e vários discos de vinil davam as boas-vindas e denunciavam seu hobby: colecionar LPs, toca-discos e aparelhos de som de várias épocas. Audiófilo, Monteiro mantém mais de 3 000 discos junto de um bom número de vitrolas e outros equipamentos, entre amplificadores, receivers e até um rádio da época da Segunda Guerra Mundial. Tudo é parte de sua paixão por música e de uma FOTO RAONI MADDALENA MARÇO

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obsessão por ouvi-la com a qualidade mais refinada. A mania começou cedo. Engenheiro elétrico e químico de formação, Monteiro, 48 anos, completou um curso técnico em eletrônica aos 13 anos e começou a juntar válvulas. Hoje é dono da maior coleção do mundo, com 11 000 itens. As válvulas o levaram a colecionar mais componentes, e ele passou a montar ou reformar toca-discos e outros equipamentos. A intenção? Ouvir um som o mais puro possível. Na sala estão dois belos amplificadores que levaram oito anos para ser montados. “São melhores do que muito aparelho de 10 000 reais”, diz. Monteiro ainda vende equipamentos e recebe encomendas, o que ajuda a aumentar o acervo de discos. “É um hobby autossustentável, nunca investi 1 centavo”, afirma. Seu xodó é o jazz: um vinil de Miles Davis, a edição especial de Kind of Blue, que levou mais de um ano e meio para conseguir. “Aqui só não entra dupla sertaneja desafinada”, diz Monteiro.

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E N T E R // A P P S

aplicativ�s do mês // POR GUSTAVO GUSMÃO

iPHONE

bmfbovespa

cloudsix

Bom para investidores, o app da

Traz funções extras para o Dropbox,

Bolsa de Valores de São Paulo traz

como backup automático de fo-

Útil para quem deixa o iPhone nas

informações em gráficos sobre as ações e

tos. Para WP 8 ou mais recente / Grátis

mãos de amigos. Monitora o celular

permite comparar facilmente valores e índi-

e informa se ele foi movido e qual aplicativo foi

ces. Para Android 2.2 ou mais recente / Grátis

catchr

BLACKBERRY

aberto. Para iOS 6.0 ou superior / 4,70 reais

smash hit

onedrive

weather underground

O game viciante desafia você a

Permite acessar e editar docu-

Funciona como um Waze para pre-

pontuar quebrando vidros com

mentos salvos no serviço online

visão do tempo. Os usuários contri-

bolas de metal. A munição é também a

da Microsoft. Para BB 10 ou superior / Grátis

buem com informações sobre o clima onde

vida, e é preciso administrá-la com cuida-

estão. Para iOS 7.0 ou mais recente / Grátis

do. Para Android 2.3 ou superior / Grátis

sega all-stars racing Game de corrida traz Sonic e ou-

ridge racer slipstream

ANDROID / TABLET

em 1993. Traz bons gráficos, 12 carros, 20 pistas e mais de 100 competições. Para iOS 7.0 ou mais recente / Grátis

tros 13 personagens da Sega. Para BB 10 ou mais recente / 4,70 reais

Novo game da franquia criada

typemachine Guarda tudo o que foi digitado no teclado do tablet e armazena os dados em um ambiente protegido. Ajuda a evitar

iPAD

que textos sejam perdidos acidentalmente. Para Android 4.0 ou mais novo / 4,90 reais

message finder Integra e -mails do Google, do

fairshare

Outlook e do Yahoo! e traz filtros de

Voltado para quem divide a casa

pesquisa. Para iOS 7.0 ou mais novo / Grátis

com mais pessoas, o aplicativo de visual bonito serve como uma lista de tarefas

pacemaker

e de gastos, facilitando a divisão das despe-

Intuitivo, o aplicativo de DJ se conec-

sas. Para Android 2.3 ou superior / Grátis

twitch

ta ao iTunes para alimentar a lista de músicas. Para iOS 7.0 ou superior / Grátis

WINDOWS PHONE

O Twitch é uma plataforma de streaming para gamers

ANDROID / SMARTPHONE

facebook messenger

com cerca de 1 milhão de usuários. Nela,

Recém - lanç ado par a o sis t e -

os jogadores podem assistir às parti-

ma, o aplicativo de mensagens

das ao vivo e publicar vídeos de seus

Permite que parentes compartilhem

permite conversar com os contatos do

jogos (recurso que, por ora, funciona só

fotos e vídeos em um ambiente pri-

Facebook sem precisar abrir o app da rede

no Android). Para Android 4.0 ou mais

vado. Para Android 4.0 ou mais novo / Grátis

social. Para WP 8 ou mais recente / Grátis

recente e iOS 7.0 ou mais novo / Grátis

adobe revel

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E N T E R // F O T O G R A F I A

SUPERPANORÂMICA A câmera Panono dispara sozinha suas 36 lentes quando é jogada para cima. O resultado é uma imagem em 360° // POR FILIPE SERRANO

QUALQUER TURISTA que já fez uma foto panorâmica sabe que é difícil conseguir um resultado perfeito. Jonas Pfeil, engenheiro da computação alemão de 30 anos, sentiu a dificuldade durante uma viagem e teve uma ideia para solucionar o problema: criar uma câmera que tire uma foto em 360 graus. Assim surgiu a Panono, uma esfera rodeada por 36 lentes que disparam ao mesmo tempo. O curioso é que não é preciso apertar nada. É só jogar a bola para cima. Um sensor de movimento percebe quando a altura máxima foi atingida e faz a câmera disparar. O resultado é um retrato panorâmico de 108 megapixels. “As fotos são enviadas por um aplicativo para nosso sistema. Lá elas são unidas e podem ser vistas online, numa visão parecida com a do Google Street View”, diz Pfeil. Em janeiro, o projeto da câmera arrecadou 1,25 milhão de dólares em uma campanha de crowdfunding no site Indiegogo. Segundo Pfeil, o dinheiro está sendo usado para terminar o desenvolvimento e iniciar a produção e a comercialização. Por enquanto, ela está em pré-venda por 549 dólares. “Nosso plano é entregar os primeiros modelos no terceiro trimestre”, diz ele.

VISÃO COMPLETA / Câmera faz panorâmicas até em locais movimentados

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E N T E R // E D U C A Ç Ã O

ACELERADOR DE PROJETOS LABORATÓRIO DE INOVAÇÃO DA USP INCENTIVA ALUNOS A ELABORAR IDEIAS PARA PROJETOS CRIATIVOS QUE POSSAM SER COLOCADOS EM PRÁTICA // POR DIOGO

ANTONIO RODRIGUEZ

UM PROJETO desenvolvido na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) quer transformar estudantes de graduação em criadores de novas ideias. O foco do InovaLab@Poli é incentivar os alunos a pensar projetos em áreas diversas, usando a abordagem do design thinking (método para resolver problemas) para incentivar a inovação. Criada em 2013, a iniciativa tem três laboratórios equipados com impressoras 3D e computadores, uma disciplina da graduação e conta com a participação de alunos da faculdade num curso oferecido globalmente pela Universidade Stanford, nos Estados Unidos. Dois editais de 500 000 reais da universidade garantiram o financiamento do projeto, que é coordenado pelos professores Roseli Lopes e Eduardo Zancul. Em fevereiro, 40 alunos da Poli e de diversos cursos de graduação da USP começaram as aulas da disciplina ministrada

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pelo InovaLab@Poli. Cada um dos nove grupos de estudantes tem até o fim do semestre para propor uma solução aos desafios feitos por empresas e órgãos públicos, e um profissional de cada instituição fica à disposição dos alunos para responder às dúvidas e acompanhar os projetos. “Procuramos uma aproximação maior com as empresas, o que não é muito comum no Brasil”, afirma Roseli. Cada grupo tem 1 000 reais à disposição para usar no desenvolvimento do projeto. A ideia principal por trás do InovaLab@ Poli vai além de criar um espaço para a inovação dentro da universidade — um dos propósitos é ter impacto dentro da iniciativa privada. “Nos Estados Unidos, muitas empresas ajudam as universidades sem se preocupar com a propriedade intelectual, porque sabem que o principal papel das instituições é formar gente criativa, que, num segundo momento, vai estar dentro das empresas. Aqui estamos fazendo algo semelhante”, diz Roseli.

LUGAR DE CRIAÇÃO / Laboratório da Poli-USP é equipado com impressora 3D para estimular a criatividade

FOTO LANA PINHO

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AIRBNBOI Startup da Bahia cria plataforma para o aluguel de pastagens, ao estilo Airbnb, mas para o gado escapar da seca // POR THIAGO TANJI

QUEM DISSE QUE AS EMPRESAS de tecnologia conseguem solucionar apenas os problemas das cidades? Criada em setembro de 2013, a startup Pastar oferece um marketplace online para pecuaristas negociarem gado, além de disponibilizar um sistema de busca de pastagens para alugar durante os períodos de estiagem, ao estilo Airbnb. Filho de um pequeno produtor de gado leiteiro, o baiano Matheus Ladeia, 20 anos, teve a ideia de montar o negócio após acompanhar as dificuldades enfrentadas pelos fazendeiros durante os períodos sem chuvas. “A seca que atingiu a Bahia nos últimos anos foi intensa. Quando as reservas de alimento acabavam nas fazendas, precisávamos levar os animais para outras propriedades rurais na região, mas não tínhamos conhecimento sobre terras disponíveis”, afirma Ladeia, que também é estudante de engenharia. Segundo a empresa, a pecuária da Bahia registrou prejuízo de 1,1 bilhão de reais em 2012, causado pela perda de animais decorrente da forte estiagem.

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Trabalhando ao lado de dois sócios, Matheus Ladeia conta com o apoio da Cooperativa de Produtores de Vitória da Conquista para buscar novos clientes. Após o pecuarista escolher a propriedade mais adequada ao seu caso, a startup realiza a intermediação do negócio entre os proprietários, com a assinatura de um contrato prévio. “Implantamos um cálculo automático para frete e vamos desenvolver um sistema de geolocalização para o pecuarista encontrar as melhores oportunidades de terras”, diz Ladeia, que nasceu em Vitória da Conquista e mora em Salvador. Como modelo de negócio, a Pastar recebe uma porcentagem na

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E N T E R // S U P E R A Ç Ã O negociação futura das cabeças de gado. Além da parceria com a cooperativa, a empresa recebe o auxílio da incubadora de negócios da Universidade Salvador (Unifacs). Os jovens estudam agora a criação de um sistema de monitoramento bovino de baixo custo para que os proprietários rurais consigam obter informações remotas de seu rebanho e saibam as condições dos animais. Com cerca de 60 clientes cadastrados na plataforma e quatro operações concluídas, a startup pretende fechar 2014 com mais de 200 transações entre os fazendeiros, movimentando aproximadamente 1,5 milhão de reais. “Isso significa que salvaremos de 2 000 a 3 000 animais”, afirma Ladeia.

OUTRAS STARTUPS DO CAMPO

JOGO PARA CEGOS Quase 1 000 efeitos sonoros simulam o cenário de BlindSide, o primeiro game para deficientes visuais // POR GABRIEL GARCIA

E.GADO O que faz _ Desenvolveu um sistema online para realizar leilões de cabeças de gado

MINHATROPA O que faz _ Plataforma de interação e negociação entre criadores de equinos

XOBOI O que faz _ Plataforma para encontrar e comprar insumos para a fazenda, como vacinas e alimentos

CH4 SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS O que faz _ Trabalha com produtores rurais para estimular a produção de biogás nos criadouros de animais

UM PROFESSOR e a namorada precisam fugir de um prédio infestado de zumbis. O problema: eles não enxergam. É assim que começa o enredo de BlindSide, primeiro game para deficientes visuais, criado por dois ameWindows e Mac ricanos. Sem referência visual, é o som que dá (R$ 9,43) e a noção espacial. A origem de BlindSide está em iOS 3.1.3 ou superior um acidente em uma aula de química. Aaron (US$ 2,99) Rasmussen, criador do jogo, ficou impossibilitado de enxergar por algumas semanas depois de uma explosão no colégio. “Acordei no hospital e tudo estava preto”, diz. Em 2011, ele encontrou o colega de faculdade Michael Astolfi, que fazia mestrado em design de games. Rasmussen contou que havia feito um roteiro com base na experiência, e o amigo teve a ideia de criar um audiojogo. A dupla arrecadou 14 000 dólares no Kickstarter e levou um ano para terminar o game. Foram projetados cenários 3D e então criados os sons de cada ambiente. São quase 1 000 efeitos. O game registrou milhares de downloads, e os criadores foram procurados por um instituto para criar uma linguagem de programação para cegos. Astolfi quer inspirar outros games acessíveis. “Há pessoas que gostariam de mais jogos assim, mas as grandes desenvolvedoras não se interessam por elas”, diz Astolfi.

BLINDSIDE

ILUSTRAÇÃO EVANDRO BERTOL

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I D E I A S // V I V E N D O E M B E T A

O FIM DO DOWNLOAD Muito mais do que armazenamento virtual, a nuvem ganhou serviços para o desenvolvimento online de aplicativos

MUITAS VEZES acho a tecnologia meio idiota. Plataformas que não se comunicam, sistemas operacionais fechados e hardware que não facilita o intercâmbio entre diferentes aparelhos. Ao criar um aplicativo é preciso escolher entre várias plataformas, e os softwares precisam ser compatíveis com o sistema operacional. Um jogo criado para a web muitas vezes precisa ser totalmente reconstruído para ser usado no celular. Em uma reunião recente em que a discussão era sobre se o lançamento de um produto deveria acontecer primeiro no smartphone ou no website, um programador comentou que no futuro essa conversa vai ser irrelevante, porque não existirá mais “download de aplicativos”. Curiosa, fui pesquisar e deparei com uma maneira completamente diferente de pensar sobre a computação em nuvem. Atualmente, sabemos que a nuvem é geralmente usada para armazenamento de dados, ou seja, arquivos não são guardados

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no hard drive, mas em serviços que podem ser acessados de qualquer lugar do mundo, a qualquer hora. Mas e se a nuvem servir para mais do que isso? Apesar de o acesso remoto ser sua atividade mais popular, a nuvem pode também nos ajudar a fazer cálculos rápidos e complexos, como renderizar um desenho em 3D. Geralmente usamos programas instalados em nossos computadores e smartphones para executar tarefas como essa. Mas pouco sabemos que esse tipo de atividade pode também ser perfeitamente feito na nuvem. Apesar de os usos alternativos da nuvem serem pouco divulgados, evidências de seu emprego já começam a aparecer na prática. A Amazon lançou um serviço que desde novembro de 2013 tem sido testado por um número restrito de desenvolvedores. O serviço é o AppStream e vai além do storage virtual. Ele permite que programadores usem uma infraestrutura para transmitir aplicativos e jogos da nuvem. Porque a parte mais complicada da computação acontece fora do aparelho do usuário, tudo fica mais rápido. Fazer a parte mais pesada da computação na nuvem, além de usá-la para arma-

zenamento, é uma ação esperta da Amazon, que vai deixar na mão competidores como Rackspace e outros. Mas a Amazon não é a única a oferecer a habilidade de usar software na nuvem. Empresas como Numecent e Otoy também oferecem serviços alternativos. A Numecent arrecadou 13,6 milhões de dólares da Deutsche Telekom por dominar a tecnologia de cloudpaging. Ela permite usar em minutos parte de programas que demoram horas para baixar. Já a Otoy permite a renderização de imagens na nuvem e já faz parte da linha de produção da maioria dos estúdios de efeitos visuais. Quando usei o GoogleDocs pela primeira vez, achei a ideia maravilhosa. Mas empresas como a Amazon, a Numecent e a Otoy adotaram esse conceito dinâmico de nuvem e multiplicaram suas aplicações, abrindo as portas para um futuro interessante. Poderia ser esse um futuro onde qualquer hardware se comporta de modo aberto, onde sistemas operacionais podem ser acessados independentemente do hardware? Onde a nuvem não só armazena seus jogos, música, filmes e documentos mas é também responsável pela criação deles? �

Alessandra Lariu, 41 anos, é publicitária e cofundadora do site SheSays, que ajuda mulheres a entrar na carreira de criação digital. Empresária, ela mora em Nova York. ILUSTRAÇÃO EVANDRO BERTOL

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I D E I A S // B I Z T E C H

NO HYPE DOS DADOS Só vai aproveitar as maravilhas do big data a empresa que mudar sua cultura e tomar decisões orientadas pela análise de dados

VOCÊ JÁ DEVE ter participado de uma reunião em que alguém disparou uma série de termos ligados ao mundo dos dados: big data, algoritmos, aprendizado de máquina, modelos preditivos, map-reducem, hadoop... Se não entendeu nada, não se preocupe. É bem provável que a pessoa que falou também não faça bom uso de toda essa tecnologia. A promessa que veio com o hype do big data foi que as empresas que adotassem essa tecnologia teriam insights fantásticos sobre seus negócios, aprimorariam a tomada de decisões e, como consequência, atingiriam resultados cada vez melhores. Eu mesmo falei disso aqui na coluna há dois anos. Milhões de dólares em investimentos depois, várias empresas que abraçaram o big data não conseguiram tirar muito proveito. A razão está numa única palavra: cultura. Não estou dizendo que big data, ou o mundo orientado a dados, não veio para ficar ou que não é tão poderoso assim. O ponto é

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que para tirar proveito de toda essa revolução é preciso muito mais do que investimentos em TI e bons cérebros em sua folha de pagamentos. Mas a questão é bem simples. As tecnologias de big data não passam de ferramentas, muitas já velhas conhecidas da TI e de acadêmicos das áreas de computação, matemática e estatística. Mesmo que elas sejam bem pilotadas por esses profissionais, isso não garante seus benefícios. A proximidade com as áreas de negócios é fundamental. São elas que conhecem os problemas que merecem ser resolvidos. Mas, historicamente, as empresas trabalham muito pouco orientadas a dados, e a realidade é que elas fazem pouco uso dos dados que já têm. É comum que a paralisia seja justificada pela falta de ferramentas, de mais dados ou de dados melhores. Quem nunca participou de uma reunião em que cada integrante utilizava uma fonte de dados diferente? Todos esses fatores são indicadores de empresas bastante imaturas ao lidar com dados e a tomar decisões de maneira mais pragmática, com base em análises e em informações confiáveis. Não importam o tamanho do investimento em ferramentas, a qua-

lidade da equipe de TI e os currículos dos Ph.Ds, o big data deixará a desejar. É preciso trabalhar no filé com fritas antes de tentar o estrogonofe. Por fim, a mudança mais difícil e mais transformadora é trazer a cultura de orientação a dados para todos os níveis da empresa. Tanto que as empresas que têm tirado o melhor proveito dessa incrível tecnologia são aquelas que já trabalhavam com uma cultura de tomada de decisão com base em dados e na coleta de evidências objetivas para suportar suas escolhas. Nessas podemos identificar uma característica fundamental e que acredito ser a mais crítica de todas: a capacidade de fechar rapidamente o loop entre os dados e as ações. Esse instinto das empresas realmente orientadas a dados é o que torna real os ganhos com big data. A ideia é simples, mas extremamente poderosa. Se você tem um insight de que algo pode funcionar melhor, a maneira de saber se isso é verdade é agindo e testando. Se for verdade, o ganho já está garantido. Se não for, é hora de voltar para os dados e encontrar outro insight e fazer outros testes. Assim ficará cada vez melhor. Então, da próxima vez que pensar em big data, não pense, aja! �

Manoel Lemos, 39 anos, é engenheiro da computação, especialista em supercomputação, empreendedor, investidor em tech startups e diretorgeral digital da Abril Mídia. É apaixonado por mergulho com tubarões. ILUSTRAÇÃO EVANDRO BERTOL

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QUER LER DE FORMA RÁPIDA? A Spritz é uma startup que planeja transformar a maneira como lemos, ao acelerar a velocidade de reconhecimento das palavras

RSVP É UMA sigla geralmente incluída em convites, que significa, na tradução do francês, responda por favor. A sigla está sendo usada com muito bom humor pela empresa Spritz para anunciar uma tecnologia revolucionária: a Apresentação Visual Rápida em Série. A Spritz é uma empresa com sede em Boston que pretende “apenas” mudar o modo como lemos há milênios, aumentando nossa velocidade de compreensão. O que pode significar uma aceleração dramática na capacidade de absorção de conhecimento e informação? Imagine uma criança aprendendo a ler com esse método. Para criar a tecnologia, a Spritz estudou a fundo o processo de leitura. Partiu de dois princípios básicos: 1) Aproveitamos apenas 20% do tempo de leitura. Nos outros 80% nossos olhos estão viajando pela página, atraídos por alguma forma de distração. 2) Lemos naturalmente uma palavra de cada vez, procurando uma ORP (optimal recognition position). Reconhecemos cada palavra a partir

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de uma única letra. Numa palavra de três letras, por exemplo, a ORP é a letra do meio. Ou seja, lemos a palavra “tio” a partir do “i”. Quanto mais longa a palavra, mais essa letra de identificação se desloca para a esquerda. Com seu aplicativo, a Spritz pode poupar nossos olhos de viajar pela página fazendo com que as palavras apareçam — uma de cada vez — numa janela. Não precisamos procurar as letras — elas vêm nos buscar. Tudo o que precisamos é olhar para a janela. E o programa destaca em vermelho a letra ORP, o que nos poupa outra busca. O foco é total, e os 80% de desperdício de tempo cai para quase zero. Você deve estar lendo este texto a uma velocidade média de 220 WPM (palavras por minuto). O site da Spritz tem um simulador do aplicativo. A velocidade mínima que ele oferece é de 250 palavras por minuto, um pouco maior do que a velocidade da leitura normal. Quando o cérebro se acostuma ao novo modo de ler, o usuário pode aumentar para 300 WPM, 350, 400… Já tem gente lendo textos a 1 000 WPM. Isso significa ler um livro da série Harry Potter em menos de 90 minutos. Onde a tecnologia da Spritz pode ser aplicada? Em qualquer forma de

leitura digital. Um e-book, uma revista, um e-mail, um torpedo, um relatório em PDF. No computador, no reader, no tablet, no celular. Mas ainda é um projeto em busca de parceiros e investidores. Ele está sendo lançado neste mês em formato piloto no Samsung Galaxy S5 e no smartwatch Gear 2. Não tenho a menor dúvida de que em seguida isso vai se espalhar pelo mundo. O Spritz deverá ainda causar uma previsível reação de repulsa nas chamadas elites intelectuais. No dia seguinte ao anúncio do projeto, li as duas primeiras reportagens criticando o sistema. Virão mais. Se essas elites não suportam a simples leitura convencional num tablet, o que vão dizer de um método revolucionário como o Spritz? Nem tudo será lido com o acelerador. Um livro de poesia ficará melhor numa leitura tradicional. Mas vivemos uma época em que a verdadeira liberdade de criação está no campo das chamadas “ciências exatas”. Engenheiros e programadores estão colorindo nossa vida com ousadias impensáveis e mudanças vertiginosas. No campo das “humanas”, há quem condene o que não consegue compreender. Fará o mesmo com o acelerador de leitura? Tentará banir seu uso nas escolas? �

Dagomir Marquezi, 60 anos, dividiu sua vida entre o jornalismo e a ficção. Escreveu novelas, musicais e roteiros de cinema. Há 16 anos acompanha a tecnologia em sua coluna na INFO. ILUSTRAÇÃO EVANDRO BERTOL

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INTERNET PARA TODOS Os princípios e as regras que vão reger a rede mundial devem garantir o respeito aos direitos e à liberdade dos usuários

A NETMUNDIAL, ou Reunião Multissetorial Global sobre o Futuro da Governança da Internet, não é uma reunião para governos ou especialistas técnicos. É para todos. A convite da presidente Dilma Rousseff, chefes de Estado, líderes de governos, da sociedade civil, comunidade técnica, setor privado, principais companhias de internet, usuários e especialistas do mundo inteiro vão se reunir em São Paulo, nos dias 23 e 24 de abril, para, juntos, criar princípios e propor um roteiro para a evolução do ecossistema de governaça da internet. É uma reunião que vai contribuir para definir a internet de amanhã. Por isso, espero que a NETMundial seja o começo de uma discussão de importância crucial sobre como o mundo rege a internet. Da mesma maneira que a internet foi construída com uma arquitetura aberta, essa conferência é aberta e inclusiva. Todos podem contribuir, seja enviando propostas por escrito antecipadamente, seja participando da reunião, seja fornecendo comentários ou

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opiniões para quaisquer relatórios ou trabalhos publicados após o encontro. Mas por que a governança da internet é um assunto importante para todos? Porque a internet é uma poderosa força econômica, social e política. Ela mudou para sempre a maneira de nos conectar e a dinâmica da interação entre os cidadãos e seus governos. Não é segredo que a economia digital esteja ultrapassando a economia tradicional no mundo inteiro. E uma economia digital pujante depende de uma internet estável, acessível e inclusiva, de uma internet com baixo nível de fricção. Para 2016, a expectativa é que a economia da internet no Brasil se expanda para 2,1 bilhões de dólares, de acordo com o Boston Consulting Group, em relatório publicado em janeiro deste ano. Em 2010, a economia digital do Brasil era um pouco maior do que 1 bilhão de dólares. Ao ganhar um papel cada vez mais importante na vida econômica e social, a internet provocou um debate sobre a administração de alguns elementos da infraestrutura, do comércio, do discurso e da interação digitais. É por isso que devemos nos reunir para fixar regras sobre como a internet deve ser regida e sobre quais princípios vão nos orientar.

Entre esses princípios devem estar a proteção de uma internet global para todos e a criação de uma estrutura de governança que seja colaborativa e que nos garanta uma rede com baixas barreiras. Além disso, essa estrutura deve respeitar os direitos e as liberdades fundamentais dos usuários; deve ser inclusiva e respeitar a diversidade; e deve ser um espaço em que todos os participantes colaborem em pé de igualdade. Deveria ser ágil, dinâmica e em constante evolução para poder seguir o ritmo da inovação tecnológica. O que acontecerá se não criarmos esse ecossistema ou acordo colaborativo de governança da internet? Poderá haver uma fragmentação em múltiplos níveis na maneira como a internet é administrada e nas regras por trás dessa gestão. Isso vai criar uma fricção que poderá impedir que consumidores, companhias e países colham os benefícios da economia digital e o poder da força social, econômica e política da internet. A governança é muito importante. Chegou a hora de todos nós, que dependemos da internet, começarmos a pensar como ela deverá ser gerida para garantir sua segurança, estabilidade, flexibilidade e crescimento no futuro. �

Fadi Chehadé, 50 anos, é presidente e diretor executivo da Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números (Icann), entidade responsável por definir as diretrizes da internet no mundo. ILUSTRAÇÃO EVANDRO BERTOL

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INOVAÇÃO

GUERRA? UH! O QUE HÁ DE BOM

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AS INVENÇÕES MILITARES NÃO CAUSAM SÓ MORTES. PODEM GERAR GRANDES INOVAÇÕES. VEJA ALGUMAS QUE CHEGARAM AO MERCADO. E AS QUE VIRÃO NO FUTURO *

POR

GARY MARSHALL (T3) *

ILUSTRAÇÃO

EBOY

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1. 1991_ENERGIA PARA A OPERAÇÃO TEMPESTADE NO DESERTO AGORA_BATERIAS RECARREGÁVEIS As forças no Iraque não tinham baterias suficientes. Os Estados Unidos investiram em empresas como a Bren-Tronics para criar baterias recarregáveis.

5 2. 1959_MÍSSEIS DE LIGA DE MAGNÉSIO AGORA_MICROSOFT SURFACE 2 Material leve e resistente, a liga de magnésio foi usada na fuselagem de aeronaves, em motores a jato e em mísseis. A Microsoft aproveitou a tecnologia no chassi do Surface.

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3. 1990_IDENTIFICAÇÃO BIOMÉTRICA AGORA_APPLE TOUCHID A biometria deve demais ao Exército. As Forças Armadas injetaram dinheiro em empresas como a AuthenTec, que foi comprada pela Apple por 365 milhões de dólares em 2012. Suas patentes ajudaram a trazer o TouchID para o iPhone 5s.

4. 1945_MIRA TELESCÓPICA AGORA_VISÃO NOTURNA DE CARROS Em 1945, a mira telescópica tinha alcance de 100 metros, com luzes infravermelhas tão grandes que precisavam ser montadas em caminhões. Mas inspirou a tecnologia que alerta os motoristas dos perigos à noite, usada hoje nos carros BMW Série 7.

6 5. 2009_RADAR A LASER AGORA_SENSORES DO XBOX KINECT O Kinect foi criado pela PrimeSense, empresa formada por ex-engenheiros do Exército israelense. Usa projetor infravermelho e câmera, somados a um microchip, para rastrear movimento. Agora o Exército investiga maneiras de usar o Kinect.

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6. 1919_DADOS DO MINISTÉRIO DO AR AGORA_APPS DE PREVISÃO DO TEMPO O Ministério do Ar monitorou o céu para a Força Aérea Real até 1964. Os pontos de coleta usavam radar e observações aéreas e de superfície. Muitos deles continuam em uso até hoje, proporcionando informações para aplicativos como o BBC Weather.

10 7. 1940_SISTEMAS DE RADAR AGORA_FORNO DE MICRO ONDAS Um magnetron gera pulsos de alta potência. Essa tecnologia tornou possível o radar de alta precisão. Após a Segunda Guerra Mundial, Percy Spencer a empregou no micro-ondas Radarange, que esquentou o primeiro de muitos congelados.

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8. 1960_FURADEIRAS DA NASA AGORA_ASPIRADOR DE PÓ DUSTBUSTER A demanda dos cientistas espaciais por uma furadeira portátil para extrair amostras da superfície da Lua levou à invenção de um motor de baixo consumo elétrico que ajudou no desenvolvimento do primeiro aspirador de pó de mão Dustbuster.

9. 1975_CHAPAS DIGITAIS AGORA_CÂMERAS DIGITAIS A câmera digital foi inventada pela Kodak em 1975, mas o conceito veio do laboratório de propulsão da Nasa, primeiro a descrever o uso de fotossensores. O mesmo princípio básico pode ser encontrado nos sensores CMOS modernos.

10. 2001_COMUNICAÇÃO DAS FORÇAS ESPECIAIS AGORA_ÁUDIO DO GOOGLE GLASS A condução óssea, que transmite o som pelo maxilar, foi adotada pelos militares em operações furtivas das forças táticas avançadas, a fim de não revelar sua localização. Tecnologia semelhante é agora empregada no Google Glass.

12 11. 1980_ABAFADOR DE RUÍDO AGORA_FONES DE OUVIDO JAWBONE ICON A tecnologia de abafamento de ruídos dos fones de ouvido com Bluetooth da Jawbone tem como base os algoritmos criados para que ordens dadas a pilotos de helicóptero nas guerras não se perdessem por causa do barulho.

12. 2009_TELAS FLEXÍVEIS AGORA_TABLET FLEXÍVEL PLASTIC LOGIC O Exército americano trabalhou com os laboratórios da HP e da Raytheon para criar computadores flexíveis montados sobre o pulso para uso no campo de operações. A ideia é substituir o vidro por PET, ponto de partida para o tablet flexível da Plastic Logic.

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SUA VIDA NO FUTURO

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OS EQUIPAMENTOS MILITARES MAIS AVANÇADOS DE HOJE VÃO UM DIA TRAZER INOVAÇÃO À SUA SALA E ÀS RUAS, COM PRODUTOS QUE PODERÃO POUPAR TEMPO E SALVAR VIDAS

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1. AGORA_CAMUFLAGEM ADAPTIV ATÉ 2030_MANTOS DE INVISIBILIDADE A camuflagem Adaptiv, da BAE Systems, faz um tanque desaparecer usando um conjunto de painéis capazes de exibir imagens iguais às dos arredores. Com o avanço das telas flexíveis de polímeros, a tecnologia poderá tornar uma pessoa “invisível”.

2. AGORA_CÂMERA PARA DRONES ATÉ 2020_CÂMERAS PADRÃO GIGAPIXEL A câmera Argus-IS usada em drones tem resolução de 1,8 gigapixel, garantida por 368 sensores e quatro lentes conectadas a dois processadores de imagens. Pode ver um objeto de 15 cm a 6 000 metros de altura. Coloquem esse sensor nas câmeras do consumidor!

3. AGORA_ARMAS COM WI FI ATÉ 2020_CARROS GUIADOS POR WI FI A Precision Guided Firearm, da TrackingPoint, ajusta a mira automaticamente para compensar a velocidade do vento. Sua combinação de sensor a laser de alcance, câmera HD e computador interno pode ser útil – e menos mortífera – em carros autopilotados.

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4. AGORA_WARRIOR WEB (DARPA) ATÉ 2030_SUPERFORÇA PARA TODOS O exoesqueleto financiado pela Darpa dá aos soldados força sobre-humana usando a hidráulica. Essa tecnologia ajudará pessoas com mobilidade reduzida (o TitanArm reabilita traumas nas costas) e trará mais emoção aos esportes extremos.

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5. AGORA_SATÉLITES CÚBICOS SOCOM ATÉ 2035_MONITORAMENTO DAS RUAS Os Estados Unidos estão colocando pequenos satélites em órbita para rastrear pessoas. Os cubesats são equipados com câmeras gigapixel e versão ao vivo do Google Maps. Podem ser usados com drones para monitorar as ruas em tempo real.

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6. AGORA_ÁUDIO 3D, DA RAYTHEON ATÉ 2015_GAME DE REALIDADE VIRTUAL O Oculus Rift soluciona o lado visual dos games de realidade virtual, mas o sistema de áudio 3D criado para aprimorar a consciência espacial dos pilotos, ao ecoar sons dos ruídos de disparos próximos, deve trazer aos games de tiro o mesmo grau de tensão.

7. AGORA_ROBÔS MESHWORM ATÉ 2020_PRÓTESES AVANÇADAS O robô Meshworm, do MIT, tem o corpo parecido com o de uma minhoca. Usa o princípio peristáltico para se mexer, com músculos artificiais que se expandem e contraem. A técnica será usada para criar próteses que se movem com a fluidez de músculos reais.

8. AGORA_BIO PATCH ATÉ 2030_GESSO PARA CICATRIZAR OSSOS Em desenvolvimento, o bio-patch, da Universidade de Iowa, usa uma combinação de colágeno e nanopartículas repletas de DNA para cicatrizar ossos danificados. Foi testado somente em animais, mas pode um dia chegar a seu kit de primeiros-socorros.

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9. AGORA_ROBÔS BOSTON DYNAMICS

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ATÉ 2025_MORDOMOS ROBÔS Robôs da Boston Dynamics, como o BigDog e o Atlas, são ainda voltados para fregueses militares. Mas, agora que a empresa foi comprada pelo Google, a destreza e o software devem melhorar para, no futuro, cuidar da faxina e da segurança domésticas.

OS DRONES ESTÃO AÍ... ...E HÁ MUITAS FUNÇÕES PARA ELES

CONSTRUÇÃO Os drones chegam a qualquer lugar e o Instituto Federal de Tecnologia da Suíça acredita que isso fará deles bons operários para a construção civil. Equipes de drones já tecem estruturas a partir de cabos metálicos, e o que se vislumbra são esquadrões de peões voadores construindo pontes e prédios.

VEÍCULOS DE ENTREGA A Amazon ganhou as manchetes com o Prime Air, drone que um dia poderá fazer suas entregas. Mas isso já acontece na China. Em Xangai, uma padaria antenada às novidades tecnológicas chegou a tentar entregar seus bolos usando robôs aéreos, mas a ideia brilhante logo foi vetada pelas autoridades.

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SUPERESPIÕES Os drones são menores do que as aeronaves tradicionais, mas ainda é fácil abatê-los. Porém, isso está mudando. Protótipos como o Maveric, da Prioria Robotics, assemelham-se a pássaros, tornando mais difícil a detecção. Já o RQ-180, da Northrop Grumman, foi criado para ser o mais furtivo dos drones.

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m�n�agens �em li�ite PREOCUPADO COM A PRIVACIDADE NESSA NOVA FASE DO WHATSAPP? INTERESSADO EM TORNAR O PAPO PELO CELULAR MAIS DIVERTIDO? LISTAMOS AS BOAS OPÇÕES DE APPS PARA BAIXAR E CONVERSAR COM OS AMIGOS * POR THIAGO TANJI

CIFRAS À PARTE, a única coisa que os 465 milhões de usuários do WhatsApp querem saber sobre a recente compra do aplicativo pelo Facebook é se as quase 50 bilhões de mensagens trocadas diariamente vão continuar seguras. Uma organização americana de proteção à privacidade chegou até a enviar um documento à Federal Trade Commission (Comissão Federal do Comércio) solicitando uma investigação sobre a aquisição, para saber qual o impacto que o negócio terá na privacidade dos usuários. O fundador do WhatsApp, Jan Koum, apressou-se em dizer que o sigilo das conversas continuará

* ILUSTRAÇÃO DENIS RODRIGUES

inalterado. “O respeito à sua privacidade está no nosso DNA”, afirmou Koum em um post no blog da empresa. A polêmica esquentou ainda mais o mercado de aplicativos de mensagens instantâneas, um fenômeno recente que já faz as operadoras de telefonia deixar de faturar 33 bilhões de dólares por ano com serviços de SMS em todo o mundo. Até 2016, o valor da perda deverá somar 54 bilhões de dólares, segundo a consultoria inglesa Ovum. Os aplicativos de comunicação instantânea crescem de modo vertiginoso. Conquistam os usuários com cada vez mais recursos, como chamadas por voz, fotos que se autodestroem e GIFs animados. Existem opções para todos os gostos e necessidades. Listamos, nas próximas páginas, os apps que realmente valem a pena. Veja por que e escolha sua alternativa ao WhatsApp.

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INOVAÇÃO RELAY RELAY INC. iOS/ANDROID/GRÁTIS

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Sabe aquele seu amigo engraçadinho que adora enviar memes? É melhor que ele fique longe do Relay, aplicativo criado em 2012 em Toronto, no Canadá. A ideia do serviço é rechear a conversa com GIFs disponíveis no acervo do sistema ou que podem ser feitos com a câmera do smartphone do usuário. “Procuramos desenvolver um aplicativo que faça rir e que aproxime as pessoas de seus amigos”, disse a INF O Jon McGee, cofundador do Relay. Sem revelar o número de usuários do Relay, McGee afirma que o Brasil já é um dos maiores mercados para o app e, por isso, foi o primeiro país a receber tradução. Vale experimentar e convidar os amigos.

TELEGRAM MESSENGER TELEGRAM iOS/ANDROID/GRÁTIS Dias após a compra do WhatsApp pelo Facebook, mais de 5 milhões de pessoas decidiram instalar em seu smartphone o aplicativo Telegram Messenger. Desenvolvido em código aberto, o app aposta na troca de mensagens criptografadas. Lançado em setembro do ano passado, em Berlim, o Telegram Messenger foi criado pelos irmãos russos Pavel e Nikolai Durov, responsáveis pelo desenvolvimento da rede social VKontakte, popular no Leste Europeu, com cerca de 240 milhões de usuários.

WICKR WICKR iOS/ANDROID/GRÁTIS

SNAPCHAT SNAPPY SOFTWARE iOS/ANDROID/GRÁTIS Antes de o Facebook desembolsar 19 bilhões de dólares pelo WhatsApp, a empresa de Mark Zuckerberg ofereceu 3 bilhões de dólares para levar o Snapchat, aplicativo criado em 2011 na Califórnia que conta com cerca de 60 milhões de usuários. Mas Evan Spiegel e Bobby Murphy, os criadores do app, recusaram a oferta em novembro do ano passado. A dupla não queria colocar em risco uma característica particular do serviço, que envia imagens capazes de se autodestruir em até 10 segundos. Boa opção para quem não abre mão da privacidade.

Lançado em junho de 2012, o Wickr pode ser considerado uma versão mais robusta do Snapchat. Permite enviar fotos, arquivos, mensagens de áudio e de texto que se apagam após um período determinado pelo usuário. Além disso, o aplicativo utiliza criptografia para as conversas, evitando vazamento de informações. Com mais de 1 milhão de mensagens trocadas por dia no mundo, o Wickr recebeu investimento de 9 milhões de dólares em março deste ano. Ótimo para quem não quer ver nenhum segredo revelado, mas quer gerenciar o que deve ou não ser apagado.

VIBER VIBER MEDIA iOS/ANDROID/WINDOWS PHONE/ BLACKBERRY/DESKTOP/GRÁTIS Com mais de 300 milhões de usuários no mundo, o aplicativo israelense Viber é o grande concorrente do WhatsApp no Brasil. Para ganhar mercado no país, o serviço aposta na presença em diferentes plataformas, inclusive no desktop. Outro diferencial são as ligações gratuitas que podem ser feitas entre os usuários, além do recurso Viber Out, que faz chamadas para celular e telefone fixo,

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com tarifação. Em fevereiro, o app foi comprado pela japonesa Rakuten por 900 milhões de dólares. “O WhatsApp é gratuito no primeiro ano e depois há cobrança. E o usuário brasileiro não tem o costume de pagar quando existe uma opção melhor gratuita”, afirma Luiz Felipe Barros, diretor da empresa no Brasil. O Viber conta com 13 milhões de usuários no país.

sagens trocadas a cada minuto durante o Ano-Novo de 2014. Apesar de gratuito, o app estimula a compra de games que rodam dentro da plataforma, além de figurinhas que são trocadas entre os usuários. Até o fim do ano, o serviço espera alcançar uma receita de 1,1 bilhão de dólares.

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LINE LINE CORPORATION iOS/ANDROID/WINDOWS PHONE/ BLACKBERRY/DESKTOP/GRÁTIS

WECHAT TENCENT iOS/ANDROID/WINDOWS PHONE/ BLACKBERRY/DESKTOP/GRÁTIS Com recursos similares aos do WhatsApp, o WeChat domina o mercado chinês e conta com mais de 270 milhões de usuários ativos. Segundo a Tencent, empresa que criou o app, foram mais de 10 milhões de men-

Lançado no Japão em 2011, o serviço de mensagens Line é outro grande concorrente do WhatsApp no mercado asiático. Com mais de 360 milhões de downloads registrados, o aplicativo permite a realização de conversas por voz e videochamadas entre os usuários, além da troca de figurinhas interativas que podem ser compradas em uma loja dentro do app. Estimativa do banco BNP Paribas mostra que o Line tem valor de mercado de 14,9 bilhões de dólares, cifra que poderá ser paga pela empresa japonesa de telecomunicação SoftBank, interessada em adquirir o aplicativo.

ZELLO ZELLO INC iOS/ANDROID/WINDOWS PHONE/ BLACKBERRY/DESKTOP/GRÁTIS O que há em comum entre os manifestantes que ocuparam as ruas na Ucrânia, na Venezuela, na Turquia e no Egito? O serviço para a troca de mensagens Zello. Como um walkie-talkie, o app permite criar conversas particulares ou em grupo, uma mão na roda para organizar protestos. Com 55 milhões de usuários, o Brasil é o quarto mercado mundial do serviço. “O Zello é bastante popular entre as empresas que buscam um serviço de walkie-talkie. E nosso modelo de negócios baseia-se em assinaturas para os interessados em fazer negócios”, disse a INFO Bill Moore, presidente da startup Zello, criada em 2011 no estado americano do Texas. �

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INOVAÇÃO

C I E N T I S TA S &

EMPREENDEDORES Eles são do interior de São Paulo e atuam em biotecnologia, uma área quente para startups. Conheça cinco novos negócios que apostam em pesquisa e inovação ≥ POR FILIPE SERRANO E THIAGO TANJI ≥ FOTOS FILIPE REDONDO

Elas nascem da ideia de pesquisadores altamente especializados, formados nas melhores uni-

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versidades. Criam produtos inovadores, fruto de estudos científicos top, e têm alto potencial de crescimento. A descrição é perfeita para as startups do Vale do Silício, onde engenheiros transformam conhecimento em grandes negócios, mas serve também para uma nova leva de empresas brasileiras que têm como base as pesquisas avançadas nas áreas de agropecuária, saúde, bioenergia e novos materiais. Outro ponto em comum é a a biotecnologia, ou seja, os produtos são criados a partir do conhecimento de processos biológicos. Para mostrar o que há de mais inovador na área, INFO percorreu 1 770 quilômetros pelas estradas de São Paulo para conhecer de perto cinco dessas novas empresas de biotecnologia. Todas foram fundadas por cientistas que se tornaram empreendedores, buscaram financiamento público e tiveram a orientação de incubadoras. Hoje elas já começam a atuar no mercado ou estão prestes a lançar a operação comercial. “O avanço tecnológico nessa área ocorre em uma velocidade muito grande, e uma das vocações do Brasil são justamente as pesquisas feitas em centros de excelência”, afirma Francisco Jardim, fundador do SP Ventures, fundo de investimento com foco em empresas com base científica nas áreas de agropecuária, saúde, novos materiais e tecnologia da informação. Com dinheiro privado e de agências públicas, Jardim pretende colocar 109 milhões de reais nos próximos três anos em até 22 empresas desses setores. O momento é oportuno. O Brasil é apontado como um dos países emergentes mais promissores para o setor em relatório do banco JP Morgan publicado em janeiro. “Não seria surpresa ver empresas de biotecnologia aumentar sua presença nesses países em 2014, sozinhas ou em parcerias regionais”, diz o estudo. Há ainda muitas barreiras para as biostartups. A começar pela dificuldade de comprar equipamentos e pela falta de apoio do setor privado. Mas os exemplos reunidos a seguir mostram que os cientistas empreendedores estão dispostos a encarar os problemas e mudar o cenário. Conheça cada um deles.

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INSETOS PARA COMBATER PRAGAS BUG AGENTES BIOLÓGICOS PIRACICABA

o ano passado, 36 startups fo r a m d e s t a c a d a s p e l o Fórum Econômico Mundial como pioneiras tecnológicas. Em meio a nomes como Airbnb e Coursera, a única representante da América Latina nasceu no interior de São Paulo e não conta com megainvestidores. Mas, com um trabalho minucioso de pesquisa, ela busca combater as pragas agrícolas de maneira mais eficiente e sustentável. Fundada em 2001, a Bug Agentes Biológicos foi idealizada nos corredores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), em Piracicaba, a 180 quilômetros da capital paulista. Com o auxílio de trabalhos sobre controle biológico, a empresa investiu na produção industrial de ovos das espécies de insetos Trichogramma pretiosum e Trichogramma galloi, duas pequenas vespas. Os animais são parasitas dos ovos de pragas que atacam plantações de cana-de-açúcar, soja, milho e tomate. A Bug vende cartelas com os ovos do parasitoide, que são depositados na zona de plantio. Em 2013, a tecnologia foi utilizada em 350 000 hectares em todo o país — área duas vezes maior do que a da cidade de São Paulo. A startup produz 3,5 quilos de ovos por dia, o que equivale a 126 milhões deles. “É necessário levar a tecnologia para o campo, aumentando a produtividade, mas sem deixar a sustentabilidade de lado”, diz Heraldo Negri, 47 anos, um dos fundadores (foto). Com uma equipe de 85 pessoas, a Bug pretende abrir escritórios pelo Brasil para facilitar a distribuição de seu produto. Além disso, os empreendedores planejam liberar os ovos com auxílio de drones, em parceria com a startup AGX, da cidade de São Carlos.

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ANTICORPOS CONTRA O CÂNCER VERITAS RIBEIRÃO PRETO

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epois de fazer pós-doutorado nos Estados Unidos, Sandra Faça, 37 anos ( foto), voltou ao Brasil, em 2008, determinada a transformar seus estudos em um produto com retorno comercial. A experiência na área de biologia molecular fez com que ela e o marido, o também cientista Vitor Faça, 41 anos, decidissem fundar o laboratório de pesquisa Veritas Life Sciences, voltado para o descobrimento de novos compostos bioquímicos para o tratamento de doenças. Após cinco anos de estudo e cerca de 3,8 milhões de reais em financiamento de agências de pesquisa, a empresa desenvolveu um anticorpo que combate a migração de células de tumores epiteliais (formados na pele e em tecidos de outros órgãos) e, assim, evita que um novo foco de câncer se forme. Segundo Sandra, o anticorpo bloqueia a atuação de uma proteína envolvida na migração. Terapias desse tipo têm alto potencial de retorno financeiro para as farmacêuticas, mas levam anos de pesquisa. Por isso, no exterior, há centros privados que se dedicam ao estudo e, depois, licenciam a solução para fabricantes de medicamentos. É esse modelo de negócios que a pesquisadora quer desenvolver. “Anticorpos para terapia de doenças são negociados por dezenas e centenas de milhões de dólares nos Estados Unidos”, diz Sandra. Ela afirma que obteve bons resultados com células cultivadas em laboratório e agora se prepara para registrar a patente. O passo seguinte é realizar exames em animais com uma empresa americana, contratada pela Veritas. A pesquisadora também conversa com empresas farmacêuticas nacionais para licenciar a tecnologia.

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DA BIOENERGIA À PREVENÇÃO DE DOENÇAS GENOTYPING / INTELIGENE BOTUCATU

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oi na pesquisa de pós-doutorado que a biomédica Débora Colombi, 43 anos (foto), percebeu que seu estudo poderia virar negócio. Débora havia usado um processo de genotipagem para estudar diferenças genéticas entre micro-organismos e aplicou a técnica em leveduras que fazem a fermentação da cana-de-açúcar para a produção de etanol. A pesquisadora recebeu financiamentos e fundou a Genotyping, em 2008, para fazer análises genéticas para empresas, como usinas de cana. Segundo ela, outras espécies se misturam com o tempo, o que atrapalha a produção. Com a análise genética, é possível combater apenas espécies indesejadas. “As usinas costumam aplicar antibióticos. A ideia é oferecer uma alternativa”, diz. Desde então foram 25 clientes.

Em 2012, o empresário e investidor Manoel Braga, 55 anos, conheceu Débora e ofereceu um investimento para entrar como sócio. “Compramos equipamentos, estruturamos a área comercial e fizemos material de divulgação”, diz Braga. O investimento permitiu que expandissem para o setor de saúde, e eles decidiram fundar uma segunda empresa, a Inteligene. A pedido de médicos e laboratórios, ela detecta mutações que indicam predisposição para doenças hereditárias. Entre os exames oferecidos está a avaliação para câncer de mama feita pela atriz Angelina Jolie. A nova frente fez a receita aumentar seis vezes de 2012 a 2013, e a área da saúde já é metade dos negócios. Ao todo, foram feitos exames para mais de 300 pacientes de todo o país. Hoje são sete os funcionários, e os fundadores esperam repetir o crescimento em 2014.

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INOVAÇÃO

PAREDE ANTIBACTÉRIA CHEM4U MAUÁ

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ormada em engenharia química, a pesquisadora e professora Leila Jansen, 55 anos (foto), tinha o plano de criar uma empresa de aditivos para o setor químico quando entrou para um programa de incubação de novas empresas em 2007. Com o marido, o também engenheiro químico José Ulisses Jansen, 56 anos, Leila fundou a Chem4u, e o casal começou a fazer pesquisas para desenvolver um novo produto na área. Instalados no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), em São Paulo, os pesquisadores decidiram focar o desenvolvimento em compostos antibacterianos que pudessem ser aplicados em tintas ou em embalagens. Após anos de pesquisa, eles criaram um verniz de base orgânica que pode ser utilizado sobre qualquer superfície e evita a proliferação de bactérias e fungos que causam infecções,

protegendo o ambiente. O verniz, chamado de Progeniem Vbacter, é transparente e pode ser aplicado em paredes, pisos e móveis de madeira, alvenaria, concreto ou dry wall. O efeito do bactericida dura dois anos, segundo Leila. “O plano agora é levar o produto para hospitais, cozinhas industriais, escolas, restaurantes, hotéis, clínicas médicas e dentárias”, diz. “Estamos formando a equipe comercial e deixando amostras em clientes em potencial para entrar no mercado.” No ano passado, a Chem4u se mudou do Cietec para uma sede própria em um galpão na cidade de Mauá, na Grande São Paulo, para começar a produção depois que as licenças estiverem aprovadas. Além do verniz, a empresa faz outros compostos de nanopartículas de prata que podem ser adicionados a tintas, embalagens e plásticos para melhorar a resistência dos materiais e também proteger contra bactérias.

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BASE PARA A GENÉTICA EXXTEND CAMPINAS

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professor de biologia molecular João Bosco Pesquero, 51 anos ( foto), sempre dependeu de empresas estrangeiras para comprar oligonucleotídeos (também conhecidos por óligos ou primers), usados em suas pesquisas. O produto é essencial para realizar estudos genéticos, pois é com ele que pesquisadores selecionam os trechos de DNA que serão analisados. Mas, feito no exterior, o componente demorava mais de um mês para chegar à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde Pesquero dá aulas. O tempo de espera inviabilizava algumas pesquisas. Ao ver a necessidade, o professor decidiu montar uma empresa para fornecer oligonucleotídeos no país. “A tecnologia tem 30 anos e ninguém produzia aqui”, diz. Com seus irmãos Paulo Roberto, 53 anos, e Jorge Luis, 57 anos, Pesquero fundou a Proteobras. Em busca de investimento, o pesquisador procurou a empresa alemã K&A, que produz sintetizadores de óligos, e ela decidiu entrar como parceira. Juntos, eles formaram a Exxtend em 2012. Em menos de dois anos, a empresa tem 1 496 clientes, entre as maiores universidades e laboratórios no país, e receita de 1,2 milhão de reais. Segundo os fundadores, o mercado pode chegar a pelo menos 8 milhões de reais. A Exxtend faz cerca de 2 500 óligos por mês e tem capacidade para triplicar a produção. Para Pesquero, o setor de biotecnologia ainda precisa de empresas de base para crescer. “O Brasil tem pesquisadores extremamente qualificados, que recebem um investimento público enorme, mas eles não têm oportunidade de trabalho depois que se formam. Os produtos de base estimulam o desenvolvimento da área”, afirma.

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INOVAÇÃO

CELULAR D E M O N TA R

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DO SEU JEITO O celular do Google será montado em blocos pelo usuário a partir de uma peça básica de alumínio. Com módulos conectáveis, será desenhado de acordo com as necessidades de cada pessoa

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C E L U L A R E M B L O C O

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O GOOGLE QUER INOVAR AO PRODUZIR UM SMARTPHONE MODULAR E BARATO A SER APERFEIÇOADO DE ACORDO COM AS NECESSIDADES DE CADA USUÁRIO, QUE PODERÁ MONTÁ-LO A SEU GOSTO. DARÁ CERTO? * POR THIAGO TANJI

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INOVAÇÃO

O GOOGLE VENDEU A DIVISÃO DE CELULARES DA MOTOROLA PARA A LENOVO, MAS ISSO NÃO SIGNIFICA QUE ABANDONOU A IDEIA DE FAZER UM SMARTPHONE. PELO CONTRÁRIO. O Google

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manteve um projeto iniciado nos laboratórios da Motorola que pode representar um salto inovador na indústria de celulares. A intenção é produzir em escala industrial aparelhos modulares, baratos e sustentáveis. Esse é o Projeto Ara. Os celulares modulares utilizam o conceito de produção em blocos. De uma peça-mãe básica, feita de alumínio, é possível montar o equipamento com diferentes módulos conectáveis. Na prática, o usuário pode moldar o smartphone de acordo com suas necessidades. Costuma passar muito tempo na rua? Basta colocar uma ba-

teria maior no aparelho para durar mais tempo. Gosta de fotografar tudo o que vê com uma qualidade alta de imagem? É só comprar um módulo de câmera com maior definição. O projeto ainda não foi revelado em todos os seus detalhes pelo Google e os ares de segredo militar que rondam o Ara não são mera impressão. O núcleo de Projetos e Tecnologia Avançada do Google, que responde pelo Ara, é chefiado por Regina Dugan, ex-diretora da Darpa, a agência de pesquisas avançadas de defesa do governo dos Estados Unidos. Quem lidera os estudos sobre o desenvolvimento do celular modular é Paul Eremenko, também exfuncionário da Darpa. Ele saiu do escritório de tecnologia tática da agência. Informações mais precisas so-

bre a iniciativa deverão ser conhecidas nos dias 15 e 16 de abril, quando acontecerá a primeira Conferência de Desenvolvedores Ara, no Museu da H istór ia do Computador, na Califórnia. Mas já se sabe que o kit de desenvolvimento terá como base uma plataforma aberta e estimulará os programadores a criar novas soluções para os módulos do telefone. A produção em larga escala de aparelhos criados em blocos começou a ganhar a atenção no ano passado, quando o holandês Dave Hekkens lançou o Projeto Phonebloks. O designer, formado pela Design Academy Eindhoven, questionou o impacto ecológico causado pela produção e pelo consumo desenfreado de celulares, que são frágeis e rapidamente superados assim que surgem novos modelos e tecnologias. Com uma equipe de três pessoas, o Phonebloks não quer se transformar em uma indústria de celulares modulares, mas criar uma comunidade de desenvolvedores que construirá um protótipo com o apelo de chamar a atenção das empresas. “O impacto desse projeto é muito maior do que poderíamos imaginar. De todas as partes do mundo recebemos o contato de pessoas interessadas em contribuir com ideias”, disse a INFO o sueco Tomas Halberstad, um dos membros da organização.

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UM ANDROID PAR A VESTIR A caixinha de inovações do Google andou inspirada nos primeiros meses do ano. Além do Projeto Ara, a empresa do Vale do Silício anunciou, no fim de março, o lançamento do Android Wear, uma versão do sistema operacional para dispositivos móveis, desenvolvida de maneira personalizada para aparelhos vestíveis. Inicialmente voltado para relógios inteligentes, o Android Wear contará com algumas funções presentes nos smartphones, como o comando de voz do Google Now. Além disso, o usuário que tem um smartphone com sistema Android poderá sincronizar as informações entre os equipamentos, além de funcionalidades de segunda tela. Logo após o anúncio, Motorola e LG confirmaram o lançamento de relógios inteligentes que rodarão o sistema operacional do Google. Apesar de não divulgar preço e especificações dos equipamentos, os dois fabricantes prometem que os aparelhos chegarão ao mercado ainda neste ano.

Interessado pelo projeto independente, o Google fechou uma parceria com o Phonebloks para a troca de informações que podem contribuir para o Projeto Ara. “Esperamos que as informações abertas pelo Google permitam à comunidade discutir sobre esse projeto”, afirma Halberstad.

UTILIZANDO O SLOGAN “Desenhado exclusivamente para 6 bilhões de pessoas”, o Google quer, com o Projeto Ara, che gar a uma massa de consumido res que ainda não tem poder aquisitivo para comprar um smartphone. A empresa pretende vender o celular básico por cerca de 50 dólares, com apenas conexão Wi-Fi. Os interessados

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INFORMAÇÃO NO PULSO 1. Os relógios equipados com Android Wear contarão com recursos de comando de voz do Google Now

2. No vídeo que exibe as funcionalidades da tecnologia, o sistema avisa surfistas sobre a presença de águas-vivas na praia

em expandir suas funcionalidades poderão comprar os módulos que gostariam em quiosques do Google. A produção de cada bloco também aponta para uma inovação na indústria. Em parceria com a 3D Systems, empresa que fabrica impressoras 3D, o Projeto Ara está desenvolvendo uma tecnologia para a replicação em massa dos componentes do smartphone. Além disso, o Google lançará um equipamento capaz de imprimir com alta qualidade de definição, permitindo, assim, uma composição personalizada de cores e imagens na parte exterior dos módulos.

“Tínhamos a premissa de transportar o modelo de inovação da Darpa para o setor privado, o que significa pensar em projetos de curta duração, utilizando a ciência para uma aplicação prática. O Projeto Ara deixará a indústria de smartphones muito mais interessante”, afirmou Paul Eremenko em uma conferência para startups realizada em fevereiro deste ano, em São Francisco, na Califórnia. Após concluir os primeiros protótipos do celular modular, o líder do Projeto Ara disse que os smartphones montados em blocos poderão chegar ao mercado no primeiro quadrimestre de 2015. Se depender do Google, a noção de durabilidade das coisas e a lógica da produção tecnológica sofrerão uma drástica mudança muito antes do que o mundo pode imaginar. �

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INOVAÇÃO

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O SUPERPODER DA MARVEL? TECNOLOGIA PLUS.GOOGLE.COM/+INFO

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COMO UMA EDITORA DE REVISTAS EM QUADRINHOS APOSTOU NO DIGITAL PARA SE TRANSFORMAR EM UMA INOVADORA EMPRESA DE ENTRETENIMENTO, COM APPS, GAMES, FILMES, SÉRIES NO NETFLIX, REVISTAS DIGITAIS E ATÉ API ABERTA PARA DESENVOLVEDORES * POR RODRIGO BRANCATELLI

* ILUSTRAÇÃO DENIS FREITAS

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Stanley Martin Lieber sempre quis ser um escritor respeitado, daqueles que usam óculos grossos e bigodes vistosos. Mas, aos 17 anos, para ajudar nas contas de casa, teve de gastar sua retórica para implorar por um emprego ao marido de uma prima, Martin Goodman, sujeito durão e ambicioso, dono de uma editora de quadrinhos de monstros e detetives. Era dezembro de 1940, tempos de Segunda Guerra Mundial, e Stanley não podia recusar os 8 dólares por semana de salário como estagiário. Naquela mesma semana, saía das gráficas da editora o primeiro exemplar de uma revistinha barata para crianças, com um tal de Capitão América, personagem espalhafatoso desenhado pelo artista Jack Kirby. Stanley tinha tanta vergonha de trabalhar ali que resolveu adotar um pseudônimo: Stan Lee. Sim, essa é uma daquelas narrativas improváveis, cheias de golpes de sorte, coincidências e oportunismo, em que até o pseudônimo de um estagiário ganhou vida própria. É a história da Marvel, uma editora que reescreveu seguidamente as regras dos super-heróis para se transformar em um conglomerado multimídia avaliado hoje em 7 bilhões de dólares. Juntos, Stan Lee e Jack Kirby criariam Quarteto Fantástico, Hulk, Thor, Os Vingadores, X-Men, Homem de Ferro, HomemAranha e mais uma infinidade de heróis e vilões que se tornaram mitos modernos. “Não somos só uma editora, mas uma casa de ideias”, diz Axel Alonso, editor-chefe da Marvel. “Somos uma empresa de inovação, com a missão de encontrar todas as maneiras de colocar os personagens nas mãos das pessoas. Não importa se usaremos quadrinhos, cinema, TV ou o que houver de tecnologia”, afirma Alonso. Ao dar legitimidade a uma mídia classificada de infantil e entender o espírito de seu tempo para revolucionar a maneira como as histórias podem ser contadas, a Marvel tornou-se uma das empresas de entretenimento mais inovadoras do mundo. Em 1940, por exemplo, aquela primeira revista do Capitão América vendeu 1 milhão de unidades, quase o dobro do semanário mais popular da época, a Time. A HQ do personagem ainda é um dos 74 gibis impressos pela editora. Juntos, vendem cerca de 2,5 milhões de cópias por mês. Mas, hoje, após 75 anos de fundação da empresa, o papel é apenas a ponta menor de um iceberg.

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O Capitão A mérica continua apontando o futuro da Marvel ao estrelar a primeira revista digital com trilha sonora inteligente, uma tecnologia inédita que a Marvel anunciou, no mês passado, no evento South by Southwest (SXSW), em Austin, no Texas. É a mais nova empreitada da companhia para tentar revolucionar a leitura de histórias em tablets, que já conta com planos de assinaturas no mesmo modelo de Netflix e Spotify e aplicativos de realidade aumentada. E ainda mal submergimos para ver o tamanho do iceberg Marvel. A versão em carne e osso do Capitão América, interpretada pelo ator Chris Evans, já estrelou dois filmes, um sozinho e outro ao lado do supergrupo Os Vingadores, que juntos arrecadaram 2 bilhões de dólares. Essa conta deve inflar neste mês, quando Capitão América 2 – O Soldado Invernal estreará no próximo dia 10, com expectativa de arrecadar mais de 400 milhões de dólares. Parte da trama do filme vai continuar no seriado Agents of S.H.I.E.L.D., que estreou em setembro do ano passado no canal ABC, para ser concluída apenas em maio do ano que vem, no filme-evento Os Vingadores 2 – A Era de Ultron. No meio de tudo isso ainda há games, uma infinidade de colecionáveis, aplicativos e todo tipo de produto com a marca do Capitão América que fazem a Marvel embolsar 8 bilhões de dólares por ano em merchandising. E você ainda acha que isso é coisa de criança? Vire as próximas páginas e se surpreenda com o mundo Marvel.

ILUSTRAÇÃO EVANDRO BERTOL FOTO DULLA

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BRINQUEDOS SÉRIES Com o sucesso de Agents of S.H.I.E.L.D. no canal ABC, cinco novos seriados já estão em produção para o serviço de streaming de vídeos Netflix

Só o filme Os Vingadores gerou 6 bilhões de dólares em merchandising

FILMES

GAMES Os heróis da Marvel já protagonizaram 109 games, de Atari 2600 a PlayStation 4 e Xbox One

Os oito filmes lançados pela Marvel até agora geraram 5,6 bilhões de dólares em bilheteria no mundo. Os Vingadores rendeu sozinho 1,5 bilhão de dólares

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APPS

HQ A editora, que imprime 74 revistas, responde por 34% do mercado de quadrinhos. Em fevereiro, os americanos gastaram cerca de 40 milhões de dólares em gibis

São quatro aplicativos próprios para iOS e Android. Em dois anos, mais de 200 milhões de HQs foram baixadas em tablets e smartphones

VOCÊ SABIA QUE O JATO DOS VINGADORES PESA 65 800 QUILOS? ELE PODE SUBIR A 755 760 PÉS DE ALTITUDE, TEM AUTONOMIA DE 32 632 KM E TRANSPORTA SETE PASSAGEIROS. O JATO DOS X-MEN É MAIS MODESTO: PESA 13 154 QUILOS, SOBE A 7 900 PÉS, TEM AUTONOMIA PARA 28 488 KM E TRANSPORTA SETE PASSAGEIROS.

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R E V I S TA S D I G I TA I S

QUADRINHOS QUE FAZEM BARULHO 0 6 0

Nos Estados Unidos, livrarias tradicionais, como a Barnes & Noble, pararam de receber revistas da Marvel no início deste ano. A ruptura com o passado de papel faz parte de um plano que começou a ser implantado há oito anos, quando as vendas de quadrinhos tradicionais passaram a cair e a editora entendeu que seu futuro estaria no pixel. Executivos de grandes empresas de tecnologia, como Kristin Vincent, ex-desenvolvedora da IBM, foram contratados para liderar a transformação digital. Lápis e nanquim foram então substituídos por canetas stylus. Papéis de rascunho deram lugar a telas digitalizadoras Wacom Cintiq. Tintas perderam espaço para softwares de desenho, como o Sketchbook. Também foram organizados dezenas de grupos de pesquisa com leitores para analisar a maneira como

O HOMEM-ARANHA ATIRA SUA TEIA POR UM DISPOSITIVO EM SEU ANTEBRAÇO QUE CARREGA 30 CARTUCHOS DE FLUIDO DE TEIA, PRESSURIZADOS A 2 068 QUILOPASCAL (KPA). PARA ATIVAR, É PRECISO APERTAR UM GATILHO COM 30 QUILOS DE PRESSÃO. A TEIA SAI COM UMA TENSÃO DE 827 KPA E PODE CHEGAR A 18 METROS DE DISTÂNCIA.

OS APPS

eles consumiam os quadrinhos e como essa experiência poderia ser reproduzida em tablets e celulares. Como resultado, as revistas em quadrinhos começam a se transformar em narrativas multimídia, com transições animadas e extras em vídeo. “Percebemos que as crianças queriam outro tipo de revista”, diz Kristin Vincent, vice-presidente de produtos digitais da Marvel. “Elas não cresceram com o impresso, então não entendem por que um gibi no iPad precisa mostrar página por página. Por isso, estamos criando revistas exclusivas para os tablets, com elementos narrativos diferentes que só são possíveis no meio digital.” Algumas HQs digitais agora contam até com música e efeitos sonoros. Funciona assim: ao baixar o arquivo do gibi em um dos aplicativos da Marvel, vem junto uma trilha sonora para a história, que já começa a tocar logo na capa. Parece bobo à primeira vista, mas a experiência é inovadora, já que o som se adapta ao ritmo de leitura, tornando a experiência levemente diferente para cada pessoa. “Estamos tentando usar todas essas ferramentas para melhorar a experiência narrativa”, diz Kristin Vincent. Até agora, cinco HQs do Capitão América contam com essa novidade.

As revistas da Marvel podem ser compradas em dois aplicativos, um da própria empresa e outro da Comixology. Além dos gibis normais, a Marvel lançou uma linha chamada Infinite Comics, que cria outra narrativa digital ao transformar a HQ em uma espécie de animação. Assim, se uma história normal tem 200 quadrinhos diferentes, na Infinite Comics ela pode ter até 1 000, que vão se sobrepondo para criar uma narrativa mais fluida. A Marvel oferece ainda um app gratuito de realidade aumentada, chamado Marvel AR, que mostra vídeos exclusivos para os leitores. No ano passado, a empresa lançou o Marvel Unlimited, espécie de Spotify de HQ. O usuário paga uma mensalidade de 9 dólares e pode acessar uma biblioteca com 15 000 títulos. Por mês, 20 novos títulos são adicionados. Para completar o pacote, foi lançado, no mês passado, um aplicativo para vender revistas traduzidas para 12 idiomas, incluindo português.

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REVISTAS DIGITAIS

UM NOVO TIPO DE GIBI

Extras

As revistas digitais no app Marvel Unlimited também contam com vídeos de bastidores

API

BIG DATA MARVEL Durante a reformulação da Marvel, velhos arquivos de papel foram substituídos por bancos de dados digitais implementados em linguagem Java. Dessa forma, as 30 000 HQs dos 8 000 personagens publicadas ao longo dos 75 anos de história da Marvel podem ser facilmente lidas e pesquisadas por escritores, desenhistas e produtores, o que facilita a construção de um universo coeso entre revistas, filmes e séries. Agora, todos esses metadados podem ser acessados em uma API gratuita aberta para desenvolvedores. É a primeira vez que uma editora de quadrinhos faz algo assim. Desde o mês passado, é possível criar aplicativos que acessam o novo banco de dados da Marvel, com informações sobre personagens, revistas e criadores. A Marvel impõe apenas duas condições: os aplicativos criados devem ser gratuitos e não podem conter propaganda.

YOUTUBE

UM CANAL DIRETO COM OS FÃS A Marvel entendeu como poucos a força da cultura transmídia ao reafirmar alguns dos valores que começaram lá atrás, em 1940. Stan Lee, por exemplo, mantinha na década de 60 uma seção de cartas em todas as revistinhas e sempre tratava os fãs como velhos amigos. Hoje, aos 91 anos, com seu bigode farfalhudo, Stan Lee só faz eventos e aparições engraçadinhas em filmes, mas a Marvel ainda usa seu modelo para atualizar constantemente seu canal oficial no YouTube com a intenção de criar novamente a sensação de clube. Com 1 milhão de inscritos, o canal tem até um telejornal com novidades da editora e um divertido seriado em stop-motion feito com bonequinhos dos personagens.

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SÉRIES

MARVEL NA TELINHA 0 6 2

A compra da Marvel pela Walt Disney Company, em 2009, fez com que os novos acionistas se perguntassem se não valia explorar outros meios de distribuição. Por que um coadjuvante na história de Os Vingadores, por exemplo, não poderia ter uma série regular na TV? Adivinhe só: Agents of S.H.I.E.L.D. estreou em setembro de 2013 no canal ABC, da Disney, com orçamento de impressionantes 14 milhões de dólares só para o piloto. No fim de 2013, após negociação que levou sete meses, a Marvel consolidou de vez a posição de rei do entretenimento ao anunciar cinco séries em parceria com o Netflix. A partir de 2015, os personagens Demolidor, Luke Cage, Punho de Ferro e Jessica Jones terão seriados individuais de 13 episódios, todos centrados no bairro de Hell’s Kitchen, em Nova York. Ao final das temporadas, eles serão reunidos na minissérie Os Defensores, com oito episódios. “Não há nada parecido em tamanho e escopo com o que estamos fazendo”, diz Alan Fine, presidente da área de entretenimento da Marvel e produtor dos filmes e séries. Serão investidos 200 milhões de dólares na empreitada, ou 3,3 milhões de dólares por episódio, 30% mais do que é gasto em seriados como Walking Dead. Segundo Fine, a Marvel também dará exclusividade de streaming digital dos filmes de seus super-heróis para o Netflix a partir de 2016.

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CIENTISTAS DA UNIVERSIDADE DE WYOMING ESTÃO DESENVOLVENDO UM LANÇADOR DE TEIA IGUAL AO DO HOMEM-ARANHA, QUE PODE FICAR PRONTO NO SEGUNDO SEMESTRE. SEGUNDO O LIVRO A CIÊNCIA DOS SUPERPODERES, O POLÍMERO MAIS PRÓXIMO DO PODER DO HOMEM-ARANHA É O SPECTRA, UM DERIVADO DO POLIETILENO DEZ VEZES MAIS FORTE DO QUE O AÇO.

SÉRIE

A TECNOLOGIA DA VIDA REAL DE AGENTS OF S.H.I.E.L.D.

DRONES DE INVESTIGAÇÃO Na série, a equipe de agentes utiliza sete drones para investigar cenas de crimes. Na vida real, a polícia de Sydney, na Austrália, já usou drones para encontrar um corpo em um caso de homicídio em 2013.

SCANNER 3D

HOLOCOM

LOLA

Em um episódio, a agente nerd Gemma Simmons utiliza um scanner 3D para mapear uma marca deixada por um objeto em um terreno pantanoso e enviar a imagem, em tempo real, ao laboratório para que o tal objeto misterioso fosse recriado. Um aparelho semelhante, o Sense, é vendido por 1 999 reais.

Para analisar suas missões, a S.H.I.E.L.D. utiliza uma mesa holográfica 3D chamada Holocom. O milionário Elon Musk, da Tesla Motors, está construindo algo semelhante utilizando o sensor Leap.Motion.

Um Corvette voador chamado Lola é a menina dos olhos do agente Coulson. Aposto que você pensou: pronto, aí está uma tecnologia impossível. Bem, a empresa Terrafugia concluiu, no fim do ano passado, os primeiros testes de seu carro voador, que deverá ser vendido por 550 000 reais em 2016.

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FILMES

UMA FANTASIA BEM REAL 0 6 4

Desde 2008, quando criou um departamento cinematográfico para explorar o sucesso dos filmes de superheróis, a Marvel lançou oito longas, que arrecadaram juntos 6 bilhões de dólares. Isso sem contar os filmes de seus personagens produzidos por outros estúdios, como Homem-Aranha, cujos direitos cinematográficos foram vendidos para a Sony por 10 milhões de dólares, e X-Men e Quarteto Fantástico, repassados para a Fox. Trata-se de uma máquina mais do que azeitada de marketing, que gera expectativa e promoção como poucos. O Homem de Ferro levou ao filme do Hulk, que levou ao filme do Thor, que gerou o filme do Capitão América, que encontrou todos os outros em Os Vingadores. Quanto mais esse universo se expande, mais possibilidades de narrativas aparecem e mais produtos podem ser colocados nas lojas. O grande segredo da Marvel foi atualizar seus personagens para esse novo mundo. O Capitão América, por

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exemplo, que em 1940 lutava contra Hitler, tem de enfrentar agora as maquinações de uma agência de espionagem onipresente e os interesses comerciais de um país viciado em guerras. Mais do que um filme de ação, Capitão América 2 – O Soldado Invernal é um thriller de espionagem que mantém a tradição da Marvel de criar heróis mundanos, com pés firmes no mundo real. “Com todas as coisas que estão acontecendo atualmente com a NSA, é ótimo ter um filme que funciona como entretenimento, mas que tenha uma relação direta com nossa realidade”, afirma

Kevin Feige, presidente do departamento cinematográfico da Marvel. No século 21, a Marvel tem pautado suas produções pela ambivalência existente em questões de tecnologia, sociedade e segurança. Mesmo com as piadas e as cenas de ação impressionantes, há sempre um embate central: de um lado, a promessa de que a tecnologia pode salvar o mundo; do outro, a possibilidade de que essa mesma tecnologia seja um agente de destruição. “Encontrar o equilíbrio certo entre os filmes e a realidade sempre foi nosso objetivo”, afirma Kevin Feige. “O Homem de Ferro sempre foi muito tecnológico. Mas mesmo em Thor, que é um filme mais fantasioso, a mágica pode ser entendida como uma tecnologia que ainda não compreendemos, uma outra forma de ciência.”

O SUCESSO DOS FILMES DE SUPER-HERÓIS ESTÁ INTIMAMENTE LIGADO À EVOLUÇÃO DOS EFEITOS ESPECIAIS. HOMEM-ARANHA, POR EXEMPLO, TINHA CERCA DE 800 CENAS COM EFEITOS, DE UM TOTAL DE 1 700. JÁ EM OS VINGADORES CERCA DE 90% DAS 2 500 CENAS TINHAM ALGUM EFEITO ESPECIAL. PARA CRIAR O HOMEM DE FERRO, FORAM NECESSÁRIAS CINCO EMPRESAS DE EFEITOS ESPECIAIS E 700 FUNCIONÁRIOS.

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UNIVERSO CONECTADO CONFIRA AS APARIÇÕES E AS CONEXÕES DOS PRINCIPAIS PERSONAGENS MARVEL NO CINEMA FASE 1 Sem poder fazer filmes com seus heróis principais, como Homem-Aranha e X-Men, cujos direitos haviam sido vendidos para outros estúdios, a Marvel começou a introduzir personagens menos conhecidos

FASE 2 HO

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O sucesso de Os Vingadores fez com que a Marvel começasse a pensar em arcos, nos quais os personagens vão desenvolvendo suas histórias até se encontrarem em um grande filme-evento. Nesta segunda fase, a Marvel vai introduzir heróis espaciais no filme Guardiões da Galáxia

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para depois de Os Vingadores 2. O Homem-Formiga está planejado para 2015. Depois devem vir Thor 3, Capitão América 3, um filme do Doutor Destino e Os Vingadores 3, além de produções que ainda não foram anunciadas. Segundo a Marvel, já há ideias sendo traçadas para filmes de uma fase 4

HULK

THOR

Personagens secundários

Personagens secundários

Personagens secundários

ILUSTRAÇÃO WAGNER RODRIGUES

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OS VINGADORES

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O FUTURO

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OS VINGADORES 2 A ERA DE ULTRON 1o DE MAIO DE 2015

FASE 3 A Marvel já prepara seus lançamentos

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AGENTS OF S.H.I.E.L.D. SERIADO DE 2013

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GUARDIÕES DA GALÁXIA

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S.H.I.E.L.D. Personagens

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A EVOLUÇÃO DO HOMEM DE FERRO Anos 60

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Atual

Homem de Latão Quando o Homem de Ferro apareceu pela primeira vez, em 1963, a mais avançada tecnologia da época eram os transistores, dispositivos feitos de materiais semicondutores. A armadura do personagem levava transistores que transformavam a carga elétrica das baterias na capacidade de voar e soltar raios.

A revolução nuclear Em 1989, a fusão nuclear a frio foi noticiada por pesquisadores da Universidade de Utah. Essa mesma ideia foi então adotada pela Marvel. Para manter a energia da armadura, Tony Stark criou um dispositivo que realiza fusões a frio em um reator localizado em seu peito.

O homem de US$ 150 milhões Sem o reator, a armadura do Homem de Ferro custaria em torno de 150 milhões de dólares, quase o mesmo que um caça militar F-35. Apenas o exoesqueleto custaria a bagatela de 70 milhões de dólares, enquanto o armamento sairia por 2 milhões de dólares e os propulsores por 14 milhões.

SÓ DE BONECOS, A MARVEL VENDE 8 000 VERSÕES. SEGUNDO A REVISTA TOYFARE, O HOMEM-ARANHA É O SEGUNDO PERSONAGEM COM MAIS ACTION FIGURES LANÇADOS NA HISTÓRIA, ATRÁS APENAS DO BATMAN.

PARQUE TEMÁTICO

QUERO SER MICKEY 0 6 6

As tecnologias utilizadas pelos personagens da série Agents of S.H.I.E.L.D. poderão ser experimentadas pelos fãs no Marvel Experience, uma espécie de parque temático itinerante, erguido por algumas semanas em um terreno de 8 000 metros quadrados em pelo menos 20 cidades dos Estados Unidos e do Canadá. Com investimento na casa dos 30 milhões de dólares, o complexo de parques com um domo de seis andares de altura imitará uma base de operações da S.H.I.E.L.D. Terá uma montanha-russa 4D, além de diferentes atrações para crianças e, claro, muitas lojinhas.

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4 COISAS QUE VOCÊ (PROVAVELMENTE) NÃO SABIA SOBRE A MARVEL VIDEOGAMES

VOLTANDO DE LUA DE MEL na Europa em 1937, o fundador da editora, Martin Goodman, tinha passagens para o dirigível Hindenburg. Mas, como o assento não era ao lado da esposa, Goodman decidiu viajar de avião. O dirigível pegou fogo, matando 36 pessoas. A MARVEL CHEGOU a entrar com processo de falência em 1996. Pode parecer estranho, mas uma greve dos times de beisebol nos Estados Unidos, em 1994, quase enterrou a companhia por completo. Explica-se: o dono da indústria de cosméticos Revlon, Ron Perelman, havia comprado a Marvel em 1989 com o objetivo de transformá-la em um gigante do merchandising, tendo a produção de cards de esportes e de entretenimento como sua atividade mais importante. Tudo caminhava muito bem até a tal greve, que arrasou o mercado de cards e fez com que a empresa tivesse de recorrer à Justiça. UMA ESTRANHA LEI AMERICANA estipula taxas alfandegárias mais pesadas para a importação de action figures que pareçam com seres humanos de verdade. A Marvel entrou na Justiça para não pagar a taxa alegando que não eram seres humanos, mas, sim, mutantes. Por incrível que pareça, ganhou a ação. NOS ANOS 90, o cantor Michael Jackson tentou comprar a Marvel Comics para produzir um filme de seu superherói preferido, o Homem-Aranha.

MARVEL SOCIAL Os heróis da Marvel já protagonizaram 109 games para plataformas que vão do Atari ao PS4. A empreitada mais ambiciosa, no entanto, foi lançada há dois anos. É Marvel:Avengers Alliance, um jogo baseado em turnos para ser disputado em redes sociais e smartphones. Desenvolvido em parceria com a Disney Interactive Studio Group, os jogadores controlam um agente da S.H.I.E.L.D., que pode ser personalizado ganhando pontos de experiência, alcançando níveis mais altos e equipando várias armas e uniformes que podem ser obtidos no jogo. A sacada da Marvel foi criar “temporadas” para o jogo, como se fosse uma série, adicionando personagens de acordo com os lançamentos de revistas e filmes. Neste mês, por exemplo, serão lançados os personagens de Capitão DICA INFO América 2 – O Soldado Invernal. O jogo mais recente da empresa Resultado: o game tem hoje 50 é LEGO Marvel Super Heroes, milhões de usuários ativos. lançado para Windows, Wii U, “Da mesma forma que vocês Xbox 360, Xbox One, PS3 e PS4. veem nos quadrinhos e no ciÉ possível jogar com mais de 100 nema, estamos tentando criar personagens, incluindo o lendário um universo conectado nos Stan Lee. Descubra o passo a jogos”, disse o vice-presidenpasso em bit.ly/jogomarvel . te de games da Marvel, TQ Jefferson, durante um painel no evento SXSW, no Texas.

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SEGUNDO A FORBES, TONY STARK, O HOMEM DE FERRO, TEM UMA FORTUNA ESTIMADA EM 9 BILHÕES DE DÓLARES. BRUCE WANYE TERIA MENOS, “APENAS” 7 BILHÕES DE DÓLARES. E QUEM SERIA O PERSONAGEM MAIS RICO DE TODOS? TIO PATINHAS, DONO DE UMA FORTUNA ESTIMADA EM 50 BILHÕES DE DÓLARES.

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INOVAÇÃO

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CIDADES AMERICANAS, COMO NOVA YORK E MEMPHIS, USAM MODELOS MATEMÁTICOS E ALTO PODER DE PROCESSAMENTO DE DADOS PARA PREVENIR CRIMES. VEJA O QUE PODEMOS APRENDER COM ESSAS EXPERIÊNCIAS * POR RAFAEL KATO

* ILUSTRAÇÃO DENIS RODRIGUES

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BIG DATA CONTRA O CRIME TWITTER.COM/_INFO

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INOVAÇÃO

O DETETIVE JOHN ANDERTON É CHEFE DA DIVISÃO DE PRÉ CRIME DE WASHINGTON. 0 7 2

ELE É O RESPONSÁVEL POR CRUZAR dados como nome da vítima, do culpado e local do crime antes mesmo de o fato acontecer. Anderton é um herói de verdade, diferentemente do personagem principal do filme Minority Report, de 2002. No longa, estrelado por Tom Cruise, o policial usa os poderes paranormais dos precogs para limpar as ruas da cidade. A segurança do futuro só seria garantida por meio da habilidade desses videntes. O futuro chegou, e as forças policiais mais modernas do mundo não precisaram recorrer a nenhuma Mãe Dináh para prever crimes. Cidades como Nova York, Memphis e Baltimore usam big data para proteger os cidadãos e prevenir roubos e mortes. A ideia pode até parecer ter saído da ficção, mas é baseada em modelos matemáticos e no alto poder de processamento. Embora ainda não seja possível chegar ao nível do filme de Tom Cruise, já há meios para descobrir padrões, locais mais perigosos e comportamentos similares de criminosos.

“A melhor maneira de entender análise criminal e big data é compará-los com a previsão do tempo. Os especialistas podem prever os padrões climáticos futuros, mas ainda são previsões, geralmente limitadas a dez dias, que muitas vezes são alteradas ou estão simplesmente erradas”, disse a INFO Richard Janikowski, professor do departamento de criminologia da Universidade de Memphis e um dos responsáveis por implementar a análise de big data na cidade americana. Se prever o crime fosse como prever a chuva, então Janikowski estaria entre os maiores meteorologistas do mundo. Somente de 2006 a 2010, o total de crimes na cidade de Memphis caiu quase 25%, enquanto a média americana não chegou a 15% de decréscimo. Os resultados foram obtidos com uma iniciativa conhecida como Blue Crush, que con-

siste em coletar os dados de todas as ocorrências policiais, os padrões dos criminosos e dos locais dos crimes. Todos os oficiais da cidade ganharam PDAs para registrar os fatos assim que ocorriam. Após a coleta dos dados, Janikowski e seu time usavam o software SPSS, programa de análise preditiva da IBM, combinado com o programa GIS, serviço de mapeamento da companhia Esri, para entregar um mapa com os locais prováveis de novos crimes. Com os dados em mãos, a polícia passava a patrulhar ruas com maior precisão, poupando, inclusive, recursos financeiros. “A maioria dos crimes de rua se concentra em regiões de alta pobreza. O crime não está distribuído uniformemente em toda a cidade. No entanto, é importante lembrar que o bairro todo não é um hotspot da criminalidade. O crime está concentrado em microáreas dessas comunidades”, diz Janikowski.

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Essa foi a grande sacada do Blue Crush em Memphis: não tratar da mesma forma toda a periferia da cidade. O comportamento da polícia até então era de violência generalizada. Considerava cada morador um criminoso em potencial. O que Janikowski fez foi fornecer inteligência e foco. Numa pesquisa recente, o departamento de polícia de Memphis recebeu a maior pontuação positiva de sua história e ficou abaixo apenas da do Corpo de Bombeiros. “Todo mundo ama os bombeiros, pois eles salvam você e sua propriedade. Os bombeiros não dão multas de trânsito nem prendem pessoas. Isso mostra que o apoio da comunidade foi fundamental para o sucesso da estratégia”, afirma Janikowski.

RUAS LIMPAS

Richard Berk, professor da Universidade da Pensilvânia, criou um algoritmo para prever novos crimes de pessoas em liberdade condicional

COM BIG DATA, A CIDADE DE MEMPHIS LOCALIZOU OS PONTOS DE CRIME NA PERIFERIA. A POPULAÇÃO GOSTOU E HOJE AVALIA A POLÍCIA TÃO BEM QUANTO OS BOMBEIROS A iniciativa continua e ainda ganhou o reforço de um centro integrado de segurança chamado Cyberwatch, que distribui mapas e informações sobre crimes eletronicamente aos cidadãos, incluindo informações e imagens de indivíduos procurados. A cidade de Nova York também apostou no compartilhamento de

dados. A prefeitura lançou, em dezembro, um mapa interativo do crime na cidade (maps.nyc.gov/crime/), com ocorrências desde 2012. É possível filtrar por bairro e rua, além de verificar o tipo de crime. “O mapa ajuda a melhorar a compreensão dos nova-iorquinos e dos investigadores sobre onde os delitos e os crimes violentos persistem”, afirma o comissário de polícia Ray Kelly. A tecnologia por trás

do mapa é da Microsoft, que criou o Domain Awareness System (DAS), sistema que processa dados telefônicos do 911, imagens das câmeras de segurança, reconhece rostos, placas de carro, radiação nuclear e ainda é capaz de localizar no mapa o policial mais próximo de cada acontecimento. Mas o big data não está restrito apenas às forças policiais. Tribunais de Justiça dos estados americanos de Maryland e Pensilvânia estão usando informações e softwares no auxílio de decisões de liberdade condicional.

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CRIME QUE SE REPETE OS DADOS QUE AJUDAM A PREVER SE UM CRIMINOSO SERÁ REINCIDENTE 80

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Questões como “essa pessoa está apta a retornar às ruas?” e “ela vai cometer crimes novamente?” são respondidas por um software criado por Richard Berk, professor do departamento de estatística da Universidade da Pensilvânia. “Usamos um processo de aprendizagem de máquina chamado florestas aleatórias. Esse procedimento está disponível em R (linguagem de programação), que é open source. Mas cada jurisdição precisa aplicar os próprios dados locais para obter previsões úteis”, disse Berk a INFO.

O programa colhe dados como sexo e idade, mostra se a pessoa prestou serviço militar, o lugar em que será solta na condicional, a idade com que começou a cometer crimes, quando foi presa pela primeira vez, comportamento na prisão e testes psicológicos variados, como habilidade de leitura e QI. “Preciso saber não só o tipo de crime mas a idade da pessoa quando o cometeu. Delitos cometidos por jovens geram indicativos muito maiores de problemas futuros do que crimes cometidos por pessoas mais

velhas”, diz Berk. Cada informação tem um peso, e o algoritmo criado por Berk compara os dados de uma pessoa com o padrão de criminosos que apresentaram problemas durante a condicional. Com os resultados em mãos, um juiz pode decidir pela liberação ou não do presidiário. Como toda previsão, o algoritmo de Berk contém erros. Mas, segundo ele diz, cabe aos legisladores ponderar se é pior ter um falso negativo ou um falso positivo. Em outras palavras, um lobo pode ser detectado como cordeiro, e vice-versa. Aumentar o nível de detalhe do algoritmo significa que mais lobos serão pegos, só que também cordeiros serão punidos injustamente. Segundo o professor Berk, em um caso em que foi determinado que era dez vezes pior deixar um provável reincidente na rua do que manter preso alguém que teria bom comportamento, o índice de acerto foi de 63%. Para ele, chegar ao acerto é mais uma questão política e moral do que estatística. “Só podemos obter dados úteis sobre as pessoas que foram ou estão sendo processadas pelo sistema de Justiça. Estamos falando aqui de reincidência. No filme Minority Report, eles são capazes de prever o tempo e o lugar. Não podemos fazer isso, pelo menos não ainda”, afirma Berk. A americana Colleen McCue, Ph.D. em psicologia pelo Dartmouth

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College e diretora da companhia de imagens por satélite DigitalGlobe Analytics, afirma que já é possível prever onde o delito vai acontecer. “Nosso trabalho não envolve informações pessoais sobre os indivíduos, mas lida com informações geoespaciais sobre ações”, afirmou Colleen a INFO. Quando o atirador Yonathan Melaku foi encurralado, em 2011, no cemitério militar da Virgínia, nos Estados Unidos, Colleen foi a responsável direta pela prisão do criminoso. Seu programa avaliou todos os dados dos ataques anteriores de Melaku para prever o local do próximo.

Africana a combater o grupo paramilitar Lord’s Resistance Army, que atua em países como Uganda, Sudão do Sul e República Democrática do Congo. Ao processar os ataques a bases conhecidas, ela chegou a um modelo estatístico capaz de antecipar assaltos em vilarejos e a instalações governamentais. “Como na medicina, a prevenção é quase sempre a abordagem mais eficaz para lidar com o problema. E a melhor maneira de prevenir um crime é usar soluções com base em dados”, afirma Colleen. Marc Goodman, fundador do Future Crimes Institute, também defende a tese de que o big data é a melhor

SÓ A ANÁLISE DE DADOS NÃO RESOLVE A QUESTÃO DA VIOLÊNCIA NOS GRANDES CENTROS. A POLÍCIA PRECISA SER TREINADA E ESTAR LIVRE DE CORRUPÇÃO

solução para evitar delitos. Ele é um ex-policial, consultor na área de cibercrime e estudioso dos avanços tecnológicos do lado dos criminosos. “Construímos grandes muros de prisão para os bandidos, mas, hoje, um simples e caseiro drone pode voar sobre aquele muro”, disse Goodman a INFO. Segundo ele, as leis não acompanham o avanço tecnológico, e as forças policiais, sobretudo no Terceiro Mundo, não estão preparadas tecnicamente. Goodman defende que cada policial tenha um nível mínimo de treinamento em tecnologia, até mesmo para não contaminar evidências digitais. “Todas as agências de polícia precisam ter uma equipe de especialistas que saibam programar e utilizar um programa sofisticado de investigações forenses”, diz. Mas Goodman aponta uma premissa importante, que deve vir antes de qualquer sistema de big data: “Qualquer força policial deve ser confiável e livre de corrupção. Só assim o verdadeiro progresso no combate ao crime terá sucesso”. �

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Ela chegou a cinco prováveis alvos, que receberam reforço policial imediatamente. Melaku foi preso antes mesmo de começar a atirar. Seu plano era destruir túmulos, atirar contra o prédio central do cemitério e explodir lá um caminhão de gasolina. Colleen e seu algoritmo também têm ajudado o governo dos Estados Unidos e a força-tarefa da União

CAÇA A TERRORISTAS

Rebeldes do Sudão do Sul tiveram o raio de ação encurtado com o uso de modelo estatístico pelo governo americano

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INOVAÇÃO

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UMA NOVA

F1 UM DRÁSTICO PACOTE DE MUDANÇAS NAS REGRAS DEIXA OS CARROS DE FÓRMULA 1 HÍBRIDOS E MAIS TECNOLÓGICOS. MAS NÃO ESPERE OUVIR O RONCO POTENTE DOS MOTORES V8. ELE SE FOI * POR FERNANDO VALEIKA DE BARROS

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N Nunca em seus 64 anos de história os carros de Fórmula 1 encararam tantas mudanças de um ano para o outro. Comparados às máquinas que encerraram 2013, os carros que se alinharam neste ano no GP de Melbourne, na Austrália, o primeiro da temporada, estrearam a maior revolução tecnológica por que já passaram. A mudança começa no visual esquisito dos automóveis, que, por imposição do regulamento, estão com bicos desproporcionalmente mais baixos e com aerofólios mais estreitos. Pela primeira vez, os bólidos da categoria mais veloz do automobilismo são híbridos. Acabaram também os “truques” para melhorar a aerodinâmica, como o uso de difusores, tubos e outras peças móveis que faziam com que as máquinas grudassem no asfalto — o que, em um F1, é essencial para obter mais velocidade. Agora os freios das rodas traseiras são eletrônicos (ou seja, sem cabos), com a força calculada por um microprocessador. Mas, no GP da Austrália, uma falha nesse sistema novo de frenagem da Caterham do japonês Kamui Kobayashi fez com que o carro acertasse a Williams de Felipe Massa poucos metros após a largada, tirando o brasileiro da disputa. Até que os projetistas e os engenheiros encontrem novas soluções para melhorar os freios e a aderência, os pilotos terão de se virar para segurar os carros no braço. Se você é um fã das corridas, é bom se acostumar com as mudanças. No jargão da nova F1, agora os bólidos são equipados com uma unidade de potência formada por partes. A primeira é um novo motor V6, com injeção direta de gasolina e um

turbocompressor, como no tempo em que o brasileiro Ayrton Senna duelava com o francês Alain Prost, no fim dos anos 80. Dele vem um som de assobio estridente e mais agudo que substituiu o ronco imponente dos V8, usados até a temporada passada. Construído com a tecnologia mais recente, o motor 6 cilindros será capaz de gerar cerca de 600 cavalos. Mas não funciona mais sozinho. Atua em conjunto com um sistema alimentado por baterias que acumula a energia cinética recuperada das freadas e reaproveita gases escaldantes do turbo, antes jogados para fora pelos escapamentos. A missão das baterias é gerar 161 cavalos extras, o que faz uma senhora diferença na pista, principalmente nas ultrapassagens e nas saídas das curvas, quando o torque das rodas traseiras aumenta bastante. “Se nos últimos anos a aerodinâmica era o que definia os melhores carros, agora ter uma unidade de potência mais confiável e eficiente também fará a diferença”, disse a INFO o projetista inglês Adrian Newey, especialista em aerodinâmica e o homem que fez das máquinas da Red Bull as melhores dos últimos quatro anos. O funcionamento dessas novas unidades de propulsão servirá para manter os carros rápidos, mas muito

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ESTILO 2014 Por uma questão de segurança, os bicos dos carros foram rebaixados neste ano. Resultado: máquinas como Lotus e Ferrari ficaram mais esquisitas

mais eficientes do que os antigos motores V8 a gasolina, com capacidade de 2,4 litros e cerca de 760 cavalos. A mudança tem uma explicação: para voltar a ditar tendências aos fabricantes de automóveis de rua, as equipes de F1 terão de correr com um terço a menos de combustível no tanque. Não é exagero dizer que em 2014 a F1 deu uma guinada ecológica. Por imposição do regulamento, os carros largarão com cerca de 100 quilos de combustível (ou 140 litros), e para chegar à final os pilotos terão de usar uma combinação de sistemas híbridos com esperteza para gerenciar o desempenho, porque não podem mais pisar fundo o tempo inteiro. Sensores ultrassônicos da inglesa Gill Sensors ficam de olho no fluxo de consumo de combustível. Apelidados de “debitômetros”, esses dispositivos transmitem aos comissários da corrida dados que comprovam se as máquinas estão dentro do limite permitido. E eles são implacáveis. Dedurado por um desses sensores, o australiano Daniel Ricciardo, da Red Bull, que terminou o GP da Austrália em segundo lugar, foi desclassificado logo após o término da corrida. A alegação: Ricciardo pisou no acelerador além da conta e gastou gasolina que não podia em alguns trechos. O jeito de acelerar não fazia a menor diferença até 2013. “O fato é que já mudamos nosso estilo de dirigir. Com o pé cravado no

acelerador, como fazíamos antes, não será possível terminar uma corrida, sob o risco de falta de combustível ou de punição”, afirma o piloto alemão Sebastian Vettel, da equipe Red Bull. Além de ficar pelo caminho, sem gasolina, outro fantasma são os riscos de problemas mecânicos. No GP da Austrália, que teve dois acidentes, sete dos 22 pilotos ficaram pelo caminho. De olho nos custos das equipes, o regulamento de 2014 determina que cada um dos carros somente poderá

utilizar cinco motores (eram oito até o ano passado) e seis câmbios ao longo das 19 corridas que compõem a temporada. Excedeu essa quantidade? A punição é perder dez posições no grid. “Uma das funções dos sensores e dos engenheiros nos boxes é exatamente monitorar a resistência das peças dos carros”, diz o inglês James Allison, diretor técnico da equipe Marussia e experiente no mundo da Fórmula 1. Com tantos parâmetros para analisar, especialistas em computação estão cada vez mais presentes nos boxes, ao lado de engenheiros mecânicos e de especialistas em aerodinâmica. A primeira fonte de informação que eles analisam é a que vem de um microprocessador Qorivva, desenvolvido pela Freescale, que controla cerca de 500 parâmetros do carro. Seus dados são rastreados por uma rede de centena de sensores com capacidade para 1 000

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CÂMBIO O câmbio tinha sete marchas até o ano passado. Agora são oito

PLÁSTICA RADICAL MUDOU QUASE TUDO NOS CARROS DE F1 EM 2014

AERODINÂMICA Os carros têm um único escapamento e não podem mais usar difusores para grudar mais na pista. Resultado: ficou mais difícil pilotá-los

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POTÊNCIA

COMBUSTÍVEL

Motor V6 turbinado, com 600 cavalos. Cerca de 160 cavalos extras vêm de unidades elétricas, a baterias

Em 2013, o limite dos reservatórios de gasolina era de 160 quilos, quantidade que caiu neste ano para cerca de 100 quilos

cálculos por segundo. “Há muitas novidades para aprender nesta temporada, e o tempo foi curto. O motor a combustão diminuiu, há um terço menos combustível no tanque, câmbio e baterias ficaram maiores, existem mais componentes elétricos, sistemas de recuperação de energia possantes e mais sensores”, afirma Adrian Newey. Equipes e pilotos terão de ser mais reativos e eficientes do que nunca e imprevistos poderão acontecer. “Pelo menos nos primeiros Grandes Prêmios, terminar uma corrida será mais importante do que ser o mais rápido”, diz o italiano Luca Furbatto, desenhista-chefe da equipe Toro Rosso. Tanto Newey como Furbatto

E O RONCO VIROU ASSOBIO A POTÊNCIA CONTINUA A MESMA. MAS O SOM NÃO AGRADOU Pilotos e fãs da F 1 não gostaram do novo som agudo, como um assobio, das máquinas. Preferiam o ronco imponente dos motores V8 com turbo. “É esquisito acelerar fundo e ainda assim ouvir com clareza as instruções do boxe. Tenho saudade dos V8 e ainda mais dos V10", diz o tetracampeão Vettel.

afirmam que nem sempre a lógica que funciona nos simuladores, nos ensaios de laboratório e nos túneis de vento se confirmará nas pistas. Veja o exemplo da Red Bull. Nos últimos quatro anos, seus carros foram de longe os melhores da turma, com quatro títulos mundiais de construtores conquistados e 47 vitórias. Nos testes de pré-temporada deste ano, nos autódromos de Jerez de la Frontera, na Espanha, e Sakhir, no Bahrein, e no GP da Austrália, os RB10, como foram batizadas as máquinas azuis da Red Bull para esta temporada, enfrentaram um pesadelo, com defeitos e ajustes. Tiveram problemas de integração do chassi com a unidade de potência

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DESIGN PESO

Com bicos rebaixados em 36,5 centímetros e aerofólios dianteiros mais estreitos, o desenho das máquinas mudou radicalmente

Para acomodar as baterias e os novos sistemas híbridos, os carros estão com 48 quilos a mais

da Renault (fornecedora da escuderia e também da Lotus, da Caterham e da Toro Rosso), panes no recarregamento da bateria, problemas de refrigeração, incompatibilidade entre os softwares e defeitos de integração entre os diversos componentes. Melhor sorte tiveram as equipes que usam unidades de potência fabricadas pela alemã Mercedes-Benz (Mercedes AMG, McLaren, Williams e Force India) e pela Ferrari. “Mudanças nas regras sempre são uma boa oportunidade para que engenheiros encontrem novas soluções em busca de vantagens”, afirma James Allison, da Marussia. Para os que têm a missão de acelerar no cockpit, dirigir ficou mais

complicado. Na comparação com as máquinas do ano passado, agora os carros têm cerca de 20% menos apoio aerodinâmico, ficaram 48 quilos mais pesados, há cerca de uma vez e meia mais torque nas rodas traseiras, e pela primeira vez os freios são eletrônicos e sem cabos. Há também a questão do consumo menor e da atuação dos sistemas de recuperação de energia para gerenciar, e ainda pneus com novos compostos químicos e

mais propícios a derrapagens, principalmente nas rodas traseiras. “Tudo isso mudou bastante o estilo de pilotar”, disse a INFO o brasileiro Felipe Massa, agora piloto da escuderia Williams. A tendência é que os pilotos deixem para frear no final das retas, quando o sistema de recuperação de energia começará a atuar. O estilo de pilotar um bólido da F1 começou a mudar em 2009, quando entraram em cena recursos como os aerofólios traseiros (sistema conhecido com DRS), que serviam para dar mais velocidade nas retas, e uma engenhoca chamada Kers, sigla em inglês para “sistema de recuperação de energia cinética”, que era acumulada em baterias durante as freadas. Duas vezes por volta, graças a um apertão em um dos 35 botões do volante do carro, o piloto podia obter 80 cavalos adicionais. Mas a regra era restritiva: o uso do sistema era permitido por 6,67 segundos e nada mais do que isso. A partir deste ano, a versão 2.0 dos sistemas de recuperação de energia cinética coloca 160 cavalos extras à disposição durante 30 segundos. Só para comparar, é quase cinco vezes mais tempo e o dobro de potência. “Embora tenhamos passado os últimos meses treinando muito em simuladores, na pista as reações foram bem diferentes”, diz o inglês Jenson Button, piloto da escuderia McLaren. Apesar de toda a reviravolta na tecnologia e nas regras da F1, a temporada deste ano promete ser decidida no braço e por quem entender as mudanças tecnológicas antes dos concorrentes. �

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INOVAÇÃO

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O PRIMEIRO GRANDE CRASH A FALÊNCIA DO SITE DE CÂMBIO MTGOX DERRUBOU A CONFIANÇA NO BITCOIN. SERÁ QUE A MOEDA VIRTUAL CONSEGUIRÁ SE REERGUER E EVITAR QUE QUEM INVESTIU FIQUE SEM O DINHEIRO? * POR RAFAEL KATO * FOTO DULLA * EDIÇÃO DE IMAGEM ARTNET DIGITAL

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O PROGRAMADOR Mark Karpeles, 28

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anos, vestia um paletó cinza, com camisa xadrez de padronagem miúda e uma gravata frouxa no colarinho. Sua pele brilhava devido ao suor. Chamado de o Mark Zuckerberg francês, Karpeles parecia envergonhado ao fazer uma reverência oriental aos jornalistas japoneses que o ouviam pela primeira vez desde o fechamento, três dias antes, das operações do MtGox, seu site de câmbio de bitcoins sediado no Japão. “Tivemos um problema com o sistema que causou uma perda dos bitcoins dos nossos clientes”, afirmou Karpeles no dia 28 de fevereiro. O francês tentava amenizar o fato de que 850 000 unidades da moeda virtual — algo próximo de 530 milhões de dólares — haviam sumido da noite para o dia. Sua empresa alegou que crackers tinham invadido o site e roubado as carteiras de bitcoins. Clientes do MtGox acreditam que tudo não passou

de um golpe de Karpeles. Fãs de teorias da conspiração acusam o FBI de ser o grande responsável pelo roubo. A única certeza nessa história, por enquanto, é a desconfiança dos investidores e dos entusiastas quanto ao futuro da moeda virtual. Será que esse não foi o primeiro sinal de uma grande bolha prestes a estourar? O suposto roubo expõe sucessivas falhas não apenas no MtGox, mas também no próprio protocolo do bitcoin. Karpeles alegou que os crackers usaram uma brecha conhecida como Transaction Malleability, uma falha no código da moeda digital que permite que transações não sejam registradas. “O atacante pode fazer saques com uma diferença de milissegundos, impedindo que o banco de dados se atualize”, afirma Fabio Assolini, pesquisador de segurança da Kaspersky Lab. Bitcoins também podem ser roubados por causa de lacunas de segurança nos chips Intel e na biblioteca de criptografia OpenSSL dos computadores, permitindo coletar informação do número privado da carteira de bitcoin cada vez que uma transação é gerada. “Ao combinar os pequenos pedaços de informações coletadas de 200 assinaturas de transação juntamente com a informação pública sobre essas assinaturas, o atacante pode reconstruir a chave privada e roubar as moedas”, afirma Yuval Yarom, pesquisador da Universidade de Adelaide, na Austrália, responsável pela descober ta da fa l ha. Mas, para que esses ataques obtenham resultados, os bitcoins precisam estar numa hot wallet, espécie

de servidor conectado à internet. É aqui que a desconfiança com a bolsa de Karpeles cresce. Parte dos bitcoins que sumiram estava no cold storage, conjunto de servidores que não tinham conexão com a internet. Isso apontaria para um saque feito por alguém do próprio MtGox com acesso a esses servidores. “A combinação das duas ações [ataque cracker e fraude interna] é sempre mais letal. Isso me lembra o internet banking quando começou, 14 anos atrás. Havia saldos incorretos, falta de interligação e problemas similares”, diz Assolini. O caso despertou a atenção no Japão, país onde Karpeles vivia desde 2009 e onde se localizava a sede do MtGox. O governo japonês declarou que o bitcoin não é uma moeda, mas uma mercadoria que pode e deve ser taxada. Isso pode significar que não haverá um esforço das autoridades locais na investigação do caso e que os investidores podem ter perdido seus bitcoins de forma irreversível. Opinião semelhante tem David Yermack, professor de economia da Universidade de Nova York e pesquisador da criptomoeda. “O bitcoin não se encaixa na

A VOLTA DO BITCOIN FANTASMA

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definição de moeda ou de derivativo financeiro. É simplesmente um ativo especulativo sem valor intrínseco”, diz. Para Yermack, a moeda virtual também não pode ser comparada ao ouro, como costuma acontecer — é só lembrar que novos bitcoins são minerados, assim como o metal —, pois o ouro tem usos alternativos na joalheria e na indústria de computação, por exemplo. “Não acho que haja muito mais nisso do que uma pura bolha especulativa”, afirma Yermack. A quebra do MtGox já era, de certa forma, esperada. Um estudo sobre o risco da moeda virtual publicado

pela Universidade Carnegie Mellon mostra que o tempo médio de vida das empresas que negociam bitcoin é 381 dias. A bolsa de Karpeles já contava com mais de 1 300 dias de existência quando decretou a falência. E, por mais incrível que possa parecer, o mercado do bitcoin reagiu bem nas semanas seguintes, pois a moeda continuou oscilando em um patamar próximo de 630 dólares a unidade. Não seria esse um sinal de que a mão invisível do mercado promoveria a autorregulação? “Não”, diz Yermack. “A única razão pela qual o valor tem sido sustentado é que o fornecimento

de bitcoin é muito pequeno. Isso me lembra as ações de empresas ponto-com no fim dos anos 90. Elas mantiveram seu valor enquanto a circulação de ações era pequena e o número de especuladores diários era alto.” Em São Paulo, o professor Samy Dana, da Fundação Getulio Vargas, acredita que a bolha seja inevitável. “Por que vale 600 dólares? Porque amanhã ou depois deve valer mais. Mas não há motivo algum para valer mais. Não existem parâmetros, e quando isso acontece os preços explodem e depois caem”, afirma Dana. Mas será que ainda haverá alguma esperança para o bitcoin, mesmo que no futuro ele volte a valer 15 dólares, como no início do ano passado? Dana acredita que sim: “O bitcoin pode ter um futuro, mas vai precisar de regulação. Para ficar sério de verdade, deverá ter um lugar só e de âmbito mundial negociando a moeda”. Há também duas certezas no futuro dessa história. Outras empresas de bitcoin vão quebrar e quem apostou alto na moeda vai perder dinheiro. E dinheiro de verdade, não o virtual. �

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NO FIM DE MARÇO, o MtGox afirmou ter encontrado 200 000 bitcoins perdidos, reduzindo seu prejuízo a 650 000 bitcoins. A história só revelou ainda mais a confusão contábil que a empresa de Mark Karpeles vivia. As moedas foram achadas durante o processo de recuperação judicial, em carteiras virtuais consideradas vazias desde 2010. Um erro básico para uma empresa que pretendia ser um banco confiável e organizado de compra e venda de bitcoins. Seria como descobrir uma nota de 100 reais no bolso de uma antiga jaqueta, mas com a diferença de que se trata aqui de dinheiro alheio. O valor localizado é de aproximadamente 126 milhões de dólares. Para proteger esses bitcoins de ciberataques, Karpeles avisou que os manterá em servidores não conectados. A definição de quem deverá receber o dinheiro está com a Justiça japonesa, que escolherá entre os mais de 127 000 clientes lesados pelo MtGox.

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9 cm

INFOLAB câmera personalizada

12,9 cm

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Indicada para fotografia de rua, esta Fuji alia qualidade de imagem a velocidade em um corpo compacto com controles customizados ≥ POR LEONARDO VERAS X-T1 / FUJIFILM

O modo automático de uma câmera moderna toma decisões corretas na maioria dos casos, mas nada substitui o instinto e o estilo particular de cada fotógrafo. É esse toque humano que está no centro do design desta câmera da Fujifilm, com seus diversos controles físicos e opções de personalização. ISO, abertura, velocidade e outros ajustes essenciais podem ser controlados diretamente por rodas dedicadas, enquanto outras funções são atribuídas a um dos seis botões customizáveis ou alteradas em um menu de atalhos que salva até sete perfis de uso. Por trás do visual retrô se esconde uma das máquinas mais velozes que já passaram pelo INFOlab, tanto no que diz respeito ao foco quanto ao disparo contínuo. A X-T1 se adapta bem a situações difíceis graças ao bom desempenho em cenas noturnas e ao corpo vedado contra água e poeira.

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10,0

Impecável

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Ótimo

Veja os critérios de avaliação em: info.abril.com.br/reviews/notas/

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Muito bom

7,0 a 7,9 Bom

6,0 a 6,9

16 MP / Zoom de 3x (18-55 mm) / Filma em 1 080p / LCD de 3” / 762 g (442 g só o corpo) AVALIAÇÃO TÉCNICA: 8,5 CUSTO/BENEFÍCIO: 7,3

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Médio

5,0 a 5,9

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FOTOS DULLA EDIÇÃO DE IMAGEM EDSON MINORU PRODUÇÃO: ALESSANDRA RAVIZZA AGRADECIMENTO: SPADES KUSTOM

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Ao tocar no lugar certo do Galaxy S5, seus sensores indicam como anda o coração e substituem a digitação de senhas ≥ POR AIRTON LOPES Galaxy S5 / SAMSUNG Quer descobrir o quanto uma pessoa se empolga ao colocar as mãos no tão aguardado Galaxy S5 pela primeira vez? Basta pedir para encostar o dedo abaixo da câmera traseira e acessar o sensor de batimentos cardíacos. Outra novidade é seu leitor biométrico. Uma passada de dedo sobre o botão Home substitui senhas para desbloquear a tela inicial e autenticar o acesso à conta Samsung e aos pagamentos com o PayPal. Mas, por enquanto, serve apenas para isso. Dois destaques nos testes do INFOlab foram a duração da bateria (9h31min), a maior entre os smartphones com tela menor que 6 polegadas, e os recursos da câmera de 16 MP, como o preview em tempo real para fotos e vídeos com a ação do recurso HDR. No design, as mudanças são a resistência do corpo a poeira e respingos e a traseira texturizada com pequenas perfurações, em um visual que divide opiniões.

14,2 cm

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(1) Duração medida com o aparelho exibindo vídeo em 720p com Wi-Fi e Bluetooth ativados

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4,8 cm

11,5 cm

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ação em dobro Com a filmadora Chameleon, as cenas registradas com suas duas lentes são colocadas lado a lado e sincronizadas em um único vídeo ≥ POR AIRTON LOPES ATC Chameleon / OREGON SCIENTIFIC

Equipada com duas lentes móveis do tipo grande angular, a filmadora de ação Chameleon registra as cenas sempre sob dois pontos de vista. A lente responsável pela visão frontal se movimenta verticalmente 180 graus, enquanto a traseira gira na horizontal. Com as duas trabalhando em conjunto, a filmadora capta dois vídeos em 720p para gerar arquivos com as duas imagens lado a lado e sincronizadas. Nos testes, a qualidade da imagem foi mediana, bem abaixo da produzida por uma GoPro. A operação da Chameleon é bem simples. Ela tem apenas um grande botão no topo para ligar a câmera e iniciar a gravação. Não há LCD, somente LEDs e bips para informar os status de funcionamento, do cartão de memória e da bateria. A filmadora vem com um suporte para a fixação em capacetes de ciclismo e resiste a respingos, mas só deve ir para baixo d'água em uma caixa estanque, vendida por 149 reais.

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720p / Duas lentes / Não fotografa / MicroSD / Não tem zoom / Não tem LCD / 119 g / 2h15min de bateria AVALIAÇÃO TÉCNICA: 7,7 CUSTO/BENEFÍCIO: 7,9

/ R$ 599

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barista em casa A máquina da Krups prepara café com grãos moídos na hora, leite vaporizado e espuma irresistível ≥ POR AIRTON LOPES

Barista EA9000 / KRUPS

Não é preciso ser um especialista para acertar no café de vários tipos e experimentar novos sabores com esta cafeteira, da Krups. Bastam alguns toques no display para que ela comece a verter expressos e preparar canecas de café com leite e cappuccino com aroma, espuma e visual tentadores. A matéria-prima é o café em pó ou em grãos, que são moídos pela própria máquina. É possível dar um toque pessoal às receitas alterando parâmetros, como temperatura, concentração e quantidade de café e leite. Ela permite memorizar a preferência de oito pessoas. Nas bebidas com leite, em vez de despejar o líquido em um reservatório, ele deve ser colocado direto na caneca para ser vaporizado. A vantagem desse processo é não se preocupar com a limpeza de leite dentro da máquina nem mesmo com a do vaporizador, pois ele é recolhido e lavado automaticamente.

38,5 cm

110 V / 1 620 W / Pressão da bomba: 15 bar / Compartimento de água: 1,7 l / Compartimento de grãos: 280 g / Moedor embutido / LCD de 3" touch screen / 11,5 kg AVALIAÇÃO TÉCNICA: 8,8 CUSTO/BENEFÍCIO: 5,7 29,5 cm

39 cm

/ R$ 5 999

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16 cm 8,2 cm

0,8 cm

android com curva O smartphone LG G Flex é o primeiro no país com tela curva, mas o que faz a diferença é sua bateria ≥ POR AIRTON LOPES

G Flex / LG

As dimensões da tela de 6 polegadas deste smartphone já seriam suficientes para atrair olhares, mas é a curvatura que faz do G Flex um aparelho singular. Para conseguir essa forma, o display de Oled é produzido sobre uma base de plástico que o torna mais maleável do que uma tela comum, mas não a ponto de ser flexível. O aumento da sensação de imersão ao ver vídeos e a melhor captação de voz nos telefonemas seriam as vantagens do design curvado. Mas na prática é difícil percebê-las. É mais fácil observar diferenças na qualidade visual. O incômodo com reflexos é menor, mas, apesar de muito boa, a tela de 720p deste LG é superada pela de 1 080p. Outra novidade é o revestimento, capaz de regenerar danos causados por arranhões superficiais na traseira. No INFOlab, o modelo quebrou o recorde de duração de bateria da categoria, com 11 horas e 49 minutos. Android 4.2 / Tela de 6" / 4G (LTE) / Snapdragon 800 Krait 400 2,26 GHz quad-core / 32 GB / Câmeras de 13 MP (4K) e 2,1 MP (1 080p) / 176 g / 11h49min de bateria(1) AVALIAÇÃO TÉCNICA: 8,7 CUSTO/BENEFÍCIO: 6,4

/ R$ 2 699 (1) Duração medida com o aparelho exibindo vídeo em 720p com Wi-Fi e Bluetooth ativados

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18 cm 15 cm

4,5 cm

fone elegante Bonito, compacto e dobrável, o modelo feito com aço inoxidável e couro da Harman Kardon fica bem na cabeça e dentro da mochila ≥ POR AIRTON LOPES Soho / HARMAN KARDON

Combinando aço inoxidável e couro legítimo, o design deste fone de ouvido compacto, da Harman Kardon, prima pela elegância e ótima construção. As articulações metálicas permitem dobrar o fone para guardá-lo em um estojo rígido semelhante a um portajoias com apenas 4 centímetros de altura. A espuma macia das pequenas conchas retangulares exerce uma pressão suave sobre a orelha, mas o conforto para ouvir música por horas não é garantido para todos os formatos de cabeça. No INFOlab, a maioria dos profissionais que o testaram não sentiu desconforto, mas houve quem se queixasse de uma leve dor no topo do crânio após o uso prolongado. A qualidade de áudio para um fone compacto com drivers de 30 milímetros é boa. O equilíbrio de frequências é satisfatório, porém sem uma definição espetacular nos graves e agudos. Uma característica do Soho é a vedação acústica deficiente.

Formato on-ear / Drivers de 30 mm / Resposta em frequência: 16-20 000 Hz / Sensibilidade: 100 dB/mW / Headset / Conexão P2 / 2 cabos de 1,3 m (um deles com controle) / 142 g AVALIAÇÃO TÉCNICA: 7,8 CUSTO/BENEFÍCIO: 6,8

/ R$ 799

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muitos em um

LP-P1000 / TEAC

A viagem no tempo promovida por este equipamento retrô da Teac começa com o toca-discos e o visual de três em um da década de 70. Passa pelo CD player, que reinou absoluto nos anos 90 e no começo dos 2000, e chega ao presente com o Bluetooth, usado para levar as músicas do smartphone para caixas de som maiores. Nos testes, o equipamento produziu um áudio modesto em qualidade e volume. Os únicos ajustes possíveis são intensidade de graves e agudos, mas eles não conseguem dar peso nas frequências baixas e brilho nas altas, para transformar o som flat que sai dos alto-falantes em outro com mais potência e fidelidade. Na hora de ouvir LP, o posicionamento da agulha sobre o disco é manual, como nos velhos tempos. Mas, no modo Bluetooth, o controle remoto não serve apenas para aumentar o volume. Ele também troca as faixas da playlist selecionada no gadget pareado.

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25 cm

21,5 cm

Com visual da década de 70, o aparelho de som da Teac toca LP, CD, rádio FM e música por Bluetooth ≥ POR AIRTON LOPES

22,4 cm

46 cm

15 cm

38 cm

50 W de potência / LP e CD / Bluetooth / Rádio FM / Entradas: RCA estéreo e P2 / Saídas: RCA estéreo e P2 / Controle remoto AVALIAÇÃO TÉCNICA: 7,7 CUSTO/BENEFÍCIO: 6,5

/ R$ 1 999

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16,1 cm 8,5 cm

0,9 cm

tela de sobra O Lumia 1520 estreia os displays full HD de 6 polegadas nos aparelhos com sistema operacional Windows Phone ≥ POR AIRTON LOPES

Lumia 1520 / NOKIA

Para aproveitar ao máximo as novidades do sistema Windows Phone 8, que finalmente passou a suportar processadores de quatro núcleos e telas full HD em sua atualização GDR3, a Nokia não economizou tela e recursos. O Lumia 1520 tem display de 6 polegadas e uma configuração poderosa, com processador de quatro núcleos. Sua câmera de 20 MP faz fotos e vídeos em 1 080p com ótima qualidade e tem uma novidade que agrada aos fotógrafos mais exigentes. O smartphone da Nokia é o primeiro a salvar fotos em arquivos RAW, sem compressão. O método é o mais indicado para quem pretende trabalhar com a imagem em programas de edição, como o Photoshop. No entanto, nos testes do INFOlab, o tempo para o aplicativo da câmera abrir, acertar o foco e ficar pronto para o disparo ficou acima do ideal.

Windows Phone 8 GDR3 / Tela de 6" / 4G (LTE) / Snapdragon 800 Krait 400 2,26 GHz quad-core / 32 GB + microSD / Câmeras de 20 MP (1080p) e 1,3 MP (720p) / 209 g / 8h de bateria(1) AVALIAÇÃO TÉCNICA: 8,6 CUSTO/BENEFÍCIO: 6,7

/ R$ 2 399 (1) Duração medida com o aparelho exibindo vídeo em 720p com Wi-Fi e Bluetooth ativados

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STARTUP SE

A CARTA DE VINHOS, POR FAVOR! / Quando frequentava o curso de engenharia de produção, o carioca Cristiano Lanna, 33 anos, dividia seu tempo com aulas de especialização mais saborosas. Apaixonado por gastronomia, o engenheiro decidiu trocar a calculadora pelos utensílios de cozinha e montou o bufê Cozinha Criativa e o bar italiano Prima Bruschetteria, no bairro do Leblon. Com três sócios, Lanna diversificou os negócios, em 2010, com a criação do Selo Reserva, um e-commerce de vinhos. “A ideia surgiu porque nossos amigos sempre pediam recomendações de vinhos, e vimos que esse era um mercado com grande potencial”, afirma. Com 35 000 usuários cadastrados, a startup oferece uma carta semanal de rótulos de diferentes países, acompanhada de uma avaliação do produto e de dicas de degustação e harmonização. Em 2013, a empresa ingressou na aceleradora 21212. “Nossa experiência de administrar um restaurante era muito diferente de gerir uma startup”, diz Lanna. � FOTO VITOR PICKERSGILL

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FOTO GUILLERMO GIANSANTI

EDIÇÃO DE IMAGEM ARTNET DIGITAL

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