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info.abril.com.br

março 2014 @_INFO

tecnologia é coisa de mulher

R$ 14,90 / ed. 339 / março 2014

Nº 339

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Camila achutti, 22 anos, criadora do blog mulheres na Computação

facebook.com/revistainfo

tecnologia é coisa de mulher / vida desplugada / viagem a marte

Informação | TendêncIas | Inovação | culTura dIgITal

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48 março 2014

SUmÁrIo 48. TECNoLoGIa É CoISa DE mULHEr

INOVAÇÃO 44. QUEr VIaJar Para marTE? PErGUNTE-mE Como

A Mars One, empresa que pretende enviar humanos para colonizar o planeta Marte, vai reabrir as inscrições. Veja o que é preciso para se candidatar a essa viagem sem volta

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Elas ainda são minoria nas escolas de engenharia, em cursos de programação e nas startups. Mas é por pouco tempo. Uma nova revolução feminina vai mostrar que lugar de mulher é, sim, na tecnologia

58. VIDa DESPLUGaDa

O jornalista inglês David Baker passou 21 dias sem acesso à internet. Veja o que ele descobriu longe do intenso fuxo digital que tomou conta de nossa vida

64. rEVoLUçÃo maKEr

Pessoas de diferentes idades e profissões se reúnem para tirar ideias do papel e colocar a mão na massa para construir móveis, eletrodomésticos, instrumentos musicais, robôs e coisas feitas com placas de arduino. As possibilidades são tantas quanto a imaginação permitir. Bem-vindo ao movimento maker

72. FUNCIoNÁrIo Do mÊS

O Google Glass já atrai empresas interessadas em criar aplicativos para agilizar áreas como logística e atendimento ao cliente

76. Um CÉrEBro Para o Carro

O automóvel é a nova fronteira para as empresas de tecnologia, como Google e Apple, que agora trabalham com as montadoras para desenvolver veículos mais inteligentes e conectados

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8. CarTa do ediTor 10. eXPedieNTe 12. www 16. iNboX

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enter

20. o mUNdo de ToLKieN

Grupo recria o universo de O Senhor dos Anéis em um grande mapa digital que mistura o mundo real com a fcção

22. 19 biLHÕeS

Financeiramente, este valor astronômico pode não fazer muito sentido. Mas a compra do WhatsApp vai colocar o Facebook entre os líderes da comunicação móvel

24. o CeNÁrio É a Terra

Criadores do game ReROLL querem escanear cada polegada da Terra com drones e pedem ajuda

25. oS CiNCo maioreS CaNaiS do YoUTUbe No braSiL

Em fevereiro, Galinha Pintadinha foi o primeiro canal do Brasil a atingir a marca de 1 bilhão de visualizações. E conseguiu isso com apenas 33 vídeos. Conheça os próximos candidatos a seguir o caminho de canal bilionário

28. o SUPergeeK

Pode fcar com inveja. O publicitário Renan Piizi ganha a vida cercado dos maiores personagens dos quadrinhos, do cinema e da TV

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30. aPPS do mÊS

Uma seleção de aplicativos para iOS, Android, Windows Phone e BlackBerry

31. diÁrioS de gUerra

Para marcar o centenário da Primeira Guerra Mundial, o Reino Unido cria um banco de dados online com 1,5 milhão de páginas de relatos feitos pelos próprios soldados

32. Se eU foSSe VoCÊ

Coletivo de arte usa o Oculus Rift para que homens e mulheres vejam como é ter um corpo do sexo oposto

34. HaCKerS da PoLÍTiCa

Na Argentina, grupo cria partido político que usa um aplicativo para saber a posição dos eleitores antes de votar projetos de lei

35. a magia eSTÁ No braço

ideias

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36. aLeSSaNdra LariU

Hollywood e o mundo tech

38. maNoeL LemoS

Cuidado com os benchmarks

40. dagomir marQUeZi

O país que parou em 1962

42. faTaLidade Não É fraCaSSo

Para José Raimundo Braga Coelho, presidente da Agência Espacial Brasileira, a perda de um satélite não pode representar um retrocesso no desenvolvimento do programa espacial brasileiro

Tablet G Pad 8.3 / LG Câmera Alpha 3000 / Sony Scanner 3D Sense / 3D Systems Robô Limpa-Vidros Winbot W730 / Ecovacs Notebook Vaio Fit 15 / Sony Forno elétrico OTP10 / Electrolux

inFOLaB

startUP-se

84. o QUe o iNfoLab TeSToU NeSTe mÊS

98. Na garUPa

Desktop Mac Pro / Apple Drone AR. Drone 2.0 Power Edition / Parrot

Como a star tup Motonow destaca-se entre as muitas que lançam aplicativos para motoboys

Parques da Disney entram na moda dos vestíveis e testam pulseira que guarda dados de visitantes

foTo sepehr Zamani

Tiragem da edição 110 950 exemplares

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Carta do editor

uma Capa inédita VoCê já está aCostumado a ver capas diferentes aqui

Mas esta edição tem muito mais. Não perca o texto delicioso do jornalista inglês David Baker, que, a nosso pedido, passou exatos 21 dias sem acessar a internet. Ele faz um relato vivo e reflexivo sobre como o intenso fluxo digital tomou conta da nossa vida. David é professor da The School of Life em Londres e resolveu aprender português. Passou 72 dias no Rio de Janeiro estudando a nossa língua e já se vira muito bem, como você pode ver no blog que criou para a empreitada (72daysinbrazil.blogspot.com.br). O editor Filipe Serrano mergulhou na indústria automobilística para contar que os carros são a próxima fronteira da tecnologia e por que empresas como Google e Apple entraram na corrida para ter seus sistemas rodando nos automóveis. Conheça ainda os espaços que surgiram em São Paulo onde as pessoas podem construir de móveis e robôs a objetos animados por placas de Arduino, numa legítima revolução maker. Boa leitura e até abril!

na INFO. Capas coloridas, capa tripla, com ilustração e aquelas criadas por premiados publicitários convidados pela redação, como Erh Ray, Eco Moliterno e Hugo Rodrigues. Mas aposto como você levou um susto ao receber em casa ou comprar na banca a sua INFO de março. A ideia de fazer uma capa graficamente inovadora foi do nosso diretor de arte, Rafael Costa, que voltou das férias ainda mais inspirado. Nossa intenção era colocar uma garota na capa, para ilustrar a reportagem sobre como as mulheres vão mudar o mundo masculino da tecnologia. Por que então não inovar no design, pintar a capa de preto, e ainda colocar um brilho especial para destacar partes da foto? Escolhida a imagem, começaram as conversas com o pessoal técnico de nossa gráfica, uma turma sempre atenta às inovações e parceira nas ideias mais malucas e complicadas de realizar. O resultado é uma capa totalmente inédita, com o poder de surpreender. Espero que para o bem ;-). Coube à editora assistente Paula Rothman descobrir as profssionais que estão fazendo a diferença na computação e nas startups techs. Paula ouviu mais de 30 mulheres envolvidas com inovação, aqui e lá fora, e listou eventos e iniciativas de mulheres na computação para nos mostrar que, num futuro bem próximo, elas vão ocupar lugar de destaque no mundo digital. Como a garota da capa, Camila Achutti, 22 anos, formada em ciência da computação pela USP, dona do blog Mulheres na Computação e recém-chegada de uma temporada de trabalho na sede do Google, em Mountain View, no Vale do Silício.

na gráfica

katiam@abril.com.br

O diretor de arte, Rafael Costa (centro), Ricardo Carvalho (à dir.) e Dreves Lemos, da área de processos, aprovam a capa foto Mariana PekiM

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fundada em 1950

VICTOR CIVITA (1907-1990)

ROBERTO CIVITA (1936-2013)

Conselho Editorial: Victor Civita Neto (Presidente), Thomaz Souto Corrêa (Vice-Presidente), Elda Müller, Fábio Colletti Barbosa, José Roberto Guzzo

Presidente: Fábio Colletti Barbosa Vice-Presidente de Operações e Gestão: Marcelo Vaz Bonini Diretor-Superintendente de Assinaturas: Fernando Costa Diretora de Recursos Humanos: Cibele Castro Diretora-Superintendente: Cláudia Vassallo

Diretora de Redação: Katia Militello

Editores: Airton Lopes, Filipe Serrano, Maria Isabel Moreira, Rodrigo Brancatelli Editora Assistente: Paula Rothman Repórter: Adeline Daniele e Thiago Tanji Infolab: Luiz Cruz (engenheiro-chefe), Leonardo Veras (analista de qualidade) Info online Editor-chefe: Rafael Kato Editor: Marcus Vinícius Brasil Repórteres: André Fernandes, Monica Campi, Vanessa Daraya Desenvolvedores Web: Octavio Fernandes, Silvio Donegá Produtor Multimídia: Cadu Silva núcleo de Revisão: Ivana Traversim (chefe), Eduardo Teixeira Gonzaga (coordenador),

Gilberto Nunes, Maurício José de Oliveira, Raquel Siqueira, Regina Pereira, Rosana Tanus Diretor de Arte: Rafael Costa Editor de Arte: Oga Mendonça Designer: Wagner Rodrigues www.info.abril.com.br PUBLICIDADE EXAME – Diretor de Publicidade Un EXAME: Marcos Gomez Diretoras: Ana Paula Teixeira, Eliani Prado Gerentes: Leda Costa, Marcio Bezerra, Renata Carvalho Executivos de negócios: Adriana Mendes, Amanda Lima, André Bortolai, Andrea Balsi, Beatriz Ottino, Caio Souza, Danilo Lima, Edvaldo Silva, Elaine Marini, Felipe Maia, Gabriela Duarte, Henri Marques, Júlio Tortorello, Marcelo Cavalheiro, Marcello Almeida, Marlene Torres MARKETInG – Diretora: Viviane Palladino Gerentes: Andreia Coelho, Alexander Ivonika, Cléber Souza, Elaine Campos, Luis Felipe Borsoi Sansone, Maria Luiza Galvão, Rafael Abicair, Tiemy Akamine EVEnToS – Gerente: Shirley Nakasone PUBLICIDADE REGIonAL – Diretor: Jacques Ricardo Gerentes: Adriano Freire, Grasiele Pantuzo, Ivan Rizental, João Paulo Pizarro, Kiko Neto, Mauro Sannazzaro, Sonia Paula, Vania Passalongo PUBLICIDADE InTERnACIonAL: Alex Stevens ASSInATURAS – ATEnDIMEnTo Ao LEIToR – Diretor: Clayton Dick CIRCULAÇÃo AVULSAS – Gerente: Paula Fernandes

APoIo – PLAnEJAMEnTo, ConTRoLE e oPERAÇÕES: Anderson Portela DEDoC e ABRIL PRESS: Elenice Ferrari PESQUISA e InTELIGÊnCIA DE MERCADo: Andrea Costa RECURSoS HUMAnoS – Consultor: Fernando Gil Lopes TREInAMEnTo EDIToRIAL: Edward Pimenta

Redação e Correspondência: Av. das Nações Unidas, 7221, 20 o andar, Pinheiros, São Paulo, SP, CEP 05425-902, tel. (11) 3037-2000, Publicidade São Paulo e informações sobre representantes de publicidade no Brasil e no Exterior: www.publiabril.com.br

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info.abril.com.br / extras

twitteR.cOM/_iNFO // FAcebOOk.cOM/RevistAiNFO // gOOgle.cOM/+iNFO // iNstAgRAM.cOM/RevistA_iNFO

Girlpower

Leia no site da INFO entrevistas com Selina Tobaccowala, vice-presidente da Survey Monkey; Ana Martinez, engenheira no Vale do Silício; Kinsey Durham, uma das coordenadoras do movimento Women Who Code; e outras seis mulheres que atuam no mundo tech. Elas contam como trabalham em ambientes essencialmente masculinos e por que as mulheres estão aos poucos conquistando cada vez mais espaço na tecnologia.

O que veR eM uMA telA 4k

Além do alto custo, você pode ter outro problema ao comprar uma TV 4K agora: a falta de conteúdo. Veja no site uma lista de programas, flmes e séries que podem ser assistidos com qualidade quatro vezes superior à do Full HD.

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EspionagEm Foi lançado no Brasil o livro Os Arquivos Snowden, do jornalista britânico Luke Harding, sobre os detalhes da espionagem da NSA. Leia no site da INFO uma entrevista com o autor e confra uma lista com dez coisas que você não sabia sobre a vida de Edward Snowden.

exéRcitO RObô

Cerca de um quarto do Exército americano deve ser substituído por robôs até 2030. Listamos as tecnologias que estarão nos campos de batalha do futuro, como o Maars, um módulo com controle remoto equipado com metralhadora.

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INFO DIgItal /

como ler a INFO no iPad e no iPhone

como ler a INFO nos tablets android

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* Veja como ler a INFO na loja de conteúdo digital iba em abr.io/leia-no-iba

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inbOx

Está sensacional essa edição. Na verdade, todas as edições são sensacionais. Quem puder leia essa.

GAbRiel QueiROz / bRAsíliA (DF) 99% das pessoas jamais serão gênios. Se você tiver de forçar uma genialidade, então não é um gênio.

cOMO FORMAR GêniOs

Como usuário de Android e AssinAnte dA revistA inFo FísiCA, me senti pApAriCAdo Com A CApA Com reAlidAde AumentAdA e A surpresA tátil do espeCiAl ApoCAlipse não! É bom pArA os usuários não digitAis terem, voltA e meiA, essAs surpresAs nAs edições impressAs. AlessAnDRO DOs sAntOs FRAzãO / sãO JOsé (sc)

Felipe KAtsuMAtA / sãO pAulO (sp) Dica de leitura. Ótimas matérias!

WeRlen Menezes / MAnAus (AM)

A capa da revista @_INFO do mês de fevereiro fez sucesso aqui no trabalho com realidade aumentada! Aguardando as próximas edições!

@eveRtOnbRbs A reportagem Como Formar Gênios está muito informativa. Gostei da entrevista com Mitchel Resnick. Um aspecto que poderia ter sido abordado é a linha de pesquisa de Seymour Papert (MIT) e Alan Kay (Xerox, Disney). Eles se preocupam em estudar como as crianças podem aprender a aprender. A estratégia de aprendizado que a maioria das crianças tem nas escolas é a tentativa e o erro. Isso é suficiente por um bom tempo, mas depois torna-se um fator limitante.

Jecel M. De AssuMpÇãO JR. / sãO cARlOs (sp) A INFO sempre aumentou nossa percepção sobre a realidade tecnológica. Mas, sempre inquieta, superou-se mais uma vez ao ampliar a percepção da própria capa da revista com realidade aumentada. Parabéns, equipe INFO!

FeRnAnDO cesAR bAlbinO / GuARARApes (sp)

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A drOgA Nerd

Adorei a matéria sobre a droga da inteligência. Será que a humanidade caminha para uma vida com comportamento de máquinas zumbis?

AnA cAMilA cARRARi / cAMpinAs (sp)

dez ANOs de curtIçãO

Muito bom o especial da INFO sobre os 10 anos do Facebook. Material para guardar. Além do gráfico, o texto Invasões Bárbaras faz uma boa análise dos problemas futuros do Facebook.

MARcOs AntOniO FAleiRO / sãO pAulO (sp)

ApOcAlIpse NãO!

A INFO de fevereiro se superou com uma matéria inteira feita em formato de história em quadrinhos. Li na revista e depois baixei no iPad. Genial!

AnA cARlA sOARes / RiO De JAneiRO (RJ)

@_INFO, essa capa fcou da hora! Já estou com a minha em mãos!

@peDROhbAnDeiRA Aula de robótica no Pentágono é destaque na revista @_INFO deste mês. Na capa, nosso aluno Luca Giudici!

@cOlpentAGOnO

Quer formar gênios? Entregue um PC com Linux para seu flho. Já é um bom começo!

MáRiO cOutinhO / pORtO AleGRe (Rs) Sou assinante da INFO e me surpreendo a cada nova edição. Parabéns! Indico a INFO para todos.

AlisOn lAuRentinO / FORtAlezA (ce)

INFO

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broncas do mês

FAle COM A INFO REDAÇÃO

SINAL QUADRICULADO

Sou assinante da Net e desde dezembro passado o sinal de TV está chegando quadriculado, quando não é interrompido. Fiz diversos contatos com a central de atendimento para solucionar o caso. Recebi algumas visitas de técnicos, sempre sem solução, já que falavam que o problema era externo. Conclusão: estou há quase dois meses sem sinal e desrespeitado por receber um produto sem qualidade.

FábiO CeRegAttO / RiO ClARO (SP)

ReSpOStA DA Net

A Net informa que entrou em contato com o leitor e confirmou a normalização do funcionamento do serviço.

COmeNtáRIO DO LeItOR

De fato o problema estava na rua, mas faltou boa vontade nas primeiras visitas. Agora três técnicos fizeram a substituição de um equipamento e o sinal de TV ficou estável, pelo menos até o momento. Como foi bom o cutucão da INFO!

Comentários sobre o conteúdo editorial da INFO e reclamações para Broncas do Mês:

mORte SÚBItA

Comprei um Nokia Lumia 920 em março de 2013. Em novembro, ele parou de funcionar. Levei para a assistência técnica, que resolveu o problema. Mas no dia seguinte o aparelho voltou a desligar. A assistência recomendou o envio a um centro avançado de reparo. Tive de esperar mais dez dias úteis para o celular voltar. Começa então a parte absurda: na devolução, eles disseram que houve reparo inadequado, fora de uma assistência autorizada. Mas o aparelho havia sido analisado duas vezes pela própria Nokia!

AlAn DAntAS / RiO De JAneiRO (RJ)

ReSpOStA DA NOkIA

A empresa afirma ter realizado a restituição do valor do aparelho.

COmeNtáRIO DO LeItOR

Fechamos um acordo para a devolução do dinheiro. Infelizmente, fquei mais de 45 dias sem meu aparelho. Mas ainda recomendo a marca e pretendo continuar comprando seus produtos.

contateinfo@abril.com.br. A correspondência pode ser publicada de forma reduzida. Envie seu nome completo e a cidade onde mora. COmuniDADEs

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POR que leiO info “Leio a INFO porque a revista aborda com profundidade diversos conteúdos relacionados às inovações em tecnologia e internet. Essas são áreas que despertam meu interesse e fazem parte do meu cotidiano”

MARCO gOMeS / FunDADOR DA bOO-bOx ops! Erramos /Ao contrário do que diz a reportagem Um Hubble em Casa, sobre astrofotografa, a captação de planetas e luas utiliza técnica

diferente da usada para os chamados objetos de céu profundo. O engenheiro Conrado Seródio não fez menção a cometas em sua entrevista. FOtO NICOLAS CAMARGO

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ENTER MAPAS // wHAT SAPP // ART E GEEK // dISNE Y // SE XO OPOS T O // POLÍT ICA

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edoras

A capital do reino de Rohan, que fca sobre uma colina, é um dos locais reconstruídos em 3D no projeto

O MundO de tOlkien Grupo recria o universo de O Senhor dos Anéis em um grande mapa digital que mistura o mundo real com a fcção // POR PAulA ROthMAn

FRoDo teRiA DeixADo suas pegadas de hobbit

por todo o Reino Unido, e o mago Gandalf passou pela Itália em uma de suas aventuras. Esse tipo de relação im­ provável entre o mundo real e o da obra O Senhor dos Anéis é a base de um projeto que está recriando o mapa da Terra Média, o mundo fantástico de J.R.R. Tolkien, autor da saga. Quando estiver completo, o The Middle Earth DEM Project permitirá uma visualização interativa para admirar a Terra Média de cima (como no software Google Earth), dar zoom e entrar em ambientes fechados. Mas tem um detalhe: a referência são localizações reais da Terra e os mapas fctícios dos livros. “Segundo Tolkien, a história se passa em um pas­ sado alternativo do nosso planeta. Ele mesmo disse em cartas que imaginou partes da história em lugares reais”, afrmou a INFO o inglês Carl Lingard, 44 anos, criador do projeto. Seguindo as coordenadas do autor, o Condado (em que vivem os hobbits) seria onde hoje está a cidade de Sarehole, no Reino Unido. Minas Tirith, a Cidade dos Reis, estaria no lugar de Florença, na Itália. Com base nessas informações e em dados mencionados nos livros, é possível localizar geo­ grafcamente outros lugares. “Levamos mais de uma década na primeira fase, agora estamos criando os modelos 3D de re­ giões específcas, como as casas do Condado”, afrma Lingard. O processo é feito por ele e por voluntários. Fã da saga desde a infância, Lingard diz que não pensa em transformar o The Middle Earth DEM Project em negócio. “Não faremos um game ou qualquer atividade que infrinja a propriedade intelectual. É apenas um hobby”, afrma. Ele tampouco pen­ sa em parar. “O mapa está 40% pronto, mas, como a própria obra de Tolkien, é uma empreitada sem fm, para a vida toda.”

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E n t E R // A n á l i s E

19 Bil Financeiramente, este valor astronômico pode não Fazer muito sentido. mas a compra do Whatsapp vai colocar o Facebook entre os líderes da comunicação móvel // POR FiliPE sERRAnO E thiAgO tAnji

No dia que o facebook anunciou a compra do WhatsApp, por 19 bilhões de dólares, o professor de fnanças Aswath Damodaran, da Universidade de Nova York, começou a calcular. O que justificaria esse número? Ele é maior do que o valor de empresas como GAP, Harley-Davidson e Electronic Arts. E, no Brasil, de gigantes como o Pão de Açúcar. Afnal, não é todo dia que um aplicativo criado há menos de cinco anos é comprado por 16 bilhões de dólares (4 bilhões em dinheiro e o restante em ações) e mais 3 bilhões em compensação a seus 55 funcionários. Aswath Damodaran colocou os dados no papel e chegou a uma conclusão: não existe lógica fnanceira. “Para justifcar o valor, a empresa precisaria ter receita de 2,2 bilhões de dólares”, escreveu o professor em seu blog. Para gerar essa montanha de dinheiro com assinaturas anuais de 1 dólar, o WhatsApp precisaria de 2,5 bilhões

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de usuários, marca distante até para o Facebook, que conta com 1,23 bilhão. Por que então a rede social pagou tão caro? Mark Zuckerberg, 29 anos, fundador e presidente do Facebook, justificou a compra pelo potencial de crescimento do WhatsApp. Já são 465 milhões de usuários mensais e 1 milhão de pessoas se cadastram no serviço a cada dia. “Os 19 bilhões de dólares parecem uma grande surpresa, mas o crescimento do WhatsApp em um período tão curto também é surpreendente”, disse a INFO Hernan Kazah, investidor em empresas de internet e criador do fundo Kaszek Ventures. “O Facebook levou em consideração o prejuízo que teria caso o Google tivesse comprado o aplicativo.”

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( ( US$ 4 BIl hõeS eM dinheiRO

US$ 12 BIlhõeS

hões eM AÇões

US$ 3 BIlhõeS eM cOMpensAÇÃO AOs funciOnáRiOs

O WhatsApp era uma ameaça ao Facebook. Assim como outros aplicativos de mensagem, ele vinha tomando o lugar da rede social entre os adolescentes. O Facebook não conseguiu detêlo usando a mesma arma, seu próprio serviço de mensagens. “O jovem está nesse tipo de aplicativo porque tem a necessidade de ficar sempre online”, diz Marceli Passoni, analista de telecom da consultoria Informa. Com o WhatsApp, o Facebook passa a controlar um tipo de comunicação móvel que terá cada vez mais importância no futuro, especialmente porque as vendas de smartphones devem continuar em alta. E os criadores do app já avisaram que ele não ficará apenas na troca de textos, fotos e recados de voz.

Whatsapp x FaceBook 465 milhões de usuários ativos por mês

1 milhão

de novos usuários por dia

18 bilhões

de mensagens enviadas por dia

600 milhões

de fotos trocadas por dia

55

funcionários

1,23 bilhão

de usuários ativos por mês

465 000

novos usuários por dia

10 bilhões

de mensagens enviadas por dia

350 milhões

de fotos trocadas por dia

6 337

funcionários

Cinco dias depois de virar o bilionário da vez, o cofundador do WhatsApp, Jan Koum, 38 anos, disse que vai incluir chamadas de voz no serviço neste ano. O recurso é popular nos programas concorrentes que fazem sucesso na Ásia, como o KakaoTalk, o Line e o Viber, além do Skype, da Microsoft. “Serviços que têm uma plataforma forte de mensagens podem esperar maior engajamento e retenção de seus usuários”, diz Neha Dharia, analista de telecom da consultoria Ovum. “Outras empresas ainda precisarão investir muito para garantir uma posição de sucesso nesse mercado já superlotado. Comunicação virou uma condição necessária para fazer um serviço crescer.” E tornar seu criador um bilionário.

INFO

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e n t e R // G A M e s

JOGOS dO mêS MetAl GeAR sOliD V: GROunD ZeROes _

O prelúdio de Phantom Pain traz elementos de ação stealth que consagraram a série //

O cenáriO é a T err a

PARA Ps 3, XbOX 360, Ps 4 e XbOX One // PReÇO_ R$ 189,90 // lAnÇAMentO_ 18 De MARÇO

Criadores do game ReROLL querem escanear cada polegada da Terra com drones e pedem ajuda // POR GAbRiel GARciA

Todos os anos, desenvolvedores de games lançam jogos ambiciosos, com dezenas de personagens e cenários fantásticos. Por que não ir além disso e fazer um game do tamanho da Terra? Essa é a missão dos criadores do ReROLL, um jogo de RPG que tentará reproduzir todo o planeta Terra como cenário. A intenção é lançar drones com câmeras que registram imagens e mapeiam os terrenos que vão formar o cenário do jogo. Pense num carro do Google Street View com asas que, em vez de fazer fotos das ruas, sobrevoasse uma área para recriar um mapa 3D digital. O criador do ReROLL, Julien Cuny, espera contar com a ajuda de colaboradores pelo mundo. “Queremos ter a participação de toda a comunidade de entusiastas dos drones. A ideia é que eles flmem suas regiões e enviem as imagens para nós”, afrma Cuny. A equipe de desenvolvedores ainda vai escolher qual será a primeira região a ser mapeada para a versão demo do game. O jogo pretende simular o clima real de cada região. Assim, se o tempo estiver chuvoso no Rio de Janeiro, por exemplo, também estará chovendo no jogo. “Esperamos que os jogadores se preocupem mais em checar a previsão do tempo para seu desempenho no jogo do que para a vida real”, diz Cuny. Antes do ReROLL, Cuny e o sócio Louis-Pierre Pharand trabalharam no estúdio Ubisoft e participaram do desenvolvimento das primeiras edições de Assassin's Creed. Seguindo a estratégia de outros games independentes, ReROLL será financiado por meio de crowdfunding. Os apoiadores do projeto devem receber itens exclusivos na versão fnal do jogo, com lançamento previsto para 2015.

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DARk sOuls ii _

Conhecido por seu alto nível de difculdade, o RPG oferece, em sua sequência, ação em combate direto e magias //

PARA Pc, Ps 3 e XbOX 360 // PReÇO_R$ 189,90 // lAnÇAMentO_ 14 De MARÇO

DiAblO iii: ReAPeR Of sOuls _

A primeira expansão do game traz novas missões e uma nova classe, os cruzados // PARA Pc // PReÇO_ R$ 79,90 // lAnÇAMentO_ 25 De MARÇO

INFO

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E n t E R // V í d E O s O n l i n E

Os cincO maiOres canais dO YOuTube nO brasil

Em fevereiro, Galinha Pintadinha foi o primeiro canal do Brasil a atingir a marca de 1 bilhão de visualizações. E conseguiu isso com apenas 33 vídeos. Já pensou quantas horas os pais tiveram de aguentar a música da galinha azul e do galo carijó? Mas não é só de vídeo infantil que vive o YouTube brasileiro. Conheça os próximos candidatos a seguir o caminho de canal bilionário

1) GalINha PINtadINha

ViEws // 1 028 553 712 RAnking MundiAl // 103o AssinAntEs // 2,3 milhões VídEOs // 33 CAtEgORiA // Infantil dAtA dE CRiAÇãO // agosto de 2006

2) MIchel teló

3) POrta dOs FuNdOs ViEws // 758 460 181 RAnking MundiAl // 158o AssinAntEs // 7,7 milhões VídEOs // 171 CAtEgORiA // Humor dAtA dE CRiAÇãO //

ViEws // 449 065 924 RAnking MundiAl // 333o AssinAntEs // 5,1 milhões VídEOs // 199 CAtEgORiA // Humor dAtA dE CRiAÇãO //

ViEws // 403 624 847 RAnking MundiAl // 371o AssinAntEs // 1,8 milhão VídEOs // 341 CAtEgORiA // Humor dAtA dE CRiAÇãO //

junho de 2009

março de 2012

outubro de 2007

novembro de 2007

ViEws // 839 225 406 RAnking MundiAl // 133o AssinAntEs // 585 000 VídEOs // 138 CAtEgORiA // Música dAtA dE CRiAÇãO //

4) GalO FrItO

5) BarBIxas

FONTE: VIDSTATSX.COM – 24/2/2014

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E n t E R // n E G Ó C I O P O P

nome REnAn PIIzI idade 29 AnOs o que faz únICO bRAsIlEIRO COM lICEnÇA PARA PROduzIR COlECIOnávEIs dA MARvEl

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O SUPERGEEK Pode ficar com inveja. o Publicitário renan Piizi ganha a vida cercado dos maiores Personagens dos quadrinhos, do cinema e da tv // Por PAULA roTHMAN

Há quase uma década, Renan Piizi escuta dos amigos as mesmas piadas sobre seu trabalho. Eles dizem que o publicitário de 29 anos passa a vida brincando com bonecos. Não deixa de ser verdade, mas o negócio é bem mais sério do que pode parecer pela foto na página ao lado. Piizi é fundador das duas maiores empresas brasileiras de peças colecionáveis de personagens de quadrinhos, flmes e TV, mercado em que uma escultura do Homem de Ferro pode valer mais de 5 000 reais. “É difícil para muita gente entender esse preço, mas para quem gosta é como uma obra de arte”, diz Piizi. O negócio começou em 2005 como um site e, em 2008, evoluiu para uma importadora e distribuidora para lojistas. Batizada de Piizi Toys, ela trabalha com os maiores fabricantes do mundo trazendo peças de sagas como Guerra nas Estrelas e Batman, e de qualquer personagem do universo dos quadrinhos, dos filmes e dos seriados. “No Brasil, os Cavaleiros do Zodíaco são sempre um sucesso”, afirma Piizi. Ele conta que certa vez todo o estoque de 4 000 bonecos do personagem Libra foi vendido em 48 horas. “Nosso mercado tem particularidades. Não conheço outro país onde as peças de O Poderoso Chefão sempre se esgotam.” A experiência levou o publicitário a criar, em 2010, a própria fabricante de colecionáveis, a Iron Studios, única na América Latina com licença para elaborar produtos da Marvel. Em um escritório em São Paulo, quatro artistas desenham modelos com base no material enviado pelos estúdios. No mês passado, a equipe recebeu imagens do inédito filme Capitão América 2. O resultado são peças complexas, que nem sempre precisam ser idênticas às cenas das telonas.

Uma das mais recentes, inspirada no flme Os Vingadores, mostra Hulk lutando contra alienígenas. Projetadas aqui, as peças são aprovadas pela Marvel antes de ser fabricadas na China. Um fato curioso: aquelas que mostram o rosto dos personagens são também enviadas aos atores que os interpretam. A maioria dos colecionáveis é numerada e, com o tempo, acaba se tornando raridade entre os entusiastas. Dosar as encomendas é uma estratégia inteligente por dois motivos: evita grandes estoques e mantém os fãs interessados, já que parte da graça é justamente a exclusividade. “Nesse mercado é preciso estar atento para saber o que pode agradar”, diz Piizi. Com o sucesso, a Iron Studios negocia com a Disney licenças para produzir produtos de Guerra nas Estrelas. A empresa também quer criar peças exclusivas para a Comic-Con Experience, feira de cultura geek inspirada na Comic-Con americana que será realizada em dezembro, em São Paulo. “Gosto do assunto desde os 9 anos de idade”, afirma Piizi. “Hoje não é só um negócio. É praticamente uma religião.” imagine na sala /

quatro artistas trabalham no escritório da Iron studios, em são Paulo. criam superheróis e personagens famosos de flmes

FOTOS raONI MaDDaLENa

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E n t E R // A p p s aNdrOId / tablet

AplicAtivos do mês

// pOR gustAvO gusMãO

BaSeCamp Popular na internet, o serviço para gerenciar projetos feitos em grupo chega ao Android. Permite checar o andamento das atividades e participar de discussões. Para Android 4.0 ou mais novo / Grátis

puShBullet

iphONe Snippit

phraSeology

Com este aplicativo e sua extensão

Editor de texto completo e com boa

para Chrome e Firefox, dá para en-

interface. Traz estatísticas sobre

viar links e anotações do computador para

Adicione uma trilha sonora às suas

frequência de palavras e repetição de expres-

o tablet. O conteúdo aparece como notifca-

fotografas e depois compartilhe a

sões. Para iOS 7.0 ou mais recente / 7 reais

ções. Para Android 4.0 ou posterior / Grátis

aNdrOId / SmartphONe

WINdOWS phONe

montagem em uma rede social ao estilo do Instagram. Para iOS 6.1 ou mais novo / Grátis

VnC Viewer

DeuS ex: the Fall

Bing Viagem

A versão para iPhone do programa

A aclamada série de RPG de ação

“Importado“ do Windows 8, o app

permite acessar a interface de seu

chega aos smartphones e tablets

serve como um guia de viagens.

computador diretamente na tela do smart-

com uma história que se passa em 2027.

Há informações e notícias sobre destinos

phone. Para iOS 4.3 ou mais recente / Grátis

Para Android 3.2 ou mais novo / 16 reais

em diversos países, e tudo está em português. Para WP 8 ou mais recente / Grátis

polyFauna

timepin

Feito pela banda Radiohead, o game

Troca a senha (PIN) automaticamen-

alarmme

de realidade aumentada coloca

te a cada minuto de acordo com o

Para quem não está satisfeito

você num cenário psicodélico ao som da mú-

horário. O código são os números da hora

com o alarme-padrão do sistema, o

sica Bloom. Para iOS 7.0 ou superior / Grátis

exata. Para Android 4.0.3 ou superior / Grátis

AlarmMe permite confgurar vários alertas para diferentes horários, repetindo-os quando for

ipad

StuDio DeSign Este editor de imagem oferece dife-

Final FantaSy Vi

rentes estilos de fontes para aplicar

O clássico RPG de 1994 recebeu

textos sobre suas fotografas. Para Android

um retoque visual. O preço é salga-

4.0 ou mais recente / Grátis

do, mas o jogo leva boas horas para ser concluído. Para iOS 7.0 ou posterior / 38 reais

necessário. Para WP 8 ou mais novo / 2 reais

blackberry mega A versão para BB do sucessor do MegaUpload traz as mesmas funções das edições anteriores. Permite gerenciar arquivos guardados nos 50 GB de espa-

pAper

ço na nuvem. Para BB 10 ou superior / Grátis

O novo app do Facebook coloca o feed da rede social em uma interface reformulada que lembra a do

rapiD reminDerS

Flipboard e é livre de distrações. Todo o conteúdo acessado

Cria lembretes curtos rapidamente

é aberto dentro do próprio aplicativo, e por ele também dá

e também direto da tela inicial, no

para compartilhar atualizações e links. O único problema é

caso de smartphones com teclado físico. As

que o programa está disponível, por ora, apenas para iPhone

anotações ficam fixadas no calendário do

e na App Store americana. Para iOS 7.0 ou superior / Grátis

aparelho. Para BB 10 ou posterior / 2 reais

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E n t E r // H i s t ó r i a

Diários De Guerra Para marcar o centenário da Primeira Guerra Mundial, o Reino Unido cria banco de dados online com 1,5 milhão de páginas de relatos feitos por soldados // Por rodrigo brancatElli

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“O que está acOntecendO aqui vai além de qualquer descrição”, anotou em setembro de 1917 o capitão James Paterson, da 4a Divisão do 1o Batalhão da Infantaria Somerset Light. “Por todos os lados, há pobres coitados mortos e os mesmos cruéis e impiedosos sinais de guerra. Estou farto.” Um mês e meio depois da anotação, Paterson foi morto em batalha. Dos 60 milhões de soldados mobilizados na Primeira Guerra Mundial, entre 28 de julho de 1914 e 11 de novembro de 1918, cerca de 8 milhões perderam a vida. Para marcar um século do início do confito, o arquivo público do Reino Unido digitalizou e publicou pela primeira vez na internet o relato de James Paterson e de milhares de outros soldados que participaram da guerra — um mosaico de impressões e detalhes da vida nas trincheiras. São mais de 1,5 milhão de páginas escritas a mão ou datilografadas pelos combatentes, que eram obrigados a manter diários de guerra. Elas podem ser acessadas em abr.ai/diarios-de-guerra

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E n t E R // O l h A R

Corpos troCados

Se eu foSSe você Coletivo de arte usa o Oculus Rift para que homens e mulheres vejam como é ter um corpo do sexo oposto

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Duas pessoas de sexos opostos colocam o Oculus Rift com uma câmera acoplada ao topo

// POR GAbRiEl GARciA

Levar a reaLidade virtual aos games já não é mais a única aplicação do Oculus Rift. O coletivo de arte BeAnotherLab usou os óculos inteligentes para um objetivo mais nobre: discutir a empatia entre gêneros. Na instalação Gender Swap, exposta em Barcelona, em novembro, participantes de sexos opostos vestiram os óculos com câmeras acopladas ao topo. A mulher olha para baixo e enxerga braços, tronco e pernas de homem, e vice-versa. A sensação visual é de que os corpos foram trocados. A reação dos participantes é mostrada em um vídeo publicado pelo grupo no Vimeo, com mais de 2,2 milhões de visualizações.

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O criador do projeto é o artista brasileiro Philippe Bertrand, 35 anos, que fez a instalação como trabalho de mestrado na Espanha. “O mais bonito é perceber o respeito mútuo que os óculos criam. Por mais que existam fantasias com o corpo do sexo oposto, nada acontece sem o consentimento do outro”, diz Bertrand. “É uma ótima ferramenta para investigar questões como intimidade e identidade.” A viralização do vídeo rendeu convites para levar a instalação para outras cidades. “Vamos para qualquer lugar onde faça sentido ela ser montada”, afirma Bertrand.

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O homem enxerga o que a câmera da mulher flma — e vice-versa. A sensação é de que os corpos foram trocados

ilustração Carlos Grillo

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E n t E R // D E M O c R A c i A D i g i t A l

Hackers da pOlítIca Na Argentina, grupo cria partido político que usa um aplicativo para saber a posição dos eleitores antes de votar projetos de lei // POR FiliPE SERRAnO

O que vOcê faria para mudar o sistema político do país? No caso do empreendedor e ativista argentino Santiago Siri, 30 anos, a resposta veio em forma de um aplicativo e de um partido político. Siri é um dos fundadores do Partido de la Red, grupo formalizado em 2013 que tem uma proposta bem direta: todos os seus políticos votam nos projetos de lei seguindo a posição escolhida pelas pessoas em uma plataforma online. Chamado de Democracia OS, o aplicativo serve como um espaço online para debater novas legislações. “O sistema político hoje é muito concentrado. Por exemplo, em Buenos Aires, cerca de 60 pessoas decidem por 3 milhões. Isso não faz sentido na era da internet”, diz Siri. “Participar da política deveria ser acessível a cada pessoa, e a internet faz isso de forma muito fácil.” O aplicativo ainda está em testes, mas foi usado no ano passado para debater 40 propostas

cAVAlO DE tROiA

Integrantes do Partido de la Red com o cavalo de madeira usado na campanha das eleições municipais em 2013. Acima, tela do app usado para enquetes com cidadãos

em discussão na Câmara da cidade. A mais popular, sobre um projeto para um shopping de 70 000 metros quadrados, teve participação de 879 pessoas (72,5% foram contra). O pesquisador Dennys Antonialli, coordenador do Núcleo de Direito, Internet e Sociedade da Faculdade de Direito da USP, lembra que ferramentas assim esbarram em problemas práticos, a começar pela falta de familiaridade com a tecnologia por parte da população. “Pode ser uma excelente ferramenta para informar os representantes sobre a opinião dos usuários, mas se comprometer a votar de acordo com os resultados pode mantê-los reféns do próprio princípio democrático”, diz Antonialli. Em outubro, o Partido de la Red concorreu nas eleições municipais e usou um cavalo de madeira (como o Cavalo de Troia) para fazer campanha nas ruas. O esforço não foi suficiente para eleger um candidato — o partido teve 1,16% dos votos. O fundador não desanima. “Ganhamos exposição e inserimos a internet no debate político”, diz. A ideia agora é lançar uma campanha de financiamento coletivo para buscar recursos e melhorar o aplicativo.

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E n t E r // i n o v a ç ã o

A magia está

no

braço

Parques da Disney entram na moda dos vestíveis e testam pulseira que guarda dados de visitantes // Por rodrigo BrancatElli

A PARTIR De mAIo, a mais nova atração dos parques temáticos da Disney, em Orlando, na Flórida, será uma pulseira inteligente de plástico disponível em sete cores diferentes. Batizada de Magic Band, a pulseira inteligente está em testes desde 2013 nos 25 resorts da Disney e permite organizar todos os detalhes do passeio, como fazer compras, reservar uma mesa em restaurantes, fugir das filas nos brinquedos, entrar no quarto do hotel e até ser chamado pelo nome por funcionários vestidos de Mickey Mouse. A pulseira tem tecnologia RFID (a mesma dos pedágios eletrônicos) e guarda todos os dados do visitante, incluindo o número do cartão de crédito. A ideia é que tudo nos parques seja feito pela Magic Band, desde passar pela catraca até pagar a conta da lanchonete ou da loja de lembrancinhas. Chaves e dinheiro poderão ser abolidos — basta aproximar o eletrônico dos sensores espalhados pelos parques e pronto. Do lado da Disney, a vantagem de investir numa tecnologia vestível está no fato de o parque ter acesso a novas informações sobre os hábitos dos visitantes e seus padrões de consumo, o que pode ser utilizado para melhorar os serviços (e fazer com que os pais gastem muito mais dinheiro, claro).

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Magic Band Com pulseira, os visitantes dispensam o uso de chaves e dinheiro

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i d e i a s // v i v e n d o e m b e t a

Hollywood e o mundo tecH

As celebridades estão investindo cada vez mais em startups de tecnologia. E não têm do que reclamar em relação ao retorno

Em agosto de 2012, escrevi

aqui na coluna sobre nerds que viraram celebridades. Mas agora parece que artistas famosos estão virando nerds. Pelo menos no que diz respeito a ganhar dinheiro, porque a cada dia cresce o número de vips investindo em tecnologia. Não é segredo que artistas costumam colocar dinheiro na área de entretenimento. Seja produzindo filmes, seja empresariando a carreira de outros talentos, celebridades complementam o cachê aplicando numa área que conhecem bem. Mas ultimamente o Vale do Silício tem visto os dólares da vizinha Hollywood. A primeira vez que encontrei esse fenômeno foi no evento SXSW, quando, ao me deparar com o ator Ashton Kutcher, comentei que ele estava no festival errado. Um amigo me corrigiu dizendo que Kutcher era um dos investidores do Foursquare. Em 2011, o ator criou uma incub ador a c h a m ad a A- Gr ade, que investiu em várias empresas de tecnologia, como Spotify, Airbnb, Foursquare, Fab, Uber, Dwolla e Path.

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Quando o ator começou no papel principal do primeiro episódio da nona temporada do seriado Two and a Half Men, apareceu com seu laptop cheio de stickers das startups que pertencem à A-Grade. Um passo pouco sutil, mas uma jogada esperta, com propaganda gratuita durante um dos shows mais populares da TV americana. Já Troy Carter, o manager de Lady Gaga recentemente demitido, investiu seu primeiro cheque grande em startups como Uber e Dropbox. Em Hollywood, todo mundo conhece Carter por ter feito a fama da cantora pop. No Vale do Silício, todo mundo quer marcar uma reunião porque seu nome está nas listas de top investidores. Segundo a revista americana Fast Company, nos últimos três anos, Troy Carter investiu em mais de 50 startups, algumas que agora valem mais de 1 milhão de dólares. Se mais três ou quatro empresas alcançarem esse sucesso, Carter não precisa mais esquentar a cabeça para arranjar emprego. Outro exemplo da nova tendência entre as estrelas de Hollywood aconteceu outro dia. Esbarrei com uma amiga que tem uma startup de realidade aumentada. Ela tinha acabado de fazer um webcast com

o MC Hammer. “MC Hammer? ”, perguntei. “Ele vai aparecer no seu aplicativo?” “Não”, me disse ela. “Ele estava me dando umas dicas de como aperfeiçoar minha empresa. Ele agora investe em tech.” Tudo bem que o MC Hammer não é mais uma figura frequente no circuito de Hollywood, mas um rapper da velha guarda também tem de garantir a aposentadoria. Não só o mundo tech atrai as celebridades. O ator e músico 50 Cent trocou seu cachê por ações da empresa Vitamin Water e ganhou mais dinheiro quando a empresa foi vendida para a Coca-Cola do que com todos os álbuns que lançou. A atriz Jessica Alba tem uma empresa de produtos para bebê e investe em uma startup de produtos naturais congelados. O cantor Dr. Dre fundou a empresa de headphones Beats. Já a Mission, que faz produtos de beleza para atletas, tem em sua lista de investidores a tenista Serena Williams. Há um tempo, a gestão de empresas era dominada por homens velhos, com cabelo esquisito, como Donald Trump. Mas será que daqui a dez anos a lista dos presidentes das empresas mais poderosas do mundo vai coincidir com a lista de celebridades nomeadas para o Oscar? ↙

alessandra lariu, 41 anos, é publicitária e cofundadora do site shesays, que ajuda mulheres a entrar na carreira de criação digital. Empresária, ela mora em Nova York. ilustração EVaNDro BErtol

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i d e i A s // b i z t e c h

Cuidado Com os benChmarks Uma prática no mundo empresarial é olhar para as empresas de melhor performance. Mas isso pode ser uma armadilha

Recentemente passei

uma semana em Nova York visitando empresas de um dos segmentos em que atuamos aqui na Abril. Vimos companhias de diferentes tamanhos, com histórias e resultados diversos. E, obviamente, tivemos contato com muitos exemplos de produtos e servi­ ços que podem nos servir de inspira­ ção. Mas, na hora de trazer o aprendi­ zado para nossa realidade, é comum focarmos “o que” as empresas estão fazendo de certo e/ou errado. Esse caminho pode levar a resultados de­ cepcionantes. Na maioria das vezes, as respostas que procuramos estão muito mais no “como” fazer as coisas. Aprendi essa percepção de que o “como” é mais importante do que “o que” nos últimos dez anos de vida profissional e nos estudos sobre es­ tratégia e inovação no MIT. No fm do ano passado, um dos professores do MIT atacou exatamente esse dilema. Numa aula sobre como criar em­ presas que andam em alta velocidade, o professor começou dizendo: “Não fa­ çam benchmarks”. Uma declaração de

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impacto e provocadora que não deve ser levada ao pé da letra sem que se en­ tenda o contexto. O professor era Steve Spear, um dos maiores especialistas do mundo na busca por eficiência operacional de empresas e profundo conhecedor de como a Toyota liderou uma das indústrias mais competiti­ vas do mundo e como as montadoras americanas falharam ao tentar enten­ der e copiar seu modelo de produção. Tudo começou quando a japonesa Toyota despontou como uma gran­ de ameaça ao status quo da indústria, com níveis de performance muito melhores do que o dos americanos. A indústria e a academia tentaram entender como a Toyota organizava e gerenciava suas fábricas e seu famoso Sistema Toyota de Produção. Vários players tentaram replicar o modelo, mas os anos passavam e, apesar de as iniciativas terem tido algum sucesso em melhorar os índices de eficiên­ cia, a Toyota tinha evoluído ainda mais no mesmo período, aumentan­ do a distância dos competidores. Esse tipo de iniciativa se repe­ tiu por algumas vezes, sempre com o mesmo resultado. Uma das razões era bem simples: em geral, o que se observava nos benchmarks e se ten­

tava copiar era “o que” a Toyota fazia, e não “como” fazia. Existe uma linha tênue entre as duas ações. Mas a ques­ tão é “como” os processos foram dese­ nhados, como a Toyota chegou a eles e como estavam em constante evolução. A armadilha dos benchmarks pode ser resumida em dois pontos: o primeiro é o fato de que, no geral, dedi­ camos atenção a “o que” é feito, sejam processos, métodos ou produtos. O segundo é que benchmarks avaliam uma janela de tempo, uma fotografia de como as coisas estavam. Ou seja, es­ tamos, nas duas situações, ignorando o que levou a empresa ao patamar em que se encontra. Assim, copiar o que vimos é mirar numa figura estática, e não na dinâmica que gerou a fgura. Junte a isso um ambiente empre­ sarial com dinâmicas cada vez mais complexas e com alta velocidade de transformação, em geral trazida pela tecnologia, e o que temos é um universo em que a única constante é a certeza da mudança. Assim, fazer benchmarks sem levar isso em conta é receita para o fracasso. É hora de prestar atenção nas dinâmicas que garantem aos lí­ deres seu principal diferencial com­ petitivo: “como” fazem as coisas. ↙

Manoel lemos, 39 anos, é engenheiro da computação, especialista em supercomputação, empreendedor, investidor em tech startups e diretor-geral digital da abril Mídia. É apaixonado por mergulho com tubarões. ilustração EVaNDro BErtol

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i d e i A s // c é R e b R O e l e t R ô n i c O

O país que parOu em 1962

No Brasil real de 2014, metade da população está conectada à internet. Mas ainda somos derrotados pelas sombras do passado

A novelA das 9 da Globo é um

bom termômetro do país. A atual, Em Família, é escrita pelo mais veterano autor do gênero, Manoel Carlos, 81 anos. Em seus 35 anos de novelas, ele nunca cedeu a modismos e criou uma obra sólida, marcante. E progressivamente desconectada da realidade. Seus personagens parecem viver num universo paralelo. Eles passam os dias conversando ao redor do chá, pintando quadros ou praticando balé clássico. Seus jovens saem de casa para aplaudir concertos para fauta e piano. Nessa realidade paralela, a tecnologia foi exterminada. Não existem redes sociais, e-mail ou aplicativos. O próprio autor já declarou cheio de orgulho que não frequenta a internet. O que em boa parte explica sua peculiar visão de mundo. Estou convencido de que Manoel Carlos não está tão desconectado assim. Ele refete um sentimento de nossas “elites intelectuais”, para quem a tecnologia é intrinsecamente “má”. Ela “desumaniza” e “destrói tradições”.

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Tecnologia acelera o tempo, e nessa correria perdemos os valores básicos da civilização brasileira: o chopinho na praia e a leitura preguiçosa (de um livro de papel) na rede ao sol. Essa parece ser a utopia “oficial” brasileira. Sei que no mundo real as coisas não são assim. Mas me sinto deslocado toda vez que falo em competitividade, efciência e méritos profissionais. São valores “capitalistas”. Nosso imaginário ideológico também congelou em 1962. No Brasil real de 2014, todo mundo tem celular e metade da população está conectada à internet. Temos nossa cota de técnicos, de desenvolvedores, de gente que faz da tecnologia um instrumento de avanço civilizatório. Mas essa corrente é minoritária. E está sendo derrotada pelas sombras do passado. Persistimos num estado de torpor, negligenciando as atuais gerações e boicotando as futuras. Os rankings internacionais só confrmam essa realidade. Segundo dados divulgados em fevereiro pela ONU, com todo o nosso tamanho, o Brasil colabora com menos de 0,1% das exportações mundiais de produtos de tecnologia de informação e comunicação (celulares, tablets, computadores, circuitos). No período de

2005 a 2012, esse mercado explodiu, se tornando um dos principais recursos da economia mundial. E o Brasil perdeu a onda. Nossas exportações no setor caíram quase a um terço. Como comparação, Singapura (com uma população 40 vezes menor) exporta em tecnologia 100 vezes mais do que nós. Estamos no 64 o lugar em inovação tecnológica. Perdemos na América Latina para Chile, Uruguai, Argentina e México. Temos outras medidas desse desastre. O relatório anual da empresa de análises Akamai coloca o Brasil em 84o lugar em velocidade da internet. Nossa marca é 2,7 megabits por segundo, abaixo da média global, de 3,6 Mbps. Existem razões concretas para essa situação: cargas tributárias insanas, prioridades erradas, burocracia pantanosa, ambiente hostil à atividade empresarial. Engana-se quem pensa que tecnologia é atividade de país rico. Dois terços do mercado mundial é dominado por países emergentes. Mas o Brasil prefere insistir na exportação de carne e minério. Como nos tempos de colônia. Nesse eterno 1962, o barquinho vai e a tardinha cai. ↙

Dagomir Marquezi, 60 anos, dividiu sua vida entre o jornalismo e a ficção. Escreveu novelas, musicais e roteiros de cinema. Há 15 anos acompanha a tecnologia em sua coluna na iNFo. ilustração EVaNDro BErtol

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i d e i A s // i n s i d e i n f O R M A t i O n

Fatalidade não é Fracasso A perda de um satélite não pode representar um retrocesso no desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro

As necessidAdes, os

objetivos e os interesses do Brasil para a adoção de um programa espacial não caminham na mesma trilha dos países desenvolvidos. O Brasil não desqualifica ou despreza a busca de conhecimentos avançados sobre o espaço, assim como reconhece a importância de dominar as tecnologias espaciais, muitas vitais para o progresso humano no planeta. Mas para nós o melhor é direcionar esforços e recursos para projetos que supram nossas prioridades com mais rapidez. O país tem dimensões continentais, com uma costa litorânea extensa, natureza exuberante e um subsolo e uma plataforma marítima ricos, que ainda aguardam exploração mais profunda. As maiores reservas florestais e de água doce do mundo estão em nosso território. Há que se apontar ainda o crescimento populacional e sua distribuição pelo território, o que infuencia os projetos de planejamento urbano e de telecomunicações. Portanto, para o Brasil é mais conveniente direcionar estudos e pesqui-

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MARÇO 2014

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INFO

sas ao desenvolvimento de satélites. O programa Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS, na sigla em inglês), desenvolvido em parceria com a China desde a década de 80, não só vem suprindo positivamente as carências de sensoriamento remoto dos dois países como tem sido importante instrumento para alavancar e capacitar nossa indústria aeroespacial. A falha em colocar em órbita o quarto satélite da série CBERS, em dezembro último, após seu lançamento da base de Taiyuan, na China, foi uma fatalidade e não pode ser contabilizada como fracasso. Durante o tempo em que esteve no espaço, fora da órbita programada, o CBERS-3 funcionou perfeitamente, fato confirmado por dados de telemetria. Além do mais, o alto risco é uma característica da atividade espacial, e nenhum dos países que a dominam escapou de reveses. Dessa forma, a perda do CBERS-3 não vai arrefecer nem alterar a direção traçada para o Programa Espacial Brasileiro. Apesar das dificuldades, o Brasil iniciou o desenvolvimento do Plano Decenal Sino-Brasileiro de Cooperação Espacial 2013-2022 entre a Agência Espacial Brasileira e a China National Space Administration.

Além da união de esforços para adiantar o lançamento do CBERS-4 para o fim do ano, o Plano Decenal contempla a produção de satélites de observação da Terra, assim como outros voltados a aplicações meteorológicas. O Brasil ainda mantém acordos de cooperação com a Ucrânia, a Alemanha, a França e mais recentemente com a Argentina, para desenvolver uma família de satélites voltada à observação dos oceanos. Também em parceria, estudamos a produção de micro e pequenos satélites e estamos capacitando novos pesquisadores por meio do programa Ciência Sem Fronteiras Espacial. O Programa Nacional de Atividades Espaciais (Pnae) prevê o lançamento de cerca de dez satélites até 2020. A recuperação da torre de lançamento do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, foi concluída, e a retomada dos testes com o Veículo Lançador de Satélites (VLS) está programada para 2015. Além desses compromissos, descortina-se um panorama extraordinariamente promissor para o incremento de atividades consideradas fundamentais para o país, no âmbito do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (Pese). ↙

José raimundo Braga Coelho, 70 anos, é presidente da agência Espacial Brasileira (aEB) desde 2012. Matemático, foi professor na PuC-rJ, na unB e na universidade de Nova York. ilustração EVaNDro BErtol

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INOVAテァテグ

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quer viajar para marte ? pergunte-me como

A MArs One, eMpresA que pretende enviAr huMAnOs pArA cOlOnizAr MArte, vAi reAbrir As inscrições. vejA O que é precisO pArA se cAndidAtAr A essA viAgeM seM vOltA ≥ Por Marcus Vinícius Brasil ≥ ilustração oga Mendonça

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Na tarde do dia 6

de janeiro, a caixa de e-mails do estudante Douglas Rodrigues, 22 anos, piscou com o aviso de uma nova mensagem. Seu coração acelerou quando bateu o olho no campo do remetente. Era uma mensagem da empresa holandesa Mars One. O texto dizia: “Caro apoiador da Mars One, nós vamos reabrir o processo de inscrição em 2014. Todos ao redor do mundo, incluindo você, terão a oportunidade de se inscrever”. Isso era tudo o que Douglas desejava ler desde que recebeu outra mensagem, em dezembro do ano passado, avisando que ele não havia sido classificado para a primeira seleção de aventureiros dispostos a embarcar numa viagem só de ida para Marte.

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A Mars One foi fundada em 2011, na Holanda, por uma equipe multinacional de empreendedores e cientistas. Seu objetivo: enviar grupos de astronautas, a partir de 2024, para começar o processo de colonização humana do planeta vermelho. Pode parecer roteiro de ficção científica, mas não é. A empresa tem modelo de negócios com base em patrocinadores — alguns já investem dinheiro na empreitada — e recebeu mais de 100 000 inscritos de todas as partes do mundo, número que agora vai aumentar. Mas conseguir uma vaga no projeto é bem difícil. A Mars One estabeleceu critérios rígidos de seleção, e a concorrência é grande. Mas nem tudo está perdido, caso você queira, como Douglas Rodrigues, tentar uma vaga. Elaboramos aqui um roteiro do que você precisa saber para ir a Marte.

// o processo de iNscrição será reaberto ainda neste ano. A candidatura poderá ser feita na página da Mars One na internet (mars-one.com), que tem um formulário para ser preenchido. “Todos os astronautas são pessoas comuns antes de ser treinados. Os treinos durarão dez anos, muito mais do que em qualquer outra agência espacial”, disse a INFO Bas Lansdorp, cofundador e presidente da Mars One. Os candidatos devem ter no mínimo 18 anos, mas não há idade limite fxada pela empresa, desde que a pessoa esteja saudável.

// se tudo sair da maNeira como a Mars One planeja, os caubóis marcianos serão enviados em grupos de quatro pessoas. Antes de qualquer humano pousar na superfície do planeta, a empresa estuda colocar em sua órbita um satélite de comunicação com a Terra — a ideia é televisionar toda a missão —, além de aterrissar um veículo não tripulado para mapear o ponto ideal para a colonização. As unidades de sobrevivência, módulos terrestres que serão abastecidos com água de cristais de gelo encontrados no solo do planeta, estarão prontas em 2023. // duraNte o treiNameNto de seus astronautas, a Mars One prevê dois exercícios de sobrevivência na Terra para os aspirantes. O primeiro deve ser realizado em uma área de geografia acidentada, semelhante à de Marte. O segundo, bem mais intenso,

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acontecerá em um ambiente que se aproxima mais das condições que os desbravadores encontrarão no planeta vermelho, como no deserto ártico. Portanto, quem quiser carimbar seu passaporte para Marte deve estar pronto para um severo teste físico. O candidato não pode ter nenhuma doença. Dependentes de drogas ilegais, álcool ou tabaco estão automaticamente desclassificados. Funções motoras precisam estar em perfeita ordem, e a acuidade visual deve ser de 100%, com ou sem lentes corretivas. O astronauta não pode ter histórico de problemas psiquiátricos, e a pressão sanguínea não deve exceder 140/90 em repouso. A altura do futuro astronauta deve ser de 1,57 a 1,90 metro. O brasileiro Douglas Rodrigues vai precisar se exercitar para ter uma chance entre os inscritos. Ele pesa 105 quilos e pode ser considerado fora de forma para a missão. Mas a perspectiva da viagem o fez mudar a dieta, e ele já perdeu 15 quilos. “Cortei as besteiras que comia, os alimentos gordurosos e os doces. Também estou fazendo caminhadas pela manhã”, diz Douglas. Ele tem se dedicado ainda ao estudo de inglês, idioma oficial da missão. Matriculou-se em um curso online para melhorar a fluência, caso seja chamado. A Mars One aceita inscrições de candidatos de qualquer nacionalidade, e a escolha do inglês como língua oficial é para garantir a comunicação entre os tripulantes. Segundo a Mars One, o colono marciano precisa ainda ter facilidade para se adaptar, ser curioso e persistente. Pelo menos nesses aspectos, Douglas

ilustração evandro bertol

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“Marte será a Minha casa” Douglas RoDRigues conta poR que queR DisputaR uma vaga na missão que pRetenDe colonizaR maRte a paRtiR De 2024

Se você tem um objetivo, precisa lutar por isso de alguma forma. Desde pequeno tenho interesse por astronomia, pela possibilidade de haver vida inteligente fora da Terra. Depois descobri que existem carreiras científcas nessa área, como a astrobiologia. Uma vez em Marte, não há meio de voltar para a Terra. Marte será a minha casa. A falta de uma fonte de ligação com a Terra será uma profunda experiência para o astronauta manter-se em perfeita estabilidade psicológica. Minha família acha que estarei carimbando meu passaporte para a morte. Mas até as g randes personalidades precisaram caminhar muito para ter sucesso. Muitas delas foram rejeitadas. Até Albert Einstein sofreu na carreira.

sente-se mais do que preparado. Ele começou a se interessar por astronomia ainda criança, quando descobriu a possibilidade de haver vida inteligente fora da Terra. Desde então realiza cursos na área, e hoje aguarda pela terceira chamada do bacharelado em física da Universidade Federal de São Carlos. Fã declarado do astrofísico Carl Sagan, ele mantém a página Universo Racionalista no Facebook, com mais de 340 000 fãs, na qual realiza um trabalho de divulgação científica. “Fiquei animado com a nova chance de participar da missão”, diz Douglas. Mesmo aqueles que até agora gabaritaram os requisitos da Mars One passarão por um último e dificílimo teste: explicar para a família que pretendem embarcar numa viagem sem volta para Marte. Douglas Rodrigues sabe bem como essa parte é complicada. “Minha mãe até parou de pensar nisso. Ela acha improvável que realmente aconteça”, afirma Douglas. Numa visita à família, a tia do jovem questionou a mãe dele: “Como você vai deixar seu filho ir para Marte? É carimbar o passaporte para a morte.” Existe no mundo uma legião de detratores do projeto da Mars One. São famílias temerosas, analistas que dizem que um projeto como esse custaria uma fortuna, especialistas que classificam o modelo de negócios como falho, e os que argumentam que a tecnologia necessária para a viagem ainda não foi testada. Mas nada disso é sufciente para mudar a percepção de entusiastas como Douglas Rodrigues, que desejam explorar as profundezas do espaço. Para eles, ter um sonho pelo qual lutar já é mais do que sufciente. ↙

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inovaçÃo

tecnologia é coisa de mulher Elas ainda são minoria nas EsColas dE EngEnharia, Em Cursos dE Programação E nas startuPs. mas é Por PouCo tEmPo. uma nova rEvolução fEminina vai mostrar quE lugar dE mulhEr é, sim, na tECnologia ≥ Por Paula rothman ≥ fotos luiz maximiano

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Camila aChutti, 22 anos

criadora do blog mulheres na computação Foi convidada pelo google para programa de estágio na caliFórnia voltado para garotas

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foto SEPEHR ZAMANI

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será que isso é assunto para garotas? 0 0 0

Estamos falando dE tEcnologia, ino-

vação e empreendedorismo, temas claramente masculinos. Basta olhar os números. Os homens são maioria nos cursos ligados à computação no Brasil, com 84% do total das matrículas. Também estão à frente no mundo corporativo, ao ocupar 94% dos altos cargos executivos das 100 maiores empresas tech do planeta. No empreendedorismo não é diferente. Só no Vale do Silício, maior polo de inovação do mundo, 92% das startups que receberam altos investimentos foram criadas por homens. Eles realmente dominam. Mas será assim para sempre? Até quando as mulheres serão alijadas do mundo tech? Contrariando todas as estatísticas, uma nova revolução feminina vem tomando forma. As mulheres já estão

à frente de grupos de programação, de encontros de empreendedorismo e de comunidades online que têm como principal objetivo incentivar mais mulheres a trabalhar com tecnologia. “As empresas mais infuentes do mundo hoje, responsáveis pelas inovações que mudam a vida das pessoas, estão ligadas à tecnologia”, disse a INFO a canadense Shaherose Charania, fundadora do Women 2.0, grupo que promove eventos entre mulheres nos Estados Unidos e na Índia. “Onde estão as mulheres?”, diz Shaherose. Ela não é a única a fazer esse questionamento. Empresas como Google, Facebook, Microsoft, IBM e uma centena de outras, além de muitas startups, abraçaram a causa e querem aumentar a presença feminina em suas equipes. O motivo é simples e já foi comprovado em dezenas de estudos: times mistos são mais inovadores e lucrativos. Em um relatório sobre diversidade no trabalho, a consultoria americana McKinsey&Company é categórica ao afirmar que empresas com mulhe-

res em cargos de direção têm até 47% mais retorno sobre seu capital. Dados semelhantes foram coletados por estudos feitos por Dow Jones, banco Credit Suisse e instituto Gallup. Diante disso, não há argumentos para manter as mulheres longe das empresas de tecnologia e da enorme infuência que essa área causará no futuro da sociedade. O primeiro passo é mudar o estereótipo de que quem trabalha com tecnologia é barbudo, solitário e passa os dias sentado à frente do computador tomando café e comendo pizza. Aos 22 anos, com 1,78 metro de altura, cabelos repicados e traços delicados, Camila Achutti passa longe do biotipo normalmente associado a programadores. Formada em ciência da computação pela Universidade de São Paulo (USP), ela joga vôlei e basquete, namora e, de quebra, fez parte de um seleto grupo de 15 garotas da América Latina convidadas a estagiar, de dezembro de 2013 a fevereiro deste ano, na sede do Google, em Mountain View, na Califórnia. Um dos objetivos do programa Computer Science Academy é testar um novo currículo de treinamento que pode ser aplicado também às funcionárias do Google. “Todos os novatos encontram desafios quando começam, mas, em relação às mulheres, há desafios específicos”, disse a INFO a americana Maggie Johnson,

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nathalia almeida, 17 anos

participante do technovation challenge a estudante de santos, são Paulo, chegou à final de uma comPetição internacional de aPlicativos

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Ação FemININA

Conheça alguns grupos que organizam eventos para mulheres e teCnologia no país

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RodAdA HAckeR

Ofcinas de programação em grupos, com mentores rodadahacker.com

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TecHnovATion cHAllenGe

Competição mundial para jovens desenvolverem apps facebook.com/technovationBrasil

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mulHeRes nA TecnoloGiA

Promove encontros e atua como portal de notícias mulheresnatecnologia.org

>>

GiRls in TecH

Promove eventos sobre startups digitais e programação facebook.com/GiTSaoPaulo

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empReendedoRismo RosA

Portal de notícias sobre novos negócios femininos empreendedorismorosa.com.br

>>

Women WHo code

Grupo internacional de programação com eventos semanais meetup.com/ Women-Who-Code-Recife

diretora de educação do Google e responsável pelo programa. “A falta de confiança é o maior deles e está ligado ao fato de muitas meninas não terem uma colega de trabalho ou modelos em posições de liderança.” Nos três meses que passou no Google, Camila assistiu a aulas, participou de palestras e manteve contato com programadoras, gerentes e executivas da empresa. Mas a questão da diversidade não era uma novidade para ela, que chamou a atenção do Google pelo blog que mantém desde o primeiro ano da faculdade, o Mulheres na Computação. O que começou como um desabafo pessoal acabou se transformando em uma das boas referências do país no assunto. “Recebo muitos e-mails de meninas contando que pensam em desistir do curso, que se sentem sozinhas”, afirma Camila. Aprovada na terceira chamada do vestibular da USP, Camila chegou à faculdade no dia 8 de março de 2010 — Dia Internacional da Mulher — e, ironicamente, percebeu que era a única menina na sala de aula. “Não tinha a menor ideia do que os professores estavam falando. Olhei em volta e não encontrei nenhuma amiga para desabafar. Voltei chorando para casa”, conta. Camila não era exatamente ignorante no assunto. Filha de programador, ela cresceu escutando o pai digitar códigos em Cobol, uma das mais antigas linguagens de programação, na casa da família, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Os interesses da irmã gêmea, Carol, eram humanas, enquanto os dela sempre apontavam para exatas. Na escola, gostava de matemática, física e computação, o que sempre a aproximou das rodinhas de garotos. Ainda assim, não havia feito curso técnico, não passava horas jogando

videogame nem frequentava fóruns de discussão hacker. “Tive de estudar muito no primeiro ano para alcançar a turma, mas a faculdade foi ótima”, afirma Camila. “Lembro da primeira vez que consegui programar um jogo da velha no computador. Senti que podia fazer parte do grupo secreto do meu pai.” É justamente essa empolgação que ela tenta passar em postagens e vídeos. Mais do que ajudar meninas a não desistir, o blog tenta chamar a atenção para as oportunidades de um mercado em constante expansão. Segundo o Bureau of Labor Statistics, órgão de pesquisa do Ministério do Trabalho dos Estados Unidos, as áreas ligadas à computação e à informação crescerão mais do que todas as outras nos próximos dez anos. “Os números da graduação serão insuficientes para preencher as posições necessárias no futuro”, diz a americana Telle Whitney, presidente do Instituto Anita Borg, que promove a presença feminina na tecnologia. Em 2013, o instituto reuniu 5 000 pessoas em um de seus eventos e mais de 300 empresas interessadas em recrutar mulheres. Mais do que simples mão de obra, essas empresas estavam em busca de pessoas que realmente entendem as necessidades de uma parcela considerável de seus usuários. Hoje, 64% da audiência do Facebook e 58% da do Twitter é composta de mulheres. Um estudo do Insper, em São Paulo, comprovou ainda que elas tendem a gastar 20% mais em compras online do que os homens.

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“Pessoas de diferentes gêneros e etnias usam nossos produtos. É importante ter empatia com elas para entender o que querem e criar soluções específcas”, disse a INFO Johanna Wright, vice-presidente de pesquisa e assistência a dispositivos móveis do Google. Executiva sênior da maior companhia de internet do mundo, Johanna, 38 anos, nunca havia considerado aprender programação, até uma colega de faculdade insistir para que assistisse a algumas aulas. “As meninas não enxergam que essa é uma área divertida que exige muita criatividade”, afirma Johanna. Para mudar essa percepção é preciso quebrar estereótipos ainda na juventude. Camila Achutti está envolvida nessa missão não apenas com o blog Mulheres na Computação mas como uma das coordenadoras no Brasil do Technovation Challenge, maior competição mundial de empreendedorismo exclusiva para garotas. No ano passado, pela primeira vez, um grupo de meninas brasileiras participou do desafio. Quem diria que adolescentes de Santos, no litoral de São Paulo, que nunca programaram uma linha de código, conseguiriam disputar a final na Califórnia? Nathalia Goés de Almeida, 17 anos, surpreendeu-se quando o aplicativo que criou com outras quatro colegas da escola conquistou o terceiro lugar geral da competição, de um total de 128 equipes. “Foi uma das melhores experiências que tive”, afrma Nathalia. O Technovation não é apenas uma disputa de programação. Seu objetivo é fazer com que jovens de 12 a 23 anos trabalhem em grupo e, com a ajuda de mentores, desenvolvam durante quatro meses um aplicativo para resolver problemas de sua comunidade. No caso de Nathalia e suas colegas,

foi criado um app que aproxima instituições de caridade e voluntários. “Nunca tinha pensado em fazer algo ligado a computadores. Na escola, só alguns meninos falavam disso”, diz Nathalia, que ficou em dúvida entre prestar vestibular para química ou ciência da computação. “Apesar de ter escolhido química, hoje sei que posso trabalhar com tecnologia e empreender em qualquer área.” É essa lição que Nathalia tenta passar quando vai

Who Tech, Girl Develop It e Girls Who Code. “Minhas turmas já têm 40% de alunas mulheres”, disse a INFO Kinsey Durham, professora de uma escola de programação no Colorado e coordenadora do Women Who Code. O principal objetivo de todos esses grupos é provar para as meninas que tecnologia não é algo naturalmente masculino. Isso pode ser mais difícil em uma sociedade como a brasileira, em que 80% dos cargos ligados à computação são ocupados por homens. Levantamento da Academia Nacional de Ciências dos Estados

Hoje, 64% da audiência do Facebook e 58% da do twitter são mulHeres. as empresas digitais querem contratar quem tem empatia com essas clientes a escolas de Santos recrutar meninas para a competição deste ano, que já conta com 20 grupos formados no país. Como o Technovation, outras iniciativas tentam aproximar as mulheres da tecnologia. O HodAda Hacker, por exemplo, é uma ofcina que já aconteceu em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Florianópolis. O nome é uma homenagem a Ada Lovelace, considerada a primeira programadora da história por escrever, no século 19, um algoritmo para ser interpretado por uma máquina. A ideia do HodAda, criado em 2013, é similar à de outros projetos presentes nos Estados Unidos, como Women

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Unidos mostra números similares em outros paí ses, como a Espanha. Mas a situação muda em regiões onde a população tem outra percepção do que seria um trabalho “para homem”. Na Malásia, atividades em locais fechados são consideradas mais femininas. Incentivadas pela própria família, as mulheres compõem até 60% da força de trabalho em TI do país. “Um dos argumentos para explicar a minoria feminina nas áreas

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técnicas seria uma suposta dificuldade em relação às matérias como matemática”, diz a pesquisadora Maria Rosa Lombardi, doutora em educação e especialista em relações de gênero e trabalho da Fundação Carlos Chagas, em São Paulo. “Isso pode vir de uma série de fatores, como a forma como as disciplinas são ensinadas ou o tipo de reforço que as meninas recebem dos pais e professores. Mas a dificuldade em si não existe.” Se as meninas não nascem avessas aos números, o estigma vem da forma como são educadas. Pensando nisso, uma nova geração de empreendedores começou a criar

diana joppert, 30 anos (à esq), soraia andrade, 32, e Marine Buclon, 26

coordenadoras do grupo girls in tech o grupo promove encontros para empreendedoras digitais no Brasil

como Lego ou kits de marcenaria, não muito comuns para a maioria das meninas”, afirma Bettina Chen, uma das criadoras do Roominate. Outra ideia similar é o GoldieBlox, uma série de livros e peças de montar que arrecadou mais de 280 000 dólares no ano passado pelo site de financiamento coletivo Kickstarter, com uma campanha que teve como

52% das empresas criadas no país são iniciadas por mulheres. mas elas estão no comando de apenas 15% das startups digitais brinquedos femininos que passam longe do estereótipo da boneca Barbie. O Roominate é uma casa de bonecas repleta de fos, onde todos os cômodos e móveis precisam ser construídos. Também é possível montar circuitos elétricos para acender lâmpadas e ligar ventiladores. A ideia partiu de uma dupla de engenheiras da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, que começou a se questionar por que havia tão poucas mulheres em sua turma. “Chegamos à conclusão de que nosso interesse pela área veio porque brincávamos muito com itens

mote acaba r com a d itadu ra do cor-de-rosa nos brinquedos femininos. No ano passado, a startup ganhou um concurso que dava direito a um anúncio de 50 segundos veiculado no intervalo do Super Bowl 2014, a final do campeonato de futebol americano e um dos eventos esportivos mais assistidos do mundo. “Acreditamos que existem milhões de meninas engenheiras por aí. Mas elas podem ainda não saber disso”, diz o site da empresa. A carioca Ana Luisa Santos, 35 anos, também usou a ideia da igualdade para criar, no ano passado, a

Mobgeek, startup que oferece aulas em vídeo e cursos online de programação para pessoas de todas as idades. “É importante apoiar as meninas, mas o movimento não pode estigmatizar para o lado oposto. Meninos e meninas precisam sentir que podem fazer o que quiserem”, diz Ana Luisa. Na adolescência, ela sabia que iria para a área de exatas. Aos 13 anos, pediu aos pais para estudar em um colégio técnico e, depois de cursar engenharia eletrônica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conseguiu o que a maioria dos colegas dizia ser quase impossível: uma vaga para mestrado no Media Lab do MIT, o famoso laboratório de pesquisas do Massachusetts Institute of Technology. “O Media Lab abriu minha cabeça para criar soluções para a educação no mundo real”, afirma Ana Luisa. Foi lá também que ela conheceu seu sócio, o matemático Yuri Ramos, 44 anos, que cuida das áreas de vendas, marketing e finanças da Mobgeek. Ana Luisa é responsável pelo desenvolvimento do produto, pelo design do site e pelo conteúdo das aulas. Eles vão juntos conversar com investidores. “Nunca passei por nenhuma situação ruim, mas é

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agradecimento: bar mundial

0 0 0 visível que existem menos mulheres nesse meio”, diz. Levantamento realizado pelo e.Brics, fundo de investimento do grupo RBS, aponta que apenas 15% dos empreendedores digitais no Brasil são mulheres. Não deveria ser assim. Segundo dados do Global Enterpreneurship Monitor (GEM), maior estudo mundial sobre empreendedorismo, mais de 52% dos novos negócios no Brasil são iniciados por mulheres. Elas também são maioria na educação superior e detêm 60% dos diplomas concedidos todos

os anos no país, segundo o Ministério da Educação. Se elas têm formação e vontade, por que tão poucas se aventuram na área digital? “Talvez faltem histórias de sucesso de empreendedoras em tecnologia”, diz Ana Luisa. Os exemplos mais conhecidos de sucesso no Vale do Silício são Mark Zuckerberg, Larry Page e Sergey Brin ou Elon Musk. É difícil pensar em uma grande empresa internacional, ou mesmo numa companhia digital do Brasil, fundada por uma mulher. Os exemplos femininos mais vibrantes são Marissa Mayer, do Yahoo!, e Sheryl Sandberg, do Facebook, ambas altas executivas, e não fundadoras de empresas tech. Marissa Mayer estava grávida quando assumiu o cargo de presi-

dente do Yahoo!, em 2012, e causou polêmica ao tirar apenas duas semanas de licença-maternidade. Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook, tornou-se um ícone do movimento pela igualdade com seu livro Faça Acontecer: Mulheres, Trabalho e a Vontade de Liderar (Companhia das Letras). Nele, entre passagens engraçadas e experiências de vida, diz às mulheres que elas devem pular de cabeça na briga pelo sucesso. Disposto a fazer acontecer, um grupo de empreendedoras trouxe para

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ana luisa santos, 35 anos EngEnhEira E fundadora da mobgEEk após mestrado no media lab do mit, ela criou uma startup de videoaulas de programação

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o Brasil, em meados do ano passado, o Girls in Tech. Fundado em 2007 nos Estados Unidos, o projeto está presente em dezenas de países, com workshops, maratonas de programação e eventos para mulheres que já atuam na indústria. Coordenado por Marine Buclon, 26 anos, o Girls in Tech iniciou suas atividades no Brasil organizando encontros de empreendedorismo. “É um espaço para falar sobre desafios e trabalho”, afirma Marine. Nascida na França, ela estudou negócios e direito em Paris e escolheu a área de novas tecnologias para o mestrado. Foi contratada pela multinacional Vivendi e, em 2012, recebeu a proposta para iniciar as operações no Brasil de uma startup criada pela Vivendi. “Quando comecei a frequentar os eventos de empreendedores reparei que havia cinco mulheres para cada 100 homens”, afirma Marine. Hoje, ela trabalha no fundo de investimento Bolt Ventures e conta com a ajuda de outras voluntárias no Girls in Tech. O que atraiu a paulista Diana Joppert, 30 anos, aos eventos foi a possibilidade de expor suas ideias sem medo. Formada em publicidade, Diana é sócia-fundadora da Cremme, loja online de móveis de design lançada em fevereiro. “Já fui a eventos de e-commerce em que as pessoas me perguntavam se eu estava lá porque tinha um blog”, diz Diana. “Sei que não é por mal, mas existe esse estereótipo de que a mulher cuida da comunicação da empresa.”

Para a pesquisadora Maria Rosa Lombardi, as mulheres nem sempre se dão conta das discriminações de gênero que sofrem no dia a dia. “Colegas, chefes ou subordinados podem hostilizá-las de forma não muito clara”, afrma. Nenhuma das mais de 30 mulheres com quem INFO conversou para esta reportagem relatou abusos ou ofensas diretas, mas muitas tinham histórias parecidas com a de Diana.

que, além de prestar serviços de softwa re, funciona como incubadora de startups. Pelo menos três projetos paralelos são tocados por Soraia, que divide o tempo entre reuniões com investidores, linhas de códigos e o planejamento dos eventos do Girls in Tech. A família precisou se adaptar. “Meu marido recusou uma proposta melhor de trabalho porque, neste momento, não posso desacelerar”, afrma Soraia. Sua mensagem não é apenas que os homens também podem abrir mão da carreira pelos filhos, e sim que

Num futuro bem próximo, as mulheres deixarão de ser Novidade No empreeNdedorismo tech. e eNgeNheiras ocuparão altos cargos executivos Por sorte, a solução para esses casos parece bem menos complexa do que se imagina. Basta acostumar os homens à presença feminina no mundo tech. “Falta visibilidade para as mulheres que fundam empresas no Brasil”, afirma Soraia Andrade, 32 anos, também organizadora do Girls in Tech. Exfuncionária do Buscapé, Soraia interrompeu a carreira há quatro anos para ser mãe e se mudou com o marido para a cidade de Marília, no interior de São Paulo. Depois de oito meses cuidando do flho, fundou a empresa Vertical3W,

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homens e mulheres não precisam assumir papéis predeterminados, sejam eles em casa, sejam no trabalho. Num futuro bem próximo, mulheres como Soraia, Diana e Marine não serão mais novidade no ambiente empreendedor. Engenheiras como Ana Luisa podem até se tornar maioria no mercado. Nathalia e Camila já sabem que não há motivos para limitar suas ambições. “Fico na dúvida se quero dar aulas, trabalhar em uma grande empresa ou criar um negócio social”, diz Camila. “Tecnologia é uma ferramenta poderosa. Quero fazer algo para mudar o mundo.” Sem saber, mulheres iguais a elas já estão causando um grande impacto simplesmente ao mudar a visão de que tecnologia é coisa de homem. ↙

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INOVAçÃO

Vida despl u ≥ por dAvid BAker

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≥ Foto edu monteiro/FotonAutA

≥ ilustrAção nelson provAzi

A convite dA inFo, o jornAlistA inglês dAvid BAker pAssou 21 diAs sem Acesso à internet. vejA o que ele descoBriu longe do intenso Fluxo digitAl que tomou contA de nossAs vidAs e como A experiênciA vAi mudAr suA relAção com A tecnologiA

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ugada twitter.com/_info

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o Ato em si 0 0 0

não foi complicado.

Às 4 horas da tarde do dia 14 de dezembro de 2013, desliguei o roteador e desativei o sinal 3G de meu iPhone com o objetivo de passar 21 dias sem internet. O momento fora cuidadosamente escolhido. Com a aproximação do fm do ano, o ritmo de trabalho estava diminuindo. E aquela pareceu ser uma boa época para colocar em prática um experimento a respeito do qual tinha pensado durante a maior parte do ano: descobrir como seria a vida longe do constante fuxo digital de dados com o qual muitos de nós compartilhamos nossa vida. As primeiras 24 horas foram impossíveis. Tinha preparado uma mensagem automática de e-mail explicando que estaria fora do escritório e pedindo às pessoas que me telefonassem ou enviassem uma mensagem de texto pelo celular. Imprimi algumas semanas de minha agenda no Google Calendar, mas, fora isso, não fiz nenhum outro preparativo.

Mas me vi obrigado a reconectar tudo várias vezes para buscar algo que tinha esquecido. Foi uma experiência esclarecedora perceber quanto de minha vida existia na nuvem: demonstrativos bancários e recibos de minha contabilidade de fim de ano, números de referência das compras que havia feito, telefones, arquivos no Google Docs, e assim por diante. Tinha consignado tudo isso à internet com base na ideia de ter acesso a tais coisas sempre que desejasse. Ao me desconectar, elas ficaram fora do alcance. Depois de alguns dias, as coisas se assentaram e comecei a reparar numa mudança na qualidade do meu tempo. Em minha vida conectada, usava a internet para preencher os espaços entre atividades mais importantes. Respondia às mensagens, lia algo no Gawker ou no Buzzfeed, checava as mensagens da cai xa de entrada simplesmente porque estavam ali.

Mas, ao me obrigar a não pensar em nenhum assunto em particular, minha mente se tornou menos bagunçada e meus pensamentos ficaram mais lentos, delicados e profundos. Questões maiores ocuparam a cabeça, assuntos sobre os quais pensamos durante as férias, mas para os quais parece não haver tempo quando voltamos à rotina ocupada do mundo em que vivemos. Comecei a levar comigo um caderno para anotar as decisões tomadas nesses momentos — e, desde que comecei a fazê-lo, levei quase todas a cabo.

Também comecei a ver o mundo de maneira diferente. Ao caminhar pela rua sem o celular na mão, passei a observar as coisas com mais atenção, e tudo ganhou um foco mais nítido. Não sei explicar o motivo disso. Creio que foi por me concentrar em coisas e

Ao cAminhAr pelAs ruAs sem o celulAr, pAssei A observAr As coisAs com mAis Atenção. meu cérebro se concentrou no que estAvA diAnte dos olhos Agora esses espaços ganharam mais signifcado, em momentos de pausa, relaxamento e reflexão. No ponto de ônibus, em vez de mexer no celular, simplesmente fcava quieto por alguns minutos, como numa sessão mental de ioga. No começo, esses momentos pareciam estranhos e monótonos.

pessoas que estavam a 20 metros de mim, e não numa telinha. Mas acho que houve também um efeito psicológico benéfco: ao remover o mundo digital de minha consciência, sem ficar me preocupando em conferir mensagens ou comentários, permiti que meu

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quarto de século desde o início da revolução industrial digital, parece que estamos cometendo os mesmos erros. Não que os humanos sejam burros, longe disso. Mas parece que podemos ficar tão animados com a chegada de uma tecnologia a ponto de acharmos prudente nos envolver com ela sem questioná-la, ainda que ela piore nossa experiência de vida. Durante os 21 dias que passei desplugado, percebi isso especialmente na hora de ouvir música. Sou um grande fã do Spotify. Adoro sua jukebox infinita e o fato de pensar numa música e tê-la à disposição quase imediatamente em meu Mac. Costumo passar de uma faixa para outra, seguindo as recomendações dos outros ou usando o recurso Radio, para conhecer novos artistas. Apesar de gostar disso, se pensar bem, é difícil lembrar de muitos nomes de novos artistas, e não creio que tenha ampliado meu acervo musical. Em vez disso, ouvi um grande número de músicas em ordem aleatória.

cérebro se concentrasse muito mais naquilo que estava literalmente diante de meus olhos. As cores pareceram mais vibrantes, e comecei a reparar em detalhes de Londres, minha cidade, nos quais nunca tinha prestado atenção. Era como ser um turista conhecendo um lugar pela primeira vez. Passei a maior parte do ano passado pensando em nossa relação com a tecnologia. Escrevo para a revista Wired, mas também leciono, em Londres e em São Paulo, na School of Life, que busca ajudar as pessoas a viver melhor. Na School of Life, conheci pessoas que tinham sido negativamente afetadas pelo mundo da tecnologia que a Wired gosta de celebrar. Veio à minha cabeça uma citação de Henry David Thoreau, filósofo americano do século 19 que observou os inesperados efeitos negativos da primeira Revolução Industrial: “Os homens se tornaram as ferramentas de suas ferramentas”. Inventamos algo e, em seguida, nos tornamos escravos dessa invenção. Agora, passado um

A mudAnçA em três pAssos

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Como redefinir seu relaCionamento Com o mundo ConeCtado

1. RetRaiR

2. RefletiR

3. RegRessaR

A ideia do “sempre conectado” foi inventada com a banda larga, e podemos desinventá-la. É muito tempo fcar 21 dias longe da rede, mas que tal algumas horas, um dia, um fm de semana? Experimente desligar-se da web por alguns períodos e repare no que emerge para tomar o lugar dela. A surpresa pode ser agradável.

Com o tempo que ganhou, comece a reparar no que considera importante e proporciona prazer, como conversar com amigos, perder-se num livro, explorar a cidade. Responda ao questionário de Martin Seligman em authentichappiness.org para descobrir talentos especiais. Dedique um tempo a pensar no que valoriza na vida.

Com esse novo conhecimento, volte ao mundo da tecnologia e enxergue-o como um conjunto de ferramentas que escolhemos usar, e não um acervo de aplicativos, redes sociais e sites do qual lutamos para dar conta. Experimente passar parte do dia online e parte ofline. Assim você recuperará o controle sobre a tecnologia.

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DesplugaDo, tudo isso ficou indispo-

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nível para mim, e tive de redescobrir meus CDs. Por um azar do destino, o botão de avançar as faixas de meu toca-CD estava quebrado, e só era possível escutá-los do começo ao fim, como fazíamos com o vinil. Essa foi uma descoberta surpreendentemente agradável e um hábito que mantive ao lembrar que podia ouvir CDs (e escolher as faixas) em meu Mac. Em vez de pular de música em música, às vezes antes de esperar que a faixa terminasse, deixei o disco tocar inteiro, ouvindo as músicas na ordem que a banda, o compositor ou o produtor tinham se esforçado para determinar. Às vezes me sentia impaciente, esperando uma recomendação de artista semelhante, tão comum na internet. Mas isso era facilmente compensado pelo prazer de vivenciar algo que não havia passado por uma “curadoria” — para empregar esse horrível termo online —, mas por alguém de talento que tinha pensado bastante a respeito da ordem das faixas, uma seleção feita por um ser humano, não um algoritmo. Na segunda semana, mal percebia que não estava na internet. Nas ruas, gostava de não ter o Google Maps e, assim, redescobri uma habilidade que tínhamos antes de os smartphones se tornarem onipresentes: planejar um caminho num mapa e manter o roteiro na cabeça enquanto andamos pela cidade. Ao pensar nas jornadas dessa maneira — em vez do fragmentado “vire à esquerda”, “vire à direita” do GPS —, a geografia de minha cidade

é hora de colocar a internet em seu devido lugar, como uma ferramenta incrível, mas apenas parte de um mundo mais amplo e estimulante ganhou vida novamente, preenchida de significado. Voltei a pensar em termos de norte, sul, leste e oeste, pontos de referência e distâncias, e na cidade como um todo. As jornadas voltaram a se parecer com aventuras, em vez de caminhos monótonos e necessários entre os pontos A e B. A redescoberta da capacidade do cérebro de reter uma geografia complexa foi oportuna

ao chamar a atenção para as maravilhas do fantástico sistema operacional que temos em nossa cabeça, algo que parece fácil de esquecer em meio à obsessão por velocidades de processamento e algoritmos de análise de dados. O psicólogo americano Martin Seligman aprofundou seu interesse por aquilo que ele chama de talentos

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A vidA nA escolA The School of Life é uma criação do escritor Alain de Botton e se dedica a destilar as melhores ideias concebidas em todas as épocas para enriquecer nosso cotidiano. A abordagem inovadora da escola a tornou reconhecida, e desde o lançamento, em 2008, mais de 50 000 pessoas participaram dos cursos. Autor desta reportagem, David Baker leciona na School of Life de Londres e de São Paulo.

humanos fundamentais — os aplicativos, por assim dizer, que rodamos em nosso cérebro e comandam características como criatividade, curiosidade, coragem e liderança, coisas que a tecnologia não oferece. Percebi que, ao me afastar da internet, dei a mim mesmo uma oportunidade de redescobrir esses talentos e cultivá-los dentro de mim. O fato de não olhar para o telefone ao conversar com alguém significou que meu interlocutor recebeu toda a minha atenção e, como resultado, as conversas foram mais profundas e satisfatórias. Ao debater uma dúvida com um colega em vez de correr para o Google em busca da resposta, eu e ele ganhamos em conhecimento e perspectiva. Ao deixar a internet de lado, redescobri que nós, humanos, somos na verdade bastante espertos.

A AusênciA do GooGle

foi a diferença mais perceptível durante os 21 dias que passei desplugado. Fiquei chocado ao perceber quanto usava o Google — e, consequentemente, quanto senti falta dele. Não apenas de ferramentas como Gmail, Google Docs e Google Calendar, mas do próprio mecanismo de busca. Nos primórdios da internet, empresas como Compuserve e AOL tentaram criar portais por meio dos quais os usuários acessariam uma espécie de versão filtrada da rede, com curadoria feita por elas. Mas essas empresas não duraram muito e, com sua derrocada, celebramos o fato de a possibilidade de “cercar” a internet ter sido afastada para sempre. Mas, de

alguma maneira — talvez graças à sutileza do fenômeno —, permitimos que o Google fizesse exatamente isso. Foi somente quando não tive o Google ao alcance que me dei conta do quanto a página inicial de busca era meu ponto de partida habitual para uma pesquisa na rede. E se o Google decidir não me mostrar determinado site ou informação em resposta ao que estou buscando dificilmente notarei a omissão. Quando voltei a me conectar, 21 dias mais tarde, a primeira coisa que vi foi um link do Buzzfeed que alguém tinha me mandado, cheio de manchetes hilárias dos jornais britânicos de menor circulação. Costumo gostar dessas coisas — ajudam a passar o tempo e são bastante engraçadas. Mas, por ter fcado distante delas, minha expectativa em relação à internet tinha aumentado e percebi que desejava mais do que humor reciclado e fotos de gatinhos. Percebi que podia controlar muito mais aquilo que via na internet e aquilo que optava por ignorar, desenvolvendo com a rede um relacionamento mais comedido e maduro. A nova relação com o tempo que desenvolvi por não estar plugado é algo que quero preservar. E gostei de ter na cabeça coisas como o mapa da cidade. Essa foi a verdadeira lição do tempo longe da rede: o mundo real é incrível, mas pode ser facilmente eclipsado por sua chamativa contraparte digital que está constantemente exigindo toda a nossa atenção. Creio que chegou a hora de colocar a internet no devido lugar, como uma ferramenta que usamos para fazer coisas incríveis, mas, ainda assim, apenas uma parte de um mundo mais amplo que, ao ser redescoberto, revela-se igualmente estimulante e animador. ↙

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INOVAçÃO

0 0 0 PessOAs de dIfereNtes IdAdes e PrOfIssões se reúNem PArA tIrAr IdeIAs dO PAPel e cOlOcAr A mÃO NA mAssA PArA cONstruIr móVeIs, eletrOdOméstIcOs, INstrumeNtOs musIcAIs, rObôs e cOIsAs feItAs cOm PlAcAs de ArduINO. As POssIbIlIdAdes de crIAçÃO sÃO tANtAs quANtO A ImAgINAçÃO PermItIr. bem-VINdO AO mOVImeNtO mAker. ANtes restrItO AOs Nerds AfIcIONAdOs POr tecNOlOgIA, A reVOluçÃO mAker cOmeçA A se ImPOr. “Os mAkers INdIVIduAIs, cONectAdOs em âmbItO glObAl, se cONVertem em um mOVImeNtO sOcIAl. mIlhões de AdePtOs dO fAçA VOcê mesmO, que Até eNtÃO trAbAlhAVAm sOzINhOs, PAssAm A AtuAr juNtOs”, descreVe chrIs ANdersON, AutOr dO lIVrO mAkers: A NOVA reVOluçÃO INdustrIAl. seguINdO umA teNdêNcIA glObAl, O mOVImeNtO se mAterIAlIzA NO brAsIl em lOcAIs crIAdOs PArA cOmPArtIlhAr PrOjetOs, trOcAr exPerIêNcIAs e crIAr PrOdutOs. cONheçA AlguNs desses lOcAIs em sÃO PAulO PArA Pôr em PrátIcA umA IdeIA brIlhANte Ou sImPlesmeNte fAzer A PróPrIA cAdeIrA. ≥ Por thiago tanji ≥ fotos pedro matallo plus.google.com/+INFo

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Garoa Hacker clube

rua costa carvalHo, 567, pinHeiros, são paulo www.Garoa.net.br

depois de percorrer um corredor

estreito que leva à casa dos fundos, o visitante encontra sete cômodos que abrigam duas impressoras 3D, osciloscópios, uma furadeira de bancada, uma máquina CNC em construção e um número sem fim de componentes eletrônicos que permitem a criação de diferentes projetos tecnológicos. Apesar do nome, o Garoa Hacker Clube não é um clubinho fechado. Qualquer pessoa pode participar de seus eventos,

como noites de programação, ensino de robótica e desenvolvimento de coisas com Arduino. “Compartilhar conhecimento está no DNA do ser humano. Isso proporcionou nossa sobrevivência e é uma atividade intrínseca à nossa existência. O hackerspace dá vazão a esse sentimento”, diz o desenvolvedor de sistemas Luciano Ramalho, 50 anos, ( foto) um dos fundadores do Garoa. Com 43 associados, que se organizam para a manutenção do espaço, o Garoa não cobra pelo uso das máquinas. Chamados de padawans,

os aspirantes a associados e inventores precisam apenas frequentar o espaço periodicamente e se envolver com os projetos.Um desses padawans é o estudante de ciência da computação Rafael Lopes, 23 anos. Ele criou com arduino um protótipo para que deficientes visuais possam se informar sobre a chegada dos ônibus ao ponto, a partir da comunicação feita entre um módulo no ponto e sensores colocados nos ônibus. Frequentador do Garoa desde setembro de 2013, Lopes diz que a cada visita aprende algo. “O lugar é ótimo para trocar ideias e desenvolver coisas novas.”

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garagem Fab lab

Praça general Craveiro loPes, 19, Centro, são Paulo www.garagemFablab.Com

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Pensar em ideias globais e desenvolvêlas localmente, em um espaço aberto à comunidade. Com essa missão, Neil Gershenfeld, professor do MIT, criou a primeira unidade da rede Fab Lab, em 2001. Desde então, mais de 200 laboratórios se espalharam por 30 países. Com organização descentralizada, a

criação de um Fab Lab pode ser feita por qualquer pessoa, desde que alguns princípios sejam respeitados. O primeiro é permitir que o espaço seja acessível ao público. Depois, é necessário ter máquinas e processos de fabricação semelhantes em todas as unidades, para que os projetos possam ser criados em qualquer laboratório. No Brasil, o

Garagem Fab Lab foi inaugurado em junho de 2013 e abre para a comunidade às quartas-feiras. Os interessados podem fazer um breve curso para operar as máquinas do espaço: cortadora a laser, fresadora de precisão e duas impressoras 3D. “É possível fazer desde um circuito eletrônico até móveis. Isso depende do interesse de cada pessoa”, diz Heloisa Neves, 33 anos, (foto) sócia do Garagem Fab Lab e integrante da Associação Fab Lab Brasil, iniciativa para estimular a criação de mais espaços. Avaliadas em 100 000 reais, as máquinas são uma parte essencial, mas só isso não basta. “O importante é ter uma comunidade ativa para dar vida ao espaço. Por isso vamos construir uma bicicleta open source para estimular a participação de várias pessoas”, afrma o sócio Eduardo Lopes, 40 anos.

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laboratório de GaraGem rua berta, 60, Vila mariana, São paulo www.labdeGaraGem.com

Se tirar uma ideia do papel já é bacana,

imagine conquistar o mundo com o projeto. Para isso, o movimento maker deve andar ao lado do empreendedorismo. Essa é a ideia central do Laboratório de Garagem, criado em 2010 como uma rede social para a troca de ideias entre interessados em colocar a mão na massa que conta hoje com mais de 21 000 cadastrados. Além de fornecer tutoriais em português para diferentes projetos, o Laboratório de Garagem funciona como uma incubadora para que as ideias dos makers se transformem em

produtos viáveis. Após o recebimento do protótipo e a realização de testes, a fabricação é iniciada na própria sede da empresa, em um sobrado na zona sul de São Paulo. Ao final, os lucros são divididos. Entre os produtos que saíram do laboratório estão um braço robótico de baixo custo e um sensor eletrônico para detectar chuva. “Esse é um conceito novo de modelo de negócios que beneficia a comunidade, ao viabilizar ideias que não teriam espaço

para ser criadas individualmente”, diz o engenheiro Marcelo Rodrigues, 36 anos, ( foto) criador do Laboratório de Garagem. Há ainda uma loja virtual, que oferece kits de aprendizado, componentes eletrônicos e itens produzidos ali, como o Garagino (29 reais), opção barata à placa de Arduino (75 reais no site). Para ganhar o mundo, Rodrigues lançou uma versão em inglês do site e conta com um escritório em Miami para importação e exportação. “Estamos construindo aqui uma cultura de criar projetos. Agora vamos mandar o material dos incubados para ser vendido nos Estados Unidos e usar crowdfunding”, diz Rodrigues.

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pedro Terra LaB

rua BiCa de pedra, 384, ViLa angLo-BrasiLeira, são pauLo www.pedroTerraLaB.Com

Chapas de madeira organizadas em

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pilhas, móveis coloridos de design recém-fabricados e serragem no chão. O cenário quase trivial da marcenaria de Pedro Terra (foto acima) é quebrado por um detalhe. Numa área de quase 6 metros quadrados, a fresadora CNC (sigla para controle numérico computadorizado) é capaz de converter arquivos digitais de CAD em peças esculpidas com cortes milimetricamente precisos. O preço de uma máquina dessas gira em torno de 100 000 reais. Mas a CNC de Terra custou um décimo disso. Com

cinco amigos, o artista plástico de 29 anos construiu a máquina usando referências de uma planta comprada por 100 dólares. O empreendimento consumiu seis meses de trabalho e foi concluído em setembro de 2012. “Aos 25 anos, montei uma marcenaria com os amigos para produzir armários. O negócio deu certo, e pensamos em construir a CNC. Mas só entendi como aquela máquina era

incrível quando entrou em funcionamento”, afirma Terra. Hoje, além de oferecer serviços de corte para a produção de móveis, como cadeiras e mesas, ele faz workshops e cursos de como operar o equipamento. O interesse pelo movimento maker veio aos 22 anos, após uma viagem de barco. “Fiquei tão impressionado que queria entender como aquilo funcionava.” Depois de obter plantas com projetos de veleiros, Terra iniciou a construção do próprio barco na garagem de casa, numa empreitada que consumiu dois anos de trabalho. Para ajudar na produção dos objetos, ele construiu outros seis equi-

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pamentos a partir da máquina CNC original e agora tem a intenção de disponibilizar as plantas da CNC, em código aberto, para quem quiser construir uma. O trabalho foi batizado de The Open Factory. “A ideia é que as pessoas consigam fazer o download dos arquivos e construir tudo a preço de custo. Queremos democratizar essa produção e deixar a indústria de manufatura mais jovem”, afirma. Um dos amigos que construíram a CNC com Pedro Terra, o músico

Rafael MSP, 31 anos (foto à direita), leva bem a sério a flosofa do faça você mesmo. Líder da banda de rock paulistana Eletrobanda, ele idealizou e desenvolveu a guitarra que usa. “Fiz o projeto no computador com um design exclusivo e busquei precisão milimétrica para as notas. Atingi um resultado profissional. O som é ótimo”, afirma Rafael, que demorou dois meses e usou a CNC para os cortes do corpo da guitarra. Rafael também construiu seu estúdio de gravação, localizado na zona leste de São Paulo. “Montei todo o estúdio, des-

de as paredes até a instalação da rede elétrica, a pintura e o isolamento acústico.” Motivado pelo desafio de desenvolver projetos complexos, Rafael tenta explicar o prazer que sente ao construir objetos com as próprias mãos: “Hoje as coisas estão muito padronizadas. Todos têm a mesma guitarra, e isso me incomoda. Gosto de seguir pela contramão e aprender coisas novas, com um design diferente e personalizado.” Como um legítimo maker faria.

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LAbOrIOsA 89

ruA LAbOrIOsA, 89, VILA MAdALeNA, sÃO pAuLO www.fAcebOOk.cOM/grOups/LAbOrIOsA89

Até pArece pApO de hIppIe, mas basta conversar alguns minutos com os membros da rede Laboriosa 89 para entender que o conceito de economia colaborativa é bem mais complexo. Instalada em uma casa no bairro da Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, a rede pretende reunir diferentes profissionais interessados em oferecer serviços por conta própria. Aberta em janeiro deste ano, funciona de forma colaborativa e qualquer pessoa pode ter uma cópia da chave da casa. Não são cobradas tarifa ou

mensalidade. A ideia é que todos contribuam com o que puderem para o pagamento do aluguel e das despesas mensais. “Em nosso grupo no Facebook há mais de 1 800 pessoas que não se sentem bem na estrutura hierárquica centralizada e querem se reorganizar”, afirma o economista Oswaldo Oliveira, 49 anos. Ainda em estruturação, parte dos móveis da Laboriosa 89 foi construída por pessoas que trabalham com marcenaria.

Além de dez mesas, serão instalados armários e divisórias nas salas. Para reunir os interessados em atividades manuais, os membros da rede alugaram, em fevereiro, uma casa que servirá como ateliê para produtores de móveis, roupas e alimentos. O espaço também estará disponível para quem deseja aprender uma nova atividade. “Temos um potencial enorme para lidar com um fuxo contínuo de pessoas e queremos criar um vínculo com a comunidade ao redor, criando ideias ao lado de comerciantes, moradores e artistas”, diz o desenvolvedor de sistemas Conrado de Biasi, 41 anos, ( foto) que realiza trabalhos na marcenaria.

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aqui, três projetos para inspirar sua vocação maker Bem-vindo à matrix

Um projeto para se inspirar. Com 48 placas Raspberry Pi, cada uma conectada a uma placa de controle PiFace e a uma câmera digital, a ideia consiste em várias pessoas fotografarem um objeto simultaneamente e em diferentes ângulos. O resultado fnal lembra a clássica cena em “bullet time” do flme Matrix, em que o herói Neo desvia das balas em câmera lenta, com efeito em 360 graus. Veja o resultado da experiência em abr.ai/matrix360

ligue a seta!

Dica para os ciclistas que gostam de passear pelas ruas no período noturno. Que tal usar um Arduino específco, chamado LilyPad, para fazer um projeto que permite ligar “setas” com LED na roupa? Elas são ativadas por meio de dois botões localizados nas mangas. Os elementos eletrônicos são peças com furos para a costura, e a linha serve como condutora de energia. O projeto completo pode ser conferido no link abr.ai/jaquetaseta

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este é fácil de fazer A equipe do INFOlab incorporou o legítimo espírito maker e bolou

uma luminária com lâmpada acionável por presença. Veja abaixo os componentes necessários para o projeto e confra o passo a passo completo ativando o QR Code ao lado.

luminária de escritório com lâmpada

arduino dumeilanove ou equivalente

sensor ultrassom sr04

módulo rele 10a

adaptador Bateria 9 v

Bateria 9 v

fios de conexão

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INOVAテァテグ

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GooGle glass O funciOnáriO dO mês ≥ Por Gabriel Garcia ≥ foto vitor PickersGill

Previsto Para cheGar ao mercado até o fim deste ano, o GooGle Glass já atrai emPresas interessadas em criar aPlicativos Para aGiliZar áreas como loGística e atendimento ao cliente. em PoUco temPo, além do crachá, os fUncionários levarÃo os ÓcUlos inteliGentes Para o escritÓrio

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Em 1955, o Bank of amErica dEcidiu automatizar a compEnsação dE chEquEs, 0 0 0

antes feita de forma manual nos caixas das agências. Em pouco tempo, todas as instituições bancárias correram atrás ao perceber a economia de tempo e dinheiro que a máquina da compensação representava. Desde então, apostar em novas tecnologias tornou-se uma necessidade para qualquer empresa que queira se manter forte no mercado em que atua. Os ciclos de inovação se repetem de tempos em tempos, e hoje um gadget que promete transformar mais uma vez o ambiente de trabalho são os óculos inteligentes, que costumam causar frisson onde aparecem. O Google Glass, que deve ser lançado até o fm deste ano, já promete ajudar as empresas a dar um salto na produtividade e a cortar custos. Pesquisa da consultoria Gartner mostra que os óculos do Google poderão gerar uma economia de 1 bilhão de dólares após três anos de uso pelas empresas. “Os maiores beneficiados serão os setores que necessitam de diagnóstico e resolução de problemas de forma rápida e ainda as empresas que precisam deslocar especialistas para áreas remotas”, afrma Angela McIntyre, diretora de pesquisas do Gartner. Acessar a internet sem o uso das mãos, tirar fotos e realizar videoconferências de forma fácil são ações que podem melhorar a maneira de operar em setores como construção, saúde e logística.

O levantamento do Gartner mostra também que hoje 1% das empresas americanas já usam o Google Glass, mas esse número deve subir para 10% nos próximos anos. “Diversas startups de desenvolvimento já estão sendo consultadas sobre os possíveis usos para os óculos em ambientes de trabalho”, diz Angela. Em 2018, estima-se que serão vendidos cerca de 10 milhões de óculos inteligentes, de acordo com a consultoria Juniper Research. O Bradesco saiu na frente entre os bancos brasileiros e já integrou o Google Glass às operações. Em novembro passado, o banco lançou um aplicativo que permite localizar agências e máquinas de autoatendimento de sua marca e da Rede Banco24Horas próximas do cliente e recebe as coordenadas pelo Google Maps. O app também localiza hospitais conveniados da rede Bradesco Saúde. “O Glass é uma tecnologia disruptiva, e precisamos embarcar nela logo no início”, afirma Luca Cavalcanti, diretor de canais digitais do Bradesco. Os clientes do

banco podem testar o app no espaço Bradesco Next, a agência futurista montada no shopping JK Iguatemi, em São Paulo. “O feedback dos clientes tem sido ótimo, o que confirma nossa aposta nos óculos como ferramenta corporativa”, afirma Cavalcanti. Com orçamento de 400 milhões de reais por ano para pesquisas nos chamados meios digitais, o Bradesco estuda a fundo o potencial do Glass. “O uso de biometria talvez seja o principal avanço que ele trará. O gerente de uma agência poderá reconhecer o cliente só com um olhar”, afirma Cavalcanti. Desenvolvedores brasileiros também já estudam as possibilidades do Glass. Desde que começou a ser distribuído para os “exploradores”, como o Google chama os desenvolvedores que se dispuseram a pagar 1 500 dólares por sua versão experimental, várias startups iniciaram uma corrida para criar apps para o Glass. A Epic Awesome, criadora do aplicativo do Bradesco, foi procurada por diversas empresas interessadas em usar os óculos no negócio. “O Glass tem potencial como ferramenta corporativa porque não é intrusivo e pode beneficiar qualquer profissão em que a pessoa precise usar as duas mãos,

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de eletricistas a médicos”, afirma Gus Fune, presidente da Epic Awesome. “Estamos desenvolvendo aplicativos para vários tipos de negócio, e a ideia é que, assim que entrarem no mercado, os óculos já possam ser usados.” A Mega Sistemas Corporativos, empresa de Itu, no interior de São Paulo, diz ter capacidade para desenvolver em até 60 dias um programa específico para qualquer negócio que deseje utilizar o Glass em seu ambiente corporativo. Especializada em tecnologia de gestão empresarial, a Mega desenvolveu, em conjunto com a startup GeoMob, um aplicativo para o Glass que ajuda gestores a monitorar o funcionamento de uma empresa, trazendo informações sobre a situação do estoque e do fluxo do caixa, por exemplo.

centro de distribuição que entrega cerca de 300 000 garrafas de vinho todos os meses, refinar o sistema de entrada e saída dos produtos é essencial para a operação. O Glass pode se tornar elemento importante nesse processo. “Temos problemas com códigos de barras nos rótulos das garrafas, já que cada região do mundo utiliza uma tecnologia diferente. Uma grande vinícola tem padrão profissional, mas produtores pequenos trabalham com sistemas amadores. O Glass nos permitiria fazer o registro de entrada e saída com uma foto do rótulo”, afirma Anselmo Endlich, um dos sócios da Wine.

O GOOGle Glass será usadO cOmO um assistente pessOal dOs funciOnáriOs em várias áreas das empresas “O Glass é útil para mostrar pequenas informações. Funciona como um assistente pessoal do funcionário, do chão de fábrica à área de logística da empresa. Pode representar uma grande economia para negócios de qualquer porte”, diz Walmir Scaravelli, sóciofundador e diretor comercial da Mega. A iniciativa já atraiu os primeiros clientes interessados em utilizar o Google Glass. A distribuidora virtual de vinhos Wine, por exemplo, testa a implantação dos óculos dentro de seu armazém principal, localizado em Serra, no Espírito Santo. Com um

Endlich acredita que o Google Glass poderá se tornar uma necessidade em qualquer negócio em um futuro próximo. “Ele será importante nas empresas de varejo, que precisam de mais tecnologia do que as tradicionais, por questões de logística e de controle de estoque. Acredito que será tão importante quanto já foram os smartphones um dia.”

Em Recife, a Voxar Labs, startup ligada à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), também desenvolve projetos para empresas usando o Glass. Especializado em realidade aumentada, o laboratório já cria protótipos de aplicação que podem ser usados por escolas, hospitais e áreas que precisam de assistência técnica remota. “Imagine que uma subestação elétrica apresente um problema. No escritório, o engenheiro pode passar instruções ao funcionário que está em campo. Ambos terão acesso à mesma informação e poderão colaborar para a resolução rápida do problema”, afrma Rafael Roberto, engenheiro do Voxar Labs. Phil Libin, presidente da Evernote, empresa que criou um app que compartilha notas e fotos entre usuários por meio do Glass, afirma que os óculos inteligentes terão um forte uso corporativo. “Logo vamos nos sentir estúpidos se não estivermos usando”, diz Libin. Para a consultoria Endpoint Technologies, funcionalidades dos óculos, como navegação sem as mãos, transcrição de voz e videochamadas, podem ser suficientes para atrair usuários corporativos de várias indústrias. “Estimamos que o Google deverá vender 3 milhões de óculos no primeiro ano após o lançamento. Desse total, 2 milhões serão para uso corporativo”, diz Roger Kay, presidente da Endpoint. Ainda é cedo para prever o impacto que o Google Glass terá na maneira como as pessoas trabalham ou no futuro dos negócios, como foi a primeira compensação de cheque do Bank of America. Mas, em um futuro mais próximo do que você imagina, além do crachá os funcionários provavelmente precisarão levar o Google Glass para o escritório. ↙

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INOVAçÃO

Um cérebro para o carro

o aUtomóveL é a Nova FroNteIra para aS empreSaS de tecNoLogIa,

como googLe e appLe, qUe agora trabaLham com aS moNtadoraS para

deSeNvoLver veícULoS maIS INteLIgeNteS e coNectadoS aoS SmartphoNeS

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≥ por FILIpe SerraNo

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ENCAIXOTADO /

Kit da Ford simula as funções do carro para ajudar desenvolvedores a criar aplicativos

0 0 0 FOTO raFael evangelisTa

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Se os carros de hoje fossem celulares, eles estariam numa fase préiPhone. Você se lembra: os primeiros celulares tinham interfaces difíceis de usar e configurações que poucos se arriscavam a entender. Tela de toque era coisa do futuro e uma conexão com a internet custava o olho da cara. Eram tempos difíceis aqueles. Pois com os carros acontece a mesma coisa. Os automóveis estão no início de uma virada tecnológica que deve mudar o transporte individual para sempre. O problema é que falta ainda um iPhone dos carros, aquele produto visionário e intuitivo capaz de dar um novo rumo para toda a indústria. Nos últimos anos, praticamente todas as montadoras lançaram modelos que se conectam aos smartphones, com telas para navegação por GPS e acesso a serviços pela internet. Essas tecnologias estão em painéis multimídias e em itens opcionais encontrados nos modelos mais caros. Mas elas também já co-

meçam a aparecer, inclusive no Brasil, nos carros intermediários e compactos, como o Up!, da Volkswagen. Apesar de oferecer cada vez mais equipamentos eletrônicos no painel, os sistemas nem sempre agradam ao motorista. Uma pesquisa de satisfação com consumidores dos Estados Unidos mostrou que, entre 17 itens analisados, os sistemas automotivos foram os campeões de reclamações. “Em muitos casos, as telas travam, o controle de toque demora a responder e o sistema não consegue reconhecer um celular, um MP3 player ou comandos de voz”, diz a pesquisa. Para mudar esse cenário, as montadoras buscam o apoio das empresas de tecnologia. No início do ano, o Google, a fabricante de processadores Nvidia e quatro montadoras (Audi, GM, Honda e Hyundai) formaram a Open Automotive Alliance, uma associação para levar o Android aos automóveis. O sistema adaptado deverá entrar nos carros já em 2014. “Estamos trabalhando para permitir novas formas de integração”, disse Patrick Brady, diretor de engenharia do Google.

central de controle conheça os sistemas criados pelas montadoras

A aliança tem inspiração na parceria que o Google fez com fabricantes de celulares antes de lançar as primeiras versões do sistema. A aposta é que, com o apoio das montadoras, o Android se torne uma plataforma forte também nos carros. Como ocorreu nos celulares, espera-se que surja um grande mercado para aplicativos. Imagine, por exemplo, como seria dirigir um veículo que tivesse o Waze instalado no painel. É uma das possibilidades com o Android automotivo. “O objetivo da aliança é dar aos motoristas ferramentas úteis e precisas para acessar dados que possam ajudar no trajeto”, afirma Brad Stertz, porta-voz da Audi. Adaptar uma plataforma como o Android para os carros não é simples. Há preocupação com segurança, já que nenhum equipamento pode provocar

Ford Sync

características // Tem quatro versões.

A mais simples se conecta ao celular para receber e fazer ligações. A mais avançada tem tela de toque e cria rede Wi-Fi dentro do carro com a conexão do celular recursos // Comando de voz, sincronização com celular, GPS, USB para carregar bateria, acessa apps compatíveis com o App Link carros // Edge, Fusion, New Fiesta, Novo EcoSport, novo Fusion

Facebook.com/reviStainFo

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distrações no motorista. No Brasil, o Conselho Nacional de Trânsito só permite o uso de displays com mapas de navegação GPS. Qualquer aparelho de entretenimento é proibido, a não ser que tenha um mecanismo de bloqueio automático quando o carro estiver em movimento. Se você acha que vai jogar Candy Crush ou assistir a uma série do Netflix no carro pode esquecer. Isso só será possível quando (e se) os carros andarem sem motorista. Outra barreira é fazer com que o sistema carregue rapidamente. No carro, o motorista não pode esperar muito tempo até que o computador de bordo inicialize, como acontece com os celulares. O equipamento tem de estar ativo logo após a partida. Foi isso que fizeram pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais. O grupo modificou o Android, alterando a sequência de carregamento, e conseguiu reduzir o tempo de inicialização de 40 para 5 segundos. “Fizemos a interface carregar primeiro, e depois o restante do sistema operacional”, diz Ricardo Rabelo, 35 anos, coordenador do laboratório de

Chevrolet Mylink

características // São três versões. A

básica, presente na maior parte dos modelos, não inclui navegação GPS e reconhecimento de voz recursos // Bluetooth, USB, sincronização com celular, acesso a apps compatíveis (TuneIn Radio, por exemplo) e cria perfl do motorista, com preferências de rádio e iluminação. carros // Onix, Prisma, Cobalt, Spin, Sonic, S10 LT, S10 LTZ, Cruze, Trailblazer

o GooGle uniu-se a GM, audi, Honda e Hyundai para colocar o android nos carros. apple taMbéM está na disputa pesquisas iMobilis da universidade. O trabalho foi realizado com a empresa mineira Seva, fabricante de tacógrafos eletrônicos (espécie de caixapreta) para caminhões que queria um equipamento com o sistema Android. O Google não está sozinho na disputa pelos automóveis. Desde 2013, a Apple trabalha com 20 montadoras para adaptar o iOS para os carros. A expectativa é que as próximas versões do sistema do iPhone e do iPad tenham um modo automotivo. Assim, quando o usuário conectar o smart-

Fiat Blue&Me

características // Conecta o celular ao

rádio para fazer e receber chamadas por comandos de voz ou ouvir músicas do celular. Uma versão mais avançada inclui navegação GPS, mas é necessário conectar um pen drive que armazena os mapas recursos // Bluetooth, USB, sincronização com celular e GPS nos modelos Bravo e Linea carros // Novo Punto, Bravo, Linea

phone ao veículo, a tela do painel carregará os aplicativos do celular com uma interface adaptada. O próprio app de mapas do iPhone funcionará como o GPS. E, para buscar um endereço, mandar uma mensagem de texto ou ligar para alguém, basta falar e o sistema Siri reconhecerá o comando. No fim de janeiro, os desenvolvedores Steven Troughton-Smith e Denis

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volkswagen

características // Não há um sistema

padronizado para todos os carros. Eles têm versões variadas dependendo do modelo, como os serviços de navegação GPS Maps & More (Up!) e o Discover Pro (Novo Golf) recursos // Rádios multimídias incluem DVD player, tela de toque, comandos de voz, USB e Bluetooth carros // Up!, Novo Golf, Touareg

FaCeBook.CoM/revistainFo

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Brasileiro quer mais tecnologia no carro EntrE 14 paísEs pEsquisados, o Brasil é ondE as pEssoas mais dEsEjam tEr inovaçõEs ao dirigir

o Brasil lidera ranking qUe aponta a tecnologia como o item mais importante na compra do próximo carro

21% Brasil

10%

8%

indonésia

7%

espanha

china

6%

estados Unidos

85%

consideram que é importante ter um sistema operacional no carro compatível com o de seus eletrônicos

serviços mais desejados no carro música por streaming (rdio, deezer, napster, spotify) 79%

o smartphone será a porta de entrada dos aplicativos

navegar na internet em um monitor no painel 76% acesso às redes sociais 61%

tecnologias já Utilizadas

12%

16%

navegar na internet

Buscar serviços ou lojas

1,6

31%

34%

36%

obter dados sobre o clima

ouvir música na web

ter alerta para radar

bilhão de dólares É quanto deve movimentar o mercado de tecnologias de comunicação para carros em 2018

48%

Usar o gps

35,1

milhÕes de carros vendidos em 2018 virão com sistemas de entretenimento integrados. metade deverá usar o ios, da apple

700

milhões de automóveis terão conexões móveis até 2022

25%

dos carros vendidos nos estados Unidos em 2012 tinham algUma tecnologia de comUnicação móvel

Fontes: accentUre, isUppli e aBi research

faceBook.com/revistainfo

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Stas conseguiram acessar o modo automotivo em versões de testes do iOS. Eles publicaram vídeos no YouTube que mostram o funcionamento da nova interface. O recurso não está pronto, mas é possível perceber que o visual é do iOS, na horizontal, e que o aplicativo de mapas ocupa quase toda a tela. Na lateral esquerda, há um botão “home” e o horário. E na parte de cima ficam os controles de zoom e o botão para encontrar a localização do usuário. A busca por endereços é feita no celular. “Não estava animado com o iOS para o carro antes de usá-lo, mas vejo agora que há muito potencial nele”, escreveu Troughton-Smith no Twitter. Ainda não há carros com o sistema da Apple, mas os automóveis também devem se tornar uma área importante para a fabricante do iPhone. A consultoria ABI Research prevê que em quatro anos o sistema da Apple estará em quase metade dos 35,1 milhões de veículos inteligentes vendidos no mundo e será a plataforma dominante. Mas a pesquisa foi feita antes de o Google anunciar a parceria com as montadoras, o que pode mudar o cenário. Enquanto as empresas de tecnologia trabalham para adaptar seus sistemas aos automóveis, as montadoras criam as próprias soluções. A Ford, por exemplo, aposta em sua plataforma Sync AppLink para sincronizar o smartphone com o painel do carro. O sistema permite usar aplicativos compatíveis que já estão instalados no telefone. O Sync AppLink deverá chegar ao Brasil neste ano com três apps: Napster (streaming de música), TuneIn (rádios online) e Glympse (para redes

iOS nO carrO Desenvolvedores já conseguiram acessar versões de testes do sistema que a Apple desenvolve para os automóveis

sociais). Há no mundo 65 aplicativos compatíveis com o sistema da Ford. A montadora diz que também vai trabalhar com as soluções do Google e da Apple, no futuro. “Eles são incrivelmente capazes e devem ter sucesso nessa área. É uma questão de tempo. Seria errado não adotar o sistema deles”, diz o americano Doug VanDagens, diretor global de conectividade da Ford. Além de Google e Apple, fabricantes de processadores também estão de olho na demanda por tecnologia embarcada nos automóveis. A Qualcomm lançou um modelo do Snapdragon (processador usado em smartphones) adaptado para os carros. “A área automotiva tem exigências diferentes quanto a durabilidade, interferências, resistência à temperatura, a vibrações e ruídos. Mudamos as especificações para suprir essa necessidade”, diz Roberto Medeiros, diretor de desenvolvimento de produtos da Qualcomm para a América Latina. São vários os motivos que justificam o esforço das montadoras para

colocar mais tecnologia no carro. Um deles é a melhora da segurança, com sensores que detectam se o motorista está cansado ou se os veículos à frente e atrás estão a uma distância segura. “Existe também uma tentativa de aproximação do consumidor jovem”, diz Marcelo Cioffi, sócio da consultoria PwC Brasil especializado no setor automotivo. “Para os jovens, carro não é símbolo de status. A tecnologia sim.” Levantamento da consultoria Accenture em 14 países coloca os brasileiros na primeira posição entre os que mais desejam tecnologias nos carros (veja quadro ao lado). “O brasileiro passa muito tempo no carro e quer usar melhor este tempo”, diz Alberto Claro, consultor da Accenture. Para Marcelo Alves, pesquisador do Centro de Engenharia Automotiva da Escola Politécnica da USP, o smartphone deve se tornar uma extensão do carro, com aplicativos dedicados. “Eles podem gerenciar a manutenção, alertar se o veículo for roubado e até substituir as chaves”, afirma Alves. “Com a comunicação entre os automóveis, por sensores, a ideia é que eles sejam também capazes de tomar decisões próprias no trânsito.” ↙

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25,1 cm

CILINDRO ENGENHOSO A ventoinha no topo expulsa o ar com o calor dissipado pelos componentes internos

16,7 cm

Desktop

Jobs se orgulharia

O Mac Pro troca o gabinete em torre por um muito menor em forma de cilindro para embalar o que há de melhor no mundo dos PCs ≥ POr Airton Lopes Mac Pro / Apple para quem reclamava que a Apple deixou de surpreender, o Mac pro é uma resposta e tanto. ele impressiona pelo poder de fogo, pelo design inusitado e pelas soluções inovadoras para controlar a temperatura e a emissão de ruído em um computador cujo corpo tem um oitavo do volume do Mac pro anterior. na versão-padrão avaliada pelo inFolab, com processador de seis núcleos e duas placas de vídeo, custa 17 499 reais, valor que não inclui mouse, teclado e monitor. obviamente não se trata de um pC para uso doméstico. somente profssionais que lidam com edição de vídeo conseguem aproveitar toda a velocidade que o Mac pro tem a oferecer com sua confguração de vanguarda. A memória DDr3 com barramento de 1 866 GHz proporciona o dobro da largura de banda de memória da versão anterior. o drive ssD com interface pCi express 4x tem velocidade dez vezes maior do que a de um HD de 7 200 rpM. Mas sua capacidade é de apenas 256 GB, o que força o usuário a trabalhar com HDs externos plugados nas quatro portas UsB 3.0 ou nas seis thunderbolt 2, que também são aproveitadas para, com a ajuda de uma conexão HDMi 1.4, ligar até três monitores 4K. Intel Xeon e5-1650 v2 3,5 GHz (Ivy Bridge) / 16 GB / SSD de 256 GB / 2 AMD Firepro D500 3 GB / Mac OS X Mavericks lion 10.9 AvALIAçãO téCNICA: 9,4 CuStO/bENEfíCIO: 7,0

/ R$ 17 499

Notas 84

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10,0

Impecável

9,0 a 9,9

8,0 a 8,9

Ótimo

Muito bom

7,0 a 7,9 Bom

6,0 a 6,9

Médio

5,0 a 5,9

Regular

Veja os critérios de avaliação em: info.abril.com.br/reviews/notas/

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INFO

fotos rafael evangelista eDiÇão De imagens eDson minoru ilustraÇões evanDro Bertol

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Controlado por smartphone ou tablet, o quadricóptero da Parrot executa saltos mortais e vem com duas baterias ≥ Por Airton Lopes

13,7 cm

Drone acrobata

45,1 cm

Drone

PÁS COLORIDAS O kit do modelo inclui três conjuntos extras de hélices, nas cores azul, laranja e vermelho

45,1 cm

AR.Drone 2.0 Power Edition / ParrOt A novidade mais divertida deste dro-

ne controlado por smartphones e tablets com ios e Android é a possibilidade de qualquer iniciante realizar acrobacias. Bastam dois toques na tela para que o brinquedo realize um flip, salto com giro de 360 graus. A pilotagem básica não tem mistério. Deslizando o polegar direito sobre um dos controles direcionais, a nave sobe, desce e gira sobre seu eixo. A outra mão realiza os deslocamentos movendo o polegar pelo joystick virtual ou simplesmente tocando a tela e inclinando o smartphone ou o tablet. As preocupações são o vento e a autonomia de voo. Uma brisa um pouco mais forte já é suficiente para prejudicar a estabilidade do Ar.Drone. na edição avaliada pelo inFolab, a power, o modelo vem com duas baterias com 50% mais capacidade de armazenamento de energia do que a do kit-padrão. na melhor situação observada nos testes, a bateria durou 14 minutos e 39 segundos. A câmera frontal filma em HD, mas a qualidade da imagem é apenas aceitável.

4 motores de 14,5 W e 28 500 rPM / Processador arM Cortex a8 1 GHz / 128 MB / Câmeras de 720p e QVGa / Wi-Fi n / USB 2.0 / 380 g e 420 g (com protetor de hélices) / 2 baterias de 1 500 mah / 14min39s de bateria AvALIAçãO téCnICA: 8,0 CuStO/benefíCIO: 6,9

/ R$ 2 399

INFO

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Leve e com boa empunhadura, o tablet compacto da LG com tela full HD mostra desempenho e versatilidade ≥ por Airton Lopes

21,6 cm

Android esperto

12,6 cm

G Pad 8.3 / LG Com display de 8,3 polegadas com resolução de 1 920 por 1 200 pixels

e tecnologia ips, o G pad é o tablet mais atraente do momento entre os Androids com tela abaixo de 10 polegadas. o desempenho observado no inFolab para rodar aplicativos e games é próximo ao do ipad Mini, o melhor tablet compacto. em alguns aspectos, o gadget da LG é mais versátil. A transferência de arquivos sem o uso do pC ou de conexões sem fo pode ser feita por cartão microsD ou pen drives com plugue microUsB, como o sanDisk Ultra Dual UsB Flash Drive usado nos testes. outra vantagem é o infravermelho, que transforma o G pad em controle remoto universal. A interação com a tV também é feita enviando vídeo para a telona por DLnA, Miracast e Wi-Fi Direct. As câmeras são ok para um tablet. Quebram o galho em cenas bem iluminadas, mas as fotos feitas com pouca luz não ficam boas. A duração da bateria nos testes foi de 5 horas e 20 minutos. É uma boa autonomia, mas não chega à metade da obtida pelo tablet da Apple nos testes do inFolab.

0,8 cm

Android 4.2 / Tela de 8,3" / Snapdragon 600 Krait 300 1,7 GHz quad-core / 16 GB + microSD / Câmeras de 5 MP (1080p) e 1,3 MP (1080p) / 338 g / 5h20min de bateria AvAlIAçãO técNIcA: 8,5 custO/BENEfícIO: 7,7

/ R$ 1 099(1)

BOA ERGONOMIA Não é preciso ter mãos grandes para segurar com frmeza o tablet usando apenas uma delas

TableT

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(1) Duração medida com o aparelho exibindo vídeo em 720p com Wi-Fi e Bluetooth ativados

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Câmera

DEZENAS DE OLHARES A câmera aceita mais de 50 modelos de lentes das linhas NEX e Alpha

A Alpha 3000 tem encaixe para lentes, controles e visual de DSLR, mas com o preço de uma câmera híbrida ≥ poR Leonardo Veras

9,1 cm

Pegada Profissional 12 cm

Alpha 3000 / SoNy esta é uma máquina semiprofssional para quem quer aprender a

lidar com câmeras de controle manual direto, mas sempre foi intimidado pela barreira do preço. equipada com um sensor grande de 20,1 MP e bainha compatível com um grande número de lentes da sony, ela reúne recursos raros em um equipamento de 1 499 reais. apesar de apresentar o design típico de uma dsLr, a a3000 é um modelo sem visor óptico e sistema de espelho. assim como nas outras híbridas da sony, seus menus são repletos de legendas e guias para iniciantes. o peso reduzido ajuda a tornar o uso mais confortável. embora o autofoco tenha velocidade aceitável, esta câmera demora demais para gravar imagens no cartão. em modo de disparo contínuo, durante os testes do InFolab, ela capturou apenas cinco fotos ao longo de 1,4 segundo antes de preencher a memória interna. outros pontos abaixo da média são a qualidade de imagem do visor eletrônico (eVF) e a da tela traseira. Usuários mais experientes vão estranhar os pontos de foco concentrados no centro do quadro.

AvALiAçãO técNicA: 7,6 cuStO/bENEfíciO: 7,9

/ R$ 1 499

INFO

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11,5 cm

20,1 MP / Zoom de 3x (18-55 mm) / Filma em 1080p / LCD de 3” / 600 g (405 g só o corpo)

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MOVIMENTO RESTRITO O scanner é ligado ao PC por um fo de 2 metros. O ideal seria por Wi-Fi

17,8 cm

Scanner 3D

12,9 cm

3,3 cm

scanner de objetos

O Sense é uma mão na roda para transformar peças em modelos 3D para ser replicados em impressoras ou virar animação ≥ pOr Airton Lopes Sense / 3D SyStemS produzir objetos em impressoras 3D é uma tarefa trivial apenas quando existem arquivos com modelos tridimensionais perfeitos dessas peças, o que quase nunca é fácil obter, especialmente para trabalhos personalizados. o scanner de mão sense é uma maneira descomplicada de conseguir esses modelos 3D sem vasculhar sites especializados, muitos deles pagos, ou recorrer a profissionais. A digitalização é feita apontando o aparelho para o objeto e percorrendo todas as suas faces. no pC ao qual o scanner está ligado por cabo, o software indica se a distância em relação ao alvo é a ideal. o trabalho exige destreza e paciência, mas não é difícil. numa etapa seguinte, imperfeições e anomalias de leitura são corrigidas de maneira intuitiva no mesmo aplicativo. nos testes, o sense escaneou coisas grandes, como o corpo de um estagiário do inFolab, de forma satisfatória. Mas objetos com superfícies menores que 20 centímetros não foram bem registrados. reentrâncias e botões de uma câmera fotográfica, por exemplo, foram ignorados. Infravermelho / Duas câmeras / Volume do objeto que pode ser lido: de 20 x 20 x 20 cm a 3 x 3 x 3 m / Precisão: 0,64 mm / Formatos de arquivo: StL, OBJ e PLy / Cabo de 2 m / 600 g / Windows 7, 8 e 8.1 AVAlIAçãO TécNIcA: 8,2 cuSTO/bENEfícIO: 6,8

/ R$ 1 999

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O Winbot esfrega e seca janelas altas dentro e fora de casa. Mas precisa fcar ligado o tempo todo na tomada ≥ pOr Airton Lopes

33,2 cm

Robô limpa-vidRos

28 cm

Winbot W730 / Ecovacs subir em escadas para alcançar vidros altos ou arriscar-

se no parapeito para limpar o lado de fora da janela são chateações que podem ser evitadas com o Winbot. Basta encostar este robô no vidro, ativar sua bomba de sucção e apertar o botão de início para que ele faça sozinho a limpeza de espelhos, vitrines e janelas com ou sem molduras, como boxes de banheiro. só é preciso antes verificar se o cabo de 5,5 metros do aparelho é sufciente para que ele cubra toda a área. Durante o trajeto, o Winbot esfrega o vidro com uma almofada borrifada com uma solução de limpeza, passa o rodo e seca a superfície com uma segunda almofada. o tempo para concluir a tarefa varia. Uma parede de vidro de 83 centímetros por 2,60 metros do inFolab foi limpa em 11 minutos e 23 segundos. A remoção de poeira foi perfeita. Com o vidro propositadamente bem lambuzado, o robô não eliminou todas as marcas de gordura. Mas ele vem com controle remoto para direcioná-lo manualmente para áreas que exijam atenção especial.

13,5 cm

velocidade: 0,15 m/s / alcance: 5,5 m / controle remoto / Bateria de 400 mah / 2 kg / 3 pares de almofadas removíveis / Módulo de segurança por antiqueda / 105 ml de solução de limpeza AvAliAção téCNiCA: 8,2 CuSto/bENEfíCio: 6,0

/ R$ 2 100

INFO

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Robô

SEM DESPENCAR Uma bateria mantém ligada a bomba de sucção que prende o robô ao vidro se a eletricidade cair

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A confguração reforçada deste notebook touch screen da Sony inclui placa de vídeo e gravador de Blu-ray ≥ por Airton Lopes

37,9 cm

Vaio Fit 15 / SOny Foi com máquinas como esta que a sony fez da marca Vaio, que pas-

sará para as mãos do grupo de investimento japonês Jip no segundo semestre, sinônimo de potência, beleza e sofsticação em notebooks. Apesar de seu processador Core i7 pertencer a uma família anterior à linha mais moderna da intel, a Haswell, o Fit 15 apresentou desempenho notável nos testes, inclusive com games 3D mais exigentes. itens como placa de vídeo dedicada, 8 GB de memória rAM, 1 tB de espaço em disco e um drive que lê e grava CD, DVD e Bluray formam um conjunto acima da média, comparável ao de notebooks desenvolvidos para gamers. A pilotagem da máquina é feita pela tela sensível ao toque de 15,5 polegadas, por um teclado confortável com sistema de iluminação que sabe a hora de acender e apagar as teclas e por um touch pad, onde há um sensor de nFC, recurso que não funcionou muito bem nos testes do inFolab. o pareamento de fones sem fo compatíveis foi perfeito, mas não o recebimento de fotos, mesmo em arquivos com menos de 200 KB, enviadas por smartphones Android.

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2,2 cm

Vaio musculoso

25,4 cm

NOTEBOOK

BRILHO NA TELA O display sensível ao toque é full HD e refete bastante a luz do ambiente

Tela de 15,5" touch screen / Intel Core i7- 3537U 2 GHz (Ivy Bridge) / 8 GB / HD de 1 TB / GeForce GT735M 1 GB / Leitor e gravador de Blu-ray / 2,6 kg / Windows 8 / 1h13min de bateria(1) AvALIAçãO TécNIcA: 8,4 cusTO/BENEfícIO: 7,0

/ R$ 4 999

(1) Duração de bateria medida com o software Battery Eater e o notebook com o Wi-Fi ligado, tela com o máximo de brilho e perfl de alto desempenho no Windows, sem permitir o desligamento de componentes

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O forno com lâmpadas de halogênio e infravermelho da Electrolux é opção para quem tem cozinha compacta ≥ pOr Maria isabel Moreira

35 cm

Parceiro do cooktoP

53 cm

OTP10 / ElECtrolux o corpo de aço inoxidável deste forno elétrico faz bonito em qual-

quer cozinha moderna. a capacidade de apenas 21 litros, no entanto, não o habilita a preparar o jantar de uma família numerosa. o eletrodoméstico da electrolux é mais indicado para quem vive só, ou para casais sem flhos, que não cozinham em grande quantidade e abriram mão do forno convencional. ele tem oito programas de cozimento, facilmente selecionáveis pelo botão com cara analógica, mas com funcionamento digital, e display de cristal líquido. Há opções para assar, dourar, torrar, aquecer e reaquecer, além de uma função para assar roscas e outra para pizzas. É possível também ajustar tempo e temperatura manualmente, de acordo com as exigências da receita. o sistema de convecção, para produzir assados mais uniformes, e o de aquecimento por lâmpadas de halogênio e infravermelho, para acelerar o tempo de preparo, são dois bons atrativos. Nos testes, o forno funcionou de maneira eficiente, mas não se diferenciou em nada de um forno convencional a gás.

46 cm

110 V / 1 680 W de potência / temperatura de 65º C a 230º C / Capacidade: 21 l / timer de 120 minutos / 6 regulagens de altura da grelha / 8 funções préprogramadas / 7,7 kg AvALIAçãO TéCNICA: 7,8 CusTO/bENEfíCIO: 6,7

/ R$ 699 CONTROLE DIGITAL A temperatura vai de 65 a 230º C, mas não dá para usar livremente toda a gradação entre os limites

Forno elétrico

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Na Garupa

/ Depois da explosão dos aplicativos para táxi, chegou a vez das motos. A ideia de solicitar um motoboy pelo celular ganhou quatro versões operando em São Paulo nos últimos meses. Em meio à concorrência, a startup Motonow encontrou duas formas de se destacar. “Nosso modelo é voltado para as empresas”, diz Rogerio Guimarães, 30 anos (à esquerda na foto), que fundou a Motonow com o amigo de infância Pedro Signorelli. A ideia é intermediar os pagamentos cobrando uma taxa do usuário e mantendo o serviço sem custos para os motoboys. Para incentivar mais motoboys a se cadastrar, entra o segundo diferencial da empresa: um garoto-propaganda de peso. Na pele de um de seus mais famosos personagens, o motoboy Jackson Five, o humorista e apresentador Marco Luque estrela os comerciais da Motonow na internet. Luque também se tornou sócio da startup, que recebeu 200 000 reais do programa Startup Brasil. “Somos uma empresa de soluções logísticas de distribuição. Estamos desenvolvendo outros serviços”, diz Guimarães. “Motofrete é apenas o primeiro passo.” ↙

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FOTO VITOR PICKERSGILL

EdIçãO dE ImaGEm aRTnET dIGITaL

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