Empreendedor 204

Page 28

CA PA

Questão de imagem Ângela Cassiano hoje colhe os frutos do pioneirismo, mas desbravar uma área trouxe muitos desafios por Mônica Pupo

empreendedor | outubro 2011

monica@empreendedor.com.br

28

Desbravar um segmento inédito no Brasil foi um dos maiores desafios profissionais da carreira de Ângela Cassiano, fundadora da Accesso, agência especializada em assessoria de imprensa. Quando abriu o negócio, em 1982, não se falava em imagem corporativa no País e departamento de marketing era um luxo restrito a poucas organizações, em sua maioria multinacionais. Mais do que estruturar a empresa, Ângela precisou criar o próprio mercado e conquistar a confiança dos clientes, convencendo-os da necessidade de investir em um produto tão intangível – e então desconhecido – como imagem. Prestes a completar três décadas de vida, hoje a Accesso coleciona clientes fiéis, cases de sucesso e uma trajetória sólida que nem mesmo as constantes crises e mudanças no jornalismo e na comunicação foram capazes de abalar. Formada em Jornalismo, Ângela sempre soube que seu destino era ter o próprio negócio. “Costumo dizer que minha primeira contratação fiz aos três anos de idade, quando ajudei meus pais a escolherem uma empregada doméstica”, diverte-se. O fato é que, pouco tempo após se formar, a jornalista tornou-se sócia de uma empresa de promoções internacionais no Brasil, chamada Promin. “Eu tinha uma participação mínima, com o objetivo de trabalhar com formação de imagem e interpretação de mercado para empresas estrangeiras com interesse em expandir no Brasil”, conta. Na época com 22 anos, Ângela chamou a atenção dos proprietários da empresa pela desenvoltura mas, sobretudo, pela fluência em idiomas como inglês, francês ou italiano. “Foi a partir daí que o mundo da comunicação global se descortinou para mim e decidi que era com isso que eu queria trabalhar dali em diante”, diz a empresária, que também chegou a atuar

como professora universitária e teve passagem por veículos de comunicação. Após deixar a sociedade na Promin devido ao término das atividades da empresa, Ângela aproveitou para completar sua formação, especializando-se em Ciências da Comunicação. Neste período tocou alguns projetos paralelos como autônoma, fez mestrado, traduziu um livro belga sobre imagem corporativa e trabalhou em empresas de comunicação. Até que, em 1980, partiu para sua segunda aventura como empreendedora, tornando-se sócia da consultoria de marketing Madia & Associados. “Passei a ser responsável pela divisão de imagem corporativa, o que me deu ainda mais respaldo nesse mercado”, avalia. Dois anos depois, ela decidiu que era hora de finalmente dar o grande passo como empreendedora e abrir sua própria empresa. Em parceria com o marido – que entrou como sócio capitalista – a jornalista inaugurou a Accesso, cujo nome vem da abreviação de Ângela Cassiano de Castro e Silva Soares. Instalada no sétimo andar de um prédio na Faria Lima, em São Paulo, a empresa começou com cinco funcionários – incluindo a própria Ângela e seu pai, experiente executivo que por muitos anos auxiliou na gestão financeira do negócio. “No início, nossa frota de veículos era composta por uma bicicleta com aquela cesta na frente, que fazia o officeboy morrer de vergonha ao ir para o correio”, relembra a empreendedora.

“Não existe nenhuma fórmula mágica para prosperar, se não muito esforço e trabalho árduo”

O capital utilizado para dar início à operação era próprio e, segundo Ângela, naqueles tempos era mais fácil juntar dinheiro para abrir um negócio do que hoje em dia, quando é praticamente inevitável recorrer a financiamentos ou empréstimos bancários. “Nos anos 1970 era possível trabalhar e juntar algum dinheiro – não era como hoje em dia, em que todo mundo se mata de trabalhar para pagar as contas. Então foi assim que conseguimos fundar a empresa com certa tranquilidade”, conta. Na década de 1980, trabalhar com um produto tão intangível como imagem corporativa significava trilhar uma estrada ainda inexplorada no Brasil. “O conceito de assessoria de imprensa já era mais disseminado, mas nem por isso menos confuso e equivocado. Os empresários não o compreendiam e os próprios jornalistas agiam com preconceito. Não havia mercado constituído, formação de preços, concorrência ou sequer expectativas bem definidas para o segmento”, analisa Ângela, referindo-se ao contexto inicial em que foi fundada a empresa. Por outro lado, era mais fácil se estabelecer no mercado, já que a concorrência praticamente não existia, a disputa pelos espaços na mídia era menor e um bom release significava meio caminho andado para ganhar destaque na imprensa. “Foi então que amadureci o conceito da Accesso, sempre com foco na comunicação global, atuando lado a lado com o cliente na interpretação do mercado e indo além da pura e simples assessoria de imprensa”, explica. “Oferecemos completa assessoria em tudo o que diz respeito de formação e divulgação de imagem.” Com o volume de trabalho cada vez maior, a empresa mudou de sede, passando a ocupar uma espaçosa casa no Alto de Pinheiros, onde Ângela faz questão de imprimir seu estilo descontraído em todo o ambiente, incluindo a decoração e um amplo jardim com jabuticabeira, pássaros


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.