Empreendedor 218 - Dezembro de 2012

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Social good: empreender um mundo melhor é uma excelente oportunidade

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ANO 19 No 218 9 771414 01 5003

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Negócios criativos, inovadores e rentáveis

ISSN 1414-0152

19 anos

dezembrO 2012 R$ 9,90

Cristina Gonçalves Bittencourt, diretorafundadora da Agriness

Mulheres

superpoderosas Quem são as empreendedoras à frente de empresas de alto crescimento, seus estilos e dificuldades para levar os negócios ao caminho do sucesso Tecnologia geração de energia com a força do mar

Perfil a trajetória de João Leite, da Biscoitos Cassini

Entrevista Claudio Diogo fala sobre a paixão de vender


Você só chegou até aqui porque acreditou. Acreditou que o seu sonho era maior que os desafios, que a sua vontade podia superar qualquer dificuldade. O Sebrae também acreditou. Juntos, conseguimos aprovar o Super Simples, transformamos o impossível em possível. Hoje você tem impostos integrados, melhores condições para seguir em frente e muito mais motivos para acreditar.

na minha empresa, no meu país, no meu suor, que tudo vai dar certo a. h e que não acredito sozin Sebrae 40 anoS. o negócio é acreditar.

Vera Lúcia, proprietária da Pousada Kiriri-Etê, Urubici/SC. Acesse o QR code e assista ao vídeo.


Quem tem conhecimento vai pra frentefacebook.com/sebrae | 0800 570 0800 | sebrae.com.br www.onegocioeacreditar.com.br @sebrae 0800 570 0800


Uma parceria pela geração de trabalho e renda no país. A Fundação Banco do Brasil e o BNDES se uniram para promover o desenvolvimento sustentável de comunidades rurais e urbanas que vivem em situação de vulnerabilidade econômica, por meio de programas e tecnologias sociais voltados à geração de trabalho e renda. Em três anos, foram investidos R$ 130 milhões, envolvendo mais de 120 mil famílias no processo de transformação social.


www.fbb.org.br/bndes-fbb


Bruno Quint Berretta

nes ta e di ç ã o

18 | Empreendedoras

de alto impacto O Brasil é o quarto país com maior proporção de mulheres empreendedoras. A maioria abre um negócio para explorar oportunidades, e não por necessidade. Mas ainda é pequeno o número de mulheres à frente de empresas de alto crescimento (que apresentam expansão da receita ou número de empregados acima de 20% por três anos consecutivos, conforme conceito da Ocde). Conheça algumas destas empresárias de alto impacto e descubra suas preferências na hora de empreender, seus estilos de gerir equipes e que facilidades e dificuldades elas têm para levar suas empresas ao caminho do sucesso a passos largos.

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26 | Leila Jansen – Chem4u Currículo sólido ajudou a engenheira a vencer dificuldades em atuar em uma área até pouco tempo predominantemente masculina

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28 | Letícia Achcar – Solum A arquiteta desenvolveu tintas com solo e água, sem a adição de metais pesados e derivados de petróleo, que no fim do ciclo de vida voltam a ser terra


leia mais

A trajetória de João Leite e da Biscoitos Cassini, que começou na padaria da família, no interior de Minas, e hoje é uma fábrica que fatura mais de R$ 50 milhões por ano com biscoitos de polvilho.

12 | Entrevista Claudio Diogo

30 | Panorama Oceano de energia

O palestrante e consultor em vendas há mais de 20 anos, autor do conceito Mosaico da Venda, afirma que toda pessoa pode vender, basta que se desperte a paixão dentro delas.

A resposta para a ampliação e diversificação das fontes geradoras de energia pode estar no mar. Com uma extensa área costeira, a energia oceânica apresenta um grande potencial de geração, seja pelas ondas, seja pelas marés, seja pelas correntes. Em junho foi instalada a usina de ondas do Porto do Pecém, no Ceará, projeto pioneiro na América Latina. Saiba mais sobre esta fonte do futuro.

34 | Responsabilidade Empreender o bem Apoiar causas e solucionar problemas na sociedade, com a ajuda de mídias sociais, tecnologia e inovação, pode ser mais do que uma boa ação. Para muitos empreendedores, trata-se de uma oportunidade crescente. Saiba mais sobre social good e conheça o exemplo de quem já está lucrando por construir um mundo melhor.

NÃO DURMA NO PONTO

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Banho de loja

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Ao contrário do absenteísmo, em que o corpo não vai para o trabalho, no presenteísmo o corpo – em carne e osso – comparece, mas o indivíduo não está presente por inteiro. Percebo no meu dia a dia profissional que as pessoas (e empresas) correm muito e algumas vezes sem saber direito para onde ir, e acabam chegando atrasadas e gastando mais dinheiro no percurso. Empreendedorismojá.com

Se existe algo que marca nossas carreiras é sempre o primeiro dia de trabalho numa empresa. Este deveria ser um espelho para todos os outros dias, e não deixar de lado tudo o que nos faz melhor.

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Pense grande

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Megafone

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Análise econômica

Confesso: depois de 17 anos como consultor empresarial, continuo me perguntando por que o Brasil é o 12º país mais empreendedor do mundo e, no entanto, é o 101º em distribuição de renda? Investidor é muito bom, mas não se esqueça que além de um novo sócio você ganhou outro chefe, que vai lhe cobrar resultados e novas atitudes. O empreendedor precisa estar preparado! Somente quando as autoridades enfrentarem os reais problemas da indústria – que não são somente financeiros – é que teremos a expectativa de um país crescendo de forma gradual e constante.

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44 | Perfil João Leite Praça

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ed i t ori a l

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stá mais do que na hora de deixar as mulheres no comando dos negócios – e apoiá-las neste desafio. Só temos a ganhar com isso. Um estudo da Dow Jones VentureSource revela que a proporção média de executivas nas startups com mais sucesso – que abriram o seu capital ao público, que foMULHERES ram vendidas por mais dinheiro SUPERPODEROSAS do que o investimento feito e Quem são as empreendedoras à frente de empresas de alto crescimento, seus estilos e dificuldades para levar que apresentam lucros reguos negócios ao caminho do sucesso larmente – é de 7,1%, mas de apenas 3,1% nas empresas que não atingiram os seus objetivos. Deste grupo de empresas bem-sucedidas, 1,3% foram fundadas por mulheres, 6,5% são lideradas por mulheres e 20% têm mulheres nos principais cargos de direção. Entre as startups que têm cinco ou mais mulheres em lugares de topo, 61% são bem-sucedidas e apenas 39% se revelaram maus negócios. A sondagem abrangeu mais de 20 mil empresas que foram apoiadas por capital de risco nos Estados Unidos entre 1997 e 2011. No entanto, a pesquisa mostrou que as mulheres representavam cerca de 7% dos executivos das empresas analisadas. Outro estudo, da Fundação Ewing Marion Kauffman, levantou que as mulheres compõem 10% do número de fundadores de empresas de tecnologia de alto crescimento – que apresentam expansão da receita ou número de empregados acima de 20% por três anos consecutivos, conforme conceito da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (Ocde). No Brasil a situação não é diferente: apesar de ser o quarto país com maior proporção de mulheres empreendedoras, acima da média mundial, ainda é pequeno o número de mulheres à frente de empresas de alto crescimento. A combinação de mulheres empreendedoras e empresas de alto crescimento é muito promissora. Conforme o estudo Demografia das Empresas, do IBGE, apesar de serem poucas em termos quantitativos, pois representam somente 0,7% das empresas brasileiras e 7,9% das empresas com 10 ou mais pessoas assalariadas, as empresas de alto crescimento apresentam um papel relevante na estrutura empresarial brasileira, particularmente na geração de empregos formais. Entre 2007 e 2010, as empresas de alto crescimento responderam por 58,2% do total de 5,5 milhões de novos empregos gerados. Mas por que temos tão poucas mulheres à frente das empresas de alto crescimento? Afinal, as mulheres são maioria na população brasileira e possuem um nível de escolaridade maior. A Revista Empreendedor foi conversar com algumas destas empresárias de alto impacto e descobrir suas preferências na hora de empreender, seus estilos de gerir equipes e que facilidades e dificuldades elas têm para levar suas empresas ao caminho do sucesso a passos largos. Alexsandro Vanin SOCIAL GOOD: EMPREENDER UM MUNDO MELHOR É UMA EXCELENTE OPORTUNIDADE

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ANO 19 N o 218

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DEZEMBRO 2012 R$ 9,90

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Cristina Gonçalves Bittencourt, diretorafundadora da Agriness

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TECNOLOGIA GERAÇÃO DE ENERGIA COM A FORÇA DO MAR

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Negócios criativos, inovadores e rentáveis

ISSN 1414-0152

19 anos

PERFIL A TRAJETÓRIA DE JOÃO LEITE, DA BISCOITOS CASSINI

ENTREVISTA CLAUDIO DIOGO FALA SOBRE A PAIXÃO DE VENDER

A Revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor Diretor-Editor: Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Comercialização e Marketing: Geraldo Nilson de Azevedo [comercial@centralcomunicacao.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@ empreendedor.com.br] – Repórteres: Ana Paula Meurer, Cléia Schmitz, Mônica Pupo, Raquel Rezende – Edição de Arte: Isaias Pinto – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor e Shutterstock – Foto da capa: Shutterstock – Revisão: Lu Coelho Sede Florianópolis Coordenador: Paulo Henrique Martins [anuncios@empreendedor.com.br] – Rua Padre Lourenço Rodrigues de Andrade, 496 – Santo Antônio de Lisboa – 88050400 – Florianópolis – SC – Fone: (48) 3371-8666 Central de Comunicação – Rua Anita Garibaldi, nº 79 – sala 601 – Centro – Florianópolis – SC – Fone (48) 3216-0600 [comercial@centralcomunicacao.com.br] Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Empresarial – Milla de Souza [milla@triunvirato.com.br] – Caixa Postal nº 105.051 – 24230970 – Niterói – RJ – Fones: (21) 2611-7996 / 9607-7910 Brasília Ulysses Comunicação Ltda. [ulyssescava@ gmail.com] – Fones: (61) 3367-0180/9975-6660 – condomínio Ville de Montagne, Q.01 – CS 81 – Lago Sul – 71680-357 – Brasília – Distrito Federal Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [ricardo@merconeti.com.br] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 3 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Nenê Zimmermann [nene@starteronline.com.br] – Floresta – 90440-051 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3327-3700 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [sbfaria@sbfpublicidade.com.br] – Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fones: (31) 2125-2900 / 2125-2927 Departamento Financeiro Gerente: Claudia C. C. do Prado [financeiro@empreendedor.com.br] – Fone: (48) 3371-8666 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [assine@empreendedor.com.br] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80 à vista. Renovação de Assinatura R$ 112,86 à vista. Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora Ctp – Distribuição: Dinap – Distribuidora Nacional de Publicações Empreendedor.com www.empreendedor.com.br – Editora: Carla Kempinski – Coordenadora On-line: Joana Amorim [joana@empreendedor.com.br]


2a Feira Internacional de Edificações & Obras de Infraestrutura Serviços, Materiais e Equipamentos.

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A IntEgrAção DA CADEIA DA ConStrução A Construction Expo 2013 é apoiada pelas principais entidades, construtoras e fornecedores do setor, por reunir, em um único local, serviços, materiais e equipamentos para obras e o Sobratema Congresso – Edificações e Infraestrutura. Se a sua empresa faz ou quer fazer negócios no mercado brasileiro da construção, esta é a oportunidade. Participe da Construction Expo 2013. Informações e reservas de áreas: contato@constructionexpo.com.br | 11 3662-4159

Construction Expo 2013 - De 5 a 8 de Junho de 2013 Centro de Exposições Imigrantes | São Paulo | Brasil www.constructionexpo.com.br

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local:

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NÃO DURMA NO PONTO

EI! VOCÊ ESTÁ AÍ? Absenteísmo! Aí está uma palavra esquisita, mas que se tornou comum nos ambientes de trabalho, principalmente na era industrial. Em muitas fábricas, funcionava como um indicador de desempenho para sinalizar as ausências no trabalho. A estratégia convencional para lidar com esse problema era (e ainda é) a punição, aplicada de diversas formas. A mais comum é descontar o dia do faltante na folha de pagamentos. Na segunda ausência, além do desconto vem uma advertência do departamento de pessoal. Na terceira, além dessas providências, suspende-se o direito à cesta básica.

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ssas punições nunca resolveram o problema e o absenteísmo faz parte dos grandes dilemas de chefes e gerentes de recursos humanos. Mas existe outro vilão e muito mais difícil de combater. Trata-se do ‘presenteísmo’, uma nova palavra cunhada nos ambientes de trabalho. Ao contrário do absenteísmo, em que o corpo não vai para o trabalho, no presenteísmo o corpo – em carne e osso – comparece, mas o indivíduo não está presente, por inteiro. Sim, está ali, sentado na cadeira, olhos fixos na tela do computador, mas ausente do trabalho, dedicado a coisas como navegar na internet, tuitar, curtir o Facebook. Ou seja, totalmente alheio às responsabilidades profissionais. Quando o trabalho era mais braçal, a presença física na empresa era imprescindível. Alguém tinha que ligar ou desligar as máquinas, manipular equipamentos, manusear instrumentos, etc. Mas quando o trabalho foi se tornando mais intelectual, tudo mudou de figura. O funcionário até pode estar diante do computador sem fazer absolutamente nada relacionado ao trabalho, e talvez nin-

guém perceba o simulacro. Então, como evitar esse desvio? Os mecanismos de punição, que já não funcionavam na era industrial, agora são totalmente contraproducentes.

Do presenteísmo ao aqui e agora

Fazer com que as pessoas estejam presentes no ambiente de trabalho é um grande desafio para o líder. Muitas são as distrações e dispersões, principalmente na era em que vivemos, das redes sociais e do mundo on-line. Mas não é só aí que o presenteísmo se manifesta. O trabalho no piloto automático é também presenteísmo, pois o corpo está ali, mas a alma viaja por outras plagas, fugindo de um trabalho em que ela não se reconhece, para sair em busca de algum alento. É também o caso do trabalho feito na pressa, ou seja, o corpo está, mas ansioso para dar cabo da tarefa o mais rápido possível para, assim que possível, se conectar à alma. Esta aguarda solícita e, muitas vezes, está ávida para se envolver com outros tipos de trabalhos fora da empresa. Entre eles, al-

guns sociais e outros filantrópicos, até mesmo não remunerados, mas que compensam pela paixão e entusiasmo que provocam – ambos intrínsecos à alma. Nos casos de presenteísmo, a parafernália tecnológica e o acesso à internet – via Google, Twitter, Facebook e redes sociais – funcionam como válvulas de escape e como a manifestação mais moderna de um mal que assola as empresas há muito tempo: a anomia. Quem já não ouviu aquela história do mal-estar causado pela musiquinha do Fantástico, no domingo à noite? Sempre achei que fosse uma coisa meio folclórica, até me deparar com pesquisas feitas pelo Gallup, segundo as quais 80% dos empregados detestam voltar ao trabalho na segunda-feira pela manhã. Estudo mais amplo revelou que há maior incidência de ataques cardíacos por volta das 9h, nas manhãs de segunda-feira.

A isso se dá o nome de anomia!

A anomia é uma das principais doenças organizacionais. Manifesta-se quando as pessoas que fazem o trabalho não veem seus


por Roberto Adami Tranjan

Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953/www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net

Do alívio à alegria

Existe o trabalho ‘ufa!’ e o trabalho ‘oba!’. Duas palavras com apenas três letrinhas, uma consoante e duas vogais. As características são semelhantes, mas quanta diferença de significado! Só se parecem porque pertencem à mesma família, a das interjeições. Mas traduzem sentimentos distintos. Costumam ser bastante usadas nas situações em que atingimos algum tipo de resultado. Daí a impressão de proximidade. Mas contam histórias opostas. Dizemos ‘ufa!’ quando atingimos o resultado, mas o sentimento é de alívio, no final do processo. Ou seja: ficamos livres, passamos a régua, entregamos o serviço. Dizemos ‘oba!’

quando atingimos o resultado, mas o sentimento é de alegria, no final do processo. Realizamos e nos sentimos realizados. É sutil, porém significativa, a diferença entre o mundo do trabalho ‘ufa!’ e a vida no trabalho ‘oba!’. Tanto no ‘ufa!’ quanto no ‘oba!’ despendemos energia, nos esforçamos, voltamos para casa cansados. Mas tudo isso é muito diferente quando, no final, a exclamação é ‘oba!’ ao invés de ‘ufa!’. No ‘ufa!’ a satisfação é só pelo resultado, pois o processo não foi nada prazeroso. Na verdade, não víamos a hora de nos livrar dele e toda a nossa atenção estava concentrada no resultado. Detalhes importantes passaram despercebidos. No ‘ufa!’ queremos o resultado, apesar do processo. Chegamos lá, mas não há motivação nenhuma, caso precisemos começar tudo de novo. Quando um trabalho termina em ‘ufa!’, a vontade é de buscar algum tipo de consolo em algo mais excitante. É aí que entram os subterfúgios, e, entre eles, a internet é apenas o mais moderno e acessível. No ‘oba!’, gostamos quando atingimos

o resultado pretendido, mas também nos sentimos gratificados com todo o processo que nos levou a terminar bem. Cada fase foi muito curtida. Na verdade, trabalho é deleite e deleite é trabalho. No ‘oba!’ queremos o resultado e gostamos do processo. Chegamos lá, e nos sentimos nutridos e motivados a fazer tudo novamente. O trabalho ‘oba!’ é feito de propósito e significado: para quem é o seu trabalho? A quem você serve? O seu trabalho é, verdadeiramente, uma contribuição? Quem você está realmente ajudando? Quem busca respostas para perguntas como estas é a pessoa que trabalha. O trabalho ‘oba!’ é planejado e executado de forma participativa. Este é o elemento-chave, com o poder de transformar ‘ufas’ em ‘obas’. Alívios em alegrias. É possível fazer essa transição, capaz de mudar um estado de espírito. E trazer um novo sentido para a vida. De maneira a transformar o trabalho em uma bênção. Justamente a que só se manifesta na presença de uma unidade indissolúvel: o corpo, a mente e a alma.

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valores traduzidos na obra que realizam. Anomia é ausência de valores, mas também de significado. Não saber por que e para quem é feito destitui o significado do trabalho. E o que fazer com a sensação de angústia decorrente disso? A alma sempre vai buscar a pulsação da vida, onde ela estiver. Está aí o desafio para o líder: promover a vida no trabalho.

Foto Stock.Xchng

Ao contrário do absenteísmo, em que o corpo não vai para o trabalho, no presenteísmo o corpo – em carne e osso – comparece, mas o indivíduo não está presente, por inteiro

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e NTREVI S TA

Claudio Diogo

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Desperte o

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vendedor em você Ter sucesso nas vendas depende de técnicas que podem ser trabalhadas para provocar paixões em quem vende


enhuma empresa sobrevive sem um bom vendedor. E a habilidade de vender é essencial e necessária para qualquer negócio, de grandes a microempresas – neste último caso, muitas vezes, o próprio dono precisa ser um excelente vendedor. E para quem acredita que vender é um dom, o palestrante e consultor em vendas há mais de 20 anos e autor do conceito Mosaico da Venda, Claudio Diogo, afirma que toda pessoa pode vender. Para isso, basta que essa habilidade seja despertada.

Quais estratégias o vendedor de sucesso utiliza para alcançar suas metas? Claudio Diogo – Pesquisando descobrimos que o vendedor de sucesso une várias peças, como um mosaico para alcançar o sucesso. Os vendedores de sucesso são focados em três Vs: visionar, vender, valorar. O conceito de visionar refere-se à visão apurada na área de vendas que o vendedor deve desenvolver. Por exemplo: os clientes compram o que os produtos fazem por eles, e não o que o produto é. Quando alguém vai vender uma garrafa térmica, vai vender café quente, e não a garrafa. Se tiver uma pílula que conserve o café quente, o cliente vai comprar essa pílula. Os clientes compram o que o produto faz por eles, e não o que ele é. Entre os três Vs que você propõe como estratégia de venda para ter sucesso, por que o segundo V exige uma quebra de paradigma? Claudio Diogo – A visão que a sociedade tem de um vendedor é de uma pessoa enroladora, que quer vender qualquer coisa. Até mesmo os próprios vendedores possuem essa imagem errada na mente – assim se construiu uma visão equivocada do vender. É preciso mudar essa interpretação do ato de vender. A sociedade e os profissionais de venda precisam entender que vender é ajudar o cliente a tomar a melhor decisão. Vender é ajudar a pessoa a levar o melhor produto. O que quer dizer o conceito de valorar? Claudio Diogo – As pessoas insistem em vender o produto tendo como foco somente o preço, e não o valor que ele tem. Preço não é importante. Para quem vende, é importante saber que tem que vender valor, composto de preço, atendimento e o quanto o produto pode trazer benefícios para as pessoas. Pois preço baixo traz margem de lucro pequena. Como é realizado o processo de criação de uma metodologia de vendas? Claudio Diogo – É importante que os vendedores saibam sobre seus produtos e sobre o mercado. Criamos maneiras das pessoas venderem seus produtos. Ficamos na empresa vários dias e aí criamos uma forma de vender com a cara da empresa. Desenvolvemos uma metodologia chamada “Imagem” para as lojas O Boticário – assim criamos uma identidade para vender. As grandes empresas do mundo têm seu método de vendas.

“Para vender mais e com qualidade existem várias técnicas”, garante Claudio. O consultor destaca também que para ser um vendedor de sucesso é preciso despertar quatro paixões. Encontrar o caminho mais propício também influencia para obter sucesso nas vendas – por exemplo, um bom vendedor de carros pode não ser um bom vendedor de imóveis. Na entrevista a seguir, Claudio Diogo, que está à frente da Tekoare, consultoria que tem como clientes empresas como O Boticário, Fiat, Tigre e Tim, entre outras, explica mais sobre como despertar e incentivar a aptidão para vender.

Como foi que você chegou ao conceito do “Mosaico da Venda”? Claudio Diogo – Depois de entrevistar centenas de vendedores campeões ao longo dos últimos anos, percebi que havia uma palavra que se destacava nos discursos deles. E não era determinação, garra, motivação ou até mesmo dinheiro – como inicialmente eu imaginava. A palavra que se destacou foi “paixão”. Paixão por quatro diferentes aspectos da carreira profissional. E qual paixão move os vendedores? Claudio Diogo – Primeiramente, os vendedores de sucesso têm paixão por ajudar as pessoas e não por dinheiro. Eles saem de casa não para ganhar dinheiro e sim para ajudar as pessoas. A segunda motivação que os levam a sair de casa são os objetivos pessoais deles. Geralmente são objetivos muito claros e escritos em folhas de papel. E assim eles conseguem cobrar seus líderes. Os bons vendedores não cobram dos seus líderes mais promoção ou prazo. O terceiro aspecto dessa paixão é que os vendedores são apaixonados pelas empresas que eles trabalham, eles precisam de uma empresa forte que os ajudem a ajudar as pessoas. A quarta paixão é pelo produto. Essas quatro paixões juntas fazem com que uma pessoa seja apaixonada por vender. É preciso ter dom para vender ou é possível conseguir bons resultados com treinamento? Claudio Diogo – Vendedor é a profissão mais encontrada no Brasil. E somente 15% das pessoas têm perfil para vender com sucesso acima da média. Mas é possível conseguir que pessoas medianas tenham muito sucesso em vendas. É totalmente praticável transformar vendedores medianos em vendedores de muito sucesso com treinamento. Não basta vender mais e sim vender melhor. É aconselhável que o treinamento para a área de vendas deva ser dado a cada quatro meses e, assim, se consegue um resultado brutal.

Os vendedores de sucesso unem várias peças, como um mosaico, para alcançar o sucesso. Eles são focados em três Vs: visionar, vender, valorar

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N

por Raquel Rezende raquel@empreendedor.com.br

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empree nded o r es

BateNão – José Luiz D’Angelino Filho

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Professor Pardal

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Fascinado por invenção, o empresário paulistano José Luiz D’Angelino Filho, de 37 anos, é daqueles que não conta tempo em sair da zona de conforto. Dono de um negócio consolidado de lâmpadas, ele decidiu apostar no desenvolvimento de um novo produto: uma barreira protetora contra o fechamento repentino de portas e janelas. Batizado de BateNão, o invento está no mercado há cinco meses. Sua principal vantagem em relação aos concorrentes é a facilidade de instalação. Basta pendurar o gancho na parte interna da dobradiça. É a solução para evitar que crianças prendam os dedos na batida de portas. Além disso, se adapta em diferentes modelos de janelas e portas e tem baixo custo. Uma embalagem com quatro unidades tem preço sugerido de R$ 19,90.

“Estamos no começo da estrada, mas tenho muito orgulho por um produto brasileiro estar brigando neste mercado com forte participação de marcas estrangeiras”, afirma D’Angelino. Ele conta que quando apresentou o produto a uma equipe de vendedores a reação foi unânime: “Ninguém conseguia entender como aquele produto tão básico já não estava ocupando as prateleiras de lojas de materiais elétricos e de construção, artigos para bebê, grandes magazines, supermercados e redes de farmácias.” Depois de 18 meses de espera entre registro do invento, desenvolvimento de materiais de venda e treinamento da área comercial, o empreendedor espera finalmente colher os resultados. A expectativa é de que em um ano o BateNão represente 30% das vendas

da marca SuperSafe, fabricante do invento. Para divulgar o produto sem gastar muito, D’Angelino produziu um vídeo de marketing viral tendo como atores a própria esposa e as filhas. O vídeo foi repassado aos amigos com o pedido que compartilhassem com seus grupos. Segundo o empreendedor, a indicação vem permitindo driblar a enorme dificuldade de cadastrar um produto novo no varejo. O boca a boca em torno do produto revelou o lado multiuso do BateNão, que chamou a atenção de outros dois segmentos: o de pet (porque não deixa o bicho ficar preso num ambiente da casa) e o de construção (ajuda a agilizar o tempo de cura de reparos e pinturas porque permite que o ar circule sem batidas de porta).

www.batenao.com.br


Safira Digital Yuri Villas Boas

Talento jovem

Importadora Lim’s – Alexandre Czitrom

Balas gourmet

Depois de acumular uma experiência de 12 anos como alto executivo do mercado financeiro, Alexandre Czitrom, 31 anos, decidiu apostar na carreira de empreendedor. Desde 2011, ele é sócio-proprietário da Lim’s, importadora de doces e balas premium, que pertence ao grupo Sunny Brinquedos. O carro-chefe da empresa é a marca de balas Jelly Belly. Líder em mais de 80 países e com mais de 110 anos de existência, o doce já faz parte da cultura dos americanos, ingleses, japoneses e outros. No Brasil, já está à venda nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A expectativa da Lim’s no período de um ano – julho deste ano a julho de 2013 – é faturar cerca de R$ 2 milhões. Além da Jelly Belly, a empresa também importa o doce de leite uruguaio Lapataia, famoso por seu processo de fabricação artesanal, e a tradicional marca francesa de pirulitos Pierrot Gourmand. A aposta de Alexandre Czitrom é no segmento de doces e salgados sofisticados, ainda pouco explorado no mercado brasileiro. “O aumento do poder aquisitivo da população brasileira favorece o mercado de produtos gourmet e, por isso, focamos nosso negócio na comercialização de doces importados, altamente reconhecidos no exterior e de qualidade excepcional”, explica o empreendedor.

www.limsimport.com.br

empreendedor | dezembro 2012

Filho de engenheiro, ainda criança o carioca Yuri Villas Boas aprendeu a desmontar e consertar brinquedos eletrônicos. Na adolescência, pensava em ser arquiteto, militar, engenheiro e médico. “Eu queria abraçar o mundo”, conta o empreendedor. Mas quem o fisgou foi a web. Aos 17 anos, ele já ministrava cursos sobre internet e pacotes Office na rede Microlins. Aos 20, criou sua primeira empresa, a Agência Multiply, de desenvolvimento de sites. Hoje, Villas Boas é sócio da Safira Digital, agência de marketing digital que produz sites, blogs, campanhas de mídia on-line, sistemas de gerenciamento de conteúdo, monitoramento de mídias sociais, games em flash, etc. O empreendedor criou a Safira Digital enquanto fazia a faculdade de Design Gráfico do Instituto Infnet, referência no Rio de Janeiro nas áreas de Comunicação, Design, Tecnologia da Informação e Negócios. “Com um plano definido, consegui extrair o máximo de experiência dos professores para implementar na minha empresa e deu certo. Hoje, com três anos de vida, a Safira Digital conta com uma equipe de oito profissionais e uma boa cartela de clientes”, destaca Villas Boas, que atua como diretor de criação da empresa. Entre seus clientes, há nomes consagrados em diferentes segmentos, como o músico Frejat, o atleta Petkovic, a rede de lojas Ponto Frio, a marca Kenner de sandálias e a associação Petros. www.safiradigital.com.br

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empree nded o r es

Temporada na Disney – Wendel Ferrari

empreendedor | dezembro 2012

Conforto caseiro

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Estar atento às oportunidades de negócios é uma das principais virtudes do empreendedor. Foi o que fez Wendel Ferrari, fundador da Temporada na Disney, empresa especializada em aluguel de casas em Orlando. Ao perceber o crescimento no número de brasileiros viajando para passar férias prolongadas nas imediações dos parques da Disney, o empreendedor decidiu apostar no serviço de aluguel de casas. A empresa foi criada em abril do ano passado e já conta com mais de 30 casas de alto padrão localizadas em condomínios fechados da região de Orlando. “Por causa desta demanda crescente, nossa expectativa é dobrar o número de casas disponíveis até o final de 2013, para alcançarmos um crescimento de 50% na demanda das locações”, afirma Ferrari.

A vantagem econômica é um dos principais fatores que tem impulsionado os negócios da Temporada na Disney. Segundo Ferrari, a empresa oferece casas que custam US$ 149 ao dia e acomodam até oito pessoas. “O valor da diária por pessoa fica em torno de US$ 18,62. É extremamente barato”, destaca o empresário. Além disso, os brasileiros são atraídos por quesitos como privacidade e infraestrutura dos condomínios, que oferecem quadras poliesportivas, salão de jogos, piscina e academia, entre outros equipamentos. Quanto ao público que procura os serviços da empresa no país, 40% vêm do Estado de São Paulo, 20% do Rio de Janeiro, 20% de Minas Gerais e os 20% restantes estão distribuídos entre as regiões Sul e Nordeste. www.temporadanadisney.com.br


Kea Brasil Fernanda Crema Henrique

O mercado brasileiro de turismo acaba de ganhar uma empresa de receptivo de alto padrão com uma proposta inovadora de serviços. A Kea Brasil foi criada pela empreendedora Fernanda Crema Henrique para receber os visitantes que desembarcam em São Paulo e priorizam um atendimento personalizado com uma gama de serviços como concierge 24 horas, transportes blindados, disponibilização de tablets e celulares, equipe multilíngue, escolta, motoristas bilíngues, roteiros sob medida e diferentes serviços para expatriados. “Existem muitas famílias que passam longos períodos na capital paulista, devido a projetos de empresas multinacionais ou até mesmo para um intenso tratamento médico”, explica Fernanda, que trabalhou durante cinco anos como gerente comercial no Hospital do Coração e percebeu nessa época a oportunidade de fundar a Kea. Para os expatriados, a empresa busca a melhor localização e imóvel para moradia, orienta na escolha das escolas para os filhos, auxilia na contratação de empregados domésticos, indica serviços do cotidiano (como abrir conta em banco, indicação de médicos, salões de beleza, academias), além de promover um tour pela cidade para que a família se habitue ao trânsito e conheça os pontos turísticos. Além disso, oferece cursos de português para estrangeiros, treinamentos culturais, comportamentais e gastronômicos e esclarece dúvidas sobre tributação e legislação brasileira. No momento, o foco é atender as demandas de turismo de negócios e turismo de saúde, mas Fernanda quer incrementar sua carteira de clientes já em 2013. “Nossa expertise é atentar realmente aos detalhes. Muitas empresas de receptivo prestam o serviço básico, nós chegamos para ir além”, avisa Fernanda. www.keabrasil.com.br

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Atenção aos detalhes

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empreendedor | dezembro 2012 Bruno Quint Berretta

CAPA

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Alto impacto


Potentes geradoras de empregos e receita, as empresas de elevado crescimento têm poucas mulheres à sua frente por Cléia Schmitz

cleia@empreendedor.com.br

Betina Ramos, diretora-fundadora da Nanovetores, de Florianópolis

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esde os tempos de escola, em São Miguel do Oeste, interior de Santa Catarina, a farmacêutica e doutora em nanotecnologia Betina Griehl Zanetti Ramos, 35 anos, já enxergava para si um futuro de grandes realizações. Em uma redação escolar, imaginou-se dando uma entrevista ao Jornal Nacional por algo inovador que havia criado. Provavelmente um produto revolucionário inspirado nas experiências que fazia na época juntando ingredientes naturais como folhas e água. Hoje, Betina é diretora técnica da Nanovetores – Encapsulados de Alta Tecnologia, empresa catarinense altamente inovadora que ela criou em 2008 com o marido Ricardo Henrique Ramos. Betina também faz parte de um pequeno grupo de mulheres que lideram empresas de alto crescimento (EACs). Segundo classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são negócios que apresentam aumento médio de empregos de 20% por pelo menos três anos. De acordo com a pesquisa Estatísticas de Empreendedorismo 2010, divulgada em novembro e realizada pelo IBGE em parceria com a Endeavor, organização internacional que promove o empreendedorismo de alto impacto, em 2010 existiam no Brasil pouco mais de 33 mil EACs, apenas 1,6% do total de negócios com assalariados no País e 0,7% do total. No entanto, entre 2007 e 2010, essas empresas responderam por quase 60% dos empregos gerados (3,2 milhões de um total de 5 milhões de novos vínculos empregatícios), o que representou um aumento de 175,4% em seus quadros. Por isso o nome alto impacto, ou seja, a atuação das EACs reflete fortemente nos resultados da economia, especialmente na geração de empregos e no PIB. Conforme o levantamento do IBGE, em 2010 a receita líquida média gerada por uma empresa de alto crescimento orgânico – que exclui do grupo aquelas que passaram por mudanças estruturais (cisão, fusão e incorporação) – foi 123,9% maior do que a gerada por uma empresa ativa com 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas (R$ 22,6 milhões contra R$ 10,1 milhões). A pesquisa também destaca as chamadas empresas gazelas – as EACs mais novas, com no máximo oito anos de vida. Em 2010, elas representavam 37,3% das empresas de alto crescimento e 0,3% do total de negócios no Brasil. A Nanovetores é uma delas. Nos últimos três anos, pulou de três para 17 funcionários e o faturamento, que em 2010 foi de R$ 30 mil, deve fechar 2012 na casa de R$ 900 mil. A expectativa para 2015 é faturar R$ 8,7 milhões com 43 funcionários.

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CAPA

Tecnologia de ponta A empresa, instalada na incubadora Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas (Celta), em Florianópolis, desenvolve e produz ativos para encapsulados de alta tecnologia destinados à indústria cosmética, farmacêutica, veterinária, têxtil e alimentícia. No início deste ano, recebeu aporte de capital do Fundo Criatec, ligado ao BNDES, mas os fundadores continuam como sócios majoritários. O sucesso da Nanovetores surpreende a própria fundadora, que há bem pouco tempo nem pensava em ser empreendedora. Formada em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Betina se apaixonou pela pesquisa no mestrado e, principalmente, no doutorado que fez pela UFSC e pela Université Bordeaux 1, na França. O caminho mais óbvio para a doutora seria a academia e Betina até já se imaginava seguindo carreira nessa área. Mas sua tese sobre encapsulação utilizava técnicas diferenciadas e inovadoras e chamou muita atenção da banca de doutorado. Quando começou a participar de feiras de negócios, percebeu com o marido que havia mercado para os produtos que desenvolvia em suas pesquisas. Hoje, a Nanovetores tem duas grandes multinacionais do setor de cosméticos no portfólio de clientes. “É um grande orgulho para mim porque são empresas que contam com grandes centros de pesquisa e desenvolvimento”, destaca Betina. O acordo com as transna-

cionais inclui cláusula de confidencialidade. A Nanovetores tem mais de 400 empresas cadastradas, ou seja, com interesse nos mais de 30 produtos revolucionários desenvolvidos por seus laboratórios. Entre eles, o Nanovetor DMAE, um encapsulado que potencializa a ação tensora desse ativo na pele; e o Nano Liss, que promove o tão cobiçado efeito disciplinador e liso dos fios de cabelos. Betina explica que a grande vantagem da tecnologia de encapsulamento é que ela protege as substâncias de ações naturais como a oxidação, aumentando consideravelmente sua eficácia em diferentes segmentos de produtos. No momento, a Nanovetores está se preparando para ingressar com força em outros dois setores da economia, o têxtil e o veterinário. Para Betina, seu lado empreendedor foi ganhando força com os contatos de mercado. Aliás, ela acredita que a empolgação de quem desenvolve a tecnologia tem sido fundamental para cativar compradores. Betina se recorda de uma viagem recente que fez à Colômbia para prospectar clientes. Seu parceiro comercial no País a alertou sobre o pouco tempo que os executivos costumavam dedicar às apresentações de inventores. “Para meu espanto, fiquei duas horas falando”, conta orgulhosa. E dizer que no início da empresa ela enfrentou um dilema sobre se continuava seu negócio ou se aceitava o chamado de um concurso público que havia feito tempos antes.

Nos últimos três anos, a Nanovetores pulou de três para 17 funcionários, e o faturamento, de R$ 30 mil em 2010, deve fechar 2012 em R$ 900 mil

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Líder de mercado

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O mundo dos negócios também teve a sorte de contar com outra empreendedora de alto impacto: Cristina Gonçalves Bittencourt, 34 anos. Há 11 anos, ela é uma das diretoras da Agriness, empresa que ajudou a fundar quando ainda fazia a graduação em Computação na UFSC. Hoje a Agriness é referência em soluções e modelos de gestão da informação para o agronegócio, com forte atuação na suinocultura brasileira e líder no setor com 70% do mercado. São mais de 1,5 mil clientes no Brasil e mais de 1,1 milhão de matrizes suínas gerenciadas por

Cristina Bittencourt, diretora da Agriness, empresa que ajudou a fundar quando ainda fazia a graduação em Computação

softwares desenvolvidos pela empresa. A tecnologia também é exportada para toda a América Latina e alguns países da Europa. A ideia do empreendimento foi de um colega de faculdade, Everton Gubert, atual diretor de Inovação e Negócios da Agriness, que chamou Cristina para ajudar a desenvolver um sistema de gestão para granjas. “Desde que entrei na universidade, sempre tive vontade de ter um negócio. De vez em quando ainda dá um frio na barriga, mas é muito gratificante ver como o nosso produto contribui para o desenvolvimento e o sucesso de outros


de EAC. “Em 11 anos de história, tivemos crescimento do faturamento inferior a 15% apenas em dois anos”, destaca Cristina. No momento, a empresa está desenvolvendo um novo produto que deve ser lançado no mercado em 2014. “É uma inovação de ruptura. Já estávamos sentindo falta de um novo desafio. Estamos no final de um ciclo, atingimos o que tínhamos planejado, e é hora de darmos um novo salto. Com esse novo produto, esperamos, no mínimo, dobrar nosso faturamento em 2014”, anuncia a empreendedora.

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negócios”, destaca Cristina, que responde pela diretoria de Tecnologia e Comunicação. A empresa deixou de ser uma referência apenas em software de gestão de granjas para se tornar referência em gestão de informação de toda a cadeia da suinocultura. Nos últimos três anos, o faturamento da Agriness cresceu 84%, média de 28% ao ano. Com relação ao número de funcionários, o aumento no período foi de 45%, média de 15% ao ano – a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (Ocde) considera a receita outro critério de classificação

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CAPA

Inovação

em foco

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Quem também está feliz com os progressos de seus negócios é a carioca Hadeliane Iendrike, 33 anos, sócia-diretora da SE7Ti, empresa especializada em soluções empresariais com tecnologia e inovação. Criada em 2010, a SE7Ti faturou R$ 2 milhões no ano passado e espera fechar este ano com uma receita de R$ 2,5 milhões. Na lista de clientes destacam-se Petrobras e Ipiranga. Quando decidiu criar a empresa com um grupo de amigas, Hadeliane queria transformar pesquisas de ponta em produtos inovadores que tivessem aplicação prática no mercado. Entre os produtos, um sistema que lê e organiza textos não estruturados, como a troca de e-mails importantes para a gestão de um negócio. Ser empreendedora sempre esteve nos planos de Hadeliane. “Eu via as pessoas ao meu redor reclamando do trabalho, esperando ansiosamente o fim de semana, e não queria passar por isso. Eu sabia que se quisesse trabalhar com vontade teria que criar a minha empresa”, afirma a empresária, que nunca trabalhou com carteira assinada. Com a SE7Ti, a rotina se tornou bastante corrida, mas Hadeliane não reclama. Ela conta que o maior desafio foi deixar a lógica da academia e pensar como empresa. “Mas o fundamental é conhecer profundamente a área e aplicar esse conhecimento em serviços novos e eficazes. Nosso diferencial é a busca constante por inovação. Queremos estar sempre um passo à frente”, conclui Hadeliane.

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As EACs são apenas 0,7% dos negócios no Brasil, mas nos últimos anos responderam por quase 60% dos empregos gerados no País

empresas de alto crescimento total e orgânico Número de empresa, pessoal ocupado assalariado, salários e outras remunerações, salário médio mensal e respectivas taxas das empresas – Brasil 2008/2010 Número de empresas de alto crescimento

Ano

Taxa em relação ao total de Absoluto empresas ativas (%)

Taxa em relação ao total de empresas com 1 ou mais pessoas ocupadas assalariadas (%)

Pessoal ocupado assalariado nas empresas de alto crescimento

Taxa em Taxa em Taxa em relação ao relação às relação às total de empresas empresas empresas com 1 Absoluto com 1 com 10 ou mais ou mais ou mais Absoluto pessoas (mil R$) pessoas pessoas ocupadas ocupadas ocupadas assalariadas assalariadas assalariadas (%) (%) (%)

Salário médio mensal absoluto (salários mínimos)

Empresas de alto crescimento total 2008 2009 2010

30.954 30.935 33.320

0,8 0,7 0,7

1,7 1,6 1,6

8,3 7,9 7,9

4.505.237 4.689.942 4.995.925

16,7 16,6 16,2

69.488.875 74.383.422 88.223.419

16,0 15,6 15,6

2,9 2,6 2,7

13,9 12,0

2,5 2,4

Empresas de alto crescimento orgânico 2009 2010

30.687 32.863

0,7 0,7

1,6 1,5

7,9 7,8

4.358.120 4.320.033

15,4 14,0

66.060.620 67.779.776

Fonte: Ibge, Cadastro Central de Empresas 2005/2010

Questões de gênero Exceções no mercado de empresas de alto crescimento, Betina, Cristina e Hadeliane preferem passar ao largo das discussões sobre as questões de gênero no meio corporativo. “Estudei em uma turma de cerca de 40 alunos com, no máximo, três mulheres. Mas na faculdade já me via como uma profissional, e não como uma mulher. Acho que esse fato – de não enxergar homens e mulheres, mas profissionais, me manteve bem no mercado”, destaca Hadeliane. Para Cristina, a pequena presença de mulheres em cursos das áreas de tecnologia resulta no baixo número de mulheres na administração de negócios inovadores. “Na minha turma de 40 alunos havia apenas quatro ou cinco mulheres. Isso se reflete nas equipes

de TI e na direção das empresas”, avalia. De acordo com uma pesquisa divulgada neste ano pela Endeavor, o sexo feminino pode contribuir muito na gestão de empresas de alto crescimento. O levantamento concluiu que mulheres empreendedoras retêm mais talentos e criam mais serviços inovadores do que os homens. Enquanto 57,7% deles declararam ter dificuldades na área de recursos humanos ou no processo produtivo, este percentual cai para 34,6% entre elas. As empresárias também trazem mais inovação ao setor de serviços, segmento que responde por 60% do PIB no Brasil. A sondagem ouviu empreendedores de companhias com alto crescimento e faturamento anual entre US$ 10 mil e US$ 10 milhões.


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Hadeliane Iendrike, sócia-diretora da SE7Ti: “Nosso diferencial é a busca constante pela inovação. Queremos estar sempre um passo à frente”

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CAPA

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Para Amisha Miller, gerente de Pesquisas e Políticas Públicas da Endeavor Brasil, discutir as diferenças entre o empreendedorismo feminino e masculino é importante para ajudar a resolver possíveis dificuldades das mulheres na liderança de empresas de alto crescimento. Um exemplo esclarecedor é o fato dos homens inovarem mais na criação de produtos, enquanto as mulheres se concentram em inovações no setor produtivo (novas técnicas de marketing, recursos humanos e integração da equipe). O resultado desse comportamento é que as inovações feitas por elas são menos visíveis, o que dificulta o acesso a financiamentos. O estudo mostrou que 38,5% dos empreendedores receberam financiamento, contra 19,2% das empreendedoras. Outro diferencial percebido pela sondagem da Endeavor é que as mulheres têm uma rede de contatos menor do que os homens, mais um limitador para o desenvolvimento dos negócios. Amisha explica que isto acontece principalmente porque elas tendem a ter menos sócios. Segundo o estudo, apenas 26% das empreendedoras têm três ou mais sócios, metade do índice entre homens. Por conta disso, as mulheres também são menos confiantes do que eles no início do negócio. “As mulheres estão mais isoladas e isso não é bom. Na Endeavor, nós trabalhamos muito com networking, troca de ideias entre os empreendedores, cursos, depoimentos, palestras”, diz Amisha. Ela conta que no início da pesquisa era comum ouvir das mulheres entrevistadas que o gênero não faz diferença no mundo do empreendedorismo. Mas no decorrer das entrevistas muitas relataram episódios em que sentiram dificuldades pelo fato de ser mulher. Uma delas, por exemplo, declarou acreditar que se fosse homem seria mais fácil interagir com bancos de fomento. “A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) mostrou que metade dos empreendedores brasileiros era mulher, e nós trabalhávamos apenas com oito. Fizemos a pesquisa porque queríamos aumentar esse número e para isso precisávamos entender melhor as mulheres”, explica Amisha. Hoje, a Endeavor Brasil apoia 16 mulheres. O Brasil tem uma das mais altas taxas de empreendedorismo feminino entre os 54 países participantes da pesquisa GEM, ocupando a quarta colocação em propor-

Para Amisha Miller, da Endeavor Brasil, discutir as diferenças entre o empreendedorismo feminino e masculino é importante para ajudar a resolver possíveis dificuldades das mulheres na liderança de EACs ção de mulheres empreendedoras (49%). A média mundial é de 37%. Um dos segmentos onde a presença feminina tem sido cada vez maior é o franchising. “Pela primeira vez, o número de mulheres interessadas em comprar uma franquia foi maior do que o de homens, passando de 39% em 2011 para 58% em 2012. Dados da Associação Brasileira de Franchising mostram que 40% dos compradores são mulheres”, destaca Filomena Garcia, diretora da Franchise Store, empresa do Grupo Cherto que já comercializou mais de 300 franquias em quatro anos de existência. Na avaliação de Filomena, o aumento do número de mulheres que abrem uma empresa no Brasil é uma tendência na-

tural dos avanços que o sexo feminino obteve no Brasil nas últimas décadas. “O desenvolvimento da mulher no mercado de trabalho vem despertando uma via mais empreendedora, influenciada também por um número cada vez maior de mulheres assumindo altos cargos. Isso cutuca as outras mulheres, mostra o quanto elas são capazes. Hoje é grande o número de mulheres que inspiram outras a ter coragem para encarar cargos de liderança. E depois que você chega lá o melhor mesmo é não pensar nas dificuldades porque o medo tende a minimizar as chances de sucesso. Faça do seu jeito e não pense no que pode dar errado, mas no que pode dar certo.”


Minoria também entre funcionários Nos Estados Unidos, uma sondagem da Fundação Ewing Marion Kauffman apontou que as mulheres compõem 10% do número de fundadores de empresas de tecnologia de alto crescimento. No Brasil, não há levantamento semelhante, mas a situação não deve ser diferente. As mulheres são minoria até mesmo entre os funcionários de empresas de alto crescimento. Apesar da participação das mulheres, de 2009 para 2010, nas empresas de alto crescimento total ter crescido 1,4 ponto percentual e nas empresas de alto crescimento orgânico 1,1 ponto percentual, estes valores não foram suficientes para acompanhar o crescimento de 3,7 pontos percentuais nas empresas ativas. Ao comparar as empresas gazelas com as empresas de alto crescimento orgânico, tanto as empresas gazelas 8 (seis a oito anos de idade) quanto as empresas gazelas 5 (de três a cinco anos de idade) apresentaram maior participação relativa das mulheres no pessoal ocupado assalariado em 2010. No entanto, nas empresas gazelas a participação das mulheres registrou uma tendência de queda, enquanto nas empresas de alto crescimento orgânico o movimento foi inverso. Isso também fez com que as gazelas passassem a ter menor participação de mulheres do que as empresas ativas em 2010, enquanto que no ano anterior ocorria o contrário.

Percentual por gênero e nível de escolaridade Percentual de pessoal ocupado assalariado nas empresa ativas com 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas e nas empresa de alto crescimento total e orgânico, segundo o gênero e o nível de escolaridade – Brasil 2009/2010 Percentual de pessoal ocupado assalariado (%) Gênero e nível de escolaridade

Empresas de alto crescimento

Empresas ativas com 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas

Total

Orgânico

2009

2010

2009

2010

2009

2010

Gênero

100

100

100

100

100

100

Feminino Masculino

33,5 66,5

34,3 65,7

31,0 69,0

32,4 67,6

30,5 69,5

31,5 68,5

Nível de escolaridade

100

100

100

100

100

100

Ensino superior completo Sem ensino superior

10,2 89,8

10,7 89,3

9,6 90,4

11,1 88,9

8,5 91,5

8,3 91,7

Fonte: Ibge, Cadastro Central de Empresas 2006/2010

situação nas empresas gazelas Percentual de pessoal ocupado assalariado nas empresas de alto crescimento orgânico, e nas empresas gazelas 8 e 5 com crescimento orgânico, segundo o gênero e o nível de escolaridade – Brasil 2009/2010 Percentual de pessoal ocupado assalariado (%) Gênero e nível de escolaridade

Empresas de alto crescimento orgânico

Empresas gazelas 8 com Empresas gazelas 5 com crescimento orgânico crescimento orgânico

2009

2010

2009

2010

2009

2010

Gênero

100

100

100

100

100

100

Feminino Masculino

30,5 69,5

31,5 68,5

34,2 65,8

32,8 67,2

35,5 64,5

33,0 67,0

Nível de escolaridade

100

100

100

100

100

100

Ensino superior completo Sem ensino superior

8,5 91,5

8,3 91,7

7,1 92,9

7,0 93,0

7,2 92,8

6,3 93,7

Fonte: Ibge, Cadastro Central de Empresas 2006/2010

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Mulheres empreendedoras retêm mais talentos e trazem mais inovação ao setor de serviços, segmento que responde por 60% do PIB no Brasil

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CAPA

Sem

barreiras Currículo sólido ajudou Leila Jansen a vencer dificuldades em atuar em uma área até pouco tempo predominantemente masculina por Ana Paula Meurer

anapaula@empreendedor.com.br

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os poucos, a mudança do mercado de trabalho revela que a divisão entre “profissão de homem” e “profissão de mulher” já é ultrapassada. Não é difícil encontrar histórias de sucesso de mulheres em setores já tradicionalmente conhecidos pelo domínio e técnica masculinos. Ao mesmo tempo, essas profissionais possuem, em sua maioria, algum momento em que passaram por alguma situação de questionamento, dúvida ou preconceito na carreira. Com a engenheira química Leila Jansen foi assim. Apesar de garantir que não teve muitas barreiras durante sua vida profissional, ela relembra que, no início da carreira, algumas funções mais ligadas à área de produção não lhe foram permitidas somente pelo fato de ser mulher. Esses impedimentos, no entanto, nunca desanimaram a profissional. “Percebi que a formação em engenharia me possibilitava atuar em áreas de suporte à produção e que poderia me realizar atuando em algumas dela”, relembra. O tempo provou que ela estava certa. Em 2007, Leila fundou, junto com o marido, a Chem4u, empresa incubada no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), que desenvolve, produz e comercializa aditivos e nanoaditivos para uso em tintas, resinas, vernizes e plásticos de engenharia. São produtos como os da linha Progeniem, que agrega propriedades bactericidas e fungicidas aos materiais, podendo ser aplicados, por exemplo, para imunizar ambientes hospitalares e embalagens de alimentos. Para a empresária, que sempre trabalhou em áreas ligadas à tecnologia, a nanotecnologia representa um grande desafio. Considerada pelo governo federal como uma das áreas estratégicas e portadoras de futuro, ela acredita que este setor oferece uma grande janela de oportunidades para a indústria nacional. O desenvolvimento da nanotecnologia, aliás, faz parte do escopo do recém-lançado Plano Brasil Maior, criado pelo governo federal para aumentar o peso das atividades industriais com alto conteúdo tecnológico no

Leila: “Na minha cabeça não existe a preocupação de que um problema possa ser criado pelo fato de eu ser mulher. Um problema pode ser criado por falta de conhecimento, por decisões desajustadas, por falta de habilidade em resolvê-lo” Produto Interno Bruto (PIB). “A nanotecnologia é considerada uma área transversal que pode ser incorporada em vários produtos para uso em diversos setores da economia. Ela se apresenta como um dos próximos passos após os grandes desenvolvimentos obtidos nos campos da microeletrônica, computação e telecomunicações. Espera-se que a nanotecnologia seja promotora de muitas soluções para grandes problemas que hoje enfrentamos”, afirma. Para guiar seus negócios em um setor que, embora promissor, ainda é novidade no País, a empreendedora conta que procura sempre focar nos seus objetivos. “Em uma empresa nascente, de base tecnológica, pequena, com recursos humanos e financeiros limitados não se pode perder de vista as prioridades e metas no seu direcionamento.”


Atender às necessidades próprias e da família e ao mesmo tempo progredir na carreira torna as mulheres muito bem preparadas para o processo empreendedor, na opinião de Leila. “Principalmente no início de um novo negócio, quando muitas atividades necessitam ser tocadas em paralelo, recursos precisam ser buscados, relacionamentos precisam ser desenvolvidos e a empresa ainda conta com poucas pessoas na sua equipe”, enfatiza. Casada há 20 anos e com uma filha adolescente que está se preparando para o vestibular, a empresária conta que sempre conseguiu conciliar a vida profissional com a pessoal. Como seu marido sempre atuou também na área industrial, as dinâmicas de trabalho sempre foram similares, o que facilitou a não haver conflitos gerados pela sua dedicação ao trabalho. O currículo de Leila, repleto de boas experiências profissionais

e cursos de qualificação, justifica o espaço conquistado. Graduada em Engenharia Química pela Escola Politécnica da USP, possui Mestrado em Engenharia Eletrônica e Computação/Sistemas e Controle pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e Doutorado em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da USP. Tanto conhecimento faz com que, paralelamente à Chem4u, ela atue no meio acadêmico como professora universitária na Escola Superior de Engenharia e Gestão (Eseg) e ministre aulas na Fundação Vanzolini, da Escola Politécnica da USP, no curso de MBA. “Nunca tive muitas barreiras pelo fato de atuar em espaços predominantes de identidade masculina. Na minha cabeça não existe a preocupação de que um problema possa ser criado pelo fato de eu ser mulher. Um problema pode ser criado por falta de conhecimento, por decisões desajustadas, por falta de habilidade em resolvê-lo.”

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Engenharia de conciliação

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CAPA

Ao pó

retornarás A arquiteta Letícia Achcar desenvolveu tintas à base de solo e água, sem a adição de metais pesados e derivados de petróleo, que no fim do ciclo de vida voltam a ser terra por Ana Paula Meurer

anapaula@empreendedor.com.br

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urante sua infância em Poços de Caldas (MG), a arquiteta Letícia Achcar costumava passar seu tempo brincando com argila e terra. O que ela sequer imaginava é que, anos mais tarde, esses materiais voltariam a fazer parte de sua vida. Enquanto fazia faculdade de Arquitetura na PUC de Campinas (SP), Letícia ficou admirada com o uso da terra como material de construção e resolveu se aprofundar no assunto. Virou pesquisadora e adepta de projetos pautados na linha organicista que, integrada com a natureza, utiliza técnicas e elementos naturais na construção. Proprietária de duas empresas, a Primamateria e a Tinta Solum, costuma dizer que a busca pela sustentabilidade é consequência deste ideal. Foi a partir dos anos 1990 que sua carreira deu um salto. No início daquela década, enquanto estudava construções em terra crua para climas frios na Finlândia, coordenou um projeto de uma Ecohouse na Suécia. “Foi a primeira experiência de produzir e aplicar uma tinta de terra na fachada de uma casa”, relembra. De volta ao Brasil, seis anos depois, continuou se dedicando à construção sustentável e ao desenvolvimento de uma tinta de terra natural que abrangesse a riqueza de cores do solo brasileiro. Criou então a Tinta Solum, um produto natural feito à base de terra. Há quase 10 anos no mercado, o produto vem sendo cada vez mais aplicado em projetos de arquitetos de destaque em vários pontos do País. Letícia detalha que o nível de consciência ambiental no preparo da Tinta Solum é presente desde a escolha da matéria-prima até a transformação da terra em tinta, sendo que no descarte a tinta volta a ser terra, completando o ciclo de vida do material. A tinta é produzida com matéria-prima mineral, seu pigmento é a terra extraída de jazidas certificadas e usa como base a água. Isso significa que não tem em sua composição metais pesados encontrados em pigmentos sintéticos. Outra vantagem é que é livre de

substâncias poluentes derivadas do petróleo que agridem a camada de ozônio, além de não possuir plastificante e não criar película ou bolhas, explica Letícia. Além de evitar a agressão ao meio ambiente, os benefícios também alcançam diretamente os consumidores. De acordo com a empresária, por ter o pigmento mineral, a tinta não desbota e torna a ambiente mais acústico. Atualmente a empresa oferece 15 cores em linha, sendo sete puras e oito misturas entre si, podendo ser produzidas tonalidades especiais. Letícia também é proprietária da Primamateria, escritório que trabalha com sistemas e materiais de baixo impacto e arquitetura de terra, que se tornou uma referência no Brasil. Este conceito é incorporado, por exemplo, no edifício integrado ao meio ambiente através de soluções, sistemas e técnicas construtivas viáveis a cada contexto focando em eficiência energética, economia de custo e manutenção, bem como no uso de materiais que proporcionem 60% da produção da Cerâmica conforto e bem-estar ao ser humano. Luiz Salvador é comercializada Ao cuidar dos seus negócios, a empresária procura nunca deidiretamente no showroom xar anexo de lado a coragem para vencer os desafios e jogo de cintura à fábrica para contornar os imprevistos do dia a dia. Mas a empresária não pensa duas vezes ao afirmar que seu casal de filhos é prioridade na sua vida. “Acho que mais importante que o tempo é a qualidade do relacionamento que traz o compartilhar espontâneo na família, o lugar onde a gente se encontra”, diz. Essa característica sensitiva, tão presente no seu cotidiano, é apontada por ela como o grande diferencial da mulher empreendedora, principalmente no que diz respeito a relacionamento com clientes e colaboradores. “O respeito vem através do reconhecimento de uma competência, e se nos colocamos com segurança ganhamos espaço. O preconceito existe, e enfrentá-lo calmamente faz parte do processo de eliminação do mal.”


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Letícia: “Respeito vem através do reconhecimento de uma competência, e se nos colocamos com segurança ganhamos espaço. Preconceito existe, e enfrentá-lo calmamente faz parte do processo de eliminação do mal”

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panora m a

Balanço

do mar

Brasil está no seleto grupo de países que buscam o domínio da tecnologia de geração marítima de energia por Cléia Schmitz

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cleia@empreendedor.com.br

em do vasto litoral brasileiro a mais nova fonte de energia elétrica que começa a ser explorada no País: o balanço do mar. No dia 24 de junho deste ano, o protótipo da primeira usina marítima implantada no Brasil gerou seus primeiros watts. Localizada no quebra-mar do Porto de Pecém, no Ceará, ela conta com tecnologia totalmente desenvolvida pelo Laboratório de Tecnologia Submarina do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ). A usina foi construída com investimentos de R$ 18 milhões realizados pela Tractebel Energia por meio do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). As obras também tiveram o apoio do governo do Estado do Ceará. Seu potencial de geração é de 100 quilowatts. A iniciativa, pioneira na América Latina, coloca o Brasil na pequena lista de países que buscam transformar o mar numa fonte de energia viável tanto do ponto de vista tecnológico quanto econômico. “Hoje, a energia das marés na França e na Coreia é altamente competitiva com a eólica e a hidrelétrica. E essa fonte não gera gás de efeito estufa. Trinta países estão nessa corrida quase

invisível pelo domínio da tecnologia. O Brasil tem capacidade de liderar e a Coppe está neste processo”, declarou o professor Segen Estefen, diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe, durante o evento Futuro Sustentável – Tecnologia e Inovação para uma Economia Verde e a Erradicação da Pobreza, realizado em junho durante a Rio+20. Estudos da Coppe estimam em 87 gigawatts o potencial energético das ondas no Brasil. Testes realizados pelo Instituto calculam que é possível converter cerca de 20% desse volume em energia elétrica, o que equivale a 17 % da capacidade total instalada no País. As vantagens desta fonte energética são muitas. É renovável, limpa, dispensa queda d’água e tem como reservatório o próprio mar. Segundo Stefen, o diferencial da tecnologia brasileira, patenteada pela Coppe, é o uso de um sistema de alta pressão para movimentar a turbina e o gerador. O conjunto é formado por um flutuador e um braço mecânico que, movimentados pelas ondas, acionam uma bomba para pressurizar água e armazená-la num acumulador conectado a uma câmara hiperbárica. A pressão na câmara equivale à de colunas d’água entre 200 e 400 metros de altura, semelhante às das usinas hidrelétricas. A água altamente pressurizada forma um jato que movimenta a turbina. Esta, por sua vez, aciona o gerador de energia elétrica.


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Tecnologia 100% brasileira, desenvolvida pela Coppe, Ê composta por um flutuador e um braço mecânico movimentados pelas ondas

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panora m a

Prevista para entrar em operação no fim de 2013, usina marítima vai suprir cerca de 40% da demanda de energia de Fernando de Noronha

Paraíso

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ecológico

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Outra usina de geração de energia elétrica pelo movimento das ondas está prevista para ser instalada no ano que vem no Arquipélago de Fernando de Noronha. O projeto, orçado em R$ 25 milhões, é do governo de Pernambuco e tem o apoio do Ministério de Minas e Energia e da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf ). A usina terá capacidade instalada de 1 megawatt e deverá começar a operar no final de 2013. Ela faz parte de um conjunto de projetos de energia limpa previstos para o arquipélago, incluindo usinas eólicas e solares. Juntos, eles somam investimentos de R$ 35 milhões. O objetivo é reduzir a utilização da Usina

Termelétrica de Tubarão, responsável pelo abastecimento de Fernando de Noronha, que utiliza óleo diesel poluidor como combustível. Atualmente, a população do arquipélago consome 2,3 megawatts de energia. A expectativa com os novos projetos é de que a termelétrica seja acionada somente para garantir que toda a população seja atendida. “É importante destacar que essa usina terá uma geração contínua de energia elétrica, ao contrário das usinas solares e eólicas, que podem ter uma variação em sua produção”, afirma Fernando Machado, gerente de Política de Ciência, Tecnologia e Inovação da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia de Pernambuco.

Instalada no preamar do Porto de Pecém (abaixo, à esquerda), a primeira usina marítima do Brasil é formada por um flutuador e um braço mecânico (abaixo, à direita) que acionam uma bomba para pressurizar água e armazená-la num acumulador conectado a uma câmara hiperbárica, formando um jato que movimenta a turbina e aciona o gerador de energia elétrica


Divulgação/MPX

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Fotos: Divulgação/SGB

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Bom negócio para todos

Tecnologia e inovação potencializam ideias empreendedoras para resolver problemas sociais por Ana Paula Meurer

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anapaula@empreendedor.com.br

oi pensando em ajudar a população a encontrar informações sobre a saúde brasileira que o médico Fernando Fernandes e o desenhista industrial Edgar Morato criaram o site Saútil. O portal funciona de forma simples, rápida e organizada. Ao acessá-lo, o internauta tem acesso a diversas informações, que vão desde onde encontrar medicamentos oferecidos de graça pelo SUS até criar uma agenda on-line, em que o usuário pode controlar o calendário de vacinas dos filhos e dos remédios que toma. Se uma pessoa, por exemplo, precisa de certo medicamento, basta ir até o espaço indicado e digitar o nome para que tenha acesso a uma lista dos lugares em que o produto é distribuído na região indicada. “Nosso objetivo é democratizar o acesso à saúde, já que apenas 25% da população tem plano de saúde. Todos os brasileiros têm direito adquirido de usar os recursos do SUS, mas a maioria não sabe nem o que oferece. Com o portal, oferecemos as ferramentas para que a população tenha informação e acesso para chegar a esses recursos”, afirma Morato. Completando dois anos em janeiro e com pouca divulgação em mídia, o Saútil já conta com um alcance de 70 mil acessos mensais. O site é apenas um dos exemplos de como a tecnologia, a inovação e as mídias podem ser usadas a favor da comunidade

ou de uma causa, utilizando ideias empreendedoras para tentar resolver os problemas sociais. Trata-se do chamado “empreendedorismo social”, movimento global que tem atraído um número de pessoas cada vez maior. Fátima Trópia, analista técnica do Sebrae-MG, comenta que muitas das grandes empresas já possuem em sua agenda o desenvolvimento de projetos, que vão além de um apoio social, criando oportunidades de melhoria de vida e geração de renda para as comunidades de baixa renda. “O Brasil já é um país, por natureza, com uma população sensibilizada em ajudar e apoiar pessoas mais necessitadas. São inúmeras as iniciativas bem-sucedidas de projetos de empreendedorismo social. Arrisco dizer que já temos uma atuação bem avançada em relação a outros países e que estamos avançando para uma maior consolidação das práticas e do entendimento da real necessidade de uma mudança social”, enfatiza. O País acompanha o cenário mundial. Na opinião de Simon Mainwaring, um dos maiores especialistas em branding e mídias sociais dos Estados Unidos, 30% da indústria global já atua de forma a equalizar o impacto comercial com o social. Ele ainda acredita que 70% a 80% das empresas que apostam neste movimento estão fazendo por terem consciência da importância da responsabilidade social. “Há também muitas empresas que estão motivadas pelo medo, pois grandes empresas estão perdendo a força por não pensarem no social”, afirma.


Edgar Morato

Em três dias, cerca de 1,2 mil pessoas e 33 painelistas e palestrantes participaram do Social Good Brasil.

Simon Mainwaring

Guga Kuerten

Peter Sims

O empresário Rodrigo Bandeira, diretor da empresa Enzima, apostou no desenvolvimento de plataforma virtual inovadora de participação política, onde cidadãos e entidades podem se expressar, se comunicar e gerar mobilização para a construção de uma sociedade cada vez melhor. O site Cidade Democrática surgiu em 2009, após um período de trabalho de Bandeira no governo do Estado de São Paulo. “Fiquei um pouco assustado porque as autoridades não sabiam qual era o problema que nós tínhamos como cidadãos. A culpa não era deles, mas faltava alguém levar essa informação para os responsáveis.” Assim, ele criou um portal em que usuários criam perfis e divulgam ideias sobre o que esperam das cidades onde vivem. São eles que mostram problemas, suge-

rem soluções e compartilham opiniões com os demais usuários. “Dessa interação surgem as propostas. Nós conseguimos recolher a vontade das pessoas e transformar isso em resultado a partir da decisão de um gestor. Queremos que a sociedade ajude a construir o seu próprio futuro de forma colaborativa.” E ao que tudo indica, a ideia tem dado resultado. Bandeira cita o caso da cidade de Jundiaí, no interior de São Paulo, onde, por meio da plataforma, foram criadas sete propostas, que foram levadas para a Câmara dos Vereadores e se tornaram leis. Uma delas, por exemplo, foi a mudança de horário das sessões abertas na Câmara, que antes aconteciam no meio da tarde, para a noite, a fim de alcançar uma maior participação da população. “Foi um pedido da população que foi atendido.”

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Mobilização virtual

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Boas ideias Declarando-se um admirador daqueles que desafiam e que mostram vontade de mudar, o americano Pete Simns afirma que pequenas apostas que nem sempre são sucessos iniciais são importantes no desenvolvimento de grandes ideias. Simns é conselheiro de empresas e universidades nos Estados Unidos nos temas de empreendedorismo e inovação. “Nós pensamos que grandes ideias surgem apenas de grandes mentes como Steve Jobs, mas nós também temos o poder de decidir que apostas valem a pena. Ao tomarmos essas de-

Organizadores se inspiraram no Social Good Summit, evento que reúne anualmente grandes nomes da tecnologia e do terceiro setor em Nova York cisões estamos arriscando e nos sujeitando a falhas, algo que desde cedo nos é mostrado como algo ruim A escola tradicional ensina a não errar e isso amedronta o indivíduo a arriscar.” Para Reinaldo Pamponet, sócio-fundador da Rede ItsNoon, um market place de economia criativa, o grande desafio do social good é integrar com uma economia voltada para esse propósito, ou seja, fazer uma social economy. “Precisamos juntar as coisas para somar, e não separar, como estamos acostumados. Essa não é a era do ‘ou’. É a do ‘e’”, afirma Reinaldo Pompet.

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Social Good Brasil

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O termo social good significa “bem social” e o seu conceito, criado nos Estados Unidos, explica o fenômeno de usar novas tecnologias e o pensamento inovador para apoiar causas e solucionar problemas na sociedade. O Programa Social Good Brasil foi criado em fevereiro deste ano, inspirado no Social Good Summit, evento que reúne anualmente grandes nomes da tecnologia e do terceiro setor em Nova York. Entre os objetivos estão disseminar o uso das tecnologias para a mudança social, identificar e apoiar experiências inovadoras e oferecer ferramentas e capacitações para iniciativas na área. De 6 a 8 de novembro, a cidade de Florianópolis recebeu o Seminário Social Good Brasil, encontro que contou com palestras

de especialistas internacionais e nacionais nas áreas de inovação, mídias sociais, branding, empreendedorismo e novas tecnologias. Nos três dias, cerca de 1,2 mil pessoas e 33 painelistas e palestrantes participaram do evento. Além do público presencial, foram 9.426 acessos pelas transmissões ao vivo pela internet, sendo 7.958 acessos na transmissão em português e 1.468 em inglês. Só nos dias do evento, foram 12.038 visitas ao site do Social Good Brasil. O Social Good Brasil foi uma iniciativa do Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICom), do Instituto Voluntários em Ação (IVA), com o apoio da Fundação Telefônica Vivo, Instituto C&A e IBM Brasil.


Opi ni ã o

Fim de ano por Ricardo Barbosa* No período de fim de ano geralmente a desmotivação de alguns colaboradores se mostra mais visível, principalmente por ser um período de avaliações pessoais e profissionais, e também por se intensificar os trabalhos para atingir metas ou para deixar o ‘caminho’ livre para o período de férias. Mas este é apenas um reflexo de tudo o que ocorreu durante o ano; os reais motivos que levam à desmotivação dos colaboradores de uma empresa são conhecidos. Dentre esses, os mais relevantes são falta de um plano de carreira, desafios impossíveis, falta de reconhecimento nos trabalhos desenvolvidos, falta de um plano de remuneração variável, clima organizacional ruim e problemas pessoais. Porém, o resultado destes problemas para empresas pode ser muito mais grave do que os empresários pensam, dentre os quais destaco alta taxa de turnover, baixa produtividade, atraso na entrega de tarefas, faltas constantes, falta de comprometimento e até mesmo sabotagens. Para se ter ideia, a Universidade de Harvard tem estudos mos-

trando resultados interessantes nessa área. Um dos exemplos que podemos citar foi extraído de pesquisa sobre motivação individual e de grupos: um profissional pode passar a vida com um rendimento de 25% de sua capacidade de trabalho e ainda assim manter seu emprego. O mesmo indivíduo, motivado corretamente, cresce seu desempenho, chegando a atingir 80% de sua capacidade. Assim é ponto fundamental para os líderes das empresas detectarem os colaboradores que podem estar se desmotivando e reverter este quadro. Um dos caminhos para isso é realizar uma pesquisa de clima organizacional e obter constantes feedbacks dos colaboradores, mas não é só isso: o líder deve estar atento, porque um colaborador que está começando a se desmotivar pode ser facilmente detectado no cotidiano, o que facilita muito a mudança da situação. Sem esquecer que uma pessoa nesta situação pode facilmente contagiar o ambiente de trabalho, direta ou indiretamente. Para facilitar a vida das lideranças a empresa pode implementar políticas que resultam em grandes resultados, dentre as quais se destacam:

Uma pessoa pode passar a vida com um rendimento de 25% de sua capacidade e ainda assim manter o emprego. Motivado corretamente, seu desempenho chega a 80%

Implementar ações especiais para o período, como confraternizações, cestas de fim de ano, dentre outras; Deixar claro desde já os objetivos da corporação para 2013, mostrando a importância dos colaboradores para atingi-los; Realizar uma pesquisa de clima organizacional com metodologia bem estruturada e análise aprofundada dos resultados; Implementar um plano de avaliação de desempenho com uma boa frequência e avaliação 360 graus; Elaborar um plano de cargos e salários baseado em competências e com regras bem definidas que devem ser muito bem divulgadas; Implementar um plano de carreira visando à retenção de talentos, tão escassos atualmente; Avaliar as necessidades primordiais dos colaboradores e fornecer pacotes de benefícios que possam supri-las; Política de comunicação adequada, não deixando espaço para “rádio peão” e possibilitando que todos estejam de acordo com a missão da empresa. (*) Ricardo M. Barbosa é diretorexecutivo da Innovia Training & Consulting, professor de programas de pós-graduação e consultor em gestão de projetos há 15 anos.

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Saiba como reverter a desmotivação dos colaboradores no período

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Franchising atrai novos negócios Mais de 120 empresas entraram para o sistema de franchising de janeiro a agosto de 2012, segundo pesquisa divulgada pela Rizzo Franchise. A consultoria analisou o crescimento de todas as empresas que anunciaram ter iniciado a expansão por meio de franquias neste ano. Até agosto, elas abriram 1.724 unidades entre próprias e franqueadas. Os setores que mais cresceram, tanto em novas empresas franqueadoras como no total de unidades geradas, foram Saúde & Beleza e Alimentação. Veja mais detalhes:

Novas franqueadoras em 2012 – Total: 126 1º lugar: Saúde & Beleza e Alimentação/Fast-Food, ambos com 18 franqueadores cada um, representando 14,3% do total 2º lugar: Alimentação Especializada, com 17 franqueadores (13,5% do total) 3º lugar: Vestuário, com 14 franqueadores (11,1% do total) Novas unidades abertas em 2012 (entre próprias e franqueadas) – Total: 1.724 1º lugar: Saúde & Beleza, com 195 unidades inauguradas (11,3% do total) 2º lugar: Negócios & Serviços, com 194 unidades inauguradas (11,25% do total)

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3º lugar: Alimentação Especializada, com 192 unidades inauguradas (11,1% do total)

39 Foto Shutterstock


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VestCasa acelera expansão A rede de lojas VestCasa, especializada em artigos de cama, mesa, banho e decoração, quer chegar a 400 unidades até 2015. Para isso, mira as classes C e D com foco em lojas de bairros e cidades pequenas de todo o Brasil. Até o final deste ano serão 120 franquias. Atualmente, a atuação da rede se concentra em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Brasília. Para os franqueados, a VestCasa promete logística com sistema 100% integrado, alta rentabilidade, retorno rápido de investimento, baixo custo de operação, alto giro, negócios ajustados para pequenos bairros e produtos com pouca sazonalidade. “Como a estratégia de expansão consiste em atingir as classes C e D e atuar em lugares onde grandes magazines não chegam, trata-se de um negócio rentável, sem concorrente direto”, afirma Ahmad Yassin, diretor comercial da VestCasa. Segundo o empresário, por mês a rede atende 150 mil clientes, uma média de 1,6 mil consumidores por loja. O faturamento mensal é de R$ 70 mil e o lucro líquido varia de R$ 10 mil a 12 mil. O investidor que optar pela franquia investirá aproximadamente R$ 150 mil, incluindo custo para instalação, taxa de franquia, estoque inicial. O retorno é estimado de 12 a 18 meses. A rede existe desde 2008.

www.vestcasa.com.br

Kebaberia artesanal

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A carioca Laffa Kebab Store acaba de ingressar no franchising com um plano de expansão que prevê a abertura de 100 pontos em cinco anos. A primeira unidade franqueada foi inaugurada no Barra Shopping, no Rio de Janeiro. Até dezembro de 2013, a rede quer abrir mais 12 unidades. As regiões Sudeste, Sul e Nordeste são o foco da franquia. O investimento mínimo para abrir uma unidade Laffa é de R$ 200 mil (não inclui os custos da obra e luvas) e o retorno previsto é a partir de 18 meses. Com receitas trazidas da Turquia e do Oriente Médio, o cardápio oferece o tradicional kebab, sanduíche de pão folha enrolado, com recheio de carnes assadas no espeto e saladas. O carro-chefe da casa é o shwarma de cordeiro – kebab feito com homus, lâminas de cordeiro, folhas de alface, tomates frescos, cebola com sumak, salada Kruv, molho e batata frita crocante. “Os kebabs são feitos de forma artesanal, com o pão feito na hora, mas sem perder a velocidade e o atendimento padrão do fast-food”, afirma Roni Kanarek, da Laffa. www.laffa.com.br 4sócio-fundador 0


Seletti entra no mercado nordestino O Seletti Culinária Saudável, rede de franquias especializada em alimentação rica em nutrientes e livre de frituras, inaugurou em outubro sua primeira unidade franqueada no Nordeste. A loja foi aberta no Recife, no Shopping Riomar. A meta, segundo Luis Felipe Campos, diretor e idealizador do Seletti, é instalar mais uma unidade até o final de 2013 em Pernambuco e um total de 10 lojas em todo o Nordeste, principalmente em estados como Ceará e Bahia, até o ano de 2016. O investimento total para as ações no Nordeste brasileiro chegará a R$ 6,5 milhões. “O conceito de alimentação saudável se espalha pela região. O clima favorável, a prática intensa de esportes e a alta performance e crescimento dos empreendimentos em todo o Nordeste proporcionam abertura de mercado a empresas como a nossa. Alimentação saudável não é modismo, mas sim uma tendência que veio para ficar e por isso temos condições para crescer em todo o Brasil”, avalia Campos. O franqueador lembra ainda que não há nenhuma rede do segmento de alimentação saudável em operação na região, o que tem atraído o interesse por franquias Seletti. A meta de expansão do Seletti até 2020 é atingir 150 unidades em todo o Brasil. A rede deve fechar 2012 com 40 lojas no País, entre abertas e contratadas, e faturamento de R$ 30 milhões, ante os R$ 20 milhões registrados em 2011. www.seletti.com.br Presidente da Samara, Anuar Arnache, entrega o certificado de franquia a Rosa Tereza Rodrigues, primeira franqueada da marca

A rede de lojas Samara Moda fez sua estreia no mercado de franchising no último dia 9 de novembro com a abertura de uma franquia no recém-inaugurado Parque das Bandeiras Shopping, em Campinas (SP). O plano de expansão da marca prevê a abertura de oito novas franquias até dezembro de 2013. A meta é abrir, em média, 12 unidades por ano e chegar a 50 franquias até 2015. Desde a sua fundação, em 2006, a marca se preocupou em criar uma identidade visual alinhada com seu público, despertando o interesse de investidores do segmento de franquias. “Os primeiros cinco anos de operação foram destinados ao aprendizado, consolidação dos padrões de atendimento visual e de operação. Desta forma, a Samara Franquia nasce forte e pronta para oferecer ao mercado algo diferente, inovador e rentável, com procedimentos testados e comprovados de sucesso”, afirma o presidente da rede, Anuar Arnache. O investimento inicial na franquia é de R$ 90 mil a 300 mil (ponto não incluso), dependendo se a instalação da unidade é em loja de rua ou shopping center. O retorno sobre o investimento é de 18 a 24 meses, e o franqueado poderá faturar em média R$ 90 mil por mês. www.samaramoda.com.br

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Samara abre primeira franquia

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Investidores apostam na educação A aposta no mercado de educação e formação profissional continua em alta no Brasil. A rede On Byte, natural de Taquatinga (SP), projeta para 2017 um total de 250 unidades em operação. Fundada em 1992, a empresa aderiu ao franchising há dois anos e já conta com 49 unidades em operação e 38 em instalação. O quadro de falta de mão de obra qualificada no mercado aquece a instalação de novas unidades. “Hoje em dia é um desafio encontrar profissionais que vão fazer a diferença nas empresas. Cinquenta e sete por cento dos empregadores têm dificuldade para preencher a vaga”, afirma Daniel Bichiatto, fundador da empresa em sociedade com Henrique Barros. A rede oferece 70 cursos profissionalizantes. www.onbyte.info Cidades do interior têm sido o foco de muitas redes do segmento. A Bit Company, pertencente ao Grupo Multi (Microlins, S.O.S, People, Wizard, Yázigi Skill, Alps e Quatrum), abriu recentemente seis escolas nas cidades de Bom Despacho (MG), Campo Grande (MS), Chapecó (SC), Piracicaba, Várzea Paulista e Osasco (SP). Juntas, elas atendem 6,5 mil alunos. Em todo o Brasil, a Bit Company tem 70 unidades franqueadas. “O profissional tem consciência de que é necessário se especializar para enfrentar a concorrência no mercado de trabalho”, diz Danila de Barros, gerente de expansão da marca, que oferece mais de 60 cursos de qualificação do trabalhador.

www.bitcompany.com.br

Modelo dispensa ponto comercial

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A AcquaZero, rede de franquias especializada na limpeza e estética automotiva, lançou um novo modelo de franquia, o Reboque Delivery. O investimento inicial é de R$ 30 mil, já incluindo taxa de franquia, kit com os produtos e o reboque. Todo o material de trabalho está no reboque, desenvolvido para ser engatado no carro do franqueado. O modelo delivery dispensa ponto comercial e traz comodidade ao cliente. Ele precisa apenas ligar e agendar o serviço, que pode ser feito na casa ou até mesmo na vaga do estacionamento do trabalho do cliente. A AcquaZero emprega um sistema de biolavagem que não utiliza água. A limpeza é feita com produtos líquidos especiais destinados a retirar a sujeira de maneira segura e eficaz. Desta forma, economiza-se cerca de 320 litros de água por carro de porte pequeno lavado, além de não gerar esgoto ou resíduos químicos. Uma biolavagem da AcquaZero pode ser realizada em 45 minutos e custa em média R$ 30, gerando um lucro de 100% a 200% ao franqueado. Já para serviços especiais, como polimento ou cristalização, a porcentagem sobe 4 para 2 600%. www.acquazero.com.br


Famosa por desenvolver uma linha inovadora de cosméticos à base de café, a Kapeh acaba de inaugurar sua primeira franquia. A loja foi aberta no final de novembro, em Pouso Alegre (MG). No início de 2012, a Kapeh deu início ao processo de seleção dos franqueados, e a meta é abrir de quatro a sete unidades até o final de 2013. A marca vinha preparando sua estreia no franchising desde o ano passado, quando abriu uma loja exclusiva em Três Pontas (MG), cidade natal da empresa. O foco da empresa é validar e estruturar melhor o processo na região (sul de Minas), onde tem condições de acompanhar mais de perto e dar um suporte completo ao franqueado. A Kapeh foi criada em 2007 pela farmacêutica e bioquímica

Vanessa Vilela Araújo. Nascida em uma família de cafeicultores, a empresária começou a empresa com a proposta de agregar valor ao café do Sul de Minas, uma das principais regiões produtoras do grão no Brasil. Hoje, a Kapeh está presente em 18 estados brasileiros, com quase 300 pontos de venda multimarcas e um mix de 100 itens em linha. Desde 2009, a empresa também exporta seus produtos para países da Europa, Oriente Médio, África e América Latina. Com a marca Kapeh, Vanessa coleciona prêmios e reconhecimentos como o Young Global Leader e o Empretec Women in Business Award. A empresária também foi indicada pela ONU como uma das dez melhores empreendedoras do mundo. www.kapeh.com.br

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Kapeh estreia no franchising

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Biscoitos da sorte


Persistência e fé são conceitos fortes na mente do empreendedor João Leite Praça que começou na padaria da família, no interior de Minas por Raquel Rezende

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m um momento dramático da vida por causa de um grave acidente, o jovem João Leite Praça, na época com 18 anos, desolado no hospital, sabendo que tinha perdido os movimentos do braço esquerdo, se perguntava o que seria de sua vida. Em meio à crise e tendo que ficar hospitalizado para se recuperar, começou a observar o movimento da cantina e percebeu que a rosca de polvilho era muito pedida. Como empreendedor nato que era, João saiu do hospital com a ideia fixa de fabricar e vender biscoitos de polvilho. Assim começa a história da Cassini, líder nacional na fabricação e comercialização de biscoitos de polvilho. João conta que depois de uma breve conversa com o dono da cantina do hospital descobriu que o biscoito de polvilho praticamente sustentava a cantina dele. “Ele vendia de 150 a 200 pacotes por dia do biscoito. E minha mãe, dona Eliana, fazia um biscoito de polvilho maravilhoso. Saí do hospital pronto para colocar o projeto em prática”, lembra o empresário. A família de João sempre teve dom para os quitutes da cozinha mineira. A avó de João já fazia biscoitos de polvilho e bolos. A mãe de João deu continuidade à tradição na padaria da família, onde trabalhava com o pai de João, Mauro Leite Praça. Inclusive, a padaria, hoje, tem duas lojas e ganhou prêmio por estar entre as dez melhores do Brasil. Mas João não pensava em continuar trabalhando na padaria. “Sempre planejei customizar algum produto da padaria, pois não gosto de varejo”, afirma. A mãe de João ajudou muito no começo do negócio, colocando a “mão na massa” literalmente para produzir os biscoitos, e o pai de João, que já tinha padaria, deixava-o usar o espaço e a mão de obra de dois funcionários para fabricar o produto. Mais tarde, João vendeu um terreno para comprar uma máquina e potencializar o processo de produção. Manualmente, eles conseguiam fabricar 150 pacotes por dia, e com a máquina, 1 mi1 pacotes por dia. Assim ele foi crescendo. “Tinha um horário em que a padaria parava – das 16h às 22h – e nesse espaço de tempo fabricava o biscoito. Passei a ter 15 funcionários nesse período”, relata. Porém, João não estava contente com o resultado final do produto. Ele achava que o biscoito era muito leve e volumoso, e queria fazer um biscoito mais denso para ser colocado em uma embalagem menor. Por isso, decidiu tirar o corante do biscoito e descartar qualquer produto químico de sua fabricação. Mas as vendas foram desastrosas. “O cliente comia com os olhos e queria o pacote grande. E o dono do estabelecimento, por sua vez, era o ditador: nem deixava eu colocar o produto à venda, não deixava o consumidor decidir.” O empreendedor lembra, achando graça, que nesse período que recebia só “nãos” dos estabelecimentos, sua mãe e seus amigos diziam para ele Fernando ex-e fazer o que os clientes queriam. Nem assim João deparar de serPeixoto, teimoso CEO da e atual seus biscoitos. Ao invés de ceder, resolveu enfrentar sistiu dePixeon comercializar conselhode procurar os pequenos comércios e partindo para apresidente situação,dodeixando diretor de“Fui pesquisa osegrandes. atrás dos grandes supermercados, como Carrefour, que na e desenvolvimento da a segunda ou terceira loja no País”, conta. Assim, ele época estava abrindo novao empresa convenceu gerente do supermercado para vender os biscoitos na loja.

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raquel@empreendedor.com.br

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Receita da avó foi adaptada à produção em escala industrial, hoje de 8 milhões de pacotes de biscoito por mês

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Forneceu gratuitamente o produto e ficou na primeira semana na loja, enquanto estava aberta, fazendo o papel de promotor do biscoito. Na segunda semana, os biscoitos estavam sendo vendidos e o gerente do supermercado fez pedidos. João passou um tempo tranquilo com os negócios em expansão e tudo funcionando bem. Em uma determinada ocasião, o pai de João ficou muito doente e chamou o filho para conversar. “Acredito que meu pai estava sentindo que ia morrer e pediu para eu dar um jeito de colocar minha produção de biscoitos em um outro lugar, longe da padaria. Acho que ele tinha medo que em uma família de oito irmãos, como era a nossa, depois que ele morresse, meus irmãos não deixariam eu continuar usando o espaço da padaria sem pagar nada, como eu vinha fazendo”, explica João. Foi dessa maneira que João montou sua primeira fábrica de biscoitos. O ano era 1986, o plano econômico vigente era o cruzado e o pai de João foi o avalista do negócio. “Os juros eram baixos, mas não levou um ano, nem isso, acabou a eleição, os juros subiram exponencialmente e, dessa forma, tive que aprender a criar estratégias para sobreviver”, afirma. Somente em 1991 ele conseguiu sair do sufoco.

Um pouco antes disso, em 1990, Cristina, irmã de João, propôs a ele montar uma fábrica em Amparo, interior de São Paulo. O produto foi bem aceito, venderam para supermercados e conquistaram a confiança para fabricar as marcas próprias das grandes redes. Entre 1994 e 1995, diante da grande demanda, a fábrica de Amparo ficou pequena. Foi quando traçaram um plano de expansão e montaram a terceira fábrica em Campinas (SP). “Nesse momento tínhamos mudado o processo de produção do biscoito, criando um produto tipicamente brasileiro. Automatizamos a produção e, com isso, não existia tecnologia no Brasil para produzir em larga escala”, relembra João. Na época, ele chegou a procurar fabricantes de máquinas para explicar o que precisava. No entanto, novamente, recebeu muitas negativas. Ele constatou que isso ocorria porque, quando procurava esses fabricantes e falava que produzia biscoitos de polvilho, a maioria não confiava que ele pudesse ter dinheiro para pagar pela máquina, produzindo esse produto tão barato e popular. “Eles tinham preconceito”, conclui João. Para resolver o problema, João viajou para a Itália em busca de quem pudesse ter para vender ou até mesmo construir a má-

quina que queria. Lá ele foi bem recebido, conheceu processos de produção de biscoitos e, finalmente, encontrou a máquina. Porém, a desvalorização do real ante o euro inviabilizou a compra da máquina. E como era de praxe, isso não foi empecilho para os planos de João. Ele já sabia como era a máquina e, então, resolveu construí-la em parceria com um fabricante de fornos de padaria. Quase dois anos depois e um investimento de R$ 1,5 milhão, o protótipo não dava a qualidade que ele precisava. Talvez por isso os fabricantes brasileiros ouviram falar da Cassini e resolveram confiar nele, vendendo as máquinas que necessitava. Atualmente, a Biscoitos Cassini está em fase de automatização total com a matéria-prima chegando dentro de caminhões-tanques para a produção dos biscoitos. A fábrica de Campinas supriu a demanda da produção, porque também se modernizou e a empresa chegou no limite da capacidade de produção, totalizando a gigantesca quantidade de 400 quilos de biscoito por hora e 8 milhões de pacotes de biscoito por mês. “Estamos com 130 funcionários, e planejamos construir uma nova fábrica nos moldes da de Campinas, pois precisamos produzir ainda mais para atender as marcas próprias.”


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AnĂşncio governo para segunda-feira

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PRODUTO S E S ERVIÇO S

Gestão turbinada Um dos desafios para o médio e pequeno empresário que começa a crescer é saber como gerenciar a complexidade de planilhas em excesso e desconectadas entre si. Uma dependência maior da área de TI para extrair dados, nem sempre confiáveis, processos manuais que geram erros e perdas, falta de controle do acesso a informações e mais preocupações em cumprir normas legais, ambientais, de segurança e de governança integram também a lista de preocupações. As soluções de gestão em plataforma SAP, que antes eram privilégio de grandes empresas, agora também são acessíveis a negócios de menor porte. O Grupo Finity, gold partner da SAP no Brasil, lançou o JumpStart, pacote inovador para as MPEs com 13 sistemas de automatização da gestão que podem ser implementados na metade do prazo e por menos da metade do preço, com o mesmo nível de sofisticação do SAP das maiores companhias. O JumpStart é um acelerador de negócios com módulos pré-configurados que são integrados ao sistema da empresa entre 10 e 12 semanas – reduzindo também o tempo de retorno do investimento. O pacote JumpStart oferece soluções desenvolvidas pela Finity e pela Trustsis, empresas do mesmo grupo. A Finity é uma desenvolvedora de soluções para processos de negócios que atua com as plataformas SAP e Software AG. A Trustsis é uma consultoria especializada em processos de governança de TI, gestão de risco e conformidade, gerenciamento de identidade e acesso (IAM, na sigla em inglês), sistemas de identificações automatizadas (AIS) e segurança SAP. www.finitycons.com

Interação nas redes sociais

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O uso de redes sociais para fins comerciais, no Brasil, vem registrando índices cada vez mais altos. Segundo estudo do IDC (International Data Corporation), 34% dos brasileiros utilizam o Facebook para trabalho. O aumento no uso da ferramenta como principal meio de comunicação entre as empresas e os consumidores, ou clientes, chamou a atenção da GVP IT Solutions, empresa com sede em São Paulo, que iniciou suas operações em 2002, focando na prestação de serviços de alta tecnologia e padrões de qualidade internacional. O amplo interesse das empresas no contato com o consumidor por meio dessas plataformas foi um dos responsáveis pelo planejamento, desenvolvimento e lançamento do Idea Social Monitor. Trata-se de uma solução completa e simples, que oferece ao mercado corporativo a possibilidade de monitoramento e coleta de dados em mais de 20 redes sociais diferentes, 24 horas por dia. As informações são armazenadas para análise e classificação do profissional responsável pela operação, que pode avaliar se as menções são positivas, neutras ou negativas. De acordo com Daniel Pereira, diretor-executivo da GVP IT Solutions, o diferencial do Idea Social Monitor está na geração de relatórios detalhados, completos e de fácil leitura e na possibilidade de interação com o público-alvo, no caso de posts que contenham algum tipo de questionamento, reclamação ou opinião, sempre em tempo real, função importante principalmente em casos complexos ou de crise. “Se aplicada uma estratégia eficaz e rápida para solucionar os casos, a crise pode ser resolvida em pouco tempo e a repercussão não impacta a marca negativamente”, avalia o executivo.

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Pereira ressalta, ainda, que a ferramenta da GVP tem como outro diferencial importante a conexão com plataformas CRM (Customer Relationship Management). Isso faz com que o Idea Social Monitor seja uma ferramenta ainda mais inovadora. A plataforma permite a gestão de relacionamento direta com os seguidores e o acúmulo de informações em um único histórico, compartilhado inclusive com outros canais de atendimento, como telefone, e-mail, chat e SMS, facilitando o pronto-atendimento e o controle de informações sempre que um mesmo cliente fizer contato com a companhia. www.gvp.com.br


Diferencial para campanhas em eventos

Inovações em videomonitoramento Referência na área de segurança eletrônica, a G4S Technology Brasil dispõe de produtos e soluções dos mais diversos tipos e para os mais variados setores, desde portos e plataformas de petróleo até estações de metrô e shoppings. Um grande exemplo de produto da G4S Technology Brasil é o SGI (Sistema de Gestão de Imagens), um sistema que melhora consideravelmente a qualidade das imagens captadas e ainda garante o seu armazenamento pelo período que o cliente desejar. A grande vantagem está na implantação, que é muito simples e aproveita toda a infraestrutura existente. O SGI permite também um acompanhamento remoto da funcionalidade, ou seja, quais câmeras estão funcionando ou quais pararam, por exemplo, oferecendo ao gestor uma rápida análise de seu parque. As imagens podem ser armazenadas local ou remotamente, permitindo a criação de centrais de monitoramento para as empresas que possuem filiais. Além deste e outros produtos, a empresa tem como foco expandir ainda mais sua atuação com a vinda de tecnologias internacionais. “A G4S terá um papel fundamental na importação das melhores tecnologias utilizadas lá fora e na formação de profissionais voltados à operação de sistemas integrados de gestão e monitoramento voltados à segurança pública”, destaca Mário Tranche, especialista da G4S Technology Brasil. O setor de sistema de circuito fechado de TV, que representa 43% do mercado de sistemas eletrônicos de segurança, reflete o momento aquecido pelo qual esse mercado vem passando. Vale destacar que o mercado de segurança eletrônica fechou o ano de 2011 com um faturamento de US$ 1,830 bilhão, segundo estimativas da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese). www.br.g4s.com

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A aproximação dos eventos esportivos no Brasil – Copa das Confederações de 2013, Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos em 2016 – sinalizam diferentes oportunidades de negócios. Para a Uranet Projetos e Sistemas, especializada em soluções para contact center, a oportunidade está relacionada às campanhas envolvendo os eventos que demandarão operações e sistemas capazes de atender, de forma eficiente, a um grande número de chamadas. A empresa, que aposta na customização para atender às mais diversas demandas do mercado de contact center, oferece o IntergrALL, uma solução virtual de gerenciamento inteligente de contact centers, 100% web. O sistema é totalmente integrado, substitui o hardware por software (aberto), parametrizável, de fácil navegação, e possui a capacidade de atendimento simultâneo, com mais de 4 mil portas disponíveis, tanto para atendimento humano quanto eletrônico. Um dos diferenciais do IntergrALL para atender as campanhas nos períodos dos jogos é a integração das funcionalidades de gestão do call center (gravação, monitoria, discagem automática, entre outras) com o CRM e Workflow, permitindo ao cliente acompanhar, em tempo real, a evolução de todas as etapas da campanha, desde a ligação até a entrega efetiva do produto ou serviço contratado. Dessa forma, é possível identificar, de forma imediata, se os resultados estão sendo atingidos, e efetuar a correção dos desvios on-line, de forma ágil e eficaz. Além disso, o sistema permite entrar nos detalhes operacionais para verificar quantidade de ligações, contato efetivo versus venda convertida, se a oferta está de acordo com o perfil do cliente, produtividade por equipe ou individual, monitoria dos agentes quanto ao atendimento ou conhecimento do produto, entre outras possibilidades. Outro diferencial é que o gestor pode acompanhar todos os processos da campanha simultaneamente, por meio de uma única tela, facilitando o monitoramento e a realização de eventuais ajustes. O IntergrALL é customizável, podendo atender a qualquer demanda de sistemas do cliente. E suas funções e rotinas padrões estão nas versões português, inglês e espanhol, permitindo que um gestor de qualquer nacionalidade possa gerenciar as campanhas. www.uranet.com.br

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PRODUTO S E S ERVIÇO S

Potencializando os negócios Uma ferramenta de marketing services que tem como objetivo suprir a necessidade das pequenas e médias empresas de atingir seu público-alvo de forma ágil, prática e segura é o que propõe a Lista Online, lançada pela Serasa Experian. Através da plataforma on-line, as PMEs conseguem aumentar a base de clientes na região de atuação, avançar para regiões ainda inexploradas pelo negócio e se relacionar com pessoas e empresas que possuem características similares à atual carteira de clientes. A ferramenta permite que as PMEs escolham as características adequadas ao perfil do público-alvo desejado, por meio de uma plataforma on-line, e gerem listas de clientes para prospecção. As pequenas empresas podem acessar todo conteúdo on-line da maior base de dados de marketing do País, com milhares de empresas e consumidores cadastrados. A Lista Online disponibiliza também os principais critérios utilizados para segmentação de público, com dados com origem legal e 100% tratados, padronizados, atualizados e prontos para uso, contribuindo para a redução da entrega de telefones bloqueados, pessoas expostas publicamente e registros de menores de idade e de falecidos. O funcionamento da ferramenta é simples: define-se o público-alvo, sejam consumidores ou empresas, e selecionam-se os critérios desejados para segmentar o público. Do total de público apresentado, confirma-se o volume desejado, que pode ser parcial ou total, e efetua-se a compra da lista. O cliente receberá um e-mail com a confirmação da transação e outro informando sobre a disponibilização da lista na plataforma. www.serasaexperian.com.

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De olho nos turistas Vislumbrando os eventos esportivos mais importantes de todos os tempos – Copa do Mundo de 2014 e Olimpíada de 2016 – que vão acontecer no Brasil, a Dai Brasil ATM, multinacional com mais de 15 anos de experiência em serviços de telecomunicação, pretende preparar o setor hoteleiro oferecendo aos turistas estrangeiros serviços de saques, em moeda local, com conforto e segurança. A empresa pretende, até a Copa do Mundo, instalar um caixa eletrônico ATM em cada hotel para recepcionar os turistas estrangeiros. Além disso, a empresa monitora e administra os caixas eletrônicos ATM, sem custo. “Vamos oferecer o mesmo serviço disponível em outros países como, por exemplo, no México. Assim, pretendemos prestar serviços que possam recepcionar os hóspe-

des com excelência, já que poderão fazer saques em moeda local, sem ter que sair do hotel e sem correr o risco de serem assaltados, e, com isso, garantindo total segurança”, explica Poly Pantin, empresário natural de Gijón (Astúrias), que decidiu realizar grandes investimentos no Brasil no segmento hoteleiro. Pantin também está apostando no crescimento do movimento migratório de estrangeiros para o Brasil. “Se comparado aos anos anteriores, o crescimento econômico brasileiro está em um ritmo mais acelerado, fato que acredito ser um chamariz para o aumento de fluxo migratório de profissionais estrangeiros, que veem essa realidade como uma grande oportunidade para se realizar profissionalmente”, revela Pantin. www.daibrasil.com.br


PMEs até no smartphone

Muitas empresas ainda enfrentam problemas com sites que não funcionam corretamente em celulares. E para solucionar este problema a Locaweb, líder em Hosting & Infrastruture Services no Brasil e América Latina em 2011, segundo a International Data Corporation (IDC) e pioneira em Cloud Computing no Brasil, anuncia o Criador de Sites Mobile, uma ferramenta específica para a construção de sites para dispositivos móveis. Com essa solução, qualquer pessoa, sem conhecimentos técnicos, pode fazer seu próprio site – basta seguir o passo a passo para a personalização de cores, imagens, fontes e conteúdo. Os sites criados pela ferramenta se adaptam ao iPhone, Android e Windows Phone. Quem constrói seu site através da ferramenta não precisa de um novo domínio, é preciso somente fazer a integração entre seu site desktop e o seu mobile. Quando é detectada uma visita vinda de um browser de celular, o visitante é redirecionado para a versão mobile do site. Além disso, para medir os acessos ao site via celular, o criador está integrado ao Google Analytics. Com a crescente demanda no uso da internet pelo celular, cada vez mais os pequenos e médios empresários buscam melhorar a experiência de quem visita os seus sites e lojas virtuais. Para se ter ideia, em 2011 foram vendidos mais de 8,9 milhões de smartphones no Brasil, segundo a IDC. Até o final deste ano, a previsão do Instituto é que as vendas cresçam 73%. Entre 2010 e 2011, o acesso à internet pelo celular praticamente triplicou, de acordo com uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet do Brasil.

Plataforma web para empreender Seis diferentes recursos, disponibilizados de maneira simples, compõem o conjunto de soluções empresariais que o Programa de Aceleração do Crescimento para Pequenas e Médias Empresas (PAC-PME) apresenta para o microempresário. Um grupo de trabalho, formado por mais de 40 intermediários financeiros, escritórios de advocacia, auditorias, associações e entidades de mercado, desenvolveu o portal (www.pacpme. com.br) que oferece as ferramentas de forma descomplicada: educacional, capital de crescimento, presença digital, competitividade, showroom de PMEs e investidores. Com o Portal do PAC-PME, pequenas e médias empresas passam a ter mais um canal de promoção de desenvolvimento e emancipação empreendedora. Nessa plataforma, o empresário encontra treinamento continuado, acesso a inovações, técnicas de marketing e presença digital, economia por meio de compras coletivas, ideias de novos produtos e serviços, e opções para obtenção de capital para crescimento, assim como exposição ante potenciais investidores. www.pacpme.com.br

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www.locaweb.com.br/produtos/criador-de-sites-mobile.html

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ba nh o de lo j a

Por que

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corremos tanto?

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Percebo no meu dia a dia profissional que as pessoas (e as empresas) correm muito e algumas vezes sem saber direito para onde ir e, o pior, acabam chegando atrasadas e gastando mais dinheiro no percurso. Exemplificando melhor o descrito acima, o processo de expansão de uma empresa tem metas de tempo, custo, demarcação de território, entre outras, entretanto, nem sempre tem o planejamento necessário dessas ações. É comum as pessoas marcarem datas de inauguração que elas mesmas sabem que são inviáveis somente para “botar pressão”, sob a justificativa de que “assim as coisas andam”. Por que não trocar a “pressão” pelo “planejamento”? Seria bem mais eficiente. Se as empresas se planejassem mais, haveria menos correria e mais ganhos no final, tanto em qualidade como em custo. Saber o que se deseja com o processo de expansão é o primeiro passo. Desde quem procura os terrenos ou edifícios que serão transformados em lojas, até quem comprará os produtos, treinará a equipe e todas as demais áreas da empresa necessitam ter clara a estratégia de trabalho, formar subcronogramas, quais áreas da empresa que alimentarão este cronograma geral da expansão, ou seja, quantas e quais lojas, em qual tempo e

com quais recursos. Dia desses tive acesso a um estudo de uma construtora, atuante em nosso mercado, que mediu o impacto da falsa noção de eficiência gerada pela tomada de decisões em obra sem o devido planejamento e conclusão de projetos. Ficou demonstrado claramente, por meio de gráficos, que os meses iniciais gastos com planejamento e detalhamento dos projetos (aquele momento que gera agonia nos mais ansiosos, no qual parece que nada está acontecendo) servem justamente para conseguir construir com mais exatidão, com menor custo, mais rapidez e melhor resultado. Entendo que as agonias de uma empresa se confundem com a somatória das agonias do grupo de decisão, que tem o poder de mudar ou não o comportamento da empresa. A síndrome da pressa comum nas pessoas encontra paralelo nas empresas e, assim como nos humanos, nas empresas também pode desencadear outras doenças. Um processo de expansão de uma empresa, conduzido sobre a síndrome da pressa, pode gerar uma doença financeira irreversível. Abrir lojas é uma empreitada que movimenta toda a empresa, como um corpo humano. De que adianta correr se a musculatura das pernas não está preparada? Por que correr um dia

Por Kátia Bello

Kátia Bello é arquiteta especialista em comunicação estratégica de varejo e sócia-diretora da Opus Design (katia@opusdesign.com.br)

É comum as pessoas marcarem datas de inauguração que elas mesmas sabem que são inviáveis somente para “botar pressão”, sob a justificativa de que “assim as coisas andam”. Por que não trocar a “pressão” pelo “planejamento”? Seria bem mais eficiente. e ficar com o joelho doendo por uma semana? Parece um exemplo simplório, mas já vi muitos “joelhos doendo” em empresas que fizeram lojas sem um projeto detalhado e ações coordenadas. Correr é possível e desejado. Quem tem sucesso em maratonas sabe o grau de planejamento e disciplina necessários para isso. Corramos todos para ter mais lojas, mas que essas sejam projetadas por profissionais competentes, tenham mais qualidade e a um custo total menor!


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empree nded o r is mo já . c o m

EXEMPLO

O primeiro dia

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de trabalho deveria ser um espelho para todos os outros

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Se existe algo que marca nossas carreiras é sempre o primeiro dia de trabalho numa empresa. De modo geral, o comportamento das pessoas nesse que é o primeiro encontro com o novo ambiente e novas pessoas se caracteriza como um dia muito diferente dos dias vividos no cotidiano. Vamos começar pelo dia anterior, quando a ansiedade toma conta de nossas emoções. Uma série de conjecturas nos invade, criando uma imensidão de cenários: como será o ambiente? Como serão as pessoas? Será que meu chefe é legal como me pareceu na entrevista? Será que a cobrança vai ser grande? Será que vou causar uma boa imagem? Um monte de “serás” paira sobre nossa cabeça, além de uma atenção especial para a escolha de roupa, o jeito do cabelo, a demonstração de segurança com o sorriso no rosto, a autoconfiança, a predisposição… e a pontualidade do despertador. Tudo preparado para o grande dia: o amanhã. E quando ele chega, surge a grande chance de fazer dele a grande oportunidade da nossa vida: um dia especial, de apresentação a novos colegas, sorriso constante e um ar de interrogação; acomodação no espaço que nos foi destinado; aproximação com o departamento; troca de ideias para as primeiras percepções; entre outras atividades que marcam esse momento. Normalmente utilizamos tudo o que temos de melhor, seja no aspecto físico, seja no técnico, seja no neurolinguístico. Procuramos inconscientemente esconder

todas as nossas deficiências e nossas incapacidades, imaginando que conseguiremos enganar todos por muitos e muitos anos. Infelizmente, somos transparentes, e nossas características reais serão conhecidas, quer aceitemos, quer não… Não conseguimos manter nossa aparência do primeiro dia quando colocamos para fora tudo o que temos de melhor, inclusive nossa paciência e nossa bondade. Na verdade, deveríamos congelar esses momentos e replicá-los todos os dias de nossas vidas, pois, com o passar do tempo, deixamos de lado tudo aquilo que nos fez ser uma pessoa melhor: deixamos de nos arrumar tanto; deixamos de ser detalhistas; deixamos de ser solícitos e despretensiosos, deixamos de ser compreensivos e prestativos, deixamos de ser sorridentes e facilitadores; deixamos de nos importar tanto com o que as pessoas acham do nosso comportamento; deixamos nossas deficiências e incapacidades aflorarem; perdemos o entusiasmo; perdemos a vontade; perdemos o ânimo; perdemos a compaixão e, claro, perdemos uma grande oportunidade na vida, que é a de sermos todos os dias um grande ser humano como conseguimos ser no primeiro dia de nosso trabalho em algum lugar. Mas não só! Seja em 10, 15 ou até mesmo 20 anos de empresa, precisamos

por Marcelo Ponzoni

Publicitário e diretor-executivo da agência Rae,MP, que atua há 24 anos no mercado; e autor do livro Eu só queria uma mesa, da Editora Saraiva. (11) 5070-1294 ☺– marcelo@raemp.com.br www.raemp.com.br

procurar não apenas ser o que fomos no primeiro dia, mas sermos mais do que fomos anteriormente. Precisamos procurar ser melhores como pessoa e com as pessoas. Precisamos cuidar da nossa imagem e gerar uma percepção cada vez mais positiva. Precisamos estar mais entusiasmados e motivados, ainda que o desafio de hoje seja maior do que o de ontem. Precisamos transmitir mais firmeza e mais autoconfiança. Precisamos ser mais generosos, mais prestativos. Precisamos servir mais do que querer mais servidão. Precisamos aprender a aceitar nossas falhas e fraquezas, trabalhando para repará-las. Se mantivermos esse princípio sempre em mente, os frutos não decepcionarão: na verdade, surpreenderão os resultados. Fazer do primeiro dia o espelho de todos os outros deve ser o lema!

Na verdade, deveríamos congelar esses momentos e replicá-los todos os dias de nossas vidas, pois, com o passar do tempo, deixamos de lado tudo aquilo que nos fez ser uma pessoa melhor



leitu ra

Caminho das pedras Autor revela os passos, trilhados por ele mesmo, para se tornar um empreendedor de sucesso Gastão Reis é dono de uma rica trajetória profissional. Acumula passagens pela área acadêmica, como professor, e no setor público, com atuações na Eletrobras e no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mas é de sua experiência no meio empresarial, como diretor-financeiro e sócio-fundador de empresas como a Unifort Indústria e Comércio de Fogões, que ele retira os ensinamentos para compor Revele-se empreendedor – Os segredos de quem faz acontecer. A obra, que trabalha as dez características comportamentais que dão estrutura à personalidade do empreendedor de modo direto e prático, é resultado de quase 10 anos de publicação do “Smart30 – O boletim do empreendedor”, iniciado após participação no seminário Empretec. O livro, que ainda apresenta o que deve se esperar no dia a dia de um empresário, traz recomendações preciosas para quem deseja empreender e também para quem já abriu suas empresa e precisa corrigir o rumo.

Os 10 comportamentos empreendedores: 1. Iniciativa 2. Persistência 3. Busca de informações 4. Riscos calculados 5. Cumprimento de metas 6. Planejamento 7. Qualidade e eficiência 8. Comprometimento 9. Independência e autoconfiança 10. Persuasão

Revele-se empreendedor – Os segredos de quem faz acontecer Gastão Reis – Linotipo Digital Editora

“Sucesso é o último elo de uma sequência de fracassos”

Muito além do merchan! Lançado pela editora Campus/Elsevier, o livro Muito além do merchan! é o ponto de partida para qualquer pessoa que queira desenvolver seu lado criativo com efetividade e queira conhecer um pouco mais deste momento histórico de transformação do marketing e da comunicação. Numa leitura

esclarecedora, este livro conceitua e explica, com exemplos, o que é a ferramenta product placement, diferenciando-a e esclarecendo como ela se difere do “merchan”, ação publicitária que no Brasil ficou conhecida como anúncio de produtos em programas de entretenimento.

A construção do mito Mário Palmério Antes de publicar Vila dos Confins e Chapadão do Bugre – obras seminais da literatura brasileira –, Mário Palmério já era considerado um mito no interior de Minas Gerais. Contrariando as expectativas em uma região atormentada por diversas crises, o jovem e ambicioso professor assumiu riscos, tornou-se um empresário bem-sucedido e aprendeu a manipular os símbolos mais preciosos de sua sociedade. Mário foi um empreendedor no setor de educação, em plenos anos 1940, em um período onde eram raras as escolas públicas de segundo grau.

Aos 24 anos ele criou um curso de madureza (uma espécie de supletivo) em um cômodo da casa do pai. Foi investindo e criou um curso primário, um secundário, um curso científico e, em 1947, aos 31 anos de idade, fundou uma faculdade de Odontologia, que deu origem à Universidade de Uberaba, em atividade ainda hoje. André Azevedo da Fonseca Editora Unesp

Raul de Santa Helena e Antônio Jorge Alaby Pinheiro – Editora Campus/Elsevier


Na linha do

Opi ni ã o

por Paulo Fontenele*

As cidades brasileiras já começaram a oferecer uma infraestrutura mais moderna e densa para facilitar a vida de seus moradores; os investimentos em trens, metrô, ônibus e outros meios (como os monotrilhos) se multiplicam, em parte pelas exigências da Fifa para eventos esportivos de 2013 e 2014, em parte em razão da pressão dos eleitores, que miram em problemas locais para escolher seus governantes. E assim o cenário brasileiro vai se transformando nesse grande canteiro de obras que o leva à modernidade. Os problemas são muitos, herança de sua própria história, mas a verdade é que os horizontes são promissores e os investidores se sentem mais seguros e confortáveis para acreditar nesse futuro brasileiro. Ainda há um longo caminho a percorrer até que a qualidade de vida atinja um nível desejável, principalmente nas maiores cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro. Mas vale ressaltar as boas notícias que alicerçam essa crença, a começar pelo programa de investimentos em infraestrutura anunciado pelo governo em agosto. Serão aplicados R$ 133 bilhões em nove trechos de rodovias e 12 trechos de ferrovias para reduzir o custo de logística no País; ou seja, o plano prevê a construção de 7,5 mil quilômetros de rodovias e 10 mil quilômetros de ferrovias. Deverão ser aplicados R$ 75 bilhões em cinco anos e R$ 53,5 bilhões em 20 a 25 anos. O programa acelera as concessões e reforça o investimento privado em infraestrutura. Nas ferrovias, o programa traz como novidade a quebra do monopólio no uso das estradas de ferro e mecanismos

que estimulam a redução de tarifas. O governo federal será responsável pela contratação, construção, manutenção e operação da ferrovia. Haverá separação entre o responsável pela infraestrutura física e o usuário e a criação de um novo player, o operador. Além de avançar na infraestrutura básica, para a redução do Custo Brasil no transporte de carga, o programa do governo resgata para os brasileiros a perspectiva da volta do trem de passageiros, praticamente banido em favor das rodovias. E não falamos aqui do trem-bala, que é outra frente aberta pelo governo, mas daquele trem que percorria as linhas de ferro de nosso interior com toda a sua poesia. Agora dotado da mais alta tecnologia e embalado em muita beleza e funcionalidade, como os veículos sobre trilhos que circulam pelas cidades da Europa para desafogar o trânsito. Se lá funciona, aqui também pode funcionar, especialmente no transporte intermunicipal. Para implantar esse programa de infraestrutura, o governo criou a Empresa de Planejamento e Logística (EPL) e seu presidente, Bernardo Figueiredo, enche o setor de otimismo ao afirmar: “A primeira coisa que se precisa para ter trens de passageiro é uma ferrovia, onde os trens possam circular. O que estamos construindo agora é essa base ferroviária, e estamos adotando um modelo que permite que a gente volte com o transporte de passageiros”. O novo modelo de concessão estabelece que as empresas que construirão as ferrovias não poderão estabelecer limites para circulação de trens de passageiro, que será livre. A ferrovia será aberta a qualquer tipo de trem que queira comprar o direito de circular nela.

Governo lança pela primeira vez em décadas um programa de investimentos em logística em que a ferrovia prevalece sobre a rodovia: o trem fica com 70% do total a ser investido

Enfim, o governo lança pela primeira vez em décadas um programa de investimentos em logística em que a ferrovia prevalece sobre a rodovia: o trem fica com 70% do total a ser investido e o caminhão com pouco mais de 30%. O governo acena com infraestrutura maior, mais moderna, conjugada a um sistema de logística eficiente em todos os setores, como portos, aeroportos e ferrovias. Há problemas a enfrentar em todos eles, claro, pois foram muitas décadas de abandono. Para citar um exemplo: no Brasil, dois terços de toda a carga trafegam pelas rodovias. Nos Estados Unidos, só 38%. As ferrovias respondem por 19,5% da carga transportada no Brasil; nos Estados Unidos, este índice é de 28,7%. A rede ferroviária brasileira, de 29 mil quilômetros, é hoje menor do que foi há 90 anos. Empresas de commodities dizem que há urgência nessas obras. Numa pesquisa feita pela Fundação Dom Cabral junto a 126 empresas que geram mais de um quarto do PIB brasileiro, a principal sugestão para a redução do custo do frete é a construção de mais ferrovias. Os economistas têm dificuldades para quantificar o impacto da infraestrutura precária sobre a economia, mas concordam que as limitações na rede de transportes e a saturação dos portos impedem a economia de crescer de modo consistente acima de 4% ao ano, taxa necessária para que o Brasil alcançasse o status de nação desenvolvida. Mas, pelo andar da carruagem e diante de todas as iniciativas tomadas recentemente, é bom que os brasileiros mantenham o foco e o otimismo. O rumo tomado é o da modernidade e solução de problemas. (*) Paulo Fontenele é presidente da CAF Brasil, subsidiária da Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles, uma das maiores fabricantes de trens de passageiros do mundo.

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trem moderno

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pens e g r a nd e

empresário rico e feliz

Adeus empreendedorismo velho, feliz novo

empreendedorismo Vou confessar uma coisa: depois de 17 anos de profissão como consultor empresarial, continuo me perguntando por que a maioria das empresas por conta própria não prospera e não se torna rica? Por que o Brasil é o 12º país mais empreendedor do mundo e, no entanto, é o 101º em distribuição de renda? Por que isso acontece? Tem alguma coisa errada com o nosso empreendedorismo. Como pesquisador deste tema quero aproveitar este final de 2012 e compartilhar com os leitores uma síntese dos resultados a que cheguei. A maioria dos heroicos empre-

endedores brasileiros entende do empreendimento, sabe trabalhar, mas não sabe ganhar dinheiro. Isso é fruto da prática de um empreendedorismo ultrapassado. Empresários modernos, que vão além do espírito trabalhador, que vão além do espírito técnico e se tornam empresários com espírito investidor, aprendem a entender de empresas e aprendem a ganhar dinheiro. Apropriam-se de um novo empreendedorismo. Contribuindo para você dar adeus ao empreendedorismo velho e começar 2013 com um novo empreendedorismo, mostrarei no quadro a seguir a diferença entre um e outro.

Adeus empreendedorismo velho

Feliz novo empreendedorismo

Empresário tem espírito trabalhador/técnico Empresário tem como intenção prévia (objetivo) sobreviver Age como trabalhador (autoemprego) Atua como dono absoluto, que não precisa prestar contas de suas ações para ninguém Tem como foco o operacional da empresa, concentrando-se no “como fazer” Pensa pequeno – não tem ambição Não para de correr no dia a dia Não monitora os resultados Nunca tem tempo para nada

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Quer fazer tudo sozinho Quer fazer tudo sozinho Atua em mercado estagnado, ou declinante ou de baixo crescimento

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As respostas às perguntas iniciais na verdade estão antes do ato de empreender. Estão na crença de mitos de um empreendedorismo velho e ultrapassado. Para se tornar um empresário rico e feliz recomendamos em 2013 a adesão para este novo empreendedorismo. É isso aí. Agora é com você. Pense grande, haja como presidente. Feliz Natal e um rico 2013!

Por Joel Fernandes

Autor, entre outros, do livro “Os segredos do Método do Presidente” e do site www.metododopresidente.com.br

Empresário tem espírito investidor Empresário tem como intenção prévia (objetivo) a prosperidade até o limite da riqueza Age como investidor Atua como presidente de grandes empresas, que tem que prestar contas de suas ações para os investidores É preciso uma única responsabilidade, da qual derivam todas as outras, que é saber montar e manter uma operação lucrativa Pensa grande – a essência de seu olhar é transformar sua pequena numa rica e grande empresa Pensa diferente: tem a percepção radical de que ficar rico é bom Faz reuniões semanais como fazem presidentes de empresas Faz reuniões mensais de governança corporativa intencional – com um conselho de investidores, constituído por eles próprios Cria ilhas de tempo para pensar o negócio e para se capacitar Busca apoio de seu escritório de contabilidade e de consultorias Cria parcerias que tragam vantagens (mercadológicas, financeiras, tecnológicas...)

Vou confessar uma coisa: depois de 17 anos de profissão como consultor empresarial, continuo me perguntando por que o Brasil é o 12º país mais empreendedor do mundo e, no entanto, é o 101º em distribuição de renda?


megafone

Marketing

Trabalhe a imagem da empresa e desperte o interesse dos investidores na sua marca! seu negócio. Esse é um momento muito difícil para o empreendedor porque é complicado separar a razão da emoção. O melhor a fazer é procurar uma consultoria financeira para ajudar a definir a mecânica de cálculo do valor da empresa e todos os relatórios importantes para avaliação de um possível investidor interessado. Não contrate empresa de um parente ou amigo! Profissionalismo e credibilidade do especialista são sempre importantes. Na maioria das vezes sofremos problemas em nossas relações. É melhor fazer uma concorrência entre empresas sérias de consultoria, não enxergar o valor do serviço como custo mas como investimento e, por fim, “arregaçar as mangas”, pois o trabalho só tende a aumentar nos próximos dias para formação dos relatórios. Passada a etapa da consultoria, que demanda muito tempo e atenção, chega o momento do processo de elaboração de relatórios, que é muito doloroso, pois muitas vezes o empresário se vê de frente com realidades – boas ou ruins – do seu negócio, e que não tinha sequer conhecimento. Por mais que todos os processos e o administrativo da empresa estejam na ponta do lápis, sempre descobrimos novidades e nessa hora precisamos ser racionais e maduros para lidar com as novas informações. Mas após essa fase burocrática o empreendedor se torna mais amadurecido e preparado para sentar com investidores e ver seu sonho se tornar maior! É importante nesse momento contar com a assessoria financeira e jurídica para juntos refletir se está sendo feito um negócio de “ganha-ganha”! Muitas vezes consideramos que o negócio é excelente, mas estamos na verdade perdendo. Uma

por Rodrigo Geammal

Fundador e diretor-executivo da Elos Cross Marketing – agência brasileira pioneira no marketing de resultados de vendas, que tem o esporte e o entretenimento como conteúdo estratégico. rodrigo@eloscrossmarketing.com.br

www.eloscrossmarketing.com.br (11) 3432-2028

opinião de duas ou mais pessoas é sempre importante para melhor reflexão. E, para concluir, outro ponto importante nesse momento de bifurcação é avaliar se todas as variáveis na negociação estão equilibradas para a realização do seu interesse ou do seu sonho. Coloque na balança e pense de forma mais racional do que emocional! Investidor é muito bom, mas não se esqueça que além de um novo sócio você ganhou outro chefe, que vai lhe cobrar resultados e novas atitudes. O empreendedor precisa estar preparado para este novo universo! Nessa hora as pessoas desanimam e quando negociam com investidores internacionais com culturas diferentes as decepções são ainda maiores.

Aposte no marketing da companhia e acelere as oportunidades de atrair os holofotes para sua marca!

empreendedor | dezembro 2012

Nos dias de hoje, ser empreendedor exige muita dedicação, criatividade, emoção e, principalmente, excelência na entrega do seu produto ou serviço. Não adianta investir na decoração das instalações da empresa, nas iniciativas de recursos humanos ou em marketing se a entrega do produto ou serviço oferecido apresenta deficiência! A alma do negócio está no pós-venda! O empresário precisa focar toda a energia em ouvir o cliente sobre suas expectativas e desejos com seu produto e serviço. O melhor marketing do mundo é quando um cliente conversa com um amigo em comum e afirma que o produto utilizado tem excelente qualidade! Esse movimento aquece as vendas e gera receita para a empresa reinvestir, constantemente, na estrutura! Essa excelência no atendimento gera um fortalecimento da marca e, consequentemente, da imagem. É um movimento superinteressante, pois começa a ter musculatura para apostar, por exemplo, em um trabalho de assessoria de imprensa e iniciar divulgação das qualidades e diferenciais que oferece no mercado perante a concorrência. Mantendo esta eficiência na entrega e resultados, a empresa tem impacto também no faturamento, divulgação nos principais veículos de comunicação do seu setor e, principalmente, um aumento da base de clientes atendidos. Muitas empresas não reinvestem para manter o nível de qualidade de atendimento e sentem o efeito negativo do crescimento. Compartilho uma dica importante: é melhor permanecer pequeno e com um atendimento exemplar do que crescer sem uma política de manutenção. Mas com certeza neste momento aparecem os primeiros amigos ou conhecidos interessados em comprar ações da sua empresa. É justamente quando surge a primeira dificuldade, que é olhar para o seu departamento financeiro e organizar todas as informações para se calcular quanto vale 1% do

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ANÁLIS E ECONÔ MICA

A desaceleração da indústria nacional

empreendedor | dezembro 2012

Combate ao definhamento do setor tem se dado principalmente em duas frentes: diminuição da taxa de juros e desvalorização do Real

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O combate ao definhamento da indústria brasileira, atitude que parece ter se tornado o objetivo número 1 do presente governo Dilma Rousseff, tem se dado principalmente em duas tranches: a diminuição da taxa de juros e a desvalorização do Real. A primeira delas tem como objetivo fornecer às indústrias uma melhor condição financeira, na qual existirá um maior espaço para o investimento e desenvolvimento próprio. Com menores juros, poderão focar mais seus esforços no alcance de resultados operacionais, sem conviver com a habitual asfixia provocada pelas taxas abusivas antes cobradas no mercado financeiro. A segunda – taxa de câmbio – teria como objetivo dar competitividade internacional a esses produtos, incentivando ainda mais a produção industrial e exportação. Em sua última reunião, o Copom fixou a meta da Selic em 7,25%, mudança esta que o mercado acredita ter sido a última de uma série iniciada há não muito tempo – em agosto de 2011 –, quando a taxa se encontrava em 12,5%. O câmbio, ao que tudo indicava, seguia o mesmo caminho: o Real desvalorizou vertiginosamente nos últimos meses, fazendo com que o dólar voltasse a flutuar em torno dos R$ 2 e assim permanecesse por um tempo. No entanto, com as expectativas de mercado cada vez mais crentes de que o Banco Central não cederá em sua determinação de desvalorização, diversas consultorias e grupos de estudos passaram a recalcular suas taxas de equilíbrio para patamares ainda mais desvalorizados. Várias já dizem que a taxa esperada de longo prazo é R$ 2,30, enquanto o J.P. Morgan, por exemplo, afirma que o Real ainda está 19% supervalorizado, o que implicaria uma taxa de equilíbrio a R$ 2,45. O próprio discurso dos formuladores de política monetária já não consegue mais defender concisamente que a taxa de câmbio ainda é livre, pois na prática o que se vê é um sistema de bandas à mercê do desespero político por

taxas de crescimento de PIB mais robustas. Além disso, a ajuda que a mudança de cotação realmente trará à indústria como um todo é relativamente questionável; boa parte das indústrias utiliza insumos importados, que têm de ser pagos em dólar e, desta forma, terá sua estrutura de custos incrementada por tais medidas. No entanto, mesmo depois desses esforços, ainda se percebe um Brasil desacelerado e com a confiança empresarial abalada. Nosso país ainda conta com problemas “operacionais” como a falta de infraestrutura, transporte primariamente rodoviário (com custos altíssimos), portos defasados, impostos escorchantes, estrutura trabalhista burocrática, justiça corrupta, falta de gestão profissionalizada, etc. Sem a resolução desses fatores, uma taxa de câmbio vantajosa servirá apenas para manter em pseudofuncionamento indústrias que hoje são improdutivas e já deveriam ter sido naturalmente substituídas por outras pelo próprio sistema capitalista no qual vivemos. Não que o governo seja ignorante a esses fatores: em 2012 foi anunciado aumento de imposto a produtos importados, interferência no setor elétrico e incentivo fiscal a setores estratégicos. O problema é a atenção pequena dada a eles quando comparada ao foco em juro e câmbio. A taxa de juros no Brasil é, sim, muito alta, e deve ser combatida a todo custo. Mas a verdade é que nem sua redução, tampouco a desvalorização do câmbio, resolverão, por si só, a falta de competitividade nacional. Somente quando as autoridades resolverem enfrentar os reais problemas da indústria – que não são somente financeiros – é que poderemos ter a expectativa de um país crescendo de forma gradual e constante.

José Artur Silveira Teixeira – Leme Investimentos

A verdade é que nem a redução da taxa de juros, tampouco a desvalorização do câmbio, resolverão, por si só, a falta de competitividade nacional. Somente quando as autoridades resolverem enfrentar os reais problemas da indústria é que poderemos ter a expectativa de um país crescendo


Indicadores econômicos Carteira Teórica Ibovespa Ibovespa 100,000 Ação

Até 30 de novembro

Participação Tipo de Nome da ação Classe Bovespa Ativo

Participação Tipo de Nome da ação Classe Bovespa Ativo

All Amer Lat Ambev B2W Varejo BMF Bovespa Bradesco Bradespar Brasil Telec Brasil Braskem BRF Foods Brookfield CCR Rodovias Cemig Cesp Cielo Copel Cosan CPFL Energia Cyrela Realty Duratex Ecodiesel Eletrobras Eletrobras Eletropaulo Embraer Fibria Gafisa Gerdau Met Gerdau Gol Itausa ItauUnibanco JBS Klabin S/A

Light S/A Llx Log Lojas Americ Lojas Renner Marfrig MMX Miner MRV Natura OGX Petroleo P.Acucar-Cbd PDG Realt Petrobras Petrobras Redecard Rossi Resid Sabesp Santander BR Sid Nacional Souza Cruz Tam S/A Telemar N L Telemar Telemar Telesp Tim Part S/A Tim Part S/A Tim Part S/A Tran Paulist Ultrapar Usiminas Usiminas Vale Vale Vivo

1,104 0,979 0,701 3,902 3,130 0,993 0,390 2,726 0,596 1,341 0,622 0,802 1,134 0,685 1,539 0,598 0,784 0,441 1,866 0,589 1,311 0,890 0,743 0,530 0,755 1,498 1,648 0,660 2,574 1,211 2,315 4,015 0,934 0,404

Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação

Inflação (%) índice

Juros Crédito (%)

30 de novembro

IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe

ON 0,541 Ação ON 0,914 Ação PN 1,207 Ação ON 1,098 Ação ON 0,546 Ação ON 1,440 Ação ON 1,233 Ação ON 0,845 Ação ON 3,773 Ação PNA 0,808 Ação ON 2,745 Ação ON 2,206 Ação PN 8,517 Ação ON 1,283 Ação ON 1,163 Ação ON 0,352 Ação UNT N2 1,097 Ação ON 2,359 Ação ON 0,443 Ação PN 1,041 Ação PNA 0,225 Ação ON 0,268 Ação PN 0,923 Ação PN 0,155 Ação ON 0,125 Ação ON 0,170 9 PN 0,840 Ação PN 0,229 Ação PN 0,486 Ação ON 0,592 Ação PNA 2,462 Ação ON 2,925 Ação PNA 11,956 Ação PN 0,793 Ação

ano

-0,03 7,12 0,20* 7,35 0,46* 4,86 0,60* 4,22

índice

30/novembro 29/novembro

Desconto Factoring Hot Money Giro Pré (taxa mês)

(*) Os índices do IGP-M, IGP-DI, IPCA e IPC-Fipe do mês de Setembro de 2012 foram obtidos através de estimativas do Banco Central do Brasil, disponíveis na página oficial da instituição.

Juros/Aplicação (%) índice

ano

0,54 7,83 0,55 7,89 0,50 5,92 3,82 23,17

Indicador Imobiliário (%) índice

Câmbio até 30 de novembro

30 de novembro

CDI Selic Poupança Ouro BM&F

1,48 1,48 3,55 3,58 3,04 3,04 1,69 1,69

30 de novembro

TR 0,00

Dólar Comercial Ptax Euro Iene (US$ 1,00)

cotação R$ 2,1074 US$ 1,2999 $ 82,5200

Mercados Futuros até 3o de novembro

janeiro/2013

fevereiro/2013

Dólar R$ 2,097 R$ 2,155 Juros DI 7,11% 7,11% Contratos mais líquidos (30/11/2012) Ibovespa Futuro: 57.640

empreendedor | novembro 2012

ON PN ON ON PN PN PN ON PNA ON ON ON PN PNB ON PNB ON ON ON ON ON ON PNB PNB ON ON ON PN PN PN PN PN ON PN

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empreendedor | dezembro 2012


agenda

Workshop & Trade Show CVC 2013

Expo Center Norte São Paulo – SP

O Workshop & Trade Show CVC 2013 reúne anualmente 12 mil agentes de viagens em dois dias de evento, além de cerca de 700 expositores nacionais e internacionais, entre redes hoteleiras, resorts e hotéis, companhias aéreas, receptivos, secretarias de Turismo e outros fornecedores do turismo nacional e internacional, que estarão distribuídos entre os 20 mil metros quadrados do pavilhão. É neste evento que a CVC e seus parceiros apresentam novidades e tendências em produtos e serviços para as temporadas seguintes. Realizado há quase 20 anos, o evento já é bastante conhecido no segmento por parceiros que atuam tanto no Brasil como no exterior.

De 20/01/2013 a 25/01/2013

Feira da Gestante, Mamãe e Criança

Expo Center Norte São Paulo – SP feiradobebe@terra.com.br

Com 16 anos de realizações e mais de 130 edições, o evento apresenta os mais variados produtos nacionais e internacionais, desde a gestação até os sete anos. Serão cerca de 100 expositores com as grifes de roupas para gestantes e mais de 400 fabricantes da moda bebê e crianças.

De 22/01/2013 a 23/01/2013

Première Vision

empreendedor | dezembro 2012

Expo Center Norte São Paulo – SP www.premierebrasil.biz

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Desde 1973 o Première Vision inspira profissionais de moda de todo o mundo. Além de Paris, o salão é realizado em Nova York, Xangai, Pequim, Moscou e Brasil. Em São Paulo, o evento chega à sua sétima edição, reunindo representantes das principais marcas de moda em busca dos melhores fabricantes de fios, fibras, tecidos, malhas, acessórios, estúdios de design e bureaux de tendência, selecionados segundo os critérios de qualidade e criatividade Première Vision.

De 16/02/2013 a 24/02/2013

53ª Convenção Anual da International Franchise Association (IFA)

Foto Shutterstock

De 20/01/2013 a 21/01/2013

MGM Grand Hotel Las Vegas – EUA

A Convenção Anual da IFA é tradicional por apresentar empresários, franqueadores, especialistas em economia e estrategistas de negócios para transmitir aos participantes conhecimentos e insights relevantes, que contribuirão com o sucesso das redes de franquias e do seu próprio negócio.

De 7/03/2013 a 10/03/2013

Pet Show – Feira Internacional de Animais e Produtos Pet

Centro de Exposições Imigrantes São Paulo – SP www.feirapetshow.com.br

Os profissionais e apaixonados por pets vão conferir tudo o que há de mais moderno e novo em produtos e serviços especializados para animais de estimação na terceira edição da Pet Show, que novamente acontecerá no Centro de Exposições Imigrantes. Palestras, congressos, cursos, seminários e workshops serão destaque nesta nova edição, assim como novidades de roupas e acessórios, tecnologias em equipamentos para pet shops, brinquedos, medicamentos, alimentos com sabores exclusivos e participação ativa de ONGs e associações especializadas na defesa da vida e do bem-estar animal.

De 25/03/2013 a 27/03/2013

Feira Profissional de Alimentação e Hotelaria

Transamérica Expo Center São Paulo – SP www.fhwbrasil.com.br

Na última década, o Brasil passou a ser uma potência global, estando entre os cinco melhores mercados para investimentos globais. Como país-sede da Copa das Confederações em 2013, Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos em 2016, os setores de Hotelaria e Alimentação terão um aumento significativo em seus investimentos. Pensando nessas oportunidades, chega ao Brasil a Food Hospitality World – Feira Profis-

Encontro da moda De 13/01/2013 a 16/01/2013

São Paulo Prêt-à-Porter e Couromoda

Expo Center Norte São Paulo – SP www.saopaulopretaporter.com

Indústrias de confecções, acessórios e calçados e empresários do varejo de todo o País preparam-se para uma importante semana de negócios do setor de moda, quando serão apresentadas e comercializadas as coleções outono/inverno e meia estação de 3,5 mil marcas de confecções, acessórios e calçados. A São Paulo Prêt-à-Porter dará início ao novo ano de negócios com participação de 500 marcas de confecções e acessórios, apresentadas por indústrias nacionais e internacionais. Ao mesmo tempo, a Couromoda apresentará os lançamentos de 3 mil marcas de calçados femininos, masculinos e infantis, bolsas, artigos de viagem e acessórios, para atender todos os nichos de mercado, desde o segmento luxo até as faixas de largo consumo.

sional de Alimentação e Hospitalidade. A expectativa é que a primeira edição do evento ocupe um espaço expositivo de 8 mil metros quadrados, reunindo cerca de 200 expositores entre fabricantes, importadores e distribuidores de produtos para hotelaria e alimentação.


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empreendedor | dezembro 2012


Seja um franqueado da marca que há 10 anos cumpre o que promete. UPTIME – A inovação no ensino do Inglês

empreendedor | novembro 2012

Franquia 5 estrelas intitulada pela revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios (2007 a 2010)

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Chancelada por 7 anos consecutivos (2006 a 2012)

Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios

Geração de novas receitas durante todo o ano | Equipe comercial dinâmica e ativa (Marketing de Acesso) | Baixo investimento inicial | Rápida capitalização | Cessão de uso de software exclusivo de gestão de negócio | Novos alunos a qualquer dia do ano (matrículas 365 dias) | Suporte contínuo de todas as empresas do UPTIME Group | Menor prazo de retorno do mercado: 9 meses | Método inovador baseado em conhecimentos de neurolinguística e mnemônica | Conselho Nacional de Franqueados | Isenção da Taxa de Publicidade e material didático próprio | Modelo operacional diferenciado: salas de 1 a 8 alunos, aulas em horários 100% flexíveis e 100% de conversação.

Seja um franqueado UPTIME (31) 3218-2600 | www.uptime.com.br


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