Reverso 99

Page 1

Terreiros de candomblé terão programa de economia solidária (Pag. 5)

Cachoeira - Bahia Maio de 2016 Centro de Artes, Edição Humanidades e Letras Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

99

Motoristas reclamam do engarrafamento nas cabeceiras da ponte entre Cachoeira e São Félix (Veja na pág 4)

Trabalho social em Governador Mangabeira visa melhoria através do futebol (Pág 8)

C aminhadas Patrimoniais: Estão no roteiro do projeto: Praça da Aclamação, a Casa de Câmara e Cadeia, a Praça da Liberdade, o porto da cidade, Situação do Barbosão a Igreja Matriz de Nossa tira o Cruzeiro do Senhora do Rosário e Campeonato Baiano o Hansen Bahia. (Confira na pág. 12) (Pág. 9)

Produção de licor tem queda de 40% este ano

(Confira na pág. 2)

Centr o comercial popular pr etende r eorganizar algumas r uas em Feira de Santana

(Veja na pág. 6)


2

OPINIÃO

Carta ao leitor

O Recôncavo é um território rico, suas belezas naturais, cultura e economia são reconhecidas em toda a região, conseguindo se projetar para o âmbito nacional e internacional. O jornal Reverso tem buscado ao longo de suas edições oferecer a nossa comunidade notícias que retratam o dia a dia das pessoas, respeitando suas especificidades e valorizando a diversidade local. Na edição 99, reunimos para os nossos leitores notícias que mais uma vez traz a comunidade para as páginas do jornal. Agricultura, música, teatro, artes, fotografia e economia em Cachoeira, Governador Mangabeira, Cruz das Almas, Maragojipe e cidades próximas. Nessa edição vamos falar dos problemas enfrentados por quem transita na monumental Ponte D. Pedro II, os preparativos na produção de licores para o São João, agricultura familiar no povoado do Alecrim, e projetos esportivos e culturais que vem mudando a realidade de jovens em adultos. Leia, reconheça-se e opine. A sua participação é fundamental para o nosso crescimento. Dalila Brito

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo Reitor da UFRB Prof. Dr. Silvio Soglia Diretor do CAHL Prof. Dr. Jorge Cardoso Coordenação Editorial Prof. Dr. Robério Marcelo Ribeiro Prof. Dr. José Péricles Diniz Editores Prof. Dr. J. Péricles Diniz Dalila Brito Uanderson Lima Editoração Gráfica Prof. Dr. J. Péricles Diniz Karla Souza

CACHOEIRA | BAHIA Maio 2016

INEDITORIAL

Vivemos a era das aparências. Dos personagens criados por nós mesmos, feitos do que de melhor temos e até do que não temos. Personagens que não são fiéis a nós e nem nós a eles. Exageramos ao produzi-los e não damos conta de interpretá-los. Vivemos a era da vaidade. E o que é a vaidade se não a importância que damos ao modo como somos vistos pelos outros? Vaidade essa que não nos permite ficar fora de moda. Vivemos a era do Facebook, o palco espetacular do nosso eu mais vaidoso. Um mero recorte tendencioso e manipulado do que realmente somos. Ali, vendemos uma mercadoria: a nossa imagem. Enchemos nossos perfis com determinadas informações na tentativa de fazer daquilo o nosso reflexo e, às vezes, acreditamos nós mesmos que, daquele jeito, o somos, embora não sejamos nós mesmos os alvos.

ter a chance de esfaqueá-los”. Numa estratégia baixa de se dizer votar por “dEUs, suas famílias, seus eleitores, seus gatinhos e os gatinhos dos eleitores” para maquiar seu mau-caratismo e seu único e exclusivo objetivo de barrar investigações contra a corrupção, enxotaram sua presidente num ato desleal.

A revolução dos bichos, romance de George Orwell, fala de uma sociedade que tem como protagonistas, animais. Explorados por seres humanos numa fazenda, num determinado momento dão início a uma revolução e tomam-na para si. De início, a proposta era de uma sociedade igualitária onde “todos os bichos são iguais”. Os porcos lideraram a rebelião, pois eram os mais inteligentes. Havia todo tipo de animal na fazenda: cavalos, éguas, patos, galinhas, vacas, um jumento, cães, ovelhas. Um dos porcos, Napoleão, trai o seu camarada Bola de Neve, líder da revolução e dono das melhores intenções, ordenando que os cães, estes já treinados por ele, o expulsassem dali violenta e covardemente. Mas continua juntamente com os outros porcos mantendo a promessa de um mundo melhor. O que não acontece. Ele passa a explorar os animais

O desleixo político e a vaidade brasileira finalmente chegaram ao extremo. No fim das contas, “boa” parte do povo acabou por dar aval (e aplaudir) ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (não posso chamar de golpe porque a imparcialidade jornalística, algo tão respeitado pelos profissionais da área, não me permite. Mas que é golpe, é).

com trabalho excessivo e até mesmo violência, sempre os iludindo de que aquele é o caminho certo a se seguir. E por serem mais inteligentes que os demais, são eficazes quanto a isto. As ovelhas, personagens menos favorecidos quando se trata de inteligência, desempenham um papel importantíssimo neste livro: reproduzir discursos sem reflexão alguma. Fosse lá o que os porcos lhes mandassem espalhar por aí, isso era o que elas faziam. Cunha, Temer e a grande mídia são, aqui, a metáfora perfeita para os porcos. Até mesmo Dilma, pois afinal, temos um porco traído no decorrer dos acontecimentos. Vi nos deputados federais o que Roger Waters, cantor, compositor e baixista da banda inglesa Pink Floyd, viu nos cães de Orwell: “Você precisa ganhar a confiança daqueles que você mente, para quando eles virarem de costas, você

Há três distinções e uma semelhança entre as ovelhas de Orwell e as pessoas que se manifestaram a favor do “impeachment”: as primeiras ajudaram na sua manutenção, as segundas a instalá-lo; diferentemente das primeiras, as segundas conseguiram aprender a ler; ambas desempenharam papéis cruciais em suas sociedades através da reprodução de discursos sem reflexão alguma; no caso das segundas, não havia ordem direta para que o fizessem.

O brasileiro, ainda hoje, carrega o estigma de seu desinteresse por política e suas consequências e, de fato, há muito que se melhorar. Mas algo que também falha de maneira desastrosa na ilustre população tupiniquim é a sua capacidade de refletir. Sobre tudo. E, sobretudo, de reconhecer suas próprias limitações. Principalmente as intelectuais. Termino este texto como Orwell terminou seu romance. Referindo-me ao que Brasil assistiu no dia 17 de abril de 2016, salvo exceções de alguns deputados e deputadas, [palavra bonita pra “digo-lhes”]: “as criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já se tornara impossível distinguir quem era homem, quem era porco. Tarcilo Santana


CACHOEIRA | BAHIA Maio 2016

CIDADE 3

Produção de licor em Cachoeira tem queda de 40% este ano

forte produção de licor , os fabricantes vendem a maior parte das mercadorias para outras cidades. Salvador é o maior comprador, cerca de 50 a 60% das bebidas são enviadas para a capital, enquanto cada fabricante costuma vender cerca de 5% da sua produção em Cachoeira. Revenda Os revendedores locais também procuram formas de não repassar os preços das fábricas para os consumidores. Um novo método é vender mais copos de licor do que garrafas inteiras. Os valores continuam iguais ao ano passado, mas, dependendo das fábricas, haverá ou não uma alta dos preços em junho. A aposta dos donos de bares e restaurantes é o consumidor que vem de outras cidades. Segundo Francine Torres, funcionaria do mercadinho e lanchonete Preto Velho, os turistas compram bebidas com intuito de aproveitar as festas, sem se preocupar com os

Giovanna Ramos Fotos: Ariana Farias Conhecida como centro da produção de licor no Recôncavo, a cidade de Cachoeira já iniciou a produção desta bebida típica do São João nordestino desde julho do ano passado. Sendo a venda no atacado o alvo dos fabricantes da região, a produção começa antecipada para que possam ser comercializados em março, época em que os revendedores começam a procurar o produto. Devido a essa demanda, no primeiro semestre do ano começam as contratações dos empregados temporários nas fábricas de licor e, de acordo com a demanda da região, essas admissões se tornam mais frequentes. Porém, isso não está acontecendo esse ano, com uma queda de cerca de 40% na produção, segundo alguns produtores. Mais caros Para eles, a causa desse declínio seria a crise econômica do país, que torna os produtos mais caros que nos outros anos. Antônio da Silva Conceição, dono da fábrica Arraiá do Quiabo, afirmou que “as matérias primas estão cada vez mais caras, uma saca de amendoim custava R$180,00 ano passado e está custando

R$400,00 esse ano”. Para não repassar esses preços, a solução é procurar novos fornecedores. Antônio contou que começou a frequentar a feira municipal da cidade em busca de produtos mais baratos e que a sua preocupação é manter a qualidade do produto. Concorrência é outro fator que afeta a venda dos fabricantes da região. Com a

custos, diferente dos nativos da cidade, que costumam comprar licor o ano inteiro e percebemcom mais facilidade a diferença de valores , por isso, passam a consumir menos. Os consumidores sentiram o aumento dos preços, mas não planejam amenizar as compras de bebidas no São João. Maria da Conceição cultiva a tradição de comprar licor todo ano e afirmou que “continuo comprando a mesma quantidade que o ano passado, caso o acréscimo nos valores não passe de até R$3,00”. Ela disse que já se habituou com preços mais caros em diversos setores e não esperava que seria diferente com a compra e venda de licor desse ano.


4

CIDADE

CACHOEIRA | BAHIA Maio 2016

Trânsito segue problemático na Ponte Dom Pedro II

Motoristas reclamam do engarrafamento nas cabeceiras da ponte entre Cachoeira e São Félix Roberto Alves

Foto: Camilla Souza

Todos os dias dezenas de pessoas cruzam a ponte Dom Pedro II, que liga as cidades de Cachoeira e São Félix, mas os constantes congestionamentos, que diariamente acontecem de ambos os lados, têm incomodado os motoristas. Os responsáveis pelo ordenamento do trânsito no local asseguram que durante todos os dias da semana agentes ficam dos dois lados da ponte para organizar a passagem. Segundo eles, mesmo com o monitoramento, nos horários de tráfego intenso quando as escolas liberam os alunos, fica muito difícil de controlar o fluxo, principalmente no momento em que o trem passa. Travessia Quando o trem está carregado de combustível é preciso liberá-lo rápido para que possa atravessar a ponte e, com isso, muitos veículos acabam se acumulando em ambos os lados. Após a travessia da composição, libera-se primeiro a passagem dos veículos que estão em São Félix, para diminuir o congestionamento. Outro grupo que sofre com o problema do transito na ponte são os motoristas que fazem

As filas de automóveis à espera do momento em que serão liberados para a travessia costumam ser bem grandes nos horários de maior movimento e os agentes de trânsito de ambos os lados da ponte se esforçam para dar ordenamento à confusão que se instala. Os motoristas querem a construção de uma nova ponte entre Cachoeira e São Félix.

o transporte alternativo e que sempre precisam atravessar de um lado para o outro. Para quem faz o transporte alternativo de passageiros de Feira de Santana para São Félix, por exemplo, as reclamações sobre o transito são constantes. Mesmo com a ajuda dos agentes de trânsito, algumas vezes carros entram dos dois lados da ponte ao mesmo tempo e travam a passagem, sendo necessário acionar a polícia para resolver a situação. Paras eles, o pior horário para transitar na ponte é a partir das seis horas da manhã antes dos agentes chegarem, e à noite depois que encerram as atividades. Para os motoristas que passam pela ponte várias vezes ao dia, como é o caso dos taxistas, uma solução seria a construção de uma nova ponte, uma para os motoristas irem e outra para voltarem. Inaugurada em 1885, o monumento leva o nome do Imperador, presente na ocasião. Contatada, a Secretaria de Transportes de Cachoeira não encaminhou nenhuma resposta sobre o assunto até o fechamento desta edição.


CIDADE 5

CACHOEIRA | BAHIA Maio 2016

População também reclama da falta de iluminação e segurança Com a ponte mal iluminada, bandidos aproveitam para praticar assaltos, roubos e pequenos furtos Mirielly Senna Ligando as cidades de Cachoeira e São Felix, a ponte D. Pedro II é um dos principais pontos históricos da localidade. Com iluminações precárias e sem segurança alguma à noite, este cartão postal se torna cenário ideal para assaltantes. Segundo comerciantes e moradores da região que circulam pelo local, além da iluminação ser insuficiente, roubos e furtos acontecem com frequência, relógios, celulares e bolsas são os objetos mais cobiçados. Para os moradores que fazem o trajeto diaria-

mente, o medo e o perigo são constantes. O universitário Marcos da Mata relatou que nunca foi assaltado, mas que vários colegas frequentemente são surpreendidos por assaltantes e que a iluminação ajuda a criminalidade. Segundo ele, “a iluminação é péssima, nunca dá para saber direito o que tem lá na frente esperando a gente, é muito fácil ter alguém escondido, não dá para ver o rosto e muito perigoso! ”. Lamparina ecológica O chefe do setor de iluminação pública da Prefeitura de Cachoeira, Osmar Sena, explicou que a iluminação é baixa devido

às lamparinas ecológicas a vapor de sódio, que não atrai insetos e consomem pouca energia. Segundo o secretário de administração da Prefeitura de São Felix relatou que as lâmpadas foram recentemente substituídas por refletores e que existem quatro câmeras instaladas em pontos estratégicos na cidade, inclusive na entrada da ponte. O assessor do prefeito de Cachoeira, Cleber Brito, mas conhecido como Binho, esclareceu que existe um projeto que oferecerá mais destaque a ponte utilizando alguns refletores, além de substituir a as lâmpadas de vapor de sódio por metálicas.

Ação social estimula empreendedorismo afro-religioso

Cachoeira será sede do primeiro programa de economia solidária voltado para os terreiros de Candomblé Luana Miranda Frente aos impasses econômicos enfrentados no país, o cachoeirano Marcelino Gomes de Jesus, presidente da fundação Casa Paulo Dias Adorno, viu na economia solidária um novo mecanismo para driblar o desemprego na cidade de Cachoeira. O projeto, que incentiva a autogestão entre o povo de santo, oferece oficinas de costura e bijuterias para a comercialização. A proposta foi aprovada num edital do governo que disponibilizou um total de R$ 600 mil, durante a gestão do governador Jacques Wagner. Porém, houve alguns cortes no orçamento, o que dificultou a realização das atividades. Continuidade Marcelino afirmou querer dar continuidade à proposta, que está direcionada a oito terreiros de Candomblé de Cachoeira e conta com o apoio dos principais interessados. Além das oficinas e da construção de

uma loja para a venda dos produtos confeccionados, a criação de uma horta de subsistência é outra atividade ligada ao projeto. “Com os cortes no valor do projeto nós não temos a horta, nem temos a lojinha para escoar o material produzido. Vamos ter que encontrar meios de comercializar a mercadoria, seja nos terreiros ou na feira. Temos o apoio do Cesol, que cedeu o espaço para colocarmos alguns produtos à venda. Até tento uma parceria com a UFRB, mas não consigo”, disse. Oficinas As oficinas acontecerão na fundação Casa Paulo Dias Adorno e, devido às dificuldades de deslocamento de alguns instrutores, será aplicada também em alguns terreiros. A duração do projeto tem previsão para dois anos e estima-se que em 15 dias, após o início das ações, já se obtenha um número relevante de mercadorias prontas para comercializar. “A nossa preocupação é com o repasse

Marcelino Freitas, idealizador do projeto. Foto de Camilla Souza do dinheiro. Temos R$150 mil e o combinado foi o dobro. Se o governo não repassar o restante, ficará complicado dar continuidade as atividades”, concluiu.

Até o momento, Marcelino conta com mais de 100 máquinas industriais de costura , oferecidas pelo assessor de cultura da prefeitura de Cachoeira, estão guardadas numa igreja. Sem

data definida para a execução, ele acredita que com o apoio dos órgãos públicos local será mais fácil dar um pontapé nas tarefas e agilizar o processo de produção.


6

REGIÃO

Centro comercial popular pretende organizar algumas ruas em Feira de Santana

Mesmo com promessas de melhorias, alguns ambulantes e artesões rejeitam o projeto

A iniciativa pretende ordenar e abrigar o comércio ambulante e de produtos artesanais colocados à venda na cidade de Feira de Santana. Karla Souza Foto: Marcus Maia Com o objetivo de requalificar o comércio da cidade, a administração municipal de Feira de Santana anunciou a construção de um Centro Comercial Popular, através de uma Parceria Público Privado(PPP), que irá custar aproximadamente R$55 milhões. As manutenções serão no valor de R$15 milhões, em 10 anos. O espaço será construído em um terreno de 30 mil metros quadrado, com praças, estacionamento, escadas rolantes e lojas de prestação de serviços. Os ambulantes passarão por oficinas de capacitação para habilitar suas competências ao novo mercado. Um total de 1800 boxes serão construídos para abrigar os artesões, que poderão administrar até

dois boxes, um no shopping popular e outro na Galeria de Artesanato Municipal, espaço para aqueles que escolheram não ir para o shopping. No entanto, alguns não aspiram a mudança por razão dos impostos e detrimento da clientela. Audiências públicas O Secretário de Trabalho, Turismo e Desenvolvimento Econômico do município, Antônio Carlos Borges Júnior, disse que foram viabilizadas audiências públicas com feirantes, comerciantes e ambulantes, e com unanimidade o local escolhido foi o Centro de Abastecimento. Segundo ele, o projeto foi aceito pela sociedade civil e apoiado pelos sindicatos dos ambulantes e comércio. Durante a s obras, os artesãos serão abrigados na Rua Olimpo Vital. Segundo Antônio Junior, os comerciantes que rejeitaram o empreendi-

mento não são licenciados pela prefeitura e por isso não estão aptos à discussão. A vice-presidente do Sindicato dos Artesões de Feira de Santana, Lícia Maria Jorge, alegou que o espaço é uma cidade dentro da cidade, com vida própria, gerando renda para várias pessoas. E um patrimônio cultural reconhecido que precisa ser preservado, por isso se disse favorável à construção do empreendimento, entretanto, em outro recinto.

a instalação do shopping e acredita que trará mais clientes. O ambulante Rodrigo Silva, que trabalha na Rua Marechal Deodoro, disse optar pela edificação de boxes padronizados nas ruas. Ele crê na perda de fregueses com a mudança de endereço e receia o valor dos tributos. O comerciário Cícero Arcanjo acha que o novo endereço para os camelôs trará organização para todos. A comerciante Edna Bastos enfatizou que os vendedores não terão condições de pagar impostos como aluguel e taxa de condomínio. “Só irão pagar e fechar”, afirmou. “É um empreendimento que vai valorizar e organizar o comércio que antes era desorganizado na Sales Barbosa. Pela localização, creio que será um bom acesso para os clientes. No entanto, traz também malefícios que possivelmente podem ocorrer, como diminuir o fluxo de pessoas na Sales Barbosa, prejudicando assim os lojistas da região”, afirmou a consumidora Karine Santos. Sondagem Foi iniciado o processo de sondagem. O prazo de entrega será de doze meses após a apresentação do alvará de licença para construção. Feira de Santana tem como característica marcante o seu comércio. No entanto, em algumas das principais ruas, como Marechal Deodoro, Conselheiro Franco, Senhor dos Passos e Salles Barbosa, concentram-se camelôs, muitas vezes nas calçadas, congestionando o fluxo de pedestres e causando acidentes. Já as barracas servem como esconderijos para criminosos, tornando essas vias ainda mais perigosas.

Opiniões A artesã Idália Alves Antunes informou que não foi avisada sobre o local em que irá trabalhar durante as obras. Por sua vez, Bispo Nascimento, que produz fogareiros, teme não ter espaço para seus produtos no novo centro comercial. Já Francisvaldo Risso, comerciante da área de Acesse o Reverso Online cereais, afirmou que compreende como benéfica


CACHOEIRA | BAHIA Maio 2016

7

Revitalização de praças em Cruz das Almas gera polêmica entre os moradores Paula Pitanga Fotos: Leandro Queiroz Ao assumir a Prefeitura de Cruz das Almas em setembro de 2016, o prefeito Ednaldo Ribeiro deu início a um projeto de revitalização e reforma das praças na cidade, com o objetivo de inaugurar 25 praças durante o ano. Até agora, foram inauguradas cinco. Nas reformas, estão sendo implantados parques infantis, bancos novos e pisos ecológicos. Os novos espaços agradaram parte dos moradores, enquanto outros ficaram desconfiados em torno da intenção das obras. Dentre as inauguradas, a mais recente foi a Praça do Seleão. Localizada no bairro Cooplan Itapicuru, o local é palco de uma tradicional festa que acontece anualmente, após o São João, conhecida como Casamento do A praça foi nomeada em homenagem ao agronomo e senador baiano Landulfo Alves de Almeida. Seleão. A estudante de Nutrição, cia e o uso de drogas ao ar livre. Ela acredita que a revitalização Carolina Souza, é moradora do bairro e não costuma frequentar da praça irá proporcionar momentos de entrosamento entre as a praça, devido à falta de iluminação que contribuía para a violênfamílias, “a implantação do parque contribui para fortalecer os momentos de convivência entre os filhos e seus pais dando vida ao bairro”. Sobre preservação do lugar em bom estado, a estudante disse que falta consciência nos moradores e, com o tempo, o local vai ser danificado de alguma forma. Apesar de achar que a restauração trará benefícios para a comunidade, ela se mostra em resguarda e crê em segundas intenções do prefeito, já que este é A praca Seleao e divisa entre os bairros Coplan e Itacupuru. um ano de eleições. “Pra

mim, é um oportunismo barato, pois ele acredita que surtirá efeitos, se bem que isso poderá acontecer, pois o povo se contenta com pouco”, finalizou. Desejo Na sua página oficial, a prefeitura informa que o principal objetivo é a busca pela conservação do patrimônio público e que “este projeto de requalificação de todas as praças e parquinhos da cidade é uma necessidade e um desejo não somente meu, mas de toda a população. Iremos colocar nas praças o piso que é considerado o mais ecológico do mercado. Portanto não medirei esforços para fazer o melhor por nosso povo e deixar nossa cidade ainda mais bonita”. Na reforma da Praça Landulfo Alves, a parte arbórea foi mantida com a implantação de mais arvores no local. A estudante Gabriele Silveira, que reside no bairro da Suzana, próximo à praça, desde que nasceu, afirmou que a reforma é uma importante alternativa para reunir as pessoas que residem no bairro. Confia que após a reforma, os residentes passarão a frequentar mais vezes, devido à nova estrutura e a iluminação inserida. E finalizou dizendo que considera “um lugar novo para o lazer dos moradores, principalmente para as crianças”.


8

ESPORTES

CACHOEIRA | BAHIA Maio 2016

Ginásio contribui para a prática esportiva em Maragojipe A obra é do governo do estado, mas mantida pela prefeitura do município Cristiana de Menezes Foto: Rodrigo de Azevedo

Inaugurado no dia 19 de novembro de 2015, o ginásio poliesportivo José Antônio de Jesus Brito vem contribuindo para a prática de esportes na cidade. O espaço é aberto ao público para a pratica de basquete, vôlei, handebol e outras atividades esportivas. No local também funciona o projeto Amor ao Esporte, que beneficia cerca de 400 crianças e jovens de 6 a 16 anos de todo o município, com maior foco na sede Maragogipe. São oferecidas aulas de futsal, Karatê, boxe, capoeira e hapkido, luta de arte marcial coreana especializada em defesa pessoal, sua base é muito usada nos exércitos em todo o mundo.

Ronildo Sicopira da Silva, conhecido como Pida, diretor do centro e professor do futsal, destacou que o ginásio está contribuindo para todos na cidade e mais ainda para as crianças e jovens. Para manter-se no projeto é preciso estar matriculado em uma escola pública, ter boa frequência escolar e boas notas. Ele também falou da importância do Brasil em sediar as olimpíadas 2016, no Rio de Janeiro, assunto que se tornou tema das conversas com os seus alunos. Ele credita que sediar as olimpíadas pode fortalecer mais as práticas esportivas não só no município, mas em todo país, pela visibilidade e proximidade. David Kauâ, de 10 anos, aluno do Amor ao Esporte, onde participa das aulas de futsal, contou

Hapkido ensina tecnicas com socos, chutes e auto defesa com espadas e bastoes.

O ginasio se tornou um espaco para educacao, lazer e incentivo ao esporte. que sempre foi uma pessoa quieta e tímida, mas -feiras, para dar aulas de karatê. A turma con“o projeto fez me soltar mais, compartilhando ta com pouco mais de 80 alunos. Perguntado tardes com mais amigos”. David, também rela- sobre o motivo do karatê não fazer parte das tou que antes, ao sair da escola, passava as tardes jogando vídeogame ou assistindo desenho na tv. Agora, deixou isso um pouco mais de lado, até porque, mesmo não tendo aula de futsal, ele pode aparecer no ginásio. O professor Eduardo Antônio da Silva mora em Salvador e vai a Maragogipe às terças e quintas-

olimpíadas, disse que espera ver como uma modalidade olímpica o mais rápido possível e quem sabe na próxima olimpíadas, já que na do Rio, ainda não será possível.

Trabalho social em Governador Mangabeira visa melhoria através do futebol Noézia Teixeira Foto: Janaildes Brito

Um novo projeto social em prol de crianças e adolescentes vem ganhando força em Governador Mangabeira, a Escolinha de Futebol Meninos do Portão, do professor Anthony Ralph e do instrutor Jorgenilson Oliveira. O objetivo é levar jovens e crianças a praticarem atividades esportivas e incentivar o futebol como alternativa às drogas. Além de estimular a vida saudável, a atividade proporciona oportunidade à participação em eventos esportivos e campeonatos, contribuindo para o aumento da qualidade educacional e cultural e para a queda do índice de vulnerabilidade social, que afeta o Recôncavo. O trabalho social pretende ajudar jovens da comunidade local com idade entre 10 e 20 anos. As

atividades são realizadas nas segundas, quartas e sextas-feiras, no campo ou na quadra poliesportiva do bairro. Os turnos se dividem entre manhã, tarde e às vezes à noite, com cerca de 30 alunos. De acordo com seus responsáveis, não é apenas um treinamento, há conversas e conscientização, buscando usar o esporte como ferramenta de socialização. Dentro deste trabalho também é exigido dos alunos que estejam bem na escola e em casa. O professor requer dos garotos boas notas no colégio e bons comportamentos tanto em casa quanto na rua. Esse acompanhamento se dá por meio de conversas com os meninos e suas mães, bem como a averiguação das notas escolares. Os professores informaram que já se tem propostas de testes com as escolinhas oficiais dos

principais times baianos, Bahia e Vitória, além do Cruzeiro de Minas Gerais. Segundo eles, trata-se uma escolinha de futebol e a função da escola é ensinar. Ele também falou do patrocínio de algumas pessoas da cidade, que ajudaram doando os matérias necessários, como bolas, redes, coletes, cones, entre outros. Apesar do nome dado à escolinha, ela não se limita apenas aos meninos do bairro Portão. Segundo o instrutor Jorgenilson, “a escolinha está

de portas abertas para as demais comunidades da cidade, pois nosso intuito é educar e afastar essa juventude das ruas.” A divulgação tem sido feita pelos próprios alunos, comentando com colegas. Além disso, os titulares estão fazendo divulgação também nas escolas municipais e estaduais do município.


CACHOEIRA | BAHIA Maio 2016

ESPORTES 9

Situação do Barbosão tira o Cruzeiro do Campeonato Baiano

foi obrigado a declinar da participação, seja no Torneio Seletivo ou na Série B. O time admitiu A Federação Bahiana de Futebol divulgou uma que o estádio da sua cidade não reúne condições nota em seu site oficial, no último dia 2 de mar- e não será reformado a tempo de receber jogos ço, explicando em detalhes os critérios para a en- profissionais em 2016. Diego Azevedo Fotos: Rafael Cerqueira

a devida atenção dos governantes da cidade e sofreu com os desgastes provocados pelo tempo. É fácil notar as falhas na estrutura do local, que apresenta rachaduras tanto nas arquibancadas como na cobertura. Também tem problemas com a fiação exposta, gramado em péssimo estado e falta de iluminação e refletores, o que causa revolta em quem sente falta dos jogos oficiais no Barbosão, como é conhecido.

se. O campo está horrível. Uma pena pra o futebol de Cruz das Almas”, afirmou. Quem também recordou os momentos que passou no Barbosão foi o torcedor Carlos Nascimento, 56 anos. “Lembro com muita precisão que ir ao estádio já fazia parte da minha agenda e dos meus filhos, que eram crianças na época. Estávamos lá sempre que acontecia as partidas do Cruzeiro. Levava uma mochila com biscoitos, amendoim cozido e água para não precisar com-

A equipe do Cruzeiro deveria sediar os jogos da sére B do Baianão no Estádio Municipal de Cruz das Almas.

trada das agremiações na Série B do Campeonato Baiano de 2016, marcado para ter início em 3 de julho deste ano. Uma das exigências feitas pela FBF, não permite que os times joguem fora das suas cidades de origem. Por conta disso, o Cruzeiro de Cruz das Almas

Estrutura O Estádio Municipal Carmelito Barbosa Alves está localizado em Cruz das Almas e foi inaugurado em 1988 pelo próprio então prefeito Carmelito Barbosa Alves. Desde então, já foi palco O estádio apresenta problemas nas arquibancadas (abaixo), de má conservação (abaixo, ao lado) e no de partidas importantes. gramado (acima), além da falta de iluminação, que impede a realização de partidas à noite. No entanto, a praça esportiva deixou de receber prar nada e deixar os garotos sozinhos. Hoje, devido às condições do estádio, futebol profissional em Cruz das Almas só na lembrança. Não consigo entender como deixaram o Barbosão chegar a essa situação. É uma pena”, desabafou. A equipe do Jornal Reverso entrou em contato com a assessoria da Prefeitura Municipal e com a Recordações Secretaria de Esportes para buscar informações Cledio Ferreira Lima, apelidado como Pilão, foi sobre o que tem sido feito para melhorar as congoleiro do Cruzeiro de 1998 a 2003. Durante dições do Estádio Municipal Carmelito Barbosa os cinco anos que passou defendendo a equipe Alves e possíveis projetos de melhorias, porém cruzalmense, ele lembrou dos momentos mais os órgãos preferiram não falar sobre o assunto. importantes da sua carreira, como os jogos do título da segunda divisão contra Atlético de Alagoinhas em1998, a abertura do Campeonato Baiano enfrentando o Vitória em 1999. Outros destaques foram no ano 2000, quando venceu o Bahia e o Vitoria dentro de casa, bem como a partida contra o Serrano em 2003 que tirou o time do rebaixamento. Pilão revelou ainda Goleiro de muitas conquistas para o Cruzeiro, que sente tristeza ao ver o estádio dessa maneira. Pilão relembra os velhos tempos sob as traves “O abandono deixou que a grama se deterioras- que tão bem defendeu.


10 CULTURA Companhia leva teatro e improviso a Cruz das Almas CACHOEIRA | BAHIA Maio 2016

A turma do Falando Sério faz improviso com bom humor e satirizando fatos do cotidiano

Lucas Almeida Cada espetáculo parte de uma entrevista com a plateia, que dá origem a uma peça inteiramente improvisada, com início, meio e fim. Com os poucos dados que a pessoa escolhida na plateia fornece aos atores, além de uma trilha sonora composta no momento, o elenco cria uma narrativa própria que percorre as memórias do entrevistado. No final, o resultado é um espetáculo diversificado, que passeia por diversos personagens, épocas e lugares, a fim de contar a história de uma pessoa. O projeto surgiu através do atual diretor, Miguel Bury, que se reunia com os amigos do colégio

para criar uma apresentação para o dia do professor, ainda no ensino médio, em 2013. A partir daí, conta que houve uma aceitação positiva por parte dos amigos e professores, quando o grupo se consolidou e transformou-se em uma companhia de teatro. Satírico O nome Falando Sério tem um significado satírico, provocando a reflexão sobre o tema abordado. São 15 atores, dentre eles jovens e adolescentes que se reúnem duas vezes semanais para ensaiar todos com o mesmo objetivo em palco, que é levar alegria e descontração para o público presente. Além de não cobrar para se apresentar, o grupo

não recebe apoio da prefeitura nem de nenhum órgão público. “O nosso objetivo maior é levar a arte para as pessoas, na conjuntura atual as pessoas estão precisando de um pouco arte, sobretudo os nossos jovens precisam de alternativa para fazer em um sábado à noite”, disse Miguel.

Acabei me apaixonando pelo teatro e o humor”. Para Paulo Henrique, que já acompanhou algumas apresentações, é importante a participação dos jovens no desenvolvimento da cultura local. “Fico muito feliz em ver esses jovens se apresentando de forma tão profissional mesmo com pouco recurso, eles estão fazendo acontecer, eu Participação dou muita risada toda vez que assisto”, acrescenA integrante do grupo Maise Brandao disse tou. que, “é muito gostoso e divertido fazer parte do Falando Sério, sempre me interessei pela arte e Biblioteca Municipal conheci o teatro através da minha irmã Maria- O grupo se apresenta em escolas, eventos e atuna Brandao, que já fazia parte do grupo, porém almente na Biblioteca Pública Municipal Carmenunca havia me imaginado fazendo por causa da lito Barbosa Alves, na Rua 31 de Março, em Cruz minha timidez, até que surgiu o convite e, por das Almas, geralmente aos sábados, de forma livre e espontânea pressão da Mariana, eu aceitei. gratuita. A classificação indicativa é livre.

Acompanhe o grupo através das redes sociais: fb.com/ciateatralfalandosério instagram: ciateatralfalandoserio, website: cruzbahia.ix.com/falandoserio


CACHOEIRA | BAHIA Maio 2016

CULTURA

Festival construído de forma coletiva propõe inovações para a vida cultural no Recôncavo

coisas boas. Observando e aprendendo só temos a crescer”, comentou. O estudante Janderson Santos, frequentador do Transarte, ressaltou o quanto acha bonita a união e o engajamento dos realizadores: “é muito legal o esforço, o empenho deles em querer fazer que o evento aconteça”, disse, ao comentar sobre a organização do festival ser independente e coletiva. Janderson disse ainda que, apesar de sentir falta de uma identidade afirmada e de uma ideologia explícita, o festival é um bom espaço para ouvir rock e conhecer bandas que normalmente não têm tanta visibilidade.

Jessica BatistaS Foto: Natalia Figueiredo

Organizada pelo coletivo Quarentena, a quarta edição do festival Transarte aconteceu no Pouso da Palavra, em Cachoeira, no dia 30 de abril último, apresentando Os Jonsóns e Urbanuz, além das performances de Baga de Bagaceira e Andressa Costa. Formado por estudantes do Recôncavo, o evento teve a primeira edição em 23 de janeiro e chegou à sua quarta no dia 30 de abril, contando com atrações que agregam música, especialmente rock’n roll, poesia, feiras diversas e pinturas, com a proposta de sair de uma zona de conforto e construção de uma base para uma nova cena cultural. Para quem procura entretenimento, arte e música, além de um espaço para expor suas obras, o Transarte se propõe a ser um lugar de integração. Criado a partir de diálogos entre os integrantes do Coletivo que, enquanto artistas, sofrem com a ausência de apoio à classe, mas que a partir de então foram abraçados por outros colegas, simpatizantes, artistas plásticos e visuais, além da própria comunidade do Recôncavo da Bahia. Sem auxílios financeiros, o festival acontece gra-

11

Membros do Coletivo Quarentena, organizadores do Transarte tuitamente, com o apoio de seus participantes e espaços que trabalham a cultura no Recôncavo. A organizadora membro do coletivo Quarentena, Mariana Brandão, disse que o Transarte não é feito com fins lucrativos, mas que o autocusteamento faz parte dos objetivos deles, já que esse ponto é, segundo ela, uma das maiores dificuldades que o evento enfrenta.

Ao mesmo tempo, Mariana coloca o prazer de fazer parte de uma possível tradição: “poder crescer dentro daquilo que se ama é algo raro. Estamos na quarta edição e as progressões continuam. Desde o primeiro, viemos tendo experiências positivas tanto do público, quanto dos artistas que colam conosco. Isso gera boas relações. Boas relações se ampliam e geram mais

Edições anteriores O primeiro Transarte foi realizado no Pouso da Palavra, no dia 23 de janeiro, com a apresentação do monólogo Eu, cinco! do ator e diretor Miguel Bury e das atrações musicais Coletivo Desconstruindo Amélia, grupo Os Jonsóns, Banda Megadose e Banda Recôncavo Sativa. Já o segundo aconteceu em Cruz das Almas, na Praça da Bandeira no dia 20 de fevereiro, com as bandas Os Jonsóns, Exclusos, Astralplane e Urbanuz. No dia 19 de março, a cidade de Conceição do Almeida recebeu o terceiro Transarte e suas atrações foram Megadose, Esquizo’Frenética e Emille e os Cruéis.

Exposição fotográfica busca visibilidade para o Recôncavo Aline Ogasawara Foto: Catharina Arouca A mostra fotográfica Poéticas do Cotidiano, dos alunos do curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, está sendo exposta no Museu Parque do Saber Dival da Silva Pitombo, em Feira de Santana. A exposição teve início no dia 6 de abril se estendeu até o dia 30 do mesmo mês. Orientados pela professora e curadora Alene Lins, os 18 alunos fotografaram cenas que capturavam “Novos olhares sobre o dia a dia do recôncavo”. Acompanhando as obras, os fotógrafos produziram dois textos, um mostrando a realidade W que só o autor da foto tem acesso, com detalhes da produção, e uma segunda realidade exterior, onde são dadas indicações de interpretação ao

expectador. Ensaio

como artistas visuais. ao levar esse tipo de projeto para fora de CachoA exposição, ao trazer as duas realidades, tenta eira, dá uma visibilidade para a produção do Remostrar ao público que a universidade vem pro- côncavo, mostrando-o como uma fonte de culTrabalhando ao longo do semestre com ativida- duzindo um tipo de arte que induz ao pensamen- tura muito rica que vem sendo pouco explorada. des práticas e teóricas, os estudantes produziram to e à crítica. De acordo com os organizadores, um ensaio de onde foram selecionadas as fotografias a serem expostas. Segundo a professora Alene, a disciplina já foi iniciada com a proposta de exposição, o que incentivou os alunos a se esforçarem mais pelo projeto, gerando resultados ainda melhores. A importância de adquirir experiência ao participar da realização de uma exposição é um valor muito frisado pelos alunos e pela própria organizadora. Ao incluir esse tipo de atividade na graduação, os estudantes aprendem a lidar com as dificuldades que a produção de um evento traz, e dão o primeiro passo para a construção de suas carreiras Realizada por estudantes do curso de Artes Visuais da UFRB, a mostra fotográfica Poéticas do Cotidiano propõe uma maior visibilidade para a cultura no Recôncavo da Bahia.


CACHOEIRA | BAHIA Maio 2016

12

Caminhadas patrimoniais: projeto revive os passos da independência em Cachoeira Durante três meses, estudantes de escolas do município seguirão o roteiro de emancipação da Bahia

Camilla Souza Foto: Camilla Souza Percorrer os passos da luta pela liberdade. Esse é o objetivo do projeto Caminhadas Patrimoniais: Passos da Independência, lançado no dia 4 de abril em Cachoeira. Idealizado por Tamires Costa, mestranda em História da África e Jadson Santos, licenciado em História, é voltado para estudantes do ensino fundamental de escolas públicas e privadas. A ideia surgiu a partir da falta de referências aos processos pela Independência que aconteceram em Cachoeira, então uma vila rica pelo ciclo do açúcar, nos livros de História trabalhados nas escolas das redes pública e particular. A partir daí, através de um edital do Agitação Cultural, do Fundo de Cultura

do Governo do Estado, os idealizadores criaram as Caminhadas Patrimoniais, onde os estudantes podem conhecer a fundo a importância de cada um dos espaços que desempenharam um papel decisivo nas lutas de emancipação na Bahia.

tiva de fazer com que os meninos participem de atividades usando o que eles adquiriram um dia antes na caminhada e realizando atividades lúdicas”. Contação de histórias, rodas de conversa e oficinas de pintura são algumas delas.

Santíssimo Sacramento, participou junto com as turmas do 9º ano das caminhadas. Para ele, “em sala de aula é feito o esforço de compreender que a História é viva e que Cachoeira tem uma importância muito grande nesse sentido. O Caminhadas Patrimoniais acontecerá até o mês de junho. A meta é que, até lá, todas as escolas do município participem de forma integral. Em algumas delas, há a proposta de integração das atividades com o planejamento de avaliações.

Roteiro Estão no roteiro a casa número 23 da Praça Dr. Milton, a Praça da Aclamação, a Casa de Câmara e Cadeia, atual Casa do Legislativo, a Praça da Liberdade ou Teixeira de Freitas, o porto da cidade, a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário e o Hansen Bahia. Em cada um desses locais há um totem sinalizando os passos a serem percorridos. Além das caminhadas, oficinas relacionadas ao tema são realizadas no dia seguinte. Para Tamires Costa, “as oficinas entram na perspec-

Socialização O secretário de Educação de Cachoeira, Alexsandro Rocha, enfatizou a importância da parceria do projeto com a rede pública de ensino. “Indiscutivelmente, é uma metodologia muito acertada de socialização do conhecimento. O projeto vem ampliar nossos esforços trazendo para nossos estudantes e professores a possibilidade de um olhar mais orientado sobre a históAcesse o Reverso Online ria e memória do lugar”, afirmou. Alfredo Pinto, professor do Colégio


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.