Reverso edição 113

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REVISTA

ZASKI PARA

A

EDUCAÇÃO

Foto:Cíntia Falcão

CAMINHOS

Edição 113 Outubro de 2019

REPORTAGEM ESPECIAL: EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS Resistência e interculturalidade na escola indígena Xakriabá

Recomeço: a terceira idade na Universidade.

Projeto prepara jovens para o ENEM


Carta ao leitor

A revista Zaski Caminhos Para Educação é uma extensão do Jornal Reverso e produto laboratorial do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Zaski significa passos no dialeto akwē do povo Xakriabá e foi utilizada no título da nossa revista para representar o que mostramos nela: o caminho para uma educação diversa e inclusiva que possa chegar a todas as pessoas para que a atual realidade da nossa sociedade que hoje se apresenta preconceituosa e desigual seja mudada pela educação. Trazemos para vocês diferentes visões e exemplos de iniciativas que transformam o caminho da educação. Que nossa revista seja uma inspiração para você leitor, que busca uma mudança mas não sabe por onde começar: comece pela educação! Cíntia Falcão, editora-chefe . Reitor Fábio Josué Souza Diretor do CAHL Jorge Cardoso Filho Coordenador do curso de Jornalismo Robério Marcelo Ribeiro Orientador Péricles Diniz Bahia Editora-chefe Cíntia Falcão

Repórteres Cíntia Falcão Flávia Xakriabá Janaildes Brito Geise Ribeiro Jucira Fraga Luan Dias Fotografia Cíntia Falcão Jucira Fraga Marcelo Sant’Anna Célia Xakriabá Ilustração Ana Célia Coelho Diagramação Cíntia Falcão Edição de texto Cíntia Falcão Luan Dias


Sumário

4 Reportagem especial 5 Entrevista 8 Reportagem 9 Reportagem 11 Aspas 12 Reportagem

Inclusão do idoso na Universidade

Educação sexual nas escolas

Psicopedagoga fala sobre educação

Educação indígena

Curso preparatório para o Enem

Qual a importância da educação?


Reportagem

EDUCAÇÃO NA TERCEIRA IDADE : INCLUSÃO SOCIAL DOS IDOSOS NA UNIVERSIDADE ABERTA Jucira Fraga Com o envelhecimento da população brasileira cada vez mais rápida nas últimas décadas, surgem as Universidades Abertas, sendo uma oportunidade para inclusão de idosos na vida acadêmica, dando qualidade de vida e auxiliando nos aspectos sociais. Com essa possibilidade, a educação na terceira idade se torna um meio de empoderamento do idoso, com atividades intelectuais, físicas e sociais que promovem saúde e bemestar psicológico, diminuindo o sentimento de solidão, aumentando a alegria e adquirindo novos conhecimentos. Os idosos passam a ter uma vida ativa e participativa, com maiores oportunidades do exercício da cidadania, dando-lhes um novo sentido para a vida. A população está envelhecendo Segundo dados do IBGE 2010, o Brasil caminha para um perfil demográfico cada vez mais envelhecido. No país existem, 18,9 mil universitários que possuem entre 60 e 64 anos e mais 7,8 mil acima dos 65 em Instituições públicas e privadas, onde se tem a maioria feminina, alguns tendo como renda familiar a aposentadoria predominante de 1 a 4 salários mínimos. Os direitos adquiridos pelos idosos, na Constituição e no Estatuto do Idoso, permitem que eles tenham uma identidade própria, rompendo os

estereótipos, configurando que todo cidadão tem direitos e deveres e que o conhecimento é para todos, independente da classe social, ocupação ou idade. A sociedade tem um conceito de envelhecimento que é definido apenas pela idade da pessoa, e consideram pessoas idosas inválidas. mas alguns estudiosos do assunto como Melo em M.C. Ciência & Saúde Coletiva, dizem que a pessoa se torna inválida pelos efeitos que essa idade teria causado a seu organismo. Idosos na UFRB Embora exista no Brasil, políticas públicas que garantem o acesso à educação dos idosos, ainda, são poucas as ações que garantem o cumprimento desses direitos. Na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), temos um exemplo claro de pessoas da terceira idade que ingressaram no ensino superior, como Antônia Rocha. “Moro em Belém, distrito de Cachoeira, tenho 52 anos, estou cursando o 3º semestre de Museologia e estou gostando do curso. Meus colegas são maravilhosos, sempre me apoiaram, e pretendo continuar”, afirma a estudante que tem gostado da experiência de voltar a sala de aula. A egressa do curso de Serviço Social, Neuza Doria relatou um pouco da experiência durante a

graduação. “Tenho 52 anos, entrei na UFRB em 2012, cursei Serviço Social. Meus colegas me acolheram por ser a mais velha e não ter muito conhecimento de tecnologia. Durante a graduação não sofri preconceito, pelo contrário me senti abraçada.” Os relatos de pessoas que ingressaram na graduação na terceira idade prova que os outros estudantes acolhem as pessoas mais velhas, além disso, observa-se o desejo de ajudá-los e acaba sendo uma verdadeira troca de experiências, alcançando um dos objetivos da universidade.

Foto:Jucira Fraga

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Reportagem Especial Educação Sexual potencializa o combate aos crimes sexuais contra crianças e adolescentes Geise Ribeiro e Ana Célia Coelho

Foto:Geise Ribeiro

Um dos caminhos para prevenir e combater o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes é ofertar educação sexual nas escolas. Pois, muitas famílias não dialogam a questão da sexualidade dentro de casa e acabam terceirizando para as instituições educacionais. Além disso, a maioria dos abusos são praticados por parentes das vítimas, assim, a escola acaba sendo o local mais acolhedor para receber as denúncias. Em Cachoeira, foram registrados 22 casos de abuso sexual nos últimos dois anos. Diante disso,

a rede assistencial do município, em parceria com escolas, promove ações voltadas para a educação sexual, a fim de conscientizar a comunidade e combater este tipo de crime. A sexualidade é um dos temas mais frequentes dos produtos veiculados pela indústria do entretenimento, e reflete a moral de cada época. ‘’Já sei namorar, já sei beijar de língua’’, este verso dos Tribalistas é a realidade de muitos adolescentes, que começam a namorar cada vez mais cedo. O forte apelo sensual na TV, na

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moda etc... estimula a erotização precoce das crianças e adolescentes. Como contrabalancear com esta educação informal? Para a psicóloga Mary Neide Figueiró, autora do livro ‘’Educação sexual no dia a dia’’ (EDUEL, 2013), cabe aos pais e educadores a consciência de trabalhar com temas relacionados com a sexualidade, orientando para que a criança já possa crescer mais reflexiva e autoconfiante, reproduzindo menos estereótipos e preconceitos.


Reportagem especial ‘‘A educação sexual não se restringe ao ensino da biologia e fisiologia da sexualidade, ela ensina a pensar sobre todas as questões que envolvem o corpo e o relacionamento entre pessoas’’, afirmou. É importante compreender que abordar a sexualidade não é falar só sobre sexo e não estimula a sexualização precoce. Segundo a psicóloga Elizabeth Sanada, coordenadora do curso de psicopedagogia do I n s t i t u t o Singularidades, a educação sexual nas escolas contribui p a r a u m desenvolvimento das crianças baseado no autocuidado e na constituição de i n d i v í d u o s conscientes de seus corpos e é um dos caminhos para prevenir e combater o abuso sexual contra crianças e adolescentes. É muito comum por volta dos três anos a criança começar a perguntar questões relacionadas a sexualidade, a querer saber como nascem os bebês. Nesta fase, o ensino é voltado a propiciar o aprendizado das crianças, primeiramente, de como seu corpo funciona e não é uma incitação a sexualização dessas crianças. Muito ao contrário, é preventivo. Porque aquela criança que aprende a desenvolver o autocuidado, a

como diferenciar o que é o espaço do seu corpo e o espaço do corpo do outro, ela está mais protegida, em relação inclusive a poder perceber algum tipo de assédio, algum tipo de invasão dentro desse território, reforça a psicóloga. Para a professora Tiara Siury Matos, atuante no ensino fundamental II e médio, é importante os pais, educadores e líderes religiosos tentarem

somos preparados para abordar assuntos relacionados a sexualidade, pois o Estado não oferece cursos de capacitação nessa área. Mas tento fazer a minha parte, por exemplo: quando percebo que uma aluna bem novinha começou a namorar, procuro conversar com ela, orientando-a sobre os riscos de uma gravidez precoce, respeitando os limites para não s e r i n v a s i v o ’’ , r e l a t o u .

contrabalancear com a influência negativa da mídia sobre a sexualidade das crianças e adolescentes. Pois, mesmo que o adolescente já tenha iniciado sua vida sexual, precisa de orientações sobre questões relacionadas ao corpo. ‘’Durante a graduação estudei os temas transversais ética, saúde, orientação sexual etc..., mas não

Alexandra Lomba, mãe de dois adolescentes, concorda que a escola deve levar para a sala de aula reflexões e discussões sobre os diversos assuntos que a temática da sexualidade suscita nos jovens. E reconhece que há uma carência de educadores capacitados para trabalhar com este tema.

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Reportagem especial ‘’Falar sobre sexo, violência sexual é algo muito delicado e importante. Infelizmente a maioria das escolas não possui profissionais capacitados para tratar desse assunto com crianças e adolescentes. É necessária u m a e q u i p e multidisciplinar’’, afirmou. Segundo a secretária de Assistência Social de Cachoeira, Adriana Silva, a rede assistencial do município (Ministério Público, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Conselho Tutelar e demais órgãos que compõem a rede) promove ações de combate e enfrentamento ao abuso sexual contra menores, tais como: palestras, oficinas em ONG`s e escolas, campanhas de conscientização que envolvem a família e sociedade em geral. ‘’As ações são realizadas a partir da orientação familiar, com materiais apropriados, lúdicos e ilustrativos a respeito do tema, a fim de promover um diálogo bem explicado de que forma se proteger; diferenciar brincadeira de uma situação de risco; ter consciência do seu próprio corpo etc. Nossas ações envolvem também utilização dos m e i o s d e comunicação para chamar a atenção da

sociedade para o problema, além da divulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e de órgão de proteção a infância’’, explicou. Prevenir este tipo de violência é responsabilidade de todos. Não se pode depender apenas da educação sexual oferecida nas escolas. Pais, educadores, líderes religiosos e demais formadores de opinião devem ser capazes de falar sobre esses assuntos, a fim de proteger nossas crianças e combater este tipo de crime. Uma educação sexual integral deve incluir no debate temas como consentimento, direito sobre o corpo, normas socioculturais etc. Acolhimento às vítimas A assistente social Ana Márcia Santos, coordenadora do CREAS (Centro Especializado de Assistência Social), informou que o centro oferece acompanhamento coletivo com equipe multidisciplinar e individualizado com psicóloga para as vítimas de violência

física, psíquica e sexual, após denúncia no Conselho Tutelar ou CRAS de Cachoeira. É importante destacar a difereça entre CRAS e CREAS: o primeiro tem como objetivo prevenir que ocorra situação de risco social, fazendo isso através do desenvolvimento e monitoramento das famílias. Já o CREAS, apoia e orienta o indivíduo que já tem sua situação de risco comprovada. ‘’Também oferecemos trabalho preventivo em parceria com o CRAS, ONGs, entre outros, como: palestras, rodas de conversa, distribuições de materiais informativos nas e s c o l a s e c o m u n i d a d e s ’’ , destacou. Saiba como denunciar O Disque 100 é uma plataforma do Ministério dos Direitos Humanos que funciona diariamente, 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. As ligações podem ser feitas de todo o Brasil por meio de discagem gratuita, anônima, de qualquer terminal telefônico fixo ou celular, bastando discar 100. No caso de violência sexual ou suspeita de abusos contra crianças e adolescentes, o Conselho Tutelar do município também deve ser acionado para atendimento e proteção de meninos e meninas.


Entrevista Com a palavra, a psicopedagoga Geise Ribeiro A maior dificuldade encontrada até o momento ocorre nas diversas vezes que nos deparamos com pais que querem que venhamos trabalhar da maneira mais cômoda para eles e impedindo de seus filhos passar pelas fases de desenvolvimento, limitando a criança a um ser que não aprende . Sabemos que desde o nosso nascimento já aprendemos com nós mesmos e com o meio, então o desenvolvimento das funções executivas das habilidades precisam ser entendidas para serem potencializadas para o desenvolvimento humano.

A Psicopedagogia é a área do conhecimento que trabalha diretamente com as dificuldades relacionadas à aprendizagem. Cada vez mais as escolas estão incluindo um psicopedagogo no seu quadro de colaboradores. Não foi muito diferente para Aldmária Santana Bonfim Gestora/Coordenadora pedagógica da Escola Espaço Maravilha - Centro de Educação Infatil, da cidade de Cachoeira, que há dois anos vem atuando na área da psicopedagogia na instituição. Há quanto tempo trabalha na área da psicopedagogia? Eu sou pedagoga há mais de 10 anos como psicopedagoga atuo há pouco tempo: há quase dois anos.

Como enxerga a educação no país hoje? A educação através da escola tem um papel fundamental para transformação , quando ensinamos usamos a arte de ajudar o outro a descobrir.

Você considera importante a função do psicopedagogo escolar? Por quê? Sim, porque através do Psicopedagogo institucional pode-se mediar e auxiliar o Pedagogo dando suporte acerca das dificuldades encontradas na sala de aula em busca de soluções para melhor desempenho da aprendizagem. Qual o campo de atuação do psicopedagogo na Instituição Escolar? Atuar no auxílio de construção do conhecimento humano, como aprendemos e as causas das dificuldades no processo de aprendizagem. Na sua trajetória como psicopedagoga, qual foi o episódio de maior dificuldade de atuação profissional?

Foto:acervo pessoal

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Reportagem

Educação escolar indígena diferenciada: interculturalidade e descolonização do pensamento Flávia Xakriabá

Os povos indígenas têm direito a uma educação escolar específica, diferenciada, i n t e r c u l t u r a l , bilíngue/multilíngue e comunitária, conforme define a legislação nacional que fundamenta a Educação Escolar Indígena. A Constituição de 1988 resgata todos os direitos dos povos indígenas, junto ao Ministério da Educação (MEC),

publicando uma portaria para que as secretarias estaduais de educação criassem n ú c l e o s d e educação indígena. Em Minas Gerais vivem cerca de 11 povos diferentes, e s e g u n d o a Secretaria de Educação, em 2018, o Estado contava com aproximadamente 4.600 mil alunos Foto:Célia Xakriabá i n d í g e n a s d a s etnias: Kaxixó, Krenak, Maxakali, Pataxó, Xakriabá, Xukuru-Kariri e Mokurin. Minas tem 19 Escolas Estaduais Indígenas e duas turmas vinculadas a não indígenas. O governo, publicou no dia 22 de dezembro de 2018, no Diário Oficial, a Lei n° 23.177, que dispõe sobre a educação escolar indígena no Estado, o principal foco da nova

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Lei foi a criação da categoria Escolar indígena no âmbito do Sistema Estadual de Educação, para o atendimento educacional dos povos e das comunidades indígenas do Estado, de modo que garanta a utilização de suas línguas maternas e o desenvolvimento de projetos educacionais, práticas pedagógicas e processos próprios de aprendizagem, em todas as etapas e modalidades da educação básica. “A aprovação dessa Lei é resultado de uma luta dos povos indígenas de Minas e é muito positivo o fato de o Governo do Estado ter acolhido essa demanda por meio da Secretaria Estadual de Educação. Ela vem no sentido de garantir aos povos indígenas o direito à escola diferenciada, bilíngue e a uma educação que atenda aos contextos culturais de cada comunidade”, pontua a s u b s e c r e t á r i a d e Desenvolvimento da Educação Básica de Minas Gerais, Augusta Mendonça


Reportagem Segundo dados levantados por professores e professoras da Escola Estadual Indígena Xukurank – aldeia Barreiro Preto, Terra indígena Xakriabá, hoje se tem doze escolas estaduais. Antes da implementação do programa, as aulas estavam a cargo de educadores leigos e, em sua maioria, não – indígenas. E era uma situação precária, em termos de ensino. Para o diretor da Escola Estadual Indígena Siwamhâkwa, a implantação da categoria educação escolar indígena é importante para que a superintendência e a secretaria de educação reconheçam a realidade do povo Xakriabá, “Com a implantação da categoria, vamos começar a andar com nossas próprias pernas. A escola de fato será voltada para nossa realidade,

assim podemos preparar nossos alunos não só para viverem no território mas também para enfrentar e bater de frente com aquilo que vem de fora para retirar nossos direitos”, diz o professor e diretor indígena, Marcelo Corrêa. Desde a implantação da Lei, professores Xakriabá vêm trabalhando em salas de aulas assuntos voltados para as questões culturais e espirituais do povo ao qual pertence, como por exemplo, a língua materna. Para os alunos da Escola Estadual Indígena Xakurank, a educação diferenciada fez com que despertasse ainda mais o interesse na tradição do seu povo, e vê na escola indígena uma maneira de resgatar os costumes tradicionais: “Na Xukurank, temos aulas que ajudam bastante no fortalecimento cultural do povo,

Foto: Marcelo Sant’Anna

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temos aulas de práticas culturais onde aprendemos jogos, brincadeiras e músicas que são específicas do Xakriabá, temos também aulas no idioma Akwē, onde praticamos a língua materna, e aulas sobre direitos indígenas. E uma vez por mês vem alunos de outras escolas do território, onde trocamos conhecimentos, experiências e fazemos rituais”, é o que conta a aluna do segundo ano do ensino médio, Rayane Nchatarikã. Ainda com todos essas conquistas, a luta por uma educação específica é contínua, os desafios não acabam quando se aprova uma lei. Lideranças, professores e alunos indígenas Xakriabá andam lado a lado na luta por uma educação indígena diferenciada e coletiva.


Reportagem

Projeto prepara jovens para o ENEM gratuitamente Cíntia Falcão Ingressar em uma Universidade e cursar o ensino superior é o sonho de muitos jovens brasileiros. Segundo o artigo 205 da constituição, a educação é direito de todos e dever do Estado e da família, deve ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Apesar do direito a educação ser determinado por lei, essa está longe de ser a realidade de alguns jovens. Escolas sucateadas e a necessidade de cumprir outras tarefas, são alguns dos motivos que afastam os jovens das salas de aula. Segundo dados do IBGE de 2018, 23% dos jovens entre 15 a 29 anos não estudam e um dos principais motivos para essa interrupção nos estudos é a falta de interesse. Segundo o IBGE, 25,3% dos homens e 16% das mulheres entrevistadas, perderam o estímulo para estudar e entre eles a maioria não tem instrução ou tem o nível de escolaridade baixo. Atitude Na contramão desses entrevistados, encontramos os alunos do turno noturno do colégio Polivalente de São Gonçalo dos Campos que se inquietaram diante do despreparo para fazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio. Os estudantes tentavam estudar com o auxílio de textos e apostilas que eles pediam aos professores, até a pedagoga Silvana Machado, que é professora do colégio e trabalha na área da educação há 25 anos ter a ideia de criar o projeto “Poli na Trilha do ENEM”. O projeto nasceu

há três anos, da necessidade dos alunos do ensino médio em suprir a falta de um cursinho pré-vestibular na cidade para se prepararem para o ENEM e outros vestibulares e foi pensado inicialmente para alunos e exalunos do colégio Polivalente, mas diante da procura e necessidade as vagas remanescentes são abertas para pessoas que não têm ligação com o colégio. Todas as tardes de sábado, professores de cidades vizinhas como S a l v a d o r, F e i r a d e S a n t a n a e Conceição da Feira vão voluntariamente. “Além de darem aula sobre as disciplinas que a gente tem no ENEM, eles também contam um pouquinho da sua experiência de vida e profissional. Eles costumam vir ou para explicar alguns assuntos que mais caem no ENEM ou para discutir questões do ENEM e junto com as discussões fazerem suas explicações”, afirma Silvana que à frente do cursinho busca parcerias também com a prefeitura da cidade para que os conhecimentos sejam aplicados também fora da sala de aula em viagens a museus e alguns pontos turísticos na capital do estado. A bióloga Maria Emília, que já foi professora no colégio Polivalente, foi convidada a participar do projeto e a ministrar aulas levando aos alunos um pouco da sua vivência enquanto bióloga e revisando assuntos que costumam pautar questões no ENEM. “Percebo que, ao falar que sempre estudei em escola pública, incluindo a

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que eles estão agora, ficam com cara de espanto. Eu quero mostrar pra eles que são capazes de construir um futuro melhor. Também é uma forma de retribuir à sociedade parte do conhecimento adquirido através do ensino público. Essa contribuição me deixa muito feliz!!É muito válido”, afirma a bióloga e conclui “Vejo que existe esse tipo de projeto em muitos lugares e este, mostra que é possível em São Gonçalo também.” Além da sala de aula Para a estudante Laiane Cruz, o projeto é muito importante para contribuir no aprendizado e complementar os conteúdos dados nas aulas. Mesmo após parar de ir às aulas pra cuidar da filha, ela continua acompanhando os conteúdos disponibilizados na aula, em um grupo de WhatsApp administrado pela coordenadora do projeto. “O que o cursinho tá ensinando não é exatamente o que eu estou aprendendo no Colégio. O cursinho ajuda muito.”

Foto: Cíntia Falcão


Aspas

Qual a importância da educação? Por Luan Dias ‘‘Educação pra mim é a receita do sucesso. Em casa é o principal e serve para conquistar tudo na vida com os básicos: bom dia,boa tarde, boa noite noite, com licença e obrigado. A escola tem grande importância também pois educa para as conquistas profissionais. Então educação é um conjunto completo, uma real conquista" Jaiana Assis, 31 anos, dona de casa

‘‘A educação é a base de toda a formação. E não digo apenas acadêmica, mas de consciência em entender o mundo ao nosso redor, nossa sociedade e o nosso papel como indivíduos e como um cole vo.’’ Eduardo Bi encourt, jornalista, 26 anos

‘‘Para mim, a educação é importante para nós jovens, entrarmos no mercado de trabalho e não no mundo das drogas.’’ Marcello Henrique, 10 anos, estudante

‘‘Na minha opinião a educação é fundamental para o indivíduo, deaneira m a tornar

cidadãos crí cos, que sejam capazes de defender suas crenças, sem a educação não somos capazes de alcançar obje vos.’’ Rayamma Silva, 19, estudante

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