Reverso 90 4queer

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Jornal Laboratorial do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

n. 90 maio de 2015 Cachoeira, Bahia

COMUNICAÇÃO, GÊNERO E SEXUALIDADE

TRANSGENERIDADE: outras subjetividades possíveis

Coluna “Para fora do armário” Conservadorismo social e a visibilidade como posicionamento político

p. 10

FOTO: ARQUIVO PESSOAL FOTO: MARIANA ANDRADE

ENSAIO FOTOGRÁFICO DE YASMIM MARINHO, PG. 6

O conceito do ensaio fotográfico baseia-se no desejo de expor problematizações acerca das concepções de gênero, dispostas sob o paradigma de um pretendido binarismo, também heteronormativizador, que cumpre funções nas pretensões de organização social no contexto do Capitalismo: um ideal reprodutivista da organização social e da vivência dos corpos), em detrimento da liberdade de experienciação.

ENTREVISTA PING PONG Por que você decidiu abordar a questão de gênero na sala de aula? LIZ GUIMARÃES Algumas coisas na sala de aula me incomodavam muito: o fato da cor rosa ser usada apenas por meninas, as brincadeiras de correr e saltar serem atreladas aos meninos, quando uma criança era taxada de “viadinho” ou “sapata” por agir de forma diferente.

» entrevista, PG. 11

FOTO: MARIANA ANDRADE

FOTO: INTERNET

FOTO: MARIANA ANDRADE

DIREITO A IDENTIDADE

ASSÉDIO É CRIME!

UFRB REGULAMENTA O USO DO NOME SOCIAL

A MULHER NUNCA TEM CULPA!

UNIVERSIDADES Em 12 de março, ficou determinado que travestis, transexuais e transgêneros poderão exigir o uso do nome social em estabelecimentos e redes de ensino de todo país. A identificação por meio deste segundo nome adotado é uma forma de diminuir o constrangimento e a exposição de pessoas. A partir de uma resolução do Conselho Nacional de Combate á Discriminação e Promoções dos direitos LGBT, publicada no Diário Oficial da União, que estabeleceu regras para o registro e convivência em escolas de todos os níveis e modalidades.

Segundo A Pesquisa Mulheres Brasileiras nos Espaços Publico e Privado, realizada pela Fundação Perseu Abramo/ SESC, uma em cada cinco mulheres consideram já ter sofrido alguma vez algum tipo de violência por parte de algum homem, conhecido ou desconhecido e não reagiram. O

» reportagem, PG. 9

» reportagem, PG. 4

FOTO: MARIANA ANDRADE

Mulheres e trabalho Desigualdades entre homens e mulheres no mercado

jornal 4QUEER ouviu relatos de mulheres na cidade de Cachoeira, Bahia, que em determinados momentos de suas vidas, sofreram algum tipo de violência sexual.

MULHERES NEGRAS Caso mais preocupante ainda é o das mulheres negras que sofrem opressão não apenas por serem mulheres, mas também por causa do racismo. Essas mulheres geralmente ocupam empregos subalternos, não valorizados socialmente » reportagem, PG. 8


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EDITORIAL

4QUEER

Carxs leitoras e leitores, QUEER é um termo em inglês comumente utilizado de forma pejorativa no intuito de insultar homossexuais, uma possível tradução da palavra seria “estranho” ou ainda “ridículo”, “excêntrico”. Na teoria queer, o termo é subvertido na tentativa de positivar o seu sentido aplicado socialmente. Judith Butler, uma das precursoras da teoria afirma que embora a prática linguística se utilize do termo para depreciar indivíduos, “queer adquire todo o seu poder precisamente através da invocação reiterada que o relaciona com acusações, patologias e insultos”. Partindo do pressuposto de que as sexualidades e identidades

sexualidades não hegemônicas – lesbianidades, homossexualidades, bissexualidades e quaisquer outras variações possíveis de desejo e afeto -, bem com a pluralidade de identidades de gênero, cobertura de eventos cujo temas abordem gênero e sexualidade, entrevistas com pesquisadoras ou ativistas destes campos, dentre outras possibilidades, mapeando, de forma geral, as diferenças – que não equivalem à desigualdades – que constituem a pluralidade de Ser sujeito no mundo social.

REVERSO Jornal Laboratório O Reverso é o jornal laboratorial do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo do Centro de Artes, Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.

PÁGINA 3 Os feminismos e a categoria mulher Sarah Sanches

Entrevista

Helen de Souza

Coluna “Sobre machismo” Sarah Sanches

PÁGINA 4 Assédio é crime! Beatriz Medeiros

Rud Molore Perostin henibh ex elesto commy nostrud dolore euisi.

de gênero são múltiplas e que a heterossexualidade e a binaridade que cerceia os sujeitos entre homens e mulheres é apenas uma norma social opressora, as e os pesquisadores e ativistas objetivam descontruir o argumento de que a sexualidade é biologicamente imposta e que de que o gênero é definido pelos órgãos sexuais. Igualmente, o presente jornal visa à desconstrução teórica e imagética da heteronormatividade e do cissexismo e expõe as infinitas possibilidades de se relacionar consigo mesmx e com o mundo. Acreditando que a heterossexualidade compulsória e os discursos que a fomentam encontramse em todos os âmbitos sociais e culturais, e são, portanto, veiculados em todos os contextos midiáticos, dificultando a construção de conhecimentos, vínculos e identificações que se encontrem para além dela, o campo da comunicação social e, consequentemente, do jornal-

SUMÁRIO

PÁGINA 5 Diversidade Sexual nos diálogos familiares Mariana Andrade

I Mostra de Curtas Universitários LGBT Sarah Sanches REITOR DA UFRB: SILVIO SOGLIA DIRETORA DO CAHL: GEORGINA GONÇALVES

Sobre a problemática da denominação Sarah Sanches

PÁGINA 6 Transgeneridade: ensaio fotográfico Yasmim Marinho e Camila Maltez

PÁGINA 8 COORDENAÇÃO EDITORIAL: PROF. DR. Robério Marcelo Ribeiro PROF. DR. José Péricles Diniz

As mulheres no mercado de trabalho Jaqueline Santos

PÁGINA 9 UFRB aprova o uso do nome social EDIÇÃO E EDITORAÇÃO GRÁFICA: SARAH SANCHES

Rud Molore Perostin henibh ex elesto commy nostrud dolore euisi.

ismo torna-se um meio pelo qual a pluralização da sexualidade e de gênero possa ser propagada, possibilitando a emancipação intelectual e cultural da crença de que somos todxs homens e mulheres e heterossexuais. Assim, o jornal 4Queer se apresenta trazendo uma valiosa contribuição: des-construindo nossos conhecimentos sobre sexo, gênero e sexualidade. As matérias aqui publicadas serão em torno das

REPÓRTERES: ALAN ROCHA SUZARTE BEATRIZ MEDEIROS HELEN DE SOUZA JAQUELINE SANTOS MARIANA ANDRADE SARAH SANCHES YASMIM MARINHO COLABORAÇÃO: CAMILA MALTEZ

Alan Suzarte

PÁGINA 10 Homofobia

Helen de Souza

Coluna “Para fora do armário” Sarah Sanches

PÁGINA 11 Entrevista Ping Pong: Liz Guimarães Beatriz Medeiros e Jaqueline Santos


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MULHER NEGRA E O FEMINISMO

Os feminismos e a categoria mulher SARAH SANCHES O feminismo hegemônico – branco, heterossexual e classe média – não é capaz de dar conta da multiplicidade que define a categoria mulher e suas intersecções com demais lugares de pertencimento e opressão. Isso se deve ao apagamento das diferenças que as categorias de raça, classe e orientação sexual provocam entre as próprias mulheres. Assim, apesar de todas as mulheres compartilharem, invariavelmente, o lugar de oprimidas diante do machismo, algumas mulheres também ocupam lugares de privilégio diante de outras mulheres, o que faz com que não somente as experiências da opressão sexista sejam múltiplas, mas também com que mulheres possam ser sujeitas da opressão uma das outras. O feminismo negro, protagonizado por mulheres negras, surge colocando em pauta as diferenças existentes entre as próprias mulheres e a necessidade de se repensar o feminismo, colocando-o no lugar de enfrentamento de todas as opressões que alcançam as mulheres, inclusive aquelas que colocam mulheres – entre mulheres – em pé de desigualdade. No ensaio “Enegrecer o feminismo”, Sueli Carneiro aponta a incapacidade teórica e prática do feminismo hegemônico em dar conta das diferentes possibilidades de ser mulher em uma sociedade multirracial. Escurecendo os diferentes lugares – inscritos na realidade vivida e no imaginário social – das mulheres negras em relação as mulheres brancas, Carneiro aponta, entre outros aspectos, que enquanto o feminismo branco objetivava a retirada das mulheres do espaço doméstico para os espaços públicos e de trabalho, as mulheres negras estavam marcadas, historica-

mente, pela escravidão e serviços braçais, sendo relegadas aos empregos subalternos e ao lugar de objeto. Ocupando, inclusive, o papel de empregadas domésticas dessas mesmas mulheres que lutam pela emancipação do espaço doméstico. Por quais mulheres luta o feminismo hegemônico, portanto? A luta das feministas negras busca o enfrentamento de todas as formas de opressão, tendo como principal eixo articulador o racismo e como este reverbera

igualdade diante de indivíduos do seu próprio gênero: as mulheres brancas. A feminista negra Patricia Hill Collins (1990) define o pensamento feminista negro como um conjunto de experiências e ideias compartilhados pelas mulheres afro-americanas que possibilitam uma compreensão particular sobre a situação das mulheres, a sociedade e relações de poder, a partir das interpretações teóricas advindas da experiência que é ser mulher e negra em determinado contexto político, social, histórico e econômico. Collins aponta, assim, o lugar de fala enquanto ângulo particular da visão. Collins (1990) destaca três temas fundamentais que caracterizariam o feminismo negro: o legado de luta, a natureza interconectada das categorias de raça, gênero e classe e o combate aos estereótipos. O legado de luta refere-se à resistência, enfrentamento, afirmação e construção da memória coletiva, a partir desses processos de luta, que marcam a historicidade Patricia Hill Collins, feminista negra. (FOTO DA INTERNET) e o lugar das mulheres e dos homens negros em sociedades nas relações de gênero – entre homens e construídas pelos processos de colonizamulheres, e entre as próprias mulheres -, ção e escravidão. A intersecção entre raça, a partir da compreensão de que é o rac- gênero e classe diz de análises mais amplas ismo que determina as diferentes hierar- e complexas que objetivam a compreensão quizações de gênero nas sociedades mul- dos sujeitos femininos e seus lugares socitirraciais e pluriculturais, tal como são as ais – bem como a busca por lutas combatilatino-americanas. O enfrentamento das vas e eficazes – a partir dos diferentes eixos mulheres negras levanta não somente o de opressão que as caracterizam. O comcombate à supremacia masculina, como bate ao estereótipo diz da desconstrução também as desigualdades de classe – já do papel e da imagem da mulher negra que a escravidão e a libertação predatória construído pelo outro – principalmente, das e dos sujeitos escravizados provoca homens brancos – que reduzem, reificam também abismos nas condições econômi- e hipersexualizam a mulher negra, além cas entre negros e brancos -, mas também de apagá-la enquanto protagonista de sua na batalha contínua pela conquista de história.

ENTREVISTA HELEN DE SOUZA No Brasil, o feminismo negro começa a ganhar força na década de 80, quando começam a surgir os primeiros coletivos de mulheres negras, além de encontros estaduais e nacionais. Em entrevista ao Reverso 4Queer, a estudante de Políticas Culturais, Agnes Amaro, 20, conta um pouco sobre as pautas do movimento e as diferenças entre o feminismo negro e hegemônico:

“A mulher branca é simplesmente mulher, a mulher negra é negra antes de qualquer coisa”. 4Queer: As mulheres negras sofrem com anos de opressão por conta de seu gênero e raça, quais são as pautas reivindicadas pelo movimento a sociedade? Agnes: O feminismo negro luta pela mulher negra, que é mãe solteira, que mora na periferia, que enfrenta lutas

é reproduzido de maneira uniforme. diárias de opressão, e não somente ser assediada por um carro que passa (não O que é uma grande mentira. A mulher que isso seja pouco, mas a nossa luta é branca é simplesmente mulher, a mulher muito mais profunda que estética). A negra é negra antes de qualquer coisa. mulher negra não tem o privilégio de ser amada, de ser escolhida para constituir família. A maioria de nós é mãe solteira. Vivemos num mundo onde a mulher negra é usada como objeto sexual constante, hipersexualizada pela sua raça, além do seu gênero. O feminismo negro é diferente do feminismo branco porque simplesmente não vivemos as mesmas opressões. Não queremos igualdade, queremos respeito. Queremos que nos vejam além da nossa raça, porém sem apagar ela. A mulher negra traz consigo ancestralidade, luta e força. Queremos a mulher negra nas empresas, nas universidades. Queremos a mulher negra além do avental de empregada. 4Queer:As feministas brancas reconhecem as pautas das mulheres negras? Agnes: Muitas feministas brancas não reconhecem nossas pautas justamente por não terem a vivência e por acharem que machismo

Sobre machismo: relações lésbicas SARAH SANCHES Ainda que em relações lésbicas não haja a presença de um sujeito homem cisgênero¹ e sejam, geralmente, relações em que o exercício de poder encontra-se diluído, muitas das problemáticas e conflitos existentes não podem ignorar as marcas do machismo em suas análises. A nossa socialização enquanto mulheres em uma sociedade machista, e o ideal romântico - que em uma cultura heterocompulsória, é construído a partir das relações homem x mulher e todo processo de dominação que essas hegemonicamente exigem - constroem nas mulheres desejos, expectativas, lugares que nem sempre se encontram em uma relação lésbica - e que não deveriam ser encontradas em relação alguma. Falo aqui sobre lugares de dominação, e desejos e expectativas que dizem de tentar ocupar o lugar hegemônico das mulheres nas relações. “Vejo muitos casais, e eu mesma já vivi algumas relações lésbicas que se parecem com relações heterossexuais. A forma como o casal se relaciona, sabe? Uma das mulheres acaba fazendo o papel que seria do homem em uma relação hetero. Acho que é porque a maioria das relações que observamos enquanto crescemos é entre homens e mulheres” Caroline Malmim, 23, estudante de Contabilidade e bissexual. É preocupante o número de relações lésbicas que reproduzem os modelos heteronormativos - e os lugares de sofrimento que este provoca para ambas as mulheres que nela estão. Sem ignorar, por exemplo, o gozo da subversão de uma mulher que ocupa em uma relação o lugar de não dominada - ou que reproduz o lugar que os homens cisgêneros ocupam -. Mas sem ignorar também que essa subversão não é provocadora de transformação, não somente porque reproduz o modelo estrutural de relação da sociedade patriarcal, reafirmando o lugar esperado de uma dessas mulheres, mas porque também, em todos os outros espaços, ambas continuam a ocupar os mesmos lugares de opressão. É perturbante perceber o quanto o sexismo e a heteronormatividade atravessam as nossas relações - lésbicas, gays, ou quaisquer outras fora da norma -. Perceber quão perniciosa é a estrutura social em que nos construímos, e quão necessária é a nossa luta para romper com ela. Não basta apenas ocuparmos os lugares não normativos, precisamos nos emancipar de todas as normas que (n)os atravessam. ¹ Embora fale aqui especificamente de relações entre mulheres, existem homens trans* que se identificam sapatões e não desejam para si, ou suas relações, a designação da heterossexualidade.

AGNES AMARO Mulher negra universitária.

(FOTO: ARQUIVO PESSOAL)


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ASSÉDIO É CRIME! A CULPA NUNCA É DA MULHER!

BEATRIZ MEDEIROS

O ASSÉDIO SEXUAL é um dos crimes mais cometidos contra as mulheres, e possivelmente é ou será vivido por todas as mulheres. O assédio pode ser caracterizado por um comentário sexualmente indesejado, em diferentes ocasiões e cometido por homens que na maioria das vezes são estranhos, um toque não permitido, cantadas insistentes na tentativa de persuadir a mulher, entre outros. Quem já sofreu assédio garante que é uma situação repleta de constrangimento, desconforto, medo e até trauma. O JORNAL 4QUEER ouviu relatos de mulheres na cidade de Cachoeira, Bahia, que em determinados momentos de suas vidas, sofreram algum tipo de violência sexual, seja ela um assédio em forma de cantadas ou até tentativa de abuso sexuais. As histórias tem começos diferentes, mas com o final parecido: medo e revolta.

“ELOGIOS” DE RUA “Gostosa!”; “Ui, nunca peguei uma gordinha...”; “Oh, lá em casa...”; “Que bunda, ehm, mãe” são alguns dos tipos de comentários que a atendente de telemarketing Mariana Sara, 24, já foi obrigada a ouvir enquanto estava a caminho do trabalho. Ela contou que passando por uma obra, haviam dois rapazes do lado de fora, e de longe ela já percebia os olhares ofensivos e a reação da atendente foi seguir em frente, sem ter coragem nem de olhar para trás, porém com o sentimento de raiva e constrangimento. “Senti um desconforto, falta de respeito por parte deles, é como se eu fosse uma coisa. Não gosto desse tipo de abordagem.”

A culpabilização da roupa “Você viu a roupa que ela estava vestindo? Com aquelas pernas de fora, ela estava pedindo para ser cantada”.

Cultura machista As mulheres são vistas pela sociedade machista como corpos

As pessoas ainda consideram normal dizer o que é ou não adequado para as mulheres desconhecidas no espaço publico. Essa cultura de fazer convites constrangedores, dizer comentários inadequados, acompanhados de gestos e toques ao ver uma mulher passar na rua com roupas consideradas insinuantes - OU NÃO! - não dão o direito de dizer que as mulheres estão provocando esse tipo de agressão. As mulheres, assim como os homens, tem o direito de usufruir da liberdade de se vestir como desejar, sem que isso seja usado como pretexto para assédio ou abusos. Vestida com uma blusa de decotada e uma mini saia, para ir a uma festa, a estudante Cíntia Falcão, de 22 anos, recorda que vivenciou uma situação constrangedora dentro de um ônibus:

“Entrou uma rapaz, com mochila nas costas e ficou em pé na minha frente, o ônibus não estava cheio e tinha lugares para sentar, foi quando percebi que ele estava com a mão no bolso, olhando para o meu corpo e fazendo movimentos, como se estivesse acariciando as partes intima, minha reação foi puxar a saia e colocar as mãos na frente.” Ao ser questionada sobre a sua reação, a estudante relatou que se calou e nem gritou, pois teve medo do assediador tentar fazer algo contra ela. “É uma situação que dá medo, apesar de estar em um lugar publico, não sabia se as pessoas iriam me ajudar, caso eu gritasse, tive medo também dele marcar o ponto que desci e outra vez encontrar ele novamente e ele querer fazer alguma coisa.” UM SÃO JOÃO INESQUECIVEL

“Período de São João e os festejos ocorriam na praça, próximo a minha casa. Por ser perto, acreditei que não haveria riscos em voltar para casa sozinha, já que minhas amigas moravam em sentindo oposto. Segui... No caminho, não havia ninguém passando, quando percebi que tinha um carro me seguindo. Apressei o passo, quando três rapazes saíram do carro e um deles veio em minha direção, mandando eu entrar no carro. Tentei correr, mas vieram atrás de mim, foi quando um vizinho que ouviu algo estranho, resolveu sair na porta e então eu fui salva e eles correram...”. Esse fato ocorreu com a estudante Luana Souza, 20 anos, que ao relatar, contou que depois desse dia, só restou raiva e medo de andar sozinha à noite.

Para a estudante de Ciências Sociais, Láiza Mello, a violência sexual, parte do pressuposto machismo, que é o câncer maligno social, alimentado diariamente pelas estruturas que defende uma superioridade masculina de poder. Ela afirmou que a “violência contra as mulheres é muitas vezes maquiada pela própria estrutura, que deveria dar apoio a vitima e punição ao infrator, tende a oprimir a vitima.” Segundo A Pesquisa Mulheres Brasileiras nos Espaços Publico e Privado, realizada pela Fundação Perseu Abramo/SESC, uma em cada cinco mulheres consideram já ter sofrido alguma vez algum tipo de violência por parte de algum homem, conhecido ou desconhecido e não reagiram. Diante de 20 modalidades de violência citadas, no entanto, duas em cada cinco mulheres (40%) já teriam sofrido alguma, ao menos uma vez na vida, sobretudo algum tipo de controle ou cerceamento (24%), alguma violência psíquica ou verbal (23%), ou alguma ameaça ou violência física propriamente dita (24%). As mulheres ao serem abordadas, sentem incômodo e constrangimento, mas não reagem por medo e, com isso, carregam a responsabilidade de lidar com um problema que não causaram, embora saibam que são donas do seu próprio corpo e que podem circular livremente no espaço público sem sofrer qualquer tipo de violência, essa liberdade geralmente lhes é roubada por terceiros.

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER? 180 Central de Atendimento à mulher 190 Polícia Militar (75)3602-9215 Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) Feira de Santana

DENUNCIE!

Acessem o site da ONU Mulheres: Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres

http://www.onumulheres.org.br/


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DIVERSIDADE SEXUAL NOS DIÁLOGOS FAMILIARES O sexo permanece tabu entre mães, pais e filh@s MARIANA ANDRADE A família tradicional mantém, ainda que com alguns avanços, dificuldades nos diálogos sobre diversidade sexual dentro de casa. Geralmente, as e os jovens buscam e compartilham informações sobre o assunto com amig@s, na internet, nas redes sociais, sendo a família não muito representativa nesse aspecto. É no processo de descoberta de si, do prório corpo e do corpo dos outros sujeitos com quem mantém contato que as e os adolescentes descobrem seus desejos, afetos e preferências. A sociedade heteronormativa impõe a noção de que a heterossexualidade é a única sexualidade natural,

tornando a descoberta e o processo de aceitação e dálogo com os familiarares, algo trabalhoso e temeroso. Segundo Anne Ferreira, 18, ela não se sente a vontade em falar sobre sua vida afetiva e sexual com a mãe e o pai por estar inserida em uma família conservadora que carrega nos seus discursos e práticas preconceitos que a sociedade heterocompulsória constrói durante o processo de socialização das e dos sujeitos. “A informação é o que ajuda a combater o preconceito, hoje sou outra pessoa. Para mim o processo de descoberta da homos-

sexualidade do meu filho foi o começo da família e não o final dela. Antes de saber que ele é gay, pensava que ele estava envolvido com alguma coisa ruim, pois ele era muito fechado, quieto, calado, afastado da família. Um dia ele chegou em casa chorando, disse que estava com medo de me contar que gostava de meninos desde os dez anos de idade mas que não suportava mais a ideia de se esconder, fiquei assustada pois não sabia que passava a imagem de uma mãe incompreensiva e preconceituosa para ele” relatou Irene Oliveira, 42, dona de casa. Ela ainda contou que suspeita que o motivo da desconfiança do filho possa ter sido a falta de conversas sobre diversidade

sexual e a carência de discussões sobre o assunto nas escolas. “Tanto os pais quanto a escola devem estar atentos às mudanças que ocorrem com seus filhos e alunos durante a adolescência a fim de apoiá-los”, afirma Suely Andrade, mãe e estudante de Pedagogia. “Minha mãe ficou bastante chateada, quase fui expulsa de casa! Ela fala que não tem preconceito com os outros, mas não aceitou o fato de partir de suas filhas. É uma falta de respeito essas “regras” da sociedade que nos bloqueiam de ter a liberdade que pertence somente a nós mesmos” Anne Ferreira

I MOSTRA UNIVERSITÁRIA DE CURTAS LGBT

SOBRE A PROBLEMÁTICA DA DENOMINAÇÃO

SARAH SANCHES

SARAH SANCHES

A I Mostra Universitária de curtas LGBT irrompe no cenário do Centro de Não há reducionismo algum, nem manutenção de segregacionismo, Artes, Humanidades e Letras (CAHL) com a importância da representatividade em determinar produções - artísticas, acadêmicas, intelectuais - ou suas e das e dos sujeitos LGBTTT - lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transsexuais e seus produtores como LGBTTT. Não é prejuízo algum para as nossas agendas transgêneros - colocando na roda a necessidade de visibilizar a diversidade políticas nos posicionarmos como diferentes, de assumirmos o lugar que nos é sexual e debatê-la sob o recorte do cinema comtemporâneo. O cinema, como dado tomando a rédea das nossas representações. Apresentar o nosso lugar de outros meios de produção de bens simbólicos, exerce funções sociais como a fala - “é um filme gay”, “é uma atriz trans”, “é uma escritora lésbica”- diz não só da legitimação do imaginário social - seus estereótipos e recortes hegemônicos afirmação da nossa existência, de colocar as nossas subjetividades, vivências, da realidade social -, bem como construtor de novas possibilidades e olhares demandas em pauta, como também de nos colocar enquanto sujeitos de fala e para o mundo, seus sujeitos e relações. de produção de conhecimentos e saberes, não apenas sobre nós mesmas, mas Raí Brasil, graduando do curso de Cinema e Audiovisual da UFRB, idealtambém sobre quaisquer coisas. izador e organizador da Mostra, aponta que: As produções hegemônicas, que existem como produto“O projeto tem seu embrião lá no segundo ras e reprodutoras do status quo, se apresentam como se semestre, onde questionei uma professora seus discursos estivessem isentos de ideologias, de lugares sobre o porquê do cinema queer não ter de fala. É a ideologia dominante – cissexista, machista, lugar na matéria de cinema contemporâracista e lesbo/homo/transfóbica - que faz parecer que neo”. Com a inquietação, a inclinação sobre existe um lugar original, um sujeito natural - homem, a representatividade LGBT e pesquisas cisgênero, branco, heterossexual -, que não precisa se sobre esta a partir da ótica universitária, posicionar, não precisar afirmar ou colocar seu lugar de Raí realizou, um ano e meio depois, uma fala, seja para falar de si ou das/dos demais. curadoria de filmes produzidos em Univer sidades sobre a temática. Porque somos nós, todas e todos nós que escapamos A Mostra, que ocorreu nos dias 31 às normas e aos lugares de dominação, que somos Os de março e 01 de abril, no CAHL, contou Outres. com curtas selecionados - em uma cura doria realizada pelo próprio Raí com a Acredito que nossa finalidade, enquanto sujeitos políticolaboração de Ohana Almeida e Ricardo cos, não deve ser a de nos colocarmos como naturais - tão Sarachaga - produzidos em todo Brasil, uma naturais quanto os que estão dentro da norma -, mas sessão especial com o média Nova Dubai romper com a naturalidade/naturalização. Heterossexuais de Gustavo Vinagre, além de espaço para são tão “não naturais” quanto nós somos. Nós, cisgêneros, debate com o docente Sílvio Benevides, somos tão “não naturais” quanto trans* são. do curso de Ciências Sociais, e a docente “LGBTerrorismo na produção audiovisual contemporânea do Brasil. Porque discutir representatividade é discutir igualdade” Simone Brandão, do curso de Serviço Social, A diferença é que heterossexuais, assim como cisgêneros, que produzem pesquisas sobre gênero e não sentem, hegemonicamente, a necessidade de prob(descrição do evento na página do Facebook) sexualidade. O debate com tema “A reprelematizar as suas vivências, nem precisam reivindicar os sentação do LGBT, um olhar sob o cinema seus lugares. Nós, e todas e todos oprimides, PRECISAMOS. universitário”, contou com a mediação da também estudante de Cinema, Camila Dizer que existimos é uma necessidade. Não é só uma questão de Gregório. representatividade - que é muito! -, mas de protagonismo. A invisibilidade e “Esse contato foi importante pois nunca pensamos na mostra como algo silenciamento existem também quando são somente e/ou principalmente os fechado para o curso de Cinema, sempre quisemos agregar toda comunidade outros a falarem por nós e sobre nós. acadêmica e também da cidade. Tentamos contato, inclusive com a Secretaria de Educação do municipio” comentou Raí sobre a importância dos contatos Assim, não importa onde me apresente, que lugar ocupe, ou sobre o que protransdiciplinares e da inclusão da comunidade local no espaço universitário. duza ou fale: sou mulher, lésbica e feminista! Raí considera a Mostra um dos passos iniciais para sua busca de articulação do curso de Cinema da UFRB com os demais cursos de Cinema do país. Trazer para a Mostra curtas das cinco regiões do país é parte importante desse processo. O estudante pretende transformar o projeto em algo maior, futuramente, mas já planeja uma próxima edição da Mostra para o fim deste ano ou “Dizer que existimos é uma necessidade” para o mesmo período do ano que vem. Aguardemos!


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TRANSGENERIDADE

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YASMIM MARINHO E CAMILA MALTEZ

« Outras subjetividades possíveis O conceito do ensaio fotográfico baseia-se no desejo de expor problematizações acerca das concepções de gênero, dispostas sob o paradigma de um pretendido binarismo, também heteronormativizador, que cumpre funções nas pretensões de organização social no contexto do Capitalismo: um ideal reprodutivista da organização social e da vivência dos corpos), em detrimento da liberdade de experienciação. O ensaio busca expor um sujeitx em sua multiplicidade, exposta em linguagem, no corpo, e complexidade (de elementos, pertencimentos, percepções sobre si, no diálogo com o mundo). Sujeitx que, em sua construção, se diz para além dos simplórios estereótipos de gênero que só existem enquanto noções intuitivas, em um imaginário comum, construído historicamente - quando nos corpos, performances. Quiçá, norteadores, molduras para as experimentações, na busca pelo prazer, nos diálogos. Estereótipos aspirantes à domesticação dos

corpos. Corpo que é, por buscar, transgressor! Corpo veículo e integrante da construção subjetiva de alguém situado no mundo, ao mesmo em que, materialmente, situado em um lugar que é o seu, também situado por lugares que, conceitualmente, no jogo das representações, disseram ser seus. Sujeitx em busca de compreensão das dinâmicas do mundo. De situar-se de formas diferentes, até que descobrir que o movimento é uma constante, em tal processo. Sujeitx muito mais complexo, latente, pensante do que pregam e pretendem imprimir (em histórias!) simplórios estereótipos de gênero, hegemonicamente dispostos. Embora muitas e muito diferentes sejam as representações sociais, ainda assim, partem de uma categorização externa à vivência indizível e pretendem agrupar sujeitxs. Ou seja: criam performances para o

seu cumprimento. Não constroem coisas - que já são criadas a partir liberdade. de tal concepção binarista -, leituras sobre outras formas de vida, além Camila afirma que “mulher” e da humana e que, assim, constrói, “homem” são abstrações domes- norteia e se reimpõe, na medida ticadoras de corpos. Tem relação das coerções socais às vivências, afetiva saudável e prazerosa com o dissolvidas no cotidiano, sobre seu nome, que é lido, hegemonica- os nossos códigos de linguagem mente, como parte de um universo (que exprimem formas de pensar o criado e categorizado como “femi- mundo).” Camila fotografa por pronino”, mas diz que ele, o nome, em fissão e resposta à própria subjetiviseu processo de desenvolvimento dade, é amante do Cinema Marginal – e reconhecimento! – subjetivo e da música de improvisação, é New diz, sobretudo, sobre um lugar no Age, yogue, estudante de Ciências qual amparou o desenvolvimento Econômicas, artista multilinguagem deste processo. Diz: “se, ao mesmo inquietx, escritorx de inquietações, tempo em que se reconhece as con- buscadorx (de encontros e, com struções do “feminino” e do “mas- estes, de si...). Tem vinte anos e atuculino” e características atribuídas almente, constrói, em parceria com a um ideal circundante de cada a sua namorada, Rhanna Rosa, o estereótipo, a busca por um desven- projeto (com página no Facebook cilhamento completo e indiferente de mesmo nome): Almandarilha (à própria subjetividade) é nociva Fotografia. quanto o cumprimento não atento destes ideais. O problema está nas - “mulher” e  “homem” são concepções de mundo a partir da abstrações domesticadoras de polarização de gênero, que não está corpos somente para sujeitos, mas para Camila Maltez


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AS MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO Desigualdades no mercado JAQUELINE SANTOS No século XX, presenciamos um dos fatos mais marcantes na sociedade brasileira. A inserção das mulheres no campo do trabalho, fato este explicado pela combinação de fatores econômicos, culturais e sociais. Entretanto, quando se fala do mercado de trabalho, as diferenças de gênero são bastante evidentes. Conciliar a vida familiar com o trabalho é um dos maiores desafios. A dona de casa, Ednalva Batista relatou” Tenho um neto de dois anos, minha filha saí para trabalhar e deixa o filho comigo. É impossível cuidar dele e trabalhar fora, os empregos não oferecem oportunidades com flexibilidade de horários e são poucas as creches públicas com vagas disponíveis”. Apesar das mulheres terem ganhado espaço no mercado empregatício, ainda são muitas as desigualdades, já que a maioria dessas ocupações são nas áreas de serviço doméstico, costura informal, professoras, serviços pessoais e de beleza. Já à área de construção, manutenção de veículos e transportes, a presença feminina é minoria. A autônoma, Neuza Dórea relatou que trabalhou 13 anos como professora do ensino fundamental, mas teve que abandonar por conta da faculdade. “ Como estava desempregada, resolvi vender lanches para sobreviver. Já que não encontro outra oportunidade no mercado de trabalho, que não interfira na minha fac-

Números da desigualdade de gênero DADOS DE 2014

Entre as mulheres com 16 anos ou mais de idade que trabalham, 88% realizam trabalhos domésticos, enquanto entre os homens este percentual é de 46%; As mulheres tem uma jornada de trabalho média em afazeres domésticos mais do que o dobro da observada entre os homens (20,6 horas/semana); A jornada feminina semanal é de 56,4 horas, incluindo trabalho doméstico e trabalho formal, superior em quase 5 horas à masculina; À medida que o nível de escolaridade aumenta, a desigualdade de rendimentos por gênero se torna ainda maior. Aquelxs que tem até quatro anos de estudo, o rendimento-hora das mulheres equivalia a 81% do dos homens. Com 12 anos ou mais de estudo, essa relação é de 66%; A relação de desigualdade de rendimentos é maior nos trabalhos informais, onde elas recebem 65% do rendimento médio dos homens em 2013 FONTE: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA

Reginalda trabalha oito horas por dia e recebe baixa remuneração.

uldade, essa se torna minha única renda”, ressaltou. Segundo a pesquisa Estatísticas de Gênero 2014, as mulheres estão ganhando mais, mas ainda recebem 68% do que os homens ganham. Isso significa que, para

(FOTO: JAQUELINE SANTOS)

ganhar o mesmo que o brasileiro médio ao longo de um ano, a mulher teria de trabalhar o equivalente a 536 dias, cinco meses e meio a mais, só para pagar o preço da desigualdade.

Não são notáveis apenas as diferenças nas ocupações no mercado, mas também alguns preconceitos sofridos pelas mulheres, em relação ao cargo ocupado. “ Escolhi essa profissão pela falta de opção, por estar desempregada. No inicio foi difícil, pois os homens não estavam acostumados com mulheres no trânsito, até aprenderem a respeitar e me aceitar, demorou bastante”. Declarou a agente de trânsito de Cachoeira, Maria Nelma de Oliveira. Caso mais preocupante ainda é o das mulheres negras que sofrem opressão não apenas por serem mulheres, mas também por causa do racismo. Essas mulheres geralmente ocupam empregos subalternos, não valorizados socialmente, com menores remunerações e tem mais dificuldade de ocupar cargos de níveis elevados na sociedade, não somente pela negação histórica de acesso às Universidades, mas pelo critérios racistas e misóginos que determinam os espaços de privilégio para homens e para as e os brancos. A agente da limpeza pública, Reginalda Silva, trabalha há 25 anos. “ Trabalho de 6h as 17 horas, faço a limpeza nas ruas da cidade de Cachoeira, muitas vezes limpo sozinha um bairro com uma grande demanda. Ouço sempre alguns homens comentando que mulher não tem que estar na rua trabalhando, que isso é coisa de homem. Mas não ligo mais pra isso, sou mulher e também preciso trabalhar, ter minha renda”, concluiu. Lutar contra as desigualdades de gênero e raça é crucial para a conquista de espaço e igualdade no mercado de trabalho e na sociedade.   ,


NOME SOCIAL:

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UFRB APROVA USO DO NOME SOCIAL

DIREITO E RESPEITO À IDENTIDADE

ALAN SUZARTE

O reconhecimento da identidade é fundamental para as e os trans*

O NOME SOCIAL refere-se á forma pela qual as pessoas preferem ser chamadas e identificadas no meio social, a fim de evitar certos constrangimentos à medida em que o nome do registro civil não reflita na identidade. As e os estudantes trans* da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia ( UFRB) conquistaram o direito de utilizar os nomes sociais nos registros acadêmicos. Em12 de março, ficou determinado que transexuais, travestis e transgêneros poderão exigir o uso do nome social em estabelecimentos e redes de ensino de todo país. A partir de uma resolução do Conselho Nacional de Combate á Discriminação e Promoções dos direitos LGBT, publicada no Diário Oficial da União, que estabeleceu regras para o registro e convivência em escolas de todos os níveis e modalidades. A identificação por meio deste segundo nome adotado é uma forma de diminuir o constrangimento e a exposição de pessoas que tenham identidade de gênero diferente da apresentada nos documentos de identificação originais. Por meio dessa conquista ,fica garantido o uso do nome nos registros acadêmicos ou funcionais no âmbito da universidade como crachás, cartão de identificação, certificados e listas de presença.

I BAGA DE BAGACEIRA I A ESTUDANTE de jornalismo, Baga de Bagaceira do Centro de Artes Humanidades e Letras (CAHL) que já solicitou a mudança afirmou:

“É muito gratificante conseguir essa conquista, porque a gente está sempre lutando sobre os direitos de diversidade, genêro e o direito do nome social nesse espaço. É importante perceber também que é um grande avanço para os transgêneros, já que os nomes civis não refletem as nossas identidades de gênero”.

IDENTIDADE

Nome social é aquele adotado por transexuais e travestis para identificar de acordo com sua escolha ,em contraste com o nome oficialmente registrado no cartório ,que não reflete sua identidade de gênero.Em outras esferas do governo,o projeto já foi aprovado.

CURIOSIDADES

* Desde 2010, servidores da UFRB já usam o nome social. * Estudantes da Ufba e UESB também regulamentaram o nome social para travestis, transgêneros e transexuais na instituição.

BAGA DE BAGACEIRA, ESTUDANTE TRANS DA UFRB.

O professor de Ciências Sociais do CAHL, Silvio Benevides, disse “ É uma medida muito importante, pois a pessoa transgênero tem a oportunidade de exercer um direito de poder utilizar a sua identidade de gênero legalmente no mundo social. A partir do momento em que uma instituição pública reconhece esse direito, isso tem um impacto não só simbólico ,mas acredito que psicológico na vida dessas pessoas. Então essa atitude da UFRB foi extremamente positiva e sabemos que é uma conquista dos movimentos sociais’’. De acordo com a direção da UFRB, a medida começou a valer em abril e a e os trans* podem procurar a Diretoria do seu Centro, requerendo o direito. O nome pode ser incluso no ato da matrícula ou durante o ano letivo. As e os maiores de 18 anos devem fazer uma solicitação por escrito á Superintendência de Regulação e Registros Acadêmicos (SURRAC) e ao Núcleo de Apoio Acadêmico do Centro de Ensino. Já os estudantes que não alcançaram a maioridade devem apresentar um requerimento assinados pelos representantes legais.

do aluno, aquelxs que solicitarem a mudança, passarão a ter o seu nome exibido em todos os documentos de uso interno. Essa medida representa mais um desafio, tanto para assegurar o respeito e direito à diversidade sexual. Transexualidade e Evasão Escolar Um dos grandes problemas é quanto a evasão escolar de trasngêneros no Brasil em virtude do preconceito. É necessário adotar medidas como a exemplo da capital São Paulo ,em que os transexuais e travestis têm acesso a bolsa escolares .Isso ajuda a diminuir a evasão nas escolas e serve como modelo a ser adotado em todo o Brasil. A iniciativa de passar a usar o nome social é um grande avanço para a categoria,pois pessoas desse grupo social passam a ser respeitadas nas suas escolhas ,dentro da universidade e a tendência é a diminuição de desistências .Assim representa uma grande medida para que a população trans tenha cada vez mais acesso ao ensino superior,essas medidas podem ajudar a reduzir os casos de evasão escolar, mais do que conseguir vagas para as travestis. em escolas e universidades ,é necessário manter essas pessoas.

“A partir do momento, que uma instituição pública reconhece esse direito, isso tem um impacto não só simbólico, mas acredito A UFRB informa que a fim de respeitar e assegurar que também psicológico a privacidade da e na vida dessas pessoas.”

(FOTO: MARIANA ANDRADE)


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HOMOFOBIA Para fora do armário SARAH SANCHES

A lógica conservadora é tão assus-

tadoramente frágil, afirma a naturalidade da binaridade de gênero: somos todos homens se tivermos pênis e mulheres se tivermos vaginas e que ter vaginas e pênis naturalmente nos faz ter determinadas características, comumente opostas. O que um homem é, uma mulher não pode ser. E o contrário é ainda mais verdadeiro, porque à mulher sobrou todas as características humanas inferiores. Afirma também a naturalidade da heterossexualidade, com a explicação rasa de que o homem foi feito para mulher e a mulher para o homem como se o ato sexual entre seres humanos do mesmo sexo não fosse igualmente possível ou satisfatório. Contudo, e o mais importante, tal naturalidade não pode ser posta à prova jamais. Meninos não podem brincar de boneca. Meninos não podem usar rosa. Meninos não podem chorar. Meninos não podem ser frágeis. Meninos não podem ser sensíveis. Meninos não podem gostar de atividades domésticas. Meninos não podem dançar. Meninos não podem ser sexualmente retraídos. A qualquer sinal de qualquer comportamento ou inclinação que demonstre um comportamento nãomasculino, o menino será punido, criticado ou negado em seus desejos. Afinal esse tão natural futuro homem, portador de um pênis, não pode correr o risco de não ser tão homem assim, mesmo que ele NATURALMENTE o devesse ser. Crianças e jovens não podem ver casais homossexuais, melhor nem saber que eles existem. Duas mulheres ou dois homens andando de mãos dadas nas ruas. Não podem ver histórias de amor homoafetivas, ou beijo gay na televisão ou nos espaços públicos - e também privados. Não podem conceber a homossexualidade como uma possibilidade afetiva, porque se não essas crianças, tão naturalmente heterossexuais, correm o risco de não serem tão heterossexuais assim. O que o discurso conservador afirma, embora eles não o percebam, é o mesmo que o discurso subversivo/revolucionário: não somos naturalmente – e exclusivamente - homens e mulheres, não somos naturalmente – e exclusivamente heterossexuais. Logo, dizer ao mundo “eu sou gay”, “eu sou lésbica”, “eu sou bissexual” não é mera exposição da vida privada, é um posicionamento político. Não se trata de reduzir a sua, a minha, a nossa identidade à nossa sexualidade/afetividade, como gosta de supor o moralismo conservador e perverso, se trata, acima de tudo, de afirmar que existimos. Que somos filhos e filhas, irmãos e irmãs, que somos amig@s, colegas de sala, de trabalho, que somos vizinh@s, que somos pais e mães, que ocupamos, enquanto seres humanos e sociais, os mesmos espaços e papéis que os demais, que somos feito da mesma matéria. A invisibilidade, a não-afirmação é que mistifica a diversidade sexual, que a reduz e a distorce. No que está amparado o preconceito se não na ignorância, no “não-saber”, no “nãoreconhecer” enquanto igual? TENHAMOS ORGULHO DE QUEM SOMOS, GRITEMOS EM TODOS OS ESPAÇOS QUE NÓS EXISTIMOS! ATÉ QUE O PRECONCEITO SE ENVERGONHE, OBSCUREÇA E EMUDEÇA

“Fui abordado por um chefe da segurança da casa, com uma cotovelada no peito ele me disse “Não quero ver você beijando mais aqui dentro”. No momento fiquei sem reação. Foi aí que meus amigos se revoltaram e chamaram o mesmo de homofóbico, um dos seguranças me pegou pelo o pescoço me arrastando pra fora da casa. Foi quando esse segurança e um outro começaram a me agredir me chamando de viadinho de merda e até me ameaçaram falando que iriam me matar”. André Barbosa, em depoimento para a página oficial do PLC122

Cresce no Brasil o número de ataques e mortes por homofobia HELEN DE SOUZA

A cada uma hora a Secretária de Direitos Humanos da Presidência da República (SDHPR) recebe uma denúncia de agressão ligada a homofobia, nos últimos quatro anos as denúncias aumentaram cerca de 460%. A cada quatro casos de homofobia denunciados três são com homens gays. O estudante Douglas Ribeiro, 16 anos, foi vítima de um ataque na escola “Quase morri enforcado na escola, foi horrível, fiquei muito mal por isso.” O treinador de uma rede de fast food Juan Marcos, 20 anos, diz que sofria ataques verbais quando estudava “Sempre ouvia as piadinhas, ofensas e coisas do tipo. Muitas vezes chorava em casa sem ninguém ver.” Apesar do número de casos terem aumentado, há um fator positivo com o crescimento de denúncias, com isso a SDHPR consegue melhorar os atendimen-

tos e combater os crimes de ódio motivados por homofobia. Uma das medidas que estão sendo tomadas pelo governo federal para que haja registros que futuramente possibilitarão a articulação de medidas prevenção e tratamento adequados a casos de homofobia é o registro pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e Saúde Suplementar, que deverão notificar o governo federal, casos de agressão física, verbal e psicologia motivadas por homofobia com uma ficha específica, como ocorre em casos de violência contra idosos e mulheres, por exemplo. O SUS contará com um novo material que com dois novos campos: Orientação sexual e Identidade de gêneros. As medidas também serão adotadas por redes privadas e devem entrar em vigor no segundo semestre de 2015

e começara pelas unidades de urgência e emergência e atenção básica. Felizmente Douglas e Juan não entraram para as estatísticas que segundo dados divulgados pelo relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB) em 2014 no Brasil, cerca de 312 homossexuais foram assassinados por conta de sua orientação sexual, isso corresponde a um assassinato a cada 28 horas. A discriminação e a violência psicológica entretanto também vitimam homossexuais em todo país, são inúmeros os casos de suicídio de homossexuais por conta da não aceitação de suas famílias. Quando esses casos felizmente não terminam da pior forma, deixam marcas psicológicas que abalam a vida daqueles que sofreram por conta de sua orientação sexual, como é o caso do enfermeiro Davi Portugal, 30

PLC122 visa criminalizar a discriminação motivada unicamente na orientação sexual ou na identidade de gênero da pessoa discriminada. A discriminação por orientação sexual é aquela cometida contra homossexuais, lésbicas ou bissexuais unicamente por conta de sua orientação sexual. A discriminação por identidade de gênero é aquela cometida contra trans* unicamente por conta da sua identidade de gênero que não é compatível com o sexo biológico. Assim

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Douglas Ribeiro, 16, estudante, homossexual anos, que sofreu ataques físicos e verbais do namorado alcoolizado de uma amiga: “Além de me agredir fisicamente, gritava xingando ela e a mim com palavras de baixo calão. Tentei reagir às agressões me defendendo, as pessoas controlaram segurando pois ele estava furioso. Ele chutou a minha perna então as pessoas seguraram ele, a partir disso ele começou a gritar.” Davi ainda conta que apesar de não ser uma pessoa próxima a ele é doloroso ouvir esses ataques: “Usam sua condição sexual como xingamentos e da forma mais deplorável possível, depois a gente entende que o deplorável é a própria pessoa que agride mas na hora dói.”

“Entre a sexta e a oitava série, me batiam de vez em quando no final da aula, me derrubavam nas aulas de educação física, alternavam meus apelidos entre “RuleBambi” e “Bailarina”, e sempre repetiam “vira homem, veado”. Não era homofobia, eles estavam apenas se expressando. No segundo grau mudei de escola e lá apanhei também. A diretora me mudou de sala, os novos colegas riam, mas não me batiam. Não era homofobia. Eles estavam apenas se expressando”. Ruleadson do Carmo, depoimento para a página oficial do PLC122, sobre a violência psicológica e simbólica disfarçada de liberdade de expressão

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Acesse o site da PLC122 para saber mais sobre o projeto de lei e outros depoimentos: www.plc122.com.br


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ENTREVISTA PING PONG Gênero e sexualidade nas escolas BEATRIZ MEDEIROS E JAQUELINE SANTOS

Quando se fala da questão de gênero e diversidade na escola, é necessário também elaborar reflexões sobre conceitos e preconceitos. Desde quando nasce as pessoas são orientadas pela sociedade para agir de forma distinta “menina X menino”. O uso de determinadas cores, modelos de roupas, brincadeiras e atitudes padrões e cada gênero, são impostos pela sociedade. Não há um padrão de comportamento sexual considerado ideal, ou melhor. Por isso é importante que os pais, juntamente com a escola, eduquem as crianças para combater as desigualdades existentes no mundo, já que a instituição participa ativamente na construção da identidade da criança, inclusive na identidade sexual, para isso os professores devem ser preparados para lidar com as singularidades de cada criança, além das diferenças como classe social, étnica e religião, é preciso discutir as diferenças de gênero e sexualidade. O jornal 4QUEER conversou com a professora/pedagoga Liz Guimarães, uma educadora que apóia e aborda esse tema na sala de aula, como parte do conteúdo estudantil, porque acredita ser um tema relevante para a sociedade. Na entrevista a seguir, ela contou porque decidiu abordar essa questão com os alunos, a metodologia utilizada em sala de aula e a visão sobre falta dessa orientação nas escolas. 4QUEER: Por que você decidiu abordar a questão de gênero na sala de aula? Liz Guimarães: Algumas coisas na sala de aula me incomodavam muito, o fato da cor rosa ser usada apenas por meninas, por brincadeiras de correr e saltar eram atreladas aos meninos, quando uma criança era taxada de “viadinho” ou “sapata” por agir de forma diferente das quais a maioria das crianças estão habituadas a agir. Além de festas de dia das mães e as festas dos dias dos pais também, eram sempre um transtorno, pois na sala existem diferentes configurações de famílias. Então vi que eu precisava fazer alguma coisa, eu não podia ficar acomodada vendo tudo aquilo acontecer como se fosse próprio da existência do ser humano, e comecei a me aprofundar de como eu poderia intervir nessa realidade de forma positiva. 4QUEER: A partir de qual perspectiva de gênero você trabalha com os alunos? Liz Guimarães: Quando falamos em gênero temos uma enorme possibilidade de trabalho, mas como o assunto era novo, procurei elaborar atividades que envolviam o reconhecimento da identidade enquanto sujeito, e mais não enquanto figura sexista (menino/menina), além de dá novos significados do que seriam as brincadeiras de meninos/meninas, mostrando que brincadeiras são livres e não tem um “sexo biológico”. 4QUEER: A escola sempre se preocupou com esse assunto ou ainda é algo recente? Liz Guimarães: A escola parte de uma realidade conservadora, e opta por não trabalhar esses elementos cruciais na

FOTO: INTERNET

O uso de deterrminadas cores, modelos de roupa, brincadeiras e comportamentos são impostos pela sociedade cuja base ideológica é machista, cissexista e heteronormativa. Cerceando e podando as subjetividades e possibilidades de desenvolvimento individual para além dos modelos impostos.

« “A sociedade precisa falar de gênero, sim. E os espaços das salas de aula são propícios para isso”. escola como um todo, então fica a critério do próprio professor/professora trazer a discussão de gênero para sala de aula, o trabalho ainda acontece de forma muito isolada e não envolve a comunidade escolar e muito menos a comunidade externa. Mas ainda sim se faz necessário ampliar esse debate, mas ainda encontramos muita resistência por parte de alguns/mas colegas que ainda estão relutantes com essa abordagem. 4QUEER: Por que é importante trabalhar a questão de gênero com os alunos? Liz Guimarães: Os índices que violência por falta de respeito ao gênero vem crescendo de uma forma absurda, a sociedade precisa falar de gênero sim, a escola precisa discutir gênero, e os espaços das salas de aulas são propícios para esse debate, as classes são heterogenias, os alunos e alunas partem de realidades de vidas diferentes e essas precisam sem confrontadas, principalmente quando falamos em valorização do respeito mutuo, e isso inclui raça, sexualidade, gênero, política, religião, família, esta tudo interligado, não são discussões a parte, precisam ser tratadas no cotidiano da sala de aula. 4QUEER: Como o educador pode ajudar a construir a relação de gênero? Liz Guimarães: É necessário buscar informações, aprender, investigar, antes de qualquer coisa, é algo sério e que requer uma posição ativa do professor e da professora. Pois estes em sua maioria servem de espelho pra seus educandos e educandas, e esse espelho de refletir tanto de maneira positiva, quanto negativa. Ter uma figura na sala de aula, na escola, em espaços educativos que permitam a abordagem das relações de gênero já é um salto qualitativo, no que tange a luta pela valorização

e respeito as diferenças, e isso tende a aumentar quando este profissional faz uma abordagem crítica, permitindo as crianças que construam suas próprias identidades independentes dos seus sexos biológicos, se posicionando diante de regras de uma sociedade patriarcal e preconceituosa, que ditam como devam ser e agir. 4QUEER: Quais foram as metodologias adotadas em seu trabalho pedagógico? Qual foi o objetivo? Liz Guimarães: Na literatura infantojuvenil atual já se encontra muito material disponível de qualidade para trabalhar gênero, sexualidade e raça. Além de poder contar com a ferramenta da internet onde tem várias experiências positivas de educadores e educadoras que podemos adaptar a realidade da nossa sala de aula. Assim procuro interligar essa temática com os conteúdos obrigatórios em sala, a disciplina de Português, Ciências e História são as que eu mais utilizo. Com textos informativos, noticias de jornais, e blogs, até das redes de televisão auxiliam nas atividades, que envolve momentos de leitura e ouvir o que os alunos e alunas pensam a respeito, problematizar o assunto é sempre bom. As crianças começam a pensar e questionar alguns costumes e crenças que são ensinados na própria cultura familiar e se sentem mais livres para brincar e ser quem elas são realmente. 4QUEER: Como você enxerga a falta de orientação, da relação de gênero e escola nas escolas de hoje? Liz Guimarães: É uma problemática muito grande, a escola além das suas obrigações e deveres com o conteúdo curricular, ela também exerce o papel de agentes sociais e contribuem e indeferem diretamente na construção da identidade

dos seus alunos e alunas. E as escolas que se recusam ou simplesmente se omitem a necessidade de se trabalhar as relações de gênero nas salas de aula colaboram com questões que perpassam desde uma cultura preconceituosa e machista, como favorece uma cultura sexista e patriarcal. Reconheço que não é fácil trabalhar essa temática na escola, mas se não formos nós educadores e educadoras, quem irá orientar as nossas crianças quanto ao reconhecimento da própria identidade, a valorização e respeito das diferenças, que outro espaço educativo elas terão com tamanha responsabilidade social?

FOTO: ARQUIVO PESSOAL Liz Guimarães tem 23 anos e é educadora em duas escolas diferentes na cidade de Feira de Santana. Liz tem trabalhado há algum tempo com as temáticas de gênero e sexualidade nos componentes curriculares que ministra para estudantes


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