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POLUIÇÃO AMEAÇA MANGUE EM ACUPE (PÁG. 11) Cachoeira - Bahia Abril de 2015 Centro de Artes, Edição Humanidades e Letras Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

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Pier vira ponto de encontro para jovens e namorados (página 5)

Foto: Anna Caraline

Cachoeira comemora 178 anos de elevação à categoria de cidade (página 3) Foto: Lídio Gabriel

Estudantes se queixam do aumento da passagem no transporte alternativo (pag. 4)

Foto: Cristhiele Teles

Foto: Mariana de Andrade

Conheça um pouco da história e de como é viver no bairro da Pitanga (página 9)

Talento caseiro é o segredo da vitoriosa Seleção Municipal (pág. 6) Acesse o Reverso Online Foto: Tarcila Santana

Foto: Cristine Cassiano

Prefeitura entrega obra de revitalização de praça esportiva (página 3), mas moradores cobram a conclusão de outros serviços no bairro do Tororó (confira tudo na página 8)


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OPINIÃO

INEDITORIAL

CACHOEIRA | BAHIA Abril 2015

FALA POVO!

Você acredita em tudo que a mídia fala? Israel Santos No mês em que se comemora o Dia da Imprensa, o Reverso foi às ruas de Cachoeira saber o que o povo acha do jornalismo nacional. Perguntamos se acreditam que tudo o que é publicado na mídia é verdade. E o povo falou e disse tudo o que queria. E é isso que a gente quer ver: o povo falando!

Wagner Malta,19 anos estudante “Temos também que analisar que a mídia é controlada pelo governo, logo ela não pode divulgar coisas que sejam contra o governo. Logo, eles não estão a favor do povo e sim a favor dos interesses pessoais dos que estão no controle”. Marcelo, 26 anos, auxiliar de secretaria. “Nem sempre a gente deve acreditar em tudo que a mídia fala, ela sempre vai lançando uma coisa a beneficio dela e provocando outras. A gente consegue fazer um aproveitamento, uma espécie de filtro e consegue separar o joio do trigo”.

DST NO RECÔNCAVO

Formei, e agora?!

Yasmim Marinho

Sarah Sanches Os cursos de graduação duram, em média, entre quatro e seis anos. Este período inclui o cumprimento de diversas disciplinas, participação em eventos acadêmicos, atividades extracurriculares, projetos de pesquisa e extensão, estágios, grupos de estudos e, por fim, o TCC. São momentos também de descobrimento de si, dentro da área que escolheu se formar, e de criação de expectativas para o futuro. Mesmo com muitos planos, é difícil saber o que aguarda os recém-formados fora dos muros da Universidade. Com diferentes possibilidades e com um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, cabe a maior parte daqueles que acabaram de pegar os seus diplomas a indagação: “E agora?” Os caminhos escolhidos durante a graduação podem ser determinantes para as oportunidades encontradas após a faculdade. “Penso que por conta do meu currículo, de experiências de estágios, do tema do meu TCC, entre outras coisas, algumas áreas são mais possíveis do que outras, além do que, me sinto mais à vontade para trabalhar com assuntos com os quais tive alguma aproximação durante a graduação e com os quais me identifico” comentou Deyse Santos, 24 anos, psicóloga. Formada pela UFRB há aproximadamente um mês, Deyse lembra bem das expectativas que surgiram desde o início do curso e já começa a sentir as pressões pós-formatura: “Desde que entrei na graduação, pensava minha formação relacionando-a com minha futura atuação e alimentando muitos sonhos. Para mim, é tudo muito novo, ainda estou me desligando da vida de sala de aula e dos estágios, mas já começo a sentir a opressão de um mercado que valoriza apenas determinadas áreas profissionais e faz muitas exigências. Sinto que preciso unir forças para nadar contra muitas marés”. Ainda na Universidade, algumas atividades tornam possível a experimentação do mercado de trabalho e o contato com profissionais já atuantes. Geralmente, são os estágios que fazem essa mediação entre a sala de aula e os espaços de trabalho formal. “O estágio foi fundamental para o meu ingresso no mercado de trabalho. Foi com ele que tive, de fato, contato aprofundado e conhecimento prático com relação aos solos. Aprendi sobre os processos de análise - física e química - e a importância desses para o exercício da minha profissão”, afirmou Polianna Farias, 29 anos, engenheira agrônoma, formada há um ano e meio, que atua autonomamente como consultora agrícola em algumas cidades do Recôncavo. “Por mais que haja um esforço dos docentes nas disciplinas práticas, geralmente as turmas são grandes e os horários reduzidos, o que acaba tornando as atividades um pouco limitadas. No estágio, há um número bem menor de supervisionadas e uma possibilidade maior de desenvolvermos nossas habilidades. O estágio foi decisivo não só na minha atuação profissional, mas também para o meu desejo de fazer pesquisa”, complementou Polianna que é também mestranda do programa de Solos e Qualidade de Ecossistemas (SQE) pela UFRB. Os mestrados, ou pós-graduações stricto sensu, representam outra possibilidade após a formação acadêmica. São cursos que tem por objetivo preparar profissionais para atuarem na educação de nível superior, em faculdades ou Universidades, além de atuarem também como pesquisadores em áreas específicas de conhecimento. No Recôncavo, dentre as Universidades Públicas, a UFRB oferece 19 cursos de pós-graduação, entre Especializações e Mestrados, e a UNEB, Campus V, apenas um. Dentre as faculdades particulares, a Faculdade Maria Milza (Famam), em Cruz das Almas, possui 11 programas de pós-graduação e um mestrado. Além disso, há diversas pós disponíveis em formato EaD.

As doenças sexualmente transmissíveis, as chamadas DTS, são transmitidas através do contato sexual sem o uso do preservativo, a camisinha, com alguém que esteja contaminado. Outra forma de contaminação é pelo uso de seringas e agulhas compartilhadas e transfusão de sangue. Os diferentes vírus costumam se proliferar, pois muitas pessoas que os possuem só descobre quando os sintomas aparecem. A maioria das DST demora de apresentar os sintomas, como corrimento, feridas, verrugas ou bolhas. E outras podem não aparecer nenhum sintoma, tudo depende do organismo de cada pessoa. Por conta disto, o melhor caminho é fazer sexo com segurança e exames regulares. A enfermeira Sony Helen Ribeiro, 41 anos, respondeu alguns questionamentos comuns sobre essas doenças: Quais são os tipos de DST que são tratadas pelo SUS? Todas as DST's podem ser tratadas no SUS. Sendo que existe unidade específicas para esses atendimentos. O SUS oferece os exames e tratamentos necessárias para o tratamento de DST's? E obrigação do SUS oferecer o serviço de diagnóstico e tratamento para a população. Através de quais exames descobrimos se estamos infectados? Além da anamnese, existem os exames de laboratório (precisamente o de sangue), entre outros. Os pacientes apresentando alguma recusa em falar de suas experiências sexuais? De que modo isso pode atrapalhar no processo de identificação e tratamento da doença? Toda informação dada pelo paciente e sempre um dado a mais para que a equipe de Saúde possa atuar com eficiência e até diagnosticar um ou mais parceiros que essa pessoa tenha tido contato, lembrando que não existe obrigatoriedade e existe a questão do sigilo caso seja desejado pela pessoa infectada.

Adoção de animais de rua diminui a proliferação de doenças Roseval Sena, 45 anos , encarregado de armação “Eu não, eles falam e não resolvem nada. Eu não sei nem se é culpa do jornalismo, mas a realidade é que esconde muita coisa”.

Manoela Silva ,16 anos estudante do ensino médio “Eu acho que a mídia manipula e passa ideias que podem de certa forma ofender à sociedade e querendo impor uma verdade que não são tão verdades assim”.

Elaine Maisa Neiva de Lima Torres, 41 anos, diarista. “No jornal, eu acho que sempre tem realidade, porque aborda questões do dia a dia que não tem como não ser verdadeira, pois tudo que ela informa parte do princípio da realidade”.

Adriele Strad Cruz das Almas vem evoluindo na adoção de animais de rua de pequeno porte, como cães e gatos, afirma a veterinária Jamille Campos. A cidade está conseguindo manter o controle de endemias, ao contrário de Muritiba, Cachoeira, São Félix e Maragogipe. A adoção consciente ajuda a combater a proliferação de doenças pelas ruas e assim faz com que diminua a quantidade de animais abandonados e mal tratados. O número de pessoas que se solidarizam com casos de abandono e preferem adotar do que comprar animais de raça, está cada vez maior. Mas adotar, além de tirar o animal da rua, é tomar para si a responsabilidade de cuidar dele e de dar carinho para que se sinta seguro, amado e confiante nesse lar. Além de existir os animais de rua, aqueles que ou foram abandonados por seus cuidadores, ou já nasceram na rua, existem também os animais que tem um lar mas que seus cuidadores tem o hábito de deixar eles saírem por determinado tempo para a rua para fazerem suas necessidades. O número de animais que estão na rua, nesse caso, alcançam os 95% dos animais de estimação. A veterinária Jamille Campos não concorda com tal atitude, pois o animal que é deixado na rua por um período, nem que seja de curto prazo, mesmo sendo vermifugado, ele poderá ser contaminado por doenças e assim trazer para dentro da sua casa e ali se proliferar.

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo

Ana Kelly Sampaio, 20 anos estudante de ciências sociais. “Vale ressaltar que temos uma grande desigualdade hoje em relação às mídias, em que apenas uma mídia é detentora de muito espaço, do maior em relação a outra. Então, eu acredito que uma medida que eu acho necessária é a regulamentação da mídia”.

Reitor da UFRB Prof. Dr. Paulo Gabriel S. Nacif Diretora do CAHL Profa. Dra.Georgina Gonçalves

Coordenação Editorial Prof. Dr. Robério Marcelo Ribeiro Prof. Dr. José Péricles Diniz Edição e Editoração Gráfica Prof. Dr. J. Péricles Diniz


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CIDADE 3

A Heroica celebra 178 anos da elevação à categoria de cidade Thainá Dayube

A comemoração do aniversário da cidade trouxe uma grande mistura de música, poesia e arte, contando com atrações para todos os gostos. No dia 13 de Março de 1837 Cachoeira foi elevada à categoria de cidade. Nesta mesma data, em 2015, a localidade conhecida como heróica e reconhecida como monumento nacional, comemorou os seus 178 anos de elevação. Para marcar a data, foi realizada sessão na Câmara Municipal, onde foram reunidos o prefeito, vereadores e moradores. Ainda pela manhã, após a sessão, foi realizado o relançamento do livro Cachoeira, jóia do Recôncavo, do escritor Rubens Rocha, lançado originalmente em 2009, bem como a abertura da exposição Diversidade Cachoeirana, do artista plástico Davi Rodrigues. Programação A Gincana do Paraguassu: uma travessia por nossa história foi a novidade da programação montada pela prefeitura. Realizada pela Secretaria de Educação do município, contou com a participação das escolas da rede pública, tanto da zona rural quanto da cidade. Segundo o secretário de Educação Alexsandro Rocha, a atividade teve como objetivo “valorizar e estimular a curiosidade e o interesse dos alunos sobre a cultura e a tradição de Cachoeira”. A professora Daniela Borges, da Escola General Alfredo Américo da Silva, localizada na comunidade da Opalma, afirmou que durante as aulas que antecederam a competição o principal tema foi Cachoeira, sua história e cultura e que os alunos mostraram bastante interesse nos assuntos dados. Lucinéia dos Santos, aluna de Daniela, disse que achou a gincana uma boa ideia, pois pode aprender novas coisas sobre a cidade. Shows Como todos os anos, o final de semana comemorativo contou com uma programação que além da população da própria cidade, atraiu também pessoas das proximidades, como São Félix, Muritiba, Conceição da Feira e Cruz das Almas. Esse ano a festa teve a apresentação dos cantores Nenho e Leo Santana no sábado, Samba de Roda de Dona Dalva, Vibrasamba e Psirico no domingo, encerrando a festa. Para a estudante de enfermagem Carla Anunciação, moradora de Conceição da Feira, a festa teve um bom policiamento e foi em paz, apesar de cheia e que os shows começaram de forma pontual.

Várias atrações se apresentaram no palco principal da festa. Foto: Lídio Gabriel. trar a força da cena alternativa de Cachoeira e que a ocupação teve a intenção de dar outras opções para as pessoas aproveitarem a Cena alternativa Mas além da programação oficial, a comemoração do 13 de Mar- festa. ço esse ano teve opções a mais, com uma cena alternativa que ga- Bob Marley nhou força e montou sua própria estrutura. No Pouso da Palavra, Encerrando o roteiro alternativo, no domingo, a Orquestra Sinforam dois dias de música e poesia com o Coletivo Passarinha e fônica de Reggae se apresentou na Praça Teixeira de Freitas, onde colaboradores. tocou clássicos de Bob Marley e dos cantores locais Sine Calmon Depois do sarau, a noite de sexta-feira continuou com uma home- e Edson Gomes, além de outras músicas. nagem a Bob Marley, feita pela banda de reggae Jamaicachoeira, Esse ano, o aniversário de Cachoeira foi bastante variado e pode na orla, No sábado, após muita música e poesia também no Pouso atender a todos os públicos, do tradicional pagode baiano até os da Palavra, a programação continuou na Cabana do Doidão, que que preferem o velho rock ‘n roll. Com poesia, estilos musicais fica localizada na Praça 25, onde houve uma Jam Session. diferentes e muita animação independentemente do gosto, os 178 O estudante de história e colaborador da Ocupação Artística, anos da cidade foram comemorados com uma grande mistura, Everaldo Júnior, afirmou que esse movimento serviu para mos- valorizando o que ela tem de mais bonito: a sua diversidade.

Prefeitura entrega obra de revitalização de praça esportiva no Tororó

o perigo de ser atropelado por estar no meio da rua”. Inaugurações Conforme anunciou a prefeitura municipal, neste último mês de março também houve a inauguração da Praça da Saúde de Três Riachos. “É

Uanderson Lima A Prefeitura Municipal da Cachoeira, aproveitando o ensejo do 13 de Março, inaugurou, durante as festividades, a Praça Esportiva do To-

roró. A solenidade contou com a presença do prefeito Carlos Pereira e do vice Wilson Souza do Lago. Lailson Carvalho, de 13 anos, declarou que “agora tenho um lugar para jogar futebol com meus amigos, sem minha mãe se preocupar com

bom ver que o prefeito está se mostrando preocupado com a diversão e o lazer dos cachoeiranos”, disse Luzia Barbos, moradora do Tororó. Antônio Carlos Lopes, morador do entorno, apontou que “a praça está maravilhosa, agora que foi inaugurada, mas precisa de uma manutenção para continuar assim”.

Os moradores do bairro do Tororó, principalmente os mais jovens, já estão aproveitando o equipamento comunitário recém-restaurado. Fotos: Cristine Cassiano.


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CIDADE

Trânsito confuso complica acesso à orla da cidade Helen de Souza Os moradores de Cachoeira convivem com um problema constante no que diz respeito ao tráfego de veículos automotivos nas margens do Rio Paraguaçu, que é um dos principais roteiros turísticos da cidade, por conta de beleza natural e da ponte D. Pedro II. A extensão da orla é composta por estabelecimentos comerciais, como bares e pizzarias e academia popular, bem como as praças Góes Calmon, Jardim Grande e 25 de Junho. Nesta última há uma grande concentração de bares, que aos finais de semana e feriados colocam mesas em suas calçadas e na própria rua, limitando assim o espaço para pedestres e carros. Há uma grande discussão em torno dessa prática. Alguns moradores defendem que a rua deveria ser de uso exclusivo dos pedestres. A assistente administrativa Joana Brito, 28 anos, se disse favorável ao fechamento, “porque já presenciei acidentes envolvendo motos e crianças. As pessoas se preocupam demais que esse fechamento vá beneficiar comerciantes e não vê o lado da segurança, até porque é uma rua com atrações turísticas, possui paisagens. E os motociclistas não respeitam isso, passando em alta velocidade”, contou. Soluções Rafael Calumbi, coordenador da regional de trânsito do Detran, confirmou que há um problema em torno do trânsito da região por conta dos espaços tomados pelos bares e apresentou duas possíveis soluções para o problema. “As duas alternativas que a gente tem para acabar com o problema ali, seriam a interdição às sextas, sábados e domingos, deixando aquele espaço livre para os bares colocarem as suas mesas e criando uma espécie de calçadão, como foi feito em Salvador, ou exigir a retirada das mesas do passeio e da via pública para o livre trânsito de pedestres e veículos”, revelou.

Falta de sinalização contribui para o caos na orla cachoeirana. Foto: Helen de Souza

Ele ainda afirmou que o Detran não tem poder para ordenar a interdição da rua, mas que pode colaborar na interdição e regulamentação junto aos agentes de trânsito do município. “Para que isso ocorra, seria necessário uma audiência popular junto à câmara

municipal e prefeitura. O Detran não possui uma ação extensiva junto ao trânsito, mas pode ajudar em ações pontuais, junto com os batalhões de polícia de trânsito e os agentes de trânsito do município”, concluiu.

População tem dificuldade para contatar o SAMU em Cachoeira Foto: Natália Dourado

Priscila Martins Rocha Mesmo com a facilidade da ligação gratuita para a central 192 do Serviço de Atendimento Móvel e Urgência (SAMU), a população de Cachoeira tem encontrado obstáculos na comunicação. Ao ligar para a central, a chamada é direcionada para a unidade de Feira de Santana, onde a atendente informa que para a ligação ser encaminhada à Cachoeira, é preciso que a chamada seja feita de um telefone fixo ou um aparelho móvel de uma determinada operadora, restringindo, assim, os atendimentos. A estudante Dalila Brito viveu essa experiên-

cia quando precisou socorrer dois amigos. “A primeira vez que isso aconteceu foi quando um amigo passou mal e precisávamos de atendimento. Eu liguei e a chamada sempre caia antes de alguém atender”, disse. Na segunda vez, uma amiga só conseguiu chegar ao hospital porque o vizinho nos deu socorro. Quando eu ligava, a chamada ia direto pra Feira de Santana”. A universitária só descobriu como efetivar a ligação para o SAMU, em Cachoeira, ao chegar no hospital, onde foi informada por uma enfermeira. A operadora de caixa de supermercado Joana Almeida passou por uma situação similar. Quando precisou do serviço na cidade, a chamada ia direto para a unidade de Feira de Santana. “A moça que me atendeu disse que não tinha um outro número para falar com o SAMU daqui e a única coisa que poderia ser feita era me passar o telefone da Polícia Rodoviária Federal, que fica em Santo Amaro”, comentou.

Foto: Mariana de Andrade

Estudantes se queixam do aumento da passagem no transporte alternativo

Cristhiele Maiane Teles Conceição

O aumento das passagens da Cooperativa de Condutores Autônomos de Transporte do Recôncavo Meridional (Cootam), que opera a linha Cruz das Almas X Cachoeira, causou inquietação nos estudantes da região. A tarifa aumentou em R$ 0,50 para cada cidade, devido ao reajuste da gasolina. O desconto para estudantes é de aproximadamente 14%, segundo o fiscal da cooperativa, Alisson Oliveira. Os universitários que precisam deste transporte alternativo disseram que estão sentindo as consequências do aumento, cortando os gastos para conseguir render o dinheiro do mês. Para cada cidade é cobrado um valor diferenciado, entre os veículos que lotam os principais pontos. O trecho entre Cruz das Almas e Cachoeira é o que custa mais caro, R$ 6,00, chegando a R$ 5,50 com o desconto. Os usuários estão indignados com o valor e reclamam que além

do aumento, os transportes estão em péssimas condições. Segundo Uanderson Lima, 21 anos, que mora em Cruz das Almas e de segunda a quinta se desloca até Cachoeira para estudar, “a passagem está muito cara, algumas vans ainda têm um conforto, mas outras estão em péssimas condições”, afirmou. Já Thaís Cerqueira, 20 anos, disse que gasta R$ 270,00 por mês com passagem e moto boy e recebe auxílio estudantil de R$ 240,00 por mês. “A minha sorte é esse auxílio e não ter que pagar almoço, pois minha tia mora próximo à universidade. Esse aumento para nós é um problema”, contou. O fiscal Alisson Oliveira, informou que “os coletivos de Salvador possuem ajuda do governo para ressarcir os valores descontados, porém a Cootam não tem essa ajuda e foi a partir de pedidos dos estudantes que alguns motoristas passaram a dar descontos, mas não é uma lei obrigatória da associação”.


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CIDADE 5

Píer de Cachoeira atrai jovens em busca de lazer

A estudante Joice dos Santos, que ainda não conhecia o novo píer, contou que gostou do local. “Lá na minha cidade não tem muitas opções, então as vezes venho para cá distrair a mente. A paisagem daqui é maravilhosa, a orla é o lugar mais bonito de cachoeira”, disse. Para o empresário Ivan Conceição, o lugar é uma boa opção de lazer. “Achei um espaço muito legal para diversão. É um lugar legal até para trazer os filhos e contemplar o rio”, enfatizou. Apesar de explicar que não tem nada contra os momentos de lazer das pessoas que têm se reunido no píer, Carlos Morais chamou a atenção para possíveis danos que isso pode acarretar devido ao peso sobre a estrutura. “Normalmente nos locais onde tem píer, principalmente quando são pequenos como este, não é lugar para as pessoas ficarem. É um lugar transitório. Se você começa a botar um fluxo grande de gente, essa madeira vai demandar uma manutenção maior, então o ideal é que o píer seja usado somente para embarque e desembarque”, explicou.

Anna Caroline Inaugurado em fevereiro do ano passado, simultaneamente à festa de Iemanjá, o novo píer flutuante do porto de Cachoeira tem sido utilizado com frequência por pescadores e donos de embarcações no Rio Paraguaçu, que antes da instalação do equipamento enfrentavam dificuldades para atracar seus barcos. O novo píer foi implantando pela Prefeitura Municipal por iniciativa da Secretaria de Cultura e Turismo, devido a reivindicações de barqueiros para a substituição do antigo, que há anos estava sem condições de uso. A nova estrutura permite a atracação de embarcações de pequeno e médio porte. Mudança Localizado em frente ao prédio do antigo Hotel Colombo, o equipamento está instalado a poucos metros do bar e restaurante Baiana, lugar onde até a década de 1900 funcionava o mais antigo píer da cidade, no qual embarcações de grande porte como navios cargueiros, atracavam regularmente. Atualmente, o local possui uma cobertura e funciona apenas como estabelecimento comercial, oferecendo uma vista diferenciada aos frequentadores. O empresário Carlos Morais, que pilota barcos há 16 anos, disse que o píer substituído pela instalação atual era frágil e se deteriorou com o tempo. “Era muito pior. Ele se desmanchou total-

mente e a ponte caiu. Passaram oito meses sem píer, com isso, só era possível encostar com a maré cheia nos degraus, então tínhamos essa dificuldade. Hoje a gente tem isso aqui que salva”. Pescadores e pilotos de barcos de passeio já notaram o aumento do número de passageiros a procura de viagens pelas águas do Paraguaçu. “O movimento aumentou depois que o novo píer foi instalado. Algumas pessoas que antes não faziam viagens agora se sentem mais à vontade para embarcar por causa do píer”, afirmou Adélio do Santos. Com 31 anos de experiência como pescador, ele disse que o novo píer fez muita diferença. “Beneficiou muita gente, melhorou muito. As vezes chega alguma pessoa que tem medo ou curiosidade (de andar de barco) aí ela fica um pouco no píer e já fica mais animada”. Ponto de encontro Desde que foi instalada, além da funcionalidade de embarque e desembarque de passageiros e pescadores, a nova estrutura também tem sido utilizada como ponto de encontro de jovens moradores e visitantes de Cachoeira. É comum encontrar grupos de amigos reunidos no novo píer, onde aproveitam o ambiente calmo para conversar ou até mesmo descansar sobre o balanço das águas. O horário mais frequentado é a partir das 17 horas, quando muitos se reúnem para contemplar o pôr do sol na orla da cidade.

Nas fotos, dois momentos distintos do pier do tradicional porto da Cachoeira. Acima, em registro que pertence ao acervo pessoal do empresário Carlos Morais, um momento histórico de encontro e de grande movimentação às margens do Rio Paraguaçu. Ao lado e no alto da página, as fotos da repórter Anna Caroline mostram as condições atuais do equipamento recentemente inaugurado pela prefeitura, mas também captam um grupo de amigos, moradores da Cachoeira mas também de outras localidades vizinhas, aproveitando o espaço para o lazer e desfrutando da beleza natural do local.

Estrutura Quanto à estrutura da nova instalação, pescadores e donos de embarcação apontaram uma limitação no que diz respeito ao tamanho do píer. “Poderia ser maior e avançar mais, porque quando a maré seca não dá para encostar a embarcação por uma hora”, afirmou. Carlos também mencionou a qualidade do material. “Poderia ter sido um pouco melhor. A madeira poderia estar tratada, envernizada, dá para ver que a madeira está crua, se a água bate em cima da madeira crua o desgaste é maior”, alegou. Apesar disso, ele atestou o impacto positivo da nova instalação. “As coisas estão fluindo. Agora o pessoal vem fazer passeio turístico, isso é bacana”, ressaltou. Para Adélio dos Santos, a estrutura também deveria alcançar a parte mais funda do rio. “Ficou bom mas como esse píer é pequeno, quando a maré seca ele fica na lama, e isso impede que as embarcações encostem”, disse. Ele reiterou que mesmo não sendo perfeito, o novo píer fez diferença para a atividade turística. Tendo os passeios turísticos como principal fonte de renda, o pescador garantiu que faz entre 10 e 20 passeios por mês; uma viagem de 10 quilômetros custa cerca de R$ 20,00 por pessoa. Sobre os cuidados com o píer, Carlos afirmou que todos os que possuem e pilotam as embarcações são registrados e se responsabilizam pela utilização correta da estrutura. “Todo mundo tem sua carteira de pilotagem e dentro da nossa ciência das regras náuticas, a gente procura preservar isso aqui dentro das normas, como por exemplo, não passar aqui com muita velocidade e também alertar os outros para não fazer isso”, explicou.


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ESPORTES

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Talento caseiro é o segredo da vitoriosa Seleção Municipal

Madson Pamponet

Fotos: Tarcila Santana

Campeã oito vezes da maior competição do futebol amador do Brasil, a seleção de Cachoeira tem um segredo para conseguir tantas vitórias no Intermunicipal Baiano. Diferente de equipes de outras cidades, que investem grandes cifras e contratam muitos jogadores de todo o estado, o time do Recôncavo acredita na prata da casa e aposta nos atletas que vestem a camisa com orgulho e amor por estar defendendo a pátria cachoeirana. Atual campeã do torneio intermunicipal baiano, a seleção de Cachoeira disputou o último campeonato com mais de 80% do time com atletas da própria cidade. Em um total de 29 jogadores, 20 tinham a naturalidade cachoeirana. Essa prática é uma tradição da equipe e, segundo os torcedores supersticiosos, existe até um mito: “quanto mais jogadores da terra tem no time, maior é a chance de levar o título”, acreditam. Jovens talentos Na verdade, os dirigentes tentam fugir dos chamados medalhões e enxugam os gastos investindo em jovens talentos. Isso diminuiu bastante o orçamento da equipe, que em 2014 investiu cerca de R$37 mil e garantiu o oitavo titulo da seleção no torneio, fazendo a cidade, juntamente com Itabuna, as maiores ganhadoras do torneio. Para assegurar essa fórmula vitoriosa, a Liga de Futebol Cachoeirana adotou algumas medidas, buscando não só conquistar títulos, mas também demonstrar preocupação social. Entre essas ações destacam-se a criação de uma divisão de base e também um forte campeonato interno, que é a principal fonte alimentadora de atletas para a seleção. “O futebol tem que deixar um legado, não adianta ganhar um título se não ficar nada para a cidade. Qual é a graça ganhar um título sem nenhum jogador local? O nosso interesse é que atletas locais tenham a oportunidade de jogar na própria cidade e assim os pais, primos e vizinhos possam ir ver os jogadores conhecidos”, ressaltou o vice-presidente da Liga Cachoeirana, Sérgio Porto.

Cachoeira é uma das maiores colecionadoras de troféus do Intermunicipal

Um dos trunfos da atual campeã baiana intermunicipal é contar com a a chamada prata da casa para ganhar campeonatos.

Base A divisão de base, apesar de ser um projeto recente, já vem rendendo bons frutos. Atletas que se destacam já estão sendo aproveitados no time principal e também nos times de bairro durante campeonato interno. O projeto tem um caráter social, pois busca tirar os jovem das ruas e ocupar o tempo livre com a prática esportiva. Este ano, a Liga almeja um passo maior, que é inscrever a equipe na competição 2 de julho, maior campeonato do estado na categoria. O treinador da base, Calos Rodrigues, conhecido como Balainho, já foi jogador e fortalece a importância de um trabalho como esse. “É bom ressaltar que este ano o time tinha 10 jogadores da base e esperamos que mais jogadores sejam convocados, pois sabemos que a juventude é a esperança e não podemos deixar essa base parar. Atualmente, estamos trabalhando com o sub-15 e sub-20, a gente não quer formar só jogadores e sim o cidadãos”, garantiu. O Campeonato municipal atualmente é o maior fornecedor de atletas para a seleção local. A competição é muito disputada e conta com 24 times locais. A disputa mexe com a cidade e tem inclusive segunda divisão. “É um campeonato amador, para atletas desse porte. Desde que assumimos, em 2013, implantamos uma cota de jogadores da terra: para colocar um time aqui, o dirigente tem que usar no mínimo 10 atletas de Cachoeira e São Felix”. Conquista de 2015 Conhecida por batalhas históricas, a cidade de Cachoeira fez essa fama se refletir nos gramados. E foi assim, com muita raça, que a seleção local conquistou o título de 2015. Após não conseguir resultados satisfatórios na primeira fase, foi vista com muita desconfiança no mata-mata, mas após disputas duríssimas conseguiu a classificação para a final. “Esse ano foi um título que já estava perdido, mas nós resgatamos das cinzas força para ganhar lá em santa luz”, ressaltou Balainho, que já foi

campeão como jogador e dessa vez vivenciou tudo da torcida. Na final, a seleção fez uma das mais lendárias disputas da competição, contra o time de Santa Luz, o favorito ao título. Mesmo assim, o time do Recôncavo não se abateu, venceu a primeira partida em casa por 2 a 1. No segundo jogo, em uma brilhante atuação do jogador local Noé, que fez quatro gols em uma só partida e tirou a diferença do placar levando a partida para os pênaltis. “Nós íamos tomar uma goleada histórica lá em Santa Luz, mas nossos jogadores estavam lutando pela terra em que nasceram. Quando a gente tava tomando 5 a 2, o time podia perder a cabeça, mas nos unimos e acreditamos em uma possibilidade de conse-

guir a vitória. E aos 48 minutos e meio conseguimos fazer um gol, fomos para os pênaltis e ganhamos”, relatou com emoção Sérgio Porto. O intermunicipal 2015 só começará em agosto, mas os preparativos já se iniciam agora, principalmente com relação à arrecadação de verbas, o que segundo o vice-presidente da liga é a parte mais difícil. “Vamos ver se conseguimos trabalhar com um orçamento em torno de R$40 mil, temos muitas dificuldades em arranjar patrocínio aqui na cidade. Esse ano queremos ampliar isso. E também esperamos ter novamente o apoio da prefeitura, que nos ajudou muito ano passado e acredito que eles devem aumentar a participação deles”.

Estádio, em geral, tem boas condições

O Estádio Municipal foi erguido na década de 1960, às margens do Rio Paraguaçu, onde antes funcionava um lixão. Foi construído num terreno que pertencia à Marinha, por um clube chamado Fluminense de Cachoeira. Hoje o 25 de Junho abriga todos os clubes cachoeiranos e a seleção do município. Com o movimentado cenário futebolístico local, é normal que o estádio sofra alguns danos. A exemplo do gramado e de algumas partes da estrutura, que precisam de reparos, foi o que relatou Sérgio Porto. Para ele, o estádio “tá precisando de uma

reforma. Os vestiários e sanitários precisam ser melhorados, a arquibancada teve um probleminha, precisa melhorar as condições do gramado, mas mesmo assim temos uma estrutura boa, só precisa ser melhorada”. O gestor da liga acrescentou que já existe uma conversa com a administração municipal, sinalizando a realização das obras. “Estamos com uma dificuldade em relação ao campo, mas o prefeito já está querendo fazer essa reforma para que no municipal a gente já esteja em uma situação mais confortável”, informou Sérgio Porto.


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Semana Santa com preços salgados na feira livre Beatriz Medeiros

Durante a Semana Santa, período que corresponde à Quaresma, a tradição da religião Católica recomenda o consumo de peixes e carnes brancas. Com isso, é esperado que os produtos usados na preparação destes pratos fiquem ainda mais caros, o que preocupa comerciantes e consumidores da feira livre de Cachoeira. Ingredientes como o peixe, camarão, quiabo, castanha, bacalhau, amendoim, coco e o azeite de dendê, utilizados na elaboração de receitas como o caruru, vatapá e a moqueca, têm aumentado nos últimos dias. O peixe, por exemplo, que há dois meses poderia ser encontrado por uma média de R$13,00 o quilo, agora chega a R$22,00. O bacalhau, que antes custava cerca de R$20,00 o quilo, está custando R$27,00. O litro do camarão pode ser encontrado na feira livre de Cachoeira, por R$ 6,00. O amendoim, por R$ 5,00 o litro, o coco que também é muito procurado nesta época, está custando R$ 2,00. O azeite de dendê está em torno de R$ 10,00 o litro, e a castanha varia de R$18,00 a R$20,00 o litro. Expectativa Segundo o comerciante Jeferson de Santana, vendedor há 20 anos na feira livre, “os clien-

tes estão optando pelos peixes com os preços mais baixos, geralmente os que estão custando na faixa de R$10,00 o quilo, como a arraia e o bagre. Os mais caros, como o robalo, o vermelho e a pescada amarela, estão custando R$20,00 o quilo. O quilo do camarão fresco, sem cabeça, já está custando R$22,00”, afirmou. De acordo com a vendedora Maria dos Santos, proprietária de um dos boxes do Mercado de Peixe, na feira livre, a expectativa de vendas esse ano é negativa. “A venda está fraca, cada dia que passa piora, desde a semana do carnaval era pra ter uma boa venda e isso não aconteceu, e desse jeito fica difícil a gente trabalhar, os clientes estão sem dinheiro, tudo aumentou”, destacou.

Tradição O aumento dos preços dessas iguarias tem preocupado alguns consumidores, como a lavradora Railda Conceição, que se assustou com o aumento. “Estamos abalados com esse aumento, tudo subiu, o que agrava toda a população e a solução no momento será economizar, comprar somente o necessário, mesmo sentindo falta de alguns produtos. Desse jeito será difícil manter a tradição daqui a alguns anos”, relatou.

A vendedora Maria dos Santos prepara seu peixe. Foto: Alan Suzarte “Teve um aumento absurdo os preços, a mepouca espinha e que é um dos mais em conta”, lhor maneira é pesquisar, ir de barraca em afirmou a vendedora de lanches Vera Trindabarraca pra ver se encontra o mais em conta de, enquanto escolhia o pescado no Mercado e hoje estou optando pelo barú, peixe bom, de Peixe.

Primeiro de abril, passou e você não viu ! Dalila Brito

O dia primeiro de abril é considerado mundialmente como o dia da mentira ou dia dos bobos. Nessa data, é comum as pessoas pregarem peças uma nas outras. Pais, mães, filhos, amigos, alunos e professores, ninguém está a salvo da possibilidade de cair numa pegadinha. Tudo começou no século XVI, quando o papa Gregório XII decidiu deixar de seguir o calendário juliano, criado pelo general romano Júlio César - que comemorava anunciação do ano novo de 25 a 31 de março e o réveillon no dia

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1 de abril - para seguir o calendário gregoriano, que marca o início do ano no primeiro dia de janeiro. O rei francês Carlos IX só adotou o decreto do papa dois anos depois. Então, algumas pessoas começaram a ridicularizar quem festejava a data antiga, os chamando de bobos de abril. Eles mandavam convites de falsas festas, presentes estranhos e anunciavam falsos casamentos. Brincadeira Ao longo dos anos, essas brincadeiras foram

se adaptando. Atualmente, as redes sociais se tornaram poderosos veículos para comemorar o dia da mentira. Através delas, são anunciados os falsos aniversários, festas e casamentos. Mas as pegadinhas dessa data não estão restritas à vida virtual. A estudante do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) Mariana Andrade contou que, recentemente, na manhã do dia primeiro de abril, se deparou com a sua mãe, que não lhe cumprimentou. Ela achou estranho, mas não comentou nada e sentou-se à mesa para o café da manhã. Sua mãe não lhe serviu e sua prima se retirou. Assustada, a

jovem se perguntou o que teria feito de errado, mas não questionou o comportamento estranho das duas. Mais tarde, a situação de ser ignorada se tornou insuportável e então Mariana resolveu perguntar o que ela havia feito, foi então que sua mãe passou a acusá-la de coisas que ela jamais teria cometido, enquanto sua prima agia como testemunha ocular de todas as acusações. A estudante não sabia como se defender e, desesperada, começou a chorar. Foi quando sua mãe e a prima responderam: “Primeiro de abril, passou você não viu!”.

Você sabia?

Dicas para aproveitar o dia da mentira

No próximo primeiro de abril você com certeza vai querer pregar uma peça em alguém não é? Pensando nisso, o Reverso anotou algumas dicas. Sabe aquele amigo que adora um bom presente? Pois é, ele será a sua melhor vítima. No dia primeiro, prepare uma sacola da loja favorita dele, coloque dentro da embalagem uma plaquinha com a seguinte frase: “Primeiro de abril, passou você não viu!”.

No dia 19 de abril de 2010, o jornal Al-Ghad causou pânico na cidade de Jarf, na Jordânia, após publicar como matéria de capa a notícia de que três discos voadores haviam pousado num deserto da cidade com criaturas de três metros de altura. As autoridades da segurança ordenaram que fossem realizadas buscas aéreas no local, mas nada foi encontrado. O editor do jornal, Moussa Barhoumeh, se pronunciou pedindo desculpas pelos transtornos causados pela falsa notícia, mas o prefeito da cidade alegou que a brincadeira do dia da mentira tinha ido longe demais e que seria retribuída com um processo jurídico.

Pra aquele seu amigo guloso, compre um pacote de biscoite de chocolate com recheio de baunilha e substitua o recheio por creme dental, depois é só esperar ele se deliciar. As ilustrações são de autoria de Alisson Casaes.

Acesse o Reverso Online


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GERAL

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Moradores reivindicam conclusão de obras no bairro do Tororó André Luís

Moradores do bairro do Tororó, em Cachoeira, reclamam que a obra realizada na principal praça da localidade não teve conclusão. A área continua a preocupar os moradores, pois atrás da praça inaugurada existe, bem próximo, um esgoto a céu aberto que vem sendo usado como deposito de lixo.

Os moradores reclamam, ainda, as benfeitorias anunciadas pelo prefeito Carlos Pereira para o bairro. De acordo com a doméstica Simone Conceição Pedra, o projeto da praça foi realizado, porém ficaram alguns coisas pendentes, como a cobertura da quadra de futebol de salão, o campo de futebol, que foi inaugurado mas só poderá ser utilizado depois de três meses e um esgoto aberto no fundo da praça.

Esgoto corre a céu aberto atrás da quadra

Providências Simone Conceição Pedra disse que procurou a prefeitura no dia da inauguração e foi informada que seriam tomadas as providencias para a conclusão dessa obra o mais rápido possível. “Acreditamos que o problema será resolvido o quanto antes”, afirmou. Muito mato, entulho, esgoto a céu aberto e mau cheiro fazem parte da historia dos moradores do bairro. A trabalhadora autônoma Joelma Queiroz disse que foi bom para o bairro essa inauguração, porém se preocupa em seus filhos não poderem utilizar o campo para a prática de esportes. Questiona também que não havia a necessidade de querer realizar a conclusão da obra tão rápida e, agora, os moradores não poderem usufruir desse patrimônio publico.

Vânia de Alcântara

Comprometimento O trabalhador Adinael dos Santos Lima disse que faltou um pouco de comprometimento da prefeitura com o bairro, pois “ela precisa acompanhar mais de perto os problemas na comunidade”. Ele revelou sua preocupação sobre como realizaram a obra: “foi tudo muito rápido, tudo em torno do aniversário da cidade, que aconteceu no último dia 13 de março”. Adinael explicou que a conclusão do campo

Inauguração de escola marca inicio de ano letivo em Governador Mangabeira

Foto: Elaine Conceição

Após a polêmica gerada com a extinção da Escola Josué da Silva Mello, a Prefeitura de Governador Mangabeira inaugurou, recentemente, a unidade escolar Elza da Silva de Jesus, para marcar inicio do ano letivo. A solenidade teve inicio com a execução do hino nacional e hasteamento das bandeiras do Brasil, da cidade e do estado, com a presença do grupo de desbravadores mangabeirense e toda família da professora Elza, em memória, já que o nome da escola foi uma forma de homenageá-la pelo trabalho que desempenhou no município durante mais de 25 anos. O ato contou com a presença da prefeita da cidade, Domingas Souza da Paixão, de toda a equipe da Secretaria de Educação, além de vereadores, pais e alunos. A nova instituição de ensino está localizada no bairro do Projeto e dispõe de salas climatizadas, para informática e de leitura, qua- Escola Josué Mello, Nilza Mota, também esteve dra poliesportiva e refeitório. Receberá alunos na inauguração e foi homenageada. “Sou grata a todos que passaram pela unidade escolar nos do primeiro ao quinto ano. seus 31 anos de funcionamento”, disse. A secretária de Educação Maria das Graças, agraHomenagem A mãe de aluna Telma Alves disse que ter gos- deceu à sua equipe pela contribuição dada e restado do novo ambiente escolar e que espera que saltou que a nova diretora da instituição, Maria o trabalho que vai ser desenvolvido seja igual ou José, terá como compromisso dar continuidade melhor que o da escola extinta. A ex-diretora da ao trabalho de Nilza Mota. Ana Paula Santos

Apesar de inaugurada, a praça esportiva ainda não está sendo utilizada. Fotos: Francisco Guedes

“Além de oferecer uma estrutura melhor, onde eles possam ter acesso à internet como meio de auxilio ao estudo, onde eles vão poder brincar na quadra e um refeitório para que possam realizar as refeições com calma, estou com um sentimento de dever cumprido, por conseguir transferir os alunos para um local onde eles possam se sentir em casa e ter acolhimento da família”, declarou a secretária de Educação.

Estudantes da UFRB ocupam o prédio Ana Nery

Após plenária realizada no dia 18 de março último, os estudantes do Centro de Artes Humanidades e Letras da UFRB resolveram ocupar o prédio Ana Nery, onde fica o setor administrativo da universidade, colegiados de cursos e direção. A ocupação é fruto de insatisfação com a infraestrutura

do centro, localizado em Cachoeira. Em nota, o movimento de ocupação listou reivindicações, como o retorno do setor de empréstimo de equipamentos, laboratórios de informática, implantação de restaurante universitário, transporte dos estudantes do período noturno, garantia de impressão periódica do jornal Reverso entre outros itens. “O movimento é legitimo e trata questões de interesses coleti-

vos, pois vai beneficiar todos os estudantes”, afirmou Milena Braz do curso de ciências sociais. O jornal Reverso procurou a diretora Georgina Gonçalves e o vice-diretor Wilson Penteados, no segundo andar do prédio do CAHL, espaço onde estão alocados os funcionários que trabalham no prédio Ana Nery, após ocupação, porém, não os localizou.

deveria ter terminado há muito tempo, “pois começaram a construir próximo das ultimas eleições presidenciáveis, porém pararam a obra e só retornaram no mês de março, realizando um trabalho intenso dentro de uma semana para dar a conclusão”. Ele também reclamou que os próprios moradores se reúnem para fazer a limpeza do bairro, “pois raramente aparece a equipe de serviços públicos da prefeitura para realizar esse trabalho”.

Cine Theatro recebe espetáculo de humor Aline Portela O grupo baiano Bocó Cia de Humor volta em abril para a agenda cachoeirana com o espetáculo Na Base do Improviso. Formado por estudantes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), o grupo iniciou a nova temporada de espetáculos de improviso. O elenco conta com três novos jogadores, Jamile Menezes, Kaick Rodrigues e Emanuele Macedo, além dos veteranos Kelvin Marinho e Rubi. O grupo nasceu em Feira de Santana, em 2013, e já esteve em cartaz em Cachoeira (BA) e Maceió (AL). O artista visual e comediante Kelvin Marinho contou que “o espetáculo contará com novos jogos e jogadores, além de muitas surpresas para o público”. Segundo ele, o nome do grupo vem da poesia Bocó, de Manoel de Barros, uma das inspirações do grupo. Além dos espetáculos, o grupo atua na formação de novos atores e na realização de cursos como o Clown e Cartoon. Além da estreia, a temporada cachoeirana contará apresentações nas duas últimas sextas de abril. Os preços dos ingressos ainda não foram divulgados pela bilheteria do Cine Theatro. Por que Bocó? “Bocó é sempre alguém acrescentado de criança. Bocó é uma exceção de árvore. Bocó é um que gosta de conversar bobagens profundas com as águas. Bocó é aquele que fala sempre com sotaque das suas origens. É sempre alguém obscuro de mosca. É alguém que constrói sua casa com pouco cisco. É um que descobriu que as tardes fazem parte de haver beleza nos pássaros. Bocó é aquele que olhando para o chão enxerga um verme sendo-o. Bocó é uma espécie de sânie com alvoradas.” (Manoel de Barros)


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SEU BAIRRO 9

Pitanga, portal de entrada da cidade histórica

Conheça a história de um dos bairros mais tradicionais de Cachoeira Estrutura O bairro possui uma policlínica cujo nome homenageia um integrante da família Lobo, Izidro, bem como uma creche que leva o nome de Nelson, pai dos atuais herdeiros do Balneário. A dona de casa e moradora há mais de 30 anos, Francisca Gomes contou porque escolheu a Pitanga. “Nasci em Manaus e vim morar aqui, que sempre foi um lugar tranquilo. Aqui criei meu filho caçula, brincando às margens do riacho. E de 30 anos pra cá algumas coisas mudaram pra melhor: o jardim, o posto de saúde e a creche que foram construídos “, disse. Lucas Lobo também deu sua visão do antes e depois do bairro. “Nasci aqui, de parto natural, realizado por parteiras, uma tradição da época. Tive sempre uma vida saudável e de contato direto com a natureza. A Rua Doutor Vaccarezza era de chão batido, com boa qualidade de vida, sem as invasões circunvizinhas ou poluição do rio com dejetos. Hoje tudo mudou, rua pavimentada, o rio se encontra poluído e a qualidade de vida já não é a mesma “, relatou. Fotos: Cristhiele Teles Jaqueline Santos O bairro Pitanga, situado na entrada e saída oficiais da cidade de Cachoeira, é um dos acessos à capital Salvador. Dividido em duas partes, Pitanga de cima é onde está localizado o Colégio Municipal da Cachoeira (maior núcleo público de educação básica do município) e a de baixo onde se encontra o Mercado Municipal e Santa Casa de Misericórdia. A localidade leva o nome do rio Pitanga, que percorre as ruas e praças dessa região. A população, na maioria adultos que sempre viveram ali, é composta por integrantes de famílias que se instalaram desde a formação do lugar, a partir do desmembramento de antigas fazendas que margeavam um afluente do rio Paraguaçu. Uma destas fazendas era a Pitanga, adquirida em meados dos anos 1840, pelo português Manuel Lobo, bisavô dos atuais proprietários, depois sucedida a seu filho Izidro Lobo e, após sua mor-

te, passou para Nelson Lobo. Hoje conhecida como Balneário, o Vale das Cachoeiras é propriedade dos irmãos Lobo, administrada atualmente por um dos herdeiros, Lucas Lobo. Balneário Segundo Lucas, a construção do Balneário foi um sonho do seu pai, que desejava criar um clube dentro da cidade, mas não conseguiu dar continuidade. Após sua morte, os filhos deram segmento ao projeto, com ajuda financeira de 50 sócios fundadores. Em 13 de março de 1982 o empreendimento foi lançado como fundação. “Estou à frente, administrando com apoio dos meus irmãos. O Balneário hoje está vivendo um momento de plena alegria em relação à qualidade de serviços, estamos reformando, melhorando e ampliando a área verde. Funcionamos todos finais de semana e feriados”, concluiu. Segundo o blog Fazenda Pitanga, ao lado do clube Vale das Cachoeiras existe um antigo casarão,

O Portal de Cachoeira dá acesso à rodovia que liga Cachoeira a Santo Amaro e BR-324

às margens do riacho onde foi construído o primeiro engenho de açúcar por Paulo Dias Adorno. As ruínas do primeiro engenho, denominado Engenho Velho, encontram-se preservadas.

À esquerda, o Balneário Vale das Cachoeiras, que ocupa a sede da Fazenda Pitanga, área de aproximadamente 15 mil metros quadrados. Acima, Lucas Lobo, um dos proprietários.

Pitanga de Baixo Sobre a área onde ficam a Santa Casa de Misericórdia, Mercado do Peixe, Mercado Municipal e um conjunto de sobrados na Rua Durval Chagas, lateral da capela, a comerciante Romilda Gomes relatou a sua preferência pelo local de moradia. “Sou filha de Cachoeira e da Pitanga, brinquei muito no riacho, presenciei alguns acidentes que tiveram aqui perto, me desenvolvi e permaneço morando por aqui, porque é um lugar que fica perto de tudo, principalmente é bom para o meu comercio. O único problema são os ônibus da zona rural, que ficam estacionados aqui na rua e assim ela fica apertada”, acrescentou. Atualmente as ruas da Pitanga (de baixo e de cima) estão todas pavimentadas, possuem praças, duas delas levam o nome de antigos habitantes do local. A praça conhecida como Pitanga leva o nome de Ariston Magalhães, um dos antigos prefeitos do município.


10 ECONOMIA

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Jovens têm dificuldade para encontrar emprego em Cachoeira Com poucas opções no mercado e sem qualificação, só restam aos iniciantes o comércio informal ou o trabalho no campo Clisleide, é raro o jovem cachoeirano conseguir um serviço com carteira assinada na cidade, o As dificuldades para a inserção no mercado de que faz com que muitos se vejam obrigados a trabalho tem sido motivo de preocupação entre irem para grandes centros, como Feira de Santaos jovens de Cachoeira. Além da indústria e o na ou Salvador. comércio da região serem limitados, as poucas empresas existentes requerem o que muitos de- Poucas vagas les não possuem: qualificação. É o que garante A coordenadora do Sistema Nacional de EmEmerson Santos, 18 anos, que está prestes a tirar prego (SINE) em Cachoeira, Ana Paula Pinho, sua carteira de trabalho e não vê na cidade muitas afirmou que os jovens buscam constantemente possibilidades para seu futuro profissional: “Não as vagas oferecidas pelo serviço. O SINE funsão muitas as oportunidades. Como muitos jo- ciona como intermediador entre empregadores e Uilson Campos

mercado de trabalho. “Aqui em Cachoeira são poucas as empresas que vêm ofertar vagas no SINE. Às vezes também há vagas que exigem uma qualificação que não corresponde à formação profissional que é oferecida para os jovens de Cachoeira”, observou Ana Paula.

Contornando o desemprego Sem possibilidades de encontrar trabalhos formais, alguns jovens buscam alternativas para contornar o desemprego e fazer sua própria renda. É o caso de Luanice Gonçalves, que tem 18 anos e vende pipoca em frente ao Colégio Estadual da Cachoeira. “Emprego com carteira assinada aqui a gente não encontra, por isso decidi trabalhar como autônoma”, disse. De segunda a sexta, Luanice empurra sozinha o carrinho de pipoca de sua casa até a porta do colégio. A jovem, que sonha em seguir carreira militar, diz que essa foi a maneira que ela encontrou para conquistar uma maior independência financeira. “Comecei a trabalhar pra ajudar a mim mesma, para pagar meus cursos e não ficar dependendo de dinheiro dos meus pais”, contou.

de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e em parceria com órgãos como Sebrae, Senac e IFBA. São seis salas de aula e uma oficina para as atividades práticas. Porém, de acordo com o coordenador do centro, Cleidson Sá Barreto, o interesse na formação profissional nem sempre é a principal motivação dos jovens que buscam os cursos. Como o Governo Federal oferece uma bolsa de subsídio para os matriculados, que varia entre R$ 8,00 e R$ 10,00 por dia de aula frequentado, muitos acabam se inscrevendo apenas pelo dinheiro e não se dedicam às atividades. “Infelizmente, a maioria vem se inscrevendo sem possuir o devido perfil para participar desses cursos. Iniciamos turmas com um número expressivo de alunos, mas muitos não conseguem entender a dinâmica do programa e acabam evadindo”, contou Cleidson. Os alunos do Pronatec devem ter frequência igual ou superior a 75% e alcançar uma média satisfatória nas disciplinas para receber a certificação. Atualmente, o centro oferece cursos de encanador industrial, beneficiamento de couro, eletricista naval e desenvolvedor web.

Fotos: Laerte Santana Com poucas oportunidades de emprego na cidade, Luanice busca conquistar alguma independência financeira vendendo pipoca. vens não têm estudo nem qualificação, eles vão candidatos. As empresas fazem o registro de suas trabalhar em granjas ou na feira. Pra hoje a gente demandas por profissionais no sistema. Da mester um emprego melhor, tem que possuir uma ma forma, os que buscam emprego apresentam formação”. seus documentos e fazem um cadastro. Quando Além dos trabalhos relacionados ao campo, ser- o perfil do candidato atende aos pré-requisitos viços domésticos ou em pequenos mercados e exigidos para uma determinada vaga, o SINE o armazéns são outros meios de empregabilidade encaminha para a empresa empregadora. para os iniciantes. Ainda assim, na opinião da jo- O serviço de intermediação para o trabalho é vem Clisleide Nascimento, 18 anos, moradora da gratuito e atende em média 25 candidatos por dia comunidade rural da Murutuba, em Cachoeira, a na cidade. De acordo com Ana Paula, a maioria instabilidade do trabalho nesses locais faz com das vagas nem exige experiência e o ramo que que alguns se sintam desestimulados. “Aqui em mais tem contratado na região é a indústria do Cachoeira o jovem só consegue fazer bicos. Não couro. há garantia de uma permanência no emprego. Alguns fatores, porém, acabam por não conPassam uns três meses e botam pra fora”. Para tribuir com o acesso do jovem cachoeirano ao

Os estudantes do curso para eletricista naval do Pronatec em sua aula prática. O valor da qualificação Em períodos de inscrição para os cursos do Centro de Qualificação Profissional de Cachoeira há quem madrugue na fila em busca de uma vaga. O espaço foi inaugurado em 2013 e oferece cursos profissionalizantes do Programa Nacional

Para Cleidson, aos poucos alguns jovens começam a compreender a importância da formação profissional. “Essa é a forma de inserção no tão sonhado mundo do trabalho e eles estão percebendo que não há outro meio para isso a não ser pelo estudo”, concluiu.


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MEIO AMBIENTE

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Poluição em Acupe pode acabar com a fauna do manguezal Fotos: Rosânia Larangeira

Rosânia Laranjeira e Arnaldo Ramos

O experiente pescador disse ainda que antes da poluição nos manguezais e na enseada os caranguejos eram grandes, tinha muitos A população de Acupe, distrito de Santo Amaro, no Recôncavo da crustáceos e mirorós. Quando saiam pra pescaria sempre levavam Bahia, sobrevive da pesca e do caranguejo, mariscos e crustáceos, um bom pescado para casa. porém a poluição nos seus manguezais está preocupando pescadores e marisqueiros. O lixo doméstico, como garrafas pet, latas Projeto de cerveja, sacolas plásticas e outros resíduos, divide espaço com José Jerônimo Souza Filho, gerente de unidade da Bahia Pesca, as tocas dos caranguejos, entre a vegetação. que é biólogo marinho e mestre em aquicultura (cultivo marinho), Amilton das Neves Ribeiro, pescador desde a infância, profissão iniciou o projeto Bijupirá, voltado para piscicultura marinha, na que aprendeu com o pai e ensinou para os filhos, que também Fazenda Experimental de Camarões Oruabo, em Acupe. sobrevivem da pesca, teme que os peixes e mariscos desapareçam. Ele explicou o que os pescadores Buica e Valmir perceberam na Ele lembra que, ainda garoto, saia com pai e colocavam de dois a relação com o ambiente, destacando que o tema poluição é comtrês lances (rede no mar) e enchiam uma embarcação. Atualmente, plexo, por existir várias formas de poluir. disse que coloca 10 lances e às vezes não pesca nada. Ele esclareceu que o lixo doméstico, a exemplo de uma garrafa pet Deu exemplo de sua última pescaria, contando que “saí pela ma- ou uma sacola que a marisqueira leva pro manguezal e deixa lá, nhã, pesquei de camarão, de peixe e de siri e só consegui oito qui- pode impactar porque o plástico demora de degradar. Contudo, los de siri com casca, que depois de catado, fica de um quilo e meio pode ser mais fácil de resolver com uma conscientização, através a dois quilos, isso de sete da manhã a cinco e meia da tarde”. de campanhas ensinando a não deixar o lixo no mangue e ensinando às crianças que não devem deixar o lixo no manguezal, formanPrejuízos do uma consciência ecológica. Desta forma, ele tentou demonstrar a dimensão dos prejuízos O biólogo salientou, ainda, que existe outros agressores deste causados pela poluição. Amilton salientou que o plástico é muito ecossistema, como o esgoto doméstico lançados nos manguedanoso para os manguezais e rios, porque impede a reprodução zais e a invasão de área de mangue por moradias. “Dependendo das espécies. Ele disse que tenta fazer sua parte ensinado os netos do local onde este manguezal está situado, ele pode sofrer farias agressões: industrial, doméstica e até pelo homem que passa pelo a acoplar o lixo em sacos para o carro recolher. O pescador aposentado conhecido como Buica contou que viveu local e descarta lixo. Essa agressão vai fazer com que o ambiente fique cada vez mais degradado, vai fazer com que os animais que da pesca e os filhos vivem da mesma profissão. Segundo ele, há vivem naquele local fiquem suscetíveis à mortandade, a doenças”, cerca de 10 anos, as marisqueiras iam para o manguezal e voltavam completou. de mãos vazias. “Faltou caranguejo, foi uma falta medonha. Faltou caranguejo, ostras, aribí. As pessoas que cavavam aribí encon- Questão global travam os crustáceos mortos, eu mesmo já encontrei muito aribi Jerônimo advertiu que a poluição do manguezal em Acupe pode morto na praia, isso deve ter sido alguma química dos viveiros de não ser da própria região, o lixo encontrado no mangue pode ter camarão, é tanto que na enseada faltou mirorós (peixe que vive sido transportado pelas correntes marítimas, por se tratar de material flutuante, assim como o material descartado nas proximidades enterrado na lama), foi um problema serio”, lembrou.

pode estar se acumulado em outra localidade. Ele entende que a conscientização sobre o reaproveitamento e o descarte devido do lixo é para todo ser humano, não pode ser uma questão local. A região sofreu com a falta do caranguejo, animal típico do mangue que estava desaparecendo e, desde 2007, a empresa Bahia Pesca está desenvolvendo o projeto de repovoamento do caranguejo na região. Um trabalho que só terá resultado a longo prazo e com uma consciência dos pescadores e caçadores de caranguejos, que não podem capturar os animais com menos de quatro ou cinco centímetros, um trabalho que deve ser desenvolvido especialmente com as crianças, que desde cedo deve aprender como lidar com o meio ambiente. O biólogo explicou que o trabalho de repovoamento é uma ajuda à natureza, visto que uma animal descarta milhares de ovos no ambiente e menos de 0,5% sobrevive, enquanto que no laboratório aproveitam cerca de 35% por cento dos ovos. Os pequenos caranguejos são devolvidos pro meio ambiente com capacidade de sobrevivência.Neste sentido, os pesquisadores recomendaram que, o homem aprender que só pode resgatar um animal com mais de quatro anos, que não podem caçar de janeiro a maio, época em que os animais saem para encontrar parceiros (o que chamam de andada do caranguejo), que não devem poluir, o mangue pode se recuperar naturalmente.

O acúmulo de lixo doméstico tem comprometido os mangues da região.


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