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CULINÁRIA REGIONAL É DESTAQUE NA PÁGINA 6 Cachoeira - Bahia Agosto de 2018 Edição

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Cine Theatro é referência no Recôncavo (pág. 5)

Cidade ganha órgão de proteção aos animais (pág. 4)

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Centro de Artes, Humanidades e Letras

Mobilidade segue comprometida nas ruas do centro Página 3 Em Cruz das Almas Barbosão passa por reforma completa

(confira na página 11)


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INEDITORIAL Jornalismo Esportivo leva profissionais à sala de aula OPINIÃO

CACHOEIRA | BAHIA Agosto 2018

Emerson Ferretti no registro de Adrielly Novaes

Margarida Neide foi fotografada por Shagaly Ferreira Uma iniciativa do componente curricular optativo Jornalismo Esportivo, oferecido neste primeiro semestre do ano letivo de 2018, trouxe às salas de aula do nosso Centro de Artes, Humanidade e Letras, recentemente, alguns destacados profissionais que atuam no segmento baiano da comunicação social dedicado às práticas esportivas. Foi o caso da fotojornalista Margarida Neide, a primeira mulher a fazer cobertura fotográfica na área do Jornalismo Esportivo na Bahia e que já há algum tempo trabalha no jornal A Tarde. Sua palestra, no último dia 8 de adosto, empolgou a todos, não somente em razão de sua palestra apaixonada e competente em defesa de uma atividade que costuma cobrar muita dedicação pessoal, mas que igualmente apaixona. Margarida fez isso de ma-

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo Reitor da UFRB Prof. Dr. Silvio Soglia Diretor do CAHL Prof. Dr. Jorge Cardoso Filho

Edição e Editoração Gráfica Prof. Dr. J. Péricles Diniz

A palestra de Luiz Teles capturada por Ivana Moreira neira brilhante, demonstrando muito conhecimento e experiência no trato jornalístico da imagem em movimento, característica marcante da cobertura esportiva. Outro profissional de trajetória considerável na área foi o ex-goleiro de Bahia e Vitória Émerson Ferretti, gaúcho de nascimento e baiano por escolha, que deu palestra em 15 de agosto. Ainda enquanto atuava como atleta, ele graduou-se em Administração de Empresas e jamais descuidou dos estudos. Depois de pendurar as luvas, atuou como comentarista esportivo em vários veículos de comunicação baianos e fez pós-graduação em Gestão Esportiva, o que certamente lhe facilitou o desafio de reestruturar o quase extinto Esporte Clube Ypiranga, con-

forme lembrou o próprio Émerson, a mais vitoriosa, tradicional e querida agremiação da Bahia, depois da dupla BA-VI. No dia 22 de agosto foi a vez do jornalista Luiz Teles, profissional também com passagens em vários veículos baianos, destacando-se com um dos mais competentes na cobertura esportiva. Ele abordou temas que vão da história do esporte e seu contexto sociopolítico, até as políticas governamentais para o setor (melhor, da falta delas), bem como do funcionamento de uma assessoria de comunicação, lembrando que hoje ele trabalha na assessoria do Esporte Clube Bahia. Ao coordenar o processo e ter o prazer de receber os colegas, me sinto realizado com a experiência que me permitiu transmitir um pouco do que aprendi com a profissão, trocar experiências com colegas da mais alta competência e paixão pelo que fazem, mas principalmente aprender com todos os envolvidos no projeto, colegas, profissionais e estudantes.

Péricles Diniz, editor


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CIDADE

Mobilidade segue comprometida nas ruas de Cachoeira

Gabriella Freitas (texto) e Liane França (fotos)

A falta de acessibilidade e má condições das ruas principais afetam diariamente os pedestres na cidade de Cachoeira. O grande fluxo de pessoas, carros de som e mercadorias que ocupam espaço nas calçadas são algumas das características do comércio local que agravam ainda mais este problema, sobretudo no que se refere à segurança das pessoas. O atual traçado das ruas gera barreiras principalmente àqueles que possuem a mobilidade reduzida, como gestantes, idosos, mães com filhos no colo, obesos ou pessoas que usam muletas, assim como relatou a Elza Silva, moradora

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da cidade há 50 anos. “Tem uns guardas para ajudar a gente, mas ainda é difícil para andar e atravessar. Agora que melhorou um pouco, aqui nesse trecho do mercado. Nos outros locais as calçadas são bem ruins, a maioria quebrada e cheia de buraco.... Está bem difícil para terceira idade, viu?”, reclamou. Rampas e entulhos Se por um lado a prefeitura tenta aderir às leis de acessibilidade, o desrrespeito ao direito de ir e vir é praticado também por uma parcela da população. Observando as praças e ruas, fica fácil perceber que as rampas de acesso são ocupadas por entulhos e sacos de lixo. O cidadão cachoeirano Antônio Raimundo Santos afirmou que “muitos nem pensam nisso de acessibilidade, outros pensam nisso como plataforma política, né? Numa pauta de época de eleição, por exemplo, aí surge. Mas no dia a dia, as coisas vão se deteriorando e não se tem esse cuidado constante da manutenção. Algumas coisas melhoram, mas ainda precisa fazer muito mais.”

Antônio Raimundo Santos, cidadão cachoeirano

Sara Millen, gerente de loja, trabalha em Cachoeira há 10 anos: “Eu acho essa rua principal muito movimentada, e as calçadas não são adaptadas para pessoas com deficiência física. Já vi escorregões por causa do espaço curto das calçadas e também existe muito camelô ocupando espaço. Aí atrapalha.”

Segundo o secretário de Obras e Meio Ambiente Edgar Moura, as reformas para melhoria do ambiente, não apenas para o deficiente, mas para todos os cidadãos cachoeiranos, já começaram a ser implementadas. “Já sofreram modificações a Praça Maciel, Praça Dr. Milton, Praça Teixeira de Freitas e a Praça Ubaldino de Assis. Em breve, (será feita) a reforma das calçadas da rua J.J Seabra e em toda a cidade”, disse o secretário. Mesmo com essas novas intervenções, uma parte da população ainda considera insuficiente. “Algumas ruas melhoraram, outras ainda precisam melhorar, é uma coisa que o pessoal que se sente mais atingido tem que se organizar para cobrar. Já que o poder público só se mexe quando é provocado. Pessoas que tenham deficiências e as que não têm também, procurem cobrar para que sejam realmente feitas essas melhorias”, disse Raimundo Antônio Santos, nascido e criado na cidade de Cachoeira


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CIDADE

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Município ganha irmandade de proteção aos animais

Protetores de animais, moradores e vigilância epidemiológica se preocupam com o grande número de animais abandonados pelas ruas e com os riscos à saúde pública Giovane Alcântara (texto) e Leilane Fernandes (fotos) No último dia 14 de julho foi criada a associação de proteção aos animais Cachorreira e São Felinos. O objetivo principal da ONG é despertar a consciência da população em torno dos cuidados aos animais de rua. Atualmente, a associação possuí seis membros, tendo como presidente Tianalva Silva, já reconhecida pela comunidade por seu trabalho com animais de rua. De acordo com Francisca Helena Marques, membro da associação, outro objetivo é “estabelecer parcerias com a Vigi-

lância Sanitária, Secretária Municipal de Saúde pro trabalho de educação ambiental e para trabalhar nas escolas.” A preocupação por parte da população decorre do estado de saúde dos animais que andam pelas as ruas da cidade, muitos com doenças que podem ser transmitidas aos humanos, como por exemplo a leishmaniose, leptospirose ou até mesmo a raiva, problemas que, se não tratados, podem levar à morte. O problema não é apenas em Cachoeira, no Brasil existem mais de 30 milhões de animais abandonados, sendo a maio-

Francisca Helena, da associação de proteção aos animais

ria deles cachorros, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). A redução da taxa de natalidade desses animais acaba sendo realizada em conjunto com a sociedade civil organizada em mutirões de castração. Os moradores pagam uma taxa mínima para cobrir os gastos com a medicação dos animais. Porém, não há abrigo para esses animais, que acabam voltando para a situação de abandono.

Abandonar é crime O artigo 32 da lei 9605/1998 do Código Ambiental prevê pena de três meses a um ano de detenção ou multa, enquanto o código penal, no artigo 164, estipula uma pena de quinze dias a seis meses de detenção.

Estação Ferroviária sediará o Centro de Cultura e Arte Ana Célia Coelho (texto) e Carlos Augusto Santana (foto)

A Estação Ferroviária e a Ponte D. Pedro II, importantes marcos culturais de Cachoeira, passam por um processo de revitalização, iniciado em janeiro, com data de entrega prevista para dezembro de 2020. Após conclusão das obras, o antigo prédio servirá de sede para o Centro de Cultura e Arte do município. A assessoria da prefeitura informou que a conclusão da parte direita da Estação será entregue antes do prazo final e serão alocados nesse espaço boxes para os artistas cachoeiranos, objetivando promover e incentivar a produção artística e a cultura local. Já a parte esquerda do prédio será destinada à SAMU, Guarda Municipal, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar. A obra está sendo executada e administrada pela Valor da Logística Integrada (VLI), empresa responsável pela via

férrea que passa pela cidade, com apoio da prefeitura e do Instituto do Patrimônio, Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). História e cultura A estação foi aberta em 1876, sendo reformada, em sua parte externa, em 2007. Já a ponte, que liga Cachoeira e São Felix, foi inaugurada em 1885, com a presença do imperador Dom Pedro II. Sua última restauração ocorreu em 2010. Segundo o secretário de Obras e Meio Ambiente de Cachoeira, Edgar Moura, a antiga estação é o espaço ideal para abrigar a produção artística do município. “A estação foi muito importante para desenvolvimento econômico da cidade e este espaço não pode ficar sem serventia, por isso, vamos adaptá-lo e criar o Centro de Cultura e Arte”, afirmou. Para a moradora Meire Costa, integrante do grupo de samba de roda Esmola Cantada, a revitalização da estação é impor-

tante para a cultura e geração de emprego em Cachoeira. “A Estação faz parte da história da nossa cidade, então acho muito importante reformar e aproveitar o lugar para divulgar os artistas locais. E isto também vai gerar mais emprego para a população”, relatou. O período de interdição para restauração será de segunda a sexta-feira, das 23h às 5h. Nos finais de semana, o tráfego na ponte correrá normalmente.


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CIDADE

Cine Theatro Cachoeirano tem problemas mas ainda é referência no Recôncavo

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Texto: Leonardo Gonçalves Fotos: Adrielly Novaes

Reinaugurado em 2014, após a aquisição das ruínas do Cine Glória pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Cine Theatro faz parte da história do povo de Cachoeira. O prédio, localizado na praça Teixeira de Freitas, no centro da cidade, foi cinema de rua por mais de 40 anos até ser fechado. Hoje é palco para oficinas, espetáculos, aulas e palestras. Segundo o diretor do Cine Theatro Cachoeirano, Samir Suzart, o espaço cultural surgiu em 1922 com a intenção de ser o centro de cultura mais difundido do Recôncavo, mas que por conta da crise do cinema de rua dos anos 1980, então denominado Cine Glória, passou a exibir conteúdo apelativo para não fechar as portas. “Esse espaço era privado e como quase todo cinema de rua da época, foi fechado. Tenho relatos dos moradores daqui que o Cine Glória passou a exibir cenas de sexo explícito entre atores. Total decadência, mas eram os filmes pornôs que traziam público. Então era notório que cedo ou tarde isso iria acontecer”, relatou. Problemas estruturais Ainda de acordo com Suzart, o Cine passa por problemas estruturais devido à crise financeira do poder público, que mantém o local repassando verbas à instituição. Mas ele acredita que, ainda assim, o ambiente é um dos melhores da Bahia. “O Cine Theatro tem problemas na estrutura, mas eu acho que é muito preciosismo das pessoas que reclamam, às vezes. Eu também sou artista, já viajei por diversas cidades da Bahia com espetáculos de dança e poucos

A fachada do cine theatro, na Praça Teixeira de Freitas

municípios do interior do estado têm espaços como esse aqui, com a estrutura que a gente oferece”, declarou. Apesar de todos os problemas, o espaço é visto de forma positiva pelos cachoeiranos e por quem vem de fora. É o caso da estudante de museologia Angélica Rodrigues,

que veio de Santa Maria da Vitória, cidade localizada no extremo oeste baiano. “O primeiro lugar que pisei em Cachoeira, depois do CAHL, foi o cine e lá estava acontecendo uma peça de teatro. Me encantei e foi lá que entendi muito sobre Cachoeira. Bati papos, fiz parte de rodas de conversas e eu não consigo imaginar a cidade sem o cine”, afirmou.

O Cine Theatro Cachoeirano surgiu da aquisição da propriedade particular do Cine Glória, em 2009. Foram investidos cerca de R$ 179 mil na compra do espaço e mais R$ 6 milhões em reformas estruturais do prédio. As obras duraram cinco anos e o Cine Theatro foi inaugurado em 25 de junho de 2014. O espaço já era tombado pelo IPHAN desde 1937, mas fechou pela queda da popularidade dos cinemas de rua no final dos anos 1980. Hoje é dirigido por Samir Suzart, ex-estudante da UFRB, e mantida pelo Poder Público. Mesmo com tantas atividades estudantis, o Cine não é assumido pela UFRB por causa dos altos custos do espaço e dos problemas financeiros da instituição de ensino superior.


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REPORTAGEM

Comida sagrada e cultura

Especialmente no mês de agosto, em que se celebra a festa de Nossa Senhora da Boa Morte, comidas tradicionais do Recôncavo são servidas com fartura e afeto samba-de-roda. Logo após, as irmãs servem para os convidados e comunidade o cardápio tradicional: feijoada, cozido, caruru, e, às vezes, mugunzá. Para elas, esse ato significa abundância e prosperidade. Segundo Walmir Pereira, mais conhecido como Walmir da Boa Morte, as histórias repassadas através da oralidade explicam tanta fartura. O alimento mata a fome e supre o sagrado, unindo a caridade da Igreja à simbologia do candomblé. Quem cuida dos preparos, na atual sede da irmandade, são cozinheiras contratadas. Antigamente, as próprias irmãs iam para a cozinha, mas a idade, principalmente, deixou-as mais na parte da organização e supervisão. Dessa forma, elas conseguem se preparar e estar muito bem arrumadas para dar toda atenção aos convidados.

Texto: Maria Lara Pires Fotos: Jelson Junior A cidade fica carregada de significados e expectativas. A celebração realizada pela Irmandade da Boa Morte é um ritual de fé, religiosidade, beleza, respeito e homenagem ao povo negro. Gente de toda a região e até mesmo de fora do país participa das procissões, missas e festejos, ou apenas para observar o movimento nas ruas principais entre os dias 13 e 17 de agosto. Tem muitas histórias e personagens por trás de cada preparo e atitude da festa e a ceia branca chama atenção. No dia 13, sempre é feita a abertura da Semana Santa de Nossa Senhora e, após a cerimônia, na capela, o banquete é servido para as irmãs, que passam a noite em vigília. A mesa da paz, dos sentimentos ou de Oxalá,

não pode ter comidas com azeite nem pimentas para manter a coloração e tradição. As mulheres africanas, durante o período da colonização, desenvolveram uma nova culinária misturando ingredientes de Portugal e daqui do Brasil, sem desconsiderar os modos de preparo e temperos de seus povos originários. O uso do dendê é uma característica bem marcante na culinária baiana e no Recôncavo um dos pratos mais famosos é o caruru. Antônio José, soteropolitano aposentado que mora em Cachoeira há mais de 20 anos, tem preferência pelo preparo à base de quiabo, mas diz achar tudo uma delícia. “Chego na hora certinha, porque a fila é gigantesca”, afirmou. Parada obrigatória A partir da quarta-feira, o destino final é no Largo D’Ajuda, onde a celebração é realizada com valsa e o


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Um relato

Numa tarde de quarta-feira saí andando por Cachoeira à procura da casa de Dona Dalva. Felizmente, ao me aproximar, ela estava na porta, cumprimentando todos aqueles que passavam falando um “oi” ou “bença, minha véia”. Para não atrapalhar muito, me apresentei e fiz apenas uma pergunta: o que significa comida do Recôncavo? Continuando a conversa, ela me contou que no almoço daquele dia tinha comido cozido com todas as verduras, carne de charque, de porco, chupa molho e chouriça (caprichado, hein?!). “Comida do Recôncavo significa saúde. O povo come e se sente bem. É tudo original: produto de qualidade e feito por quem sabe mesmo”, afirmou e se despediu de mim, a curiosa que sempre quer saber sobre a comida da gente, “a comida de verdade” da qual falou Dona Dalva.

CURIOSIDADE: a Casa Estrela, situada na Rua Ana Nery, nº 41, era ponto de ligação constante com a África, porque comercializava produtos e alimentos típicos. As mulheres da Casa, em sua maioria, eram ganhadeiras com a quitanda e o tabuleiro. Por isso o lugar estabelecia relações religiosas, culturais, comerciais e políticas, sendo até hoje referência para a Boa Morte.

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ECONOMIA

Texto: Adailane Souza Fotos: Eliane Cruz

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Ideias criativas viram fontes de renda

Muito longe das grandes indústrias e dos tradicionais processos de produção e economia, um novo segmento vem ganhando destaque entre empreendedores iniciantes. A economia criativa, segundo a graduada em Gestão em Cooperativas Ivanessa Moreira, “trabalha com a inclusão social e econômica de seus agentes. Tem foco nas atividades artísticas e culturais, sendo fortes fatores econômicos, gerando emprego e renda”. Moisés Marques, popularmente conhecido como Mestre dos Magos, há 30 anos trabalha com artesanato, que é sua única fonte de renda. “Eu vivo do artesanato, crio meus filhos, sustento minha família e compro as coisas que eu preciso para trabalhar”, disse. Sua inspiração para criar veio desde criança. Ele contou que “quando menino, não tinha acesso a brinquedos, aí eu tinha que criar meus brinquedos”. Depois que ele cresceu, optou por produzir peças de decoração e joias, utilizando materiais recicláveis, como osso de mocotó, caco do coco, resto de madeiras e metais.

As peças se destacam por serem modelos com estampas, cortes e tecidos diferentes e que têm um valor acessível, atendendo às necessidades dos clientes. Flávia ainda não conta com loja de roupas como principal fonte de renda. Por causa dos estudos, informou que não tem muito tempo para produzir as peças, mas que futuramente pensa em expandir o negócio. “Pensei em abrir um registro como microempreendedora individual, porém ainda considero muito pequeno o meu negócio. Por enquanto, eu estou mais sossegada nessa área da moda, faço as roupas de acordo com meu tempo, mas daqui alguns anos pretendo ter CNPJ”, declarou.

Flávia Novaes (acima) pretende investir na produção de moda (abaixo) Inovação A moda é um dos segmentos que se destaca na economia criativa. A estudante de artes visuais Flávia Novaes tem uma marca de roupas e contou que sempre teve vontade de trabalhar com costura. Atualmente, com o avanço do meio tecnológico digital,

Moisés Marques produz artesanato desde criança

ela pretendeu principalmente criar uma loja virtual, onde as pessoas pudessem conhecer seu trabalho. Flávia tem como público alvo os estudantes do Centro de Artes, Humanidades e Letras da UFRB. Para ela, suas roupas “expressam a ideologia que normalmente a galera tem, sem os padrões que estão sempre segmentados no mundo da moda, e hoje eu percebo que o público do CAHL já tem seu estilo criado, eu aproveito que é um estilo que eu gosto, que tem um teor expressivo”.

Travessia Os cachoeiranos Állan Maia e Álex Antônio, estudantes de Cinema, tiveram a ideia de criar uma produtora audiovisual, a Travessia Filmes, com o intuito de falar sobre a cidade de Cachoeira e o seu povo. Eles relataram a importância da produtora para a região, que “é uma cidade que abriga um centro acadêmico com o curso da área, que produz festivais e eventos, onde a maioria dos selecionados e participantes é de pessoas de fora”. Eles ressaltaram, que “a intenção é que sejamos o pontapé desse processo, esperamos que assim como nós, mais pessoas daqui da cidade e do Recôncavo se interessem e percebam a necessidade de alcançar seu espaço”. A Travessia Filmes está em processo de consolidação, trabalhando apenas com produções cinematográficas, porém a intenção além dessas produções é desenvolver projetos para a comunidade de Cachoeira.


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ESPORTES

Intermunicipal mobiliza torcedor cachoeirano

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Caio Batista Ferreira (texto) Monalysa Melo (foto)

Passada a Copa do Mundo e o campeonato municipal, as atenções da torcida cachoeirana estão voltadas para o Intermunicipal, que neste ano chega em sua 63° edição consolidado como o maior evento de futebol amador do país. Para a edição de 2018 a expectativa de chegar à final é alta, reforçada pelo fato de que na edição passada a equipe foi batida nas quartas-de-final, nos pênaltis e em casa, pelo time de Eunápolis. “A eliminação em casa na edição passada é mais uma das motivações para que alcancemos a final lá em dezembro”, declarou o goleiro Negrote. Reforços A seleção convocada para o intermunicipal deste ano mantém uma base no elenco. “Entre 70 e 80% do elenco deste ano jogou no intermunicipal do ano passado, mas alguns jogadores vieram junto com a gente”, esclareceu o técnico Careca, que no ano passado dirigia a equipe de Santo Amaro e também é uma das novidades da equipe de Cachoeira para a disputa deste ano.

A equipe de Cachoeira treina sério para fazer mais uma boa campanha no intermunicipal deste ano

Um dos novos nomes é o veterano e maior campeão de intermunicipais em atividade, Pitchaco, meia-atacante vindo da seleção de Serrinha e que soma oito títulos da competição em sua carreira, além de sondagens de clubes profissionais como o Bahia. Outro reforço da equipe para a disputa é o zagueiro George, um dos destaques do títu-

lo cachoeirano de 2014, que em seu currículo conta com passagens por times da Alemanha e desde de 2015, quando foi campeão por Santo Amaro, não disputa a competição. Torcida Outro destaque da seleção cachoeirana é a torcida, que faz questão de acompanhar o time em todos os jogos fora de casa e não mede esforços na motivação, como disse Axel Marley, de 22 anos, que recentemente foi admitido na torcida organizada do time. “Nós talvez sejamos a maior entre as torcidas do intermunicipal, estamos presente em praticamente todos os jogos, temos gritos de guerra, cobramos e estamos sempre junto do time”, disse. Axel acrescentou que a Seleção de Cachoeira é um dos principais orgulhos da população e que é exaltada e reconhecida como uma potência por pessoas de outros lugares,

que vem à cidade para acompanhar e torcer pelo time local. “A fama de Cachoeira no intermunicipal é grande. Gera interesse em pessoas de longe, que não têm equipes na competição, mas que veem à cidade só para torcer pela seleção. Nós temos oito títulos, os maiores campeões do estado, e é muito bonito de perceber que nosso legado é respeitado”, lembrou. A 63° edição do Campeonato Baiano Intermunicipal começou em agosto e vai até o final do ano. Desde o ano de 1946, quando a competição começou a ser disputada, a seleção do município de Cachoeira sempre esteve entre os destaques. Juntamente com a equipe de Itabuna, é a maior vencedora da competição, com um total de oito troféus conquistados para cada cidade, até hoje.


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Escolinha de Futebol Horizonte incentiva crianças e adolescentes em São Félix

Texto: Silvoney Santos Fotos: Cíntia Falcão

Primar pela disciplina e educação é o principal objetivo da Escolinha de Futebol Novo Horizonte, conforme revelou Edson Cardoso, que trabalha com crianças e adolescentes de cinco a 23 anos. As aulas acontecem às terças e sextas-feiras, em turnos que vão das 9 às 11 horas e das 14 às 17 horas, no campo Ipiranguinha, localizado no bairro Salva Vidas, próximo à residência da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. “Nós acompanhamos o rendimento escolar de nossos alunos. Para participar do projeto é preciso estar matriculado em escola pública ou privada e preencher um formulário. Além disso, os alunos precisam ter boas notas, boa frequência e levar um atestado médico confirmando que está apto para a prática de

esportes.”, afirmou Edson. Campeonatos Atualmente, o time da escolinha está participando de vários campeonatos em diversas categorias, desde os cinco até 23 anos. O professor Edson contou que há mais de 20 anos comanda projetos sociais ligados ao esporte no município de São Félix. Há pouco tempo, a escolinha começou receber apoio do time do Bangu de Cachoeira, que ajuda com materiais esportivos e os lanches dos alunos quando tem alguma viagem para outros municípios. Paulo Henrique Riquelme, que tem 10 anos de idade, revelou que sonha em ser um jogador de futebol profissional e tem Lionel Messi, do Barcelona como referência. Já o Tiago Teixeira de 14 anos, disse que está cada vez mais se aperfeiçoando, dentro e

O Jornalista André Cardoso acompanha o treinamento do filho Davi, na escolinha

Edson Cardoso é responsável pela escolinha

fora de campo. “Sem o futebol não sou nada no colégio, e sem o colégio não sou nada no futebol, se eu faltar no colégio, não me sinto bem jogando bola. Me expiro muito no meu professor da Escolinha Cruzalmense, o Reginaldo, que sempre nos incentiva”, contou. Mudança de vida Para Ivaneide Oliveira, que tem um filho matriculado no projeto, esta ação tem mudado a vida de seu filho, Milton Costa. “Esse projeto é muito importante para as crianças e adolescentes, tem muitos que infelizmente entram nas drogas cedo e participando dos projetos eles ocupam a mente. Meu filho, depois que entrou neste projeto, está tendo bom desenvolvimento na escola, e está mais

obediente em casa”, ressaltou Ivaneide. André Cardoso também tem um filho matriculado no projeto, o Davi. Ele revelou que seu filho treina desde 12 anos de idade, inclusive já foi campeão de um torneio. “Ele tem uma certa timidez, porém quando envolve assuntos relacionados a futebol, interage mais com outras crianças. É importante uma entidade abraçar esse projeto, pois livra muitas crianças e adolescentes do mundo do crime”, afirmou André. Zé Merenda Edson Cardoso, popularmente conhecido como Zé Merenda, desenvolve projetos sociais no município há mais de 20 anos e atualmente treina cerca de 100 alunos entre cinco e 23 anos. Ele contou que a escolinha Novo Horizonte de São Félix vive mais um de seus melhores momentos. “Eu estava trabalhando como vigilante, uns meninos me pediram para fazer um time de futebol, deste time surgiu o projeto social Novo Horizonte, que significa um caminho para encontrar o sucesso. Nós trabalhamos para desenvolver não jogadores de futebol, mas primeiramente formar um homem. Não importa o resultado de um jogo, o que importa é o ensinamento que vão ter depois”, finalizou Edson Cardoso.

Alunos de escolinhas de futebol disputam campeonato de base no campo Ipiranguinha em São Félix


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ESPORTES

Reforma do Estádio Carmelito Barbosa cria expectativas para o esporte em Cruz das Almas

Texto: Ivana Moreira Fotos: Bruno Brito

O estádio da cidade de Cruz das Almas, Barbosāo como é popularmente conhecido, está fechado para reestruturação. A obra foi iniciada com a retirada do gramado, porém ainda não há previsão para a conclusão. Estimada em R$ 794.377,26, a reforma advém de um convênio com o governo do estado. Por nunca ter passado por reformas, o estádio está com sua infraestrutura deteriorada: as arquibancadas, a cobertura, as entradas de acesso. Mesmo assim, o Barbosão mantinha suas portas abertas. Em 2017, houve apenas uma requalificação do gramado, além de limpeza nos vestiários, bancos de reservas, em dores quanto dos árbitros. Então, será bem inserção de projetos voltados para o incentitorno do campo e nos banheiros. significativa está reforma”, ressaltou. vo a outras modalidades de esportes, cultura e lazer. “Estamos também fazendo um proO projeto Cultura e lazer jeto para ver se conseguimos uma pista de O Estádio Municipal Carmelito Barbosa Al- A possibilidade de transformar o Barbosão atletismo. Haverá tentativas para se conseves foi inaugurado em julho de 1988, pos- numa arena é grande. Ronaldo afirmou que guir, apesar do orçamento estar aproximado suindo capacidade para 8.000 espectadores. um dos objetivos depois da reforma será a em R$ 300 mil”. Durante muitos anos foi o mando de campo do Cruzeiro Futebol Clube, time que atualmente encontra-se inativo. Segundo o secretário de Esportes, Cultura e Lazer, Ronaldo Santana Anias, esta reforma atenderá os setores que estão deteriorados. “O gramado vai ficar no nível do estádio Serra Dourada, em Goiás. Vai ter iluminação, reestruturação das arquibancadas e pintura. Bancos de reservas serão reformados, a parte importante dos vestiários, tanto dos joga-

CURIOSIDADES: • O nome do estádio é uma homenagem A boa estrutura geral do Barbosão incluem as tribunas de honra e cabine para imprensa

ao ex-prefeito Carmelito Barbosa Alves, pelos serviços prestados ao desenvolvimento social de Cruz das Almas. • Em sua inauguração, sediou partida

com o time carioca Vasco da Gama. • O estádio já teve partidas do campeonato baiano, inclusive jogos do Bahia e do Vitória. • Na época dos jogos do Cruzeiro, o estádio ficava lotado, mas com a decadência do time, o fluxo foi caindo. • Tem boa estrutura de gramado, alambrado,

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Investir no futebol também será uma das metas. “Com a possibilidade da volta do time que representou por muitos anos a cidade cruzalmense, o Cruzeiro, e com o time reestruturado, a tendência é o surgimento de uma divisão de base, além do futebol feminino”, disse o secretário. O estádio reformado trará perspectivas para novos eventos, inclusive para ações sociais. “É só ter planejamento para não estragar o campo. Tudo que for válido para levar público ao estádio e que possa gerar renda para transformá-la em projetos sociais, trará uma grande importância”, revelou o Secretário. O estudante e jogador de futebol amador

Ronaldo Anias, Secretário de Esportes

Deian Oliveira apoiou essa reforma. “É importante porque pelo menos dá incentivo tanto para quem joga, quanto para quem vai ao estádio assistir”. Segundo ele, essa reforma demorou para acontecer, pois a situação do estádio era bem defasada. “O gramado estava péssimo e não tinha mais qualidade para quem realmente gosta de jogar futebol. Já disputei várias partidas no Barbosão e sempre torci para que essa reforma acontecesse”, concluiu. vestiários e uma cabine de imprensa. • Já foi considerado pela Federação Baiana de Futebol a terceira praça esportiva do Estado da Bahia. • Teve projetos de atletismo, capoeira, box e taekwondo, escola de forró, aulas de dança, percussão, corte e costura.


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