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EM MEIO À CRISE ECONÔMICA, O COMÉRCIO CACHOEIRANO AQUECE DURANTE PERÍODO JUNINO

(pag.5)

Cachoeira - Bahia Julho de 2016 Centro de Artes, Humanidades e Letras

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Edição 101

FALHAS NAS OBRAS DO MERCADO MUNICIPAL DE CACHOEIRA DEIXAM FEIRANTES IRRITADOS

(página 3)

CINCO PRÉ-CANDIDATOS A PREFEITO PARA AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS

(página 6)

SUCATEAMENTO DE CALÇADAS DIFICULTA A MOBILIDADE DE PEDESTRES EM CACHOEIRA

(p.4)

A 2ª EDIÇÃO DO SUBA 100 CONTA COM 600 CICLISTAS

Foto: Caique Fialho

Foto: Camilla Souza

Foto: Mirielly Senna

NOVE CLUBES ESTÃO NO CAMPEONATO DE FUTEBOL AMADOR (pag.9)

(pag.8)

DESCARTE INAPROPRIDO DE ESGOTOS E LIXOS CAUSA PROBLEMAS NOS DESTRITOS DE COQUEIROS E NAGÉ

(p.7)


INEDITORIAL

OPINIÃO

CACHOEIRA | BAHIA Julho 2016

Carta ao Leitor

MUNDO DA COOPERAÇÃO Dalila Britto

Todos os dias somos bombardeados com inúmeras infor-

mações que não escolhemos ver. Estamos à mercê de grandes emissoras e agências de notícias, que julgam o que é necessário e indispensável ao consumo público. São eles quem decidem o que importa e o que merece ser lido, assistido ou escutado. A mídia manipula cada dia mais pessoas, independente de classe social, raça ou sexo. Seja qual for a sua posição ou a sua condição política, todos os dias somos envolvidos por uma mídia com a missão de entreter e espetacularizar. Os discursos geram cada vez mais ódio e preconceito, as informações são sempre as mesmas, o que muda são os protagonistas da trama de terror a qual somos expostos diariamente. Os piores relatos se tornaram as melhores notícias, as catástrofes e tragédias são maioria nas páginas e nas telas, perdendo espaço apenas para a vida das celebridades. Estamos diante de seres que pensam ser o melhor em tudo o que fazem, nos impondo suas vontades e caprichos, os interesses próprios estão à frente de qualquer coisa. Quantas vezes escutamos alguém dizer que um fato é verdadeiro porque foi exibido no telejornal, ou derrubamos qualquer outra hipótese de acontecimento para confiar apenas no que a mídia nos mostrava? Certamente porque fomos ensinados a ver o jornalista como uma figura imparcial, que apenas relata os casos sem segundas intenções. Mas diante do atual contexto político cabe a nós compreender que o que temos a “nosso serviço” é um exército disposto a nos manipular a favor de seus interesses pessoais, que ignora o bem estar de uma sociedade marginalizada em troca de pontos de audiência convertidos em cifões. O Reverso, enquanto jornal laboratório do curso de Jornalismo, existe não apenas com o objetivo de criticar essa forma tão atuante de distribuir notícias, mas para mostrar que nós estudantes somos capazes de oferecer à sociedade informação diferenciada e de qualidade. Nossa obrigação a cada edição desse jornal é produzir páginas com a identidade do Recôncavo e em especial da cidade de Cachoeira, que abraça nosso centro e grande parte de nossa comunidade acadêmica. Na edição 101 elaboramos matérias sobre a cidade e as dificuldades de transitar por suas calçadas, a movimentação na cultura e economia gerada pelos tradicionais festejos juninos, uma entrevista com os tipos cachoeiranos, além de conhecer os pré-candidatos ao cargo de prefeito municipal. Essa é a centésima primeira vez que tentamos cumprir o papel de fazer com que o povo do Recôncavo se reconheça em nossas páginas.

Alene Lins Há uma nova Era em curso e claro, a tecnologia é quem dita as regras: nosso mundo está fundamentado em velocidade, em ubiquidade (estar ao mesmo tempo em diversos lugares), sem fronteiras, onde o local e global estão imbricados, com todos em rede, trocando informações e opiniões e, em muitas situações, tudo isso leva a ações transformadoras efetivas na prática. Autores como o irlandês Pekka Himanen ou o brasileiro Tiago Melo, que escrevem sobre a nova lógica da era informacional, não tem dúvida que a soma de pequenas informações e ações, como se estivéssemos todos doando um pouco de nós mesmos na rede, formando inteligência coletiva e novas formas de colaboração, nos tornam entusiastas de um mundo em transformação. Pessoas bem intencionadas, doando tempo e experiência nas mais diversas áreas, produzindo pequenos vídeos, escrevendo em blogs e ensinando o que sabem, estão fazendo a diferença. Não importa se falam línguas diversas, se tem culturas diferentes, tem sempre alguém que traduz, que explica, que simplifica. E dessa forma, atuando de maneira coletiva, essas pessoas alimentam um movimento mundial que visa melhorar a qualidade de vida no planeta. Muitos tem seus trabalhos formais e usam seus horários alternativos para ensinarem coisas, mostrarem coisas novas, o que sabem, desde vídeo-aulas, receitas de como fazer algo de forma mais fácil, ensinando novas pessoas a serem empreendedoras, a estudar em casa, a aprender uma nova língua, a ter mais facilidade em uma matéria, como química ou física, por exemplo, ou a perceberem que vivem em problemas que outros já encontraram a solução. Com isso, estamos assistindo o crescimento das tecnologias sociais, alterações de comportamentos, fortalecimento de minorias, como as mulheres, as pessoas acima do peso, as pessoas negras, etc. Essas pessoas que ensinam, explicam, opinam, fazem seus vídeos, falam abertamente de problemas e provocam mudanças de comportamento de forma coletiva, não visam ganhar dinheiro com isso, mas muitas vezes essas ações de ajudar o próximo dão tão certo, que esse pessoal passa a ter seguidores, e seus blogs, vlogs e páginas de redes virtuais começam a gerar renda extra. Consequência da boa informação ou do trabalho criativo. É uma nova lógica para o que chamamos de trabalho. Até bem pouco tempo, a motivação da sobrevivência, básica a qualquer ser humano, era o que movia o homem ao desafio de trabalhar. A lógica capitalista impulsionou outras questões, como querer trabalhar para acumular, ter renda ou ganhar mais dinheiro do que se possa gastar, pelo simples prazer de ostentar. Há mais de cem anos Max Weber (1864-1920) descreveu a noção de trabalho no espírito capitalista. A obrigação de ter uma profissão, com horários e regras determinadas e retorno financeiro que permita a sobrevivência. O trabalho como vocação, fim absoluto em si mesmo.

Foto: Marcos Vinícios

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Na nova Era, esses trabalhos prazerosos, quase nunca tem horário fixo, nem a pressão do patrão exigindo resultados, nem visam lucro ao final da tarefa. Mas bons blogueiros ou vlogueiros tem disciplina, motivados pela paixão em obter resultados. Se tempo é dinheiro, é perda de tempo se dedicar a um trabalho sem remuneração? Na era da informação, o tempo ganhou uma racionalização ainda maior, pois a velocidade das inovações tecnológicas propõe o imperativo da corrida contra o relógio. Mas é exatamente a flexibilidade que propõe o trabalho lúdico, onde e quando quisermos, é que torna possível ser feliz em uma atividade na rede, pois a rede não pára. O exercício mental extremamente interessante e capaz de plantar desafios, e o desafio de ver o mundo melhor, compartilhando informação, como bem poderoso e positivo, em busca da solução de problemas é a tônica nessa nova era. Pois então, ler muito, aprender a trabalhar com ferramentas na rede, desde criação de sites, blogs, produzir e editar vídeos e descobrir um assunto que pode ajudar alguém, é um bom começo para criar um canal no youtube, vimeo ou outro portal hospedeiro e, de quebra, ganhar dinheiro e viver de forma confortável.

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo Coordenação Editorial Prof. Dr. Robério Marcelo Ribeiro Prof. Dr. José Péricles Diniz Editor Prof. Dr. José Péricles Diniz Monitores Dalila Brito Uanderson Lima Editoração Gráfica Karla Souza


CIDADE 3

CACHOEIRA | BAHIA Julho 2016

MERCADO MUNICIPAL É REINAUGURADO E JÁ APRESENTA PROBLEMAS Falhas na obra de requalificação do prédio são apontadas pelos comerciantes Tamanho Darinalva Paixão, comerciante de verduras, disse que ficou prejudicada por conta do tamanho da barraca não atender às suas necessidades. Contou que em sua antiga barraca conseguia ao menos expor toda a mercadoria. Maria Eva de Freitas, comerciante de alimentos em barraca fixa, disse que os equipamentos de sua modalidade não serão substituídos e que a prefeitura ficou responsável por reformá-las, mas que até o momento só havia colado um adesivo. Relatou que a pintura e as lonas de cobertura estão muito danificadas, prejudicando a imagem de seus produtos e consequentemente as suas vendas. Ela afirmou ainda que, se ao realocarem a sua barraca para a frente do mercado, local destinado às barracas fixas, nada for trocado, ela mesma pretende tomar providências, mas que desconhece se há punições para o descumprimento da padronização. Mais 200 novas barracas padronizadas ainda serão entregues para os comerciantes

Aline Ogasawara Fotos: Aline Ogasawara No último dia 7 de maio, o Mercado Municipal de Cachoeira foi entregue, após reforma que teve início em abril de 2015. A obra, que tinha data prevista de conclusão para o mesmo ano, recebeu o investimento de R$ 884,5 mil através do Programa Vida Melhor do Governo do Estado. A cerimônia, que contou com a presença do governador Rui Costa, deputados estaduais e federais, da senadora Lídice da Matta e do prefeito Carlos Pereira, foi realizada sob uma forte chuva, o que já contribuiu para denunciar algumas falhas na obra. Nas primeiras semanas, os comerciantes já apontavam problemas de entupimento de esgotos, infiltrações e má higienização dos banheiros. Algumas falhas na estrutura também foram citadas pelos proprietários dos boxes.

infiltrações nas paredes, odor nos encanamentos, goteiras e a má qualidade da instalação da porta de enrolar em seu box, que se encontra a ponto de cair. Alguns boxes de comercialização de alimentos também foram prejudicados pelo entupimento dos esgotos, passando várias semanas à espera da equipe para resolver o problema. Na área externa os feirantes receberam cerca de 250 barracas novas e padronizadas. Os consumidores elogiaram a nova organização da feira, que facilitou a circulação de pessoas, mas as reclamações a respeito da nova estrutura são recorrentes entre os comerciantes.

Problemas Ademir Sampaio, comerciante de bebidas que trabalha há 21 anos na área, disse que os problemas são recorrentes no mercado. Dentre as principais dificuldades que vem enfrentando estão Infiltrações próximas à rede elétrica podem provocar acidentes

Participaçao Ileyldes dos Santos Conceição, representante dos feirantes, contou que a reuniões foram feitas entre a associação e a prefeitura, mas que o tamanho das barracas foi discutido entre a prefeitura e o governo do estado. Dentre as reuniões, apenas a primeira contou com a participação de alguns feirantes. Afirmou que constantemente os comerciantes vêm solicitar a ela novas estruturas e que o prefeito lhe assegurou ter feito o pedido de mais 200 barracas para a distribuição; assim como já acionou uma equipe para solucionar os problemas da parte interna do mercado. Defendeu que a feira está melhor com essas novas estruturas, pois o nível de acidentes com as antigas barracas era muito grande por conta das madeiras e pregos velhos. Acrescentou que agora a feira dispõe de acessibilidade para os deficientes, que antes ficavam impedidos de circular pela quantidade de mercadorias espalhadas de forma desorganizada no local. Contou também que todas as reclamações referentes às barracas da área externa foram encaminhadas a ela e repassadas para a prefeitura, mas acredita que nada irá mudar. Diante desse impasse, os feirantes seguem as suas rotinas diárias à procura de uma adaptação às mudanças.


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CIDADE

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SITUAÇÃO DAS CALÇADAS OFERECE RISCO A PEDESTRES

comércio aqui atrapalhe a circulação das pessoas. As calçadas dão para se locomover tranquilamente, tem gente muito folgada, anda pelo meio da rua mesmo tendo espaço para passar”, declarou. Há dois meses responsável pela Secretaria de Infraestrutura do município da Cachoeira, Roberto da Conceição relatou que existem tentativas para proibir as pessoas de utilizarem a calçada para comercializar produtos e explicou que não pode fazer nada para aumentar a largura dos passeios. “Nós temos homens nas ruas e não queremos que em dias de feira coloquem nenhuma mercadoria nas calçadas. Sobre a parte dos passeios, não tem condições de aumentá-los porque é uma cidade história, o que está feito é para se manter. Eu até co-

População cachoeirana enfrenta diversos problemas ao transitar pela cidade.

Diego Azevedo Fotos: Rafael Cerqueira Os pedestres da Cachoeira enfrentam dificuldades para transitarem pelas ruas, principalmente no centro da cidade. Isso acontece porque as calçadas são estreitas, têm postes de iluminação sobre elas, além de alguns empresários as utilizarem para expor os produtos de seus comércios. As pessoas relatam que se sentem em perigo, são obrigadas a dividirem as ruas com motos, carros e ônibus, como acontece com frequência na Rua Engenheiro Lauro de Freitas. Outra situação que existe é a falta de padronização no tamanho das calçadas, algumas com 60cm de largura, outras com 1,20m e até 2m, como a da Caixa Econômica Federal, sendo que, de acordo com a Secretaria de Infraestrutura, a Lei Orgânica do município diz que elas devem ter uma metragem de 80cm a 1,20m de largura.

velha, a cidade é histórica, eles (governantes) poderiam muito bem melhorar as condições dos cadeirantes e também dos transeuntes. Os passeios são muito estreitos e a gente corre o risco de ser atropelado quando vai para o meio da rua”, completou ela.

Circulação Já Eliana Menezes, que utiliza as calçadas para comercializar guarda-chuvas e acessórios de beleza, acredita que a presença de sua barraca não atrapalha a circulação de pessoas e critica os cidadãos cachoeiranos. “Se eu não estivesse aqui, já teria acontecido muitos acidentes, eu ajudo a orientar o trânsito. Não acho que meu

Queixas Não é difícil encontrar moradores que reclamem da locomoção entre as ruas. O casal Alfredo Santos e Maria Pureza se queixa que enfrenta problemas para andar juntos. “As calçadas são pequenas, estreitas, não dá nem para duas pessoas direito. Como é que vão circular os cadeirantes? Tem que andar no meio da rua”, disse ele. “A infraestrutura da cidade é muito ruim, não é porque a cidade é

Vendedores utilizam os passeios para comercializar seus produtos.

mecei a recuperar após assumir a pasta, mas entrou o período de São João e partimos para realizar outros tipos de trabalho, organizando a festa”. Roberto ainda disse que é necessário um projeto dos vereadores para mudar a Lei Orgânica da cidade e passar a ser obrigatório a instalação de pisos táteis, que auxiliam o deslocamento de pessoas com deficiência visual. “Ainda não existe nenhum projeto para colocar piso tátil, para que isso aconteça, é necessária uma mudança na lei orgânica da cidade pelos vereadores, ou então o prefeito resolver reformular toda calçada na cachoeira, mas é difícil devido à crise. Prefeitura hoje é cabine de emprego, todos os dias que você encontra mais de dez pessoas procurando trabalho”, ponderou.


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ECONOMIA 5

SÃO JOÃO AQUECE ECONOMIA REGIONAL No período junino, as vendas de comidas típicas oriundas da agricultura familiar aquecem o comércio

No período Junino as vendas de comidas típicas ouriundas da agricultura familiar foram intensificadas.

Lucas Almeida Foto: Aline Ogasawara

Feira do porto

há três gerações da família Pinto.

Apesar da crise que o país vem enfrentando, a histórica cidade de Cachoeira manteve vivas as tradições dos festejos juninos, típicos do interior. A maior festa do calendário de eventos populares da Bahia ofereceu ao público uma programação com várias atrações, de 23 a 26 de junho último, com o tema Um Mundo Chamado Cordel reunindo grandes nomes do forró e de outros ritmos para animar cachoeiranos e visitantes. Além das atrações na Praça do São João da Feira do Porto, com dezenas de atrações musicais, este ano o evento homenageou a literatura de cordel e o centenário de nascimento de Hansen Bahia. Os moradores da cidade fizeram questão de manter a tradição da festa com o apoio e o incentivo da prefeitura, através das ações da Secretaria de Cultura e Turismo. A arquitetura da cidade, com seu casario em estilo colonial, ruas estreitas, becos e ladeiras, as igrejas e monumentos foram atrativos a mais para os turistas. Dentre as inovações do São João desse ano, teve um Licódromo, Vila Gastronômica e coreto montado na área da praça Teixeira de Freitas, conhecida como Praça da 25, com apresentações artísticas. O secretário de Cultura e Turismo, André Reis, disse que este ano foram feitos cortes de gastos e a prefeitura buscou inclusive investimentos externos, no intuito de manter a festa nas proporções dos anos anteriores.

Às margens do Rio Paraguaçu, aconteceu a tradicional Feira do Porto, que ao longo dos anos foi incorporando novos produtos e serviços. No início da década de 70, as atrações artísticas deram nova dinâmica à feira da véspera do São João. Desde então, começou a instalação de barracas para a venda de comidas e bebidas. A presença dos oleiros da comunidade de Maragojipinho constituiu atração à parte, ajudando a aquecer a economia do município. Nesta época, por exemplo, aumentou a produção de licor, a bebida mais consumida durante os festejos, obrigando aos pequenos fabricantes locais contratar de mão de obra extra para dar conta das encomendas. O Licódromo, com simulação da fabricação e comercialização da bebida que carrega o nome do município vem das produções dos licoreiros de Cachoeira. É assim, por exemplo, no mais antigo fabrico de licor artesanal, fundado há seis décadas pelo falecido comerciante Roque Pinto. Famoso no Brasil e também no exterior, o Licor de Roque Pinto, contribui para difundir o potencial de Cachoeira como polo produtor da bebida, que gera emprego e renda. A família Pinto foi pioneira na atividade, uma tradição passada de pai para filho. Tudo começou há quase oito décadas, com Francisco Pinto, pai de Roque Pinto, que deixou o seu legado para os filhos. O alambique mais famoso de Cachoeira está em atividade

Vila Gastronômica A vila ficou concentrada na Praça do Faqui, onde foram comercializados produtos derivados da agricultura familiar a fim de atender ao grande número de pessoas oriundas de diversos locais da Bahia, de outros estados e também do exterior. Os produtos típicos mais consumidos nesse período foram milho, mandioca, jenipapo, cana, amendoim e laranja, entre outros produtos. Jorge Silva, vendedor de chapéu de palha e fogos de artifícios, disse que as vendas foram muito bem. "Graças a Deus, esse ano estou vendendo bem, tanto é que estão terminando os chapéus, que todo ano sobra e esse ano terei que buscar mais", declarou. O São João também abriu perspectivas de ganhos extras para catadores de latas de cerveja, que são recicladas. As vendas do comércio formal também tendem a crescer nesse período. Os setores que esperavam maior movimentação foram as de alimento, vestuário e calçados, além de serviços como bares, lanchonetes e restaurantes, hotéis e pousadas.

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POLÍTICA

ELEIÇÃO DEFINIRÁ O NOVO GESTOR DE CACHOEIRA Conheça alguns pré-candidatos ao cargo

Luana Souza e Giovanna Ramos Fotos: Camilla Souza

Tato Pereira Contancio Filho

No próximo dia 2 de outubro acontecerão as eleições municipais para a ocupação dos cargos de prefeito e vereadores. Em Cachoeira, o número de postulantes dispostos a pleitear a função de chefe do executivo aumenta na medida em que se aproxima o momento da votação. Até agora, seis nomes foram citados como prováveis pré-candidatos. O do ex-prefeito da cidade, Tato Pereira, tio do atual gestor, é um dos mais citados. O empresário Constâncio Filho, filiado do PSOL, defende sua pré-candidatura porque acredita na insatisfação da população com o governo da família Pereira. Para ele, sua proposta de elaboração de um governo conjunto seria o que os eleitores esperam e acreditam para a nova gestão. Outros nomes bastantes citados são o do empresário Ênio Cordeiro e do atual vereador Wendel Chaves. O último conta com o apoio de Carlos Pereira, atual prefeito, que optou por não apoiar a candidatura do tio e nem concorrer às eleições deste ano. Além deles, o professor e presidente do Sindipuc, Sérgio Rocha, segue com a pré-candidatura. A novidade deste ano é o filiado do Partido Social Democrático (PSD), João Mascare-

nhas. Em parceria com a vereadora Eliana Gonzaga, ele garante contar com o apoio de nove vereadores em exercício e seria um concorrente de Tato Pereira. Até o mês de julho é esperado que o cenário político em Cachoeira seja definido. Lideranças e dirigentes de partidos apostam, nos bastidores, na efetivação de apenas duas candidaturas para a corrida eleitoral. Enquanto isso, novos nomes vão surgindo para compor a lista de pré-candidatos ao pleito.

Wendel Chaves

João Mascarenhas

SergioSergio RochaRocha


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REGIÃO

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PROBLEMAS AMBIENTAIS PODEM PREJUDICAR A PESCA NOS DISTRITOS DE COQUEIROS E NAGÉ

Dos manguezais, sai uma das principais fontes de renda de muitos familiares da região

matamentos, o avanço das invasões populares e das pescas com bombas.

Pescador da região O Pescador Joílson Carlos Silva de Jesus, 42 anos, conhecido como Siri, nasceu e mora em Nagé, onde pesca desde dos nove anos de idade. Ele falou que o tipo de lixo mais comum nos locais de pescas são pneus de veículos, sacos plásticos e garrafas pet. Ele também reclamou do mau cheiro das fezes jogadas dentro do rio e na lama dos manguezais. Segundo ele, algumas espécies de peixes já são possíveis de sumiço, como o bagre amarelo e o branco, o siri boia, o mirim e a pititinga. Temendo pelos problemas ambientais, Joílson Carlos iniciou um projeto há oito meses chamado Faxineiros do Paraguaçu e procurou a Fundação Vovó do Mangue. Contaram com ajuda de várias crianças das escolas públicas da localidade nessa mobilização para coleta de lixos. Ele pretende trabalhar mais para a população se conscientizar.

Cristiana de Menezes Fotos: Rodrigo Azevedo No distrito de Coqueiros, assim como no vizinho Nagé, a maioria dos moradores sobrevive da pesca. Mas a falta de consciência da população, que descarta lixos em locais impróprios, pode contribuir para problemas ambientais nos manguezais. Muito utilizado por pescadores e marisqueiras para retiradas de alguns frutos do mar. Também os esgotos a céu aberto, devido à urbanização desorganizada, contribuem para poluição. Mesmo com a instalação de serviço de esgotamento na região, ainda é possível ver dejetos sanitários sendo despejados nos manguezais. As pescas com bombas são problemas também relatados. Outro problema é o desmatamento dos manguezais.

Vovó do Mangue Antônio Marcos, 42 anos, é diretor geral da Fundação Vovó do Mangue, órgão que atua há dezenove anos pela preservação dos

manguezais do município de Maragogipe. Com fins culturais, sociais e ambientais, trabalha como voluntário há três anos e meio. Ele contou como a fundação faz para conscientizar os moradores, marisqueiras, pescadores e até mesmo criança, com projetos, palestras e promovendo semana do meio ambiente com as escolas públicas da região. “Nosso principal projeto é CO² manguezal, isso já acontece há dois anos e meios patrocinado pela Petrobras e está em processo de renovação”, afirmou Antônio Marcos. O projeto já atou e qualificou mais de duas mil crianças do ensino fundamental, mais de 500 pescadores do município de Maragogipe e também de São Francisco do Conde. Há também a produção de um livro falando do manguezal de Maragogipe, contendo os estudos da codificação de carbono juntamente com estudantes da UFRB de Cruz das Almas. A publicação trata da importância dos manguezais como ecossistemas muito eficientes na captura dos dióxidos de carbono. Sobre a Vovó do Mangue, que atua na região, Antônio Marcos falou dos problemas enfrentados nos dois distritos, como des-

Embasa O gerente da Embasa, Wilson de Jesus, 55 anos, informou que notificações foram entregues aos moradores dos dois distritos da região, com o prazo de 90 dias para serem cumpridos. E disse que terão fim os despejos dos dejetos sanitários nos manguezais. Se os clientes não cumprirem o prazo dado, podem ser multados por descumprirem a Lei Estadual 7.307/98, que torna obrigatória e de responsabilidade do morador ou proprietário a interligação de todos os imóveis, onde houver rede coletora de esgoto.


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ESPORTE

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CICLISTAS PARTICIPAM DO SUBA 100

Segunda edição do evento de mountain bike promoveu trilha de 100 km na cidade de Santa Terezinha

Os ciclistas irão encarar cenários encantadores e desafiadores ao mesmo tempo.

Mirielly Senna Foto: Mirielly Senna Aconteceu no último dia 3 de julho, na cidade de Santa Terezinha, a segunda edição do suba 100. O percurso da prova foi dividido em duas rotas, a primeira com 44 quilômetros e 1.786 metros de altimetria e a segunda com 55 quilometro e a 590 metros de altimetria, que é o processo de medição de elevação de pontos da superfície. Para os 600 ciclistas inscritos na maratona, o principal desafio não foi vencer, mas sim percorrer os 100 km do percurso que possui terrenos irregulares contendo subidas e descidas, asfalto, estrada de chão e lajedos. Meses antes da competição, os atletas treinaram para pedalar durante cinco horas e chegar com folego no fim do percurso. De acordo com os atletas, o mountain bike exige força, resistência e habilidade. Para encarar esses obstáculos na hora da prova, os treinamentos iniciados pelo menos três meses antes da competição são de fundamental importância. Manuel Souza, que pratica ciclismo há 25 anos e já participou de várias provas de mountain bike, ressaltou que o ideal é treinar cinco vezes por semana, durante duas horas por dia.

Musculação

O educador físico Wilker Mendes, de 28 anos, explicou que a musculação é um excelente exercício complementar, que além do treinamento semanal traz diversos benéficos ao ciclista, aumentando a densidade óssea, ajudando na consciência corporal no dia a dia e sobre a própria bicicleta. A prática também alivia desvios de posturais ou alguns desequilíbrios musculares, otimizando o ganho da própria massa muscular. A soma de tudo isso desencadeia um melhor desempenho do atleta na competição. “A musculação para ciclistas precisa ser focada principalmente no trabalho da musculatura inferior, com alguns exercícios que fortaleçam os isquiotibiais (musculatura posterior da coxa), bíceps femoral, o glúteo, região do quadríceps dos adutores e dos abdutores e da panturrilha, ela também é muito importante para o trabalho e fortalecimento da musculatura superior e principalmente da região central do tronco que são os músculos de sustentação do atleta”, explicou.

como verificar se o guidom possui alguma rachadura, lubrificar as correntes e calibragem dos pneus. Ele ressaltou ainda que o atleta deve saber fazer pequenos reparos, e levar sempre um kit de remendo, bomba de ar e chave allen. “O ciclista deve ter algumas noções básicas de mecânica, como colar e calibrar um pneu, pois em uma prova dessa dimensão, o pneu fura muito se ele não tiver uma noção básica ele passa aperto”, concluiu.

Alimentação Outro quesito essencial nos meses que antecedem a prova é a alimentação. O mountain bike é uma competição esportiva de grande exigência nutricional, carboidratos como massas, arroz, batatas, frutas devem ser a base das refeições. É recomendado que se evite fibras e proteínas de origem nos dias anteriores à prova, já que elas estimulam o funcionamento do intestino e, com a tensão da competição, é comum ciclistas terem vontade constante de ir ao banheiro.

Segurança Para competir em uma prova de moutaim bike com conforto e segurança, o atleta deve usar equipamentos básicos como capacete, luvas óculos e sapatilha. O ciclista William Almeida chamou atenção para alguns cuidados básicos na véspera da competição,

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ESPORTE 9

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CAMPEONATO DE FUTEBOL AMADOR MOVIMENTA O ESPORTE EM CACHOEIRA

Após duelo entre invictos, Cão de Raça se consagra campeão e a Liga articula os próximos passos para o Intermunicipal Para o secretário de Esportes do município, Alex Kaorner, o Campeonato Cachoeirano de Futebol Amador representa um incentivo à prática do esporte na cidade, tanto como uma atividade esportiva, quanto uma opção de lazer para o público: “a ideia não é formar grandes atletas, mas, dar oportunidades aos adolescentes de Cachoeira e região”.

Infraestrutura O Estádio 25 de Junho passou por reformas recentemente. Entre elas, as coberturas implantadas nas arquibancadas, uma solicitação antiga dos torcedores. Até a semifinal, os jogos terminavam às escuras, porque os refletores não funcionavam. No entanto, a situação foi regularizada há três dias da final, no dia 5 de junho. Para Roque Brito, cachoeirano e torcedor do Colônia, “o estádio Arquibancadas são totalmente ocupadas pelos torcedores em todas as rodadas.

Camilla Souza Fotos: Camilla Souza Uma das maiores tradições do esporte local, o Campeonato Cachoeirano de Futebol Amador acontece há mais de 70 anos. No entanto, nem mesmo os veteranos do futebol têm registros que confirmem exatamente o tempo de existência do evento, que reúne clubes e atletas da cidade. Na edição deste ano, ao longo de 12 rodadas, nove clubes disputaram o título de campeão do Campeonato Cachoeirano de Futebol Amador. Com início no dia 20 de março, o evento esportivo contou com cerca de 500 torcedores por jogo, e acontecia sempre aos domingos, no Estádio 25 de Junho. Paraguaçu e AMELC foram os primeiros a pisar no gramado, e o primeiro derrotou o segundo por 1 a 0. Em seguida, o Colônia venceu por 6 gols a 0 o time do Flamenguinho do Iguape. Durante as rodadas, os nove times se agruparam em chaves, que misturavam os mais tradicionais com os recém-chegados. Na semifinal, Colônia e Cão de Raça definiram seus lugares na decisão afinal, após disputarem com AMELC e Bangu, respectivamente. Ambos os vencedores chegaram invictos ao último jogo, acumulando vitórias e empates. Depois de uma partida apertada, com faltas e vibração da torcida, Marcelo fez o gol que deu a vitória ao Cão de Raça, aos 20 minutos do segundo tempo, no dia 5 de junho. O jogador tem uma

história de 17 anos no futebol e foi eleito seis vezes artilheiro do Campeonato Intermunicipal. Aos 38 anos, conquistou um lugar entre os destaques da competição. Cão de Raça, presidido pelo cantor de reggae Edson Gomes, ergueu a taça de campeão. No entanto, o Colônia - vice e presidido por Altamirando Chaves - levou para casa todas as outras premiações: o atacante Noé foi eleito artilheiro da competeção, com seis gols; Vitor, zagueiro, recebeu o título de melhor jogador em campo; e Pilão, aos 43 anos, foi considerado o melhor goleiro.

Arrecadação Segundo o presidente da Liga Cachoeirana de Desportos, Grinaldo Silva Neto, o campeonato é financiado pela Prefeitura Municipal, com a liga responsável pela articulação e logística. Nesta edição, foram direcionados R$28.000,00 para a organização do evento. O público torcedor também impulsionou a arrecadação. Nesta edição, o valor dos ingressos quase dobrou: passou de R$3,00 para R$5,00. Em todas as rodadas, as arquibancadas, com capacidade para cerca de 500 pessoas, ficaram totalmente ocupadas, o que significou balanço positivo no faturamento: “o público nos garantiu um alívio no fomento do futebol cachoeirano”, disse Neto.

Incentivo ao esporte

está melhorando, mas podia ter uma estrutura melhor”. Para ele, a segurança do local também deveria ser repensada, com um efetivo maior de policiais e guardas municipais. Apesar de torcer para o time rival, Welton Oliveira concordou com Brito: “está agradável, mas pode melhorar, em estrutura, segurança e outros aspectos”.

Intermunicipal Após a final do campeonato, as atenções voltam-se para o Intermunicipal, uma das competições mais importantes do estado. Cachoeira consagrou-se octacampeã em 2014. No entanto, ficou fora da disputa no ano passado. Neste ano, as articulações para formação da seleção e escolha do técnico já começaram. Alex Kaorner confirmou a participação do município no torneio organizado pela Federação Baiana de Futebol (FBF) e que acontece entre julho e agosto. Segundo ele, surgiram alguns destaques no Campeonato Cachoeirano que poderão integrar a seleção municipal. O presidente da Liga também confirmou a inscrição da seleção cachoeirana. Estão acontecendo reuniões diárias entre o prefeito e a diretoria para definição dos atletas e a disponibilidade de recursos. Com a queda na arrecadação do município, serão investidos R$20.000,00 no Intermunicipal, que, segundo Neto, não condiz com a realidade de outros municípios, que chegam a contar com até R$100.000,00.


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ESPECIAL

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(Foto reproduzida do perfil do Facebook.)

VIVER DO QUE A INTERNET DÁ PRA GENTE

Brancoala acredita que hoje o conteúdo digital tem mais importância através das monetização de vídeos, streaming, vendas digitais, merchandising

Ana Paula Pitanga Na década de 90, a banda Skank gravou seu primeiro disco independente e esperava nas gravadoras, jornalistas e rádios a oportunidade de que sua música tivesse reconhecimento. Depois de dez anos de carreira, a Sony Music apostou. Em 2007, com 15 anos de idade, a cantora Mallu Magalhães viu a relação entre artista e público se estreitar através da internet. Com a extinta rede social MySpace, ela postou quatro músicas em seu perfil e se tornou, em pouco tempo, o primeiro fenômeno da internet no Brasil. A indústria musical já sofreu várias transformações provocadas pelos modos de consumo de música utilizados ao longo dos tempos. Para ter a possibilidade de conhecer novas bandas no século XX, o público tinha opções restringidas ao rádio, shows e à compra de discos, fita cassete ou Compact Discs (CD). Na década de 90, os discos de vinil foram perdendo espaço para os CDs, formatos que prometiam oferecer maior capacidade para abrigar músicas, qualidade de som e durabilidade. Porém, hoje o CD físico vive o mesmo dilema, tendo a internet como responsável pela sua desvalorização.

A internet ofereceu um leque de métodos de divulgação para artistas desconhecidos, que além de produzirem músicas através das redes sociais puderam atuar na parte das relações públicas. Primeiro com o surgimento do Mp3, formato que fez possível obter músicas de maneira grátis. O que muitos enxergaram como pirataria, outros usaram deste artifício para se aproximar do público de maneira mais rápida. Hoje as plataformas de streamings vêm ocupando os espaços com a novidade de consumir música sem precisar baixar o arquivo, provocando o desuso do Mp3. Se antes eram as gravadoras que escolhiam as bandas que deveriam ser ouvidas, hoje é o público que atua nesse sentido.

Independência Branco ou Brancoala nasceu em Santos (SP) e acredita no Do It Yourself’ (faça você mesmo). Expõe sua criatividade nos mais de 100 vídeos disponibilizados pelo seu canal no Youtube com mais de 13 milhões de visualizações. Suas produções começaram com covers de sucessos musicais, gravações do seu cotidiano, para começar a fazer videoclipes com músicas autorais em que pôde de-

monstrar suas habilidades como compositor, produtor musical e design gráfico. Sua carreira é 100% digital e pretende “focar nela, pois acredito nas facilidades que a internet oferece aos artistas independentes”. Seu único show foi no evento Torresmo Day. Brancoala tem como influências musicais uma seleção de artistas que vai de Oasis, Metálica, Engenheiros do Hawaii, Bob Marley, até Jeniffer Lopez, Justin Bieber e Mc Livinho. Seu misto de inspirações pode ser percebido em suas composições singulares, “torresmo é vida, skate é arte”. Suas letras de músicas inusitadas e quase sempre regadas de humor trazem recordações da banda Mamonas Assassinas dos anos 90. Seu primeiro disco Brancola - Vamo Que Vamo lançado em 2015 é composto por músicas totalmente autorais levadas pelos ritmos de rap, hip hop, raggae e pop. As músicas Mãe, voltada para o lado sentimental, e Rico e Pobre, que aborda uma problemática do Brasil, são canções que não obedecem ao seguimento de humor do disco. Toda a obra foi resultado da sua produtora Memo Music, criada em 2015 e oferece serviços a artistas independentes, que vão de produção musical, design gráfico e websites. Seu trabalho pôde ter uma maior visibilidade quando sua música Craudete - que faz parte do seu primeiro disco - se tornou a mais compartilhada na rede de streaming Spotify em setembro de 2015. Ela esteve em várias playlists, dentre elas As 50 Virais do Brasil e a Top Viral. Branco se espantou com a repercussão e brincou: “o mais engraçado é que a música viralizou meses depois do lançamento, não só no Spotify, mas também no Youtube, Facebook e Whatsapp. Eu nunca imaginei que uma música poderia ficar conhecida pelo Whatsapp. Ela rodou tanto que até recebi trechos de vídeo da minha música pela rede através de amigos, familiares, que tinham recebido de outros amigos de amigos dos amigos”. Craudete traz de novo uma composição inteira com palavras que terminam em ete. O tom cômico junto com as rimas, batidas viciantes e um traço leve de duplo sentido trouxeram mais de dois milhões de visualizações no Youtube e mais de quatro no Facebook. O videoclipe é feito inteiramente por recursos gráficos que se encaixam como lycris (estilo de vídeo formado pela letra da música e recursos gráficos). Brancoala aproveita todas as possiblidades disponíveis para divulgar seu trabalho e ressalta o papel das redes sociais: “são as mais importantes para a divulgação das músicas. Também estou utilizando ferramentas de marketing digital e fazendo envio de newsletters com serviços de auto responde. Fãs e inscritos também fazem parte do processo de divulgação através do boca a boca, compartilhamentos, retweets. Hoje em dia também utilizo anúncios pagos no Facebook e Google para divulgar os trabalhos mais importantes”. Ele acredita na originalidade dos artistas independentes para ter destaque na internet e, sobretudo, ter amor pelo que faz. Deseja que sua “música seja ouvida por muitas pessoas, quero divertir, quero emocionar, quero transmitir mensagens, quero ser lembrado, pelo que faço, quero viver de música”.


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ANIVERSÁRIO E PAPEL DA FILARMÔNICA LYRA CECICILIANA Lições de respeito O atual maestro e músico da Lyra desde os oito anos de idade, Jairo dos Santos, destacou a preocupação da filarmônica atuar em paralelo à educação formal dos jovens e adolescentes, mas ensinando lições de respeito, especialmente aos mais velhos e à história do povo negro. Segundo ele, além da formação de músicos, a filarmônica trata também da participação e representação do negro na sociedade, bem como da importância da Lyra para Cachoeira. Na ocasião, o presidente da Lyra, José Luiz Anunciação Bernardo, também ressaltou a responsabilidade da entidade em educar e conscientizar politicamente os seus membros, lembrando dos seus diretores que foram presos na ditadura. Atualmente, a Lyra Ceciliana se mantém com colaborações e pequenos cachês. E se apresentará em breve no Desfile Cívico de 25 de junho, quando Cachoeira torna-se capital da Bahia por um dia.

Jessica BatistaS Foto: Camilla Souza A Sociedade Cultural Orfeica Lyra Ceciliana comemorou 146 anos no dia 13 de maio último. Fundada em 1870 pelo maestro Tranquilino Bastos, a filarmônica foi incialmente composta por artesãos e atualmente tem uma escola de iniciação musical que atende a crianças e adolescentes gratuitamente em diversos projetos. A Lyra Ceciliana desempenha um importante papel de representação negra em Cachoeira, a exemplo da icônica passeata pelas ruas da cidade quando a Lei Áurea foi assinada. Seu fundador e primeiro maestro era afrodescendente e abolicionista, vegetariano, compositor, arranjador, instrumentista, mestre premiado na Europa e atuou como jornalista. Tranquilino foi autor de diversas partituras musicais, e entre suas composições está o hino de Cachoeira, que foi executado publicamente pela primeira vez no dia 25 de junho de 1922.


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PERSONALIDADES DA CACHOEIRA Personagens marcantes fazem a cara da cidade

existem vários tipos que decorrem da própria história e cultura da cidade. Bezerra e Adelson são pessoas com características diferentes, porém possuem pontos incomuns que podem ser percebidos, como trabalharem com o público e na mesma cidade.

Foto: Raphael Fernandes

Concorrência

Antônio Bezerra disse ser amante do esporte.

Há na cidade da Cachoeira, como em qualquer outra, pessoas com tipos de personalidades diferentes. O que chama atenção às particularidades do Antônio Soares Bezerra e Adelson da Silva Assunção. Do ponto de vista da sociologia, os tipos de personalidades seriam o modo como o indivíduo se comporta na sociedade. Diversas características levam a essa definição, como por exemplo, o modo de agir, de pensar, entre outras. Antônio Soares Bezerra, barbeiro, dono do Salão e Armarinho Gloria, que traz em seu interior objetos de quando começou a exercer esse ofício, e Adelson da Silva Assunção, que trabalha na feira com a venda de peças e conserto, são exemplos disso.

Direito de escolha Nascido em Conceição da Feira, morador da cidade da Cachoeira há 42 anos, Antonio Soares Bezerra trabalha como barbeiro e criou gosto pela atividade aos 22 anos. Bezerra, como é conhecido na cidade, contou que a decisão de se tornar barbeiro veio a partir de seus pais. Segundo ele, antigamente os filhos não tinham o direito de escolher a profissão que queriam exercer. Com isso, o

e sábados Adelson se desloca de Feira de Santana para prestar seus serviços na feira da Cachoeira. E disse gostar do faz.

pai o colocou em uma oficina chamada tenda de barbeiro para aprender a profissão, a qual desempenha até hoje. Em junho de 1974, quando se mudou para Cachoeira, passou a se dedicar definitivamente ao oficio de barbeiro. Antes disso, trabalhou como guarda da superintendência na cidade em que nasceu. O Salão e Armarinho Gloria é seu local de trabalho, nele recebe não apenas clientes como também amigos. Anos se passaram, mas mesmo assim objetos de quando começou a seguir nessa área, como troféus de participação do esporte cachoeirano, fotos de times de futebol dos quais é fã, entre tantas outras coisas, compõem o espaço no qual ele está presente todos os dias. Ele disse ser uma pessoa popular e amigo de muitas outras.

Sociólogo O professor de Ciências Sociais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) Antônio Eduardo Alves contou que a sociologia possui várias perspectivas teóricas com relação aos tipos. Uma delas, chamada de sociologia interpretativa, criada pelo sociólogo Max Weber, descreve a tese do tipo ideal, que é a construção de determinada maneira para elaborar uma caricatura ou um tipo de elemento metodológico para se compreender a realidade. Com essa metodologia, pode-se entender que em Cachoeira

Foto: Grazy Farias

Grazzy Farias

Adelson da Silva Assunção nasceu na cidade de Feira de Santana, mas em 1972 quando começou a fazer compras em Cachoeira, percebeu que a concorrência na cidade referente à venda de peças para fogão e conserto de panela de pressão era pequena. Com isso, no mesmo ano passou a trabalhar na distribuição e manutenção desses utensílios. Desde então, todas as quartas, quintas

Adelson educou as filhas a partir do trabalho que realiza em Cachoeira.

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