Reverso 100

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PRAÇA 25 HOMENAGEIA DATA HISTÓRICA (página 3) Cachoeira - Bahia Junho de 2016 Centro de Artes, Humanidades e Letras

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

O Reverso chega à marca de 100 edições

Número histórico destaca a maturidade do veículo que dá personalidade ao curso de Jornalismo

Filarmônica Sociedade Cultural Orfeica Lyra Ceciliana completa 146 anos

Foto: Dalila Brito

(Página 11)

Gráficas do Recôncavo mantêm a tradição dos tipos móveis (pag. 9)

Porto da Cachoeira será fechado (Confira matéria na página 4)

Foto: Paula Santos

Moradores do Alecrim investem na agricultura familiar e produzem alimento orgânico (Veja na página 8)


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INEDITORIAL OPINIÃO Afinal, o que veio primeiro: o novo ou a entrelinha? Nesse momento de incertezas vivido por nosso país, onde a CACHOEIRA | BAHIA Junho 2016

Uma discussão intensa e interminável, inevitável e apaixonada, acaba perpassando sempre quaisquer tentativas de colocar no lugar estas questões entre gêneros e formatos, entre narrativas e suportes. O que é fácil de entender quando levamos em conta o quanto nos custa apontar onde termina a poesia e se instaura a prosa, se foi mesmo o livro que inspirou o cinema ou foi a peça de teatro que deu enredo ao romance... Se eu conto um tanto do Pessoa na pessoa do Caetano, em que língua eu estou a cantar quem? Pois, então, o que mais vale é a criatividade e ousar em novas formas e gestos para inaugurar uma nova poética (metalinguística, autorreferencial, inusitada e inédita) sobre o que faço com a minha arte? Ou melhor seria ater-me às fórmulas geniais que de antemão me asseguram um sucesso já testado (lido, assistido, reverberado, aceito e consagrado) sobre o que a minha arte fez comigo? A novela da tevê fala de si própria e vale o que pesa. O poema sabe encontrar suas frestas literárias não só em verso e música. Aquele ou outro romance também termina encontrando quem o faça roteiro. E a internet vai a todos engolindo um pouco, como bem o sabe aquele velho pajé que ainda hoje – imagine – reclama dos flashes das máquinas fotográficas de turistas a lhe arrancar um pouco a alma, a cada clic. Por fim, não adianta muito fazer gênero, vez que sempre se acaba descobrindo que o mais importante, mesmo, é ter a alma inquieta, é assombrar-se diante da qualidade humana de tornar-se inquietude

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo Coordenação Editorial Prof. Dr. Robério Marcelo Ribeiro Prof. Dr. José Péricles Diniz Editor Prof. Dr. J. Péricles Diniz Monitores Dalila Brito Uanderson Lima Editoração Gráfica Prof. Dr. J. Péricles Diniz Karla Souza

Péricles Diniz é editor do Reverso e imponderável diante daquele algo mais que nunca nunca deixa essas coisas de gênero no mesmo lugar onde as havia guardado ontem... E assim dito, vamos reverberando, tentando entender o que seria o Reverso daquilo a ser registrado. A cada semestre, a alma remete ao novo, aos novos agentes da lida diária com a descoberta das nossas própria entrelinhas, entrelaçadas pautas tortas com a quais escrevemos nosso destino. Um novo não tão inédito, mas para o que interessa, sempre uma primeira vez, um laboratório, um labor nosso, torto e à direira, alinhado à esquerda, com ou sem serifa, mas sempre sincero naquilo que remete. E eu no meio disso, nem sempre acertando, mas o tempo todo tentando, laborando, buscando teclar as teclas que nos levam a mais uma edição, em direção aos versos de uma edição extraordinária sempre, ainda que apenas Reverso. Não sei alguém esteve contando, vez que assim são as edições, uma em busca da outra, atrás do rastro refeito, perfeito, mas ocorreu de chegamos a uma centena de vezes o prazer de tentar - e fazer!

grande imprensa tem sido coadjuvante na ação de manobras duvidosas no que diz respeito à política, é impossível não refletir sobre as minhas escolhas enquanto profissional. Essas reflexões me trazem a lembrança de um Maurício ainda muito jovem e sem a convicção do que queria fazer, vindo para Cachoeira, estudar numa universidade também muito jovem para lhe garantir uma boa formação e sucesso profissional, mas que pelo frescor da juventude prometia acolher e transformar a vida dos recém ingressos nos seus cursos. Estávamos apenas nos descobrindo. O CAHL, o curso de jornalismo, a própria UFRB, eu, Calilas, Patrícias, Sayonaras, Carlindos... e incertos do futuro, mas cheios de sonhos e abertos às possibilidades, seguimos em frente. Fomos os primeiros a fazer muitas coisas que a partir de então se tornaram parte da realidade daqui. Cachoeira presenciou o nosso primeiro trote, as nossas primeiras transgressões, as nossas primeiras repúblicas (e com elas as confusões com a vizinhança por conta do barulho). Mas esta cidade também passou a nos enxergar como parte dela, e aos poucos foi se transformando junto com a gente. Se minha vida profissional e o Jornalismo andaram paralelamente, o mesmo já não posso dizer da Comunicação de uma forma mais ampla, que me tomou pela mão e me motivou a seguir em frente com os estudos na área da imagem, fazendo com que hoje eu pesquise no mestrado os processos de recepção da imagem audiovisual e seus intercâmbios com o imaginário social. Mas apesar da vida acadêmica ter tomado outros rumos, fazer parte do corpo técnico do CAHL não me fez perder o vínculo com o Cachoeira e com o curso de Jornalismo, o que me permitiu acompanhar as turmas que vieram ano após ano... E assim como em minha vida, acompanhei de perto o crescimento e o amadurecimento do curso, que mudou a vida de muitos que por aqui passaram. Alguns, assim como eu, enveredaram pelos caminhos da academia, outros passaram em concursos públicos (na área ou não), outros estão trabalhando em assessorias, em jornais impressos, no rádio, na televisão. Houve quem abriu seu próprio negócio, assim como os que botaram o pé na estrada e ganharam o mundo, sem falar naqueles que voltaram para onde nasceram, para (re)criar o seu mundo. O CAHL, o curso de Jornalismo, a UFRB, eu, Calila, Patrícia, Sayonara, Carlindo... já não somos mais tão jovens, mas ainda cultivamos nossos sonhos e continuamos abertos às possibilidades. Já não somos apenas promessas, mas somos concretizações de nossos projetos e de nossas potencialidades, traçando nosso caminho pelo mundo com a certeza do que Gil nos diz, pois a Bahia (e Cachoeira) já nos deu régua e compasso. Aquele abraço!

Maurício Miranda

é egresso do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo (Turma 2007.2), especialista em Marketing e Comunicação Corporativa (FAT) e mestrando em Desenho, Cultura e Interatividade (UEFS).


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CIDADE 3

Praça da 25 homenageia data histórica

particularmente, curto tanto uma balada, como uma cervejinha com os amigos para colocar o papo em dia. A praça, basicamente, só oferece os barzinhos e música ao vivo. De vez em quando há alguma balada organizada por estudantes”, disse a graduanda em Publicidade Iana Joaquina. Para a estudante de Jornalismo Jéssica Batista, a noite na 25 é uma extensão da UFRB: “A praça toda é tomada por estudantes. Isso porque é o principal e praticamente único ponto pra a gente se reunir. Uma pena encontrar lá pouquíssimas opções de bares ou bebidas e comidas. Se quisermos alguma coisinha diferente, temos que ir a um restaurante e pagar muito mais”, comentou.

Iasmyn Gordiano Fotos: Jennifer Monteiro

N o sábado, 25 de Junho, o governador Rui Costa nomeará Cachoeira capital baiana por um

dia. Para a ocasião estão programados eventos culturais que devem reunir centenas de turistas e moradores da região. É assim desde 1837, quando a lei nº 43 intitulou Cachoeira como Cidade Heroica e a tornou sede provisória do Brasil, dando início à homenagem anual. A data é um reconhecimento à importância histórica do município, protagonista, em 1822, de uma das primeiras lutas pela Independência da Bahia, determinantes para a proclamação de Dom Pedro I imperador. A história teve início na Praça Milton Santos, na casa de número 23. No local, aconteciam reuniões entre senhores de engenho e membros de irmandade para orquestrar a libertação do Brasil das mãos da Coroa Portuguesa. Após um desses encontros, no dia 25 de Junho de 1822, os revolucionários foram até à Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário, onde encontraram apoio da multidão. A missa Te Deum ocorre até hoje, em homenagem a esse dia. Onde fica atualmente a Praça da Aclamação, foi o local escolhido pelo engenheiro Antônio Rebouças para aclamar Dom Pedro I como o Príncipe Regente do Brasil. A ação irritou o general Inácio Luiz Madeira de Melo, resultando em um combate entre brasileiros e tropas lusitanas que durou três dias. Importância econômica A principal praça da Cachoeira é a 25 de Junho ou Praça 25, como é conhecida entre seus frequentadores. Com suas ruas apertadas, onde os quatro maiores bares da cidade estão estabelecidos, a Praça 25 é o principal local de

diversão para estudantes da universidade local, a UFRB, e para os habitantes da cidade. Funcionária de um dos bares mais antigos da praça, o Mercadinho do Preto Velho, mais conhecido como Bar do Lomba, a caixa Francine Torres, que há mais de vinte anos trabalha ali, acha que a chegada, há dez anos, dos estudantes da UFRB na cidade movimentou a economia local. “Tivemos que colocar novos funcionários para atender melhor o pessoal da faculdade, e eles têm aumentado o lucro da gente”, disse. Quando perguntada sobre as diferenças ocorridas nos últimos 20 anos, Francine disse que a praça já tinha uma boa clientela. “Independente do tempo, sempre foi muito movimentada. O pessoal da prefeitura sempre colocou eventos, então essa praça é destaque”, concluiu. Outro morador e um dos sócios da Cabana do Doidão, Miroró acha que existe uma divergência entre os estudantes da UFRB e os cachoeiranos. “É como se eles não se agrupassem”. Ainda segundo ele, a chegada da universidade movimentou o local, porém afastou os moradores. “Isso é uma solução e um problema. Um problema porque tem greve e recesso, e quando os estudantes saem, a praça fica pura, os cachoeiranos não preenchem mais essa lacuna. São uma fonte de renda para o bar, mas a maioria das pessoas fala sobre isso, já que não são uma presença fixa. É como se 80% dos clientes da 25 fossem os estudantes”, avaliou. Diversão Sendo o espaço mais farrista da cidade, a 25 é o local onde os estudantes se reúnem para relaxar da rotina estressante de estudos. “Eu,

O tratamento hostil de alguns moradores é uma frequente queixa dos estudantes. Para Jéssica, é difícil curtir a noite junto com os locais. “Quando estou chegando lá e vejo que tem muito cachoeirano, dou meia volta e mudo os planos da noite. Fora uma vez que um cara louco, bêbado, ficou me xingando a noite toda porque peguei um chapéu de uma cadeira e coloquei na do lado”, contou. Já Iana tem experiência diferente: “Até hoje nunca me senti hostilizada por um morador, mas sempre há aqueles bêbados na 25 que incomodam e atrapalham os rolês”, pontuou.

Programação alternativa para o São João Para o estudante de administração Arthur Celestino, morador de Salvador, que frequenta o São João cachoeirano desde o ano passado, a dinâmica alternativa da praça é mais atrativa do que a tradicional festa nas ruas principais. “Os bares tem uma estética legal e músicas que fogem dos forrós. Aqui a música eletrônica agita a galera e as bandas de rock nos tiram dessa vibe junina”, disse. Já o estudante de Jornalismo Victor Rosa acha que a pouca diversidade de som é algo negativo. “As praças principais tem mais bandas de sertanejo do que de forró. Pra quem quer curtir um São João com forró pé de serra as opções são poucas”, pontuou. A programação da Cabana do Doidão, Bar do Lomba e Pai Thomás ainda não foram divulgadas.


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CIDADE

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Porto da Cachoeira será fechado

Projeto de interdição caminha para sua segunda audiência

Um dos principais pontos turísticos do município, o porto da Cachoeira atrai moradores e turistas pelas vistas do Rio Paraguaçu e da cidade presépio, São Felix, e também pela Ponte Imperial D. Pedro II. Foto: Paula Santos. Josuel Rocha

D

evido ao grande fluxo de veículos que passam em alta velocidade, provocando acidentes, a prefeitura municipal apresentou proposta para o fechamento do porto da cidade da Cachoeira aos finais de semana, quando a ocupação de cadeiras e mesas dos bares é maior, preenchendo o passeio e parte da rua. Contudo, o processo foi interrompido pelo Legislativo local, que pediu um planejamento mais aprofundado antes da ação definitiva. A Câmara de Vereadores realizou audiência pública no último dia 7 de abril, com a presença de um preposto da Transcachoeira, órgão responsavel pelo transito da cidade, bem como de represen-

tantes da população. Na ocasião, ficou decidida a marcação de uma nova data para a Transcachoeira apresentar uma proposta formal. “Ficou agendada para o início de maio, mas como a responsabilidade da reunião é da Câmara de Vereadores e ainda não fomos oficialmente convidados, não posso precisar, porém entregaremos o pré-projeto até o dia 30 desse mês”, afirmou o diretor da Transcachoeira, Helder Galindo. De acordo com o pré-projeto, o fechamento deve ser realizado com placas informativas e teria também a possibilidade de barreiras do tipo New Jersey, que possibilitam delimitar espaços de forma provisória, garantindo o acesso aos veículos de emergência. Bicicletário

O acesso de pedestres e ciclistas será liberado, apenas automóveis e carroças serão barrados. Caso veículos não autorizados entrem na área fechada, serão punidos dentro das normas do Código Brasileiro de Transito (CTB). Entre as propostas para a população, está a implantação de um bicicletário público, construído e mantido com incentivos de empresas, principalmente os donos de bares da orla. Outra proposta é a possibilidade de disponibilizar professores de educação física na orla, seja com clubes de corrida ou aulas de ginástica em parceria com a Secretaria de Esportes. Há também o processo de incentivo à ocupação de praças com realização de feiras gastronômicas e afins. “Agora o projeto vai para inclusão ou exclusão de propostas”, afirmou o diretor.


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Chegou a hora do Enem

EDUCAÇÃO 5

Estudantes de uma escola pública de Cachoeira contam as expectativas e como se preparam para o Exame Nacional do Ensino Médio

Amanda Dias Fotod: Amanda Dias

Foram mais de 8 milhões de alunos inscritos para participar

do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), criado pelo Ministério da Educação (MEC) para testar o nível de aprendizado dos alunos que concluíram o ensino médio no Brasil. Além disso, ele é usado como parte do processo seletivo de centenas de Instituições de Ensino Superior públicas e privadas. A estudante do Colégio Estadual da Cachoeira, Michele Caroline, que tem 22 anos e já é mãe de uma menina de três, contou que sempre teve o sonho de estudar e fazer uma faculdade, porém viu esse sonho ser adiado por causa da maternidade. Agora, Michele pretende cursar Licenciatura em História na UFRB. “Vou fazer aqui na UFRB mesmo, porque tem o curso que eu gosto e ainda é perto, posso continuar estudando que é o meu

sonho e ficar perto da minha filha. Eu não me vejo assim parando de estudar, eu quero sempre estar estudando”, disse Michele. Sonho Para os estudantes que sonham em ingressar na universidade, o desempenho no Enem é de fundamental importância, por isso eles começam a se preparar e estudar alguns meses antes para a prova. Esse ano os candidatos contaram com a plataforma A hora do Enem, desenvolvida pelo MEC, uma ferramenta inédita, online e totalmente gratuita de preparação para as provas. Nela, o estudante fica à vontade para escolher se vai acompanhar o programa de TV, fazer simulados on-line, criar um plano de estudos adequado às suas necessidades ou baixar vídeos. De acordo com o projeto, a plataforma foi pensada para deixar o aluno mais confiante e seguro na hora da prova, por isso ela Os estudantes do Colégio Estudal da Cachoeira vivem a maratona de preparação para o Enem e a expectativa sobre o próprio futuro e o curso universitário que sonham em cursar. Fotos: Amanda Dias

também promete exibir notícias sobre o Enem e atualidades, dar orientações de como se preparar para a prova, disponibilizar questões que já caíram nos anos anteriores comentadas por professores. Adeus ao cursinho A hora do Enem tem feito bastante sucesso entre os candidatos e muitos deles afirmaram que deram adeus aos cursinhos e estão estudando apenas pela plataforma. No intervalo das aulas, Naiana Sampaio, 18 anos, que adora matemática e sonha passar em um curso de engenharia, responde exercícios de fração no celular. Ela contou que se inscreveu logo no segundo dia para o Enem e desde então está estudando para o exame pela plataforma. Segundo ela, a linguagem é bastante acessível e a ferramenta que mais se destaca é o aplicativo para smartphone que reúne todo o conteúdo de textos, videoaulas e atividades, deixando o conteúdo de estudos sempre à mão e a qualquer hora. O mais novo da turma, Luiz Carlos, de 16 anos disse que o único curso que interessa na cidade para ele é o de Jornalismo. “Eu acho um curso interessante, que trabalha com entrevista, aborda os fatos, eu sempre disse que se um dia eu for jornalista eu vou querer ser apresentador de um jornal, eu acho muito top”, disparou Luiz, arrancando risadas de seus colegas. Ele contou que passou a assistir mais jornal depois do caso da usina de Belo Monte, em Minas Gerais, porque acredita que temas como esse, o processo de impeachment de Dilma Rousseff e o Aedes aegypti podem estar na sessão de atualidades do Enem.


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ESPECIAL

10 anos de Reverso:

a visão dos egressos sobre o jornal laboratório

Victor Rosa

o

jornal laboratório Reverso foi criado para a primeira turma do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), há 10 anos. Como primeiro contato com o clima de um veículo impresso, o Reverso é considerado pelos egressos sinônimo de uma experiência essencial para o mercado de trabalho que os aguardava. Neste especial da edição 100 vamos descobrir quem são alguns desses egressos, como foi sua inclusão no mercado de trabalho e suas experiências com o Reverso.

a alguns profissionais. Tendo uma paixão pelo impresso e por textos literários, Tede também trabalha como repórter freelancer para alguns impressos baianos, a exemplo das revistas Metro Quadrado, Cidadelle, Alpha Fitness, Azulina, [B+], e [B+] Saúde. “A experiência com o Reverso foi a base para toda a minha vida profissional atual. Foi quando aprendi que o real sentido das palavras deve ser respeitado e que a informação escrita também pode ser prazerosa, não só para quem a lê, mas também para quem a escreve. ”

São eles:

Miranda é da segunda turma Tede Sampaio é egresso da primeira turma deMaurício jornalismo, em 2007.1. Antes de se de Jornalismo, semestre letivo 2006.2, e atualmente também trabalha na área; prestando serviço de assessoria de imprensa

formar, passou no concurso para o Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL),

campus que abriga o curso de Jornalismo da UFRB, onde continua até hoje. Apesar de não ingressar diretamente no mercado de trabalho, ele já realizou alguns freelancers na área de assessoria e audiovisual. Atualmente, Maurício faz mestrado em Desenho, Cultura e Interatividade na UEFS, onde estuda as imagens que as pessoas consomem da pornografia (audiovisual), identificando-a como um produto que está sendo viabilizado nos meios de comunicação de massa. “Tive o prazer de estar na equipe do Reverso por um ano, quando de fato entendi que era na escrita que residia meu interesse. Tivemos a oportunidade de fazer uma edição especial percorrendo várias cidades da Chapada Diamantina, que nos tirou do dia a dia, da zona de conforto, e acredito que além de profissionalmente, criou laços entre os envolvidos. Guardo o Reverso entre as minhas melhores lembranças da época da universidade. ”


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Alanna Oliveira, ingressa da segunda turma,

chegou a tentar sair da faculdade e ir para a capital, Salvador, como muitos fazem, mas viu que seu lugar era no Recôncavo e voltou para trabalhar como coordenadora de comunicação da ONG Casa de Barro, localizada em Cachoeira. A partir desse emprego, trabalhou como produtora cultural em outros projetos, aprovou um projeto de rádio no Fundo de Cultura da Bahia, que executou em parceria com Rachel Neuberger, professora do curso de Jornalismo da UFRB, e tornouse coordenadora da Rede Memória Viva, uma iniciativa da Rede América e Instituto Votorantim nos municípios de Cachoeira e São Félix. Atualmente está cursando o mestrado em Identidade e Diversidade Cultural, pela PPGCS (Programa de PósGraduação em Ciências Sociais) da UFRB

mais uma egressa que conseguiu continuar com a carreira no Recôncavo da Bahia, trabalhando na revista Sou+, produzida em Santo Antônio de Jesus para os próprios santo-antonienses. Para Simone, é uma experiência deliciosa poder contar histórias sobre a cidade para as pessoas da cidade.

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preparação para o mercado de trabalho. ”

“O Reverso foi fundamental na minha construção como profissional. Como não temos estágio obrigatório, ele acabou sendo uma espécie de estágio mesmo, uma prévia do que encontraríamos no mercado. Até hoje me pego falando: ‘ah, lembro que fiz muito isso na época do Reverso. ’ É uma referência.” k

Rafael Lopes, também de 2011.1, concluiu

“Como todos os estudantes de jornalismo, comecei minha produção lá (no Reverso) através das disciplinas de Impresso. São disciplinas importantes para a nossa formação, para o treinamento da escrita, do olhar jornalístico e domínio das técnicas.”

o curso e continuou pelo Recôncavo, indo trabalhar na assessoria de comunicação da Associação dos Comerciários de Santo Antônio de Jesus. Um ano depois optou por mudar de área, indo trabalhar no jornal impresso Diário de Itabira, em Minas Genais. Atualmente, Rafael voltou para Bahia e para a área da assessoria, trabalhando na Delegacia Sindical Sertaneja (APLB/Feira) em Feira de Santana.

v

ictor

Erik,

encontrou

da

uma

turma trajetória

de

2011.1,

difícil

no

“O Reverso foi uma experiência incrível! Excelente oportunidade para colocar em prática a teoria aprendida na Universidade. Assim pude ter contato com fontes, conhecer mais a fundo a comunidade cachoeirana e do Recôncavo região à qual pertenço - e fazer jornalismo!”

ingresso para o mercado de trabalho. Durante muito tempo trabalhou com assessoria política que, para ele, é a área que mais absorve jornalistas, até que conseguiu migrar para Social Media. “Você sai da graduação sem muita noção

Sendo símbolo de laboratório Reverso um divisor de águas de Jornalismo da os não só para o

aprendizado, o jornal foi, é e sempre será na vida dos estudantes UFRB, preparandomercado de trabalho.

de mercado e dia a dia do jornalista.

s

d

imone Santos é da turma de 2008.1 e

Um pouco do preparo que você tem, se deve muito ao Reverso. Ter essa vivência foi muito importante do ponto de

Acesse o Reverso Online


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ECONOMIA

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Moradores do povoado do Alecrim se dedicam à agricultura familiar Ela disse ainda que durante o período de cultivo do milho e do feijão, o sindicato disponibiliza essas sementes para todos os produtores rurais da zona rural do município de Cachoeira. Josmar Barbosa dos Santos Souza, agricultor e então presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Cachoeira, falou que a função do sindicato é garantir os direitos previdenciários do trabalhador rural e também está provendo políticas públicas para melhoria de produção e para melhoria na qualidade de vida dos moradores rurais. O sindicato trabalha com benefícios previdenciários como, por exemplo, auxilio doença, auxilio maternidade, auxílio reclusão e aposentadoria.

Grazzy Farias Fotos: Grazzy Farias

Moradores do povoado do Alecrim, que fica

a 8 km de distância da cidade de Cachoeira praticam agricultura familiar, cultivo da terra por pequenos proprietários rurais, visando suprir parte das despesas de casa a partir da renda gerada pela atividade econômica, com o predomínio da mão de obra familiar. Boa parte dos gêneros alimentícios presentes na mesa do brasileiro vêm da produção agrícola feita por homens e mulheres que vivem economicamente dessa atividade. Estes vivem em áreas grandes ou de pequena extensão, as quais são donos. Família Daniel Santos Lima, 51 anos, é morador de Alecrim e trabalha com o cultivo de produtos orgânicos desde os oito anos de idade, quando ia para lavoura ajudar seus pais com a plantação de mandioca, feijão, milho e amendoim. Parte desses produtos era destinada para o próprio consumo da família e o restante comercializado no intuito de conseguir um valor em dinheiro para suprir as demais despesas de casa. Daniel contou que já trabalhou em outras áreas, mas nada parecido com o que exerceu aos oito anos de idade. O contato com a terra, com a plantação e a vivência com a família falaram mais alto e por isso ainda hoje ele se encontra fazendo aquilo que aprendeu com seus pais. Mandioca

A produção de farinha de mandioca tem sido o foco principal para ele e sua família, produzindo em média por semana, uma saca com 50 kg. A produção e vendida na sede do município, Cachoeira, mas também em sua própria casa de farinha. Na venda da farinha de mandioca eles conseguem o total de R$ 180,00 por semana. Nesse caso se eles produzem cinco sacas de 50 kg do produto durante cinco semanas, por mês conseguem o valor de R$ 900, ou seja, mais de um salário mínimo. Para Daniel quando uma pessoa possui uma porção de terra fértil deve-se cultivar. Já Doralice Ferreira da Hora, 47 anos, agricultora e também moradora do Alecrim é muito gratificante produzir o alimento que ela mesma colocará na mesa para consumo dela família. No povoado ela cultiva desde hortaliças, mandioca, feijão, amendoim a plantas. Doralice contou que ganhou gosto pela produção orgânica aos nove anos, quando plantou sua primeira leira de alface, e não parou mais. Disse que onde tiver espaço no seu quintal, está plantando, e que só vende seus produtos quando não dá conta de consumir todo. Sindicato Antonina da Silva Miranda, agricultora e atualmente diretora do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cachoeira, contou que existe em média 200 produtores rurais no povoado do Alecrim. Estes estão devidamente cadastrados nessa instituição, que tem como objetivo dar assistência para aqueles inseridos no âmbito da agricultura familiar.

Programa O programa Agroamigo, desenvolvido pelo Banco do Nordeste em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cachoeira, tem dado apoio financeiro aos produtores rurais do município. O objetivo seria ampliar a produção agrícola visando melhorar a condição social e econômica do agricultor familiar. Josmar Souza contou que o sindicato trabalha com duas faixas de crédito, a faixa B, que libera até R$ 4 mil por meio do Banco do Nordeste para agricultores que possuem o documento de Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) e recebem anualmente abaixo de R$ 20 mil, e a faixa variável, que libera até R$ 15 mil por meio também do Banco do Nordeste, para produtores rurais que possuem DAP e que ganham anualmente acima de R$ 20 mil. Projeto Além do programa Agroamigo, há um projeto chamado Um dia no campo desenvolvido pela

Embrapa Mandioca e Fruticultura de Cruz das Almas em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cachoeira, que participa há dois anos consecutivos num dia do ano fazendo o Um dia no campo. O projeto tem como objetivo trazer o conhecimento para o agricultor sobre as novas técnicas de produção, especificamente da mandioca. Moradores do Alecrim que possuem cadastro no sindicato e praticam a agricultura familiar tiveram a oportunidade de participar desse projeto em Cruz das Almas e aprender as técnicas desenvolvidas pela instituição. Feirante Lucilene Nunes da Silva, 33 anos, vendedora da feira livre de Cachoeira e professora formada em magistério, contou que a farinha de mandioca é um produto muito vendido e preferido pelos seus clientes e que não há um público alvo definido. Ela disse que, desde jovens a idosos compram e que o preço varia conforme a qualidade do produto. Nos últimos meses, a farinha teve um aumento em seus preços, de R$ 2,50 para R$ 4,00 o kg. Uma feirante que não quis se identificar falou que é grande a procura em sua barraca por verduras, temperos e legumes, e que não há um público especifico para esses alimentos. Os preços variam por quanto ela compra o produto na feira de abastecimento, que possivelmente venderá na feira livre de Cachoeira. Devido à crise, o número de clientes em sua barraca acabou diminuído contou a feirante. Com relação aos feirantes de Cachoeira, o sindicato só assiste aqueles que produzem o que vende, já os que compram o que vendem não são

Grande parte dos alimentos que chega à mesa do brasileiro vem da produção agrícola familiar, tocada por homens e mulheres que vivem economicamente dessa atividade. Estes moram em áreas grandes ou pequenas, das quais são donos.


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ECONOMIA 9

Gráficas do Recôncavo mantêm ofício da tipografia tradicional “Daqui há uns dez anos, a tendência é acabar”. A sentença é de um dos donos da Gráfica São Felista, Antônio Silva, sobre a arte dos tipos móveis.

Welder Souza Fotos: Isabella Codognoto

A

tipografia, antes maior responsável pela impressão de jornais de grande circulação e outros serviços gráficos, ao longo dos anos foi sendo substituída por novos métodos de trabalho. Mas ainda hoje, no Recôncavo da Bahia, é possível encontrar alguns praticantes do ofício de tipógrafo que mantém esses ensinamentos vivos. Às margens do Rio Paraguaçu, na cidade de São Felix, a Gráfica São Felista guarda um dos mais importantes acervos tipográficos da região. Funcionando há mais de 40 anos no mesmo lugar, o estabelecimento guarda prensas grandes de ferro maciço de origem alemã, tipos de chumbos e madeiras que dão sentido a um empreendimento que antes trabalhava a todo vapor para dar conta da demanda dos pedidos. Mesmo com o advento das gráficas modernas, onde os computadores substituem a mão de obra tipográfica, a São Felista ainda é responsável pela impressão de talões de nota fiscal, carnês, duplicatas e cartões de visitas de algumas lojas comerciais da região, tendo como principal cliente a fábrica de charutos Dannemann, que dispõe de uma prensa exclusiva para a impressão de sua marca em folhas finas de madeira trazidas do Paraná e usadas para enrolar charutos.

prensas e do arquivamento dos tipos moveis que hoje são muito poucos usados. O funcionário da gráfica Edmilson Almeida, de 60 anos, contou sobre a importância de fazer parte da família de tipógrafos. “Já trabalho aqui há 20 anos e não tenho vontade de sair tão cedo. Faço parte dessa família, a tipografia está no meu sangue”, concluiu.

Correio de São Félix A gráfica também foi responsável pela impressão do jornal Correio de São Felix, que por falta de recursos financeiros deixou de ser impresso. De acordo com um dos proprietários da gráfica, Antônio Silva, algumas pessoas passaram a colaborar mensalmente e o jornal voltou a ser impresso por sua gráfica. Sem muitas esperanças para os próximos anos da gráfica, que a cada dia vem perdendo espaço no mercado com o avanço tecnológico, Antônio avaliou como poderá ser o futuro da São Felista. “As empresas para as quais prestamos serviços estão diminuindo a demanda a cada dia, elas mesmas estão fazendo o que antes nós fazíamos. Daqui há uns 10 anos, a tendência é acabar”, sentenciou. Atualmente trabalham seis pessoas, entre eles os próprios donos, os irmãos Antônio e Raimundo, que cuidam com carinho da manutenção das

Santo Amaro Em Santo Amaro da Purificação o cenário tipográfico não é diferente. Dono da única e mais antiga tipografia da cidade, Otavio Brito, hoje com 83 anos, começou como aprendiz e

depois passou a gerenciar a gráfica onde trabalhava e passou a ser dono em 1950. Era de suas prensas que saiam as edições do Jornal Mocidade, de grande circulação na época e que prestava serviços para as indústrias da região, além de boa parte do comercio. Atualmente, a gráfica funciona com apenas um funcionário, o próprio dono, devido à decadência na procura do serviço. Segundo Otavio, “muitas pessoas trabalharam aqui, alguns hoje já estão aposentados, outros estão trabalhando em grandes empresas e outros abriram seus próprios negócios”.


10 ESPORTE

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Cão de Raça é consagrado campeão do campeonato cachoeirano

Ataque perigoso contra a meta do Cão de Raça

Camilla Souza (texto e fotos)

Após

uma partida com lances difíceis, muitas faltas e bolas na trave, o time Cão de Raça, do cantor de reggae Edson Gomes, conquistou o título de campeão do Campeonato Cachoeirano de Futebol Amador sobre o Colônia, no último dia 6 de junho, no Estádio 25 de Junho. As duas equipes mantiveram-se invictas até a final, que contou com ocupação total das arquibancadas. Aos 20 minutos do segundo tempo, Marcelo fez o gol da vitória. Jogador desde 1999, ele já foi seis vezes eleito artilheiro do Campeonato Intermunicipal. Hoje,

recebeu o título de melhor jogador localidades de Cachoeira disputaram, em campo; e Pilão, aos 43 anos, sempre nas tardes de domingo, o foi considerado o melhor goleiro. título de melhor equipe amadora. ADM, AMELC, Bangu, Cão de Raça, Histórico Colônia, Flamenguinho, Paraguaçu, O campeonato começou no dia Tororó e Vasco reuniram torcedores Premiações 20 de março. Ao longo de dez e movimentaram o esporte no No final da partida, o presidente rodadas, nove times de diversas município. da Liga Cachoeirana de Desportos, organizadora do evento, Grinaldo Pinto, fez a entrega dos troféus de campeão e vice, melhor jogador em campo, melhor goleiro Troféus nas e artilheiro do campeonato. maos do Apesar de o Cão de Raça sagrar-se craque e da campeão, o Colônia levou todas as equipe outras premiações: Noé, atacante, foi eleito artilheiro da competição, com seis gols; Vitor, zagueiro, aos 38 anos, o atacante do Cão de Raça parabenizou o esforço do time e do rival: “o campeonato foi bastante disputado e as duas equipes estão de parabéns”, disse.


CACHOEIRA | BAHIA Junho 2016

CULTURA 11

Aniversário da Lyra Ceciliana une música e política nos espaços cachoeiranos política de vanguarda na época; parada na casa de Dona Dalva, fazendo a ressalva de que a Lei Áurea não libertou efetivamente os negros, mas mesmo assim eles comemoram a data por causa da simbologia; passagem pela Igreja do Rosarinho e pelo Cemitério dos Nagôs. O último ponto de concentração dos festejos foi a sede da própria filarmônica, onde foi realizada uma sessão solene para agradecimentos e afirmação do caráter político da Lyra. Na oportunidade, o presidente da Filarmônica, José Luiz, criticou o atual cenário político do Brasil e disse que “a Lyra não compactuou e nem compactuará com um processo que fira a democracia”.

Jessica BatistaS

Anunciado por uma salva de fogos

estrategicamente feita no Largo Tranquilino Bastos, no dia 13 de maio, a filarmônica cachoeirana Sociedade Cultural Orfeica Lyra Ceciliana completou 146 anos de resistência negra através da música. Os eventos comemorativos estiveram presentes em diversos espaços de simbologia para a instituição. Iniciados com uma missa de Ação de Graças na Igreja do Monte, local de criação da filarmônica, os festejos de aniversário tentaram lembrar de elementos importantes para a instituição desde a sua criação: a tradicional parada para beber água na casa onde morou o

maestro Tranquilino; a caminhada até a Sociedade Monte Pio dos Artistas Cachoeiranos, organização

Fundada pelo maestro Tranquilino Bastos em 1870, a Filarmônica Lyra Cecliliana tem papel importante no movimento abolicionista na Bahia, o que rendeu, por exemplo, o título de Patrimônio Cultural Vivo de Cachoeira.


CACHOEIRA | BAHIA Junho 2015

Segredos sob o Holofote

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Inspirado e m f a to s r ea i s , S p o t l i g h t c o n t a a h i stória de jornalista s em m eio à in v e stig a ç ã o d e c a s o s d e p e d o f ilia na Igreja

Dirigido por Tom McCarthy, Spotlight – Segredos revelados é um relato, baseado em fatos reais, sobre um grupo de jornalistas que começa um processo investigativo a respeito de crimes de pedofilia cometidos por membros da Igreja. Sem apelar para o sensacionalismo, a trama traz detalhes da rotina de uma redação e questões éticas que giram em torno do jornalismo e da produção de notícias.

A história se passa no ano de 2001 em Boston, Estados Unidos, onde casos de abusos cometidos por padres vêm à tona. O grupo de jornalistas do Boston Globe vai em busca das vítimas, trazendo relatos fortes e surpreendentes, que dão o toque de dramaticidade e humanidade das narrativas. Em contrapartida, questões éticas e desafios

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enfrentados na apuração de fatos polêmicos dão ritmo ao longa. Desafios como a resposta da Igreja e dos leitores do jornal, na maioria católicos, também permeiam a atividade dos jornalistas, que vão descobrindo, aos poucos, as provas dos crimes e os envolvidos. Spotlight é baseado na investigação vencedora do Prêmio Pulitzer, que resultou na prisão de religiosos, indenizações e no choque imediato da população. Vencedor do Oscar 2016 na categoria de Melhor Filme, o longa traz uma crítica social pertinente com uma linguagem que pode ser traduzida para todo o mundo. A reflexão do papel do jornalismo na formação de opinião e como utilidade pública também está presente na trama. Questões como abordagens, apuração detalhada e análise dos fatos para oferecer ao público um material completo e realmente informativo, características que estão

em falta no jornalismo atual, citando o caso da imprensa brasileira, são pontos chave da obra. Apesar de enfocar a figura do jornalista e os ossos do ofício, Spotlight é um filme destinado a agradar a um público amplo. Não apenas os produtores de notícia, mas também seus receptores são atingidos pela trama.

Camila Souza


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