Guia das Profissões

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guia das

por Priscila Gorzoni

Profissões faça a

escolha certa

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Profissões Mercado de trabalho Faixa salarial Duração dos cursos

As carreiras do Futuro Estágio e trainee Primeiro Emprego Como se preparar

teste vocacional

para descobrir suas aptidões

ANO I - Nº 1 - R$ 12,95


AS PROFISSÕES DO FUTURO Não é possível saber quais profissões serão comprovadamente as do futuro, ainda mais porque a maioria delas e o mercado de trabalho estão passando por transformações estruturais. Tanto o Brasil quanto o mundo profissional estão sofrendo mudanças que deverão influenciar a vida de quem procura trabalho nos próximos dez anos. Mas, com base em pesquisas e nas observações das empresas de recursos humanos, é possível estimar as áreas onde aparecerão mais oportunidades. Segundo esses institutos, os setores mais promissores vão da estética ao petróleo e abrangem diversas profissões. As principais preocupações sociais e econômicas irão influenciar diretamente o mercado de profissões.

• Agronegócio O mercado está em alta e deve continuar assim pelos próximos anos. Esse mercado beneficia: médicos veterinários, engenheiros agrônomos, zootecnistas. Quem trabalha com a exportação de produtos agropecuários terá muitas oportunidades.

• Preparação física Os profissionais que trabalham com o culto ao corpo e as preocupações com o bem-estar estarão em alta. O trabalho com os idosos será a grande pedida. Os beneficiados serão: professores de educação física e fisioterapeutas.

• Meio ambiente As atividades humanas que se preocupam com o planeta e o meio ambiente. As indústrias continuarão a ser pressionadas para que tenham mais cuidado com o meio ambiente. Dessa forma, contratarão profissionais da área de engenharias ambientais, florestal, química, biólogos, oceanógrafos.

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• Petróleo e gás Essa é uma das áreas mais promissoras e que pede demanda de mão de obra especializada. Estarão em alta: engenheiros químicos, de petróleo, mecânicos e geólogos.

• Informática e tecnologia Essa área continuará aquecida, atraindo mais engenheiros da computação, sistemas de informática, tecnologia da informação e ciência da computação.

• Gerontologia Com o aumento da expectativa da população, muitos profissionais que trabalham com a terceira idade serão valorizados. Médicos, geriatras, clínicos gerais e fisioterapeutas estão entre eles.


• Estética A beleza nunca esteve tanto em evidência. Esse é um campo que cada vez cresce mais, portanto, seus profissionais: cirurgiões plásticos, esteticistas, massagistas, dermatologistas, entre outros, estarão em constante procura.

• Responsabilidade social Profissionais das áreas de educação, cultura e meio ambiente serão cada vez mais requisitados para contribuírem com a sociedade em programas direcionados às comunidades.

• Turismo Está cada vez mais em alta, desenvolvendo os profissionais das áreas de esportes radicais e turismo direcionado. Os principais beneficiados são os graduados em turismo, biólogos, geógrafos.

• Saúde alternativa Profissionais que buscam melhorar a saúde, bem -estar e prevenir doenças por meio de tratamentos alternativos. Estarão em alta profissionais variados que se dedicam a esse tipo de tratamento.

Profissões mais procuradas até 2015 Na próxima década, a disputa por gente qualificada será ainda mais acirrada, segundo uma pesquisa feita pela Federação das Indústrias do Rio. O estudo ainda aponta quais serão as profissões mais procuradas até 2015. • Engenheiro de petróleo •

Engenheiro ambiental

• Técnicos em produção, conservação e de qualidade de alimentos • Ajudantes de obras civis • Analistas de sistemas computacionais (TI) • Trabalhadores da fabricação de cerâmica estrutural para construção • Técnicos de produção de indústrias químicas, petroquímicas, refino de petróleo • Gás e afins • Técnicos em fabricação de produtos plásticos de borracha • Técnicos florestais • Técnicos em manipulação farmacêutica Fonte: Guia das profissões do professor Wagner Horta 2012. 3


OS CAMINHOS PARA A ESCOLHA DA PROFISSÃO Se você está em dúvida sobre qual profissão escolher, saiba que não está sozinho. O mercado de profissões está cada vez mais variado, o que dificulta ainda mais essa tarefa. Para ajudá-lo, o Guia de Profissões faz uma entrevista com Lucas Rezende, coach, especialista em programação neurolinguística, psicólogo, professor do Instituto de Neurolinguística Aplicada (INAp), do Rio de Janeiro. Ele dá dicas e facilita o caminho tão complicado na escolha da profissão. Guia de Profissão : Como escolher a profissão? Lucas Rezende: A profissão é, por vezes, uma escolha que principia na infância, e sem necessariamente que haja uma intenção profissional. Quando 4

a criança, por exemplo, percebe nos pais um conjunto de atributos que lhe chama atenção, aí está se iniciando o processo de escolha e “modelagem” das atitudes que levarão a um interesse (ou desinteresse) por determinada área de atuação profissional. A adolescência, no entanto, é comumente a fase em que o jovem finalmente coloca na balança os prós e contras da carreira que está inclinado a seguir. Na fase de escolha, qualquer que seja a idade, é importante que a pessoa sinta-se apoiada a explorar os campos profissionais por que sente maior atração, e conversar com profissionais que já atuem naquela área. O mais importante é ter a consciência de que a escolha da profissão não é uma decisão definitiva para a vida toda. Guia de Profissão: O que devemos levar em conta ao escolher a profissão? Lucas Rezende: Cada profissão exige certos perfis que inclusive mudam de tempos em tempos.


A afinidade com o campo de trabalho, as atividades que são desenvolvidas, e no ambiente em que são desenvolvidas, são os fatores iniciais no processo de escolha. Infelizmente, no Brasil, a sociedade está afastada da universidade, assim os jovens entram nos cursos profissionalizantes e de graduação com pouquíssima noção, ou nenhuma, daquilo que representa a realidade da profissão, de fato. Pesquisar e visitar os ambientes de trabalho são os primeiros passos para uma conscientização do que representa aquela profissão. A visita a fóruns, hospitais, escritórios, indústrias, por exemplo, são formas de ver, ouvir e sentir na prática o desenrolar profissional daquela carreira. Guia de Profissão: Os testes vocacionais são válidos? Explique. Como aproveitá-los bem? Lucas Rezende: Testes de orientação vocacional por estatística, como baterias de exames por múltipla escolha, já são percebidos como defasados, se utilizados isoladamente. Hoje, uma orientação vocacional funcional é considerada não como um exame, mas como um processo, onde o candidato, além de testes, participa de entrevistas e busca conhecimentos intelectuais e vivenciais das profissões pelas quais tem maior interesse. Guia de Profissão: Qual é a importância de escolhermos bem a nossa profissão? Lucas Rezende: A profissão demanda na vida de qualquer pessoa importantes investimentos. O tempo que investimos estudando e nos atualizando, bem como o dinheiro despendido, são alguns exemplos. Além disso, a satisfação de estar imbuído em uma atividade que gere reconhecimento e autorrealização são cruciais para a manutenção de uma boa qualidade de vida. Guia de Profissão: Quais são as profissões do futuro? Cite e explique. Lucas Rezende: No Brasil e no mundo, as profissões ligadas à tecnologia despontaram por serem reconhecidas como as de maior rentabilidade a médio e longo prazo, principalmente pelo setor de óleo, gás e construção civil. Vem acontecendo, no entanto, uma curiosa inversão de valores. As empresas percebem que os profissionais técnicos, independente de seu gabarito, nível de competência e hierarquia, obtêm melhores ou piores resultados

em função de sua competência em lidar com gente, ou carisma. Esta revolução vem trazendo à tona a administração de novos desafios quanto à seleção de profissionais que desenvolvam suas habilidades de liderança independente da função que ocupam. Guia de Profissão: Quais profissões estão em baixa? Cite e explique. Lucas Rezende: As profissões ligadas às áreas que estão se extinguindo atualmente carecem de investimentos e atenção. Alguns exemplos são as profissões que exigem menor potencial criativo ou inovador, como funções meramente administrativas, já que há tendência das empresas em terceirizarem este tipo de atividade, ou mesmo substituírem por tecnologias eletrônicas, como os computadores. Guia de Profissão: Me arrependi da escolha profissional que fiz. O que devo fazer? Lucas Rezende: A escolha da profissão não é um pacto de vida ou morte. Na cultura ocidental, pensamos na profissão atrelada à fonte de renda e ao capital envolvido. A profissão, no entanto, é um papel social que desempenhamos ao longo de certo tempo de nossas vidas. Infelizmente, algumas pessoas estão tão associadas à sua atividade profissional que confundem sua própria identidade com seu papel desempenhado socialmente, vulgo profissão. Se alguém, por exemplo, reconhece a si próprio como “o médico” ou “o advogado”, passa então a assumir que essa é sua identidade e que suas competências e valores estão restritos a esta profissão. Em parte, isso pode trazer benefícios, mas certamente a pessoa restringirá seu campo de possibilidades enquanto pensar que sua profissão atual é sua identidade. Na crise de 1929, por exemplo, vimos casos extremos de investidores que eram tão associados a sua atividade profissional que optaram pelo suicídio quando viram suas carreiras desmoronarem com a bolsa. O arrependimento, portanto, deve ser percebido pela pessoa como uma oportunidade de tomar consciência de que aquela profissão não mais o satisfaz, e que é tempo de ampliar suas possibilidades e oportunidades. Um bom processo de orientação vocacional, ou coaching, é muito oportuno neste momento. Guia de Profissão: Além da escolha da profissão, o que o profissional deve ter a mais para se dar bem no mercado de trabalho? 5


Lucas Rezende: O mercado de trabalho valoriza atualmente o profissional que, fundamentalmente: 1) Sabe o que quer. Ou seja, tem uma meta ou um propósito bem definido dentro da organização, e assim alinha os objetivos da empresa aos seus. 2) Equilibra o foco em tarefas versus pessoas. Assim, sabe lidar bem com prazos, metas e a pressão das tarefas cotidianas, tão bem quanto lida com seu nível emocional e de relacionamentos com os que o cercam. 3) É transparente e assertivo. Comunica de forma clara aquilo que pensa sem, no entanto, ofender ou desrespeitar os outros. Desse princípio, muitas empresas obtêm excelentes gestores que inovam e geram novas ideias. Guia de Profissão: Poderia falar sobre a importância do MBA? Pós? Mestrado? Doutorado? Quais são as diferenças entre eles, e qual é o momento ideal para fazermos? Lucas Rezende: O MBA costuma ser um curso mais interessante às empresas que buscam por contratações de curto prazo, já que a modalidade desse curso contempla e valoriza a parte prática dos processos de liderança e técnicos. Já o mestrado e doutorado são cursos de pesquisa e experimentação, assim, são mais visados por empresas que contratam para processos de estudos e desenvolvimento de novas tecnologias. Um curso de pós-graduação, no geral, será sempre bem visto por empresas que buscam profissionais inovadores, já que a própria “pré-disposição” do candidato em estudar “além do comum” denota um legítimo interesse em se desenvolver e assimilar novos desafios. Guia de Profissão: É importante ter um plano B além da profissão? Explique como escolher o Plano B e quando fazer isso. Lucas Rezende: A profissão é apenas um papel desempenhado ao longo da vida. Cursos que aflorem o empreendedorismo do indivíduo, por exemplo, são formas estratégicas de estimular a pessoa a gerar um plano de ideais e de ação para sua vida profissional, que certamente a levará para além do desempenho habitual de sua profissão. Guia de Profissão: Qual é a melhor forma de entrar no mercado de trabalho? 6

Lucas Rezende: O mercado de trabalho se transformou em uma “aldeia global”, assim temos o fenômeno da globalização dos processos, ao passo que temos “tribos” e grupos de profissionais que são reconhecidos em maior ou menor grau. Buscar pela excelência pessoal, desenvolver-se através de cursos, processos de instrução ou coaching, são formas de entrar no seleto grupo de profissionais que são procurados, e não que procuram. Guia de Profissão: O que o recém-formado deve ter em mente e como deve se comportar no novo emprego? Lucas Rezende: Uma nova profissão é como viver em uma nova cultura. É preciso inicialmente conhecer e adaptar-se ao sistema. A conquista de um novo emprego muitas vezes é subestimada pelo candidato que considera que já está estabilizado assim que entra. Na verdade, qualquer indivíduo que recém ingresse em um sistema corporativo será avaliado e posto à prova em diferentes situações até que seja considerado um membro local. Desconsiderar esse processo de consolidação e estabilização em um novo emprego pode gerar a frustração de não ser efetivado em uma vaga que antes parecia “certa” e definitiva. Aqui, cabe lembrar que os sistemas de relação profissional não são estáveis ou previsíveis, e que cabe ao profissional flexibilizar sua postura e adaptar-se constantemente aos cenários apresentados.


ESTÁGIO: O ELO ENTRE O ENSINO E A PRÁTICA.

Por: Luiz Paschoal, administrador, ex-professor universitário, atuou na Philips do Brasil, Açominas, Itaipu Binacional e Artex. É consultor de empresas, ministra cursos e tem seis livros publicados.

O estágio é um recurso cada vez mais procurado pelos três agentes envolvidos: o estudante, a empresa e a escola. Ele possibilita uma vivência prática na área em que se deseja atuar e a oportunidade de uma efetivação. A Lei 11.788, de 25 de setembro de 2008, define o estágio como o ato educativo escolar no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo do estudante. Segundo a lei, o estágio “é um vínculo educativo-profissionalizante, supervisionado e desenvolvido como parte do projeto pedagógico e do itinerário formativo do educando”.

Grande parte dos estudantes aspira a entrar para o mercado de trabalho e poucos têm vivência prática. Como a experiência anterior é um requisito dos mais valorizados para o ingresso no mercado de trabalho, surge aí um obstáculo: o formando candidato ao primeiro emprego tem reduzidas chances de se colocar no mercado. A lógica diz que, quanto antes o estudante iniciar sua vivência prática, maiores serão suas chances de conseguir um bom emprego na área escolhida, logo depois da formatura ou até antes de receber o diploma. O momento do estágio é o momento da construção da carreira e o estágio entra também 7


como fator de avaliação para se saber se o curso escolhido é de fato o caminho certo para iniciar a carreira desejada. Essa clareza só vem do contato direto com a prática profissional. Pelo lado da empresa, firma-se o reconhecimento de que o estágio é uma excelente modalidade de recrutamento, descoberta e formação de bons profissionais. Reconhecido oficialmente como a mais eficaz ferramenta para complementar a formação acadêmica, o estágio é regido por uma legislação própria.

A legislação A figura jurídica do estágio está regulada pela Lei 11.788 e o Ministério do Trabalho e Emprego publicou uma cartilha esclarecedora sobre essa lei. Eis os aspectos da lei que interessam a este artigo: Estágio obrigatório: estágio definido como pré-requisito no projeto pedagógico do curso para aprovação e obtenção do diploma. Estágio não obrigatório: é uma atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória. Além das empresas, instituições em geral e órgãos públicos, também os profissionais liberais de nível superior, devidamente registrados em seus respectivos conselhos, podem contratar estagiários. Podem ser estagiários, os estudantes que estiverem frequentando o ensino regular, em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. O estágio não caracteriza vínculo de emprego de qualquer natureza, desde que observados os requisitos legais, não sendo devidos encargos sociais, trabalhistas e previdenciários. A empresa, instituição ou órgão deve indicar funcionário de seu quadro, com formação ou experiência profissional na área de conhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para 8

orientar e supervisionar até dez estagiários simultaneamente. Além disso, deve contratar seguro contra acidentes pessoais em favor do estagiário. A jornada do estagiário é definida de comum acordo entre a instituição de ensino, a empresa e o aluno, deve ser compatível com as atividades escolares e respeitar os seguintes limites: o Educação superior - seis horas diárias e trinta horas semanais o Educação profissional - seis horas diárias e trinta horas semanais o Ensino médio - seis horas diárias e trinta horas semanais o Educação especial - quatro horas diárias e vinte horas semanais o Anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos - quatro horas diárias e vinte horas semanais O prazo de duração do estágio é de até dois anos. Para o estágio não obrigatório, a empresa tem que conceder bolsa (auxílio financeiro) e auxílio-transporte. Para o estágio obrigatório, a concessão de bolsa e de auxílio-transporte é facultativa. O auxílio-transporte pode ser substituído por transporte próprio da empresa. A empresa pode voluntariamente conceder outros benefícios. Quase todos os anúncios oferecendo estágio indicam as atividades nas quais o estagiário “irá atuar”. Isso pode significar que o estagiário irá trabalhar como um funcionário. Sem problema, desde que seja respeitado o programa de estágio estabelecido e a atuação seja de fato na área de interesse do estagiário. É prática condenável o velho artifício de utilizar estagiário como mãode-obra barata, colocando-o na vaga de empregado, realizando todo tipo de trabalho, de modo incompatível com a filosofia do estágio. É bom desconfiar de oferta de estágio já no segundo semestre do curso: se a ideia do estágio é a aplicação prática dos conhecimentos teóricos, um estágio assim tão precoce parece incoerente.


Estágio x Programa de Trainees Os programas de trainees constituem uma prática já consolidada em bom número de empresas para identificar profissionais compatíveis com suas necessidades. O programa normalmente recruta recém-formados nas universidades e cursos técnicos, e os submete a um período de convivência com a empresa no qual os profissionais recebem treinamento em vários setores e passam por testes diversos. Ao fim do período, um diálogo entre as partes define quanto à efetivação ou não do profissional e em qual área da empresa. Esse período varia de 6 meses a 2 anos. Os programas de trainees não se enquadram na legislação do estágio, pois os profissionais são contratados como qualquer outro empregado. Os critérios de avaliação são internos da empresa, e esta não está obrigada a informar os resultados à instituição de ensino, como ocorre no caso do estágio.

A BUSCA E O PROCESSO SELETIVO

Para a empresa, o processo de recrutamento e seleção de estagiário pode seguir os mesmos procedimentos adotados para os empregados ou ser mais simplificado. Para o estudante, a busca é igual à de quem busca um emprego. Hoje a tarefa de buscar estágio está bastante facilitada, pelo menos no que se refere a localizar as oportunidades. Além dos anúncios em jornais e dos muitos sites da internet voltados para o assunto, o interessado pode recorrer a instituições e empresas especializadas como o CIEE, à Catho e muitas outras. Nos anúncios que oferecem estágio, vê-se que, para certas áreas, as empresas buscam candidatos já a partir do segundo semestre do curso. Para áreas mais complexas, como Engenharia, buscam-se candidatos a partir do quarto ou quinto semestre. As recomendações a seguir valem para qualquer candidato a emprego, mas vale especialmente para o candidato a estágio. São as recomendações mais básicas, que não dispensam o interessado de buscar mais informações sobre o tema: 9


• Currículo Continua sendo a forma mais utilizada para apresentação das qualificações dos candidatos a colocações, e também a estágios. Aspectos formais contam como primeira impressão, daí a primeira dica: estética, clareza e objetividade, nada de querer impressionar pelo volume de informações. São cinco partes: cabeçalho (dados pessoais como nome, endereço, telefone, e-mail), formação acadêmica (nome da escola, curso, duração do curso e em que período se encontra), experiência profissional (quando tiver e desde que relacionada com a área desejada, iniciando pela mais recente), outros conhecimentos (idiomas, informática, etc.), outras informações (prêmios recebidos, atuação em diretórios acadêmicos, capacidade de negociação, facilidade de relacionamento interpessoal, esportes praticados e trabalhos voluntários). Lembre-se de que as informações prestadas poderão ser checadas.

• Entrevista

A mesma recomendação de dizer sempre a verdade vale igualmente para a entrevista. Seja sincero e verdadeiro para não se enrolar depois. Nervosismo e ansiedade são normais, mas serão menores quanto mais adequada for a preparação para a entrevista. Atentar para a apresentação pessoal apropriada, ouvir mais, falar menos, ser claro e objetivo e comedido nos gestos. Deixe as suas perguntas para o final. Essas são algumas sugestões, mas ninguém desconhece a dificuldade que se tem em se tornar, na hora da entrevista, uma pessoa diferente do que está habituada. Essa dificuldade é real tanto para novos como para quem já está no mercado. “Seja você mesmo” é a recomendação dos especialistas. Para ser “você mesmo” e ainda ter chance de sucesso, é preciso que esteja bem preparado. Por isso, é necessário estar informado sobre a empresa e adquirir qualidade de profissional requisitado, ainda que sem experiência. Outra questão importante: nos dias atuais, apenas o nome da faculdade não é garantia de uma boa colocação no mercado de trabalho. Educação e aprimoramento pessoal e profissional continua10

dos são o caminho para se atingir o padrão procurado. Tem mais vantagem na conquista do estágio e do primeiro emprego o candidato que começa desde cedo a construir seu perfil profissional. Duas boas fontes para quem quer educação e aprimoramento pessoal e profissional continuados: livros “O Profissional Dez” (Qualitymark Editora), do mesmo autor deste artigo e “Profissões 2010” de Luiz Gonzaga Bertelli, Presidente Executivo do CIEE.


ATUAÇÃO DURANTE O ESTÁGIO Os alertas a seguir valem para qualquer profissional em qualquer situação, mas têm uma ênfase especial para o estagiário, já que este vive uma condição mais exposta a avaliações: 1. Evite a linguagem vulgar: fuja das gírias e das palavras e expressões grosseiras. 2. Afaste a arrogância: cuidado para não achar que já sabe tudo. O estágio é um período de aprendizado, o estudante está ali para assimilar práticas e aplicar o que está aprendendo. 3. Seja discreto: ouça muito e fale pouco. Faça uso produtivo e ético do que ouve. 4. Seja ético: a ética é um dos valores mais defendidos nas empresas de valor, e falar a verdade e

respeitar tudo que é lícito são qualidades cada vez mais valorizadas. Nunca dissemine fofocas. 5. Use a comunicação de maneira inteligente: use a comunicação para conhecer a cultura e os valores da empresa, para aprender mais e mais. 6. Aprimore a comunicação escrita: a escrita precária é um péssimo sinal e contará negativamente na avaliação do estagiário. 7. Cultive o bom humor: uma pessoa malhumorada, que reclama o tempo todo, tem muita dificuldade para ser bem aceita no ambiente de trabalho. 8. Tenha a aparência adequada: o estágio também serve para mostrar a postura corporativa mais esperada: o seu visual é um retrato do seu interior. Observe e adote o padrão de vestimenta e de aparência mais profissional. 9. Informe-se: o estágio é o momento de entender o funcionamento na prática da área escolhida. Precisa também estar bem informado sobre o que acontece no país e no mundo. A leitura é indispensável. 10. Pratique o trabalho em equipe: as empresas esperam contar com profissionais que saibam atuar lado a lado com pessoas de diferentes formações e personalidades. 11. Aproveite as críticas: o estágio é um momento especialmente propício para o profissional aprender a se abrir para receber críticas e aprender com os erros. 12. Disponha-se a resolver problemas: essa é uma das habilidades mais apreciadas. Aproveite o estágio para desenvolvê-la. Procure conhecer as metodologias de solução de problemas. Essa habilidade depende de outra: Iniciativa. 13. Tenha iniciativa e dinamismo: a empresa espera que o estagiário seja pró-ativo, esforçado, atento e comprometido. Desânimo, apatia, tendência para reclamar de tudo, são o primeiro passo para a não efetivação. 14. Aproveite seu tempo: evite gastar tempo com conversas improdutivas, pessoalmente e por telefone, com e-mails pessoais, acessos a sites de relacionamento. 15. Seja organizado: a ordem e organização do posto de trabalho são sinais de disciplina, qualidade indispensável a qualquer profissional. 11


Avaliações 16. Seja funcionalmente disciplinado: respeitar horários, prazos e normas da empresa continua sendo uma qualidade apreciada. 17. Seja flexível: a habilidade de se adaptar a mudanças e a novas áreas e atividades é indispensável nos dias atuais, e cada vez mais no futuro. É claro que essas recomendações não valem apenas para o período de estágio e que continuam sendo sempre válidas em toda a carreira do profissional. Em todo caso, o estágio é um momento que deve ser aproveitado para a pessoa se conhecer na situação de trabalho, perceber suas fraquezas e buscar as melhorias.

Estudando com ênfase no conhecimento O estágio é um processo que corre em paralelo com o estudo. De tudo o que a pessoa traz da escola para a empresa, o que conta, de fato, são os conhecimentos e as habilidades. Então, o estagiário e o estudante em geral precisam se preocupar mais com o conhecimento e menos com a nota. Esta não substitui o conhecimento e, sem ele, o profissional não é contratado ou não consegue realizar seus trabalhos. O profissional requisitado é aquele que se preocupa em adquirir o conhecimento e que encara a nota como uma consequência.

Carreira: saber para onde ir Como dissemos no início deste artigo, o momento do estágio é o momento da construção da carreira. Tudo que se deseja realizar na vida requer disciplina. Construir uma carreira exige disciplina profissional. E o que é ser profissionalmente disciplinado? Significa, entre outras coisas, saber o que se quer. O estagiário vai precisar ter clareza do que é melhor para si e concentrar-se nisto. Se ficar com um pé aqui e outro lá, vacilando, perdido entre várias opões, dispersará esforços e perderá oportunidades. Se não focalizamos claramente nosso objetivo, ficamos mudando o foco a cada instante. Como disse Sêneca, “não há vento favorável para quem não sabe para onde vai”.

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Ao fim do estágio, é hora das avaliações: a empresa avalia o estagiário, apenas para cumprir os procedimentos legais ou objetivando decidir-se pela sua efetivação ou não como empregado. O estagiário, por sua vez, ante a possibilidade de efetivação e tendo dúvidas quanto à conveniência de iniciar carreira na empresa, precisará fazer também sua avaliação. A avaliação que a empresa vai fazer seguirá os critérios que ela usa para seus colaboradores e para os candidatos a emprego. A avaliação que o estagiário queira fazer pode ser baseada nos critérios adotados nas pesquisas de algumas revistas para eleger “as melhores empresas para trabalhar”. Quem responde a essas pesquisas são os próprios funcionários das empresas, daí serem esses critérios muito apropriados também para o estagiário tirar suas dúvidas. Eis os principais quesitos considerados nessas avaliações: • As pessoas da empresa: diretores, gerentes, chefia imediata, colegas, clientes; • O trabalho: atividades no dia a dia, recursos disponíveis, sentimento de realização; • As oportunidades: chance de carreira, treinamentos, cursos, suporte; • Qualidade de vida: ambiente físico, ambiente social, equilíbrio trabalho/vida; • Práticas da empresa: práticas de RH, avaliação de desempenho, comunicação interna, políticas para colaboradores; • Remuneração: salário fixo, salário variável, formas de reconhecimento, benefícios; • Sustentabilidade: políticas de responsabilidade social e ambiental.


PRIMEIRO EMPREGO: ANTES DA ENTREVISTA DE TRABALHO A mídia veicula com frequência vários conselhos sobre como as pessoas devem se apresentar e se comportar nas entrevistas para emprego. Faça o currículo com tal formato, vista-se assim, use o cabelo assado, seja objetivo ao responder as perguntas do entrevistador, olhe nos olhos, etc., etc. Tudo muito válido, mas é complicado para qualquer pessoa lembrar-se desses conselhos e comportar-se desta e daquela maneira naquele momento, já por si tão carregado de ansiedade, se tais comportamentos não estão nela, isto é, se ainda não foram incorporados como um comportamento padrão. O tiroteio de mensagens eleitorais divulgou, há algumas semanas, dois fatos que servem de exemplo: o presidente fotografado como se estivesse lendo um livro cuja capa estava de cabeça para baixo, e a candidata toda atrapalhada nos rituais de uma missa. É assim que as pessoas ficam quando colocadas em circunstâncias que não fazem parte da vida delas. Ainda que a pessoa seja bastante jovem e esteja se candidatando a emprego pela primeira vez, ela pode incorporar um comportamento apropriado, dedicando tempo e esforço para pensar e experimentar detalhada e estruturadamente tais questões. Como domar a insegurança no momento da entrevista, se não sei nem o que quero da vida, o que procuro, nem tenho visão apropriada do que é “trabalhar” e “ser profissional”? Mesmo pessoas que já estão no mercado de trabalho há vários anos têm dificuldade no momento das entrevistas, simplesmente porque não incorporaram o espírito do profissional procura-

Por: Luiz Paschoal, administrador, ex-professor universitário, atuou na Philips do Brasil, Açominas, Itaipu Binacional e Artex. É consultor de empresas, ministra cursos e tem seis livros publicados.

do. Imagine se um profissional preparado e requisitado enfrenta essas dificuldades nas entrevistas! Portanto, muito melhor que tentar seguir conselhos sobre como se comportar em testes e entrevistas, é saber como ser um profissional acima desses conselhos. “Uma das grandes tragédias dos modernos sistemas educacionais é sua incapacidade de estimular o amor pelo aprendizado” (Matheus Kely, em “O ritmo da vida”). Não dá para se ver o aprendizado apenas como meio de atingir fins financeiros e sociais. “Uma base de conhecimento mais estreita produz, necessariamente, uma visão mais estreita de mundo”. Educação e aprimoramento pessoal e profissional continuados são o caminho para se atingir o padrão de profissional requisitado.

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