A Construção do Sonho | 2º Edição

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A Construção do 2ª edição

Paulo Briguet

Domingos Pellegrini 1


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A Construção do Sonho

2ª edição 2014



A construção do 2ª edição

Paulo Briguet

Domingos Pellegrini


plaenge 4 anos

A Construção do Sonho

Alexandre Fabian

coordenação

Fábia Yoshida

pesquisa e redação

Paulo Briguet

planejamento e introdução

revisão

Maria Christina Ribeiro Boni

capa e projeto gr áfico

foto da capa

fotos internas

Domingos Pellegrini

Juliana Brandão Dornelles Gabriel Teixeira Arquivos Pessoais e da Empresa

Gabriel Teixeira (Londrina/pr)

Wander Lima (Cuiabá/mt)

Ito Cornelsen (Curitiba/pr)

Marcos Volkopf (Campo Grande/ms)

impressão Planográfica

contato a.fabian@plaenge.com.br

B865c

Briguet, Paulo

A construção do sonho: Plaenge 40 anos / Paulo Briguet,

Domingos Pellegrini. – 2ª Ed. – Londrina: Planográfica, 2014.

– 170 p.: il.

1. Plaenge - História. 2. Plaenge - História - Londrina (PR).

3. Engenheiros Civis - Relatos. 4. Construção Civil - História

- Londrina (PR) . I. Pellegrini, Domingos. II. Título.

CDD 338.47624098162


Apresentação Ouço falar de Domingos Pellegrini desde menino. Ainda adolescente, leitor voraz e fã de literatura, tinha orgulho de Londrina ter um escritor famoso entre os maiores do Brasil. Foi um grande prazer conhecê-lo pessolmente em 2007 no desenvolvimento de um outro projeto. No final de 2009 surgiu a idéia de fazermos um texto contando algumas histórias dos 40 anos da Plaenge – e logo pensamos no Domingos como a pessoa ideal para coordenar o trabalho. Em seguida, Domingos nos apresentou ao Paulo Briguet – de quem eu também já era um apreciador, pelos textos leves e saborosos de suas crônicas. Os dois tiveram a sabedoria de começar as entrevistas por algumas das pessoas que fizeram a história da empresa nestes 44 anos – e o livro se desenvolveu a partir daí, em uma linguagem simples, leve, gostosa de ler. Paulo me contou que muitas entrevistas foram interrompidas pela emoção do entrevistado – e que ele mesmo teve que se controlar para não se emocionar demais também. Findo o trabalho, posso dizer que os dois souberam como ninguém entender o verdadeiro espírito da Plaenge, que está guardado em cada uma das pessoas que fizeram – e fazem – a nossa história. Em nome de todos da nossa equipe, agradeço de coração aos dois. Eles também colocaram a alma no livro, assim como cada um de nós coloca a sua no nosso trabalho diariamente. Ao Paulo Briguet e ao Domingos Pellegrini o nosso muito obrigado!

Alexandre Fabian



Agr adecimento Talvez o mais difícil tenha sido escolher os entrevistados, em meio a tantas pessoas especiais. Procuramos fazer uma distribuição geográfica entre as cidades em que trabalhamos, cronológica entre as décadas de história e também entre os diversos setores da empresa e disponibilidade dos entrevistados. Incluímos parceiros que marcaram a história da Plaenge. Porém, para cada um que foi entrevistado, podemos citar outro que não o foi, o que não é de todo justo. Como registro e agradecimento, listamos na página 157 todos os que fazem parte de nossa equipe quando da publicação deste livro.



Sumário

Introdução.......................................................................... 11 Anos 70...............................................................................15 Anos 80...............................................................................45 Anos 90...............................................................................71 Anos 2000...........................................................................95 Agradecimento................................................................ 157



Introdução

Nossa Casa Domingos Pellegrini

O caracol não precisa fazer ninho, não precisa cavar toca e nem pensa em casa própria, pois leva a casa nas costas, mas... até por isso mesmo, como é lento! Os humanos, ainda no tempo em que as tribos vagueavam pelas planícies, catando frutos e ovos, também nem pensavam em ter casa: fixar-se num local seria morrer de fome, e, até por falta de proteção contra as intempéries, como morriam! As mulheres levavam nas costas os filhos pequenos e a tralha de cozinha (aquele pau de furar coco, aquela pedra de quebrar coquinho, aquela outra de cortar peixe...), e os homens levavam suas ferramentas, o porrete, o machado também de pedra lascada, a faca de pedra raspada, os paus de acender fogo... Mas o danado do frio todo ano foi ensinando que, além de manter o fogo aceso nas cavernas, aquelas moradias de inverno, era preciso armazenar comida. Seria interminável a discussão sobre se o primeiro móvel foi o varal de pendurar carnes defumadas ou o estrado para transformar em cama os couros antes espalhados pelo chão. O certo é que um dia, no fim de mais um inverno, ele, o chefe da nossa família ancestral, sabendo que além do horizonte havia novos frutos maduros e rebanhos gordos, espreguiçou, levantou e falou: – Vamos! Mas ela, começando a mostrar que, na prática, família não tem chefe, falou: – Vamos pra onde? Tá tão bom aqui! Assim, começou o problema de morar longe ou perto do trabalho, quando ele teve de arranjar jeito de trazer de longe, para a caverna mobiliada, as carnes e os frutos e as raízes e... deve ter sido aí que, além de nascerem mais crianças do que nunca antes, também nasceu a roda.

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Protegidas, mais crianças sobreviveriam e, como o pai tinha inventado a carroça para trazer comida, os meninos viraram homens que cortaram árvores e inventaram as primeiras paliçadas para proteger as cavernas dos bichos e dos inimigos. Ora, quem ergue uma paliçada, enfileirando troncos enfiados no solo, aprende que pode também erguer pisos e paredes e... – Mãe! Vem ver! A primeira mulher que se viu entre paredes achou muito bom: – Dá pra ver a lua, as estrelas... Mas e quando chover? Os netos inventaram o telhado, que no começo nem tinha telhas, era de varas e palmas, mas com o tempo... – Vó! Vem ver! A primeira mulher que se viu debaixo de um teto de telhas foi, no entanto, bem clara: – Por onde vai sair a fumaça? Os bisnetos inventaram a chaminé, mas a neta da bisneta mais esperta um dia perguntou: – Por que nossas casas sempre pegam fogo? Claro que era porque o fogão de pedras soltava faíscas que queimavam os troncos das paredes, mas um quaquaneto do tataraneto um dia inventou uma coisa que parecia pouca coisa mas era uma revolução: – O tijolo, gente! Com ele, podemos isolar o fogão, erguer paredes que não queimam, até porque serão de barro que já foi queimado no forno e... Foi mesmo uma coisa de louco, como disse o primeiro arquiteto alguns milênios depois. As pessoas (já eram chamadas assim) construíram tantas casas que elas formaram aldeias, povoados, vilas e cidades. As cidades cresceram tanto que, para os filhos não morarem longe, aumentando o velho trajeto entre a casa e o trabalho, as pessoas começaram a dobrar as casas, surgindo os sobrados. Mas não sobrava espaço, faltava, porque nesse tempo a maioria das crianças que nasciam, não só sobreviviam como, também, chorando e gritando, queriam viver e viver bem! Mas já moravam em metrópoles, palavra que significa cidade-mãe, com outras cidades filhas em volta, como uma galinha com seus pintinhos, e haja planejamento para tanta confusão: ruas, avenidas, semáforos, quarteirões, prédios, lotações, tudo com horários, normas, leis e métodos, sistemas, e além disso... – Manhê, vou no t-1! Isto mesmo: os sobrados foram crescendo; viraram edifícios cheios de apartamentos que, na verdade, são a velha caverna renovada com portas e janelas como as casas, mas com

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uma segurança que nenhuma caverna ou casa teve, por isso é que a criança pode sair gritando: – Vou no t-1! t-1 é o lugar no pavimento térreo, daí o t, onde, conforme a planta do edifício, está o ponto de lazer 1, que é o playground ou o salão de jogos ou... Enfim, o mundo gira e os elevadores sobem e descem, levando gente para a academia de ginástica, a brinquedoteca, o salão de jogos, o salão de festas, a piscina, as quadras esportivas, o espaço gourmet, tudo que os clubes tinham quando as pessoas só tinham isso nos clubes. Mas bom mesmo é saber que, mesmo com o sobe e desce também do mercado, há uma construtora que entrega no prazo a casa de tanta gente, respeitando aquilo que Jung definiu com tanta precisão: – O ser humano é obcecado por comida, sexo, segurança e poder. Bem, a comida cada um pode fazer na cozinha ou na churrasqueira, resquício da caverna que os apartamentos restauraram. A segurança também é antiga, desde as cavernas os humanos se juntam para se defender, e, nos edifícios, a segurança é facilitada e equipada. Quanto ao sexo, bem, o sexo... fica também por conta de cada um, mas o certo é que nascerão mais crianças e será preciso novos apartamentos, melhores como sempre. Quanto ao poder... Existe coisa que dá mais poder – poder de rir, poder de sonhar, poder de recomeçar, poder de amar – do que viver bem? Para viver bem, é preciso morar bem, e construtoras que ergam apartamentos onde a gente possa estar pertinho do trabalho, senão do trabalho, pelo menos do lazer e dos amigos e... – Pai, este é o Alaor. – Teu amigo, filha? – Meu futuro marido, pai! De modo que, assim, é melhor que a Plaenge continue, como sempre, a estar preparada para erguer mais imóveis – com a solidez de quem começou construindo indústrias (como nossos ancestrais construíram paliçadas antes de casas) e com a visão de que constrói o que temos de mais caro:

Nossa casa, nosso canto nosso aqui, nosso enfim nosso pouco, nosso tanto

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Anos 70

Os Fundamentos De como uma salinha alugada de 18 metros quadrados, com três mesas e telefone emprestado do dentista vizinho, foi a primeira sede da Plaenge.

De como o fundador da empresa conquistou

a confiança da multinacional Coca-Cola.

De como Deus fez o

mundo e criou o engenheiro para aperfeiçoá-lo. para formar um homem.

pontes construídas sobre rios.

Das

De como as crianças veem as

como se diferenciam os verbos ser e ter. 

De dois samurais da engenharia.

De como se faz o primeiro prédio.

o verbo achar.

Dos cem anos

Das viagens do Maverick branco.

viagens de um jovem engenheiro.

Da alma do tijolo. 

De

De como não se conjuga

De como a mãe ensinou o filho a ser mestre.

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Alicerces familiares Em março de 1970, Ézaro Medina Fabian, um jovem engenheiro de 30 anos, decidiu abrir uma construtora na cidade de Londrina. A Plaenge começou numa sala de 18 metros quadrados, na sobreloja do Edifício Alaska, no centro da cidade. O espaço era cedido pelo engenheiro Benjamin Sesti, para que o aluguel fosse pago quando possível, e não tinha banheiro: o único sanitário ficava no corredor do prédio. Também não havia dinheiro para comprar um telefone, mas um vizinho dentista, o amigo de adolescência Nivaldo Zamberlan, cedeu uma extensão da sua linha para a pequena empresa. Os equipamentos – uma betoneira, uma serra circular, meia dúzia de padiolas – foram emprestados pelo mestre de obras Antonio Pissichio. Na verdade, os alicerces da nova construtora já estavam bem fundados nos valores da família Fabian. O bisavô paterno de Ézaro, Fedele Giovanni Fabian, nasceu na vila de San Michelle Del Quarto, perto de Treviso, na Itália. Originalmente era castrador de animais; percorria propriedades fazendo o serviço em rebanhos. Fedele veio para o Brasil em 1891. Chegou ao porto de Santos em 21 de setembro, a bordo do navio Solfarino, com a esposa e quatro filhos. No Brasil, teve o nome aportuguesado para Fidelis Fabian. O filho mais velho, Justinianni Fabian, tornou-se Antonio. Os nomes mudavam, mas permaneciam valores ancestrais, como apreço pelo trabalho bem-feito e a união familiar. Com 12 anos, Antonio, que seria avô de Ézaro, era alfabetizado e sabia rezar em latim. Conta a lenda da família que ele havia sido coroinha do pároco Eugenio Maria Giuseppe Pacelli, futuro papa Pio xii. Como quase todos imigrantes italianos da época, os Fabian trabalhavam em fazenda de café no interior de São Paulo. À noite, Antonio improvisou uma escola e ensinava os colonos a ler e escrever. Também era o rezador da fazenda. Na adolescência, Antonio mudou-se com a família para a cidade de São Manuel. Casado com Regina Zamprogno, abriu um armazém. Toda a família habituou-se ao trabalho braçal. Florindo Fabian, filho de Antonio e Regina, e que seria pai de Ézaro, estudou contabilidade e, em 1947, decidiu vir com a família para Londrina. Eram cinco: a mulher, Leonor Medina; as filhas Maria Erani e Maria Eneida; e o filho Ézaro, então com sete anos. Em Londrina, um ano depois, nasceria Evaldo, o filho mais novo. Na época, o Norte do Paraná era o novo eldorado do café. – Para o meu pai, o mais importante era que o filho soubesse trabalhar – diz Ézaro Fabian. – Aprendemos com ele que é preciso fazer as coisas com amor. Se fizer com amor, você vai tirar uma satisfação do trabalho. Se você se propuser a uma tarefa e ela se tornar enfadonha, nunca deve parar no meio, porque ao final você encontrará uma satisfação no trabalho bem-feito.

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Em Londrina, Florindo trabalhou com várias atividades relacionadas ao café, do plantio à exportação. Nas décadas de 1950 e 60, o ouro verde teve o seu auge na terra vermelha. Londrina ficou conhecida como a capital mundial do café. Quando a Plaenge surgiu, o sonho do café já estava chegando ao fim. No entanto, o grande volume de riquezas geradas pela cafeicultura permitia uma diversificação da atividade econômica. Os empreendedores com maior visão do futuro começavam a investir em outras áreas. Londrina precisava se reinventar – e a construção civil era uma das frentes mais promissoras do novo sonho. Ézaro, por formação familiar, conforme os exemplos do pai e do avô, tinha espírito inovador e empreendedor, que já se manifestava desde estudante. Cursou engenharia industrial na fei, em São Paulo, entre 1961 e 1965. Nessa época, envolveu-se no movimento estudantil e fez parte da Juventude Universitária Católica (juc) e da Ação Popular (ap), organizações de esquerda. Quando ocorreu o golpe militar de 1964, era presidente do centro acadêmico de seu curso. Vários colegas se esconderam por uns tempos, com medo da repressão. Ézaro continuou estudando normalmente, certo de que não havia feito nada de errado ou ilegal. Não foi preso. No período da universidade, Ézaro fez estágios em grandes empresas, como a Mercedes-Benz, a Ultragás e a Fábrica Nacional de Motores (fnm, popular Fenemê). Teve propostas de emprego em todas elas, mas decidiu voltar para Londrina. Ele explica: – O trabalho nessas empresas seria muito técnico, muito restrito. Eu não queria ficar especialista em um detalhe. Acho bonito, por exemplo, o campeão olímpico que se dedica a vida inteira a uma só modalidade, a um só fundamento. Mas tenho dó. A pessoa tem que sacrificar todo o restante para se concentrar numa prova, num exercício. Uma vida, como um edifício, precisa de fundamentos confiáveis e equilíbrio entre as partes. A vontade de ficar mais tempo com a família fez Ézaro optar por Londrina. – Ninguém que se dedique totalmente ao trabalho, abrindo mão de outras coisas, vai ser feliz. Tem de haver um equilíbrio entre o trabalho, a família e todo um conjunto de coisas que fazem a vida melhor. Para Ézaro, é mais fácil alcançar esse equilíbrio numa cidade do interior, onde há mais tempo para a família.

» Ézaro Fabian em sua época de estudante; foto da carteirinha da Biblioteca Municipal de Londrina

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O telefone preto O espírito empreendedor de Ézaro se impôs depois de algum tempo trabalhando com o pai, numa beneficiadora de café, e três anos como engenheiro e sócio minoritário na Construtora Alvorada, até resolver criar a Plaenge, nome derivado de planejamento e engenharia. – Na criação do nome – observa Ézaro – já inseríamos uma diferença, naquele tempo em que a construção civil deslanchava e muitas construtoras surgiam para desaparecer depois. Indicamos que a nossa não era só de engenharia, mas de engenharia com planejamento. O planejamento faz bem para a obra contratada, para a empresa que contrata e para a empresa construtora. Na salinha do Edifício Alaska, cedida pelo engenheiro Benjamim Sesti, o aparelho de telefone emprestado pelo dentista Nivaldo Zamberlan era preto – do tempo em que todas as geladeiras eram brancas e todos os telefones eram pretos. Havia três mesas: uma era a de Ézaro; outra era de Odilon Marcondes, que cuidava da parte administrativa e contábil; e a terceira, em 25 de maio de 1970, passou a ser ocupada por um rapaz chamado Roberto Melquíades. Melquíades lembra a data por dois motivos. Foi seu primeiro dia na Plaenge – e seu aniversário de 18 anos: – Eu fazia toda a parte administrativa. O que me atraía na Plaenge era a oportunidade de crescer junto com a empresa, se tudo desse certo. E deu certo: Melquíades, 44 anos depois, é sócio e diretor financeiro da Plaenge. – O objetivo da empresa, desde o começo, era fazer construção civil da melhor qualidade, jamais perdendo de vista o lado ético e moral, que era sempre ressaltado pelo Ézaro. Foi importante ter essa chance de crescer de forma tranquila e sólida, no começo da minha vida adulta.

Cem anos de formação Marcel Proust escreveu que são necessários cem anos para formar um homem. O autor de

Em busca do tempo perdido acreditava que o valor do trabalho é algo que se transmite de uma geração para outra. O dom de um homem se realiza plenamente em seus filhos, talvez até mesmo depois da morte do pai. Ézaro ouviu a frase de Proust numa conversa com um velho amigo médico, cujos filhos também praticavam a medicina. “Foram necessários cem anos, entre meu pai e meus

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filhos, para que eles realmente se formassem médicos”, disse o amigo de Ézaro. A conversa com o médico e a frase de Proust reforçaram em Ézaro a ideia de criar a Plaenge – não por acaso, uma empresa que se mantém familiar até hoje. Ézaro recorda: – Eu queria facilitar o caminho para meus filhos, construindo uma empresa com bons fundamentos para uma longa vida. Não queria apenas criar uma empresa, mas uma empresa permanente, fundada em valores, que são permanentes. A empresa dos sonhos de Ézaro seria um lugar em que as pessoas poderiam trabalhar com dignidade e prazer; onde ninguém fosse obrigado a mentir ou trapacear; uma empresa que existisse para ser útil aos outros. – Não queria uma empresa apenas para resolver meus problemas financeiros ou interesses materiais, mas uma empresa a que os meus filhos, e os filhos de quem trabalhasse comigo, poderiam dar continuidade.

Carteir a assinada Ézaro já sabia que sobreviver como empresa não é uma tarefa simples no Brasil; o que não sabia era que, fazendo as coisas certas, seria ainda mais difícil, embora com resultados duradouros. Quando a Plaenge foi criada, era comum entre as construtoras não registrar empregados. Muitas vezes a empresa ficava com a carteira de trabalho do operário; se viesse a fiscalização, o registro era feito às pressas. Um dos princípios da Plaenge era jamais ter alguém em seus quadros que não fosse devidamente registrado. O cumprimento de todas as obrigações trabalhistas era – e continua sendo, 44 anos depois – ponto pacífico na empresa. Outra norma básica da Plaenge, desde o começo, é pagar rigorosamente todos os impostos, taxas e obrigações fiscais. Ézaro confessa: – Por tudo isso, eu achava que a empresa não cresceria muito. Além disso, a Plaenge teria que ser muito eficiente para superar os concorrentes, já que quase todos não registravam os funcionários e não pagavam corretamente os impostos. Ser mais eficiente era sobreviver. O telefone preto, emprestado pelo dentista, tocou. A primeira obra da Plaenge foi a Brasil Gráfica, no Parque das Indústrias Leves, em Londrina. Era um galpão para máquinas impressoras em offset e laboratórios de fotolitos. Depois, surgiram algumas obras residenciais para particulares.

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A confiança da Coca-Cola A primeira grande obra viria depois de um ano: a fábrica da Coca-Cola em Cambé, município vizinho de Londrina. Ézaro soube que o engenheiro Mariano Ferrari, diretor da multinacional Coca-Cola Company, viria ao Norte do Paraná para iniciar o processo de construção da fábrica. Mariano Ferrari hospedou-se em Londrina e tinha como tarefa resolver algumas questões de fornecimento de eletricidade e água para a futura fábrica de Cambé. Nos dias que Ferrari passou em Londrina, Ézaro foi seu escudeiro, cicerone e motorista: – Eu pensava: se ficar o tempo todo com ele, nenhum outro construtor vai se aproximar! Ferrari costumava dormir tarde. Ézaro o deixava depois da meia-noite e passava de carro no hotel às sete da manhã, ajudando-o a resolver problemas na cidade. O diretor da Coca-Cola era também engenheiro industrial, o que facilitava o diálogo com Ézaro. Por sugestão de Mariano Ferrari, Ézaro visitou algumas das fábricas mais modernas da Coca-Cola no Brasil, em Governador Valadares (mg) e Niterói (rj). As visitas foram importantes para a elaboração do projeto da fábrica de Cambé, feito em parceria com o arquiteto Sérgio Bopp. Ézaro levou o projeto ao Rio de Janeiro e obteve aprovação da Coca-Cola Company. A construção foi realizada entre 1971 e 72. Ficou tão boa que a Refrigerantes Rio Preto, uma das principais franqueadas da Coca-Cola no Brasil, logo em seguida chamou a Plaenge para fazer mais uma fábrica em São José do Rio Preto (sp), utilizando quase o mesmo projeto da unidade de Cambé.

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Ézaro Fabian e Roberto Furtado, na época dono da Refrigerantes Rio Preto, na primeira construção da Plaenge para a Coca-Cola, em Cambé (pr), 1972

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Na época, a Plaenge tinha um giro pequeno e trabalhava em regime de administração: comprava e pagava o material em nome do cliente e recebia por prestação de serviços. É um tipo de relação administrativa que se baseia na confiança – e a Plaenge conseguiu, logo nas primeiras obras, estabelecer essa relação de confiança com a Coca-Cola. A empresa viria a construir mais de 50 fábricas da Coca-Cola no Brasil, recorde absoluto na América do Sul. O engenheiro Lauro Sakurai supõe mais: – Ainda não fizeram uma estimativa, mas certamente a Plaenge é uma das principais construtoras de fábricas da Coca-Cola no planeta.

O garoto é responsável Com apenas 18 anos, Roberto Melquíades elaborou o contrato social da Plaenge. Logo ao entrar, assumiu várias funções na área administrativa da nova empresa, ficando responsável pela parte financeira (função que lhe cabe até hoje, 44 anos depois). Também coordenava as contratações, a compra de materiais e as folhas de pagamento. – Foi um começo bastante difícil. A Plaenge era uma empresa pequena, não tínhamos capital, mas o fato de assumir várias funções me fez aprender e crescer. Era uma nova vida, uma grande motivação. A obra da fábrica da Coca-Cola, primeira grande oportunidade da Plaenge, foi marcante também para o jovem Roberto Melquíades. Ele também ressalta o fato de a Plaenge realizar a obra por regime de administração: – Eu comprava todos os materiais da obra. Quando chegava o final do mês, fazia as folhas de pagamento de todos os funcionários. A diferença entre o regime de administração e o regime global é que, no regime global, a minha empresa corre todos os riscos de o preço do material subir; no regime de administração, o custo é do cliente. Era, portanto, uma grande empresa acreditando numa pequena construtora. Certa vez, o vice-presidente da Coca-Cola Company no Brasil, Roberto Furtado, foi até Cambé para avaliar o andamento das obras. Surpreendeu-se um pouco ao ver que era um garoto que cuidava da administração. Melquíades se preparou para responder uma série de perguntas sobre as tomadas de preço e as compras de materiais. Estava nervoso como um adolescente prestes a ser sabatinado por um catedrático. Mas dr. Furtado leu alguns relatórios elaborados pelo jovem e disse apenas:

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Aos 18 anos, Roberto Melquíades assumia responsabilidades administrativas da Plaenge. Hoje, 44 anos depois, ele é sócio e diretor financeiro da empresa

– Pela forma com que o trabalho está sendo feito, eu não preciso ver mais nada. Toquem para a frente. Foi ao mesmo tempo um triunfo e uma decepção para Roberto Melquíades. Triunfo porque a Coca-Cola, na pessoa de Roberto Furtado, deu um voto de confiança total ao trabalho realizado por ele. Decepção porque ele havia se preparado para enfrentar um teste bem mais complicado. – Eu me senti como o aluno que varou a noite estudando e depois teve uma prova fácil. Para elaborar as folhas de pagamento dos operários, Roberto Melquíades de fato atravessava noites em claro. Os cálculos eram feitos numa calculadora elétrica chamada Divisumma, que a Plaenge havia adquirido a prazo, para pagar em 36 mensalidades. Proporcionalmente, era o preço de um carro popular. – Nesse período, eu tocava direto, até meia-noite, uma hora, duas horas, três horas… Até terminar. Pela janela do escritório na Rua Maranhão, Roberto via os boêmios e as damas da noite londrinense, que frequentavam os bares e boates próximos. Certamente eles se perguntavam o que estava fazendo aquele rapaz até aquela hora com a luz acesa no escritório. Com vinte e poucos anos, já tendo assumido um cargo de diretor na Plaenge, Roberto Melquíades foi à agência do Bamerindus no centro da cidade. O gerente lhe apresentou o dono do banco, Avelino Vieira (1905-1974). O banqueiro ficou estupefato. – Mas como é que você, tão jovem, está fazendo esse tipo de trabalho, assumindo essa responsabilidade?

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Já como diretor da Plaenge, Roberto Melquíades daria sequência aos seus estudos, cursando Economia na Universidade Estadual de Londrina, onde se formou em 1977. Na festa de formatura, um professor disse que a uel iria abrir concurso para a vaga de professor assistente. De brincadeira, Roberto disse que se candidataria à vaga. Três semanas depois, o professor ligou perguntando se Roberto não iria participar do concurso. – Eles levaram a minha brincadeira a sério. Na verdade, eu não tinha vocação para o magistério, e teria que optar entre trabalhar na Plaenge ou na Universidade. As duas coisas eu não conseguiria fazer bem. Roberto Melquíades ficou na Plaenge e se transformou em modelo de negociante, considerado um mestre por seus funcionários. – É preciso ter raciocínio rápido, e respeitar sempre o tempo de cada negociação. Além disso, quando se trabalha numa empresa séria, tudo fica mais fácil. Há bons negociadores que não fazem parte de uma boa empresa e boas empresas que não são representadas por bons negociadores. Na Plaenge, felizmente nós temos as duas coisas.

Lua de mel Em 1973, Lauro Sakurai, recém-formado em engenharia civil na Universidade Federal de Santa Catarina, estava de volta à sua terra natal, Londrina. Trabalhava numa empresa com sede em Curitiba, e ficava chateado quando os profissionais do Norte do Paraná eram chamados de “índios” pelo coordenador de obras. Um dia, Lauro caminhava pelo centro de Londrina e encontrou o engenheiro Benjamin Sesti. Conversaram um pouco. – Benjamin, você conhece alguma empresa de engenharia para trabalhar aqui em Londrina?

» Lauro Sakurai começou na Plaenge como engenheiro residente das obras da Coca-Cola em Pindamonhangaba (SP)

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– Se você quer uma boa empresa de verdade, só há uma. No dia seguinte, Lauro foi recebido na sede da Plaenge. A empresa havia deixado a pequena sala no Edifício Alaska; a sede agora era um pouco maior, num prédio da Rua Maranhão, perto do Cine Ouro Verde. Foi uma conversa rápida. Ézaro Fabian perguntou ao jovem engenheiro se ele tinha condições de morar em outra cidade durante algum tempo. – Tudo bem, dr. Ézaro. Só há um problema. Eu preciso lhe fazer um pedido. – Pois não. – É que eu me caso daqui a um mês e preciso de uma semana para a lua de mel. Ézaro sorriu. – Mas isso não é motivo de preocupação. É motivo de alegria! Poucos dias depois, Lauro Sakurai era o engenheiro residente das obras da fábrica da Coca-Cola em Pindamonhangaba (sp), onde moraria oito meses. Como diretor técnico da Plaenge, Ézaro fazia várias visitas ao canteiro da obra. Lauro não se esqueceria das observações de Ézaro que indicavam o espírito da Plaenge, como quando ele parou de caminhar e pediu para Lauro prestar atenção a um som. – Está ouvindo isso, Lauro? É uma talhadeira. Quando a talhadeira é utilizada, quase sempre significa que alguém está corrigindo algum erro cometido na obra. É o ruído do retrabalho – e a melhor maneira de combater esse desperdício é planejar detalhadamente as atividades. A fábrica da Coca-Cola em Pindamonhangaba era um trabalho complexo, com exigências técnicas especiais e um rigoroso controle de qualidade. Para Lauro Sakurai, foi uma escola: – Apesar de recém-formado, tive a felicidade de executar uma obra desse porte e magnitude. E, mais que isso, tive a minha “formação Plaenge”, que me valeria para o resto da vida. Para o engenheiro, que se tornaria sócio da empresa, foi apenas a primeira de uma longa série de obras. Depois de quatro décadas, Lauro comenta, sorrindo: – Acho que este “índio” soube fazer o trabalho, não?

Deus e o engenheiro Os nomes dos pais de Lauro Sakurai estão no Memorial do Pioneiro de Londrina, em frente à Concha Acústica no centro da cidade. A família Sakurai veio para Londrina em 1933, antes da emancipação do município, ocorrida um ano depois.

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Construída no final dos anos 50, a Concha Acústica é um dos pontos tradicionais da paisagem londrinense. Quem observa o monumento em formato côncavo pode não saber, mas o que se tem ali é uma proeza da matemática. José Augusto de Queiroz –­ que se define como “um cartesiano que não gosta de poesia” –­ sabe muito bem disso, pois fez os cálculos do projeto: ­– Com aquele formato e aquela maneira de apoio, a Concha Acústica foi muito difícil de calcular. O equilíbrio interno do material em condição necessária e suficiente é bastante complexo. Há mais de meio século, a Concha Acústica está de pé para comprovar a eficiência da matemática. O engenheiro José Augusto de Queiroz, 84 anos, calculou muitos outros projetos – entre eles o da barragem do Lago Igapó, cartão-postal da cidade, inaugurado em 1959. De sua régua de cálculo saíram centenas de obras da Plaenge.

» José Augusto e Márcio Queiroz na Concha Acústica em Londrina: além de pai e filho, parceiros de trabalho 26


O gosto pelo cálculo foi herdado por Márcio Queiroz, seu filho e parceiro de trabalho. E o neto já estuda engenharia. Márcio conta: ­– Praticamente nasci engenheiro. É a profissão da família. Eu e meu pai somos projetistas. Nossa maior satisfação é ver pronto aquilo que nós idealizamos no papel. Em poucos meses, um terreno vazio vira um prédio que vai abrigar dezenas e até centenas de famílias. Isso é bonito e, para nós, fica ainda mais bonito por vermos que tudo aquilo se assenta, com segurança e durabilidade, nos cálculos que fizemos. Cartesiano e pouco afeito à poesia, Queiroz pai volta ao Livro do Gênesis para definir o seu trabalho: ­– Quando Deus expulsou Adão do Paraíso, disse a famosa frase: “Ganharás o pão com o suor do teu rosto”. Mas Ele pôs a inteligência na cabeça do Adão, e o homem começou a maquinar contra essa condenação. O engenheiro é o homem que maquina contra a praga do Gênesis. Ele domina a energia e a coloca a serviço do homem. Quando era estudante, no final dos anos 70, Márcio Queiroz conheceu de perto as iniciativas pioneiras da Plaenge no uso de pré-moldados. Na cidade de Cambé, a empresa montou um laboratório exclusivamente voltado à tecnologia de pré-fabricação, e José Augusto de Queiroz teve participação importante nessa atividade. O filho, que visitou na época a fábrica de pré-moldados, empolgou-se: – Imagine um estudante, que só ouvia falar de equações, presenciar alguma coisa inovadora ser realizada na prática. Trabalhar com pré-moldados era meu sonho, e me apeguei muito a esse projeto. Juntos, José Augusto e Márcio realizaram centenas de projetos estruturais para a Plaenge. As paisagens urbanas de Londrina, Cuiabá, Campo Grande e Curitiba já passaram pela régua de cálculo da família Queiroz. Pai e filho sabem que o sonho passa pela matemática. Bom cartesiano, o veterano projetista confessa: ­– Minha viagem é o trabalho.

O Maverick br anco José Aparecido de Oliveira viajou muito nesta vida – e continua viajando. Em 1978, quando foi contratado pela Emisa, subsidiária da Plaenge para montagens industriais, era o feliz proprietário de um Maverick branco. O carro do engenheiro percorreu diversas cidades brasileiras, começando por Juiz de Fora (mg), onde atuou na construção de uma fábrica da Coca-Cola.

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No final da década, quando trabalhava em outra construção da Plaenge para a Coca-Cola, em Nova Iguaçu (rj), Oliveira se casou e alugou um pequeno apartamento. Em visita ao Rio, Ézaro Fabian resolveu fazer uma visita ao casal Oliveira. A mobília era bastante reduzida. Na hora de servir o jantar, o jovem engenheiro constatou que não havia cadeira para o dono da empresa se sentar. Ézaro acabou usando uma caixa de cerveja como assento. E o jantar foi ótimo. Oliveira não sabia, mas àquela altura Ézaro já estava habituado à pouca formali-

» José de Oliveira, engenheiro coordenador de obras

dade no Rio. No apartamento alugado pelos

e projetos da Emisa, divisão industrial da Plaenge

outros engenheiros da Plaenge, o dono da empresa acomodava-se no quarto de empregada.

O período carioca valeu a pena. Com as obras da Coca-Cola no Rio de Janeiro, a Plaenge se tornou uma referência em engenharia industrial. Mas eram tempos difíceis. Parte do pessoal contratado para a obra vinha do Paraná e ficava em alojamentos coletivos. Mas muitos operários eram arregimentados entre a população local. E já havia sérios problemas de segurança na região. O pagamento do pessoal era feito semanalmente, com cheques. Oliveira conhecia todos os 80 homens do canteiro. Ao escutar o nome de um operário conhecido por faltar muito e apresentar atestados médicos, Oliveira cruzou um cheque assinado por Mário Numata e foi almoçar. Quando Oliveira voltou ao canteiro, Mário e outros engenheiros não o deixaram passar da portaria: – Vai embora, Oliveira! Vai embora! Senão você vai morrer aqui. Oliveira entrou no Maverick branco e foi para casa. Só voltou ao canteiro dois dias depois. Sua sala estava destruída. A cadeira que ele ocupava fora rachada ao meio por um porrete. Ninguém chamou a polícia, ninguém registrou ocorrência. Mário Numata, com muito jeito e diplomacia, havia conseguido descontar o cheque do operário ofendido e acalmar a fera. E assim salvou a pele de Oliveira. – Pensar que eu quase morri... por cruzar um cheque!

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A viagem de Evaldo Evaldo Fabian viajou três meses pela Europa, entre 71 e 72, quando ainda estudava engenharia civil na Escola Politécnica da usp (Universidade de São Paulo). Partiu do porto de Santos com dois amigos, a bordo de um navio cargueiro. Em Roterdã, na Holanda, os jovens alugaram um carro e rodaram mais 8,5 mil quilômetros pelo Velho Continente. Foram até a Grécia e a antiga Iugoslávia (ainda governada com mão de ferro pelo Marechal Tito). O maior susto foi andar na contramão na Inglaterra. Voltaram de avião, e Evaldo pensava que sua maior viagem ainda iria começar: a carreira profissional. Oito anos mais novo que o irmão Ézaro, o engenheiro não tardou a conseguir um bom trabalho na construtora Louzada Cavalcanti, em São Paulo, em 1972. Chegou o final do ano e Evaldo foi agradecer a oportunidade e se despedir do sr. Louzada, dono da empresa. ­– Você quer mesmo voltar pra Londrina, Evaldo? Aqui na Louzada você tem emprego garantido. Evaldo voltou a Londrina num domingo, depois da festa de despedida preparada pelos amigos paulistanos. No almoço de família, o irmão Ézaro disse: ­– Evaldo, preciso de você amanhã na Plaenge, porque o Benjamin Sesti está saindo da empresa. Na segunda-feira, Evaldo Fabian estava no canteiro. No Jardim União, em Cambé, a Plaenge construía um conjunto habitacional de 24 casas. O mestre de obras era Antônio de Barros, um nordestino com mais de 50 anos e uma vasta experiência em construção. Evaldo era um engenheiro recém-formado de 23 anos. O mestre lhe informou: ­– Dr. Evaldo, o sr. precisa conferir a ferragem da caixa d’água, que nós vamos concretar. Mas Evaldo notou que alguma coisa estava errada. O desenho do projetista não batia com as barras de ferro instaladas pelo armador. ­– Eu olhava o desenho, olhava as barras e via que aquilo estava errado. Fiquei em um dilema: como é que eu, um jovem de 23 anos, no primeiro dia de trabalho, vou dizer a um mestre com o dobro da minha idade que ele está errado? Se eu autorizasse a concretagem e estivesse certo, teríamos que quebrar tudo e refazer o serviço. Se eu não autorizasse a concretagem e estivesse errado, ficaria desmoralizado no primeiro dia. Evaldo hesitou, mas disse ao mestre o que pensava. E estava certo. ­– Ganhei o respeito dele na hora. E aprendi que as pessoas têm diferentes aptidões. Esse mestre era um excelente feitor, um ótimo comandante de obras, mas não era letrado, mal sabia ler e escrever, tinha dificuldade em interpretar os projetos.

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Até hoje, Evaldo leva consigo a lição do seu primeiro dia de Plaenge: – Para trabalhar em equipe, é preciso reconhecer as qualidades e limites dos indivíduos. Mas o espírito de colaboração não era novidade para Evaldo. Na infância, ele tocava bumbo na fanfarra do Colégio Marista de Londrina, que se tornou nacionalmente conhecida por seu virtuosismo instrumental e, também, pela complexidade de suas evoluções, resultado de entrosamento. A banda se apresentou no Maracanã, na noite em que o Santos enfrentou o Milan, em 1963, na finalíssima da Taça Intercontinental. Com uma vitória apertada, por 1 a 0, gol de Dalmo, o Santos conquistou o seu segundo título mundial. Evaldo não esqueceria que Pelé, o maior astro do Santos, não jogou naquela noite. – No futebol, o astro sozinho não faz nada. Em qualquer atividade que aglutina pessoas com um objetivo comum, é fundamental criar união, espírito de grupo, companheirismo, entusiasmo. Quando um incentiva o outro, todos melhoram.

» Evaldo Fabian: "Para trabalhar em equipe, é preciso reconhecer as qualidades dos indivíduos" 30


A arte de crescer Melhorar de vida era tudo que queriam os pais de Mário Numata, quando chegaram ao Brasil em 1933. No ano seguinte, compraram um lote da Companhia de Terras Norte do Paraná, na região do atual Jardim Santiago, em Londrina (onde mais tarde a Plaenge construiria um empreendimento residencial). Os imigrantes japoneses trabalhavam na lavoura e queriam que os três filhos estudassem. Mário, nascido em 1943, cursou engenharia civil no Mackenzie, em São Paulo. Ézaro Fabian chamou Mário Numata para trabalhar na Plaenge em 1972. Sua primeira obra foi um armazém de sementes da Cargill, em Andirá. A Plaenge construiria vários armazéns e silos para a multinacional, conhecida por seu alto padrão de exigência. – Desde o começo, eu via o Ézaro como um líder. Ele nos orientava e incentivava. Em 1973, quando o Evaldo, irmão do Ézaro, começou a trabalhar na empresa, achei que eu poderia ser mandado embora. Mas ele me garantiu que não. Na visão dele, a Plaenge iria crescer e contratar muita gente. Foi o que aconteceu. Numata participou como engenheiro em obras importantes como o Ginásio Moringão, a Associação Odontológica de Londrina e os viadutos da Via Expressa. No Moringão, o ginásio de esportes da cidade, construído na gestão Dalton Paranaguá (1969-1972), a Plaenge fez a arquibancada, a quadra e o fechamento lateral do prédio em placas pré-moldadas. A Plaenge foi crescendo junto com o Norte e Oeste do Paraná. Construiu unidades para a Itaipu Binacional (que seria inaugurada em 1983), estações telefônicas (para a Telepar), estações de saneamento (para a Sanepar e a Sabesp) e escolas públicas estaduais em Londrina. Mário Numata guarda até hoje uma impressão forte da obra da Associação Odontológica de Londrina, um dos marcos arquitetônicos da cidade. – Fizemos a obra com apenas quatro fundações. Para isso, cavamos poços com profundidade de 25 metros. Os poceiros estavam acostumados a descer tão fundo. Eu, não. Aquilo ficou profundamente marcado na memória... Em 1973, a Plaenge mudou-se para uma nova sede, na Avenida Tiradentes. Dois anos depois, criou-se a Emisa, subsidiária especializada em montagem de equipamentos industriais. O número de obras aumentava, a empresa crescia. Foi nessa época que Mário Numata passou a trabalhar mais no escritório da Plaenge, coordenando orçamentos, compras e contratações de pessoal. – Eu e minha equipe passávamos noites adentro fazendo cálculos em calculadoras de quatro funções. O computador era Cobra. Não havia PCs. Depois, as secretárias datilografavam. Era tudo no braço, na raça.

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Nos anos 70, a Plaenge fez algumas obras residenciais, mas a empresa era mais conhecida por realizar obras públicas e industriais. Em 1972, começou a construir o Edifício Gonçalves, na Avenida Paraná, centro de Londrina. Seria um dos primeiros de centenas. Na Via Expressa, durante a administração José Richa (1973-1976), a empresa fez os viadutos que interligam o centro e a região

» Mario Numata na Via Expressa, em Londrina: obras

leste da cidade, melhorando a vida urbana:

que ficaram marcadas profundamente na memória

– As pessoas diziam “lá no aeroporto”

como se fosse um lugar muito distante. Com a Via Expressa, aquela região se desenvolveu rapidamente, e os viadutos estão lá, sólidos e duradouros.

A ponte e o rio Ícones da civilização, pontes são construções humanas repletas de utilidade e simbolismo. O engenheiro Alexandre Fabian, filho de Ézaro, aprendeu a valorizá-las; não apenas as pontes de concreto, mas também aquelas que se formam entre homens e ideias. – Uma coisa que eu sempre falo para os meus filhos: tudo que existe no mundo e não é criado pela natureza – esta camisa, este relógio, esta cadeira, este copo, esta mesa, esta sala – já esteve antes no pensamento de alguém. É preciso ter a capacidade de idealizar e depois realizar as coisas boas que estão em nossa cabeça. Alexandre nasceu em 1964; Fernando, em 1966. Desde pequenos, os dois acompanhavam o pai em visitas a canteiros de obras no Paraná. Em um final de semana, Ézaro levou Alexandre, então com sete anos, para conhecer as obras de uma ponte sobre um riacho, numa estrada próxima a Londrina. Como em geral se faz no caso de rios pequenos, a Plaenge desviou o curso d’água durante o período de construção da ponte. Ao final da obra, o desvio seria desfeito e o riacho retomaria seu curso natural. Alexandre relembra até os detalhes: – Chegando lá, fiquei brincando, correndo para lá e para cá. Vi um monte de borboletas amarelas no barro. Nunca tinha visto tantas juntas assim antes.

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» Fernando e Alexandre Fabian na construção da Usina Capivara, em 1971: paixão pela engenharia De repente, Alexandre achou que alguma coisa estava errada. Saiu correndo em direção a Ézaro e alertou: – Pai, pai! Vocês estão construindo a ponte no lugar errado! O rio passa em outro lugar! No fim de semana seguinte, Ézaro levou Fernando para ver as obras da ponte. O menino brincou e correu, sem maiores preocupações. Quando estavam indo embora, Ézaro não se conteve: – E então, Fernando: não viu nada de errado na construção? A ponte fica aqui e o rio fica ali. Não é estranho? Fernando não se abalou: – Ah, pai. Não tem importância. Depois vocês carregam a ponte pro lugar certo. O Ginásio de Esportes Governador Emílio Gomes, construído em 1974, em Rolândia, tornou-se tema de trabalhos acadêmicos em engenharia. Mário Numata descreve a ousadia do projeto: – É uma obra feita com cabos de aço protendidos. Há um anel externo, um anel interno, cabos de aço e placas pré-moldadas de concreto. Muitos estudantes de engenharia iam visitar a obra.

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Entre os estudantes que conheceram o ginásio de esportes na fase de construção, estava Ciro Nassu, que se tornaria, anos depois, um dos principais engenheiros da Plaenge. A obra marcou Ciro: – É uma construção muito diferente, interessante e ousada. Foi meu primeiro contato com a Plaenge. A partir daí, muitos colegas de curso se interessaram por fazer estágios na construtora. Alexandre Fabian ressalta a originalidade do projeto, mas se lembra do ginásio de Rolândia por outro motivo: uma estripulia do irmão. – Meu pai nos levou para conhecer a obra. Numa distração dos adultos, o Fernando subiu com muita rapidez num escoramento de madeira que tinha a altura de uns cinco ou seis andares. Com muita calma, Ézaro conseguiu que Fernando voltasse ao chão em segurança.

Pais e filhos Otair Gonçalves nasceu em Itápolis (sp), no dia 20 de janeiro de 1928. Veio com 9 anos para Londrina, junto com os pais, Manoel e Helena, e os dois irmãos. – Viemos junto com mudança, em cima do caminhão. Saímos de Itápolis às quatro da manhã, chegamos a Ourinhos às seis da tarde. Hoje essa viagem se faz em uma hora. Pousamos em Ourinhos, saímos no outro dia às seis da manhã e chegamos a Londrina às cinco horas da tarde. Era setembro de 1937. Em Londrina, Manoel Gonçalves montou o famoso Bar e Café Avenida. Depois

» Otair Gonçalves em frente ao Edifício

passou a trabalhar com carretos e venda de

Gonçalves, no centro de Londrina

lotes. Em seguida, conseguiu um emprego de

vendedor nas Casas Fuganti, a mais importante loja da cidade. No início dos anos 70, Otair comprou dois terrenos no centro de Londrina e decidiu construir prédios de apartamentos. Na hora de escolher a construtora, lembrou-se do filho de Florindo Fabian, antigo vizinho na Rua Piauí. No dia em que pegou fogo na Transportadora Herval, a

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família Fabian – Ézaro e Evaldo ainda eram meninos – ajudou a apagar o incêndio com baldes de água. Na época, não havia Corpo de Bombeiros. Os vizinhos conseguiram evitar que o fogo se propagasse para outras casas. Contratada por Otair, a Plaenge construiu o Edifício Gonçalves e o Edifício Manoel Gonçalves, na área central de Londrina. Na época, Otair atuava como professor de cursilho católico. Era sempre procurado pelo jovem Roberto Melquíades, que lhe levava para assinar duplicatas de pagamento da construção do prédio. O Edifício Gonçalves tem dez andares. Manoel Gonçalves, que deu nome ao segundo edifício da Plaenge, morou no primeiro prédio. O apartamento foi um presente do filho. – Meu pai era um homem muito bom, muito sério. Uma pessoa de palavra. Passei o apartamento para o nome dele, afinal era meu pai. Ficou na família. Otair Gonçalves faleceu em 2010, antes da publicação da 1ª edição deste livro.

Uma família da Plaenge Está na carteira de trabalho: Morizon Ferreira da Silva começou a trabalhar na Plaenge no dia 2 de outubro de 1971. Morizon é filho de Evaristo Ferreira da Silva, pedreiro que ajudou a construir edifícios importantes de Londrina, como a antiga sede da Associação Comercial, a Estação Ferroviária (hoje Museu Histórico) e o Centro de Saúde no coração da cidade. Evaristo quase não tinha estudo, mas era um homem bem informado; gostava de ler jornal, conhecia projetos de engenharia e se interessava por política. A primeira função de Morizon na Plaenge foi elaborar orçamentos de obras. – Na época, não existia ainda curso de Engenharia em Londrina. Então eu posso dizer que fui o primeiro estagiário do dr. Ézaro. Morizon calculou o valor dos azulejos na primeira fábrica da Coca-Cola construída pela Plaenge, em Cambé. Participou de obras como o hospital Mater Dei e o Edifício Olga, no centro de Londrina. No Natal de 1973, durante uma brincadeira de amigo-secreto, Morizon conheceu Maria Rosa, que servia cafezinhos na empresa. O sr. Odilon, então sócio da Plaenge, comentou: – Isso vai dar casamento. Não deu outra. Em janeiro de 74, Morizon e Maria Rosa começaram a namorar. Em maio, estavam casados.

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Ézaro, Evaldo, Odilon, Roberto Melquíades, Lauro Sakurai e Mário Numata foram ao casamento, celebrado em Lupionópolis, onde moravam os pais de Maria Rosa. Ézaro fez a viagem com seu Fusquinha 1966. Morizon lembra que, quando alguém elogiava a Plaenge, Ézaro sempre fazia o mesmo comentário: – Eu tenho muita sorte. Quando nasceu Marcelo, o primeiro filho do casal, Morizon estava viajando a trabalho, já fazendo serviços de topografia para uma nova fábrica da Coca-Cola. Quem levou Maria Rosa até a maternidade foi o engenheiro Mário Numata. Isso ficou para Morizon como um símbolo de sua vida na empresa: – A Plaenge sempre foi uma família para mim, graças a Deus. Do dia 25 ao dia 5 de cada mês, o topógrafo costumava deixar o teodolito de lado e ajudava no departamento pessoal da empresa. Os cheques eram preenchidos à mão. – A Plaenge cresceu porque sempre foi muito correta, paga um milhão e um tostão com a mesma seriedade. Se dez pessoas tiverem de assinar o cheque, dez pessoas assinam, de um milhão ou um tostão. Se marcar pagamento para o dia 10, seu cheque estará lá no dia 10. Funcionário não fica sem pagamento. Um dia, o dr. Ézaro me disse: “Se for preciso, fico só eu mais um contador até que os ventos voltem a soprar mais favoráveis, mas quem trabalhar aqui sempre receberá em dia”. Morizon viajou bastante como topógrafo, e viaja até hoje. Participou de obras em Sorocaba, Campinas, Araçatuba, Cosmópolis, Francisco Beltrão, Ponta Grossa, Regente Feijó, Manaus, São Paulo, Rio… Quando escolheu a profissão, sabia que iria passar muito tempo longe da família. – Mas é a minha profissão, e com ela eu criei meus quatro filhos – Marcelo, Andréa, Fernanda e William. Marcelo nasceu com alguns problemas de saúde. Sentia fortes dores e chorava muito. Maria Rosa tinha que levantar muito cedo para conseguir uma vaga no então inps, no centro da cidade. Nesse período, Evaldo Fabian colocou um carro da empresa, com motorista, à disposição da mulher de Morizon, para levar Marcelo ao médico. Ainda em 1975, os órgãos de repressão do regime militar bateram na porta da casa de Morizon. Procuravam Evaristo, o velho pedreiro, simpatizante do Partido Comunista. – Levaram meu pai para Curitiba. Ele ficou uma semana preso. Felizmente, não encostaram nele. Minha esposa e as crianças tiveram que ir para o sítio do meu sogro em Lupionópolis. Nesses momentos difíceis, a Plaenge jamais deixou de dar apoio a Morizon – um bom funcionário, acima de tudo – e sua família. Quando Evaristo morreu, em 1996, os diretores da Plaenge, da velha e nova geração, estavam lá para abraçar Morizon.

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E a família segue trabalhando na empresa. Andréa Cristiane da Silva, nascida em 1976, é hoje a coordenadora de controle interno da Plaenge. Formada em jornalismo, ela trabalhou por alguns anos no Jornal de Londrina, onde a Plaenge tinha participação acionária, e depois se integrou à equipe da própria construtora. – Nós somos filhos da Plaenge – diz Andréa. – Desenvolvi minha trajetória profissional com o jeito Plaenge de trabalhar. Quando eu era pequena, morávamos no Jardim do Sol, e eu costumava brincar aqui perto da sede da Plaenge. Parecia uma extensão do quintal da nossa casa… Na infância, Andréa via Ézaro Fabian e Mário Numata não como chefes do pai, mas sim parentes mais velhos. Havia uma proximidade espontânea entre a vida familiar e a empresa. Quando passou a trabalhar como funcionária da Plaenge, em 2001, Andréa chegou a ficar preocupada. Será que os colegas iriam considerá-la preparada para o cargo? No primeiro dia de trabalho, o engenheiro Ciro Nassu se aproximou da nova colega e disse: – Você é filha do Morizon, então é amiga nossa. Seja bem-vinda, Andréa.

»

Morizon e Andréa Silva: histórias emocionantes de uma família que segue trabalhando na empresa

A alma do tijolo Waldemar Marconato não teve a felicidade de conhecer o pai, que morreu quando ele estava com apenas três meses, em julho de 1943, de febre tifoide. Em setembro daquele ano, Ian Fleming anunciou a descoberta da penicilina. – Você veja como é a vida. Uma injeção e meu pai estaria salvo.

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Pouco tempo depois da morte do pai, a família se mudou para Londrina. Na juventude, Marconato trabalhou como agente fiscal da Caixa Econômica Federal. Estudou Contabilidade e Administração. Mas sempre foi um apaixonado por esporte. Durante três anos, atuou profissionalmente como goleiro do Londrina Futebol e Regatas (hoje Londrina Esporte Clube). Participou da campanha vitoriosa do Londrina, então conhecido como Caçula Gigante, no Campeonato Paranaense de 1962. Depois de deixar os gramados, seguiu atuando no futebol de salão. A paixão de Marconato pelo esporte contagiava a família. Ele lembra: – O curioso é que minha mãe criou – e bordou – o símbolo do Londrina. Ela achava que estava faltando alguma coisa no escudo do time. Sugeriu ao Carlos Franchello, então presidente do clube, colocar um ramo de café no símbolo. E assim ficou. Além das iniciais do time, o brasão do Londrina carrega tam-

» Waldemar Marconato: futebol,

política e amizade com a Plaenge

bém um pedaço da história da cidade.

Dizem que o goleiro é o filósofo do futebol. Pela natureza da posição, ele costuma passar a maior parte do jogo observando o que se passa. Talvez o goleiro esteja na posição ideal para se enxergar a alma do futebol. Desde a infância, Waldemar conhecia Florindo e Leonor Fabian, que moravam na Rua Piauí, no Centro de Londrina. Eles eram vizinhos de Otair Gonçalves, que viria a ser parceiro na construção dos dois primeiros edifícios da Plaenge, nos anos 70. Otair também se tornaria seu sogro. Nascia a amizade com a família Fabian. De tanto observar as partidas de futebol e as cidades que conheceu como fiscal da Caixa, Waldemar Marconato passou a olhar com outros olhos para o Centro-Oeste. Mudou-se para Cuiabá em 1977, quando houve a divisão política entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Participou dos projetos de urbanização e loteamento na capital mato-grossense, ocupou vários cargos de primeiro escalão na administração pública, e viria a ser um dos grandes incentivadores da ida da Plaenge para Cuiabá, nos anos 80. Intermediou a construção da Usina Barralcool, primeira grande obra da Plaenge em Mato Grosso. Para definir o trabalho da Plaenge nesses 44 anos, Waldemar Marconato vale-se da

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metáfora que viu numa cena de filme. Um professor de engenharia leva um tijolo para a sala de aula e pergunta aos alunos o que eles viam naquele objeto. Os alunos se limitam a fazer descrições superficiais do tijolo: massa composta, de faces retangulares, de cor vermelha... – Mas os alunos viam só a superficialidade do tijolo. O professor queria que eles vissem mais. Queria que eles entendessem o valor daquele tijolo, justaposto a outros, na construção do edifício social. O professor queria que os alunos vissem a alma do tijolo. Para Waldemar Marconato, a Plaenge teve essa visão desde o início, nos anos 70: – Com as obras que realizou, a Plaenge não mostrou apenas o que havia de superficial nos empreendimentos. Mostrou o interior, que é muito mais importante. Mostrou a solidez que essas obras dão ao edifício social e a importância do templo sagrado que é o lar das pessoas.

Ser e ter Em meados dos anos 60, quando era estudante de engenharia industrial na fei, Ézaro Fabian fez um estágio na Mercedes-Benz. A multinacional alemã tinha por norma fazer com que os estagiários começassem a trabalhar no chão de fábrica, realizando o trabalho de operários. Se aprendessem a ser operários, poderiam vestir o guarda-pó e trabalhar no escritório da indústria. Ézaro vestiu macacão e foi à luta. Trabalhou no setor de usinagem de blocos de motores e cabeçotes. A jornada ia das sete da manhã às quatro da tarde; Ézaro não saía antes das seis. A maioria dos estagiários que haviam entrado junto com ele – ao todo, eram cerca de 30 estudantes de engenharia – já havia desistido no meio do caminho. Depois de aprender a operar o preparador de máquinas semiautomáticas e tudo mais, finalmente chegou para Ézaro o dia de guardar o macacão e vestir o guarda-pó do escritório da Mercedes. Foi conversar com o alemão responsável pelo estágio e perguntou qual seria sua atividade no escritório da Mercedes. O alemão coçou a cabeça: – Não sei. Nunca nenhum estagiário chegou ao escritório. Aquela nova situação era resultado de valores antigos da família Fabian. Desde pequeno, Ézaro fora acostumado a valorizar o trabalho manual, o ofício, a construção de algo concreto e útil. A engenharia foi, portanto, um caminho natural. Mas ressalva que o apego às realizações palpáveis não se confunde com materialismo ou hedonismo: – Vi ao longo da vida muita gente montar empresa, ganhar dinheiro, comprar uma casa enorme, adquirir uma frota de carros importados – e logo em seguida a empresa

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quebrava. Isso é um erro. O prazer não está em ter as coisas. O prazer está em fazer. Por isso, nós na Plaenge sempre optamos por manter um padrão de vida de classe média, em benefício da empresa. Sempre que os filhos, quando crianças ou jovens, lhe pediam alguma coisa, Ézaro fazia a mesma pergunta: – Isso é ter ou ser? Comprar um carro de último tipo é ter. Fazer um curso no exterior é ser. O ser é mais importante do que o ter. Até hoje, a opção pelo verbo ser é um dos principais fundamentos da Plaenge. Alexandre Fabian aprendeu bem a lição e define: – A gente vive para a empresa e não a empresa para a gente.

Sem achismo – Você deve fazer parte da solução, não do problema. Em mais de 50 anos de engenharia, Elias Plácido Cesar vem exercendo continuamente o ofício de solucionar problemas. Formado pela Escola Politécnica da usp, em 1962, Elias começou atuando em projeto e execução de obras – o Hospital Evangélico de Londrina entre elas – e se tornou professor universitário sem jamais abandonar a prática cotidiana da engenharia. Em Londrina, Elias Cesar foi pioneiro no controle de qualidade de materiais de construção. Esse tipo de trabalho foi introduzido no Brasil por volta de 1940, mas até os anos 60 praticamente só existia em São Paulo e Rio, dentro das universidades. No país, o primeiro a criar um laboratório particular para controle de qualidade foi Falcão Bauer. No Norte do Paraná, foi Elias, que conta: – Nós introduzimos o controle de qualidade em Londrina. Antes, quando o engenheiro tinha qualquer dúvida, dizia: “Bota mais um saco de cimento aí”. Era tudo na base do improviso, no achismo. O primeiro contato de Elias Cesar com a Plaenge aconteceu durante a construção dos viadutos da Via Expressa, quando o engenheiro foi chamado por Ézaro Fabian para analisar a qualidade do concreto utilizado nas obras. – Hoje em dia o controle de qualidade é comum. Ninguém pensa em fazer uma casa sem moldar corpo de prova e fazer um controle de qualidade em laboratório. Em seu laboratório, Elias Cesar testa amostras de concreto, cimento, tijolo, areia, blocos de cerâmica e outros materiais. – Comigo não tem achismo. Eu não acho nada: eu comprovo.

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Nos anos 80, Elias começou a trabalhar com fundação de prédios. É outra atividade em que não pode haver palpite – exige-se informação precisa e exata. – Em fundação, a maior dificuldade está no tipo de solo, não no tipo de obra. Preciso saber se o terreno é de areia, de argila, de pedra; se tem água, se não tem água. Em Londrina, a análise do solo é mais simples, porque Elias já conhece bem todas as regiões da cidade. Mas o engenheiro – nos anos mais recentes, em parceria com a filha, Rebeka Ribas Cesar – realizou mais de mil fundações em todo o país. Da fábrica da Coca-Cola em Manaus aos prédios do bairro curitibano Ecoville, Elias deu a base para mais de 100 obras da Plaenge. Segundo ele, o bom de tra-

» O engenheiro e professor Elias Cesar: importante é fazer parte da solução, não do problema

balhar com a Plaenge é que com ela também não existe achismo: – Um dos grandes méritos da Plaenge é trabalhar tecnicamente. Ela não compra o terreno e depois pergunta o que pode ser feito ali. Desde o início, existe planejamento. Esse jeito de trabalhar com os pés no chão, sem atropelos, consolidou a longa amizade entre Elias Cesar e a Plaenge. – Não existe mais sertão no Brasil. Hoje, em qualquer lugar do Brasil, as pessoas estão pensando em normas e padrões de qualidade. Nem sempre foi assim. A Plaenge sabe disso há muito tempo. Elias Cesar lembra que Ézaro Fabian, ainda nos anos 70, foi pioneiro na valorização do projeto arquitetônico. – Naquele tempo, em Londrina, tudo era feito pelos engenheiros. Ézaro foi o primeiro a dizer na cidade: “Eu só construo se tiver arquiteto”. Ele promoveu a integração de arquitetura e engenharia, o que foi uma evolução muito grande.

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Mas, para Elias Cesar, o grande mérito do fundador da Plaenge não está diretamente ligado à engenharia. Pai de uma profissional respeitada nacionalmente em técnica de fundações, Elias aponta a maior qualidade de Ézaro Fabian: – Ele é um ótimo pai. Os filhos – Alexandre e Fernando – não entraram na Plaenge diretamente como chefes. Eles entraram na obra, foram amassar barro. Conquistaram o direito ao lugar que ocupam hoje. Antes de chefiar, aprenderam a fazer. Na visão de Elias Cesar – engenheiro, professor e pai –, o fundamento do sucesso está em aprender a ser parte da solução, e não do problema.

A mestr a do mestre Na mesma época em que Ézaro vestia o macacão de operário na Mercedes-Benz em São Paulo, um menino de 12 anos chamado Alcione Mendes morava com os avós, os pais e os irmãos em um sítio de Três Figueiras, no Norte do Paraná. Durval Mendes, pai de Alcione, era um homem da terra. Trabalhava firme na roça, plantando café. A mãe, Orlândia, gostava de construir barracões, fornos, fogões. Não sabia ler nem escrever, mas sempre foi muito inteligente. Certo dia, propôs a Alcione: – Filho, vamos fazer um piso? – Mãe, acho que eu não consigo.

«

O mestre de obras Alcione Mendes no canteiro do Edifício L'Essence, na Rua Antonio Pissichio

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– Consegue, sim – disse Orlândia. E ensinou o filho a fazer a massa do piso vermelhão. Alcione bateu a massa e fez o serviço. – Aquele foi meu primeiro piso. Ficou bonito. Dona Orlândia, hoje com mais de 90 anos, foi a mestra de Alcione Mendes, hoje um dos principais mestres de obras da Plaenge. Emocionado, Alcione recorda essa história no canteiro do Edifício L’Essence, que fica na Rua Antonio Pissichio – o nome daquele mestre de obras que emprestou os equipamentos para Ézaro Fabian no começo de tudo.

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Anos 80

O Crescimento De como uma geração que usava tênis Kichute ajudou a escrever a história da Plaenge. 

De uma profecia que começou a se realizar.

De uma bússola que apontava para o Centro-Oeste.

europeu de Curitiba ao calor tropical de Cuiabá. preencher um cheque de 87 centavos. chegaram à curva do rio.

Do frio

Da arte de

De paus-rodados que

Do meio-campista que virou engenheiro

e continuou batendo um bolão. Mãe Bonifácia.

Do que a Plaenge aprendeu com

De como tanta gente se apaixona por Cuiabá.

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O futuro viaja de ônibus Depois da geada negra que arrasou o café, a família Caberlin plantou soja. Se alguém passasse às onze horas da manhã pelas redondezas daquele sítio em Guaravera, localidade rural de Londrina, veria uma bandeira amarela deslocando-se lentamente em meio à plantação. Era Cássio levando almoço para o pai. A bandeirinha era o sinal de que havia um menino passando por ali, evitando assim ser atropelado por algum trator. Na estrada sempre passava o ônibus amarelo da vul – Viação Urbana Londrinense –, que Cássio olhava pensando: “Deus, me ajude a entrar nesse ônibus um dia”. As preces surtiram efeito. Aos 11 anos, Cássio foi estudar em colégio de padres em Londrina. Mas não queria ser padre; seu sonho era pilotar aviões. O pai de Cássio pagava o colégio com sacas de feijão, arroz e soja. A vida na lavoura estava cada vez mais difícil, e a família acabou mudando para a cidade. Aos poucos, a situação melhorou; o pai passou a trabalhar como cobrador e, depois, motorista de ônibus. Em 1981, Cássio deixou o seminário. No ano seguinte, por indicação dos padres, começou a trabalhar numa construtora que ficava na mesma rua do colégio. Cássio Caberlin ainda não sabia, mas alguns anos depois a empresa seria parte de sua identidade: ele hoje é conhecido em Cuiabá como o Cássio da Plaenge. Quando Cássio fez sua entrevista de emprego, aos 15 anos, o gerente de recursos humanos da Plaenge era Paulo Caetano de Souza, um rapaz magrelo e quase imberbe, apenas quatro anos mais velho que o entrevistado. Em busca de emprego havia uma fila de garotos, todos calçando Kichute, o tênis da moda. Entre eles, estavam

» Cassio Caberlin

José Moreira Prates e Fernando Tavares Vieira. José Moreira, baiano de Vitória da Conquista, viera com a família para o Sul em busca do café – e acabou achando a construção civil. Ainda menino, trabalhou como engraxate no centro de Londrina, onde lustrou os sapatos de um simpático negociador de café chamado Florindo Fabian, sem imaginar que ele era pai do fundador da Plaenge. Começou na empresa como auxiliar de almoxarife na fábrica de pré-moldados em Cambé, perto da fábrica da Coca-Cola: – Eu me apresentei à Plaenge no dia 1º de março de 1982, às oito horas em ponto. O outro rapaz de Kichute, Fernando Tavares Vieira, passara a infância na zona rural de Ourinhos, interior de São Paulo. Sapato ali não existia, e os caminhos eram todos de terra. Em 1971, o pai vendeu o sítio e veio com a família para Londrina.

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Na cidade, Fernando, o mais novo de sete irmãos, estudou com afinco. De manhã, colégio. Um lanche na hora do almoço. À tarde, datilografia no Senac. Aos 15 anos, a primeira carteira assinada: office-boy da Plaenge. – Por alguns meses, operei o equipamento de radioamador. A Plaenge estava fazendo uma obra em Tapejara. Eu anotava as mensagens em fichinhas e entregava na mesa das pessoas. Elas liam, respondiam e eu transmitia as respostas para a obra. Era a comunicação mais avançada da época. Fora isso, havia o memorando. A gente datilografava, colocava no malote, mandava para a obra em outra cidade. A

» Fernando Tavares: início no radioamador

resposta demorava uma semana.

Ger ação Kichute Paulo Caetano, o gerente que contratou Fernando Tavares, também era o mais novo de sete irmãos. E, como José Moreira, também fora engraxate. – Nasci em Sertanópolis. Meu pai morreu quando eu tinha dois anos. Mudamos para Londrina em 1971. Aos sete, engraxei sapatos. Aos onze, levantava às quatro da manhã para lavar alface no mercadinho municipal. Quando eu agarrava uma oportunidade, ficava ansioso por fazer mais. Ao entrar na Plaenge, em 1980, com 17 anos, Paulo Caetano queria abraçar o mundo. Trabalhava em período integral, mas, para complementar a renda, usava o horário de almoço vendendo uma coleção de 12 livros infantis de porta em porta. Certa vez, recém-casado, chegou a arrumar um bico de garçom numa churrascaria próxima à Plaenge. Mas a mulher ponderou:

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» Paulo Caetano vendia livros infantis e até arrumou bico de garçom


– Vai que você está trabalhando à noite e o dr. Ézaro chega para jantar na churrascaria. Não vai pegar bem... Paulo Caetano seguiu o conselho da esposa e achou melhor fazer faculdade à noite. Todas as semanas, Ézaro Fabian visitava a fábrica de pré-moldados em Cambé. José Moreira entrava às sete da manhã e fazia o controle de materiais, através de fichas guardadas em arquivos de aço. – Dr. Ézaro costumava chegar ao final do expediente, depois das sete da noite. Ele observava a organização do estoque: a betoneira, o guincho, o cimento, as ferragens. Acendia o cigarro Hilton dele e ficava fumando em silêncio, olhando o pátio. Eu tinha de 19 para 20 anos, queria crescer na vida. Tentava adivinhar o que ele estava imaginando e planejando, o que se passava na cabeça dele. Numa confraternização de final de ano, Ézaro deu a palavra aos jovens funcionários. Todos se levantavam para dizer algo sobre a Plaenge. José Moreira disse que estava contente por trabalhar numa empresa que nunca atrasa o pagamento. Arrimo de família, ele entregava o salário para a mãe, dona Lourdes, pontualmente no primeiro dia útil do mês. – Minha mãe fica muito contente com o pagamento certinho. Cássio Caberlin foi franco. – Eu estudava em colégio de padres. Quando

» José Moreira: a mãe ficou feliz

entrei na Plaenge, confesso que não tinha uma boa imagem das empresas de construção. Cresci achando que construtora fazia parte de acertos políticos e pagava propinas. A Plaenge me surpreendeu pela seriedade. Quando chegou sua vez, o tímido Fernando Tavares apenas agradeceu a oportunidade de trabalhar na empresa: – Não sei o que falar. Sou novo, só quero aprender... Mais de trinta anos depois, o gerente contábil da empresa diz mais um pouco: – Construí minha vida aqui dentro. E fico muito grato por aquele moleque de pé no chão ser este homem que eu sou hoje.

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O sonho de Dom Bosco Na noite de 30 de agosto de 1883, Dom Bosco teve um sonho:

Entre os paralelos 15 e 20, havia um leito muito largo e muito extenso, que partia de um ponto onde se formava um lago. Então uma voz disse repetidamente: “Quando escavarem as minas escondidas no meio destes montes, aparecerá aqui a Grande Civilização, a Terra Prometida, onde correrá leite e mel. Será uma riqueza inconcebível. E essas coisas acontecerão na terceira geração”. Juscelino Kubitschek inspirou-se na profecia do santo italiano para fundar Brasília. Mas, aos 32 anos de idade, o jornalista e escritor Onofre Ribeiro trocou Brasília por Cuiabá. – Em Brasília, ninguém constrói reputação. Para Onofre, Mato Grosso é a verdadeira Terra Prometida no sonho de Dom Bosco. E o coração da nova Canaã é também o centro geodésico da América do Sul, calculado pelo Marechal Rondon, em 1909, nas coordenadas 15˚35’56”,80 de latitude sul e 56˚06’05”,55 de longitude oeste. O lugar antigamente chamado Campo d’Ourique foi palco dos castigos de escravos, dos enforcamentos de condenados e das famosas touradas cuiabanas. Hoje o Campo d’Ourique é a Praça Pascoal Moreira Cabral, em Cuiabá. Um obelisco marca a posição estratégica da cidade vista pelos militares nos anos 70 como o Portal da Amazônia. Fundada em 1719, pelo bandeirante Pascoal Moreira Cabral, Cuiabá foi inicialmente uma cidade de garimpo – o que se reflete até hoje no formato estreito e tortuoso das ruas centrais. Depois da era do garimpo, que se acabou ainda no século xviii, o segundo grande ciclo de crescimento da capital de Mato Grosso aconteceu a partir de 1970, com a migração incentivada pelo regime militar. Em 1950, Cuiabá tinha 50 mil habitantes. Em 1960, 57 mil. Em 1970, 100 mil. Em 1980, pulou para 232 mil. Hoje tem uma população de 600 mil habitantes. A partir dos anos 70, a população nativa de Cuiabá recebeu um impressionante êxodo de paranaenses, paulistas, mineiros, catarinenses, gaúchos, nordestinos. Era a nova fronteira de colonização do país – da mesma forma que Londrina e o Norte do Paraná nos anos 30 e 40. Em 1983, exatamente 100 anos após o sonho de Dom Bosco, a Plaenge se estabeleceu em Mato Grosso. E iria mudar a face de Cuiabá. Na cidade, a Plaenge construiu mais do que prédios: consolidou um nome, tornou-se uma referência cultural e um marco histórico.

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A bússola e o cor ação

» Alvanir Cirino dos Santos: mãos de trabalhador e olhos de teodolito De marcos e referências, Alvanir Cirino dos Santos entende – e muito. Seu nome é praticamente sinônimo de topografia e agrimensura no Estado de Mato Grosso. O ofício é de família: seu pai, que pertencia à antiga brigada gaúcha, também era profissional do teodolito. Instrumento óptico usado para medir distâncias precisas, o teodolito tem uma bússola acoplada. Como se sabe, todas as bússolas apontam para o norte. Foi assim com o pai de Alvanir, que migrou do Rio Grande do Sul para o Norte do Paraná. Mas o coração de Alvanir, diferentemente da bússola, apontava para o Centro-Oeste. Alvanir conheceu Ézaro Fabian no começo dos anos 70, no atual Parque Alvorada – um dos muitos bairros que o topógrafo mediu em Londrina. Quando Ézaro criou a Plaenge, em março de 1970, já eram amigos e parceiros de trabalho. – E quem não fica amigo do Ézaro? O topógrafo participou de diversas obras da Plaenge naqueles tempos pioneiros: a Brasil Gráfica; o Edifício Gonçalves; o Edifício Manoel Gonçalves; o Edifício Olga; ginásios

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de esportes em Rolândia, Arapongas e Cambé; quatro estações da Telepar; as fábricas da Coca-Cola em Cambé, Rio Preto, Pindamonhangaba e outras cidades. A bordo de um Fusca amarelo, de uma Brasília azul ou de uma desengonçada Kombi branca, Ézaro e Alvanir viajavam muito. Numa das viagens, passando pela cidade de São Paulo, Alvanir observou o uso de imensos guindastes na construção de edifícios residenciais. Sem desviar os olhos da estrada, Ézaro disse: – Alvanir, nós ainda vamos construir muitos prédios usando esse tipo de guindaste. Naquela época, Ézaro e Alvanir olhavam para direções diferentes. O coração de Alvanir estava nas terras que o Marechal Rondon havia percorrido e demarcado no começo do século xx. Na juventude, de 1952 a 1956, Alvanir já havia morado em Cuiabá. Seu sonho era voltar – desta vez, com a família. Numa sexta-feira, Alvanir levou a irmã para fazer compras no Shopping Com-Tour (construído sobre um terreno que ele havia medido). Resolveu ir à Plaenge, ali pertinho, para ter uma conversa com Ézaro. A sala do diretor, como de costume, estava com a porta aberta. – Ézaro, segunda-feira vou para Cuiabá. – E quando volta, Alvanir? – Não sei quando volto. Só sei que o negócio é sério. Na manhã de segunda-feira, Alvanir deu a partida no Fuscão amarelo. “Era um carro muito bom, aguentava bem a estrada.” Saiu às cinco horas. A partir de certo ponto, era só estrada de terra. Alvanir chegou a Cuiabá no final da tarde do dia seguinte, cansado e feliz. Hoje, com mais de 80 anos, Alvanir acredita que tomou o rumo certo. Mato Grosso foi a terra que ele demarcou, traçou, mediu e conheceu com suas mãos de trabalhador e seus olhos de teodolito: – Esta terra foi abençoada e está sendo abençoada. Aqui somos felizes, aqui meus três filhos cresceram e se formaram. Quando decidi vir para Mato Grosso, eu procurava um lugar grande, que tivesse campo para minha atividade. Aqui tudo está crescendo, é uma terra que tem muito futuro, que ainda promete por muitos anos. O entusiasmo de Alvanir por Mato Grosso não passou despercebido para Ézaro Fabian. Em 1983, a Plaenge chegou ao Estado para construir a Usina Barralcool, em Barra do Bugres. No mesmo ano, a Plaenge criou sua unidade de negócios em Cuiabá. Na inauguração do escritório na Avenida São Sebastião, Ézaro não deixou de mencionar o amor de Alvanir pela terra mato-grossense. Pensando bem, desde sempre os dois amigos estavam olhando para o mesmo ponto: o futuro.

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De pé engessado no Fiat Desde pequeno, Édison Holzmann queria ser engenheiro. Não era para menos. Seu pai gostava muito de matemática e desenho, e quando jovem trabalhou numa construtora de Curitiba; o avô materno, Florindo Fabian, costumava levar o neto para visitar as obras do Asilo São Vicente de Paulo, em Londrina; e havia também a influência dos tios maternos, Ézaro e Evaldo. Os irmãos e primos de Édison por parte de pai somam 12; sete são engenheiros e arquitetos. Por parte de mãe, são 15 primos; dez são engenheiros ou arquitetos. Na época do colegial, Édison optou pelo curso profissionalizante de desenho arquitetônico. Em 1975, aos 15 anos, teve a sua primeira experiência com carteira assinada – a convite de Ézaro. Trabalhou com Morizon Ferreira da Silva no setor de orçamentos da Plaenge. – Foi marcante essa oportunidade de contato com o mundo profissional, com pessoas que trabalhavam e estudavam com grande sacrifício – conta Édison. Com 17 anos, Édison passou no vestibular de Engenharia Civil da ufpr, em Curitiba. Durante as férias, fazia estágios na Plaenge. – Havia um aroma inconfundível de café no final do corredor, onde ficava a cozinha. Esse aroma nunca mais saiu da minha memória, assim como a Plaenge nunca mais saiu da minha vida. Formado aos 22 anos, Édison foi convidado a trabalhar na Plaenge por Ézaro Fabian. Era uma época difícil, de crise econômica. Ézaro conversou com o sobrinho em Curitiba, na sala de estar da casa dos pais de Édison, e Édison nunca esqueceria as palavras do tio: – Sou seu tio e padrinho, quero dar a você a oportunidade de trabalhar conosco. Se você tiver vontade de aprender e trabalhar, pode me procurar. Em setembro de 1982, Édison procurou Ézaro em Londrina, aceitou o emprego e sua primeira obra foi uma fábrica da White Martins na Cidade Industrial de Curitiba. A Plaenge costumava ceder um carro aos seus engenheiros residentes, mas Édison era o segundo engenheiro da obra e não tinha esse privilégio. Acordava às cinco da manhã e pegava três ônibus para chegar ao trabalho às 7h30. Não havia restaurantes por perto. A comida era o marmitex fornecido aos operários. Chovia muito em Curitiba. Várias vezes Édison chegou em casa molhado e cheio de barro. Ao passar a pé pela Avenida das Torres, depois de descer do ônibus, Édison viu um carro com o pneu furado. A motorista era uma senhora de idade; o engenheiro se ofereceu para trocar o pneu. Ao fim, a senhora pediu mil desculpas por não ter nem um trocadinho… – Eu achei que estava sendo cavalheiro, e ela achou que eu estava precisando de esmola… Foi engraçado.

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Após quatro meses, em janeiro de 1983, surgiu a oportunidade para Édison trabalhar numa ampliação da fábrica da Elma Chips, em Itu. Lauro Sakurai era o engenheiro-chefe. Foi uma nova prova de fogo para Édison: – Estávamos ampliando uma unidade com a fábrica em funcionamento. Os diretores da Elma Chips ficavam por perto e eram muito exigentes. O carro da Elma Chips era uma Kombi amarela construída com os restos de três outras peruas (uma havia batido de frente, a segunda pegara fogo, a terceira capotara). A Kombi praticamente biônica – como Lee Majors, o homem biônico, seriado de sucesso na tevê – chacoalhava bastante. – Por fora, parecia nova. Mas rangia muito, como se os pedaços das três Kombis brigassem. Era uma aventura dirigir aquela perua. A Plaenge tinha obras simultâneas da Coca-Cola em Mogi-Guaçu e em Campinas. Numa das andanças com a Kombi amarela, a pedido do engenheiro Lauro, Édison foi até a fábrica da Coca-Cola em Sorocaba entregar um documento ao diretor. Muito educado, o diretor da Coca-Cola fez questão de acompanhar Édison ao estacionamento, e quando viu a Kombi amarela com para-choques marrons, mesmo sem a marca da Pepsi, estrilou: – Como é que você vem aqui com essa Kombi? Tá louco, rapaz? Mas tudo deu certo no final. As obras, da Elma Chips e da Coca-Cola, ficaram prontas no prazo e com boa qualidade. Poucos dias antes da conclusão dos serviços da Elma Chips, Lauro disse que Édison deveria se apresentar em Ponta Grossa, onde a Plaenge estava com um contrato junto à Sanepar. Era a finalização de uma rede de esgotos. Foi um ano de trabalho em Ponta Grossa. Édison morava no Hotel Planalto, e nos finais de semana ia para Curitiba. Em dezembro de 1983, Édison Holzmann casou-se com Ângela. A esposa, recém-formada em Odontologia, havia montado consultório em Curitiba. Édison alugou um apartamento a duas quadras da rodoviária, e se deslocava todos os dias 110 quilômetros, indo a Ponta Grossa e voltando para Curitiba. Levantava às 5 horas da manhã, e chegava em casa após as 8 da noite. Foram oito meses neste ritmo, até que numa tarde, Evaldo Fabian, tio de Édison, e diretor da divisão industrial da Plaenge, o chamou para uma conversa no escritório curitibano da empresa. – Édison, a obra de Ponta Grossa está chegando ao fim. Temos frente de serviço no Rio de Janeiro, e também precisamos de um engenheiro para gerenciar a fábrica de prémoldados de Cuiabá, recém-instalada. Você quer ir para o Rio ou para Cuiabá?

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O jovem engenheiro lembrou-se da visita que fizera tempos antes ao Rio, onde a Plaenge construía uma fábrica da cerveja Kaiser, com mil operários trabalhando. No início do primeiro governo Brizola, o clima era de insegurança e violência. Embora Mato Grosso ainda tivesse a fama de ser uma terra sangrenta – os cantadores de bingo sempre mencionavam a justiça de Mato Grosso quando falavam o número 44 –, Édison não teve dúvidas. – Cuiabá. Voltou a pé para casa, pensando no que iria dizer à mulher. Consultório montado, clientes, boas perspectivas… Mas Ângela foi compreensiva – mesmo. Uma semana antes de se mudar para Cuiabá, Édison torceu o tornozelo jogando futebol. Ângela dirigiu o Fiat 147, sem ar-condicionado, por 1.800 quilômetros, de Curitiba a Cuiabá. Édison foi no banco do carona, com o pé engessado. Era julho de 1984. Édison e Ângela saíram de manhã, no frio do inverno curitibano, e foram tirando os agasalhos pelo caminho. Dois dias depois, chegaram ao eterno verão cuiabano. Édison assumiu a tarefa de gerenciar a fábrica de pré-moldados, onde eram produzidas vigas, lajes, escadas e molduras que viriam a ser usadas nos edifícios da Plaenge e também em galpões e pontes. Édison era responsável pelas montagens de obras feitas para terceiros, e também assessorava o gerente da regional em Cuiabá em diversas atividades. Quatro anos depois, a Plaenge decidiu abrir uma regional em Campo Grande. Édison se candidatou para o desafio de iniciar a operação na capital do Mato Grosso do Sul. Em julho de 1988, ele e Ângela se despediram dos bons anos de Cuiabá. – Ainda me lembro do dia em que saímos de Cuiabá. Contemplei as paisagens urbanas, relembrei histórias vividas naquela cidade. Passamos pela Clínica Femina, onde nasceu nosso filho mais velho, Fabiano. Depois, já na estrada, observei as belezas do Cerrado, e pensei que mais uma vez estava me mudando, mas sempre para melhor, continuando na Plaenge.

»

Édison Holzmann: "Aquele aroma de café não saiu da memória, assim como a Plaenge não saiu da minha vida"

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O cheque de 87 centavos Até o começo dos anos 80, conta o diretor Mário Numata, a Plaenge era uma empresa relativamente desconhecida em Londrina. As obras mais importantes da construtora eram industriais – Coca-Cola, Cargill, Elma Chips, White Martins – e realizadas em outras cidades. Muitas vezes, os londrinenses passavam diariamente por obras em que a Plaenge havia trabalhado, mas ainda não conheciam a marca. É o caso dos viadutos da Via Expressa; de algumas escolas públicas estaduais; da Associação Odontológica do Norte do Paraná; e do Moringão, um dos símbolos da cidade. A partir de 1983, a Plaenge passou a construir prédios residenciais na área central de Londrina, com a tecnologia do pré-moldado. Eram edifícios pequenos, de sete pavimentos. Aos poucos, o tamanho dos prédios foi aumentando. Um marco importante foi o Edifício Jabur, construído em 1985, com 23 andares. “Era o prédio mais alto no lugar mais alto da cidade”, lembra Numata. A Plaenge começou a firmar seu nome na memória das pessoas – e no panorama da Terra Vermelha. Londrina – como também Cuiabá e Campo Grande – nunca mais seria a mesma. A vida de Alcides de Paula também não seria igual. Em 1982, o economista leu um anúncio de emprego e fez uma entrevista com o chefe de recursos humanos Paulo Caetano de Souza. Havia uma vaga para encarregado administrativo de obras externas. Sua função seria, basicamente, cuidar dos papéis. E estes não eram poucos, naquela época pré-informatização. Era o tempo do cheque, do memorando, do diário de obra datilografado, da cópia carbono. Solteiro na época, Alcides começou a viajar por cidades em que a Plaenge tinha obras: Sorocaba (fábrica da Coca-Cola), Itu (ampliação da Elma Chips), Campinas (Cervejaria Kaiser), Foz do Iguaçu (Jabur Pneus). Coordenando os papéis, Alcides tinha uma visão geral do funcionamento das obras: o desempenho dos operários; a produtividade dos setores; a quantidade de mestres de obras, pedreiros, carpinteiros, en-

» Alcides de Paula: "A folha de

pagamento sempre foi sagrada"

carregados; a variedade de equipamentos e ferramentas; e a sagrada folha de pagamento.

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– O pagamento das obras era semanal. A gente mandava as planilhas via malote, não havia e-mail nem fax. Os cheques eram processados em Londrina e nós assinávamos aquela maçaroca de formulários, todas as semanas. Era um estresse, mas nunca aconteceu de um funcionário ficar sem pagamento. O rigor da Plaenge com os pagamentos gerava situações curiosas. – Cansei de fazer cheque de 87 centavos, 52 centavos, 43 centavos. Se o operário trabalhasse um só dia, ele já estava registrado e era preciso pagar aquele dia trabalhado. Um único dia de trabalho já havia gerado um crédito para ele; o valor era pequeno porque existia o desconto do imposto sindical, que é sempre de um dia de salário. A empresa não permitia que ninguém trabalhasse um minuto sem registro. Em 1984, Alcides foi para Cuiabá, onde permaneceria por 13 anos. Lá ele conheceu a esposa, Fátima, e nasceu a filha Viviane. Alcides chegou a Cuiabá praticamente junto com Édison Holzmann, quando a empresa começou a investir maciçamente nas obras residenciais. Em Cuiabá, houve muita dificuldade no começo. Não era só o clima de 37 graus em média (à sombra!). A Plaenge teve que disciplinar um mercado ainda incipiente em termos fiscais. A informalidade – herança do velho garimpo – ainda perdurava na economia cuiabana. A contabilidade da Plaenge – e é assim até hoje, sob o comando de Fernando Tavares Vieira – não aceitava recibo, nem nota de controle, nem nota de despesa por serviços prestados. Tinha de ser nota fiscal. E isso valia para os mais diferentes serviços: o conserto de um pneu de um trator, a manutenção de uma retroescavadeira; a compra de carrinhos de mão, enxadas, furadeiras, pás, enxós. Se não houvesse nota fiscal, Fernando Tavares e sua equipe devolviam. O borracheiro, portanto, precisava ter uma empresa de borracharia; o topógrafo, uma empresa de topografia; o corretor, uma empresa de corretagem. Aos poucos, o mercado de Cuiabá foi se adequando a essas exigências. Com o tempo, até o borracheiro teria nota fiscal.

Na curva do rio Para Onofre Ribeiro, especialista na história e desenvolvimento de Cuiabá, o segredo da cidade está na combinação entre os cuiabanos tradicionais e os migrantes que foram para Mato Grosso, vindos do Sul do País, nos anos 70 e 80. Algo parecido com o caldeirão de culturas na colonização de Londrina. A diferença é que, no caso de Londrina, os pioneiros vinham de São Paulo, Minas Gerais e do Porto de Santos (aonde chegaram os imigrantes das 31 nacionalidades formadoras da cidade).

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» O escritor e jornalista Onofre Ribeiro: conhecedor da história de Cuiabá Cuiabá é literalmente uma curva de rio – o rio que dá nome à cidade, e que faz inúmeras circunvoluções pelo Pantanal. No início do processo de crescimento acelerado, houve conflitos entre os nativos e os migrantes. Os de fora eram “paus-rodados”: a galharada e os entulhos que a enxurrada traz para dentro do rio e fica rodando sem rumo até encontrar uma curva. “Até 1970, Cuiabá era uma aldeia de 100 mil habitantes”, diz Onofre. Em Cuiabá se dormia depois do almoço; sexta à tarde e segunda de manhã não se trabalhava; e havia muita festa. O importante, para o cuiabano, era o hoje, não o amanhã. O linguajar do português quinhentista se misturava com a manhosa cultura dos índios bororo e com a descendência dos escravos fugitivos acolhidos pela legendária Mãe Bonifácia. No Pantanal, os rios correm devagar. Cuiabá, que era curva de rio geograficamente, virou curva de rio cultural, social e econômica. Com o tempo, os paus-rodados e os cuiabanos originais foram se misturando e valorizando o melhor de cada grupo. O amanhã passou a fazer parte do horizonte cuiabano, mas sem que se abrisse mão da qualidade de vida e do lazer. E foi exatamente nesse equilíbrio temporal – os olhos no futuro, os pés no presente – que a Plaenge soube crescer.

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Justiça de Mato Grosso Quando Cássio Caberlin, aos 18 anos, disse que iria trabalhar em Cuiabá, dona Idirina chorou por três dias seguidos. A mãe de Cássio se lembrava muito bem do bingo dos finais de semana em Guaravera. Quando o número 44 era sorteado, o cantador dizia: “Justiça de Mato Grosso!”, aludindo ao calibre 44... Em certa época, a fama não era de todo injusta: Alvanir Cirino dos Santos, nos anos 50, vira o Coronel Luizinho ser assassinado às onze horas da manhã, na Rua Voluntários da Pátria, centro de Cuiabá. No dia em que foi convidado para trabalhar em Cuiabá, Cássio resolveu consultar um mapa do Brasil. O Estado do Mato Grosso estava pintado de verde. “Meu Deus, vou pra selva amazônica!”, pensou o rapaz. E a mãe continuou chorando. Cássio foi para ficar seis meses em Cuiabá. Está há mais de 30 anos. Lá conheceu a esposa, formou família e fez uma grande rede de amizades. Hoje é conhecido como Cássio

da Plaenge. O gerente de incorporações da empresa é um verdadeiro arquivo de Cuiabá. Conhece todas as ruas, todas as praças, todos os bairros, todos os costumes, todas as histórias e – principalmente – todos os prédios da cidade. É responsável por avaliação e compra de terrenos, análise de documentação, montagem de processos. Além de ser um vendedor nato, conhece profundamente todas as etapas de uma incorporação imobiliária, da escolha do terreno até o atendimento pós-entrega. Formado em economia pela Universidade Federal de Mato Grosso, fez duas pós-graduações e realizou um antigo sonho. – O Alexandre Fabian brinca dizendo que eu só vim para Cuiabá para poder andar de avião.

» Cassio Caberlin chegou a Cuiabá para ficar

Mas, na primeira vez em que chegou a

seis meses. Está há mais de 30 anos

Cuiabá, o meio de transporte foi outro. Após

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dois dias de viagem, Cássio chegou à rodoviária carregando sua única mala, comprada a três prestações numa lojinha ao lado das Pernambucanas, em Londrina. Foi recebido por Alcides, que lhe pagou um refrigerante. Cássio, Alcides e José Moreira dividiram por algum tempo o mesmo quarto no Hotel Cidade Verde. Almoçavam no serviço – o marmitex do pessoal da obra, apelidado de “aspirina de jegue” – e jantavam na Pastelaria Quero Mais. José Moreira era o mais calmo dos três. A partir de certa época, passou a gerenciar os recursos humanos da empresa em Cuiabá, lidando diretamente com os operários. Calmo e ponderado, falava a linguagem deles. Conseguiu diminuir para zero o número de ações trabalhistas contra a empresa. Na verdade, prestou um favor aos possíveis querelantes, como conta Alcides de Paula: – Nunca propusemos acordo numa reclamatória trabalhista – e nunca perdemos uma ação nos 13 anos em que estive em Cuiabá. E isso por um motivo simples: tudo que a empresa faz é correto e bem documentado. Funcionário não pegava numa ferramenta sem estar devidamente registrado em carteira.

Rogério entr a em campo Rogério Cardoso queria ser jogador de futebol. Nasceu em 1958, quando o Brasil ganhou sua primeira Copa do Mundo. Meio-campista, torcedor do Botafogo, tinha apelido de zagueiro: Piazza, um dos canarinhos de 1970. Esse mineiro de Lagamar passou boa parte da infância e juventude na cidade de Formosa, em Goiás. Franzino e habilidoso – frequente combinação de qualidades no futebol –, atuou no time da Associação Atlética Formosense. Em 1974, foi com a mãe e os três irmãos para o Rio de Janeiro. Chegou a treinar no Fluminense, mas se decepcionou com o clima pesado e a politicagem do futebol profissional. Estava na hora de vestir outra camisa, passando de meio-campista para engenheiro civil. O mundo perdeu um meio-campista para ganhar um engenheiro civil. – Até hoje minha filha diz: “Pai, você poderia ser jogador, hein?” Mas a vida é assim. A gente aproveita as oportunidades que aparecem. Jogo até hoje. E continuarei jogando até quando puder. No campo da engenharia, o jogo não era fácil. Rogério estudou em curso noturno, numa faculdade particular do Rio. Morava em Nova Iguaçu, estudava em Bonsucesso e fazia estágio numa obra em Jacarepaguá. Eram pontos distantes, que ele percorria de ônibus. Levantava às

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seis horas, levando marmita, e só ia dormir à uma da manhã. Para apimentar o sufoco, casou-se em outubro de 1980, no quarto ano da faculdade. E ainda arrumava um tempinho para jogar futebol. Mesmo com pouco tempo para se dedicar ao estudo, foi um dos seis alunos, de uma turma de quarenta, que se formaram em cinco anos. Nunca foi reprovado. Em 1985, pouco depois do nascimento da filha, foi trabalhar num campo de batalha: obras de saneamento básico perto de uma favela, no Morro da Tijuca, onde volta e meia havia briga de gangues. – Quando bandido passava correndo, o jeito era deitar no chão e esperar o tiroteio terminar. Um dia, o telefone da obra tocou. Era Solange, na época gerente das obras industriais da Plaenge no Rio, convidando-o a trabalhar numa obra das Lojas Americanas, em Nilópolis. Era um serviço para 120 dias, e Rogério decidiu aceitar. Começou trabalhando na área de suprimentos. Com menos de um mês na empresa, o engenheiro responsável pela obra não aguentou a pressão dos prazos e pediu demissão. Rogério pensou: “Vai sobrar pra mim”. Não deu outra. No dia seguinte, Solange o convocou para titular da obra. – De repente, fiquei no meio do fogo cruzado. Era um empreendimento para ser entregue 80 dias depois. Tínhamos 300 pessoas trabalhando em três turnos. A obra não podia parar, eram 24 horas de serviço. Rogério contava com o apoio do incansável e experiente mestre de obras Carlos Amadeu, cuja capacidade de trabalho só era comparável ao tamanho das mãos enormes. No quarto dia como engenheiro responsável pela obra das Americanas, uma grua caiu na cobertura da loja, vazando o telhado. Para piorar, depois de três meses sem chuva, naquele dia caiu um pé d’água. Acompanhado dos clientes, o diretor Evaldo Fabian, da Plaenge, chegou exatamente no dia em que a grua caiu. – Machucou alguém, Rogério? – Graças a Deus, não. – Então agora precisamos ter tranquilidade para raciocinar logicamente. Vamos recuperar esse estrago. Até hoje Rogério Cardoso não esquece o apoio de Evaldo naquela hora difícil. Certa noite, “aos 45 do segundo tempo”, faltando poucos dias para concluir a obra, Rogério e Evaldo esperavam um caminhão de petit pavet (pedra de calçamento). Montaram uma equipe de seis operários para esperar o carregamento, mas o caminhão não chegava. Sete, oito, nove horas – e nada. O engenheiro e o diretor decidiram ir ao escritório da Plaenge em Ola-

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ria para fazer contato por telefone e descobrir onde estava o danado do caminhão. O caminhão só chegou depois da meia-noite. À uma da manhã, exausto, Rogério abriu a porta de casa. Ou melhor, tentou abrir. A esposa tinha colocado um sofá segurando a porta. – Ela tinha ido me procurar na obra, e não me encontrou. Pensou que eu estivesse na gandaia. Eu expliquei que a gente estava atrás de um caminhão de pedra, mas acho que até hoje ela não engoliu a história... A Plaenge conseguiu terminar o empreendimento no prazo, mas Rogério Cardoso e o mestre Carlos Amadeu nem ficaram para a festa de entrega. Outras missões os chamavam. Rogério Cardoso vestiu a camisa da

» Rogério Cardoso: meio-campista nas horas

Plaenge para fugir dos tiroteios e ficar 120

vagas e engenheiro em tempo integral

dias na equipe. Está em campo há quase 30

anos, tendo realizado diversas obras industriais importantes, entre elas as fábricas da Coca-Cola, no Rio e em Santos; da Elevadores Atlas e da Dixie Toga, em Londrina; da Cargill, em Jacarezinho; da Adams, em Bauru. Hoje, Rogério é gerente de engenharia na área de incorporação residencial. Continua batendo um bolão, no campo gramado e no campo da engenharia.

A arte de ser cuiabano em Cuiabá Quando Édison Holzmann assumiu a coordenação da Plaenge em Cuiabá, notou um curioso hábito entre os operários da empresa: na hora do almoço, alguns aproveitavam o tempo livre para procurar ouro no canteiro de obras. Já fazia mais de 200 anos que Cuiabá deixara de ser um Eldorado, mas o espírito do garimpo ainda estava presente, não apenas no desenho das ruas, mas na mente das pessoas.

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Em Cuiabá, a Plaenge garimpou ideias – elas que sempre foram o grande tesouro da empresa. O primeiro prédio residencial construído na cidade foi o Edifício Serrano, de seis andares, na Rua Marechal Deodoro. Era todo feito em pré-moldado – na época, uma ousadia tecnológica até para São Paulo e Rio, quanto mais para a capital de Mato Grosso. Édison conta: – Tínhamos uma fábrica de pré-moldados no Distrito Industrial de Cuiabá. Participei de simpósios na usp, específicos sobre o tema, com as maiores construtoras do Brasil, e posso garantir: ninguém tinha a nossa tecnologia em pré-moldados. Era algo bem marcante. Édison ficou quatro anos em Cuiabá, de 1984 a 1988. Nesse período de implantação, a Plaenge fez lá o que viria a fazer em outras cidades: adaptou-se às características culturais do lugar e, a partir disso, desenvolveu ideias inovadoras aplicáveis a outros mercados. O jornalista Onofre Ribeiro dá um exemplo: – Até a chegada da Plaenge, dizia-se que prédio não servia para Cuiabá. Casa tinha que ter varanda e quintal, por causa do calor. Mas os filhos da miscigenação entre os cuiabanos tradicionais e os que vieram de fora começaram a desenvolver outros padrões de exigência. A afetividade e a hospitalidade permaneceram matrizes cuiabanas. As pessoas e empresas de fora trouxeram o dinamismo. A varanda das casas transformou-se na sacada dos apartamentos, e o quintal virou a área de lazer dos condomínios. Cuiabá começou a crescer para o alto. Outras construtoras já haviam feito prédios de apartamentos na cidade, mas os modelos eram “importados” de Goiânia e Brasília, cidades com características bastante diferentes. A Plaenge ousou ser cuiabana em Cuiabá.

Coitadinha, vai pr a Cuiabá! Em 1977, na gestão do governador Garcia Neto, o Mato Grosso foi dividido em dois Estados. A criação de Mato Grosso do Sul deu um forte impulso para o desenvolvimento de Campo Grande, a Cidade Morena. A Plaenge decidiu iniciar operações na capital sul-mato-grossense em 1988. Como sempre, a Plaenge não chegou a uma cidade, mas em uma cidade. Isto é, chegou para ficar. Édison Holzmann, que implantou a unidade de negócios em Cuiabá, foi chamado para esse novo desafio. Cuiabá ficou sob responsabilidade de um gerente regional. O engenheiro Alexandre Fabian e a arquiteta Iracema eram recém-formados e recémcasados quando foram para Cuiabá. Alexandre, filho de Ézaro, iria assessorar o gerente na filial da Plaenge.

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Iracema lembra que as amigas diziam, em tom de lamento: – Coitadinha, vai pra Cuiabá! – Lá faz um calor dos infernos. – Pelo menos fica perto da Chapada dos Guimarães, que é mais fresquinha. Iracema perguntava: – Lá tem Lojas Americanas? Não tinha. – Lá tem Mesbla? Não tinha. – Lá tem shopping? Não tinha.

» Iracema Fabian: experiência de 18 anos em

– Lá tem cinema?

Mato Grosso a fez cuiabana de coração

Só tinha um.

Mas havia a Plaenge. E isso ficou bem nítido quando o casal avistou a cidade, depois de três dias de viagem, a bordo de um Gol BX que aguentou heroicamente a jornada rodoviária. Iracema viu os prédios da Plaenge na Avenida Coronel Escolástico. Emocionada, ela revive aquele momento: – Já deu para me sentir em casa... Alexandre e Iracema se tornariam cuiabanos de coração, com o amor irrestrito dos muitos filhos adotivos da cidade. Na semana em que o casal se instalou num apartamento na cidade, o interfone tocou. Era um vizinho: – Vocês jantaram? Tá todo mundo descendo para jantar lá no térreo, vocês não querem vir também? É só trazer panelas e os pratos. Mesmo com a ótima receptividade, o começo foi difícil para eles. Três meses depois da mudança para Cuiabá, Alexandre Fabian se viu obrigado a assumir a coordenação da região. O gerente regional decidiu ir embora; e a responsabilidade de administrar a Plaenge em Cuiabá ficou para o engenheiro de 24 anos. Por seis meses, Alexandre e Iracema não conseguiram instalar em casa um telefone, que, por sinal, era caríssimo. Conversar cinco minutos com alguém em Londrina custava o que seriam hoje 100 reais. Bem mais em conta era usar o radioamador ou, algum tempo depois, o revolucionário fax – este, na agência dos Correios. Alexandre comenta:

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– Era uma região com infraestrutura ainda deficiente, mas muitas oportunidades, muita coisa para ser feita, e a Plaenge mostrou que estava lá para ficar. Foi a primeira cidade em que abrimos uma regional, depois de Londrina. É um lugar muito especial. As pessoas que vieram do Sul trouxeram o dinamismo, a dedicação ao trabalho. Dos cuiabanos, incorporamos uma leveza, uma tolerância com as diferenças, uma alegria de viver. O campo de trabalho era incalculavelmente grande. Quando chegou, Iracema imaginava demorar um mês até conseguir emprego. Em um dia, já estava trabalhando como arquiteta. Para se ter uma ideia, Londrina tinha 700 arquitetos registrados em 1988. Na mesma época, o Estado de Mato Grosso inteiro tinha 70 profissionais da área. E mais da metade trabalhava para o governo. Cuiabá é uma cidade colorida, alegre, hospitaleira, afetuosa. “Calorenta e calorosa”, nas palavras de Onofre Ribeiro. A Plaenge assimilou essas características em seus projetos residenciais, conforme Alexandre: – Até irmos para Cuiabá, a sacada do apartamento era só um balcão para você olhar para fora. O conceito de sacada ampla veio de Cuiabá e Campo Grande, porque as pessoas gostam de ficar fora da casa, onde o clima é mais fresco. Até os anos 70, não havia televisão em Cuiabá. As pessoas faziam saraus, tocavam violão e piano, declamavam poesia, conversavam na varanda. O uso dos pisos de cerâmica em apartamentos de alto padrão foi adotado pela primeira vez em Cuiabá. Hoje é uma constante em Londrina e outras cidades. – Começamos a ver que o que fazíamos em Londrina não era a única forma de trabalhar com construção. Existem outras realidades urbanas, outras culturas, outras formas de sociabilidade, outras demandas por habitação. Os dois filhos de Alexandre e Iracema nasceram em Cuiabá, onde o casal permaneceu por 18 anos. Nesse período, a cidade se desenvolveu muito, aproximando-se do sonho de Dom Bosco. A despedida, em 2006, foi muito mais difícil do que a chegada. Para sempre, Alexandre e Iracema serão também filhos de Mãe Bonifácia – assim como Cássio, José Moreira, Alcides, Onofre e tantos outros “cuiabanos da Plaenge”.

A terceir a onda Nascido em Cuiabá, filho de cuiabanos, arquiteto e urbanista formado pela Universidade de Brasília, criador do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Urbano da capital mato-grossense, José Antonio Lemos dos Santos tem dedicado sua vida profissional a preparar o futuro da cidade que mais ama.

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– Cuiabá vai fazer 300 anos em 2019. Nosso desafio é chegar ao terceiro centenário com uma qualidade de vida muito superior. Pouca gente sabe, mas em um período do século 18 Cuiabá chegou a ser a maior cidade do país – por causa do ouro. Com o fim da mineração, Cuiabá estava condenada a definhar e morrer como mais uma cidade-fantasma de tantas que existem pelo Brasil, o que só não aconteceu pela sua localização geográfica: – Cuiabá está no centro geodésico do continente e era a vanguarda de um território anteriormente de possessão espanhola. A cidade foi mantida como bastião da Coroa portuguesa, com uma função administrativa, militar e estratégica. Para José Antonio Lemos, esse foi o primeiro salto de Cuiabá – o salto da sobrevivência. A cidade sobreviveu, mas ficou parada no tempo. Houve alguns impulsos, como durante a Guerra do Paraguai, quando Cuiabá foi um importante centro de abastecimento das tropas brasileiras. Mas o salto seguinte viria só nos anos 1960, com a criação de Brasília e, depois, a marcha para o Oeste planejada pelo governo militar. Cuiabá cresceu em população. Era o que Lemos chama de salto da quantidade. José Antonio Lemos compara o desenvolvimento de uma cidade ao de uma árvore. Toda árvore tem uma parte aérea que é visível, mas também uma parte oculta, que a alimenta – as raízes. Assim também é a cidade. E quem dá sustentação ao crescimento da cidade é a região que produz o excedente econômico que a alimenta. Quanto maior essa área de influência, maior a cidade. Cuiabá é o centro dessa área – Mato Grosso – que antes era um vazio e hoje, na opinião de Lemos, é uma das regiões mais dinâmicas do país. O futuro de Cuiabá, para o urbanista, está nos serviços de saúde e educação, no comércio e na indústria de grande porte, na tecnologia e nas moradias de alto padrão. É a terceira onda desenvolvimentista de Cuiabá: o salto de qualidade. Lemos ressalta a importância da Plaenge nesta terceira fase de desenvolvimento da capital mato-grossense. – A Plaenge enxergou essa nova onda e ajudou a puxar para cima o processo de qualidade no mercado imobiliário e na arquitetura. Quanto mais as cidades do interior tiverem dinheiro, mais elas vão buscar serviços e produtos de qualidade em Cuiabá. Além de elevar o padrão das edificações, a Plaenge demonstrou desde o início uma preocupação muito grande com o futuro da cidade, participando ativamente do Conselho de Desenvolvimento Urbano.

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– A atuação do Alexandre Fabian, em especial, ajudou a conquistar grandes avanços em nossa legislação urbanística. No caminho para o tricentenário, Cuiabá ainda tem a missão de sediar um dos grupos da Copa de 2014 – o que pode ser a plataforma para um crescimento exponencial na qualidade de vida local. – O salto de qualidade de Cuiabá vai acontecer – acreditem os governantes ou não. As pessoas sabem disso. A Plaenge sabe disso. Teremos que trabalhar juntos para chegar lá.

A saga dos Asvolinsque Os avós de Nizete Asvolinsque deixaram a aldeia natal na Ucrânia pouco antes da Revolução de 1917. A maioria dos habitantes judeus que ficaram acabou morrendo nos pogrons e guerras, ou sob o comunismo. Aqueles que migraram no começo do século 20 espalharam-se pelo mundo: há remanescentes da família Asvolinsque (com diversas grafias para o Azvalinsky original, de acordo com o gosto e o ouvido dos tabeliães) em países da América e da Europa. Filha de Leão Asvolinsque, pioneiro da indústria moveleira em Mato Grosso, Nizete nasceu em Cuiabá. – Eu poderia ter sido uruguaia, argentina, francesa, americana. Mas tive a sorte de nascer aqui. Leão Asvolinsque chegou a Cuiabá ainda menino, acompanhando a família. O pai de Leão era carpinteiro, ofício tradicional dos Asvolinsque. Em Santa Fé, Argentina, construíra a primeira sinagoga da cidade. Muitas usinas estavam sendo construídas ao longo do Rio Paraguai e seus afluentes. Os Asvolinsque foram subindo o rio, morando em locais diferentes da América do Sul, enquanto o pai atuava em obras de construção. E assim chegaram a Cuiabá. Com 13 anos, Leão se tornou arrimo da família. Trabalhou para sustentar dez irmãos mais novos. Em Cuiabá, casou-se com Eurídice, conhecida como Pitita, uma franzina moça da terra que teve a força para assumir duas famílias – os irmãos mais novos de Leão e as cinco filhas que teria com o marido. A qualquer problema, ouvia-se sempre o mesmo apelo: – Pitita! Me ajude, Pitita! Judeus ucranianos de pele clara, os Asvolinsque eram tipos físicos totalmente estranhos ao universo cuiabano. Décadas antes do grande processo migratório de Mato Grosso, eles ensaiaram a combinação entre as qualidades da terra e a visão empreendedora de quem vinha de fora.

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– O casamento dos meus pais deve ter causado um impacto emocional muito grande. Minha mãe se casou com um homem que já tinha outra família, com outra cultura e outra religião. Mas ela conseguiu passar por tudo isso e se fazer respeitar por todos. Os irmãos de meu pai a chamavam de senhora, porque ela era a mãe deles também. O pioneirismo de Leão Asvolinsque na indústria mato-grossense – pelo qual ele receberia uma homenagem especial da Federação das Indústrias em 1998 – pode ser comparado à ousadia de empresas que acreditaram em Mato Grosso a partir dos anos 80, entre elas a Plaenge. Nizete afirma: – Quem fez o progresso de Cuiabá? Os migrantes! A eles nós devemos o que é Cuiabá. Não vieram para dividir, mas para somar. Nizete estudou no Rio de Janeiro e prestou concurso para abrir um cartório de registros e notas em Cuiabá. Foi assim, no trabalho de cartório, que ela conheceu a Plaenge – Alexandre e Iracema Fabian, Cássio Caberlin, Rogério Iwankiw. – Eu considero a Plaenge como se fosse uma família. Não vejo a empresa pelo lado comercial, mas também pelo lado afetivo. Eu gosto da Plaenge. A amizade entre Nizete e a equipe da construtora começou nos anos 80, quando Cássio Caberlin ia com sua motocicleta até a sede do cartório, levando a papelada dos empreendimentos da Plaenge. – Todo mundo corria para atender o Cássio! – brinca Nizete. – A Plaenge deu uma grande credibilidade ao mercado imobiliário em Cuiabá. Ela soube inovar e manter os compromissos. A incorporação passou a ser vista de outra maneira, e o seguro de entrega foi uma coisa maravilhosa. Com a Plaenge, as pessoas deixaram de ter medo de comprar apartamentos. Os Asvolinsque se espalharam pelo mundo, mas não se perderam. Anualmente acontecem encontros da família, em países diferentes. Em março de 2010, quando a Plaenge completou 40 anos, os Asvolinsque brasileiros se encontraram com o ramo americano da família. Há muitas coisas em comum entre os Asvolinsque e a Plaenge. Afinal, a família e a empresa ajudaram a desenvolver a mesma cidade: – Nós e a Plaenge não aceitamos coisa errada. Nós e a Plaenge acreditamos em Cuiabá, cidade que nos acolheu. Eu sempre digo que nasci para trabalhar com papel e gente. Se for gente especial, como a Plaenge, melhor ainda! Nizete só não conseguiu convencer o pai a deixar a casa antiga da família e se mudar para um apartamento da Plaenge. – Foi uma pena. O apartamento que nós compramos para ele era tão bom! Mas ele queria morar em casa, criar seus passarinhos. Ali ele gostava de conversar com o arcebispo dom Antonio Campello, de quem foi grande amigo. Imagine, um padre e um judeu!

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Leão morreu em 1999, na velha casa da família, deixando às filhas o legado de trabalho e o profundo respeito pelo conhecimento: – Meu pai fez questão que as filhas estudassem. Ele dizia que a instrução nós podemos levar para qualquer lugar do mundo. Coisas, não. Uma filosofia de vida que em muito lembra a distinção entre ser e ter – que Ézaro Fabian transmitiu aos filhos.

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Anos 90

A Mudança Da sabedoria de ser simples. em Campo Grande. pagamento.

internacional. 

De como a Plaenge chegou para ficar

De como um cabeleireiro salvou a folha de

De como se faz um sistema de informática de qualidade 

Do que a Plaenge aprendeu com a tragédia da Encol.

De como superar um trauma.

existe e o que ainda está por vir. com mil ponteiros e sem atrasos. Estados Unidos, na Venezuela.

Do prédio do futuro – o que já  

De um relógio que funciona Dos desafios no Brasil, nos

Do princípio chamado respeito.

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O desafio de ser simples

» Ézaro Fabian e a esposa Noemia em lançamento da Plaenge: mérito na simplicidade Nos anos 70, Ézaro Fabian costumava dormir no quarto de empregada do apartamento da Plaenge na periferia do Rio, quando visitava as obras da Coca-Cola na cidade. Cássio Caberlin conta que o fundador da Plaenge, nas suas visitas à regional em Cuiabá, nos anos 80, ficava esperando pacientemente em pé no corredor, sem dizer uma palavra, até que algum funcionário desocupasse uma sala para que o fundador da Plaenge pudesse trabalhar. – Todo sábio é simples. E a simplicidade é uma característica importante do Ézaro – diz o advogado Luiz Gustavo Salvático, gerente regional da Plaenge em Curitiba. Nascido em Nova Fátima, no Norte do Paraná, Salvático usa uma expressão caipira para definir o fundador da Plaenge: – Ele enxerga além da curva. E quando uma pessoa tem essa visão, sabe que tem de aprender o dia inteiro. A Plaenge teve de aprender muito nos difíceis anos 90, uma década que começou sob um dos piores cenários que podem atingir a economia de um país – a inflação galopante.

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Édison Holzmann gosta de guardar papéis antigos. Conserva até hoje alguns holerites da época da inflação. Houve uma época, depois do fracasso de sucessivos planos econômicos (Cruzado, Cruzado Novo, Bresser, Verão), em que todo mundo era milionário, tão pouco valia a moeda corroída pelo monstro inflacionário. – Um salário de oito mínimos virava quatro, depois dois. Não havia correção suficiente, o dinheiro virava pó. Era muito difícil economizar, guardar dinheiro. Até hoje Édison guarda a cópia de um memorando que escreveu para agradecer de coração aos colegas de Londrina, que haviam se cotizado para comprar um ótimo presente de casamento para ele... Um rádio-relógio.

A frente fria do Par aná Quando a Plaenge se instalou em Campo Grande, em 1988, as construtoras de edifícios residenciais trabalhavam exclusivamente com obras financiadas pela Caixa Econômica Federal. Havia certa reserva de mercado; empresas vindas de fora não bem recebidas, especialmente as de origem paranaense. Em Campo Grande, havia uma definição jocosa para “frente fria”: era um ônibus lotado de paranaenses com cheques do Bamerindus. Um ano antes da chegada da Plaenge em Campo Grande, Roberto Melquíades fez um vultoso depósito na caderneta de poupança na agência central da Caixa Econômica Federal. Era o depósito de maior valor entre todas as contas do Estado. Mesmo assim, o gerente de habitação do banco disse aos diretores da Plaenge que, para conseguir o financiamento, era preciso se filiar a uma associação local – a Ademi – que congregaria as “boas construtoras” da cidade. O problema é que para se associar era preciso conseguir assinatura de dois sócios da Ademi – e todos, com exceção de um amigo dos tempos de Cuiabá, simplesmente se recusavam a assinar. Tendo conseguido então apenas uma assinatura, e depois de alguns dias de tentativa, os diretores da Plaenge resolveram mudar de estratégia. Roberto Melquíades disse a Édison: – Vá falar com o gerente da Caixa, explique a situação, fale firme com ele, diga que não concordamos e que esta exigência precisa ser retirada. O gerente escutou todo o discurso de Édison – em que ele falou da qualidade, tradição e pontualidade da Plaenge – e ao final informou: – Isso não seria problema. Mas os financiamentos foram todos suspensos. A Caixa está sob intervenção no Mato Grosso do Sul.

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Era o fim da Ademi, o fim da reserva de mercado na cidade, início de uma era de mais competitividade e evolução de produtos e serviços de engenharia. A partir deste ponto, a Plaenge começou a mostrar que não era uma frente fria, conforme explica Édison: – Com a reserva de mercado, muitas construtoras locais não se profissionalizaram, ficaram atrasadas em relação ao mercado nacional. E quase todas quebraram ou saíram do mercado quando o financiamento passou a ser feito por bancos privados, que têm uma visão estritamente técnica sobre o negócio. Em 1990, Fernando Collor tomou posse na presidência da República e mudou as regras do financiamento imobiliário. O novo presidente determinou que os bancos privados, as incorporadoras e o mercado passariam a custear os empreendimentos. Era o começo de uma grande metamorfose na Plaenge. Muitas outras mudanças ocorreriam, no país e na empresa. Édison Holzmann, que há 26 anos está à frente da Plaenge em Campo Grande, foi testemunha dessas transformações. E muitas delas começaram na capital sul-mato-grossense. – Campo Grande foi impulsionadora e palco decisivo na transformação da Plaenge, quando a empresa saiu do foco na produção e passou a focar o cliente, com a criação das plantas flexíveis, da varanda grande com churrasqueira, entre outras inovações que surgiram na cidade e foram adotadas por outras regionais. Na parede da sala de Édison, está um título do qual ele se orgulha: cidadão campo-grandense. – É reconhecimento à minha história e à história da Plaenge nesta cidade.

O cabeleireiro e o sistem a Em junho de 1995, Widson Schwartz Filho, um apaixonado por tecnologia, chegou à Plaenge para reestruturar a área de informática. Sua primeira tarefa foi implantar um sistema desenvolvido por uma empresa paulistana. O teste inicial do novo sistema foi rodar a folha de pagamento. Era uma sexta-feira; na manhã do dia seguinte, os operários de uma obra da Coca-Cola em Jacarepaguá, no Rio, deveriam receber o pagamento. E não atrasar salário era e é, na Plaenge, questão de honra. Widson precisava rodar a folha de pagamento, gerar o relatório de pessoal em forma de holerite e entregá-lo para uma transportadora de valores no Rio. A transportadora separaria o dinheiro e pagaria os operários no canteiro de obras.

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Às dez e meia da noite, depois de quebrar a cabeça o dia inteiro, Widson chegou à triste conclusão: o sistema não rodava. Mas havia um plano B. Widson pediu ao pessoal da contabilidade para gerar a folha de pagamento no sistema antigo. Alguém disse que conhecia um cabeleireiro, que iria pegar o voo da noite para São Paulo e ficaria esperando o primeiro avião da ponte aérea. Os relatórios foram rodados no sistema antigo. Acharam o tal cabeleireiro e lhe entregaram a papelada. Ele embarcou no voo da noite. Chegando ao Rio, tomou um táxi até a empresa de valores. No sábado de manhã, a empresa conseguiu fazer o pagamento aos operários em Jacarepaguá. – Deu certo, mas foi totalmente amador! Fiquei pensando: o que é que eu vou dizer ao dr. Ézaro na

» Widson Schwartz Filho: vocação

segunda-feira? Widson disse a verdade. O sistema não funcionava.

para a tecnologia

O cabeleireiro havia sido mais eficiente. Ézaro olhou com expressão séria para o novo funcionário: – Tá certo, o sistema não roda. E agora vamos fazer o quê? Por sugestão de Widson, a Plaenge comprou outro sistema. O gerente de tecnologia diz que a decisão foi muito importante para o futuro da empresa: – Tecnologia, por definição, custa caro. Mas eu aprendi uma coisa na Plaenge: se você tem argumentos e prova que a sua solução vai dar retorno, a empresa investe. Mesmo nos momentos de crise. Hoje a Plaenge é uma referência mundial em sistemas de informática para construção civil. O ifs, que começou a ser implantado em 2004, permite o acompanhamento sistemático de todas as fases das obras. Adquirido junto a um grupo sueco, o ifs foi um divisor de águas, não apenas para a Plaenge, como também para o setor de construção no país. O processo de implantação do sistema não aconteceu do dia para a noite. Uma equipe de 10 pessoas trabalhou em período integral por três anos para adaptar o sistema à construção civil. Hoje o ifs funciona com o padrão Plaenge de gerenciamento de construção. O engenheiro Rui Massaru Manabe, gerente em Cuiabá, na empresa desde 1986, explica o que o ifs é capaz de fazer:

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– O sistema controla os custos da obra – o que gastamos, onde gastamos, como gastamos, quanto vamos gastar ainda. Todo mês sabemos exatamente como está a obra em relação às finanças e ao planejamento. A implantação do ifs racionalizou toda a cadeia produtiva da empresa; os dados se tornaram muito mais confiáveis e precisos. Manabe compara: – Agora, nós sabemos em detalhe tudo que está acontecendo na evolução do trabalho, podemos fazer ajustes a cada atividade concluída. Antigamente, íamos trabalhando e o resultado só aparecia no final da obra. Hoje, é até engraçado pensar que, no final dos anos 80, quando o engenheiro Rogério Cardoso mencionava a possibilidade de informatizar a construção civil, colegas de outras empresas diziam que ele estava louco. Logo os incrédulos foram surpreendidos. – Começamos a usar computador em nossas obras industriais em 1993 – lembra Rogério. Widson Schwartz Filho, que naquela sexta-feira foi salvo por um cabeleireiro, acredita que o investimento em tecnologia é um dos segredos do sucesso da Plaenge: – Construtores de outros países nos visitam para conhecer nosso sistema. Outro dia mesmo recebi um grupo da Ucrânia, interessado em aprender o nosso processo de gerenciamento de produção. Já recebemos visitantes do Chile, do Equador, da Espanha. No Brasil, não há sistema comparável.

Lições da vida Fernando Fabian seguiu o mesmo caminho do irmão Alexandre: diplomou-se em engenharia civil na Escola Politécnica da usp. Poucos dias depois da formatura, em 9 de janeiro de 1990, começou a trabalhar na Plaenge, como engenheiro residente de uma obra em Campo Grande. Era uma época difícil para os empresários, com instabilidade, inflação, planos econômicos e congelamento de preços. Havia muita insegurança. E isso era mais complicado para uma empresa como a Plaenge, que sempre buscou fazer tudo de maneira organizada, planejada e eficiente. Além dos tormentos da economia brasileira, a primeira metade dos anos 90 foi marcada pela avassaladora ascensão da Encol no mercado imobiliário. Com um marketing agressivo e uma imagem de modernidade e dinamismo, a Encol parecia estar em todos os lugares. Entrou nos mercados de Cuiabá, Campo Grande e Londrina com grande impacto. Em Campo Grande, chegou a dominar 80% das vendas no setor.

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» Fernando e Alexandre Fabian no escritório da Plaenge em Londrina – Para o bem ou para o mal, eles eram muito espertos em matemática financeira. Deitaram e rolaram – comenta Fernando. Mas alguma coisa não batia naquelas contas. A Encol vendia apartamentos com preços muito mais baixos que os da Plaenge. E os custos da concorrente – com compra de terrenos, construção e pessoal – eram bem mais altos. Édison dá um exemplo: – Para se ter uma ideia, em Campo Grande a Encol tinha 12 funcionários no departamento pessoal. A Plaenge tinha um! Ou nós estávamos cegos, ou alguma coisa estava errada. Certo dia, pouco antes do Plano Real, Ézaro rabiscava algumas frases num caderno, durante uma reunião de diretoria. Édison leu o que o tio havia escrito:

Quando o cenário econômico mudar e a inflação acabar, a Encol quebra. A Encol sobreviveu dois anos e meio à estabilidade monetária gerada pelo Plano Real. Faliu em 1997, acabando com o sonho da casa própria para 42 mil famílias brasileiras. Hoje é fácil falar mal da Encol. A construtora surgida em Goiânia, que chegou a ser a maior do país, tornou-se um capítulo tenebroso na história. Mas a presença da Encol também apontou mudanças necessárias para o setor da construção civil. Fernando Fabian avalia:

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– A Encol tinha coisas boas. Primeiro, o nível dos profissionais, que na grande maioria eram honestos e competentes. Eles trouxeram uma inovação muito grande em marketing, posicionamento da marca, construção de imagem. As pessoas sonhavam em comprar um apartamento da Encol. O drama de ascensão e queda da Encol sinalizava a necessidade de mudanças. Era a metamorfose da Plaenge – o desafio de evoluir sem perder os princípios que fundamentam a empresa. A metamorfose não aconteceu da noite para o dia. Foi um longo processo. Fernando conta: – Até certa época, a Plaenge olhava os empreendimentos com olhos de engenheiro. E o cliente, é claro, olhava com olhos de consumidor. De repente, percebemos que sabíamos muito de concreto, de técnica construtiva, de projetos. Mas o cliente tem outra visão. Tivemos que aprender a enxergar o apartamento com os olhos do cliente. Foi uma redescoberta: enxergar a empresa de fora para dentro. A compra de um apartamento é uma das decisões mais importantes na vida de uma família. Saber interpretar o que as pessoas querem e sonham passou a ser um dos focos da Plaenge. A empresa criou seu departamento de marketing e realizou uma série de pesquisas com o público de Londrina, Cuiabá e Campo Grande. Em 1995, Fernando Fabian assumiu a regional em Londrina. A metamorfose já era um processo irreversível: – Foi uma crise existencial para a empresa. Nós extraímos lições positivas e aperfeiçoamos nossa forma de atuar.

Segur ança em primeiro plano Quando a Encol fechou, ninguém mais queria comprar apartamentos na planta. Se a Encol, que era a Encol, havia quebrado, o que esperar de outras construtoras? Foi então que a Plaenge desenvolveu uma de suas mais importantes e ousadas inovações: o seguro de entrega dos apartamentos. Antes, a Plaenge só fazia seguros específicos para obras industriais. Em 1998, fechou parceria com a Sul América para o seguro de entrega, com a participação das duas maiores resseguradoras do mundo, a Munich Re e a Suiss Re. Foi uma negociação complexa, em que a Plaenge abriu toda a contabilidade da empresa para as auditorias das seguradoras. O seguro é vantajoso para a construtora, que tem vendas facilitadas sem o fantasma do receio pelos compradores, e também é vantajoso para os compradores, que têm garantia

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de entrega do que compram. O custo do seguro de entrega já faz parte do valor do apartamento e representa um valor muito baixo para a empresa. Primeira empresa a adotar o seguro de entrega no Brasil, a Plaenge jamais teve de recorrer ao seguro, pelo simples fato de que entrega suas obras no prazo (em média, 30 meses a partir do lançamento do edifício). – Sempre tivemos imagem de empresa séria e responsável. – ressalta Fernando. – Muito antes do que aconteceu com a Encol, já tínhamos a fama de entregar no prazo. Com o seguro de entrega, esses pontos positivos, que as pessoas já enxergavam na Plaenge, ficaram ainda mais fortes. A primeira obra segurada da Plaenge foi entregue em 1999 – o Villagio de Roma, em Campo Grande. A partir daí, todos os empreendimentos tiveram seguro, dando uma importante prova de solidez, que foi fundamental para a retomada do mercado imobiliário em todas as cidades em que a empresa atua.

Alto padr ão e plantas flexíveis

»

Luiza e Clóvis Bohrer ontem e hoje: os apartamentos decorados da Plaenge são uma espécie de máquina do tempo

Clóvis e Luiza Bohrer estudaram arquitetura e urbanismo na Universidade Federal de Pelotas. Recém-formados, mudaram-se para Londrina em 1985. Por um tempo, Luiza trabalhou como bancária. Clóvis era representante de uma empresa de elevadores. Mas logo o casal gaúcho decidiu trabalhar no que mais gostava. Em 1986, foi criada a Bohrer Arquitetura.

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Talvez a palavra mais adequada para definir arquitetura seja equilíbrio. Equilíbrio entre conteúdo e forma; entre beleza e função; entre ousadia e segurança; entre inovação e tradição; entre arte e técnica – e o casal Bohrer é exemplo dessa dualidade. Luiza representa o pensamento criativo, a sensibilidade, a inspiração, a visão pessoal. Clóvis representa o pensamento lógico, a exatidão, a racionalidade, a visão empresarial. Mais do que um casal, eles são uma síntese. No período em que a Plaenge se voltava para os sonhos e necessidades dos clientes, a Bohrer Arquitetura se encaixou de maneira perfeita nos planos da construtora. Os projetos arquitetônicos da Bohrer hoje compõem a identidade da Plaenge. O primeiro trabalho marcante nos anos 90 foi o Edifício Phi-

» Philadelpho Garcia: o primeiro edifício de

ladelpho Garcia, em Londrina. Luiza lembra:

alto padrão da Plaenge, em Londrina

– O Philadelpho Garcia foi um marco.

Até então, a Plaenge fazia bons prédios residenciais com estrutura pré-moldada. Mas aquele projeto representou uma mudança: era o primeiro edifício de alto padrão da Plaenge. Depois das grandes obras industriais nas décadas de 70 e 80, a Plaenge começava a “mostrar a cara” para um público mais amplo. O símbolo da empresa, criado em 1970 pelo artista gráfico Cleto de Assis, tornou-se parte dos horizontes de Londrina, Cuiabá e Campo Grande. Futuramente, Curitiba, Maringá e Joinville também conheceriam bem a marca. Em 1993, a regional em Campo Grande lançou o Central Park, primeiro prédio da Plaenge – e do Brasil – com o sistema de plantas flexíveis. Dentro do mesmo empreendimento, cada família poderia escolher a planta de apartamento que mais se adequasse ao seu estilo de vida. O Central Park foi um grande sucesso – e o sistema de plantas flexíveis, registrado no inpi (Instituto Nacional de Patentes), se tornou rapidamente um dos maiores diferenciais da Plaenge no mercado imobiliário. Todo mundo queria ter um “apartamento inteligente”. Chegara ao fim a era dos apartamentos parecidos uns com outros. O gerente de projetos Ciro Nassu observa:

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Âť O Central Park Residences, em Campo Grande, inaugurou a era dos edifĂ­cios inteligentes 82


– Percebemos que as pessoas não queriam mais o produto padronizado, mas sim o específico, o individualizado. E isso não acontecia só com a construção civil. Antigamente, havia poucos modelos de tênis, de carros, de computadores. Por que seria diferente com os apartamentos? O mercado exigia personalização. Em Londrina, o primeiro edifício com plantas flexíveis foi o Riverside Residences, na área central da cidade. E esse prédio tinha uma novidade que muita gente na época não acreditava ser viável: a churrasqueira na varanda. Muitos concorrentes torceram o nariz e criticaram a proposta, mas o público adorou. A varanda dos apartamentos Plaenge passou a ser um ponto de encontro para as famílias e os amigos. As construtoras acabaram aceitando, depois absorvendo

» Riverside Residences, em Londrina:

– e por fim copiando a ideia. Churrasqueira na sacada virou “carne de vaca”...

plantas flexíveis e churrasqueira na sacada

O relógio com mil ponteiros A transformação do sonho dos clientes em realidade concreta não é tarefa simples. Cada prédio envolve o trabalho de centenas de profissionais. Além dos projetos que se referem diretamente à construção, há equipes trabalhando nos cálculos orçamentários, no planejamento das atividades, na aprovação do empreendimento junto aos órgãos públicos e nas pesquisas de opinião com os clientes. A construção em si dura em média 30 meses. Mas, antes do início das obras, entram em ação os profissionais responsáveis pelos projetos estrutural, arquitetônico, de fundações, hidráulico e elétrico. Os projetistas são todos grandes parceiros da Plaenge. Há, em média, seis meses de planejamento antes de fazer a terraplenagem ou cavar a primeira valeta. Um projeto estrutural, por exemplo, tem mais de 100 pranchas, e dezenas de revisões ao longo da obra. Os projetos se influenciam mutuamente: se o projeto arquitetônico muda a posição de um pilar em trinta centímetros, isso pode fazer uma diferença muito grande para a estrutura

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de concreto. O alinhamento de três vigas pode representar considerável ganho na eficiência do sistema. O gerente Ciro Nassu é o maestro dessa orquestra: – O projeto para nós começa muito antes de entrar com o pedido de licença na prefeitura. Quando a Plaenge compra um terreno, já temos uma noção do que vamos fazer ali. Temos informações sobre as tendências do mercado, sobre os tipos de construção permitidos naquela área, sobre o subsolo. Quando os projetos estão finalizados, a área está aprovada e o prédio já tem nome, vem a fase de lançamento e comercialização. Todas essas equipes precisam

» Ciro Nassu: maestro da orquestra

trabalhar em rigorosa sintonia. É como diz Rui Manabe:

do planejamento

– A Plaenge é um grande relógio – com muito

mais de três ponteiros. E um relógio que não pode atrasar. Na opinião do gerente de engenharia em Cuiabá, construir um prédio é acima de tudo a arte de gerir pessoas, processos e equipamentos: – Comandar um canteiro de 150 operários não tem muito a ver com aquilo que você aprendeu na faculdade. O engenheiro civil sempre vai enfrentar adversidades, resistências e imprevistos. Ele precisa saber ouvir, entender o que está acontecendo e tomar atitudes práticas. Não dá para recorrer ao superior hierárquico toda vez que acontece um problema. O trabalho da Plaenge não se encerra com a entrega das chaves aos proprietários. A última etapa de um empreendimento consiste nas pesquisas de pós-ocupação, um ano após a entrega dos apartamentos. Como explica Ciro Nassu, uma coisa é projetar e construir um prédio, outra é morar nele: – Queremos saber a opinião das pessoas que vivem nos apartamentos Plaenge. Só elas poderão dizer quais são as qualidades e deficiências dos projetos. Assim, podemos

» Rui Manabe: "A Plaenge é um grande

melhorar a cada empreendimento, sempre.

relógio que não pode atrasar"

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Apartamentos que contam histórias Verão de 98/99. Tempo de férias para Clóvis e Luiza Bohrer. Eles estavam à beira da piscina em Camboriú, com os celulares devidamente desligados. De repente, um funcionário do hotel apareceu. Não trazia a caipirinha, mas um recado. – Sr. Clóvis Bohrer? – Eu mesmo. – Um telefonema urgente. É o sr. Roberto Melquíades, de Londrina. Clóvis e Luiza interromperam as férias e voltaram a Londrina para criar o primeiro apartamento decorado da Plaenge. Foi o Central Park, na Gleba Palhano, antiga fazenda de pioneiros que se tornaria o bairro mais valorizado da cidade. O primeiro decorado foi feito na própria torre em construção. A novidade foi tão bem recebida que logo surgiriam as centrais de apartamentos decorados em Londrina, Cuiabá, Campo Grande, Maringá, Joinville e Curitiba. E – é claro – a ideia foi largamente copiada pela concorrência. Na Central de Decorados, o cliente pode visitar vários apartamentos e conhecer as possibilidades de organização e aproveitamento de espaço em cada ambiente. São visões concretas do futuro. É o sonho sendo transformado em vida real. A arquiteta Luiza Bohrer e sua equipe têm sido os grandes responsáveis por esses verdadeiros compêndios de soluções inovadoras e práticas nos apartamentos: – No decorado, nós colocamos elementos da vida real, para que a pessoa entre e se sinta em casa. O cliente não pode entrar e achar que aquilo é uma mostra de decoração ou uma exposição conceitual. Os decorados são apartamentos possíveis, verossímeis, habitáveis. Ali ninguém encontrará banheiros de comercial, salas de fantasia, quartos de outdoor, cozinhas de loja. Mesmo utilizando o top de linha em design e decoração, e até mesmo em artes plásticas – como as telas de José Gonçalves –, a arquiteta jamais perde de vista as necessidades da vida prática: – Nosso apartamento decorado é totalmente viável. As portas estão todas instaladas, abrem e fecham normalmente. Afinal, elas também fazem parte da vida. Nas visitas aos decorados, as pessoas frequentemente deixam sugestões de mudanças e aperfeiçoamentos, que muitas vezes acabam sendo incorporadas à planta dos edifícios em construção. O perfil do futuro morador, definido por pesquisas qualitativas, é a fonte de inspiração para os decorados. Cada apartamento corresponde a necessidades e padrões diferentes, adequados às famílias que vão viver ali.

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– Cada apartamento decorado conta uma história. O Fernando Pessoa tem a sala integrada. O Rodin tem o quarto do filho que está na faculdade e vem visitar os pais de vez em quando. Os tecidos que usamos nas roupas de cama estão de acordo com o padrão do comprador. No quarto das crianças, tem decoração do Homem-Aranha, do Harry Potter, de Copa do Mundo. Até os títulos dos livros que estão na cabeceira têm um porquê. O decorado da Plaenge é uma espécie de máquina do tempo. Ali, as pessoas contemplam a imagem do próprio futuro, vislumbram a história do amanhã possível e palpável. Para fazer isso, a Plaenge precisou mais uma vez enxergar além da curva. Assim funciona o relógio de mil ponteiros da Plaenge: da escolha do terreno à pesquisa de pós-ocupação, há um tempo para tudo.

» Sala integrada do apartamento decorado do edifício Fernando Pessoa, em Londrina

O relatório de Manaus A fábrica de concentrados da Coca-Cola em Manaus foi uma das mais complexas e desafiadoras obras industriais realizadas pela Plaenge. – Era uma obra muito especial, porque forneceria o concentrado da Coca-Cola para muitos países – relembra o engenheiro Lauro Sakurai.

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Muitas dificuldades surgiram. Só o transporte do bate-estacas – de Londrina a Manaus – levou cerca de um mês. A mão de obra local era insuficiente e pouco qualificada. Com as chuvas diárias, o canteiro de obras era um mar de lama. Lauro Sakurai, o engenheiro Frederico Hofius e o mestre de obras Carlos Amadeu conseguiram vencer todos esses obstáculos. O engenheiro Teodoro Dimitriu, com larga experiência em obras industriais na Europa e no Brasil, foi chamado pela Coca-Cola Company para supervisionar o andamento das obras. Guardado com orgulho por Lauro até hoje, o relatório assinado por Dimitriu em março de 1993 descreve as condições da fábrica em Manaus e o trabalho da Plaenge de maneira quase poética. Eis o que o engenheiro escreveu para seus superiores na Coca-Cola:

Primeira impressão: Terra remexida e um mar de lama – fervilhando de operários trabalhando. A obra: Da terra remexida, do mar de lama, das estacas fincadas na terra – dos blocos de coroamento em concreto armado (bem executados, alinhados e nivelados), brotam os ferros de espera dos pilares, já pré-moldados. A equipe: Sob o aguaceiro e chafurdando na lama, operários, mestres e engenheiros trabalham compenetrados, serenos e tranquilos, confiantes nas tarefas planejadas e programadas com tempo e profissionalismo. Canteiro de obra: Limpo, higiênico, condigno – com água potável em botijões para todos, com escritórios sóbrios, porém cômodos e limpos, com equipamentos e manutenção boa. O prazo: Na obra se fala do tempo, porém sem resmungos ou retóricas inúteis. Olha-se para cima – de onde nos vêm a luz e a chuva (que são a fonte da vida) e se exclama – Vai chover! Preparem, pois, as lonas, as bombas, as canaletas de esgotamento e, mais uma vez, vamos vencer o aguaceiro e a lama – e cumprir o prazo. Como de fato se está cumprindo – até com um leve avanço! Trabalham de Sol a Sol – com ou sem Sol! Resultados: O olhar franco e sereno dos envolvidos no empreendimento nos diz mais que as palavras dos relatórios e nos justifica a convicção de um bom resultado

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final! Entretanto, os relatórios e o diário da obra estão em dia – e uma inspeção in loco fornecerá a quem desejar todos os detalhes técnicos, financeiros e/ou estatísticos! Reuniões: Visitamos a fábrica existente (o Modelinho) e tivemos profícuo encontro com os que nela trabalham (dr. Jorio X. Veiga Filho, dr. Frederico José Hofius, dra. Maria Luiza Ricart etc.). Nos deram valiosas dicas aprendidas no dia a dia deles, para serem aproveitadas no novo projeto – e retribuímos com ideias, frutos de anos de experiência e pesquisas. Consideramos extremamente proveitosas reuniões desse gênero! CONCLUSÕES: a) Uma obra bem planejada e bem dirigida. b) Tecnicamente – sem críticas. c) Ambiente de trabalho – muito bom. d) É evidente a preocupação da empreiteira – Plaenge – com o fator humano. e) Os elementos encontrados justificam o otimismo por uma obra: - nas condições contratuais; - de boa qualidade; - no prazo pactuado. Atenciosamente, Teodoro Dimitriu”.

Elevando a Atlas O engenheiro Lauro Sakurai destaca o primeiro trabalho da Plaenge no exterior: o desenvolvimento de quatro megaplantas da Coca-Cola na Venezuela, em 1996. No país sul-americano, a Coca-Cola vivia uma situação atípica: não era a líder do mercado. Com as obras realizadas em tempo recorde, a companhia americana conseguiu conquistar a liderança entre o público venezuelano. – Fomos convidados a fazer aquelas obras graças a nossa experiência de mais 50 fábricas construídas para a Coca-Cola no Brasil. Na Venezuela, a Plaenge gerenciou também a ampliação e otimização da fábrica em Maracaibo, a maior do país. Evaldo Fabian conta que uma empresa de Miami iria cobrar 2

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milhões de dólares para fazer a montagem das instalações industriais. Evaldo, Lauro e José Aparecido de Oliveira visitaram as instalações e garantiram fazer a montagem pela metade do valor – e com a mesma qualidade de operação. Evaldo resume: – Acabamos assumindo o gerenciamento de toda a obra e economizamos pelo menos 1 milhão de dólares para a Coca-Cola. O trabalho na Venezuela propiciou um contato mais direto com a sede da Coca-Cola Company, em Atlanta, nos Estados Unidos. Era uma época em que a multinacional estava crescendo muito, com a abertura dos mercados no Leste Europeu, depois da queda do comunismo. Em 1996, Evaldo Fabian e o engenheiro Hélio Torreti foram convidados a visitar a Benham, megaempresa de projetos sediada em Oklahoma City. – Botamos nossos ternos e viajamos. Chegando lá, fomos levados para uma sala enorme, cheia de vice-presidentes da empresa. Nunca vi tantos vice-presidentes. Começaram a fazer várias perguntas sobre a Plaenge, o que a empresa realizava. E foram fazendo perguntas cada vez mais específicas sobre montagem industrial. A gente respondia tudo. No final da tarde, nos convidaram para jantar. Americano do interior janta muito cedo.

» Hélio Torreti: viagem aos Estados Unidos e reunião com os executivos da megaempresa Benham

A visita aos EUA não ficou só na sabatina e no jantar. A Benham fez uma parceria (joint-association) com a Plaenge, mantida até hoje. Os diretores das duas empresas assinaram um protocolo em que se comprometeram a trabalhar em projetos de interesse comum. A aproximação com a Benham acabou rendendo vários negócios para a Plaenge na área industrial – como, por exemplo, a fábrica da Adams em Bauru. Com tantas obras em outros países, no entanto, a obra industrial mais marcante dos anos 90 foi a fábrica da Elevadores Atlas, em Londrina. No início, em 1997, as negociações para a vinda da Atlas eram mantidas em absoluto sigilo. Nem mesmo Evaldo Fabian e outros diretores da Plaenge sabiam qual era a empresa, que adotou o nome fictício de Beta-Sul. Inicialmente a Beta-Sul optara por construir a misteriosa fábrica numa instalação antiga próxima ao aeroporto de Londrina. A Plaenge fez estudo e levantou custos para adaptação do local.

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As reuniões com os diretores da Beta-Sul eram feitas num hotel de Londrina, dentro do mais rigoroso sigilo industrial. Evaldo não esquece: – Não podíamos contar nem para nossas famílias. Os engenheiros da Plaenge concluíram que era mais compensador construir uma fábrica nova do que adaptar as instalações antigas próximas ao aeroporto. A Beta-Sul aceitou a proposta. No dia da assinatura do contrato, a verdadeira identidade da empresa seria finalmente revelada aos diretores da Plaenge. Antes da revelação, Evaldo disse: – Acho que já sei qual é a empresa. – Como assim? – Vocês disseram que é uma empresa nacional, com produtos sob encomenda que pesam de uma a seis toneladas, não é mesmo? – Sim. – Pois é. Elevador pesa uma tonelada. Escada rolante, seis toneladas. Nós temos três grandes fabricantes de elevadores no Brasil: Otis, Schindler e Atlas. A Otis e a Schindler são multinacionais. É a Atlas. Os diretores da Beta-Sul olharam um para o outro e deram risada. – Você matou, Evaldo, acertou na mosca! A fábrica Atlas fez o conceito da Plaenge subir ainda mais no mercado de construções industriais. Até então, a Plaenge costumava fazer obras de 15 mil metros quadrados, no máximo; a fábrica da Atlas tinha 34 mil. Foi um novo patamar. O engenheiro Márcio Queiroz, que assinou o projeto estrutural juntamente com o pai, José Augusto de Queiroz, relembra com entusiasmo aqueles dias: – A Atlas é um edifício ímpar, que na época tinha o maior caminho de rolamento industrial do Brasil: eram quatro quilômetros de ponte rolante! A construção exigiu vigas muito grandes, que deveriam seguir o mesmo gabarito, para conduzir as escadas rolantes até fora do prédio. Como fazer isso? O peso era muito grande, o vão era muito grande... A Plaenge encontrou a solução nos pré-moldados protendidos. O entusiasmo de Márcio Queiroz é compartilhado por Plínio Musetti, presidente da Elevadores Atlas Schindler: – Nossa fábrica foi construída em prazo recorde, absolutamente dentro do cronograma financeiro. A Plaenge foi parceira no sentido mais exato da palavra. Trabalhou o tempo todo junto conosco e nos atendeu sempre naquilo que precisávamos.

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O dna do respeito

» Fernando, Ézaro e Alexandre Fabian: laços de respeito e compromisso com a empresa Lauro Sakurai, que se tornou sócio da Plaenge, costuma dizer: – Se eu trabalhasse com Bill Gates, eu não teria o encanto, a satisfação que tenho trabalhando aqui. O que faz tanta gente dizer coisas parecidas sobre a Plaenge? Fernando Fabian responde: – Acho que nós conseguimos sucesso porque soubemos inovar sem abandonar as qualidades do passado. Preservamos o dna da empresa. E esse legado é o respeito às pessoas. Desde a dona Severina, que é a copeira aqui do escritório, até quem está lá na obra. Dos diretores da empresa até as pessoas que compram nossos apartamentos. Para Fernando, a prova do respeito está nas coisas simples do cotidiano, no ambiente de trabalho: – Não se vê dentro da Plaenge uma pessoa gritando com a outra. Não há um clima de disputa, de guerra, de conflito. Há delicadeza e respeito entre os funcionários. É algo que está presente desde 1970, é coisa que vem dos fundadores e, depois de 44 anos, a empresa continua assim.

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Os programas sociais também são importantes para a identidade da empresa não só nas comunidades, mas também entre seu próprio pessoal. Com discrição e sem alarde, a Plaenge tem apoiado projetos solidários nas cidades em que atua: a Casa Transitória Irmã Dulce (que atende doentes de câncer carentes em Cuiabá); a Associação dos Amigos das Crianças com Câncer (em Campo Grande); a Comunidade Sarnelli (que apoia jovens em situação de risco em Curitiba); e o Lar dos Vovôs (albergue para pessoas idosas em Londrina). Certo dia, o gerente de tecnologia Widson Schwartz Filho encontrou Ézaro Fabian no corredor da Plaenge. Ézaro notou que o funcionário estava triste, abatido. – Tudo bem, Widson? – Mais ou menos, dr. Ézaro. Eu e minha mulher estávamos fazendo um tratamento de reprodução numa clínica em Maringá, mas desistimos. – Por que desistiram? – Não dá mais. O tratamento é muito caro. Acabou o dinheiro. No dia seguinte, havia um envelope na mesa de Widson. Dentro, um cheque pessoal de Ézaro Fabian. Perplexo, Widson foi até a sala do diretor: – Que é isso, dr. Ézaro?! – Tentem mais um pouco, Widson. Quem sabe dá certo. Hoje Widson é pai de duas crianças.

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Anos 2000

O Futuro Da voz que Armando ouviu no torneio de bocha. um jovem advogado foi o dono da obra.

De uma decisão capital.

– ensinam.

De uma energia 

De um

Da arte de doar trabalho e salvar vidas.

um símbolo que se consagrou. 

Dos caminhos de uma gota de água.

homem e seu nome.

a subir.

Do dia em que

Da guerra justa do dr.

Theophilo contra a sanha do Tiranossaurus rex. que não se vê.

De

De degraus percorridos e degraus 

Do que as cidades – e os países

De olhar para o futuro.

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Da força do número 44.



Vai, Armando! Em fevereiro de 2010, pouco antes dos 40 anos da Plaenge, o coordenador de relacionamento com terceiros Armando Bosco Ribeiro conta a sua história. Armando tinha 16 anos quando se mudou com a família para Londrina. Veio de Goioerê com a mãe e a irmã, que conseguira um emprego na loja Mesbla. Ainda adolescente, já estava acostumado a capinar soja, ralear algodão, trilhar feijão. Estudava à noite. A família chegou a Londrina no domingo de Carnaval de 1982. A Quaresma foi difícil. Todos os dias, Armando andava quarenta quarteirões até a agência do Sine na Rua Pernambuco – vinte para ir e vinte para voltar. Já se tornara conhecido da funcionária Bernardete, que sempre tinha a mesma resposta: – Nada por enquanto, Armando. Volte amanhã. Ele voltava – mas o emprego não aparecia. Um dia, Armando acordou desanimado. De que adiantava ir ao Sine para ouvir o mesmo não? Cogitou ficar em casa. Mas uma voz – que parecia vir do futuro – lhe fez mudar de ideia: – Vai, Armando! E Armando foi. Vinte quarteirões depois, Bernardete o recebeu com o sorriso de sempre. Mas a frase era outra: – Você sabe datilografia, Armando? – É claro que sei. Na verdade, Armando mal sabia o que era uma máquina de escrever. – É que surgiu uma vaga numa construtora da Avenida Tiradentes. Mas o candidato precisa ser bom de datilografia. – Tá falando com ele! Quando foi fazer o teste de admissão na Plaenge, Armando demonstrou ao gerente de recursos humanos, Paulo Caetano, que poderia até saber capinar soja, ralear algodão e trilhar feijão – mas, na máquina de escrever, catava milho que era um desastre. Mesmo indo mal no teste de datilografia, Armando foi admitido. Tempos depois, Paulo Caetano diria a Armando que lhe dera a chance por dois motivos. O primeiro, a imensa vontade de trabalhar que o candidato revelara. O segundo, e decisivo, o fato de Armando haver perdido o pai muito cedo. Paulo Caetano também era órfão, e com o seu gesto era como se também afirmasse: – Vai, Armando!

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No dia seguinte, Armando foi fazer os exames médicos admissionais e o encaminharam a um laboratório de análises clínicas. O problema é que, para retirar os exames, o laboratório exigia que a pessoa apresentasse um doador ao banco de sangue. A mãe não podia: passara a idade limite para doação. A irmã trabalhava o dia inteiro na Mesbla. Um colega de supletivo, Toninho, até se comprometeu a ajudar, mas deu os canos. Armando pensou, já meio desesperado: "Não vou conseguir o doador, não vou retirar os exames, não vou conseguir o emprego. O sonho acabou!" Já pensando em desistir, o jovem ouviu de novo aquela voz do futuro: – Vai, Armando! Ele foi. Chegando ao laboratório, disse que não havia conseguido encontrar um doador de sangue. A atendente de uniforme branco nem piscou: – Tudo bem, aqui estão os seus exames. Até hoje a Plaenge está no sangue de Armando Bosco Ribeiro. Depois de um longo período em Londrina e Campo Grande, ele foi convidado a ser gerente administrativo em Curitiba. Sua ida para lá ajudou a empresa a se consolidar na capital do Paraná. Dias depois de contratado, Armando foi a uma confraternização da Plaenge no grêmio de funcionários, em Cambé. Participou de um campeonato de bocha. A torcida vibrava a cada arremesso. O mais animado era um senhor de meia-idade: – Vai, Armando! Vai, Armando! Antes do arremesso final, Armando perguntou a um colega de departamento: – Quem é aquele senhor que está torcendo pra mim? – É o fundador da empresa.

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Armando Bosco Ribeiro, coordenador de relacionamento com terceiros: o sonho realizado de trabalhar na empresa

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Eu sou o dono da obr a Por um momento, Luiz Gustavo Salvático foi o dono da Plaenge – ou pelo menos de uma obra da construtora. Nascido em Nova Fátima, no interior do Paraná, ficou em dúvida entre estudar Direito ou Agronomia. Como gostava muito de ler, escrever e falar, optou pela advocacia. Formou-se em 2001; trabalhava num escritório pequeno em Londrina. Mas não estava satisfeito. Por um colega, ficou sabendo de uma vaga para advogado na Plaenge. Fez o teste com o diretor Fernando Fabian, então diretor da Plaenge em Londrina. Estava correndo na esteira da academia de ginástica quando o celular tocou: – Você foi aprovado. Começa amanhã, às nove da manhã. Trabalhando como gerente de contratos da empresa, Gustavo acompanhava todo o

» Luiz Gustavo Salvático: advogado que

processo de venda de apartamentos financia-

se apaixonou pelo ramo da construção civil

dos. Em 2002, prestes a completar um ano na

empresa, Fernando Fabian o chamou para trabalhar na nova regional em Curitiba da Plaenge. – Eu tinha 25 anos e estava namorando minha atual mulher. Vim para Curitiba no final de 2002 e acabei ficando noivo. Eu brinco com a minha mulher que tomei o “golpe da transferência”. Quando a Plaenge iniciava seu primeiro empreendimento em Curitiba – o Edifício Le Corbusier –, Luiz Gustavo Salvático foi ao Corpo de Bombeiros discutir um detalhe do projeto arquitetônico relacionado à prevenção de incêndios. Chegando lá, foi recebido por uma engenheira, profissional bastante experiente. Ela olhou bem para Gustavo e disse que não poderia perder tempo: só falaria com o arquiteto ou o dono da obra. O jovem não teve dúvidas: – Eu sou o dono da obra. A engenheira desconfiou, é claro. Mas, antes que a mulher pudesse reagir, Gustavo ligou para Londrina e já estava na linha com a arquiteta Luiza Bohrer, responsável pelo projeto arquitetônico. Gustavo simulou a voz de um proprietário:

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– Luiza? Sabe aquela obra minha, o Le Corbusier? Pois é. Estou com um problema aqui no Corpo de Bombeiros. Por favor, fale com a engenheira sobre o assunto. Gustavo passou o telefone à engenheira. As duas profissionais discutiram a questão – um duto de ventilação no subsolo. O projeto arquitetônico foi modificado e tudo acabou bem. Um velho aforismo do Largo São Francisco ensina: “A faculdade de Direito forma

inclusive advogados”. Na Plaenge, Gustavo não é exatamente um profissional do Direito. – Minha função é mais ligada à administração do que à advocacia. Aqui preciso ter a visão ampla de um empreendedor. A Plaenge foi minha escola. Mas o Direito ensinou muitas coisas a Gustavo, sobretudo na capacidade de enxergar os diferentes aspectos de um mesmo problema. – Na faculdade, um professor dizia que o advogado de sucesso deve ter duas prateleiras forradas de livros. Quando um cliente chega ao escritório, ele deve apontar uma das prateleiras e dizer: “Quase todos esses autores dizem que nós vamos ganhar a ação”. Se o cliente perder a causa, o advogado já tem a resposta pronta. Aponta a outra prateleira e diz: “Quase todos esses autores disseram que nós perderíamos a ação”. Na opinião de Gustavo, a maior dificuldade que a Plaenge enfrenta diariamente – e vem enfrentando há 44 anos – é também o maior empecilho ao setor produtivo do país: o Estado. O maior desafio do empresário brasileiro é seguir produzindo mesmo com todas as dificuldades criadas pelo governo. – O bom empreendedor no Brasil pode ser empresário em qualquer lugar do mundo.

Aquele viaduto Na regional em Curitiba, ao lado Luiz Gustavo Salvático, trabalha o gerente industrial Frederico Hofius. Juntamente com o diretor Fernando Fabian, eles formam o trio da Plaenge na capital do Paraná, onde a empresa vem se consolidando rapidamente nos anos 2000. Formado em Engenharia Civil e Administração de Empresas, Hofius tem um vasto currículo: trabalhou na construção da Itaipu Binacional; foi chefe de vendas da Supergasbrás; foi responsável por construção de moradias populares na Cohapar (Companhia Habitacional do Paraná); atuou na prefeitura dos campi da Universidade Federal do Paraná; atuou no Centro de Desenvolvimento Industrial do governo paranaense; e fiscalizou obras do dner no Estado.

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O primeiro contato de Hofius com a Plaenge se deu na fiscalização da obra de um viaduto sobre uma ferrovia em Ortigueira, em 1986, último ano de mandato do governador José Richa. Frederico, o fiscal, conheceu o engenheiro Lauro Sakurai. coordenador da obra. – O dner atribuía notas para o desempenho de cada empresa. E Lauro Sakurai demonstrou um enorme empenho para atender aos padrões de qualidade. Naquela ocasião, percebi que a Plaenge era uma empresa diferente, preocupada em fazer o melhor, em ter qualidade, em cuidar minuciosamente do projeto. De 1976, quando se formou, até 1980, Hofius jamais tivera dificuldades em conseguir trabalho. Eram tempos de crescimento acelerado. Mas, em 1981, veio a primeira crise. Em 1983, mais uma. E assim o país foi passando de crise em crise até a espiral inflacionária que começou com o fracasso do Plano Cruzado. No difícil ano de 1987, Hofius deixou o cargo que vinha exercendo na Secretaria Estadual de Indústria e Comércio e se lembrou da Plaenge. Telefonou para Lauro Sakurai. A primeira obra de Frederico Hofius na Plaenge foi uma fábrica da Coca-Cola em Goiânia. Era a primeira de muitas obras industriais complexas, em que Hofius precisou usar todos os seus conhecimentos de engenharia, gestão industrial e relações humanas. – Engenharia é a técnica. Mas, para chegar a essa técnica, você precisa das pessoas. E aí você precisa administrar pessoas, administrar conflitos. Tem que ter psicologia e jogo de cintura – e isso está longe da engenharia. O engenheiro é mais reto, mais certinho. Portanto, a experiência com administração me ajudou bastante.

» Frederico Hofius: "Percebi que a Plaenge era uma empresa diferente, preocupada em fazer o melhor" 101


Hofius participou da primeira obra da Plaenge fora do Brasil – na Venezuela – e teve papel importante na implantação do primeiro sistema de qualidade (iso 9002). Na área residencial, ele ajudou a criar as regionais de Curitiba e Joinville. – Sinto-me honrado por participar efetivamente de grandes marcos da empresa. Ajudei a escrever parte da história da Plaenge. E tudo começou com aquele viaduto.

Dr. Theophilo contr a o Tir anossaurus rex

» O advogado Frederico Theophilo: desafios do sistema tributário brasileiro – O empresário brasileiro é um dos maiores experts do mundo em sobrevivência. O advogado Frederico Theophilo sabe do que está falando. Desde 1979, quando veio de Fortaleza para Londrina, ele ajuda a Plaenge em questões tributárias. – A Plaenge tem o mérito de ser uma das empresas mais corretas e sérias no cumprimento de suas obrigações fiscais e sociais.

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Cumprir a legislação tributária no Brasil não é uma tarefa simples. Trata-se de um universo jurídico instável, em constante expansão. O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário indica a existência de 3 milhões de normas tributárias no país. Todo dia, saem novas normas. São 5.600 municípios, 26 estados, o Distrito Federal e a União – cada qual legislando por si mesmo em matéria de impostos, com um só objetivo: arrecadar cada vez mais. A proliferação de normas fiscais aumenta a insegurança do empresário – e a responsabilidade do advogado tributarista. Além das prateleiras forradas de livros jurídicos, Theophilo acompanha diariamente pela tv Justiça o julgamento de questões tributárias. Em novembro de 2009, publicou o livro Questões recentes do direito tributário e processual tributário, com 26 causas importantes de sua carreira. Seu banco de jurisprudência, iniciado em 1981, tem mais de 50 mil ementas selecionadas. Dr. Theophilo precisa estar sempre alerta, porque seu oponente é feroz. Trata-se do Tiranossaurus rex, o maior computador do Brasil, que mora numa caverna chamada Receita Federal. Não por acaso, Tiranossaurus rex vem a ser o nome do maior e mais letal predador entre os dinossauros. A diferença é que os répteis gigantes de carne e osso estão extintos há milhões de anos; mas o jurássico estatal está a cada dia mais vivo e esperto. Qualquer movimento financeiro suspeito, do mais pacato contribuinte brasileiro, faz acender uma luzinha no Tiranossaurus. O software do megacomputador também leva um nome sugestivo: Harpia. Na mitologia, a Harpia é o ser que vem buscar as almas para levá-las ao inferno. – Não há equilíbrio na relação entre o fisco e o contribuinte. O fisco tem todo acesso, toda prioridade, toda vantagem. Você, o contribuinte, é totalmente esmagado! A Plaenge conseguiu sobreviver ao apetite do fisco nestes 44 anos porque jamais dá passos em falso. “Nenhum crescimento ou ganho justifica riscos excessivos”, diz o quarto princípio norteador da empresa. – Em todas as atitudes que vai tomar para o futuro, a Plaenge faz uma prospecção completa. Não apenas no campo tributário, mas também nas áreas financeira e bancária. A Plaenge corre o risco natural do mercado, mas não corre o risco impensado, proposital. Com ela não existe a história de “não quero pagar esse tributo e daqui a cinco anos vamos ver como é que está”. Isso é um comportamento de exceção entre o empresariado. Se há uma discordância da Plaenge com o fisco, a empresa entra com a ação e deposita o valor discutido em juízo. É o caso, por exemplo, do pagamento de iss (Imposto sobre Serviços), que vinha sendo cobrado por prefeituras nos empreendimentos da construtora. Dr. Theophilo explica: – Nós questionamos o pagamento do iss porque a Plaenge constrói o prédio em terreno próprio e vende o apartamento. Se você quiser chegar à Plaenge e comprar um apartamento,

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assina uma promessa de compra e venda. Como ela constrói em terreno próprio, não deveria pagar iss, porque ninguém presta serviço a si mesmo. Ela está sujeita ao Imposto de Transmissão de Bens Imóveis. Se uma empresa paga uma coisa, não paga outra. Mas os municípios querem receber os dois! Nas pendências judiciais que a Plaenge ganhou, observa-se mais uma vez a imensa desigualdade entre o Estado e as empresas e indivíduos. Por exemplo, numa ação contra o Estado do Paraná, movida em 1990, a Plaenge obteve ganho de causa em 1995. O precatório até hoje não foi pago. Essa desproporção se torna mais absurda quando se sabe que o cidadão comum tem um prazo de vida muito menor que o do Estado: – Se eu for autuado, tenho que responder em 30 dias. O Estado não tem prazo nenhum para julgar o meu processo. Se você entra com um processo, seu advogado tem que cumprir despachos em cinco dias. E o juiz não tem prazo nenhum, os processos chegam a durar 20, 25 anos. A Fazenda tem o prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer. O advogado lembra que este é o país em que se fez tabelamento de preços em 1986; em que se bloqueou a poupança da população em 1990; em que se quebrou o sigilo bancário administrativo em 2001. – Hoje, qualquer fiscal da Receita pode chegar ao banco e dizer: “Quero cópias de todos os cheques e todos os movimentos bancários do João”. Certa vez, quando Frederico Theophilo estava começando a advogar, um cliente veio pedir a ele que “quebrasse um galho” na Receita. A resposta foi dura: – Meu amigo, se eu quisesse quebrar galho de alguém, teria continuado a ser fiscal da Receita. Trabalhei lá por 11 anos. Se eu saí, é porque quero fazer o trabalho correto. Eu não quebro galhos! Apesar de tudo – da voracidade do fisco, dos quebradores de galhos e da insegurança empresarial – Frederico Theophilo acredita que as coisas tendem a melhorar no país. E a Plaenge, para ele, é uma empresa que autoriza essa visão otimista. – Há coisas que só vão mudar com o tempo. O país ainda é muito jovem, mesmo assim as coisas mudaram para melhor nos últimos 20 anos. Não é o presidente, não é o governo, é a nossa história. A expectativa de vida cresceu, as informações chegam mais aceleradamente a todos. Veja o caso da Plaenge, uma empresa que sempre buscou a solidez. Veja o caso do Ézaro Fabian, que nunca se comportou como o dono da empresa, apesar de ter sido o maior acionista. Nestes 35 anos com a Plaenge, posso contar nos dedos as reuniões que tive com ele – pois a empresa delega funções e responsabilidades a outras pessoas. Hoje em dia eu encontro com o Ézaro caminhando à beira do Lago...

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A energia invisível Ninguém vê a eletricidade. Mas basta uma queda de energia elétrica para sentirmos a importância que ela assumiu em nossa vida. Brazil Alvim Versoza é um especialista no tema: – Estamos envolvidos em eletricidade, o tempo todo. Se conseguíssemos enxergá-la, ficaríamos loucos. Aqui, nesta sala, há ondas eletromagnéticas das operadoras de celular, deste monitor, desta luminária. Onde existe uma fiação, há um campo eletromagnético. Responsável desde 1994 pelos projetos elétricos da Plaenge, Brazil se interessa pelo assunto desde criança, na época em que era vizinho e colega de escola dos irmãos Alexandre e Fernando Fabian no Colégio Hugo Simas, em Londrina. Ele se lembra das antigas instalações elétricas – grotescas caixas que escondiam imensos fusíveis e um emaranhado de fios isolados por tecido. Até algumas décadas atrás, uma casa ou apartamento tinha relativamente poucos equipamentos elétricos: além da iluminação, havia o chuveiro elétrico, o ferro de passar roupa, a geladeira, o liquidificador, a batedeira de bolo, a televisão. Mas nos últimos anos, numa rapidez impressionante, aumentaram as cargas, o consumo, a complexidade das instalações elétricas. As três grandes áreas da engenharia elétrica – eletrotécnica, eletrônica e comunicações – foram se aproximando cada vez mais. Hoje tornou-se difícil saber onde começa uma coisa e termina outra. As áreas convergiram. – Antigamente, só havia telefone na sala e no quarto do pai. Hoje, não apenas uma casa tem vários pontos de telefone, como é preciso ter instalações de internet, banda larga, automação e controles. Surgiram as cargas de ar-condicionado, eletrodomésticos mais variados e potentes, equipamentos eletrônicos e circuitos microprocessados. Tudo tem de estar previsto no projeto elétrico. Em 20 anos de parceria, Brazil já fez mais de 100 projetos para obras residenciais e industriais da Plaenge em Londrina, Campo Grande, Cuiabá, Campo Grande e Curitiba. Nesse período, a evolução da engenharia elétrica, princi-

» O engenheiro Brazil Alvim Versoza: "A energia elétrica nos envolve o tempo todo"

palmente em telecomunicações, foi vertiginosa.

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– Quando eu comprei meu primeiro aparelho de fax, em 1989, paguei 1,4 mil dólares. Hoje custa 300 reais. Até 94, quando chegou o AutoCAD, fazíamos os projetos elétricos na prancheta, com tinta nanquim e benzina para desengordurar o papel. E como eu poderia imaginar, quinze anos atrás, que teria quatro computadores em casa, todos funcionando com sistema wireless? Há dez anos, eu tinha um computador só, com conexão discada. Cada um dos meus quatro filhos tinha horário para usar o computador. As novidades continuam surgindo com muita velocidade. Hoje a Plaenge prevê a automação dos apartamentos. No futuro próximo, o morador vai baixar as persianas, fechar as janelas, programar o ar-condicionado, a televisão e a iluminação utilizando o mesmo controle automático. – Os futuros clientes, mais jovens, acostumados com a tecnologia, precisam encontrar os espaços adequados para a automação. Em pouco tempo, isso será uma exigência natural das pessoas. O apartamento dos Jetsons – antigo desenho animado futurista – está ficando mais próximo da realidade. E a Plaenge vem se preparando para isso há muito tempo. Em 1995, foi lançado o Edifício Philadelpho Garcia. Concluído em junho de 1997, foi o pioneiro na linha dos prédios inteligentes, hoje largamente copiada pela concorrência. O edifício tinha uma série de inovações que se transformaram em necessidades básicas, até mesmo lugares-comuns: sistema de câmeras nas entradas; controle de acesso por cartão magnético; controle infravermelho em todos os muros; sensor de vazamento de gás; monitor de bombas e cisternas; câmeras de segurança em diversos ambientes; entrada compartimentada de dois tempos. – Essas coisas viraram itens de série, presentes em qualquer edifício hoje em dia. Uma característica da Plaenge foi sempre buscar profissionais proativos, que se atualizam, que se antecipam às necessidades. Brazil é assim. Não fica esperando o mercado cobrar soluções. A solução, se possível, deve vir antes do problema. Um tema que vem preocupando Brazil ultimamente é o automóvel elétrico. – Tenho pensado muito nisso. Se no futuro houver muitos carros movidos a eletricidade, como fazer o abastecimento dos carros na garagem dos condomínios? Já estou pensando numa solução: um medidor para compra de energia. Cada morador terá uma espécie de “parquímetro” na garagem para poder abastecer de eletricidade seu carro. Outro assunto que vem merecendo a atenção de Brazil é a energia elétrica sem fio, que já vem sendo desenvolvida no exterior, ainda em fase de pesquisas. – No futuro, as tomadas terão dispositivos que vão transmitir energia elétrica pelo ar. Um celular, por exemplo, não precisará ser conectado à tomada. Vai ser recarregado através do ar. A eletricidade não pode ser vista. Mas quem trabalha com ela precisa enxergar muito longe – além da curva.

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Uma gota de água – A gota de água que cai no seu telhado, se não for aproveitada, vai cair no piso, do piso vai para a galeria, da galeria para o córrego, do córrego para o lago, do lago para o rio, do rio para o mar. Se você não reaproveitá-la, a gota vai para o mar. O engenheiro Valdir Carrion conhece o ciclo das águas. É ele que desenvolve a maioria dos projetos hidráulicos para obras da Plaenge. Formado em 1983, ainda estudante já fazia projetos para a construtora desde 1980, como estagiário no escritório do engenheiro Manoel Gregório. No final dos anos 80, abriu sua própria empresa, a Hidráulica Carrion. E continuou trabalhando com a Plaenge. Curiosamente, na infância também foi vizinho de Ézaro Fabian, no Jardim Shangri-Lá, em Londrina. – Sou um pouco mais velho que o Alexandre e o Fernando Fabian e os conheço desde pequenos. Filho do carpinteiro e mestre de obras Antonio Carrion, Valdir sempre se interessou pelos segredos e técnicas da engenharia hidráulica. A evolução técnica na área não foi tão grande como na eletrotécnica, nas telecomunicações e na informática. De modo geral, os livros antigos de hidráulica continuam valendo, os princípios são os mesmos. As principais novidades em hidráulica – e na casa do futuro – estão relacionadas ao conforto, ao design e à racionalização do consumo. Os materiais também mudaram. Antigamente, havia tubulações de ferro galvanizado para água fria e quente e ferro fundido para esgoto e águas pluviais. Depois, surgiu o pvc, que substituiu os metais. Durante muito tempo, o cobre prevaleceu nas instalações de água quente. Há poucos anos, surgiram no mercado brasileiro materiais plásticos que resistem a altas pressões e temperaturas. Os equipamentos de metal se modernizaram, aperfeiçoou-se o controle de vazão. O bom projetista de hidráulica, diz Carrion, é igual ao bom juiz de futebol: quando trabalha bem, ninguém se lembra dele. – Ninguém telefona para dizer que o projeto hidráulico ficou bom. No máximo, vão ligar para a arquiteta Luiza Bohrer para dizer que o projeto do banheiro ficou lindo. Mas se aparece um vazamento ou infiltração... Nos prédios da Plaenge, o lazer e o conforto têm gerado muitas demandas para o projetista hidráulico. São edifícios com sistemas de aquecimento de água, banheiras, espaços de lazer, piscinas convencionais, piscinas térmicas, spas, ofurôs, saunas, hidromassagens. A racionalização do consumo deixou de ser uma preocupação exclusiva das indústrias e se tornou também um item importante nos condomínios. Em 2009, a Plaenge entregou a primeira obra com selo verde (Green Building) do Brasil: a fábrica da Matte Leão (do

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grupo Coca-Cola) em Curitiba. Carrion assinou o projeto hidráulico, repleto de exigências técnicas para garantir a certificação internacional. Mas ele acredita que, em poucos anos, o selo verde passará a ser meta de empreendimentos residenciais. – A Plaenge já tem essa preocupação. Todos os prédios têm medição individual de água e gás. A individualização estimula a economia de recursos. Em quase todos os edifícios, a construtora adota o sistema de aproveitamento de água da chuva. Para o futuro próximo, Carrion antevê a implantação de sistemas de reúso, já adotado em obras industriais e comerciais. – A ideia é pegar o esgoto de lavatórios, chuveiros e lavanderias (não o esgoto de vasos sanitários nem de mictórios). São águas que não têm resíduos orgânicos em abundância. Pega-se esse esgoto, faz-se o tratamento dessas águas e usa-se para lavagem de pisos e veículos e descargas em bacias sanitárias. A preocupação ambiental fez com que a Plaenge decidisse não perfurar poços artesianos em seus empreendimentos. Carrion explica: – O poço traz uma economia para o condomínio, mas não é ecologicamente recomendável. O poço artesiano retira a água de um lençol subterrâneo e acaba diminuindo a vazão das minas de águas naturais que vão realimentar os rios. Ninguém pensa nisso, mas a Plaenge pensa. Nos anos 2000, a Plaenge iniciou uma série de eco-empreendimentos. Um dos mais ousados lançamentos do tipo foram os Jardins do Jatobá, em Campo Grande. Era um terreno com 27 mil metros quadrados de área total, 400 apartamentos, lago e uma nascente de água. Com quatro edifícios, o primeiro entregue em 2004, os Jardins do Jatobá têm leitura de hidrômetro por telemetria, gás natural, coleta de lixo reciclável, canaleta para coleta de sólidos, 15 mil metros quadrados de área verde e controle de enchentes. É difícil para Valdir Carrion destacar um só empreendimento da Plaenge: afinal, ele já fez mais de 200 projetos hidráulicos para a construtora. Em cada um deles, o volume de trabalho é impressionante. Tome-se como exemplo o Edifício L’Essence, em Londrina (cujo mestre de obras é Alcione Mendes). São 120 apartamentos. Cada apartamento tem 5 banheiros. São, portanto, 600 banheiros. Em cada prédio, há em média 50 mil metros de rede hidráulica. Isso mesmo: 50 quilômetros de canos. Em cada apartamento, há 400 conexões de água quente, fria e esgoto (cotovelos, tês, adaptadores, curvas). São mais de 50 mil conexões por prédio. Por apartamento, há 30 registros. São 3.600 registros no edifício. – Se surge problema com cinco ou seis registros, convenhamos, é muito pouco. Mas quando acontece o incômodo para o morador é muito grande!

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» Valdir Carrion: engenho e arte nas instalações hidráulicas A parceria de Valdir Carrion com a Plaenge é antiga, e remonta à figura de seu pai, o carpinteiro e mestre de obras Antonio Carrion. Um velho amigo dos primeiros tempos da construtora. Lauro Sakurai recorda: – Seu Antonio era um homem simples, de origem agrícola, muito competente e perspicaz. Prestou excelentes serviços à Plaenge. Quando contratávamos um serviço com ele, podíamos ficar tranquilos – a qualidade, o prazo e o preço eram rigorosamente mantidos. Muito antes de usarmos a palavra, ele foi um verdadeiro parceiro da Plaenge. Ézaro Fabian, antigo vizinho da família Carrion, também tem boas lembranças do mestre de obras: – Era muito sério, falava pouco. Ótimo carpinteiro, caprichoso no trabalho. Tinha um desempenho tão bom que acabou trabalhando quase que exclusivamente para a Plaenge. Quem trabalha com carpintaria tem mais prazer com o serviço, tangencia a arte. Nossa tendência era contratar para mestres o pessoal de carpintaria. É um pessoal com mais habilidade, dedicação, preocupação. Quando ouve o nome de Antonio Carrion, Valdir fica em silêncio por alguns instantes. E uma gota escapa dos olhos do filho do mestre.

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As vidas de Manoel J. Gregório Manoel J. Gregório foi um dos primeiros construtores de Londrina. Chegou à cidade em 1935 e foi responsável pela construção dos prédios do Colégio Mãe de Deus, antigo Fórum, atual Biblioteca Pública Municipal, Centro de Saúde e o primeiro Presídio e Delegacia Pública de Londrina. Chegou até mesmo a fazer um patrimônio considerável. No entanto, com a morte do patriarca, a família entrou em declínio financeiro. Enquanto o avô era vivo, a família de Manoel Gregório teve certa estabilidade. Nascido em 1947, ele chegou a cursar o científico no Colégio Mackenzie, em São Paulo. Voltou a Londrina para trabalhar e estudar em escola pública. Visitando o túmulo do avô, seu grande inspirador e exemplo de vida, fez uma promessa: – Meu avô, não é por acaso que nós temos o mesmo nome. Aqui, diante da sua lápide, eu prometo recuperar o patrimônio que o senhor construiu. Contando os trocados, Manoel conseguiu ir para Curitiba estudar engenharia. O sacrifício foi grande: o universitário dava aulas de matemática em cursinhos noturnos para se sustentar. Com muito esforço, conseguiu se formar em 1970. Mesmo com todas as dificuldades, Manoel casou-se com Telma Regina em 1971. Depois de formado, Manoel voltou para Londrina e conseguiu um emprego de engenheiro da Secretaria de Obras na Prefeitura e foi aprovado em concurso público para exercer o cargo de professor da disciplina de hidráulica, do curso de engenharia civil, e iniciou sua carreira no magistério. De dia, fiscalizava obras para a Prefeitura.

» Manoel Gregório: neto de pioneiro e espírito de empreendedor

À noite, dava aulas na escola técnica Ipolon.

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Comprou um carro – um Fusca 1953. Pagou em 36 prestações. O prefeito Dalton Paranaguá decidiu nomeá-lo como secretário municipal de Obras. O engenheiro tinha 22 anos de idade. Durante uma fiscalização, Manoel conheceu o engenheiro Ézaro Medina Fabian. – Ele tinha acabado de criar uma empresa própria. O nome Plaenge ainda não existia. Ele estava fazendo uma pequena obra residencial. Ézaro chegou com um Fusca quase tão velho quanto o de Manoel Gregório. A primeira impressão foi a melhor possível. Manoel teve ali uma imagem do futuro: – Notei que ele estava muito acima de simplesmente fazer uma casa. Começava ali uma parceria. Mais de 40 anos depois, Manoel Gregório comenta: – O Ézaro é o meu melhor amigo. Em 1974, anos depois de ter deixado a Prefeitura, Manoel entrou para a Plaenge, onde trabalharia por cinco anos. Participou de diversas obras em Londrina e outras cidades. Por um tempo, morou em Foz do Iguaçu, onde coordenou obras para a Hidrelétrica de Itaipu. Manoel Gregório era o principal engenheiro da Plaenge e ganhava o maior salário da empresa – maior até mesmo que o de Ézaro Fabian. Para surpresa geral, pediu demissão em dezembro de 1978. – Disseram que eu estava louco. Eu tinha três filhos pequenos e um dinheirinho na poupança. Mas achei que não era justo ganhar mais que o Ézaro, que o Mário Numata, que o Lauro Sakurai, o Sérgio Sorgi. O desempenho deles era muito melhor do que o meu! Apesar de tudo, sair da Plaenge foi a decisão mais difícil da minha vida. Ézaro ficou chateado com a decisão de Manoel. Mas o engenheiro tinha seus planos: abriu uma empresa de projetos hidráulicos, onde o jovem Valdir Carrion trabalhou como estagiário. No início, foi difícil. Manoel quase não tinha clientes. Fazia pequenas obras residenciais. – Quando soube que eu estava em dificuldades, Ézaro me chamou para fazer o projeto de uma fábrica da Coca-Cola no Rio de Janeiro. Imagine, eu não estava conseguindo pegar projeto de banheiro, fui fazer uma fábrica da Coca-Cola! Em poucos anos, a empresa de Manoel Gregório se tornou uma das maiores do país na área de projetos hidráulicos. Atuou em mais de 6 mil empreendimentos no país inteiro. Durante uma época, chegou a comandar uma equipe de 13 engenheiros, já em sociedade com Valdir Carrion, após este se formar no curso de engenharia civil. Nos anos 90, se desligou da empresa de projetos hidráulicos e passou a se dedicar ao mercado de locação e avaliação de imóveis.

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Ainda encontra tempo para se dedicar à literatura. Escreveu um resumo dos sete volumes da obra Em busca do tempo perdido, do francês Marcel Proust. – A minha vida tem sido mágica. E mágico também foi o crescimento da Plaenge nesses 44 anos. Ela me ensinou muito. Eu me lembro de um dia em que o Ézaro me disse que não era chefe de ninguém. Aliás, ele é o antichefe. É o líder. Diante do Ézaro, você não consegue ter pensamentos negativos. Ele tem uma forma iluminada de ver as coisas. Manoel Gregório, o leitor de Proust, certamente concordaria com a afirmação do autor francês de que são necessários 100 anos para formar um homem – lição que Ézaro sempre seguiu.

Crescimento em Londrina No final dos anos 90, a operação da Plaenge em Londrina na área residencial era a menor dentro do Grupo, apesar de ser a cidade de origem da construtora. As regionais de Campo Grande e Cuiabá vendiam muito mais apartamentos, vivendo uma fase de crescimento acelerado, enquanto o mercado imobiliário em Londrina era mais difícil na época, com custos e margens de lucro mais apertadas. Em média, Londrina tinha menos da metade das vendas de Campo Grande e Cuiabá. Enquanto Campo Grande, por exemplo, vendia 100 apartamentos por ano, Londrina não passava de 40. – O mercado em Londrina é complicado, pois o público tem um padrão de exigência alto, embora tenha um poder aquisitivo um pouco menor que em outras cidades do mesmo porte – explica o diretor Fernando Fabian. Com a crise e falência da Encol, Fernando viu a oportunidade para uma série de mudanças, tanto na qualidade dos produtos, quanto na política de atendimento, pesquisa e marketing. Pouco a pouco, a Plaenge passou a vender mais apartamentos em Londrina, principalmente na Gleba Palhano. Cuiabá e Campo Grande também cresciam, mas em um ritmo menor. Em 2002, um ano antes da mudança de Fernando Fabian para Curitiba, a Plaenge em Londrina atingiu um patamar de vendas igual ao de Cuiabá e Campo Grande. Outra característica importante desse período foi a participação da Plaenge no Sinduscon Norte (Sindicato das Indústrias de Construção Civil do Norte do Paraná). A ligação com o Sinduscon vinha de longa data. No final dos anos 70, Ézaro Fabian havia liderado um movimento dos construtores da região para formar uma unidade independente do Sinduscon Paraná, cuja sede era em Curitiba.

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O engenheiro e empresário Clóvis Coelho lembra a atuação de Ézaro na época: – Ele ressaltava a importância de que tivéssemos independência em relação a Curitiba. O Norte do Paraná vivia uma fase de crescimento, não podíamos ficar dependendo de decisões tomadas na capital. O Sinduscon precisava ficar mais próximo. Depois de muita briga, a independência foi declarada, e Ézaro Fabian se tornou o primeiro presidente do Sinduscon Norte, de 1980 a 1984. Clóvis admirava-se: – Eu ficava pensando como é que podia um empresário tão bem-sucedido ficar cuidando do Sinduscon... Mas o Ézaro era e é assim. Sempre foi muito democrático e aberto ao diálogo, gosta de ouvir todas as opiniões antes de decidir. Ele foi o nosso grande men-

» Clóvis Coelho: desafios na criação

tor, o catalisador da construção civil em Londrina.

do Sinduscon Norte

No final dos anos 90, Fernando Fabian assumiu

uma diretoria do Sinduscon Norte, durante a presidência de Clóvis Coelho. Juntos, eles tiveram uma participação importante no Conselho Municipal de Urbanismo, órgão que cuida do planejamento da cidade. A atuação do Sinduscon foi decisiva para garantir equilíbrio e harmonização no crescimento urbano. Em 2000, passou a vigorar o novo Código do Consumidor. O Sinduscon Norte tomou a iniciativa de adaptar a nova legislação ao setor da construção civil. – O Código do Consumidor é muito avançado, mas não é específico para o nosso tipo de produto – diz Fernando Fabian. – Na construção civil, até onde vai a garantia da empresa, até onde vai o direito do consumidor? Era preciso deixar isso muito claro. Sinduscon e Procon elaboraram juntos um protocolo de garantia para imóveis. Era o denominador comum entre os direitos dos clientes e das construtoras. Deu tão certo que o protocolo de Londrina seria usado como modelo para outras cidades. – Criamos um modelo para esclarecer a relação entre as empresas e as pessoas – comenta Fernando. – A atuação do Sinduscon Norte é um exemplo de como o segmento imobiliário pode contribuir para a cidade. A Plaenge contribuiu para o Sinduscon, e o Sinduscon contribuiu para Londrina.

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A história de um cartão-postal

» Ewerton Cangussu às margens do Igapó 2: "Naquele tempo, a Gleba Palhano era só uma esperança" O dentista e professor universitário Ewerton Cangussu fica muito feliz quando Caio lhe faz um convite ao final da tarde: – Pai, vamos passear no nosso lago? O simples convite do filho faz Ewerton evocar uma série de episódios importantes – não apenas para a vida pessoal dele, mas para a cidade de Londrina. Episódios de uma luta que se estendeu por pelo menos seis anos – de 1998 a 2004 – e cujos resultados se fazem sentir até hoje. O Lago Igapó 2 é o espelho fiel dessas lembranças. Nascido em Telêmaco Borba, Ewerton veio para Londrina em meados dos anos 90, como funcionário do Banco do Brasil. Tinha planos de ficar apenas alguns meses e depois ser transferido para Curitiba, mas se apaixonou pela cidade. Em Londrina, a vida de Ewerton deu uma guinada. Formado em Administração de Empresas, decidiu deixar o emprego no banco para cursar Odontologia. Em 1995, mudou-se para a Rua Montevidéu, entre o Parque Guanabara e a Gleba Palhano. – A Gleba, naquele tempo, era só uma esperança. Os primeiros edifícios residenciais estavam sendo construídos, mas a paisagem em torno do Lago era desoladora: mato com mais de dois metros de altura, proliferação de animais e doenças, quase nenhuma infraestrutura urbana, acúmulo de lixo e entulho.

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Interessado em melhorias para a região, Ewerton se aproximou da Associação de Moradores Altos do Igapó (Amai), que representa os bairros Gleba Palhano, Guanabara, Jardim Cláudia e uma parte do Jardim Bela Suíça. Depois de um tempo na diretoria, Ewerton se tornou presidente da entidade. Havia muito por fazer. Na verdade, havia quase tudo por fazer. Numa das reuniões comunitárias promovidas pela Amai, Ewerton conheceu Fernando Fabian e Célia Catussi, gestores da Plaenge. – Logo percebi que a empresa tinha interesses comerciais na região, mas estava genuinamente preocupada com o bem-estar da comunidade. Eles não queriam apenas vender apartamentos e ir embora. Queriam desenvolver a região. Mesmo com todos os problemas do Igapó 2, Ewerton acreditava no potencial do lugar. Sabia que o Lago 2 poderia se transformar num cartão-postal da cidade – como de fato veio a ser. Os primeiros contatos com a prefeitura foram desalentadores. A indiferença do poder público era quase total. O prefeito da época, para se livrar do incômodo, propôs passar a administração do Lago para a Amai – algo que legalmente era impossível. Na época, Ewerton reagiu: – Prefeito, o senhor não está conversando com pessoas desinformadas. Temos noção dos aspectos jurídicos que isso envolve. A responsabilidade pela região é do município. Mesmo assim, os moradores não ficaram de braços cruzados. Com a ajuda da Plaenge, a Amai fez uma campanha para remover o lixo e o entulho jogados no fundo de vale. Uma campanha que começou a despertar a cidade para a importância daquela região. O jogo começou a virar mesmo um pouco mais tarde, já em outra gestão municipal, quando a Amai passou das negociações para os protestos de rua. Com carro de som, a Amai organizou manifestações incisivas. Fecharam a Avenida Higienópolis e a Rua Bento Munhoz da Rocha Neto, exigindo mudanças na região. A imprensa deu ampla cobertura aos protestos – afinal, era um problema real numa região importante da cidade. – Chegamos a ouvir desaforos. Depois de um protesto sobre as condições de trânsito na região, um secretário chegou a dizer que nós deveríamos usar helicóptero em vez de automóvel. Apoiadora efetiva da causa, a Plaenge elaborou um projeto de revitalização do Igapó 2 e adjacências. O plano era transformar o matão abandonado em cartão-postal da cidade – com arborização, calçamento, pista para caminhada, plantio de mudas nativas, instalação de lixeiras, iluminação e outros benefícios. Uma mudança completa na paisagem do Igapó 2. Foi quando, inexplicavelmente, a Prefeitura decidiu esvaziar o Lago Igapó. Durante vários meses, em 2001, o cartão-postal da cidade se transformou num imenso brejo.

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– O Lago foi esvaziado e abandonado, numa decisão tomada da noite para o dia, sem apoio da população. Chegou a crescer vegetação. Foi como se a região ficasse com as vísceras expostas. Depois de muita luta e negociação, em 2003, a Prefeitura resolveu tomar uma atitude séria e revitalizar o Igapó 2. O curioso é que o município acabou apresentando um projeto praticamente igual ao elaborado pela Plaenge. A abertura das avenidas Ayrton Senna e João Wyclif também fez parte do processo que transformou a Gleba Palhano na região mais nobre de Londrina. Mas Ewerton lembra que essas obras não surgiram do nada, ou da simples boa vontade dos administradores. – Sem a luta da Amai e da Plaenge, aquela região não teria se desenvolvido. Pelo menos não no horizonte de tempo em que aconteceu. Foi necessária uma luta exaustiva, de vários anos... Meu filho cresceu acompanhando essa luta. Tenho fotos dele, com dois anos, ao meu lado no carro de som. Ainda há muito a fazer na Gleba Palhano – e até hoje a Plaenge atua como parceira da Amai na busca de melhorias para o bairro. Ewerton Cangussu já não é mais presidente da Amai, mas sente uma alegria enorme quando Caio o convida para passear no “nosso lago”. E fica ainda mais feliz quando vê os prédios da Plaenge durante a caminhada, sabendo que aquela bela paisagem tem uma bela história.

A conquista dos Pinheir ais

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Atuação em Curitiba: conquista de um mercado exigente e desafiador

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No início dos anos 2000, o Grupo Plaenge decidiu iniciar operações em mais uma cidade. A dúvida ficou entre Curitiba e Goiânia, ambas capitais importantes, com mais de 1,5 milhão de habitantes. Goiânia era a opção mais fácil. Capital do Centro-Oeste, muito semelhante a Campo Grande e Cuiabá, passava por um período de grande crescimento. Curitiba era mais difícil. Com maior poder aquisitivo, a capital paranaense é conhecida por ser um dos mercados mais exigentes do país, usual cidade-teste para lançamento de novos produtos de qualquer segmento. Todas as restrições que se possam fazer a um produto aparecem antes em Curitiba. Além disso, a capital do Paraná estava atravessando uma séria crise no mercado imobiliário. O público estava com medo de comprar apartamentos na planta, por causa dos atrasos na entrega de edifícios, e as empresas locais se mostravam descapitalizadas e frágeis. Mas, apesar de todos os problemas, Curitiba era a melhor escolha a médio e longo prazo. Tinha um maior potencial de crescimento e é uma das capitais mais importantes do país, além de ser a capital do Estado em que a Plaenge nasceu. – Escolhemos o caminho mais difícil, mas é o que nos faria crescer mais como empresa – lembra Fernando Fabian, que foi designado para coordenar a nova regional em Curitiba. Ao conversar com diretores de banco e empresários da área de imóveis, Fernando ouviu muitos comentários desencorajadores. – O que mais escutava era: “Vocês vêm para cá com esta crise? Vocês têm certeza de que vão conseguir entrar aqui?” Antes de lançar o primeiro projeto em Curitiba – o edifício Le Corbusier –, a Plaenge realizou minuciosa pesquisa sobre o comportamento e os desejos dos consumidores na capital. Surgiram informações curiosas – e importantes. A pesquisa apontou uma insatisfação generalizada com o conforto térmico dos apartamentos. Curitiba é a capital mais fria do país, com 155 dias de chuva por ano, e os consumidores reclamavam que as empresas faziam apartamentos como em qualquer outra cidade. Fernando Fabian contratou um especialista em conforto térmico da Universidade Federal do Paraná, que orientou a equipe da Plaenge no desenvolvimento de um imóvel adaptado ao clima frio e chuvoso. A solução foi criar uma parede dupla na face sul dos prédios – como se fosse um agasalho na parte mais fria do imóvel. Os apartamentos da Plaenge em Curitiba também foram projetados com janelas maiores, permitindo maior entrada de luz e aquecimento natural nos ambientes.

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Outra novidade dos prédios foi a piscina coberta aquecida – porque os curitibanos queriam uma boa área de lazer que pudesse ser utilizada em qualquer período do ano. E o aquecimento das piscinas é feito com energia solar, para não aumentar as despesas de condomínio. O seguro de entrega, a ênfase no atendimento e a preocupação com o meio ambiente ajudaram a consolidar a imagem da Plaenge entre o público local. Em Curitiba, como já havia feito nas outras cidades, construtora garantiu que a experiência de compra fosse a mais tranquila e transparente possível, com informações precisas e confiáveis. No apartamento decorado, por exemplo, sempre ficou muito claro aquilo que faz parte do imóvel e aquilo que não faz parte. O memorial descritivo, o esclarecimento de dúvidas e o acompanhamento pós-compra fizeram com que a Plaenge atingisse 98% de satisfação entre os clientes. Fernando Fabian esperava que a Plaenge levasse dez anos para se consolidar no mercado curitibano. Demorou metade desse tempo. Em 2003, a Plaenge iniciou operações em Curitiba, e em 2008 já estava consolidada, a tal ponto que muitos curitibanos ainda se surpreendem ao descobrir que a Plaenge começou em Londrina.

Dois meninos do interior Quando menino, Alfredo Canezin morava na Avenida Higienópolis e gostava de andar de bicicleta pelas ruas de Londrina. No começo dos anos 60, o pai sempre lhe dizia: – Filho, você não vá passar da Rua Espírito Santo, hein? Depois, é só mato, não tem nada! A cidade acabava ali. Mais além, era perigoso menino se perder. Tempos depois, o pai de Alfredo comprou uma chácara na região rural conhecida como Gleba Palhano. – As crianças só podiam ir para a chácara de carro, junto com meu pai. Eu e meus amigos andávamos a cidade inteira de bicicleta, mas lá era muito longe. Jamais o menino Alfredo poderia imaginar que aquele lugar tão distante se tornasse, décadas depois, o bairro mais nobre e valorizado de Londrina. Hoje, no lugar da chácara dos Canezin, existe um dos maiores supermercados da cidade. A região está repleta de prédios de alto padrão – na maioria, construídos pela Plaenge. Uma nova cidade começou ali. 

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Luiz Conceição Gomes queria ser botânico. Menino de roça, filho do imigrante português José e da sorocabana Conceição Maria, era o caçula de nove irmãos. – Fui um filho temporão. Quando nasci, meus pais tinham idade para ser meus avós, vários irmãos já estavam casados. José chegara ao Norte do Paraná, vindo do interior paulista, em 1940, com um Ford Bigode e três carroções puxados por mula. Comprou uma gleba na região de Bandeirantes e trouxe a família, que incluía os primos portugueses e os amigos italianos. Luiz via o pai comprar e vender produtos agrícolas, mas não tinha vocação para o comércio. Quando chegou a época de fazer faculdade, mudou-se para Curitiba, querendo estudar botânica, mas não tinha condições financeiras para fazer o curso sem trabalhar. Optou pelo curso de Direito, e formou-se com grande sacrifício. – Nessa minha primeira faculdade, eu estudava durante o dia, fazia bicos à noite e dormia nos intervalos. Durante algum tempo, Luiz deu aulas particulares em escolas da periferia. Quando Luiz já fazia o segundo curso superior – Administração de Empresas – um amigo lhe ofereceu a oportunidade de trabalhar como corretor de imóveis, em plantões de final de semana. Luiz resolveu tentar. Nos primeiros meses, o novato era motivo de piada entre os corretores de imóveis mais velhos. Criado no sítio, o rapaz de 24 anos não conhecia bem a cidade de Curitiba, vivia se perdendo nas ruas. Passou a andar com um mapa da cidade debaixo do braço. Tímido, era alvo de chacota dos colegas. Para compensar as deficiências, Luiz estudou. Fez cursos de financiamento imobiliário, matemática financeira e avaliação de imóveis. Leu várias vezes, do começo ao fim, o Plano Diretor e a legislação de zoneamento da cidade. Aprendeu que a sua timidez poderia ser usada em benefício do cliente, transformando-se em respeito e capacidade de ouvir. Para vencer a timidez, chegou até a fazer três cursos de oratória... Por fim, o gurizão que se perdia na cidade mostrou do que era capaz. No segundo ano de trabalho, Luiz foi o campeão de vendas da imobiliária, para surpresa dos profissionais mais antigos e experientes, que eram considerados vendedores imbatíveis. – No começo, eu não gostava de vender. Achava que não tinha nascido para ser vendedor. Mas, aos poucos, descobri que, para ser um bom profissional, ninguém precisa nascer com tino de mercador. Mais importante é respeitar as pessoas, saber ouvir o que elas têm a dizer, assessorar cada cliente com informações precisas, úteis e idôneas. Em 1990, Luiz Conceição Gomes resolveu montar seu próprio negócio. Nascia a Village Desenvolvimento Imobiliário. Como a Plaenge, a empresa começou pequena: um escri-

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tório com mesa, três cadeiras e duas linhas de telefone. Hoje, Luiz lidera meia centena de profissionais, 33 na área comercial, mais os departamentos de marketing, jurídico e administrativo. Em 24 anos de atividade, a Village não tem um único apontamento no Procon.  Em 1980, Alfredo Canezin se formou em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Londrina. O principal homenageado da formatura foi o engenheiro Evaldo Fabian, diretor da Plaenge. Naquela época, a Plaenge tinha apenas dez anos, e já era uma empresa admirada pelos estudantes de Engenharia, principalmente pelas obras industriais. Os alunos do curso disputavam entre si para fazer estágios na construtora. Depois de formado, Alfredo abriu uma empresa de engenharia em Cascavel, Oeste do Paraná. Trabalhava com pré-moldados e concreto. Em 1979, no penúltimo ano do curso, havia feito estágio numa corretora imobiliária, a convite de um primo. Trabalhou uma semana no ramo, mas entregou os pontos:

» Alfredo Canezin, o engenheiro que virou imobiliarista

– Aqui é uma fábrica de loucos, primo. Jamais vou trabalhar com isso!

Canezin fechou a empresa de engenharia em 1984 e voltou para Londrina. Aquele mesmo primo voltou a chamá-lo para atuar no ramo imobiliário. Sua tarefa seria montar um departamento de administração de imóveis. – Eu aceitei, mas com as seguintes condições: não queria fazer atendimento ao público e iria sair assim que terminasse de montar o departamento. Meu negócio é engenharia, falei, não essa fábrica de loucos. Mas o que era para ser provisório virou definitivo. Canezin aprendeu a gostar do contato com as pessoas e, em 1986, montou sua própria imobiliária. Abandonou definitivamente a engenharia; em vez de construir prédios, passou a vendê-los. Já são quase 30 anos de mercado imobiliário. 

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No início dos anos 2000, Luiz Conceição realizou pesquisas de mercado para abrir uma filial da Village Desenvolvimento Imobiliário em Londrina. Foi quando lhe falaram da Plaenge. – Todas as pessoas que eu procurei tinham ótimas referências da Plaenge. Uma empresa que constrói com qualidade, entrega empreendimentos no prazo, respeita contratos e atende bem os clientes. Os londrinenses tinham – e continuam tendo – orgulho por ter uma empresa com aquelas características. Mesmo os que não são clientes. A Village acabou não indo para Londrina, mas a Plaenge foi para Curitiba. Em 2003, Luiz foi procurado por Fernando Fabian. – Ele me contou a história da Plaenge e falou sobre os planos de abrir uma regional em Curitiba. Se a imagem que eu tinha da Plaenge já era boa, o contato com o Fernando tornou-a melhor ainda. Tivemos uma empatia imediata. Luiz se identificou com a forma de trabalhar da Plaenge. Da mesma forma que Ézaro Fabian, nos anos 70, teve que lutar contra a imagem ruim das construtoras, Luiz tivera que superar a má fama dos corretores imobiliários no início da carreira. E a solução, para ambos, foi apostar no respeito e no profissionalismo. Hoje o mercado imobiliário se profissionalizou bastante, e o imediatismo foi substituído pela boa relação com o cliente. – Eu sempre digo às minhas equipes: Vocês estão sempre vendendo imóveis, mas os clientes compram um imóvel a cada dez, quinze anos. Nessa hora, as pessoas precisam ser ouvidas. Comprar uma casa ou apartamento é uma decisão que envolve a vida das famílias. É um coquetel de emoções: satisfação, alegria, felicidade, insegurança e medo. Para ser um bom corretor de imóveis, respeito é fundamental. Respeito e informações confiáveis.  – Um bom corretor de imóveis vive de informações. Ele tem de se preparar muito. É um pouco de psicólogo, um pouco de advogado, um pouco de engenheiro, um pouco de arquiteto, um pouco de administrador. Nós trabalhamos com o dinheiro das pessoas – às vezes com a economia de uma vida inteira –, portanto o respeito é muito importante. E a Plaenge, acima de tudo, tem esse respeito pelos clientes. Alfredo Canezin hoje lidera uma equipe de 70 corretores em Londrina. Desde 1991, preside o Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Paraná (Creci-PR), que hoje representa 10 mil corretores no Estado. A profissionalização é crescente: 70% dos corre-

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tores paranaenses têm formação superior; 30% fizeram curso superior específico para o mercado imobiliário; e o crescimento da construção civil criou para uma expansão de 20% na atividade no Paraná. Em meados dos anos 90, Fernando Fabian procurou Canezin, para trocar ideias e buscar informações. Era o início de uma grande transformação na paisagem urbana de Londrina. – Fernando veio me procurar porque haviam assegurado que, quando eu dizia 100, eram 100, não eram 110 nem 95. Iniciamos uma amizade e trocamos muitas informações. Sempre que a Plaenge pesquisava terrenos para construir prédios, eu fazia a avaliação. Cheguei até a sugerir nomes para alguns edifícios. Para Canezin, a atuação da Plaenge foi decisiva para o desenvolvimento da Gleba Palhano. Com a construção de edifícios de alto padrão, os olhos da cidade se voltaram para aquela antiga região rural, que na infância de Canezin era considerada longínqua. – Depois, é só mato, não tem nada! Agora tem a área urbana mais valorizada do Norte do Paraná.  Na equipe de consultores imobiliários da Village, Luiz Conceição tem dez engenheiros, quatro psicólogos, além de vários administradores e profissionais formados em outras áreas. – São pessoas com história, formação, experiência. Quando entram aqui, aprendem sobre documentação imobiliária, zoneamento da cidade, financiamento e algumas técnicas do ramo. Nada mirabolante. Aqui não existe aquela história antiga de enfiar a mão no bolso do cliente para tirar o cheque. Aqui nós oferecemos informações relevantes para que a pessoa possa tomar sua decisão com segurança. A Village tem tanta identidade com o modelo de negócios da Plaenge, que, mesmo tendo sua própria equipe de corretores, em Curitiba, a Plaenge firmou parceria com a imobiliária de Luiz Conceição em alguns empreendimentos. Para Luiz Conceição, a Plaenge se consolidou definitivamente em Curitiba. A qualidade dos projetos, o modelo de marketing, os apartamentos decorados e o seguro de entrega agradaram o consumidor curitibano, conhecido pelo seu alto padrão de exigência. – Se a Plaenge consegue atender bem Curitiba, consegue atender bem qualquer público. Alfredo Canezin, o menino que andava de bicicleta pelas ruas da Londrina do café, hoje identifica na Plaenge uma qualidade rara e especial:

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– É uma empresa que tem a capacidade de enxergar à frente. Veja os exemplos da Gleba Palhano e de Curitiba. Que outra construtora teria a visão de investir em Cuiabá e Campo Grande nos anos 80? Por isso, eu confio no sucesso da Plaenge. E avalizo!

A emoção de construir Maurício Dallagrana nasceu em Campo Largo, perto de Curitiba. Quando foi cursar o segundo grau profissionalizante, optou pela área de edificações. Na escolha talvez tenha pesado o fato do pai, Augusto, ter sido pedreiro, assim como o avô e os tios. – Acho que o sangue puxou… Desde criança eu acompanhava meu pai nas obras, ajudava a mexer na massa, queria participar da construção. Em 1993, na metade do curso técnico, Maurício teve a oportunidade de fazer estágios em obras. Tinha 17 anos. Formou-se como técnico em edificações e continuou trabalhando numa construtora de Curitiba. Maurício queria aprender mais, seu sonho era ser engenheiro. Com muito estudo e sacrifício, conseguiu passar no vestibular de Engenharia Civil na puc de Curitiba. Graças ao empenho da mãe, Arilde, obteve uma bolsa rotativa, com que o aluno paga 50% do valor das mensalidades e quita o restante depois de formado. Durante a faculdade, conseguiu vaga em outra empresa local, onde ficou por oito anos, de início como estagiário, depois como engenheiro efetivado. Novamente com o apoio decisivo de dona Arilde, Maurício conseguiu pagar o valor total das mensalidades da puc ainda no primeiro ano de curso.

» Maurício Dallagrana, hoje gerente regional da Vanguard Home em Joinville: talento de família

– Não fosse a minha mãe, eu não estaria formado hoje. Ela sempre me incentivou muito, foi atrás das coisas, lutou para dar a melhor formação possível para mim e para minha irmã. A Plaenge logo se tornou uma referência para Maurício nos aspectos técnicos, que se destacavam no mercado curitibano. Ele admirava bastante o sistema de informações dentro do canteiro de obras; o conceito de obra limpa e organizada; e a segurança do prazo de entrega.

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Em 2007, Maurício Dallagrana entrou na Plaenge como engenheiro residente. – Mudei da água para o vinho. Estava acostumado a trabalhar em empresas em que o engenheiro tocava até cinco obras simultâneas. A Plaenge tinha outro conceito. Eu ficaria responsável por uma obra, com todo apoio. Esse respeito pelo profissional me cativou desde o início. Em 2009, Maurício recebeu um convite para trabalhar como engenheiro residente em outra empresa. O salário era mais do que o dobro, mas ele optou por ficar na Plaenge. – O que me fez ficar foi o fato de ter sido acolhido tão bem pela Plaenge, além dos aspectos de credibilidade, respeito e organização. Dificilmente eu encontraria isso em outra empresa. E graças a Deus, tomei a decisão certa. Meses depois, Maurício foi convidado para assumir a direção da nova regional em Joinville, cidade industrial onde a Plaenge iniciou atividades em 2009. É um perfil econômico diferente em relação a outras cidades em que a Plaenge opera. A pirâmide de renda local tem características especiais, o que levou a Plaenge a adotar uma estratégia diferente para seus lançamentos. O engenheiro comenta a sua tarefa na cidade catarinense: – Meu desafio em Joinville tem dois aspectos. Primeiro, eu era muito envolvido com a área de produção; agora estou mais ligado à parte comercial. Depois, Joinville é a primeira cidade em que o Grupo não entrou com marca Plaenge, mas com a marca Vanguard Home. A Vanguard Home tem obtido ótimos resultados, mas tem apenas oito anos de existência. Não tem o mesmo reconhecimento da Plaenge, que tem quarenta e quatro anos, nem poderia ser diferente… Com dois lançamentos no mercado de Joinville – o Jardins Home Club e o Garden Atiradores –, Maurício sabe que tem muito trabalho pela frente. A receptividade do mercado local tem sido muito boa. – A cada dia, aumentamos a nossa credibilidade junto aos nossos clientes e com a comunidade. O Jardins Home Club terá sete torres; o Garden Atiradores, cinco. Como de hábito, a entrega dos apartamentos vem seguindo o prazo pactuado com os clientes. Em 2012, foram entregues três torres do Jardins Home Club; em 2013, uma torre do Garden Atiradores. E já está previsto um terceiro empreendimento da Vanguard Home em Joinville, para consolidar a marca na cidade. Desde que chegou a Joinville, Maurício Dallagranna tem enfrentado novas tarefas com a racionalidade de engenheiro e a garra que herdou da família. Coordenar os trabalhos da Plaenge/Vanguard Home em Joinville é para ele, ao mesmo tempo, aprendizado, desafio e guerra.

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– O aprendizado tem fundamental importância para o meu desenvolvimento profissional. O desafio é o motor que me motiva a construir nosso legado em Joinville. E a guerra acontece dentro de mim, pois a função que desempenho exige um comportamento diferente daquele a que eu estava acostumado quando engenheiro de obra. Alinhar toda equipe é uma tarefa que exige bastante dedicação. Mas, sem dúvida alguma, o resultado é compensador. Quando pequeno, Maurício acompanhava o pai nas obras – e sua maior satisfação era ver o resultado do trabalho, sentimento que ele trouxe para sua vida profissional na Plaenge: – Uma coisa muito forte na construção civil é poder visualizar todo o seu planejamento sendo materialmente realizado: a escolha do terreno, o projeto, as máquinas, as obras, o prédio. É uma satisfação muito grande ver um edifício que você fez – e que muda a face da cidade. O avô Dallagrana ficaria orgulhoso do neto.

Com a engenharia no sangue

» Leonardo Fabian: “Sem o cliente não há engenharia” 125


Leonardo Fabian é o mais jovem dos 15 netos do patriarca Florindo, que hoje fazem parte da nova geração da Plaenge. Nasceu em setembro de 1981, quando seu pai, Evaldo, coordenava a construção de uma fábrica da Coca-Cola no Rio de Janeiro. – Sou londrinense por descendência, carioca de nascimento e curitibano de criação. A exemplo de quase todos os seus primos, Leonardo nunca pensou em seguir outra profissão que não fosse a engenharia. Praticamente nasceu e se criou no canteiro de obras. – Fui alfabetizado com a engenharia. Na infância, eu me lembro de visitar obras e ver construções, de brincar com Lego e outros brinquedos de montar, do tipo construtivo. Quando chegou a época de prestar vestibular, eu não tinha a menor dúvida. Engenharia foi a escolha. Nunca precisei fazer teste vocacional. O primeiro envolvimento profissional com a Plaenge se deu no terceiro ano da faculdade, em Curitiba, quando Leonardo foi estagiário de Frederico Hofius numa obra da Emisa. Mas, antes de começar a trabalhar definitivamente na empresa da família, ele teve duas experiências importantes que o marcariam para toda a vida. Aos 15 anos, em 1997, Leonardo fez um intercâmbio estudantil e morou por um período com uma família de Perth, na costa oeste da Austrália. Ele foi o primeiro intercambista de Curitiba a ir para aquele país. Na época, nem sequer existia voo direto do Brasil para a Austrália. A convivência com uma cultura diferente e a responsabilidade de administrar as próprias despesas fizeram o jovem amadurecer e mudar sua visão de mundo. A outra experiência marcante de Leonardo Fabian, esta no último ano de faculdade, foram doze meses de estágio em Paris. Lá ele estudou numa universidade local e participou de duas obras, uma delas a construção do Museu do Quai Branly, que fica ao lado da Torre Eiffel. – A vida na Austrália é completamente diferente da vida na França, que é completamente diferente da vida no Brasil. Essas duas experiências no exterior eu devo ao incentivo do meu pai. Evaldo sempre gostou muito de viajar e conhecer culturas diferentes. De volta a Curitiba, Leonardo concluiu o curso de Engenharia Civil e recebeu o convite para trabalhar na regional da Plaenge em Cuiabá. Não teve muito tempo para pensar: colocou todas as coisas de seu quarto dentro do carro e tomou o rumo da capital mato-grossense. Lá chegando, foi recebido pelos primos Alexandre Fabian e Rogério Fabian Iwankiw. Durante o ano de 2005, trabalhou com compras de material e segurança do trabalho. Foi importante conhecer essas duas áreas, vitais no processo construtivo. Mas Alexandre e Rogério tinham outros planos para o primo mais jovem. Pela primeira vez, Leonardo trabalharia com a parte comercial de um empreendimento.

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– Foi um choque na minha vida profissional. Eu não tinha a mínima ideia de como se vendia um apartamento. Sabia fazer, mas não sabia vender. Leonardo participou de todas as etapas do lançamento do Duets – um condomínio de duas torres – em Cuiabá, desde a criação do folder até o treinamento da equipe de vendas. Então chegou o grande dia. O dia do lançamento. Leonardo estava nervoso, pois nunca havia tentado vender um apartamento na vida. Mas foi muito diferente do que ele esperava. Preparado para fazer uma complexa negociação, Leonardo recebeu o primeiro cliente, mostrou o apartamento decorado e o folder, explicou como funcionava o parcelamento do preço, mencionou valores… e fechou o negócio! – Quando concluí a venda, até perdi o chão. Porque eu havia me preparado para a guerra… Sorte de iniciante, diriam os céticos. Mas Leonardo não ficou feliz apenas com a venda do apartamento. O envolvimento com a atividade comercial mudou a sua maneira de enxergar a empresa. – Comecei a perceber que o mais complexo na vida da empresa não era a engenharia, mas a venda e o tratamento com o cliente. A engenharia continua sendo muito importante, mas sem o cliente não há engenharia. É ele que vai pagar a conta. Ele é a base. E eu não pensava assim até aquele momento. Leonardo Fabian permaneceu em Cuiabá até o começo de 2007. A Plaenge tinha planos para expansão de atividades. E o mais jovem neto de seu Florindo outra vez preparou as malas. Seu novo destino: Maringá, onde a Plaenge abriria uma nova regional.

Histórias par alelas Paula Gasparetto nasceu em Paranavaí e morou até os 14 anos em Alto Paraná, quando veio com a família para Londrina. Seu plano inicial era se tornar médica. Depois começou a pensar em outras áreas. Chegou a prestar vestibular, em diferentes universidades, para Medicina, Enfermagem, Administração e Direito. Afinal decidiu pela advocacia, formando-se na Universidade Estadual de Londrina, em 2002.  Omar Malouf Ibrahim nasceu em São Paulo, em março de 1968. Veio com a família com dois anos para Nova Esperança, uma pequena cidade a 40 quilômetros de Maringá.

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Paula Gasparetto: “Eu queria trabalhar numa empresa onde pudesse manter meus valores éticos. E a encontrei”

Era o caçula de quatro irmãos, filhos de um comerciante. Assim como Paula, Omar também pensava em fazer Medicina. Prestou o vestibular na Universidade Estadual de Londrina algumas vezes, sem sucesso. Até que resolveu tentar Engenharia Civil.  Por dois anos, Paula trabalhou em um escritório de advocacia. Os clientes, na maioria dos casos, eram bancos. Disciplinada e trabalhadora, ela praticava a advocacia com eficiência, mas não estava contente com os rumos que havia tomado na profissão. Em agosto de 2005, pediu as contas e resolveu descansar um pouco, ficar com a família e pensar nos próximos passos. – Eu queria trabalhar numa empresa onde pudesse manter meus valores éticos. Um lugar em que eu não precisasse mentir.  Omar se formou no começo dos anos 90 e logo em seguida abriu uma pequena construtora em sociedade com um primo. Mas veio o Plano Collor – e a empresa fechou as portas. Então Omar procurou emprego numa construtora londrinense, onde trabalharia como único engenheiro durante quase 11 anos. Em paralelo, nunca deixou de realizar projetos

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estruturais, hidráulicos, elétricos. Manteve sempre as duas atividades: o canteiro de obras e a prancheta de cálculos. De dia, construía. À noite, calculava. Mas, também como Paula, Omar sonhava em trabalhar numa empresa melhor, com investimento em qualidade e inovação nas tecnologias construtivas. – Em Londrina, tive contato com a Plaenge. Cheguei até a fazer algumas visitas a obras da empresa, quando via aqueles edifícios sendo construídos com gruas, lajes pré-moldadas, inovações tecnológicas. Aquilo era outro mundo para mim. E eu pensava: “Um dia quero trabalhar nessa empresa”.  No final de 2005, Paula Gasparetto se preparava para merecidas férias, após dois anos trabalhando em escritório de advocacia, quando recebeu um telefonema do amigo e também advogado Luiz Gustavo Salvático. – Paula, você tem interesse em trabalhar na Plaenge? – Tenho, sim, Gustavo! – Então venha conversar amanhã com a Célia. Quando Paula entrou na sala da gerente regional da Plaenge em Londrina, Célia Catussi, ambas soltaram um grito de surpresa. – Então, você é a Célia?

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Omar Malouf Ibrahim: “Trabalhamos com parceiros que conhecem o sistema da empresa e têm elevado comprometimento”

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– Então, você é a Paula? Paula e Célia haviam sido vizinhas por muitos anos em um condomínio. As famílias se conheciam. Paula já se sentiu em casa. – Desde o primeiro momento, percebi que a Plaenge tinha aquilo que eu mais procurava: moral, ética, princípios. Na Plaenge, nunca precisei mentir. Nunca precisei fazer nada errado, obscuro ou duvidoso. Paula Gasparetto começou trabalhando na área de contratos. Nunca vai se esquecer daquele primeiro dia de trabalho: 16 de dezembro de 2005. À tarde, Célia e Paula se encontraram no corredor. Depois de perguntar se tudo estava indo bem, a gerente disse: – Quero você hoje à noite na festa. – Que festa? – Ora, a festa de confraternização de final de ano. – Mas... – Não tem “mas”. A gente se vê na festa. Paula ficou preocupada. Ir a uma festa sozinha, no primeiro dia de trabalho, sem conhecer ninguém na empresa? Mas tomou coragem e foi. Como quase todas as confraternizações da Plaenge, era uma festa temática: baile do Havaí. Paula pensou em ficar um pouquinho, quem sabe meia hora, só para cumprir tabela, e voltar para casa. Pois a festa foi tão boa que Paula saiu às duas da manhã. – Eu achei que iria me sentir um peixe fora d’água, mas não foi nada disso. As pessoas de outras áreas da empresa vinham conversar comigo e me integraram ao ambiente. Foi fácil e muito bom viver aquele momento de alegria. É por isso que eu sempre digo que entrei na Plaenge em dia de festa…  Em 2008, depois que a construtora em que trabalhava encerrou atividades, Omar Ibrahim atuou por algum tempo na área de projetos. Até que um dia leu no jornal um anúncio de oferta de emprego na Plaenge. Era a oportunidade de realizar um velho sonho. Aprovado em um processo seletivo, Omar recebeu uma tarefa difícil e importante: foi engenheiro-residente do Auguste Rodin, edifício de alto padrão que era uma novidade no mercado imobiliário londrinense. Até aquele momento a Plaenge construía na cidade edifícios com quatro ou seis apartamentos por andar. O Rodin era um prédio com dois apartamentos por andar. Um desafio pessoal para o engenheiro:

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– Eu não podia me dar ao luxo de errar. Tudo era novo para mim naquele empreendimento. Foram 28 meses de obra. O Rodin foi entregue, como sempre, dentro do prazo. Mas é claro que uma construção desse porte oferece dificuldades e problemas. Pois foi justamente nessas horas que Omar percebeu a diferença de trabalhar numa empresa como a Plaenge. O gerente de engenharia Rogério Cardoso foi uma referência importante naqueles 28 meses. Omar conta: – Sempre que havia uma necessidade urgente, o Rogério nos dava suporte para conseguir determinado tipo de mão de obra ou material. Se o engenheiro demonstrasse que havia um modo mais eficiente de executar uma tarefa, tinha todo o respaldo. O importante era executar a obra dentro das garantias de qualidade, racionalidade e segurança. A capacidade de administrar equipes é fundamental na rotina de um engenheiro de obras. Omar acredita que o engenheiro lida com relações humanas em 80% do tempo; nos 20% restantes, ele pratica a engenharia propriamente dita. Daí a necessidade de ter parceiros de trabalho confiáveis e compromissados. – A Plaenge trabalha com parceiros que conhecem o sistema da empresa e têm um elevado grau de comprometimento. Isso facilita a comunicação e o controle em todas as fases da obra. O Rodin foi entregue em fevereiro de 2011. Logo depois da festa, informou-se o novo destino de Omar Ibrahim: Maringá, onde ele continuou cultivando desafios: – Coordenar a engenharia em Maringá foi uma tarefa até mais desafiadora do que construir o Rodin.

O desafio da Cidade Canção O bancário Valdecir Dariva morou em diversas cidades: Lunardelli (pr), São Paulo (sp), Uberlândia (mg), São Bernardo do Campo (sp), Ponta Grossa (pr) e Campo Grande (ms). Na capital de Mato Grosso do Sul, conheceu a Plaenge – e logo se encantou pela qualidade dos empreendimentos. Com o seguro de entrega, sentiu-se à vontade para comprar dois apartamentos em Londrina (cidade onde moram familiares de sua esposa): Marc Chagall e L’Essence. – Tenho tanta confiança na Plaenge que o meu primeiro apartamento comprei por telefone. E não me arrependi. Quando Dariva se mudou para Maringá, percebeu que o mercado imobiliário da cidade estava precisando de uma empresa como a Plaenge. Imediatamente ligou para a gerente Célia Catussi, em Londrina, e disse:

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» Valdecir Dariva: “Comprei meu primeiro apartamento da Plaenge por telefone. E não me arrependi” – Célia, que tal abrir mercado para a Plaenge para Maringá? Aqui tem um campo enorme para vocês.  Quando aceitou o convite para trabalhar em Maringá, onde a Plaenge decidiu criar uma nova regional, Paula Gasparetto não esperava tantas dificuldades. Era uma chance de crescimento profissional oferecida pela empresa; Paula seria a supervisora administrativa na cidade. Os primeiros tempos foram complicados. – Meus sapatos ficaram todos encardidos. No começo, a gente trabalhou de improviso em um barracão antigo. Não podíamos chamar uma diarista, porque a Plaenge não contrata ninguém sem registro formal. Depois do expediente, eu fazia faxina. Não tinha

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ar-condicionado. Quando chovia, alagava lá dentro. Tínhamos que juntar as coisas em cima dos móveis… Mas Paula nunca se arrependeu ou pensou em desistir. Ela sabia que aquele período de sacrifícios era necessário até que se construísse uma sede para a Plaenge em Maringá e a Central de Apartamentos Decorados. A Plaenge abria a nova regional em plena crise financeira de 2008, quando as pessoas seguravam dinheiro no bolso, com medo do que iria acontecer. Paula recorda: – A crise acontecia e nós abríamos portas. Mesmo com todas as dificuldades, eu sempre acreditei que iria dar certo.  Ao chegar a Maringá para abrir a nova regional da Plaenge, Leonardo Fabian tinha em mãos pesquisas qualitativas que indicavam as características e necessidades do mercado local. Havia uma presença muito forte dos condomínios construídos a preço de custo, em que o prazo médio para construção de um edifício chega a sete anos. O sistema a preço de custo dividia opiniões entre o público maringaense: metade gostava, metade não gostava. A Plaenge começou a trabalhar em Maringá com o sistema do apartamento a preço fechado, com prazo de entrega de dois ou três anos, garantido por seguro. Leonardo Fabian mudou-se para Maringá em março de 2007, sem conhecer ninguém na cidade. Começou a pesquisar terrenos. A ideia era lançar algum produto para o segmento de imóveis entre 110 e 250 metros quadrados. Foram tempos difíceis para Leonardo: – Durante seis meses, tentei comprar um terreno – e simplesmente não consegui! Negociei mais de 40 áreas na cidade. Chegava com dinheiro, pagando à vista, mas por algum motivo as negociações não davam certo. Sempre havia um empecilho na hora de fechar o negócio. Depois de muita procura, Leonardo finalmente conseguiu comprar o terreno para a construção do primeiro edifício em Maringá, o Plaza Mayor. – Curioso é que comprei esse primeiro terreno de um empresário do Rio de Janeiro. Hoje eu acho que algumas pessoas da cidade tentavam barrar as nossas tentativas de compra. Achavam que nós desistiríamos. Demorei um pouco para conhecer as pessoas certas e entender como funcionavam a cidade e as negociações de imóveis. Leonardo não desistiu. Logo em seguida, comprou o terreno do segundo empreendimento na cidade – o Mirante do Parque, próximo ao belo Parque do Ingá – e iniciou a construção da Central de Apartamentos Decorados.

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Com algum esforço, a Plaenge quebrou a resistência e mostrou que veio a Maringá para ficar. Leonardo integrou-se ao Sinduscon local e faz parte do Conselho Municipal de Planejamento Urbano. O Plaza Mayor ficou pronto em março de 2012. O Mirante do Parque foi um fenômeno de vendas: todos os 100 apartamentos foram comercializados em apenas 45 dias. Em 2010, o Sinduscon e o Sebrae premiaram a Plaenge como melhor de construtora de Maringá. Foi a coroação do sucesso na cidade. – Não esperávamos um sucesso tão rápido. Isso mostra que estamos no rumo certo – diz Leonardo. O mercado de Maringá passa por uma evidente transição. Aos poucos, o condomínio a preço de custo vai cedendo lugar para incorporações e lançamentos a preço fechado. E o público local passou a ver a Plaenge como uma empresa sólida e comprometida com a cidade. A Plaenge em Maringá ainda tem muito trabalho a fazer – por exemplo, melhorar a qualificação da mão de obra. Mas, com o sucesso dos lançamentos já realizados e outros projetos em curso, pode-se dizer que a Plaenge está em harmonia com a Cidade Canção. E é apenas o começo de uma longa amizade. Valdecir Dariva já comprou apartamentos no Plaza Mayor – para onde se mudou com a família em 2012 – e no Mirante do Parque. Ele tem orgulho de ser co-responsável pela vinda da empresa para a Cidade Canção: – Eu tinha certeza que a Plaenge nadaria de braçada se viesse para Maringá. Em três anos, a Plaenge mudou o perfil do mercado. Isso acontece não só pelo seguro de entrega e pela qualidade dos apartamentos. É mais do que isso: você percebe que Plaenge é uma empresa que se preocupa com o cliente, algo muito difícil de encontrar hoje em dia. Para Paula Gasparetto, supervisora administrativa da Plaenge em Maringá, certamente valeu a pena fazer faxina, varrer o chão, preparar cafezinho, passar calor e fugir da enxurrada no velho barracão. Hoje, instalada na nova sede da empresa na cidade, ela afirma com alegria: – Eu me sinto no paraíso...

Não é nada, não. É doação! No final dos anos 90, Alexandre e Iracema Fabian conversavam com uma amiga em Cuiabá. O assunto era a felicidade de ter filhos. A amiga perguntou se eles conheciam o trabalho da Casa Transitória Irmã Dulce, um local criado para abrigar crianças que passam por tratamento de câncer.

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Depois daquela conversa, Alexandre resolveu fazer uma visita à Casa Transitória, na Rua Pedro Celestino, centro de Cuiabá. Estacionou o carro e respirou fundo. “Não tenho jeito para essas coisas.” Ao entrar na casa-enfermaria, o diretor da Plaenge percebeu que a construção feita de adobe era muito antiga e precária. Ali Alexandre conheceu as crianças que passavam por quimioterapia e os voluntários que cuidavam delas, ligados ao movimento espírita. Estava chovendo. Um menino, em especial, com a idade de seu filho, chamou a atenção de Alexandre. Ao lado da mãe, o garoto de sete anos olhava silenciosamente o engenheiro, como se quisesse dizer alguma coisa. Mas não falou nada. Alexandre voltou ao carro, dirigiu por algumas quadras e estacionou de novo. Chovia forte. Cobrindo o rosto com as mãos, o engenheiro ficou dentro do carro até a chuva passar. Tempos depois, durante uma das tempestades que costumam cair sobre Cuiabá, um menino hospedado na Casa Irmã Dulce resolveu se levantar da cama e assistir televisão com as outras crianças na sala. Era domingo. As crianças e os voluntários assistiam a uma reprise de Didi Mocó, antes do Fantástico, quando se ouviu um estrondo. Não era um trovão, não era uma batida de carros. Era a parede de um dos quartos que cedera, caindo sobre a cama em que o garoto estava minutos antes. Alexandre ficou abalado com a notícia do incidente: – A queda daquela parede era um sinal. Era um aviso de Deus. Na segunda-feira, Alexandre e Iracema Fabian, através da Plaenge, iniciaram um movimento em Cuiabá para a construção de uma nova sede para a Casa Transitória Irmã Dulce. Iracema conta: – Conseguimos a doação de um terreno da Prefeitura com a primeira-dama de Cuiabá, Iraci França. Nossa equipe doou os projetos para construção da nova casa e pedimos doações para mais de cem pessoas na cidade, em especial fornecedores da Plaenge. A marca Plaenge deu credibilidade para o projeto. Praticamente todo o material da construção foi doado. A equipe da Plaenge – dos engenheiros aos pedreiros – participou da obra, que durou três anos (o tempo médio que a Plaenge leva para construir um prédio). De todas as pessoas procuradas por Alexandre em Cuiabá, só um corretor de imóveis desconversou na hora de fazer a doação para o projeto. Meses depois, na véspera de Natal, Cássio Carbelin, o Cássio da Plaenge, entrou no escritório de Alexandre Fabian com um envelope. Era um cheque de r$ 5.700 – assinado pelo corretor que mudara de assunto naquele dia. Cássio disse: – Ele disse que não precisa mandar recibo, nem nada. Sabe que o dinheiro vai ser bem utilizado.

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A arquiteta Iracema Fabian acabou sendo uma das responsáveis pela obra da Casa Transitória. Ela e Alexandre ressaltam a dedicação de Getúlio Dornellas, idealizador da casa-enfermaria e incansável entusiasta do projeto. – Sempre que eu converso com o seu Getúlio – diz Alexandre – tenho a impressão de que estive com uma pessoa iluminada, superior. Alguém cuja sabedoria só irei alcançar depois de muitas vidas. Todos os dias, Iracema passava na obra da Casa Transitória. Numa tarde, o encanador que trabalhava no canteiro lhe disse que faltavam alguns “cotovelos” para a tubulação. – Então, o senhor pode passar na loja e comprar o material? – Já comprei, dona Iracema – disse o encanador. – Quanto custou? – Não é nada, não, dona Iracema. É doação! A nova Casa Transitória Irmã Dulce foi inaugurada em 2001 e segue sendo uma referência para as crianças e famílias carentes que passam por tratamento de câncer em Cuiabá.  A escritora Therezinha de Alencar Selem, de Campo Grande, diz que os casos de câncer infantil demandam dois tipos de tratamento: um para a doença em si; o outro para o trauma que se abate sobre as famílias após o diagnóstico. – Essas crianças precisam de um acompanhamento muito próximo. Não só as crianças, como também os familiares. Porque a família se perde quando a criança tem câncer. E a criança precisa tanto do pai e da mãe quanto precisa do remédio. Therezinha sabe muito bem do que está falando. Desde 1998, ela participa da diretoria da aacc-ms (Associação dos Amigos das Crianças com Câncer do Mato Grosso do Sul). Em 2008, ela publicou O quadro de vida pintado pela AACC, livro comemorativo aos dez anos da entidade. Mais de mil crianças já foram atendidas pela aacc-ms nos 16 anos da entidade. Atualmente, há 300 crianças em tratamento sob os cuidados da associação. O acompanhamento da aacc e as campanhas pelo diagnóstico precoce do câncer infantil conseguiram elevar para 65% o índice de cura da doença em Mato Grosso do Sul. Ainda há muito a conquistar, mas a situação já foi bem pior: das 22 crianças que a aacc atendeu no primeiro ano de existência, apenas três conseguiram vencer a doença. O diagnóstico precoce é decisivo nesta guerra: – Em Mato Grosso do Sul, aumentou imensamente o número de casos encaminhados para especialistas. Em 2009, houve 54 casos suspeitos de câncer infantil – 12 diagnósticos fo-

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Therezinha de Alencar Selem, de Campo Grande: luta contra o câncer infantil, com o decisivo apoio da Plaenge

ram confirmados e encaminhados para tratamento. Onde estariam essas 12 crianças, não fosse o diagnóstico precoce? Tentamos correr mais rápido que o câncer, através da informação. A aacc atua em várias frentes. Com 300 voluntários e 47 funcionários contratados, oferece atendimento psicológico, fisioterápico, ambulatorial e social às crianças e suas famílias durante o período mais difícil – o da quimioterapia. Por outro lado, a entidade foi decisiva na criação de uma ala infantil no Hospital Regional de Campo Grande. A Casa de Apoio da aacc, inaugurada em 2001, tem apartamentos, refeitório, brinquedoteca e toda a estrutura para acolher as crianças e suas famílias. Quase tudo foi construído com doações da comunidade. – Somos movidos a voluntariado – afirma Therezinha. Para definir a importância da Plaenge na história da aacc, a escritora usa uma só palavra: – Fundamental. Desde 1998, a Plaenge participa ativamente das atividades da associação. O diretor Édison Holzmann é ao mesmo tempo voluntário e conselheiro para o trabalho da aacc. Ele chegou a ser vice-presidente da instituição por várias gestões. Em Campo Grande, a Plaenge liderou os esforços para a construção da casa-enfermaria para as crianças com câncer. – O envolvimento da Plaenge foi de 100%. Aquilo que ela não fez diretamente, conseguiu através de parcerias. O Édison mobilizou a comunidade e envolveu toda a equipe da construtora em nossa obra. Por isso é que, quando temos um problema ou uma dúvida, nosso primeiro pensamento é: “Vamos ligar pro Édison”. A gente liga. E ele resolve.

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Luzes no fim do túnel Itália, 1722. O estudante de advocacia Januário Sarnelli visita o Hospital dos Incuráveis e decide se tornar sacerdote católico. Dez anos depois, ao lado do grande amigo Afonso de Ligório, ele ajuda a fundar a Congregação do Santíssimo Redentor, na cidade de Scala. Beatificado pelo papa João Paulo ii em 1996, Sarnelli se destacou pelo trabalho solidário com mendigos, prostitutas e desvalidos.  São Paulo, 1983. O padre irlandês Patrick McGillicuddy, redentorista, passa três dias e três noites vivendo sem dinheiro e sem documentos nas ruas do centro da cidade. O desafio de morar na rua com os mendigos lhe fora proposto pelo arcebispo dom Paulo Evaristo Arns. Na última noite, Patrick estava sentado no último degrau da escadaria na Praça da Bandeira, perto do Vale do Anhangabaú, quando um menino pequeno se aproximou. – Onde você mora? Quem são os seus pais? – quis saber o padre. – Todos são mãe para mim. Mas só você, padre, pode ser um pai para todos nós. Depois de dizer isso, o menino desapareceu. Patrick desceu correndo as escadarias, mas nunca mais viu aquela criança. O padre recorda: – Naquele momento, eu senti que havia recebido um convite – um convite para o qual eu não podia dizer não. Foi assim que padre Patrick decidiu trabalhar em prol de moradores de rua, dependentes químicos e prostitutas. Em 1995, ele fundaria, em Curitiba, a Comunidade Beato Sarnelli.  Londrina, 1983. Enquanto o padre vivia a sua experiência mística em São Paulo, a telefonista Maria Júlia Dutra Barros começava a trabalhar como voluntária no Albergue Noturno de Londrina, mantido pela Sociedade Espírita de Promoção Social. Nas horas vagas, ela deixa de atender telefonemas para atender os necessitados. – Para ser um bom voluntário, é preciso ter afinidade com o tipo de trabalho. Eu descobri que sabia lidar bem com idosos e com aquele morador de rua, que está caído na sarjeta, para quem a vida acabou. Eu recolho, dou banho, dou alimento, dou bronca. Porque sei que aquela pessoa precisa disso.

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Em 1996, Júlia se aposentou quando trabalhava como telefonista na fábrica da Coca-Cola em Cambé (primeira obra importante da Plaenge). Os três filhos estavam criados. Era a hora de se dedicar integralmente a outro tipo de atendimento. – Eu saía todos os dias, com chuva ou sol, para buscar o meu sustento. Quando me aposentei, decidi utilizar esse tempo para ajudar as pessoas. Foi assim que dona Júlia se tornou diretora do Albergue de Londrina.  Patrick McGillicuddy nasceu na Irlanda. Ainda jovem, imigrou com a família para os Estados Unidos. John, o pai, tinha uma construtora. Na América, Patrick decidiu se tornar missionário redentorista. Cursou filosofia e teologia, obtendo mestrado e doutorado. Em 10, por ordem da congregação, chegou ao Brasil, para trabalhar como professor. No período de 12 anos em que atuou como professor de teologia, Patrick sempre teve em mente a figura do Beato Sarnelli; no fundo, sabia que o seu destino era seguir o exemplo do grande redentorista e ajudar os desvalidos. A imagem do menino na Praça da Bandeira não lhe saía da memória. “Vivei como se houvesse no mundo só Deus e vós”, escreveu santo Afonso de Ligório. Padre Patrick sabia que os olhos de Deus estavam voltados para ele. Em 1992, pediu permissão aos superiores da congregação para atuar com moradores de rua em Curitiba. Montou um lugar de convívio, no centro da cidade, com uma cozinha e um refeitório. Chegou a alimentar 350 pessoas por dia. No trabalho cotidiano com moradores de rua, Patrick descobriu uma grave lacuna na assistência social brasileira: o sofrimento dos moradores de orfanato depois que completam 18 anos. – Até os 18 anos, esses jovens têm abrigo. Depois, eles são basicamente jogados de volta para a rua, onde viram potenciais vagabundos, ladrões e drogados. Fundada em 1995, em a Comunidade Beato Sarnelli atende esses jovens saídos dos orfanatos, que de outra forma dificilmente teriam uma chance na vida. O baixo nível de instrução dos jovens – mesmo entre os que haviam passado pelo ensino público – levou o padre Patrick a criar, junto com a comunidade, uma escola de ensino fundamental e médio, em Campina Grande do Sul (região metropolitana de Curitiba). Ali eles recebem, além de casa e moradia, uma educação de qualidade, com uma equipe de 12 professores e aulas tutoriais. O número de jovens atendidos não costuma ultrapassar trinta; Patrick valoriza, acima de tudo, o bom nível da formação de seus alunos.

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– Temos tido um sucesso incrível. Todo santo ano, nossos alunos passam no vestibular. Muitos hoje têm uma profissão e estão empregados. Recebemos esses jovens com vários problemas e os devolvemos formados à sociedade. Quando entram na universidade, os jovens também recebem moradia e alimentação, numa casa mantida pela Comunidade Sarnelli no centro de Curitiba. Hoje essa casa tem cinco jovens, que cursam jornalismo, análise de sistemas, marketing e serviço social. Passaram pela comunidade jovens que hoje trabalham com administração de empresas, economia, serviço social. Um deles é gerente de banco, com pós-graduação em recursos humanos. – E pensar que eles chegam até nós totalmente desacreditados… Um dos alunos – conta o padre – tinha o ensino médio completo quando procurou a Comunidade Sarnelli. Patrick aplicou um exame de conhecimentos gerais para saber onde ele se enquadraria – e o rapaz não alcançou o nível de quinta série. Teve que fazer tudo de novo. Quando prestou vestibular, ficou nos primeiros lugares. Hoje, a média de suas notas na faculdade é 9,3. – Quase trezentos anos atrás, em Nápoles, o beato Sarnelli procurou ser uma luz, uma verdadeira mão de Deus para as pessoas que viviam sem futuro, nas ruas. Sarnelli sempre foi uma inspiração para mim, desde o meu noviciado, em 1974. As coisas não foram fáceis para os redentoristas italianos, no início. O próprio Afonso de Ligório pensou em desistir de tudo, quando três dos fundadores saíram da congregação. Nesse momento, Januário Sarnelli apareceu e não deixou que o sonho acabasse. Por isso, o próprio Santo Afonso dizia que seu amigo, nascido numa família nobre italiana, e que morreria com apenas 42 anos, era “o único santo entre nós”.  Quando Júlia assumiu a direção do Albergue Noturno de Londrina, as coisas não eram nada fáceis. Todas as noites, a entidade servia refeições para os moradores de rua, mas havia apenas doze colheres. – Eles formavam a fila na frente do albergue e nós atendíamos de doze em doze. Depois que os doze primeiros comiam, nós lavávamos as colheres e vinham mais doze. Era uma luta. Júlia via o Albergue como uma extensão da casa das pessoas, e passou a administrar essa casa acionando uma rede de voluntários, distribuindo tarefas individuais para garantir o funcionamento da instituição. Os voluntários ficavam responsáveis por coisas que iam do

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açúcar ao papel higiênico; das roupas de cama ao chuveiro elétrico; da sopa aos remédios. E, um dia, as colheres não eram mais apenas doze. – Eu sempre digo às pessoas que, quando você pratica a caridade, está fazendo um bem para si mesmo, e não só para o outro. Às vezes eu penso que é tão bom estar andando na rua e ter um lugar para voltar: uma casa, um chuveiro, uma cama, uma refeição, uma roupa limpa. O Albergue era a casa daqueles que não tinham aonde ir. Daqueles que chegavam ao final do dia e se perguntavam: “Para onde eu vou? O que eu faço?”  Certa manhã, em 2001, apareceu uma rachadura na parede do Albergue. O prédio velho, construído em 1953, mostrava sinais de exaustão. Em questão de horas, a fissura na parede do prédio foi ficando maior. Júlia procurou um voluntário formado em engenharia. Ele apenas disse que era preciso reformar o prédio – e foi embora. Logo, chegou a Defesa Civil e interditou o prédio, que estava sob risco de desabamento. O atendimento foi transferido às pressas para outra entidade local, o Lar do Bom Samaritano. Naquele momento, foi a vez de dona Júlia perguntar, como faziam os moradores de rua: “Para onde eu vou? O que eu faço?” Quando tudo parecia perdido, o telefone tocou. – Dona Júlia, a senhora está com problemas no Albergue? – Estou. – Meu nome é Clóvis Coelho, sou engenheiro e presidente do Sinduscon. Vamos ajudar a senhora. Aguarde uma visita. Clóvis Coelho e Fernando Fabian – di-

» Maria Júlia Dutra Barros: uma guerreira na causa dos mais necessitados

retor da Plaenge e do Sinduscon – conheceram a realidade do Albergue e arregaçaram

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as mangas para ajudar. A reforma do prédio antigo, que havia sofrido uma séria infiltração, durou cerca de três meses. Parte do dinheiro para a reforma – cerca de r$ 30 mil – veio de uma doação emergencial da Prefeitura de Londrina, não sem antes uma desgastante batalha com a burocracia. A Plaenge colocou à disposição do Albergue os profissionais da empresa – e ficou responsável pelas obras que salvaram o prédio da instituição. Um dos engenheiros da obra era Luiz Carlos Pissichio – filho de Antonio Pissichio, aquele mestre de obras que emprestou os equipamentos para Ézaro Fabian dar início à Plaenge, em 1970. Depois, o trabalho ficou a cargo de Rogério Cardoso. Júlia conta: – Eles foram muito corretos e atenciosos. Perguntavam todas as necessidades, informavam a gente sobre os detalhes da reforma. Quando a Plaenge concluiu o serviço, o prédio estava prontinho para receber as pessoas novamente. Depois de recuperar o prédio, a Plaenge criou o projeto Amigos do Albergue, angariando recursos da comunidade e do empresariado. A gerente Célia Catussi entrou em contato com dona Júlia para conhecer as outras necessidades da instituição. Com o tempo, surgiram outros benefícios, como a construção da Araguaia Móveis, cujos rendimentos são destinados ao trabalho assistencial. – A Plaenge e o dr. Clóvis foram as mãos estendidas na escuridão. As luzes no fim do túnel – diz dona Júlia. Até hoje a Plaenge é uma parceira importante no trabalho do Albergue, agora transformado em Lar dos Vovozinhos. A mudança começou em 2004, quando pessoas ligadas ao tráfico de drogas passaram a prejudicar o trabalho da instituição. A solução foi mudar o enfoque do atendimento, processo que aconteceu gradativamente e foi concluído em janeiro de 2006. No lugar de moradores de rua, a casa passou a atender só idosos sem condições de morar com a família. Hoje, os moradores da casa são permanentes. São 30 vagas no Lar dos Vovozinhos e 34 vagas no Lar das Vovozinhas. – Essas pessoas muitas vezes têm família, mas que família pobre tem condição de atender um idoso acamado, num cubículo com mais tantas pessoas? Aqui eles têm tudo que necessitam: é a casa deles. Um convênio com a Secretaria Municipal do Idoso cobre 45% das necessidades da casa – a folha de pagamento de 17 auxiliares de enfermagem, duas enfermeiras, um psicólogo, uma assistente social, cozinheira, lavadeira, motorista, pessoal de serviços gerais. O restante é garantido por doações da comunidade e trabalho voluntário. – Estamos cercados de necessidades, mas trabalhando bastante. E sempre podemos contar com amigos como a Plaenge.

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 O padre Patrick conheceu a Plaenge por intermédio do hsbc, banco que desde o início apoiou a Comunidade Sarnelli. A construtora passou a ajudar a instituição no segundo semestre de 2002. – Decidimos construir o atual colégio aqui em Campina Grande do Sul. Precisávamos de uma empresa que gerenciasse a construção. A Plaenge se ofereceu para fazer isso de graça. Hoje, a chácara da Comunidade Sarnelli é uma escola-modelo. São quatro prédios, com 1.200 metros quadrados construídos em apenas seis meses. O prédio principal tem quartos, biblioteca, salas de estudo, refeitório, sala de televisão, cozinha, lavanderia. No segundo, estão as salas de aula e o laboratório. O terceiro é a capela. E o quarto prédio – uma casa que já existia e foi reformada pela Plaenge – serve como sala de recreação. Em Quatro Barras, município próximo a Curitiba, a Comunidade Sarnelli mantém ainda uma pequena chácara para tratamento de jovens dependentes de drogas, obra também realizada pela Plaenge. Enquanto as obras da Comunidade Sarnelli eram realizadas, muitas vezes o padre Patrick observava o trabalho dos engenheiros e operários com especial atenção. Se alguém se aproximasse, notaria que ele estava emocionado. Lembranças do pai, John, aquele construtor irlandês que certo dia atravessou o mar em busca de uma vida melhor na América. Às vezes, Patrick também se lembra do que aquele menino disse a ele em 1983:

– Todos são mãe para mim. Mas só você, padre, pode ser um pai para todos nós.

A espir al e o bloco Numa reunião de diretoria, alguém sugeriu que o símbolo da Plaenge deveria ser modificado, como sinal de novos tempos. Ézaro Fabian pediu a palavra: – No símbolo, ninguém mexe. Foi presente de um amigo meu. O artista gráfico Cleto de Assis conheceu Ézaro durante a primeira obra da Plaenge, em abril de 1970. Era a Brasil Gráfica, no Parque das Indústrias Leves. Cleto se mudara de Curitiba para Londrina meses antes, para ajudar na implantação da primeira máquina de impressão offset do interior do Paraná, na Folha de Londrina. Depois que saiu da Folha de Londrina, Cleto tornou-se sócio minoritário na Brasil Gráfica, onde, juntamente com o escritor Domingos Pellegrini e outros nomes da imprensa londrinense, passou a editar o Novo Jornal. Desde o início, portanto, a Plaenge participou do

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processo de mudanças que marcaram o final da Era do Café em Londrina. Depois que a Brasil Gráfica foi construída – Cleto fez o layout do prédio –, Ézaro procurou o artista gráfico e pediu que ele criasse uma marca para a Plaenge. – Na época, Ézaro tinha conseguido a primeira obra da Coca-Cola, em Cambé. Precisava fazer os impressos da construtora. A marca da Plaenge nasceu da letra P: ao redor dela, Cleto desenhou um contorno forte, que representa solidez. O símbolo também sugere o desenvolvimento dinâmico de uma espiral e a formação de um bloco construtivo. No vazio criado pela linha externa, está o nome da empresa. A letra P da Plaenge hoje está no alto dos edifícios que mudaram as paisagens de Londrina, Cuiabá, Campo

» Cleto de Assis: criador da marca que

Grande, Curitiba, Joinville e Maringá.

hoje é vista em todo o país

Cleto de Assis conhece o valor de uma

marca. No começo dos anos 70, ele também desenhou os símbolos da Universidade Estadual de Londrina, do Instituto Agronômico do Paraná e do Colégio Universitário. Todos são utilizados até hoje. Cleto observa: – O símbolo é uma convenção. Ele não precisa mostrar diretamente aquilo que simboliza. A partir de um momento, um retângulo pode significar um telefone celular; a peroba pode significar uma universidade; e a concha, uma multinacional do petróleo. De longe, ao ver uma concha, você já sabe que é a Shell. E a marca se torna um patrimônio da empresa. Às vezes, vale mais que a própria empresa. A Coca-Cola é o maior exemplo disso. A holding americana dá licenças para que várias fábricas utilizem a marca Coca-Cola ao redor do mundo. Dono de um vasto currículo em assessoria de comunicação, publicidade e artes gráficas, Cleto de Assis passou por várias cidades e voltou a morar em Curitiba, onde a Plaenge opera desde 2003. No alto de novos edifícios da capital paranaense, Cleto pode observar a marca que ele criou há mais de 40 anos. Marca que combina a espiral e o bloco construtivo. A espiral, símbolo do tempo. O bloco, imagem da permanência.

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Os degr aus do tempo Manter a solidez através do tempo não é uma tarefa simples. Alexandre Fabian está ciente: – Há um desafio para a segunda geração da empresa, para as pessoas que hoje têm entre 25 e 45 anos: manter a história da Plaenge. Precisamos respeitar a tradição da empresa e ao mesmo tempo estar abertos para o que é novo. Não podemos viver do passado, mas temos de respeitá-lo. E Alexandre não se esquece. Não se esquece do primeiro estágio na Plaenge, como office-boy, em 1978. Não se esquece das visitas com o pai e o irmão Fernando às obras em outras cidades. Não se esquece da máquina de encadernação que operou durante dois meses, ainda adolescente. (Outro dia viu a velha máquina em um depósito da empresa.) Não se esquece de quando trabalhou no antigo centro de processamento de dados. A impressora era do tamanho de uma geladeira e fazia um barulho infernal; toda a equipe precisava sair da sala na hora de imprimir. Alexandre ainda não sabia, mas a história da Plaenge já estava sendo escrita. Nada disso se perdeu na espiral do tempo. Os mestres de Alexandre, nesse percurso, foram Ézaro Fabian, Mário Numata, Evaldo Fabian, Roberto Melquíades, Lauro Sakurai – os fundadores da empresa. – Ézaro foi meu grande mestre, com conversas e exemplos. Ele sempre teve um respeito muito grande por quem trabalha. Quando eu era menino, lembro que ele dizia: “Jogar papel no chão é um desrespeito contra o homem que varre as ruas”. Lauro foi um professor, principalmente em matéria de tecnologia, no cuidado que ele tinha com as coisas, na profundidade, na disciplina, no planejamento. Na parte administrativa e gerencial, aprendi muito com o Roberto. Hoje alguns deles – como Ézaro e Mário – estão afastados da diretoria, por terem completado 65 anos, mas seguem participando do conselho de administração da holding Plaenge (que engloba cinco empresas). Muitas empresas se perdem no momento em que novas gerações assumem o comando. Grandes grupos brasileiros sucumbiram à chamada crise de sucessão. Desde o começo, Ézaro e os sócios se prepararam para esse momento da transição, que se consumou tranquilamente em 2007, quando a nova geração assumiu a diretoria. Nada foi feito às pressas, mas sim como resultado de um longo processo. Afinal, o planejamento está no dna da Plaenge: – Não se faz uma empresa assim da noite para o dia – diz Roberto Melquíades. – Se alguém chegar aqui, com o dinheiro que for, dizendo que vai fazer uma Plaenge, não vai conseguir. O segredo é evoluir degrau por degrau.

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A lição é antiga – e está no Livro do Eclesiastes: “Tudo tem seu tempo determinado, e há

tempo para todo o propósito debaixo do céu”. O gerente de projetos Ciro Nassu dá um exemplo e cita a crise financeira de 2008 (que, por sinal, começou como uma bolha no setor imobiliário): – Em 2008, as grandes construtoras do Brasil vislumbraram um mercado fabuloso e fizeram uma expansão agressiva. Com a crise econômica mundial em 2009, houve uma retração e os que se aventuraram tiveram de recuar. A Plaenge não entrou na aventura; fez o que havia sido planejado. E não precisou recuar. Cada vez mais a Plaenge prova que o seu modo de crescer é mais eficaz. Ecoam as palavras do Eclesiastes: “Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de

plantar, e tempo de arrancar o que se plantou. Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar”. Mas há grandes empresas – e até mesmo grandes países – que não respeitam essas regras de ouro. Crescem, mas a que custo? A propósito, Ciro comenta o “milagre chinês”: – A China só consegue crescer naquele ritmo porque negligencia duas coisas importantes: os direitos humanos e o meio ambiente. O operário não é considerado gente; e a natureza está ali só para servir à produção. Há chineses que dominam a tecnologia e a produção – e 80% do povo fica à margem. A Plaenge não caiu e não vai cair nesse tipo de armadilha. Ainda o Eclesiastes: “Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de

dançar; tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras”. Evaldo Fabian concorda: – O mais importante é respeitar o tempo. É preciso lançar o produto certo no tempo certo. Tentamos sempre olhar cinco anos adiante, mas não devemos agir cinco anos antes.

“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.”

Decisão capital Em 2006 e 2007, houve uma explosão no mercado imobiliário brasileiro: quase todas as grandes construtoras abriram capital na bolsa de valores. Alexandre lembra: – Fomos muito pressionados por bancos, pelos concorrentes. Todo mundo dizia que a Plaenge iria ficar para trás, seria atropelada. Mas, por mais que fosse um excelente negócio em curto prazo, a proposta de abrir o capital não batia com a nossa visão empresarial. Não é uma decisão errada em si, mas julgamos que não servia para a Plaenge. O segmento da construção civil tem um ciclo de produção bastante longo. Decide-se hoje a compra de um terreno para um empreendimento que será lançado em seis meses e

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ficará pronto em três ou quatro anos. O primeiro real de um edifício da Plaenge é investido agora; o último real será recebido em cinco ou seis anos. – O mercado de capitais funciona de outro jeito – afirma Alexandre. – Nos Estados Unidos, cujo modelo é adotado por bolsas de valores do mundo inteiro, a maior parte das empresas de capital aberto está no ramo de consumo com ciclos curtos. Um celular, por exemplo, tem um ciclo rápido: em 15 dias, a empresa compra matéria-prima, produz, vende e entrega. A análise financeira é feita com base em relatórios trimestrais. Alexandre entende que esse ritmo não é compatível com a construção civil, em que o investimento imediato pode parecer ruim agora, mas será rentável em dois ou três anos. Assim, ao abrir o capital na bolsa, a construtora acaba sendo pressionada a prometer coisas que nem sempre poderá realizar no futuro: – A abertura de capital tira da empresa a prerrogativa de decidir o que é melhor. Muitas vezes, ele acaba agindo por pressão dos investidores. Seria como ter um monte de vizinhos e parentes dizendo: “Você não deve usar essa camisa. Você deve comprar aquele carro. Você deve trocar de apartamento”. Já ouvi diretor de empresa de capital aberto dizendo que tomou determinada atitude por pressão dos acionistas, mesmo sabendo que não ia dar certo. Ézaro Fabian diz que sempre teve uma visão contrária à abertura de capital da Plaenge: – Claro que, na diretoria da empresa, são várias cabeças que pensam. Mas eu nunca tive dúvidas sobre isso. Para mim, os fatos são evidentes: muitas empresas do setor entraram em crise e foram vendidas depois da abertura de capital. Essas empresas cometeram o erro fatal de montar planos arrojados, mas inexequíveis. Com sua experiência, Ézaro sabia que não era possível crescer daquela maneira. Mas teve gente caindo na armadilha do autoengano: – Sei de empresas que acreditaram nas próprias mentiras e iniciaram um processo de crescimento sem gente e sem sustentação para honrar. Alguns disseram que bastava montar uma boa equipe. Mas a Plaenge não acredita que é possível montar uma grande equipe de uma hora para outra. De uma hora para outra, nada se faz na Plaenge. É assim há 44 anos. Para ilustrar o

modus operandi da empresa, Ézaro utiliza a imagem de um silo de grãos, a imensa construção metálica que a Plaenge se especializou em fazer nos anos 70 e 80: – Primeiro se faz a base de concreto e se monta em cima a base da cobertura do silo. Depois, colocamos uma grande quantidade de macacos hidráulicos em volta da base. Aquela estrutura vai sendo levantada e nós vamos colocando camadas de parede embaixo. Assim

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erguemos o silo: levantando a cobertura, inserindo novas estruturas e subindo cada vez mais. Assim funciona a Plaenge. Assim nós vamos crescendo – mas nunca além da nossa capacidade.

Lugares que ensinam “Pois quando a sabedoria entrar no teu coração, e o conhecimento for agradável à tua alma, o bom siso te guardará e a inteligência te conservará.” (Livro dos Provérbios) Em 2006, Alexandre Fabian foi para a Espanha. Alexandre e Roberto Melquíades viajaram para o México. Alexandre, Roberto e Fernando Fabian estiveram no Chile. No exterior, os diretores da Plaenge visitaram construtoras, imobiliárias, corretoras, bancos, associações de classe, compradores de apartamentos. Algo estava mudando no Brasil. A estabilidade econômica, conquistada depois de muitos anos, permitia a tomada de alguns passos que a Plaenge ensaiava nos últimos 20 anos. Em 2004, a empresa abriu a regional em Curitiba, sob o comando de Fernando Fabian; nos anos seguintes, foi a vez de Joinville e Maringá.

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Empreendimentos Vanguard Home em Curitiba: sucesso na capital

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Empreendimentos Vanguard Home entregues em Londrina: consolidação na cidade original

A Vanguard Home, empresa do Grupo Plaenge, focada no público jovem, iniciou operações em 2006. Hoje a Vanguard Home responde por 25% do total de vendas do Grupo Plaenge. A criação da Vanguard Home significa a efetiva entrada em um mercado que começou a ganhar potencial com a ascensão das classes C e D. – Antecipamos a chegada desse segmento ao mercado – diz Édison Holzmann. – Ganhamos conhecimento, faturamento, resultado, geração de empregos. Nossa escala aumentou e utilizamos todo o conhecimento acumulado na Plaenge com a Vanguard Home. O nome Vanguard Home representa o espírito que move a marca. Como se uma nova Plaenge tivesse sido criada, com autonomia em termos de produtos, gestão, atendimento, organização. Outro passo importante – planejado, mas ousado – foi a ida para o Chile. Alexandre conta: – Na viagem ao Chile em 2006, conhecemos bons profissionais do mercado imobiliário local. Mantivemos contato, fizemos outras visitas ao país e, em 2009, adquirimos o controle de uma pequena construtora, que passou a se chamar Plaenge Chile. Fernando Fabian diz que a entrada no mercado chileno tem um sentido especial: – Nós aprendemos muito com as diferentes cidades – Londrina, Cuiabá, Campo Grande e Curitiba. Agora queremos aprender também com um novo país. Interessante é que o surgimento da Plaenge no Chile coincidiu com a crise econômica de 2008, quando outras grandes construtoras, no Brasil e no exterior, pisaram no freio da noite para o dia. A crise teve impacto sobre a Plaenge, mas foi muito menos traumática. Ale-

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xandre lembra que os bancos seguraram financiamento por quatro ou cinco meses. Em um primeiro momento, as pessoas diminuíram o ritmo de compras: 25% de redução em cinco meses. Mas logo tudo voltou ao normal. A Plaenge conseguiu atravessar a turbulência sem comprometer seus projetos ou fazer demissões. – Nossa avaliação de riscos é muito boa – resume Alexandre. Não poderia ser diferente. Afinal, em 44 anos de Plaenge, houve 44 anos de crises econômicas, políticas e sociais. Mas os dois conceitos que se combinam na marca da empresa – a solidez da construção e a permanência no tempo – foram mais fortes.

Qual é o futuro da Plaenge? – É uma pergunta difícil – diz Fernando Fabian. Certamente Fernando Fabian não poderia responder a essa questão quando ele e Alexandre brincavam com o telefone na antiga sede da Plaenge na Rua Maranhão, em Londrina, nos começo dos anos 70. – Essa é a lembrança mais remota que eu tenho da Plaenge. Lembro também que uma vez fomos visitar um canteiro e, na hora de ir embora, o mestre de obras, orientado pelo meu pai, disse para mim: “Você trabalhou, menino, então aqui está o seu pagamento”. Ficamos muito felizes! Acho que comecei a gostar de engenharia nessas visitas. Mais uma recordação aparece. Nos finais de semana, no Grêmio da Plaenge em Cambé, havia campeonato de truco. Evaldo Fabian costumava formar dupla com o mestre de obras Antonio Pissichio – aquele que havia emprestado os primeiros equipamentos para Ézaro em 1970. Evaldo e Antonio cortavam pedaços de cabo de vassoura e batiam na mesa: – Truco, seis! Truco! Foi numa dessas festas, no campeonato de bocha, que Ézaro Fabian torceu com entusiasmo para o jovem Armando Bosco Ribeiro, hoje coordenador de relacionamento com terceiros. – Vai, Armando! Vai, Armando! Numa dessas ocasiões, Armando conheceu o mestre de obras Francisco de Aguiar, que acabaria sendo seu padrinho de

» Francisco de Aguiar: mestre em Campo Grande

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casamento e amigo por toda a vida. Chiquinho, como é mais conhecido, teve em Antonio e Francisco Pissichio, os dois italianões bravos, seus maiores incentivadores na profissão. – Estou com 57 anos, 38 de Plaenge – diz Chiquinho. – Quero trabalhar até uns 75. Meu orgulho é ser útil. Ao lembrar esses primeiros tempos de Plaenge, o mestre de obras Carlos Amadeu olha para a imagem de Nossa Senhora Aparecida em seu gabinete no canteiro de obras – e respira fundo: – Desculpe, a gente fica emocionado quando lembra essas histórias – diz Amadeu, enquanto tira os óculos e enxuga os olhos com as mão gigantescas. Paulo Caetano, que foi grande amigo de Antonio Pissichio, diz que ele também tinha as mãos muito grandes. Deve ser comum entre os mestres de obras. – É uma pergunta difícil – repete Fernando Fabian, ao pensar no futuro da Plaenge. Fernando vê o futuro da Plaenge com otimismo: – Estou com 47 anos. Há uma geração mais nova que se identificou com a filosofia da Plaenge, e que contribui para inovações. Estamos em um momento muito bom, empresarialmente falando. Na

» O mestre de obras Carlos Amadeu:

força nas mãos, história na empresa e fé no coração

essência, o país atingiu uma estabilidade. Passamos da ditadura para a democracia. Conquistamos a estabilidade monetária. Há alternância de poder. Temos muito a melhorar como país, mas se olharmos para a Argentina e a Venezuela veremos que as nossas instituições são mais sólidas. Vejo um futuro promissor para a Plaenge, mas, ao mesmo tempo, a preservação de nossos princípios. Édison Holzmann acredita que a Plaenge terá um aumento de escala e vai ampliar sua base de atuação em outras regiões. – No futuro, creio que, além de apartamentos e obras industriais, vamos vender ideias e modelos de gestão. Nosso conhecimento será um produto. O apartamento do futuro, na visão de Édison, vai incorporar cada vez mais a tecnologia e os procedimentos sustentáveis. – A redução da mão de obra vai fazer com que surjam métodos construtivos mais automatizados, com menos transporte, menos sujeira, menos manuseio. Os sistemas serão

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mais prontos, e a geração de resíduos será bem menor. Quem vai decidir o ritmo dessas mudanças é o mercado. E nós somos especialistas em entender o mercado. O futuro da Plaenge tem muitas frentes. E uma delas está na energia. O engenheiro Hélio Torreti, especialista em montagens industriais, que trabalhou na Emisa nos anos 80 e 90, voltou recentemente à Plaenge, a convite de Evaldo Fabian, para participar de um projeto voltado às novíssimas tecnologias: – Estamos trabalhando em parceria com um grupo alemão para produzir e vender energia a partir do gás metano. É um biogás produzido com resíduos da cana-de-açúcar. No mundo, ainda não existe nenhuma unidade feita neste modelo. O gerente Widson Schwartz afirma que a tecnologia será decisiva no futuro da Plaenge: – Vamos crescer em volume de empreendimentos e em capacidade tecnológica. Creio que a Plaenge futuramente terá uma divisão de negócios e uma divisão de tecnologia. Fernando Tavares toma a superação da crise de 2008 como um exemplo que vai nortear o futuro da empresa: – Foi uma decisão muito inteligente não abrir o capital da empresa. Se tivéssemos feito isso, hoje seríamos escravos dos acionistas. Na crise de 2008/2009, por exemplo, a empresa continuou crescendo e não fez demissões, quando todas as outras se retraíram. Na opinião de Fernando, há muito espaço para crescer. Mas aquele que não se preparar estruturalmente – em funcionários, em processamento de dados, em informações, em tecnologia – estará fora do mercado. E a Plaenge se prepara há muito tempo – mais exatamente, há 44 anos. Alcides de Paula enxerga a Plaenge como uma empresa cuja vocação é antecipar o futuro. – Hoje as concorrentes fazem o que a Plaenge fez antes. Veja o caso da Vanguard Home. Ou os apartamentos decorados. Ou o seguro de entrega. A Plaenge é um ícone, um modelo. Não tenho dúvidas de que ela vai continuar em um patamar superior, crescendo cada vez mais, até mesmo fora do país. O próximo degrau da Plaenge talvez só possa ser visto daqui a alguns anos. Em 2009, os diretores Evaldo Fabian e Rogério Iwankiw (gestor da Plaenge em Cuiabá desde 2003) estiveram na África da Sul para acompanhar os preparativos do país para a Copa do Mundo. O objetivo da viagem era observar o que viria pela frente em 2014 – quando Cuiabá e Curitiba serão sedes da Copa no Brasil. Com cinco anos de antecedência, eles olharam para o futuro. Rogério vê as transformações que a Plaenge ajudou a fazer em Cuiabá e vislumbra novas conquistas: – Em 30 anos de Cuiabá, a Plaenge fez mais de 50 empreendimentos na cidade. Isso dá uma população de mais de 10 mil pessoas. Fizemos a cidade melhorar, estimulamos mudan-

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Rogério Fabian Iwankiw, gerente regional da Plaenge em Cuiabá, com a família: mudanças e novas oportunidades

ças urbanas. Onde a Plaenge põe a mão, a realidade muda. A Copa de 2014 trouxe grandes oportunidades. Sentimos uma grande alegria, um grande entusiasmo por estarmos aqui, numa região do mundo em que ainda há muito por se fazer. José Moreira Prates, o baiano de Vitória da Conquista, virou o Moreira da Plaenge. Seu amigo e compadre Cássio Carbelin, aquele que pegou o ônibus de Guaravera para o futuro, também é o Cássio da Plaenge. Em uma festa de casamento, Cássio pôde conversar um pouco com Ézaro Fabian. O tema era o futuro. – Dr. Ézaro me disse que quando fundou a empresa não esperava um crescimento tão grande da empresa, porque era uma empresa séria, correta, confiável – e os concorrentes nem sempre eram assim. Mas hoje isso se reverteu em nosso favor. Grandes negócios exigem empresas sérias, corretas, confiáveis. O que era uma desvantagem se tornou um capital que não tem preço. E eu me orgulho de fazer parte disso. Todas as noites, deito a cabeça no travesseiro e durmo tranquilo. José Moreira Prates, o menino que chegou a engraxar os sapatos de Florindo Fabian, cuida hoje de duas famílias. – Tenho a família Moreira Prates e a família Plaenge. O futuro da empresa é muito promissor, muito amplo. Sinto muito orgulho em entregar as chaves de um apartamento e, tempos depois, encontrar a pessoa na rua e ouvir: “Moreira, obrigado!” Essa é a grande hora, o grande momento. Eu só queria viver mais 40 anos para trabalhar na Plaenge.

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O número 44 Em 1970, um engenheiro chamado Ézaro Medina Fabian abriu uma construtora e Londrina. A Plaenge começou numa sala de 18 metros quadrados; o espaço era cedido por um amigo e o telefone era a extensão emprestada por um vizinho dentista. Existe algo especial nos números 40 e 4. O ditador popular diz que a vida começa aos 40. E a vida é composta por quatro fases: infância, juventude, maturidade e velhice. Uma empresa com 44 anos atingiu o tempo do equilíbrio entre a energia da juventude e o conhecimento da maturidade. Em termos simbólicos, 40 é o número necessário para preparação de alguma coisa importante. O número da espera, do esforço, da maturação, da revelação, da realização de um ciclo. Por sua vez, o 4 representa o sólido, o perceptível, o tangível, o concreto. O número da plenitude, da universalidade, da totalidade. Que admirável força possuem esses dois números unidos sob a forma de 44! Davi e Salomão reinaram cada um por 40 anos; quatro são as letras do nome de Deus em hebraico (yhwh). O Dilúvio durou 40 dias; quatro são os pontos cardeais e as estações do ano. Adão, o primeiro homem, tem quatro letras em seu nome. Moisés foi chamado a libertar seu povo aos 40 anos. Os antigos viam o universo composto por quatro elementos primordiais: terra, fogo, água e ar. Jesus passou 40 dias no deserto; pregou por 40 meses; permaneceu 40 dias na Terra após a ressurreição; e teve sua história contada por quatro evangelistas. O símbolo maior da mensagem de Cristo é a cruz: um objeto de quatro pontas. Quatro são os ângulos da página que você lê agora. Fernando Pessoa escreveu em Mensagem:

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Em 44 anos de história, a Plaenge se especializou em construir o que as pessoas sonham. A construção dos sonhos continua acontecendo, não apenas nas casas, apartamentos e indústrias, mas principalmente nos indivíduos. Em 1970, o telefone da Plaenge tocou pela primeira vez. Este livro foi feito com base em 44 entrevistas sobre 44 anos de um trabalho que não cessa – e parece estar sempre recomeçando. A obra nasce.

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Agr adecimento Agradecemos a todos que fizeram e fazem parte da hist贸ria da Plaenge. Colaboradores efetivos em fevereiro/2014: Abel Feliciano de Souza, Abraao da Silva Lemos, Abraao Trindade de Almeida, Acacio Avelino de Franca, Ada Maria Pereira Tincani de Lima, Adair Jose de Miranda, Adalberto de Oliveira Rocha, Adamario de Lana Gerling Junior, Adao Aparecido Antonio, Adao de Souza, Adao Gaino, Adao Mendes dos Santos, Adauto Raimundo de Carvalho, Adauto Rodrigues de Souza, Adeilson Lima da Silva, Ademar Bacaro, Ademar Cabral de Souza, Ademar Farias da Costa, Ademar Lino de Souza, Ademil Gomes da Silva, Ademilson Francisco de Souza, Ademir de Souza, Ademir Schulz, Adenildo Martins dos Santos, Adil Fernandes dos Santos, Adilson da Conceicao Magalhaes, Adilson Ferreira de Campos, Adilson Ponez, Adilson Rodrigues da Silva, Adinaldo Ferraz de Souza, Adrian Wilian Basso Mallmann, Adriana Alexandre da Silva, Adriana Aparecida Segatti Flores, Adriana Cristina Leinig Marca, Adriana da Silva Barros, Adriana de Oliveira, Adriana Lais da Silva Pereira, Adriana Lucia Leite de Melo Catanilla, Adriana Meyring, Adriana Peraro Moreno Clemes, Adriana Rodrigues Couto Pereira, Adriano Alves de Araujo, Adriano Batista, Adriano Carlos dos Santos, Adriano dos Santos, Adriano dos Santos, Adriano dos Santos Trindade, Adriano Francisco da Silva Oliveira, Adriano Petroni Melquiades, Adriano Rodrigo de Souza Lisboa, Adriano Rubens de Faria, Adriano Silva Santos, Adriano Sousa Rodrigues, Adriano Zarate Melgarejo, Aercio Manoel, Afonso Cabreira Leao, Afonso Ritchielle Martins de Barros, Agentina Pereira dos Santos, Ageu Garcia, Agnaldo Carlos Magalhaes, Agnaldo dos Santos, Agostinho Caceras Rivarola, Ailton Mauricio Alves, Airton Pedro, Aislan Wilian Delgado, Alair Paula de Oliveira, Alan Humberto Generoso, Alan Junior Pinho da Silva, Alan Murilo Lopes da Silva, Alan Rodrigues Francisco, Albertil Jorge Rangel Filho, Alberto Nobuaki Taira, Albino Mariano Barbosa, Alceu Gomes de Andrade Neto, Alcindo Gomes, Alcione Mendes, Alcir Arcanjo Machado Junior, Alcir Silva Gregorio, Aldenicio Alves Moreira, Aldenir Vieira de Melo, Aldenor Alves Valerio, Aldinei Franco Vareiro, Aldo Correa Sardinha, Alejandro Enrique Urrejola Torres, Alesandro Teixeira Pereira Passos, Alessandra Alcalde

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Manchini, Alessandra Luz da Silva Lopes, Alessandra Oliveira Pereira Godinho, Alessandra Teixeira, Alessandro de Farias Rosa, Alessandro de Souza Portela, Alessandro Loepper, Alex Enrique Cofre Alvarado, Alex Everton de Almeida, Alex Luiz da Silva, Alex Sandro Oliveira de Moraes, Alex Sebastiao da Costa, Alex Soares da Silva Goncalves, Alexandra Correia Silva, Alexandre Azambuja Lopes, Alexandre Cesar Soares de Oliveira, Alexandre de Siqueira Campos Lindenberg, Alexandre Dores Fabian, Alexandre Ferreira Celestino, Alexandre Goncalves Silva, Alexandre Pontes, Alexandre Raulik Filho, Alexandre Roberto Guimaraes, Alexandre Soares Moreira, Alexandre Souza Soares, Alexandre Wal Juliao, Alexandro Ferreira da Silva, Alexandro Lucas da Rocha, Alexsandra da Silva Casal, Alicia Ferreira Costa, Aline Almeida de Oliveira Silva, Aline Martins de Oliveira, Aline Martins de Souza, Aline Moreira Berbel, Aline Trindade Soares de Brito, Alison Sanches Toro, Alisson Felipe de Oliveira, Alisson Moreira de Carvalho, Alisson Portela Ferreira, Almir de Souza da Silva, Altevir de Faria Silva, Aluizio Lopes Aries, Alvaro Fernandes Coelho, Alziro da Rosa, Alziro Francisco de Almeida, Amabili Regina Silva, Amanda Crystine Mizga, Amanda Patricia de Castro Marques, Amarildo de Jesus Goncalves, Amauri Santana da Silva, Amauri Santana da Silva Junior, Amelison Nercolini, Americo Barbosa da Silva Junior, Americo Peras Rocha, Amilton Faria da Silva, Ana Carla Nascimbeni Goncalves, Ana Carolina Scalassara, Ana Claudia de Almeida Marques, Ana Cristina de Araujo Melo, Ana de Santana Costa, Ana Flavia Camargo Cardoso, Ana Izabel Alves da Silva Vicente, Ana Lucia Alves, Ana Lucia Rodrigues de Souza, Ana Marcia da Silva Ribeiro, Ana Paula Crestani, Ana Paula de Oliveira Amorim, Ana Paula de Sousa Marques Oliveira, Ana Paula Gomes, Ana Rosa Pereira da Costa Souza, Anadir Marciana da Silva, Anderson Alves de Almeida, Anderson Belmaia, Anderson Candido da Silva, Anderson Carlos de Jesus, Anderson Cazarin, Anderson Cristiano Henkel, Anderson da Fonseca, Anderson da Silva Canhete, Anderson Dimas Vassoler, Anderson dos Santos Barbosa, Anderson Duarte de Arruda, Anderson Mandu Moreira, Anderson Martins dos Santos, Anderson Pacheco Rodrigues, Anderson Quintilhano Santana, Anderson Ribeiro da Silva, Anderson Santos da Silva, Andre Eduardo Vendas Tanus, Andre Leandro Guergolet, Andre Luiz Villarinho Rana, Andre Martins Alves, Andre Messias Lima, Andre Moreira dos Santos, Andre Roberto de Moraes, Andre Santos Barbosa, Andre Silva Porfirio Sandoval, Andre Tatsumi Tanita, Andre Vinicius Lourenco Silva, Andre Zarate Melgarejo, Andrea Costa Rodrigues, Andrea Cristiane da Silva, Andrea Luciana Segura Sanches, Andrea Queiroz Garcia Accorsi, Andrea Ramos Fabian, Andreia Alves Florencio, Andreia Ev Konrath, Andreia Marques Duarte, Andressa Bauli Piquetti, Andressa Cirilo Dias Gongora, Andressa da Silva Pereira, Andriele Carolina de Borba, Andriene da Costa Moraes, Anelisi Oliveira da Silva,

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Angela Aparecida da Silva, Angela Maria Stoco, Angela Tamie Ito Mantovani Tejo, Angelica Ramos Lourenco, Angelo Manoel Vardanega, Anice Vargas, Anizio Ferreira Leopoldino, Anizo Pereira da Silva Neto, Anna Gabriela da Luz, Annelys Yasmin Mendoza Carrasco, Antonia Marcia Alves Mourao, Antoniel Oliveira de Amorim, Antonio Adolfo Duarte Correa, Antonio Alves de Almeida, Antonio Alves de Carvalho Filho, Antonio Aparecido Bispo dos Santos, Antonio Aparecido dos Santos, Antonio Benedito de Arruda, Antonio Campos de Oliveira, Antonio Carlos Batista da Silva, Antonio Carlos Buscariol, Antonio Carlos Cardoso Costa, Antonio Carlos Inocencio Junior, Antonio Carlos Tissei, Antonio da Conceicao da Silva, Antonio da Mata, Antonio da Silva Santos, Antonio do Nascimento Filho, Antonio Domingos Galiano, Antonio Donizeti Silva, Antonio Donizetti dos Santos, Antonio Dorli Goncalves dos Santos, Antonio dos Santos Neto, Antonio Esposorio do Nascimento, Antonio Fernando de Araujo Almeida, Antonio Ferreira de Almeida, Antonio Furtado da Silva, Antonio Godoi Matias, Antonio Helio Simonelli, Antonio Jose Real, Antonio Lemucche, Antonio Marcos Albini, Antonio Marcos Dias, Antonio Matiltes de Oliveira, Antonio Mendonza Veiga, Antonio Pedro Raposo, Antonio Pessoa de Araujo, Antonio Pires da Fonseca, Antonio Portes de Barros, Antonio Ribeiro Pontes, Antonio Rodrigues da Cruz, Antonio Silva Teixeira, Antonio Sobrinho de Sousa Silva, Antonio Tiago Calixto da Conceição, Antonio Vilson dos Santos, Aparecida da Silva Ignacio, Aparecida de Fatima dos Santos, Aparecida Pereira Rodrigues Ximenes, Aparecida Rocha Fernandes Vieira, Aparecido Alves de Souza, Aparecido Balbino Messias, Aparecido Costa, Aparecido da Conceicao, Aparecido Damasio, Aparecido de Oliveira Carvalho, Aparecido Jacinto, Aparecido Martins dos Santos, Aparecido Pereira da Silva, Aparecido Pereira de Souza, Aprigio Goes da Silva, Aquilino Rufino da Cruz, Argemiro da Silva, Argemiro Miranda, Ari Alves Sampaio, Ari Bernardo da Silva, Ari do Nascimento, Ari Machado, Ariclenes Valerio Gomes, Ariel George Schmidt Lima dos Santos, Ariovaldo Cravino Moreira, Aristides Hernandes, Ariston Paulino de Sousa Junior, Arlindo de Oliveira Sales, Arlindo Fabiano dos Reis, Arlindo Garcia Dias, Armando Bosco Martins Ribeiro, Arnaldo Aparecido Ruela, Arnobio Pereira dos Santos Lima, Arthur Coelho Dornelles, Artur Guarezi Marturelli, Assendino Pereira Martins, Atilio Batista da Silva, Augusto Cesar Amaral de Oliveira, Aurelio Goncalves da Mata Oliveira, Baltazar Bernardes da Costa, Barbara de Simone Ceni, Barbara Lepca Maia, Beatriz Ceron de Mello, Beatriz da Silva Negreiros, Benedito Alves Cardoso, Benedito Ferreira da Silva, Benedito Figueiredo Rosa, Benedito Goncalo de Castro, Benedito Marcos de Oliveira, Benedito Rodrigues Amorim, Benedito Silverio Lino, Benedito Soares de Pinho, Benedito Socorro Contena, Bernadino Jose de Souza, Bianca Baptista Ferreira, Boaventura de Oliveira Ezidio, Brasilino Jorge da Silva, Breno Antonio Camargo Arakaki,

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Breno Badotti Sampaio, Bruna Caroline Cordeiro, Bruna Caroline de Oliveira, Bruna Fernanda de Almeida, Brunno Echeverria Barbosa, Bruno Cardoso Rigo, Bruno Castro Sandim, Bruno Costa Almeida, Bruno Crisanto Mendoza, Bruno Fernandes, Bruno Leonardo Petruy, Bruno Richard Padilha Cassiano, Caio Vinicius Muniz Antunes, Camila Alves da Costa, Camila Bandeira Taques, Camila Luzia dos Reis de Oliveira, Camilla Fernanda Bueno Pepelescov, Carla Daiane da Silva Goncalves, Carla Moreira, Carlos Alberto de Castro, Carlos Alberto Guilherme, Carlos Alexandre da Rocha, Carlos Alexandre de Andrade Martins, Carlos Amadeu, Carlos Augusto Santos, Carlos Eduardo Alves Fagundes, Carlos Eduardo Boaretto, Carlos Eduardo de Mel, Carlos Eduardo Dias da Silva Moraes, Carlos Eduardo dos Santos Taveira, Carlos Eduardo Pazinato, Carlos Eduardo Proni da Silva, Carlos Henrique Dornelles, Carlos Henrique Montanucci, Carlos Henrique Ramiro da Silva, Carlos Justino de Oliveira, Carlos Leandro Goncalves Rondon, Carlos Leonel Teixeira Rodrigues, Carlos Lopes da Silva, Carlos Raimundo Ribeiro, Carlos Roberto Bernardo da Fonseca, Carlos Roberto da Silva Melquiades, Carlos Roberto de Souza, Carmem Guia da Silva, Carmen Aparecida dos Santos, Carolina Bardi Peruzzi Pasquini, Carolina da Silva Nantes, Carolinna Fernanda Bueno Pepelescov, Cassiano da Silva Amaral, Cassimiro Abelardo Marques, Cassio Alessandro Okura Selhorst, Cassio Felipe Marques dos Anjos, Cathia Patricia dos Santos Mattosinho, Catia Borges da Silva, Catia Ferreira da Cruz, Catia Hiroko Yamasaki, Cecilia Aparecida Ramos, Cecilia de Souza Pereira Bandeira, Celia Oliveira Souza Catussi, Celio Vitorino de Souza, Celso de Oliveira, Celso Katsuji Yokota, Celso Lindolfo da Silva, Celso Pereira Junior, Celso Ricardo Pereira Neves, Celso Santos de Oliveira Neto, Cezar Alexandre Cordeiro, Cezar de Almeida, Cezar dos Santos Gomes, Cezar Ricardo Santette, Christian Lorenzo Ramos Molina, Christian Luis Riquelme Zu単iga, Christian Luiz de Souza Moreira, Christian Stickling, Christianne Souza da Costa Marques Pacheco, Christiano Pimenta da Silva, Christiano Rene de Oliveira, Cicera Maria de Melo, Cicero Brito de Sousa, Cicero Ferreira de Souza, Cicero Francisco da Silva, Cicero Francisco de Oliveira, Cicero Jose da Costa, Cicero Marcolino da Rosa, Cicero Miguel dos Santos, Cicero Sales de Oliveira, Cicero Teixeira da Rocha, Cintia Paula Correa da Silva, Ciro Koji Nassu, Cissulo Arevalo, Clarisse Aparecida de Morais, Claudemir da Silva, Claudemir de Oliveira, Claudemir Schoerder Ribeiro, Claudenice Vicente Pereira, Claudenir Cuenca, Claudenir Rocha Naves, Claudenir Rodrigues Pereira, Claudete Pereira de Souza Lopes, Claudevan Vieira Lopes, Claudia Ribas, Claudielson Barbosa da Silva, Claudinei Bernardes, Claudinei da Silva, Claudinei Marcelino da Silva, Claudinei Paes de Souza, Claudiney Pereira, Claudio Aparecido Valentin, Claudio Henrique Soares Silva, Claudio Hideaki Kitaguti, Claudio Jose Sipriano, Claudio Junior Melo dos Santos, Claudio Lopes Aries,

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Claudio Malta da Silva, Claudio Pereira da Silva, Claudio Pereira da Silva, Claudio Raul Dominguez, Claudio Rondon, Claudomiro Alves dos Santos, Clayton Silva Ribeiro, Cleber Antonio da Silva, Cleber Gaspar Loiola, Cleberson Barbosa da Costa, Cleberson da Silva Oliveira, Clecio Pereira da Silva, Cleide Maria Ferreira da Silva, Cleidinei do Espirito Santo Almeida, Cleison da Silva Souza, Cleissimara Grolli dos Santos, Cleiton Barboza da Silva, Cleiton William Kobayashi, Clemilton Gomes do Nascimento, Cleudes Apolinario de Souza, Clever da Conceicao Rodrigues, Clever Isidoro de Campos, Cleverson Henrique Gomes, Cleverson Marques Sereno, Cleverson Moreira Lourenco, Credevaldo Aparecido Jose, Cristiam Batista Pereira, Cristian Luiz Zanin, Cristiane de Assis Nader, Cristiane Moura de Almeida Ruiz, Cristiani Scaranti, Cristiano Campos de Carvalho, Cristiano Espirito Santo Perri, Cristiano Niemeyer, Cristina Matias dos Santos Silva, Cristina Okano de Souza, Cristionedes da Silva, Custodio Roberto de Carvalho, Cynthia Karina Sekiguchi, Daiana Schmidt, Daiane Margonar, Dair Jose Rohsler, Dalvaci do Nascimento, Damaris Ferreira Campos, Daniel da Silva Pereira, Daniel Felipe Rego Silva, Daniel Freitas Santos, Daniel Gustavo Carneiro Turchetti, Daniel Nunes de Oliveira, Daniel Rezende Pimenta, Daniela Carla Mostachi, Daniela Fernandes, Daniela Rezende de Cerqueira Caldas, Daniela Souza Soares, Daniele Christovao da Silva, Daniele Godoy Martins, Daniella Cristina da Silva Mendes, Danielle Cinti do Valle, Danielly Fracaro, Danilo da Costa Vicente, Danilo Roberto Souto Oliva, Danyele Rodrigues Carvalho, Davi Toshiyuki Miya, David Aguilar Alvaro, David Assis Santos, David da Silva, David Senhoretti Pena, Dayane Fernandes da Costa, Dayani Almeida de Oliveira, Debora Aparecida Luzardo Rodrigues Nunes, Debora dos Passos Miranda, Debora Moreno Staut, Delma Etelvina Fermino Luiz, Delmo Aparecido Claro, Denilson Costa de Oliveira, Denis Carlos Costa Marochio, Denis Marcos Nalin Guarido, Denis Montiel Casanova, Denis Rogerio da Silva, Denise Beserra Durey, Denise Juliana Vieira Ramos, Deonisio Lima Marinho, Devair Avelino Alves, Devanir Silvestre Sabio, Dhiego Alberto Parra, Diecika do Nascimento Lima, Diego Augusto da Silva, Diego Borges Silva, Diego Flores Larrea, Diego Guadanin Pinheiro da Costa, Diego Icaro Santos, Diego Jovani Ovalo Olvelar, Diego Miotto Citon, Diego Pandolfo Flores, Diego Sousa Campos da Silva, Dieime Arguelho Rodrigues, Dieine Alves, Dieni Costa de Oliveira, Dilcinei Alves Batista, Dilvanize do Nascimento Lima, Dimas Vassoler, Dinarte de Oliveira Santos, Dinei Rodrigues, Diogo Henrique Martins Machado da Costa, Diogo Marini Marchioto, Diogo Merlone Pereira, Diogo Pereira Martins, Diones da Silva, Dionisio Rodrigues Cassiano, Dirceu Antonio Peruceli, Dirceu da Silva, Dirceu dos Santos Teixeira, Dirceu Ferreira Machado, Dirceu Miguel dos Santos, Divilmar Fideles dos Santos, Divino Alves de Oliveira, Divonzir de Lima Xosque, Dogmar Pereira dos Santos, Domingos Albino da Silva, Domingos

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Bezerra, Domingos da Silva Lopes, Domingos Pedro de Araujo Silva, Domingos Salvador Almeida das Neves, Domingos Tadeu Caetano, Donato Luiz Alves, Donisete Francisco da Silva, Donizete da Silva Pereira, Donizete Pereira Almeida, Donizetti Gomes Filho, Doraci Aparecido da Silveira, Doraci de Souza, Dorianey Magnus Peres, Douglas dos Santos, Douglas Leandro Saraiva Pinheiro da Silva, Douglas Rautenberg Pires, Drielly Cristina Guimaraes, Durso Ferreira Galarza, Dyego de Carvalho Poiato, Eberth Willyan Pereira, Edeilson Lourides Jacquet, Edemilson de Oliveira Neto, Edemilson Vieira de Almeida, Edenilson da Silva Souza, Edenilson Fernandes de Oliveira, Edenilson Vottri, Edeon Alvaro Ferreira da Silva, Eder Bronel da Costa, Eder Fernandes Rodrigues de Paula, Eder Mauro Silva Araujo, Ederaldo Vieira de Souza, Ederson Amorim Bispo, Ederson dos Santos Almeida, Ederson Fernandes da Silva, Edevaldo da Cruz e Silva Junior, Ediclei Fabiano Mendes, Edilaine Mendes dos Santos Vieira, Edimilson Bezerra da Silva, Edinaldo Correia Lima, Edinei Lemes da Silva, Edinelson Ortiz Sekula, Edirlene Maria da Silva, Edison Claudio Fabian Holzmann, Edison Lulu Felix, Edison Roberto Ferreira Grawe, Edivaldo Andrade de Miranda, Edivaldo Antonio de Sa, Edivaldo Carlos Azanha, Edivaldo Delgado, Edivaldo Donizeti Santana, Edivan da Silva Melo, Edivan Ferreira dos Santos, Edivana Lourdes da Silva, Edivanio Ferreira Garcia, Edline Pierre Vil, Edmilson Batista Miranda, Edmundo Gomes Farias, Edna Maria Carvalho, Edneia Francisca de Paula, Ednelson Estevao Peraro Ivantes, Edson Aparecido de Lima, Edson Barbosa de Passos, Edson Bittar Pontes, Edson Campos Mendonca, Edson de Souza, Edson Dione de Souza, Edson dos Santos Lima, Edson Goncalo de Arruda, Edson Jose Alves, Edson Jose Ribeiro Marques, Edson Luiz de Oliveira, Edson Marcos de Oliveira, Edson Marioto, Eduardo Alex de Souza, Eduardo Alexandre Pedreira, Eduardo Costa Bueno Filho, Eduardo de Sousa Barreto, Eduardo Delmindo da Silva, Eduardo Egidio de Oliveira, Eduardo Graumam, Eduardo Henrique Costa Octaviano, Eduardo Junior Brito Campos, Eduardo Marafigo Del Grossi, Eduardo Silva da Rosa, Eduardo Takaessu Zani, Eduardo Utiyama, Edvagno Vaz Amaral, Edvaldo da Silva Nazario, Edvaldo Jose Sartori, Edvaldo Salvino Ferreira, Elaine Matos Pinheiro, Elaine Meire Ferreira do Couto, Eleandro Moura da Silva, Elenir Jesus Leite Barbosa, Eliandro Aparecido do Nascimento, Eliane Aparecida Braga Venceslau, Eliane Cezario, Eliane Chana Gomes, Eliane Costa Barbosa, Eliane do Rocio Bueno, Eliane Maria da Silva Labres, Eliane Zeferino da Silva, Eliante Noel, Elias Alves da Silva, Elias de Oliveira Souza, Elias Freitas de Almeida, Elias Vereus Guergoleto, Eliezer de Souza Brito, Elio Pereira dos Santos, Elisabete Rosa das Virgens Carlos, Elisangela Aparecida dos Santos, Elissandro Andre Basso, Elizabeth de Souza Leite, Elizeu da Silva Pinto, Elizeu Dias, Elizeu Paulo da Silva, Ellen Christina Marques, Elmiria Diniz de Moraes, Elpidio da Silva, Elson dos Santos, Elson Tadeu

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Parise Maia, Elton Andrey Pereira, Elton Assis Maggioni, Elton Goncalves dos Santos, Elton Nascimento de Oliveira, Eluir Antonio de Lima Azevedo, Eluzia Maria Tomaz, Elza da Silva Freitas de Oliveira, Emanuela Pereira Cardoso, Emanuele Nobre Alves de Souza, Emerson Cavalheiro Barreto, Emerson Diniz Guerreiro, Emerson Inacio da Silva, Emerson Santo Faria Junior, Enerino Cassio Caberlin, Enio Ribeiro da Silva, Enos Paulo Silva Barbosa, Erich Hilton Murari Motta, Erico Tavares dos Santos, Erika Cristina Nascimento, Erisvanio Ferreira dos Santos, Ermes Izael Duarte, Ermison Arguelho Ramos, Ernestino Lisboa de Oliveira, Ernesto Coutinho, Ernesto Junior Pinto Alves, Ernesto Pereira Gazal, Eronaldo Jose Reis, Erotildo Correia Boaventura, Erson Henrique de Oliveira, Esiquiel Nunes de Moraes, Etiene Barbosa de Araujo Junior, Eudes Andrade, Eugenio Candido de Carvalho, Eulalia Balduino Ferreira, Eurico Benedito de Campos, Euripedes Nicolau da Silva, Evaldino de Souza Neves, Evaldo F. Medina Fabian, Evandro Fernando de Oliveira, Evanildes Antonia da Silva, Evanildo Bispo de Carvalho, Evelisa Cristine de Oliveira, Everson Amantino Maciel, Everson Aparecido da Silva, Everton de Moura Panes, Ewerton da Silva Sena, Expedito Vitor dos Santos, Ezaro Medina Fabian, Ezequiel da Silva dos Santos, Ezequiel Petter da Rocha, Eziquiel Correa, Fabia Cristina Yoshida Monma, Fabiana de Aguiar Paz, Fabiana Freitas Zeferino, Fabiana Regina Simoes, Fabiane Correa Dallazen Fernandes, Fabiane Martins, Fabiano Bergamasco Poiatti, Fabiano de Oliveira Junqueira, Fabiano Galli, Fabiano Muchinski, Fabiano Neves de Miranda, Fabio Aparecido Arruda, Fabio Arce de Araujo, Fabio Borges Lima, Fabio da Costa Leite, Fabio da Silva Ribeiro, Fabio do Nascimento, Fabio Eduardo Gomes, Fabio Ferreira da Rocha, Fabio Ferreira Marques, Fabio Fiewski Soares, Fabio Kenichi Akiyama, Fabio Leandro Fernandes Camilo, Fabio Leiroz, Fabio Lettrari, Fabio Pereira da Conceicao, Fabio Pereira da Silva, Fabio Rodrigo Pereira, Fabio Rodrigues da Silva, Fabio Rogerio Martins Pereira, Fabio Sato, Fabio Takeda, Fabiola de Cassia Almeida, Fabricio da Silva Santos, Fabricio Martins Beraldo, Fabricio Murtinho da Silva, Fabricio Pereira de Souza, Fatima Vergote, Fausto Luiz Tsutsui, Fausto Richard Echer, Fausto Rogerio Dias de Araujo, Felipe dos Santos Beraldi, Felipe Fedato Bressan, Felipe Soares Pinto, Fernanda Cavalheiros Dorval, Fernanda Cristina dos Santos, Fernanda da Rocha Jodas, Fernanda Jacob Costa, Fernanda Silva dos Santos, Fernando Alberto Wollmann, Fernando Arima, Fernando Augusto Alves da Silva, Fernando Bezerra Silva, Fernando Dores Fabian, Fernando dos Santos, Fernando dos Santos Neves, Fernando Eliseo Saldivia Palacios, Fernando Faria da Silva, Fernando Ferreira da Silva, Fernando Henrique de Souza Pereira, Fernando Henrique Silva Cruz, Fernando Henrique Vasconcelos Brito, Fernando Hideo Shinmi, Fernando Jose Suzano da Costa, Fernando Marques da Silva, Fernando Meneghel, Fernando Tavares Vieira, Fidelino Batista Pinto, Filipe Silveira Boito, Flavia Maria de Souza,

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Flavia Victorino, Flaviane Maria da Silva, Flavio Brandao Barbosa, Flavio Caetano de Oliveira, Flavio Fabrao Moraes, Flavio Jose Cruz Silva, Flavio Santos de Quadros, Franciele Peres de Souza, Francielly Costantin Senra, Francisca Duarte da Silva, Francisco Airton de Sousa Silva, Francisco Benedito da Silva, Francisco da Silva, Francisco de Assis Camilo Sousa, Francisco de Assis Costa Lima, Francisco de Assis dos Santos, Francisco de Sousa Nepomuceno Filho, Francisco de Souza Moledo, Francisco Felix da Silva, Francisco Goncalves de Aguiar, Francisco Kennedy da Silva Sousa, Francisco Luciano Ferreira de Oliveira, Francisco Nogueira Cubel, Francisco Raimundo de Aquino, Francisco Sebastiao Gomes da Silva, Francisco Silva Filho, Francisco Vanderlei da Silva, Francivaldo Monteiro da Silva, Frank Yovani Justiano Cuyati, Franklin Anastacio Carvalho, Franklin Carlos Roger, Franquini Santana Leopordino, Frederico Bembenek de Mello, Frederico Jose Hofius, Frisnet Jean, Fritznel Ceance, Gabriel Arns Stobbe, Gabriel Gomes dos Santos, Gabriel Michellan Bonfim, Gabriel Nogueira Cubel, Gabriel Osti da Silva, Gabriel Silva Maciel, Gailson Lima de Miranda, Galisio Bezerra Moraes Filho, Gean Carlos de Moraes Rodrigues, Gedeoni Leite Alves, Geize de Lima Alves, Gelcio Laudelino dos Santos, Gelcion do Rocio Machado, Gelson Antonio Giraldi, Gelson Bondespacho Amorim, Gelson Pereira Ramos, Gelson Ramos Pereira, Genaldo Dias Machado, Genival Mendes, Genivaldo Borges Ribeiro, Geovane Costa, Geraldo do Prado Mendes, Geraldo Gomes dos Santos, Geraldo Pereira Felix, Gercy Albaro Nunes, Geremias de Oliveira Paes, Germinio Pereira do Nascimento, Gerson Ben Hur Ferreira Gogel, Gerson da Silva, Gerson Francisco, Gerson Luiz da Silva, Getulio Moraes da Conceicao, Gil Henrique Leocadio Hegeto, Gilberto de Souza, Gilberto Ribeiro Evaristo, Gilberto Rodrigues Mira, Gilberto Sedinei Souza de Lima, Gildasio Coelho Cavalcante, Gildo Souza dos Santos, Gilmar Amaral Gomes, Gilmar Lima de Jesus, Gilmar Neves do Nascimento, Gilmar Paes dos Santos, Gilmar Pereira de Oliveira, Gilmar Pinheiro Damaceno, Gilmara dos Santos, Gilson Antonio de Faria, Gilson Rogerio Kvetik Pinto, Gilson Soares de Magalhaes, Gilvan Paes de Almeida, Gilvane Janete Schacht Iwankiw, Gisele Aparecida Lopes, Gisele Regina Macedo, Gislaine Ferreira Garcia, Gislene dos Santos Silva, Giulliano do Nascimento Messias, Givanildo Moreira Santos, Gleyner John de Souza Fidencio, Gleyson Fernandes Rocha, Gleyson Ktsumi Kawamura, Goncalo dos Santos, Goncalo Luiz Rodrigues, Graciele Ranzan, Graciele Regina Ferreira dos Santos, Gracielle Prima Galvao, Grasiele Alves da Silva, Graziela Ferreira da Cruz, Gredson de Carvalho, Gregorio Teixeira Borges, Grijalva Candido de Oliveira, Guilherme Camargo Perin, Guilherme de Souza Lourdes, Guilherme Gandolfi Lachi, Guilherme Graziani, Guilherme Leandro Aparecido, Gustavo Tomasetti Marcondes, Gustavo Henrique Granada, Gustavo Henrique Lima Pereira, Gustavo Lobo Fecci, Gustavo Luis Schacht, Gustavo Sergio Peres Vacario, Heber

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dos Santos Silva, Hector German Herrera Viguera, Hedpo Douglas Alsouza Tarbone, Helder Afonso Teixeira, Helen Cristina Santana, Helena Aparecida de Sena, Helio Francisco de Godoi Junior, Helio Jose da Silva, Helio Pinheiro da Mata, Helio Rodrigues Navarro, Helio Wagner Burin, Helmar Roland Viertel Molina, Heloisa Garcia Rocha, Helton Laurentino Silva, Hendrew Vinicius Torres Heimbach, Henrique Saulo de Souza, Hermes Soares Barbosa, Hevellyn Beatriz Felix Lupi, Hiran Araujo Magalhaes, Hudemberg de Souza Lima, Hudson Thomas dos Santos, Hugo Mario Machado Monteiro Blanco, Hugo Sergio de Paiva Cruz, Humberto de Castro Goncalves, Idalicio Silva Santana, Igor Souza de Almeida, Ilka Michele Santos Bueno, Ingrid Biasetto Ens, Ingrid Costa Paulo Fragas, Irispaulo Silva do Livramento, Isaac Faustino Pegaz, Isabel Cristina de Campos, Isabela Fiori Travain, Isac Dias de Souza, Isac Maciel da Rosa, Isadora Inocente, Isaias Alexandre Ferreira, Isaias Bogarin Castro, Isaias Tertuliano de Barros, Isaque Moreira Manoel, Ismael Gadelha Filho, Ismael Ribeiro, Itais Rogerio dos Santos Dias, Ivan Alan Feitosa, Ivan da Silva Brito, Ivan Duarte Farias, Ivan Gutierres dos Santos, Ivan Luiz Haberman, Ivandel Prudente, Ivandro da Cruz, Ivaneide Oliveira Santos, Ivanete Rodrigues da Silva, Ivete Ines Morschberger, Ivo Barbosa da Silva, Ivo Cesar de Oliveira Benites, Ivo da Guia, Ivo Jose da Silva, Ivo Koki Tanaka, Ivo Nascimento Barbosa, Ivone Barros de Oliveira, Ivonei M. da Silveira, Izaias de Paula Castro, Izaias Ferreira, Izaura Rodrigues de Freitas, Jackson Jose da Silva, Jacob Francois, Jacqueline de Souza Fonseca, Jailson Sousa de Lima, Jailton Mendes dos Santos, Jaime Domingos da Silva, Jaime dos Santos, Jair Aparecido Guerra, Jair Correa Carvalho, Jair Martins dos Santos, Jair Pinto da Silva, Jair Santo Barboza, Jairo Dias de Souza, Jairo Mendes, Jalles Gomes Rosa, Janaine Dutra Viana, Janderson Cavalcanti Reis, Jandir Alves de Oliveira Miranda, Jango Aparecido Felix, Janice Arruda, Janielly Aparecida Formiga de Melo, Jaqueline Bejatto Nogueira, Jaqueline Goncalves Farias, Jaqueline Manvailler Tibana, Jarbas da Silva Marques, Jardson Jairo do Nascimento Samaniego, Jauri Jose da Silva, Jean Carlos de Almeida, Jean Phierre Santos, Jefferson Capato Rodrigues, Jefferson Mota Leite, Jefferson Weslen de Campos, Jehu de Lima Junior, Jenifer Marques da Silva, Jeova Rodrigues de Souza, Jesse Goncalves da Silva, Jessica Beatriz Vargas Escobar, Jessica Escobar Batista, Jessica Jeanette Salazar Garrido, Jessica Kathielle Alves da Silva, Jessica Maria de Souza Damaceno Godoi, Jessica Regina Wysotchansky Teider, Jessyca Lopes Wounnsoscky, Jesus Aparecido Machado, Jezoneth de Almeida, Jhonatan dos Santos Melo, Jhonatas Cleber Vieira da Silva, Jhonathan Willian Almeida dos Santos, Jiovani Vinicius Prebianca, Joana Batista dos Santos, Joanibe Ribeiro dos Santos, Joanim Rosa, Joao Ademir Batista Ribeiro, Joao Alves dos Santos, Joao Aparecido de Lima, Joao Aparecido Miranda, Joao Arcelino Pomiecinski, Joao Barbosa da Silva, Joao Batista Aparecido, Joao Batista Barbosa da

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Silva, Joao Batista Bernardo, Joao Batista de Brito, Joao Batista Pedrosa, Joao Batista Sobrinho, Joao Bosco da Costa, Joao Candido Saldanha Borsato, Joao Carlos Aponte Nunez, Joao Carlos da Luz, Joao Carlos de Morais, Joao de Lara Pinto Neto, Joao Dias de Brito, Joao dos Anjos Souza, Joao Eudes da Silva, Joao Ferreira, Joao Gabriel Sales Antoniacomi, Joao Goncalo Guimaraes, Joao Gonzaga dos Santos, Joao Leocir Farias, Joao Lourenco Lisboa, Joao Luiz Murad, Joao Neto da Silva, Joao Neves Camargo, Joao Paulo de Assis, Joao Paulo de Sousa Mateus, Joao Paulo Pires, Joao Paulo Silva de Castro, Joao Pereira da Silva, Joao Pereira da Silva, Joao Pereira da Silva, Joao Pinto de Souza, Joao Rafael Dias de Deus, Joao Rodrigues da Silva, Joao Rufino da Silva, Joao Simoes de Souza, Joao Vitor Oliveira Carvalho Rodrigues, Joaquim Duraes Neto, Joaquim Jose do Nascimento, Joaquim Paulo Rodrigues, Joas dos Santos Silva Junior, Jocimar Soares de Magalhaes, Jocimara Fortunato, Joel da Cruz Santiago, Joel Fernandes da Rocha, Joel Goncalves Pinto, Joel Matias, Joel Xavier de Moraes, Joeline Miranda, Joelson Pereira Machado, Joicy Evilin Alves Leite, Joilson Ceriaco da Silva, Jonacy Cardoso Costa, Jonas Alves da Silva, Jonas de Souza Faustino, Jonas Graca Leme, Jonas Soares Campo, Jonatas Soares Amancio, Jonathan Rosa de Andrade, Jonathas Pacheco Silveira, Jonathas Vinicius Lima Cosso, Jorge Augusto Barbosa da Cruz, Jorge Batista, Jorge Batista Prestes, Jorge Fideis Recalde Gadda, Jorge Luiz Barbosa Vavas, Jorge Luiz de Souza Paula, Jorge Marcelo Negron Campos, Jorgelio Velma Barbieri, Josadak Franca de Miranda, Jose Adilson Caetano, Jose Adilson Duarte, Jose Aleixo da Rosa, Jose Antonio Barbosa, Jose Antonio de Oliveira, Jose Antonio Silva Santos, Jose Aparecido Cardoso, Jose Aparecido da Cruz, Jose Aparecido da Luz, Jose Aparecido da Silva, Jose Aparecido de Oliveira, Jose Aparecido Lopes dos Santos, Jose Aparecido Silva Santos, Jose Augusto de Souza, Jose Bezerra dos Santos, Jose Bosco de Almeida Santos, Jose Camargo, Jose Carlos Alves, Jose Carlos de Toledo da Rocha, Jose Carlos Goncalves, Jose Carlos Goncalves, Jose Carlos Jorge, Jose Carlos Neris, Jose Carlos Pinheiro da Mata, Jose Carlos Rodrigues, Jose Carlos Venancio, Jose Carmo da Silva, Jose Diacis Dias Nascimento, Jose Domingos Brites, Jose Donizeti Leoncio, Jose dos Santos Lima, Jose Edvaldo Moreira Costa Junior, Jose Eliandro de Oliveira, Jose Erondi Goncalves, Jose Eufrazio Sobrinho, Jose Eugenio Avelino, Jose Ezidio da Silva Campos, Jose Faustino Ferreira, Jose Ferreira de Lima, Jose Francisco da Silva, Jose Francisco Salmento, Jose Francisco Santos da Silva, Jose Garcia da Silva, Jose Gomes da Silva, Jose Hemenegildo Bomdispacho, Jose Honorato Pereira Sandes, Jose Julio do Nascimento, Jose Leandro de Souza, Jose Leite da Silva, Jose Lisbon da Silva, Jose Lopes de Sousa, Jose Luis Dutra Matos Bicho, Jose Luiz Gomes da Silva, Jose Luiz Valerio, Jose Marcelo Scheffler, Jose Marcio de Almeida Oliveira, Jose Marcos Rodrigues Rocha, Jose Martim da Silva, Jose Martins Dias, Jose Miranda, Jose Moreira Prates Neto, Jose

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Mota Sena, Jose Nader Junior, Jose Orisvaldo Cardozo da Silva, Jose Osvaldo Ferreira Santos, Jose Pereira de Amorim, Jose Raimundo dos Santos, Jose Roberto Rodrigues, Jose Valdenilton Sa do Nascimento, Jose Valdenir Ferreira, Jose Vercedino da Silva Leite, Jose Vicente Magalhaes, Jose Wilson da Silva Jose, Joselene Oliveira da Silva, Josenildo Jose de Souza, Josial Alves da Guia, Josiane Pietzsch Grudzinski, Josiane Segundo, Josiani Goncalves Rodrigues, Josimario Antenor, Josimeri da Silva, Josinete Ferreira da Silva, Josmar da Silva Sabino, Josue Bandeira Duarte, Josue Diogenes dos Santos, Josue Marcimiano da Silva, Josuel Pereira dos Santos, Jovair da Silva Santos, Joventino Garcia, Joyce Vieira Rodrigues da Silva, Juan Manuel Barra Domke, Juarez Angelo da Silva, Juarez do Nascimento, Jucele Alves Sampaio de Arruda, Jucelene da Silva Santos, Jucelha Cardoso dos Santos, Jucicleia Assuncao Barros, Julcineia Rodrigues de Amaral, Juliana Brandao Dornelles, Juliana Coelho do Rosario Andrade, Juliana Goncalves Spina, Juliana Goncalves Teixeira, Juliane Carvalho Dias, Juliane Cristina de Carvalho Barros, Juliano Ferreira de Lima, Julio Cesar de Campos Franca, Julio Cesar de Oliveira, Julio Cesar Moraes Leite, Julio Diniz da Silva, Junior Alves Firmo de Camargo, Jurandi Luiz Santiago, Jurandir Alves Correia, Jurandir Muniz Falcao, Jurece dos Santos, Justino Policarpio da Costa, Juvenal Francisco, Juvenil Manoel do Nascimento, Juvercino de Souza, Juzi Ariam Alves Saravy, Kamila Kawane Luiz, Kariane Jarcem da Costa, Karina Kethelin de Souza, Karina Tomie Endo Prebianca, Karl Gustav Ellwein, Karla Pierro Scaff, Karlen Bortolon Kazama, Kassia Azambuja Carneiro, Katia Alex de Souza, Katia Cristina Lavoratto de Souza, Katia Orsolin, Katia Souza Pereira, Keller Martins Silva, Kelli Eleodora Parente Oliveira, Kelly Cristina Costa da Silva, Kelly da Silva Sandim, Kelvis Aloisio Antunes, Keren Mirian Miranda da Silva, Keyla Fialho Pereira, Keyla Kock de Oliveira, Kharen Iorhana da Silva Oliveira, Kleber Robson dos Santos Souza, Kleia Antonio Costa, Kristhal Katherine Ardura Tibamoso, Laecio da Costa Silva, Laercio Rigobelo, Laergio Teixeira, Lais Fernanda Brambilla, Larissa Marques de Oliveira Araujo, Larissa Sebastiana de Arruda Borges, Larissa Widniczek Brunner, Lauriane Maria da Silva, Leandro Aparecido da Silva, Leandro dos Anjos, Leandro Franca Souza da Silva, Leandro Rissi Fernandes, Leandro Roberto dos Santos, Leandro Souza Amorim, Leda Gloria da Costa, Leide Daiana Zeferino da Silva, Leiliane Correa da Costa Souza, Leise Mara Lazari Zanatta, Lelio Mendes de Oliveira Filho, Lelton Alex Murador, Leomar Rodrigues de Oliveira, Leonard Henrique de Souza Azevedo, Leonardo Ferreira da Costa, Leonardo Hoffmann, Leonardo Medeiros Garrido de Paula, Leonardo Messias Fazion, Leonardo Ramos Fabian, Leonardo Salgado Soldati, Leonardo Tadaaki Tsuge, Leonardo Vieira Barbosa, Leonel dos Santos, Leonel Ranucci, Leonicia Vitor, Leonidia Westphal Viana, Leonio Jose de Arruda, Leticia Lopes Salem, Leticia Vicentin das Neves,

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Letticia Bortolotto de Souza, Lidiane Regina dos Santos Souza, Lidio Pereira dos Santos, Ligia Maria Regilio de Souza, Lilia Mara Schineider, Lilian Aparecida Clara da Silva, Liliane da Silva Rodrigues Dias, Liliane Ribeiro de Oliveira Schneider, Lindomar Costa, Lisania Santana da Costa, Livia Vieira Marques, Lorena Franchini Rosa, Lorena Spada de Siqueira, Louise Lamb, Lourdes Maria de Souza, Lourival Antonio da Silva, Loyana Rodrigues Tavares, Luan Mucio Correia, Lucas de Souza Morais, Lucas Francisco da Silva, Lucas Neres Avelar, Lucas Rosario Arruda dos Santos, Luciana Machado, Luciana Maria de Almeida e Silva, Luciana Mendes Garcia, Luciana Pacheco de Souza, Luciana Pereira da Cruz, Luciana Siqueira da Silva, Luciana Teresa Franco Valente dos Santos, Luciana Theodoro Ferreira, Luciana Tiemi Shimoyama, Luciane Saraiva de Avila, Luciano Aparecido de Paiva, Luciano de Alcantara Trepicci, Luciano de Souza, Luciano Galvao Padilha, Luciano Marino da Silva, Luciano Pereira da Silva, Luciano Ribeiro, Luciano Rodrigues, Lucidio Marinho, Luciene Yukari Yasunaka, Lucila do Carmo Schmidt Travaina, Lucilaine de Almeida Arruda, Lucilene Alves de Freitas Sobral, Lucimar da Costa Correa, Lucimara Gomes Comisso, Lucinei Felipe da Silva, Luis Aguero, Luis Antonio da Cruz, Luis Carlos de Morais, Luis Carlos Martins, Luis Cesar dos Santos, Luis Henrique dos Santos, Luis Paulo de Azavedo Silva, Luis Paulo Ducatti, Luiz Alberto Thomas, Luiz Antonio Cardinali, Luiz Antonio Goncalves da Cunha, Luiz Augusto de Oliveira, Luiz Balbino, Luiz Barbosa, Luiz Cardoso Soares de Lima, Luiz Carlos Camilo Fortunato, Luiz Carlos Dias, Luiz Carlos dos Reis Areco, Luiz Carlos Paes de Campos, Luiz Carlos Pereira, Luiz Carlos Soares de Lima, Luiz Carlos Tobias de Oliveira, Luiz Celso Xavier, Luiz Claudio Anelli, Luiz Clementino de Oliveira, Luiz Colly, Luiz da Costa Medeiro, Luiz da Silva, Luiz Eduardo Menezes Peraro, Luiz Fernando de Gois, Luiz Francisco da Silva, Luiz Gabriel Cardozo, Luiz Gustavo Sabbag Hampel, Luiz Gustavo Salvatico, Luiz Helio Marques da Silva, Luiz Henrique Quadri Carneiro, Luiz Henrique Souza Silva, Luiz Mariano da Cruz, Luiz Mauro Silva Arruda, Luiz Octavio Carvalho de Pinho, Luiz Rosa Gomes, Luiz Van Fidelis da Silva, Luiza Larissa Alves Porto, Luzia Afonso do Nascimento Goncalves, Luzia Aparecida Avelino da Silva, Luzia Francisca de Melo, Lydia Ximena Fuentes Silva, Magda Fernanda Rondon de Gouvea, Magno Alves Ferreira, Magno Franco de Almeida, Maiara da Silva Kabke, Maiara de Freitas, Maico Gutchelly Maganha, Maicon Alexandre, Maicon Andrei Buss, Maicon Augusto Marques, Maik Junior dos Santos, Maique Franca Sousa, Maiquele dos Santos Barbosa, Maksleia da Silva Oliveira, Manoel Antonio Soares Neto, Manoel Aparecido de Oliveira, Manoel Augusto Gomes de Lima, Manoel Caetano da Silva, Manoel Clementino Gomes, Manoel da Cruz Nascimento Sarat, Manoel do Nascimento Silva, Manoel Gomes da Silva, Manoel Hildo de Oliveira Junior, Manoel Lemes Correa, Manoel Nascimento Machado,

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Manoel Nunes Sobrinho, Manoel Ponciano de Oliveira Neto, Manoelino Aparecido do Carmo, Marcela Ceron de Mello Goncalves, Marcela Gaier, Marcelo Petroni Melquiades, Marcelo Alejandro Aburto Habert, Marcelo Aloisio Reis Pissinati, Marcelo Antonio Kenchikoski, Marcelo Costa Sambati, Marcelo de Oliveira, Marcelo Meloni, Marcelo Oliveira da Silva, Marcelo Pereira de Amorim, Marcelo Pereira Nunes, Marcelo Pinheiro Ribeiro, Marcelo Reginaldo Reis, Marcelo Ricardo Resquetti, Marcelo Rubens da Silva, Marcia Cristina Bzuneck, Marciel Severmine, Marcilene Granado Munhoz, Marcilio Jose da Silva Junior, Marcio Albano Ribas, Marcio Aparecido Pereira Ramos, Marcio Batista Alem, Marcio Carlos Cardoso da Silva, Marcio de Araujo, Marcio de Paula Fonseca, Marcio do Nascimento Ferreira, Marcio dos Santos, Marcio Johnny Lima Ribeiro, Marcio Jose de Oliveira, Marcio Leandro da Silveira, Marcio Luiz Baldo, Marcio Martins de Souza, Marcio Pereira de Freitas, Marcio Plautz, Marcio Vinicius dos Santos Soares, Marco Alexandro Prado, Marco Antonio Alves, Marco Antonio Baldo, Marco Antonio Eleuterio Tezolin, Marco Antonio Linhares, Marco Antonio Mendes Ribeiro, Marco Aurelio Duraes, Marco Aurelio Lopo, Marco Bruno Ferreira Martins, Marcos Adriano de Oliveira, Marcos Andre Fernandes, Marcos Antonio da Silva, Marcos Antonio Goes, Marcos Antonio Passoni Moreno, Marcos Aparecido Ponce, Marcos Aurelio Freire Arbigaus, Marcos Aurelio Prado Brandao, Marcos Calixto de Freitas, Marcos Cesar Vicente, Marcos de Souza Alves, Marcos Dias de Abreu, Marcos Evaldo Calefi, Marcos Gabriel Tozzi, Marcos Henrique Pessoa, Marcos Jose Stresser, Marcos Moreira Barbosa, Marcos Nunes da Silva, Marcos Picolim, Marcos Roberto Barbosa de Souza, Marcos Roberto Garbuglio, Marcos Roberto Lopes, Marcos Rogerio Souguellis, Marcos Ubiratan Tavares Ferreira, Marcos Valdeir Monteiro Lopes, Maria Angelica Generoso Passos, Maria Antonia Ferreira dos Santos, Maria Aparecida do Nascimento Teixeira, Maria Aparecida dos Santos de Menezes, Maria Auxiliadora Core, Maria Cristina Gomes Paraba, Maria da Paz Santana Lima, Maria da Penha Soares dos Santos, Maria de Fatima dos Santos, Maria Elizabete da Silva, Maria Elizabeth Gomes Araujo Guimaraes, Maria Fernanda Ghelere Bueno, Maria Fernanda Picotti, Maria Francisca da Silva, Maria Francisca de Sousa Nascimento, Maria Helena de Paula, Maria Izabel Trajano Petti, Maria Jose Batista Ribeiro dos Santos, Maria Jose dos Santos da Luz, Maria Jose Martins Coelho, Maria Karoliny Lima, Maria Luiza de Almeida Ramires, Maria Neide Ferreira, Maria Raimunda dos Santos, Maria Rita Rodrigues de Campos Silva, Maria Sebastiana da Conceicao, Maria Virginia Sacao, Maria Zeferino da Silva, Mariana Angelica Sales Ferreira, Mariana Bernini, Mariana Castro Furlan, Mariana Gonzaga Trannin, Mariana Martineli, Mariana Mendes Saraiva, Mariana Montini Caleffi, Marianella Molina Hitschfeld, Mariano Corcino Magalhaes, Mariel Dias Mororo, Marilda Aparecida da Silva, Marilda Fatima Monteiro,

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Marilene Fidelix da Silva, Marilia Bendlin Calzavara, Marilia Paula, Marilza Aparecida Gomes de Sa Rodrigues Souza Andrade, Marilza Ferreira Inocencio, Marilza Teixeira Lopes, Marimilia Dalpizzol Soler, Marina Danielides, Marina de Jesus Barbosa, Mariney Pereira Melo, Mario de Freitas Matos Chazan, Mario Pereira de Freitas, Mario Wanderley Alfonso Nogueira, Marisa Benedita Alves, Maristela de Fatima Matos, Marize Conceicao da Silva, Marlene Domingues de Oliveira, Marlene Rodrigues dos Santos, Marlon Rossi, Marly Pereira dos Santos, Marta Cristina Benedito, Marta Cristina da Cruz Nunes, Marta Mazetto Galvan, Mateus Frezza Bodo, Mateus Soares de Campos, Matheus da Silva, Matheus do Nascimento Oliveira, Matheus Katsuo Nakata Correa, Matheus Moreira Barbosa, Matheus Pacheco Bruno, Matias de Oliveira Ezidio, Maurenil Ribeiro da Silva, Mauricio Dallagrana, Mauricio Gamarra, Mauricio Santino Soares Junior, Mauricio Zeni Kurmann, Mauro Andrete de Souza, Mauro Mendes dos Santos, Mauro Mozer Botelho, Mauro Pereira Netto, Mauro Sergio Vilela Galiano, Max Willy Pereira Braga, Mayara Thaissa Fernandes Marzolla, Maycon Johnathan de Franca e Silva, Maycon Renan Machado, Maykon Helton Claviso Silveira, Maylon Vinicius Cavalcante da Silva, Mayra Nemir Neves, Melissa Casal, Melissa Priscilla Boscolo Pimentel, Messias Batista da Silva, Michel Pereira, Micheli de Fatima Mundini, Michelle Brandao Lopes, Michelle Fernanda Pereira, Michelle Gomes de Oliveira, Michelli da Silva Vasconcelos, Miguel de Matos, Miguel Francolino de Farias, Miguel Priori de Oliveira, Milene Mendes de Oliveira, Milton Alves, Milton Pena Teixeira, Miranda Pereira, Mirella Martins de Medeiros, Mitchelle Rodrigues Nassar, Moacir da Silva Cardoso, Moacir dos Santos Silva, Moises Honorio Pires, Moises Lombardi, Monalisa Letucia Barros Lira, Monica de Souza Almeida, Monica Pamplona Oliveira, Morizon Ferreira da Silva, Murilo Ferreira Sarmento, Murilo Machado Barbosa Leite, Mychel Clivati Balieiro, Nadiane Conceicao Mitsueda, Nadine Souza da Silva, Naiara Barbosa da Silva, Nailson Nunes da Silva, Najla Thaina Martins dos Santos, Nandra Paula Fernandes de Oliveira, Narcilene Soares Lopes, Narciso Ferreira da Silva, Natalia Saksida Garzolio Lopes, Natalino Martins de Brito, Natanael Kraus, Natanael Rodrigues dos Santos, Natasra de Rezende, Nathalia Ferreira da Gama e Souza, Nathalia Manvailer Leite, Nayara Lucia Marchiori de Melo, Nelli Brandao Lopes Musiat, Nelma de Menezes Silveira Liczbinski, Nelson Correia da Silva, Nelson dos Santos Castilhos, Nelson Okamoto Shimizu, Nelson Oliveira do Nascimento Filho, Nelson Scabari Silva, Nelson Surubi Costa Leite, Neuza da Silva Ferreira, Nicolas Rezende Cora, Nicole Nonaka Sumida, Nilene da Silva Lima, Nilson Badia Pereira, Nilson da Silva Sousa, Nilson Lopes de Campos, Nilson Pires, Nilton Renato Machado de Assis, Niraldo Valentim de Miranda, Nivael Alves de Freitas, Nivaldo Domingo da Silva, Nivaldo Doroteio Neto, Nivaldo dos Santos, Noel da Silva Pereira, Nylmara Baierski, Odair

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Jose dos Santos, Odair Jose dos Santos, Odair Jose Pinto da Silva, Odair Marques da Silva, Odair Rodrigues, Odemilson Aparecido Bezerra, Odeomarce Messias Galachi de Assuncao, Odete Rosa Cruvinel, Odson Regis Rodrigues da Silva, Olavo Batista Junior, Olivio Pereira Duek, Omar Malouf Ibrahim, Onivaldo Alves Ventura, Oriomar de Jesus Fialho, Orlando Candido de Siqueira Filho, Orlando de Jesus Norberto, Orlando Gomes de Souza, Orlando Potokoski, Orlando Rodrigues de Franca, Oscalino Rodrigues da Silva, Osmar de Oliveira, Osmar Goncalves, Osvaldo de Oliveira, Osvaldo Elias da Silva, Osvaldo Francisco Rodrigues, Osvaldo Oliveira Neto, Oswaldo Okamoto, Otacilio Luiz Branco de Lara, Otacilio Marques Trindade, Oziel Aparecido Lopes, Pablo Francisco da Silva Vital, Paloma Cristina Boranga Porfirio, Paloma Midori Osugi, Paole Lika Ogawa, Paolo Luiz de Souza Vieira, Patricia Caldas Marcal Gatti, Patricia Candida dos Santos, Patricia Coronado Mazetti Iria, Patricia de Paula Pereira Damasceno, Patricia Lopes de Lima, Patricia Marsaro, Patricia Munhoz Geronimo, Patricio Ignacio Villamor Ramos, Paula Flavia Franco de Sa, Paula Ormond, Paula Regina Gasparetto, Paula Valenia Bittencourt, Paulino Ferreira de Freitas, Paulo Alberto Castro Alves, Paulo Alexandre Medeiros, Paulo Antonio Campos Borges, Paulo Antonio de Lima, Paulo Calaca da Cruz, Paulo Cesar de Melo, Paulo Cesar de Souza Franco, Paulo Cesar Galeano, Paulo Cesar Marques, Paulo Eduardo Soares Filho, Paulo Gilmar Mendes de Almeida, Paulo Gomes de Freitas, Paulo Henrique Costa Beatto, Paulo Henrique dos Santos, Paulo Henrique Marques Nantes, Paulo Henrique Yukio Umebayashi, Paulo Juji Okano, Paulo Junior de Souza, Paulo Luidson de Souza e Silva, Paulo Messias dos Santos, Paulo Pereira, Paulo Pinto Ferreira, Paulo Ricardo Goncalves Lima, Paulo Roberto de Souza Junior, Paulo Roberto Farias dos Santos, Paulo Roberto Schlichting Filho, Paulo Santos, Paulo Sergio Farias Brito, Paulo Sergio Vicente Siqueira, Paulo Siqueira Fernandes Alves, Paulo Soares, Pedro Andre Vaz de Freitas, Pedro Claudio Ferreira, Pedro Eduardo Soares de Sousa Onofre, Pedro Henrique Bortolotti, Pedro Leite do Nascimento, Pedro Nunes Barboza, Pedro Roberto Alves, Pedro Takao Tomaoka, Pedro Venancio de Oliveira, Peter Lima do Prado, Peterson Lopes Santana, Petterson Jose Pereira de Araujo, Pierre Charles Glaude, Pollyanna de Almeida, Priscila Cristina Gonzaga Rosa, Priscila Karam Zagonel, Priscila Martinelli Vieira, Priscila Pacheco Kanashiro Pereira, Priscila Rufino de Paula, Priscilla Alves do Nascimento, Priscilla Araujo Dall Agnol, Priscilla Nienov, Priscilla Pieczykolan de Souza, Procopio Policarpo da Costa, Rafael Almeida Marques, Rafael da Silva Padilha, Rafael de Souza Milke, Rafael Felipe Pedroso de Moraes, Rafael Felix Batista, Rafael Gomes Tinoco, Rafael Lopes Barbosa, Rafael Oliveira Vieira, Rafael Santiago Amalfi, Rafael Vaz de Oliveira, Rafaela Luchtenberg, Rafaela Miranda da Cunha, Raffaely Aparecida Pereira, Raimundo Dias Evangelista, Raimundo Ferreira do Nascimento, Raimundo

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Joao dos Santos, Raimundo Ricardo Fernandes Bandeira, Raimundo Rodrigues Barbosa, Raisa Lopes Silva, Ramao Carlos Ajala Dias, Randerson Ismael Ribas, Raphael Rezende Rodrigues, Raphael Taques Monteiro, Raquel Delfim de Castro Lima, Raquel Moreira Silva, Raquel Pereira Martins, Rauder Requena Lopes Figueiredo, Raul Ferreira de Oliveira, Rebeca de Almeida Medina Sales, Regina do Nascimento Nunes, Regina Moreira Teixeira, Reginaldo Aparecido Jara Dias, Reginaldo Cafuringa, Reginaldo Pereira Siqueira, Reinaldo de Figueredo Rosa, Reinaldo de Meo, Reinaldo Garcia Barbosa, Reinaldo Oliveira da Silva, Reitter Fernando Oliveira Silva Rodrigues, Renan Augusto Batista Santos, Renan Cruz, Renan Felipe dos Santos Sacramento da Silva, Renan Michel Oliveira, Renata Cardoso, Renata Cogorni, Renata Diamantino, Renata Domingues Antunes, Renata Duarte Oliveira, Renata Palomares Rufino, Renata Rodrigues Cardoso, Renata Viviane Abe, Renato Aparecido Barbosa, Renato Jose Moraes, Renato Monteiro de Abreu, Renato Ribeiro Silva, Renilson Ferreira, Rennan Markson Vargas Marques, Rerison Mendes de Araujo, Ricardo Maldonado Candia, Ricardo Aires Ferreira, Ricardo de Oliveira, Ricardo Fermino de Almeida Marques, Ricardo Nunes Pereira, Ricardo Sergio Costa Filho, Ricardo Tadashi Nishimura, Ricardo Yukishigue Matsusita, Rigaud Etienne, Rita Aparecida Ferreira da Silva, Rita de Cassia Mortian Cruz, Rita Mergulhao da Silva Paiva, Roberto Angelo Colussi, Roberto Barboza, Roberto Madaleno Chaga, Roberto Martins Beck, Roberto Nilson Martins Silva, Roberval de Arruda Souza Ribeiro, Roberval dos Santos, Robson Aldala Rotela, Robson Benedito Carvalho, Robson Caetano Ferreira, Robson das Neves Alves, Robson Mendes Cruz, Robson Miranda de Souza, Rodolfo Butkousky de Sousa, Rodolfo Cesar Maluf Gomiero, Rodolfo Nobile de Almeida, Rodolfo Porto de Morais, Rodolfo Yoshio Sugeta, Rodolpho Mario Pereira dos Santos, Rodrigo Cardoso, Rodrigo Evangelista Pedro, Rodrigo Goncalves Pereira, Rodrigo Gonzalo Rodriguez Jarpa, Rodrigo Leite Delgado, Rodrigo Mitioshi Nishimoto, Rodrigo Momoi Pelinsser, Rodrigo Neves Rombaldi, Rodrigo Prudente Oliveira Quintanilha, Rodrigo Rocha, Rodrigo Rodrigues Coelho Salles, Rodrigo Teodoro Amalfi, Rodrigo Thome Baptista, Roger Rodrigo de Souza Oliveira, Rogerio Alves dos Santos, Rogerio Aparecido de Souza, Rogerio Araujo Goncalves, Rogerio Calixto de Oliveira, Rogerio Camargo Queiroz, Rogerio da Silva dos Santos, Rogerio de Souza Pereira, Rogerio dos Santos, Rogerio Fabian Iwankiw, Rogerio Gugelmo Ulbricht, Rogerio Henrique de Carvalho, Rogerio Marcos Correia Junior, Rogerio Nunes Lopes, Rogerio Pereira Cardoso, Rogerio Pinheiro da Silva, Rogerio Porfirio Pinheiro, Rogerio Santana Soares de Campos, Romaildo Simplicio de Souza, Romario Manuel Rodrigues, Romildo da Silva Marques, Romilson Pereira de Melo, Romys Wellington Fernandes Martins, Ronaldo Adriano Vieira, Ronaldo Barbosa Charao, Ronaldo Batista Pereira, Ronaldo da Silva Goncalves, Ronaldo

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da Silva Santos, Ronaldo de Jesus Alves Serafim, Ronaldo Fernandes Silva, Ronaldo Ferreira da Silva, Ronaldo Luiz Ferreira, Ronaldo Marques da Silva, Ronaldo Oliveira Gomes do Santos, Ronaldo Ramos Fernandes, Ronaldo Vital de Souza, Roney Silva de Oliveira, Roniel Antonio da Silva, Ronilson Rodrigues Alves, Ronival Carlos Paiva, Rosalia Tonet Santana, Rosana Duarte Fuwyama, Rosane Espinoza Barbosa, Rosangela Borges Ribeiro, Rosangela da Costa, Rosangela Santos de Oliveira, Roselene Tereza Mendes, Roseli Ferreira, Rosemary Pereira Nascimento, Rosemeri Medeiros Pacheco da Silva, Rosiel Albino da Silva, Rosimar Costa Dias, Rosimeire Correia Coelho, Rosimeire de Azevedo, Rosimere Gomes da Silva, Rosineia Aparecida da Silva, Rossy Aurelia Zagal Sandoval, Roxana Jeanette Montes Rivera, Rozeli Guedes de Oliveira, Rubens Antunes Belmont, Rubens Batista Pereira, Rubens Maurilio Gatti Junior, Rubens Souza Coelho, Rubison Bezerra de Oliveira, Rubnaldo Pereira Freitas, Rudney Ferreira de Moraes, Rudson Marques Hervas, Rudy Rogowski, Rui Massaru Manabe, Ruir de Lima, Ruth Rodrigues de Campos, Salin Conceicao da Silva, Salvador Alves da Costa, Samantha Regina Especoto de Camargo, Samia Micaela da Silva Rocha, Samuel dos Santos Cidrao, Samuel Mantovani, Samuel Reis Rocha Sales, Sandra Mara Moreira, Sandra Mara Ramos Goncalves, Sandra Regina Meneghelli, Sandro da Silva Soares, Sandro de Oliveira, Santiago Martinez Orit, Santo Rosa do Nascimento, Savio Boeira de Deus, Sebastiao Americo dos Santos, Sebastiao Aparecido Marques, Sebastiao Carlos Adao, Sebastiao da Silva, Sebastiao de Fatima Candido, Sebastiao Felipe Pereira, Sebastiao Ferreira de Souza, Sebastiao Nunes, Sebastiao Odilon da Silva, Sebastiao Trigo, Sergio Augusto Romero Pereira, Sergio de Almeida, Sergio Ferreira Campos Junior, Sergio Kenzi Yoza, Sergio Luiz Ferreira, Sergio Ronaldo de Souza, Sergio Simoes dos Santos, Severina Maria da Conceicao, Severino Lino dos Santos, Severino Vital dos Santos, Shyene Cristina da Silva Barros, Sicleomar Marcio Garcia, Sidinei Antonio de Souza, Sidinei Borges de Carvalho, Sidineia Swistak, Sidiney Coimbra, Sidnei Faustino Gomes Neto, Sidney Campos de Freitas, Sidney Garcia da Silva, Sidney Jose da Silva, Silas Alberto Cassiano Pereira, Silmar Rocha Guimaraes, Silvana Bueno de Sordi Batista, Silvano de Sa Barreto, Silverio Jovelino Rodrigues, Silverio Sales dos Santos, Silvino Amarilha, Silvino Rodrigo de Freitas Adriao, Silvio Alves Rodrigues, Silvio Carlos da Silva Rodrigues, Silvio de Oliveira Silva, Silvio Santos Baltazar, Simone da Conceicao Pereira, Simone Ferreira da Silva, Sinivaldo Domingos Neves, Sirlei Alves do Nascimento, Sirlei Fidelis da Silva Aguiar, Sirlene Marques Paganini, Solange Bispo de Andrade, Sonia Cavalcante Fagundes, Sonia Cristina Machado de Castro, Sonia Lopes da Silva, Soraia de Oliveira Pedrozo, Soraia Suelen Silvano, Spencer Farias de Almeida, Steffania Cristina da Luz Sousa, Stela de Almeida Silva, Stella Marys Rossi Boica, Stephany Dure Ferreira, Stevan Pereira Liczbinski, Suelen de Mello

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Boaventura, Suelen Patricio Maria, Suelen Pontes Pereira, Sueli Aparecida Ferreira, Sueli Malvessi, Suellen Ledesma Rodrigues, Suellen Santos de Deus, Suellen Silva Lopes, Suely Takako Matsumura Marques, Taila Danielle dos Santos, Tais Albres Silva, Tais Berenice Fretes Paz, Taisa da Silva Dias, Taise Machado, Taissa Modesto Azevedo, Talita Miyahira, Talita Suellem da Cruz Cardoso, Tallis Fernandes Mendes, Talyssa Isabela Gonรงalves, Tamara Cristiane dos Santos, Tamaro Bueno, Tanael Bueno, Tanailton Bueno, Tania Araujo dos Santos, Tarciso Passoni Moreno, Tarsis Sartori Eko, Tassiane Burim Santos, Tatiana Mayumi Ota, Tatiana Perecin Nociti, Tatiane Cristina Aranda Carneiro de Souza, Tatiane da Silva Bueno, Tatiane Manfredi, Tatiane Rodrigues de Carvalho Martins, Taynara Bortolotti Bueno, Teodoro Torres Escobar, Tereza Goncalves da Rosa, Tereza Maria dos Santos, Terezinha Borges Antonio, Terezinha de Jesus Ribeiro Jara Dias, Terezinha Maria de Lima Campos, Thais Bakonyi, Thais Fonseca Arruda Veloso, Thais Vieira de Andrade, Thaiza Fernanda Rossi, Thalmus Magnoni Fenato, Thamara Fuzinato Youssef, Thayane Castanho da Silva, Thiago Alves de Assis, Thiago Augusto Anacleto, Thiago Aurelio Rodrigues Zanluchi, Thiago Batista de Lima, Thiago Costa Garcia Pereira, Thiago Manente, Thiessa Cristina Nascimento de Oliveira, Thyago Vinicius da Silva Sa, Tiago Antonio Caldeira, Tiago da Silva Fernandes, Tiago Henrique de Sousa, Tiago Jose dos Santos Pereira, Uedes Lins de Souza, Urias Silva dos Santos, Valdeci da Silveira, Valdeci Jorge de Albuquerque, Valdecir Alves de Oliveira, Valdecir da Silva, Valdecy Afonso Santana, Valdecy Nunes da Silva, Valdemar Gurnaski, Valdemir Aparecido Tomaz, Valdemir Barbosa, Valdemir da Luz Ribeiro, Valdenelio Rodrigues da Silva, Valdenil Adao dos Santos, Valdereizi Rodrigues de Souza, Valdete Rocha Sales, Valdevino Lourenco Leite, Valdevino Pereira de Lima, Valdinei Feliciano, Valdines Santos Lino, Valdir da Silva, Valdir de Oliveira, Valdir Ferreira da Silva, Valdir Fonseca, Valdir Pereira Junior, Valdivino de Almeida Lara, Valdomiro dos Santos Sereno, Valdomiro Pereira da Rocha, Valentim do Nascimento Paes, Valeria Barbari Moscardini, Valeria Garcia Gabas, Valerio Rodrigues da Silva, Valeska Gomes da Silva, Valmir Aparecido de Jesus, Valmiria Francisca Nunes Borges, Valter Campos dos Anjos, Valter Luis do Nascimento, Vanderlei Cardoso Sampaio, Vanderlei da Rocha, Vanderlei do Espirito Santo, Vanderlei Pereira, Vaneide Teixeira Lopes, Vanessa America da Silva Chaves, Vanessa de Barros Farias Minho, Vanessa Helena de Arruda Moraes, Vanessa Maria da Silva de Jesus, Vanessa Padilha Picardo, Vanessa Pierro Scaff, Vanessa Teixeira Yamamoto, Vanilde Leocadio, Vera Lucia Marques de Oliveira, Vergilio de Oliveira, Veronica Franca, Vicente Antonio de Oliveira, Vicente Henrique Nascimento, Victor Marcel Zanella Aguiar, Victor Vargas Martins, Vidal Loyola Grenier, Vilian Santos Correia, Vilma de Andrade Belo, Vilma do Nascimento, Vilma Rodrigues, Vinicius Aparecido dos Anjos, Vinicius Augusto Bergamasco

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Bim, Vinicius Eduardo Faria, Vinicius Fernandes de Camargo, Vinicius Lazzeres Novatzki, Vinicius Motta Marcos, Vinicius Roelis Medeiros, Vitor Hugo dos Santos, Vitor Manoel de Souza Crespo, Vivian Thays de Souza Ribeiro, Viviane do Olival, Vivianne Rosilda da Silva, Vytor Sala Zambon, Wagner Alexandre de Oliveira, Wagner Aparecido dos Santos, Wagner Ciqueira de Miranda, Wagner Diamond de Andrade, Wagner Ferreira Barroso, Wagner Pires de Andrade Junior, Wagner Roberto dos Santos Amancio, Wagner Rogerio Bosque, Waldir Bernardes de Paula, Waldson Marcos Santiago, Wallacy Silva Prado, Wallisson de Lima, Walmir Dutra da Silva, Walter Ferreira Paiva, Walter Soares de Souza, Wan de Sousa Silva, Wanderlene Tavares da Silva, Wanderson Ramao Conceicao Martins, Wanilson Roberto de Campos, Waniscleia Alves de Anicesio, Weberson Almeida da Conceicao, Welison de Lima Silva, Wellington Batista, Wellington Kennedy Santos de Oliveira, Wellington Pinho dos Santos, Wellington Rennan Szymanski, Wellyngton Menezes Ribeiro, Wendel Campos Ventura, Wendell Carlos Brito Brandolis, Werla Gessica de Melo, Weslen de Souza Pereira, Wesley Emerson de Souza e Silva, Wesley Gustavo Cardoso dos Santos, Wesley Silva Pereira, Wesllen Zaina Carvalho, Widson Schwartz Filho, Wilder Felipe Rodrigues de Almeida Campos, Wilder Leonard Sarsetta, William Max Antunes Ribeiro, Willian Benedito Pereira, Willian de Amorim Pereira, Willian Diogo Real, Willian Perfetti Moreira, Willian Ricardo Fabrin, Wilma Alves de Souza, Wilmar Francisco de Sousa, Wilson Alves da Silva, Wilson Aparecido da Silva, Wilson Batista de Oliveira, Wilson Carlos de Melo, Wilson Correia Garcia de Almeida, Wilson Gomes da Silva, Wilson Pimenta da Silva, Wilson Ribeiro de Souza Leite, Wilton Botelho, Wollem Jorgey Souza dos Santos, Xavier da Silva Rondon, Ximena Jimenez Barros, Yakilli Brizolla Gomes da Silva, Yanko Gines Lagos Leiva, Yasmin Dias dos Santos, Ygor Fernandes Goncalves, Yslanda Maria Alves Barros, Yuri de Macedo Yamaura, Yvo Pitol Neto, Zaqueu Ferreira Pimentel, Zaqueu Silva dos Santos, Zenildo Alves Marques, Zizileia Farias Coutinho, Zulma Antunes e Silva Rondon.

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Este livro foi impresso em Londrina, em abril de 2014, pela Planográfica, que utilizou o papel couché fosco 115 g/m² para o miolo e o cartão 300 g/m² para a capa. As famílias tipográficas utilizadas são a Trajan Pro e a Palatino.


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"A ideia foi construir uma empresa com bons fundamentos para uma longa vida. Uma empresa para durar. Uma empresa a que os meus filhos e os filhos dos que trabalharem comigo pudessem dar continuidade. Uma empresa onde as pessoas trabalhassem com prazer e dignidade. Onde as pessoas não fossem forçadas a mentir, a enganar. Uma empresa realmente ética. Uma empresa que cumprisse a sua principal finalidade – servir às pessoas. Se você não é útil para os outros, você não tem valor." Ézaro Fabian, fundador da Plaenge

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