O Vale do Neiva - Edição 94 fevereiro 2022

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fevereiro 2022 edição 94 Propriedade:

A MÓ • Associação do Vale do Neiva (Cultural, Património e Ambiente) Barroselas Mensal Gratuito Versão digital

“Pedras nos rins” e cólicas renais pág. 9

Modilhas das Terras do Neiva: A Mó em Viana do Castelo pág. 3 Vale do Neiva

Informação autárquica: A Nova via do Vale do Neiva | pág. 4

Balugães

História local: A Senhora que apareceu no Vale do Neiva | pág. 5


Literatura Três leituras para amar em fevereiro página 8

índice edição 94 fevereiro 2022

Mitos e lendas Uma tarde de nevoeiro Um Divodigno com residência no Vale do Neiva

Barcelos e a navegabilidade do Rio Cávado

página 6

página 15

página 12

Crónica Ser líder natural página 13

ficha técnica diretoria e administração:

Direção de “A Mó” redação:

José Miranda Manuel Pinheiro Estela Maria António Cruz edição:

editorial O dia dos namorados no Vale do Neiva

94 – fevereiro 2022 colaboradores:

Alcino Pereira Américo Santos Ana Sofia Portela Daniela Maciel Domingos Costa Fernando Fernandes Francisco P. Ribeiro José Miranda Luciano Castro Pedro Tilheiro design gráfico:

Mário Pereira paginação:

Cristiano Maciel supervisor:

Pe. Manuel de Passos contacto da redação:

Avenida S. Paulo da Cruz, Edifício Brasília, 3, Fração F 4905-335 Barroselas e-mail:

redacaojornalvaledoneiva@gmail.com periodicidade:

Mensal

por José Maria Miranda Presidente da Direção d’A Mó

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esta Edição relativa ao mês de fevereiro, vou abordar o tema sobre o dia dos namorados que se celebra no dia catorze. Ontem, também se namorava, mas à maneira da época, ou seja: receávamos, que alguém se apercebesse de um movimento mais ousado por parte do rapaz para a moça, como: beijinhos, uma mão fora da lei, abraços muito apertadinhos, carícias ou toques em partes proibidas,

presença em locais pouco frequentados etc., etc. E se, por ventura, fôssemos apanhados numa situação já mencionada, a moça, corria nas bocas das alcoviteiras, como desvairada e levantada. Quanto ao moço, também era falado, mas nestes moldes: O raio do rapaz é atiradiço!.. Sai ao pai! Que era um grande namoradeiro e enganou muitas pobres coitadas! O namoriscar naquele tempo, era arranjado nos movimentos religiosos como: no final do terço ao domingo à tarde, no final da missa, na Ação Católica e nas festas do santo (a) padroeiro(a). Comparando o namoro de então com o de agora, não há qualquer tipo de comparação. Mas, nós os daquele tempo, apenas

podemos dizer, que nascemos muito cedo e nada mais. Que São Valentim proteja os namorados de hoje e que sejam muito felizes durante a sua vida. Viva o amor! Deixo alguns versos de “Coração Enamorado” da autoria do meu amigo já falecido, Sr. Eurico Dias, natural de Molêdo do Minho. Coração Enamorado Coração toma lá tento Não me queiras enganar. Que as contas do sofrimento Só tu as hás-de pagar. És insensível à dor Tão alheio ao meu sofrer. Qualquer sintoma de amor Torna louco o teu bater. Meu coração pequenino Tem piedade de mim. Bem sabes que o meu destino Depende apenas de ti.

formato:

Digital

distribuição:

Gratuita

Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo ou não estar de acordo com as linhas editoriais desta publicação.

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Jornal Vale do Neiva uma referência na região do Vale do Neiva


local » encontro de janeiras

Modilhas das Terras do Neiva: A Mó em Viana do Castelo

por José Maria Miranda Presidente da Direção d’A Mó

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o dia vinte e dois de janeiro, o Grupo de Cantares tradicionais de A Mó Associação do Vale do Neiva, esteve presente no Encontro de Janeiras, promovido pela Câmara Municipal de Viana do Castelo. A noite estava muito fria, mas, iluminados pelo tradicional lampião,

iniciamos a nossa cantoria na Rua Manuel Espregueira e seguimos em direção à Praça da República. Neste local, já estava a imprensa à nossa espera para nos fotografar, fazer perguntas e ouvir-nos cantar. O nosso reportório consiste em cantigas que outrora se ouviam pelos grupos de janeiras, fora das portas dos habitantes do Vale do Neiva. Seguimos em frente e entramos na Rua da Bandeira a cantar os “Lá na noite de Natal”. As vozes das Cantadeiras, não mostravam sintomas de cansaço, parecendo que quanto mais cantavam mais afinadas estavam. Os instrumentos, também se

portaram bem, pois mesmo com tanto frio, as cordas não rebentaram. Rua abaixo e sob as ordens do nosso Diretor musical, as cantigas entoavam alto e bom som. Contornamos a esquina e seguimos em direção à Praça 1º de Maio, onde mostramos que o frio era para vencer, fazendo ouvir bem longe as lindas cantigas que muito harmoniosamente saiam da boca de todos os elementos. Entramos no Passeio das Mordomas e fomos sair à Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Fomos descendo a cantar, e quase gente não se via, mas nada de desanimar, porque os Srs. Fo-

tógrafos fizeram questão de nos acompanhar disparando sucessivos flaches. Já no fundo da Avenida, viramos à direita rumo à Alameda Alves Cerqueira e passados alguns minutos, soaram no campanário as dez badaladas. Foi então que aproveitamos para tirar fotos ao grupo e conversar um pouco após uma hora de percurso. Chegou o momento de regressarmos à nossa terra, partimos felizes pelo dever cumprido e convictos que os Srs. jornalistas farão menção da nossa dedicação a esta riqueza cultural, chamada: “O Canto das Janeiras e dos Reis”. Até ao Ano.

jornal

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local » informação autárquica

Nova via do Vale do Neiva

por Junta da União de Freguesias de Barroselas e Carvoeiro geral@barroselas-carvoeiro.com

uma nova via entre o Vale do Neiva e a autoestrada A28, criando uma nova ligação rodoviária com 5,2 quilómetros de extensão. A nova via irá dotar de segurança rodoviária e fomentar a competitividade empresarial das cinco freguesias do Vale do Neiva,

uma área com um tecido económico diverso e que é responsável por 1/3 da riqueza gerada no concelho. Recorde-se que no caso de Barroselas e Carvoeiro, a construção da Via do Vale do Neiva vai criar as condições de acessibilidade necessárias para a instalação

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Presidente da Câmara Municipal e o Presidente da CCDR-Norte (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte) assinaram, no passado dia 26 de janeiro de 2022, o contrato de investimento que permitirá avançar com esta nova infraestrutura, identificada no PRR – Plano de Recuperação e Resiliência. Trata-se de um investimento de 8 milhões de euros que visa a construção de Maquete digital de trecho da nova Via do Vale do Neiva

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futura de uma zona industrial em Barroselas, estando o Executivo da UF de Barroselas e Carvoeiro também a diligenciar no sentido do prolongamento do novo troço até Carvoeiro. Informação adaptada da página do Facebook da Junta da União de Freguesias de Barroselas e Carvoeiro


história local » senhora da aparecida

A Senhora que apareceu no Vale do Neiva

por José Maria Miranda Presidente da Direção d’A Mó

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nualmente a 15 de agosto, realiza-se uma grande peregrinação rumo ao santuário de Nossa Senhora da Aparecida em Balugães. É do conhecimento geral, que a Nossa Senhora terá aparecido em 1702 a João Alves “o Mudo”, operando o milagre de lhe dar a fala, para que pudesse transmitir a Sua mensagem, aos povos das aldeias do Vale do Neiva. Também, há conhecimento que esta aparição Mariana em Balugães, terá sido a primeira em terra portuguesa e na Europa. Reportando-me aos anos sessenta, vou transcrever o que vi e o que mais me marcou quando me integrava

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na procissão da minha Paróquia (Tregosa), rumo à Sr.ª da Aparecida em Balugães. Todos os organismos religiosos e população se integravam na procissão, cantando lindos cânticos e rezando. Estrada fora, parávamos junto ao apeadeiro em Durrães, para proceder em segurança a

travessia da linha férrea e para receber a peregrinação daquela freguesia. No encontro com a estrada Viana-Braga, aguardávamos pela peregrinação da Paróquia de Barroselas. Tudo em ordem, era dado o avanço e lá seguíamos cantando e rezando até à capelinha da aparição. Já na reta de Algares, era visível os inúmeros cestos que as mulheres transportavam à cabeça, contendo o apetitoso farnel para deliciar o estômago no final dos atos religiosos. Findos os atos religiosos, as famílias reuniam-se, estendiam uma manta no chão e sobre ela uma toalha de linho onde era colocado o tradicional farnel. O frango caseiro era o prato principal e a pinga naquele dia era da melhor. Para os mais novos, havia as famo-

sas bebidas como: o pirolito em garrafa (abria-se pressionando uma esfera em vidro) e a limonada servida a copo era transportada em recipiente forrado a cortiça. Despedimo-nos da Senhora da Aparecida e alegres e contentes regressamos novamente a pé até casa. Para terminar, realça-se com grande destaque para os Tregosenses, a possibilidade de o Vidente Frei João de Nossa Senhora Aparecida (nome dado após a Aparição), ter professado (ingresso numa ordem ou instituto religioso), na Ordem Terceira de Tregosa, erigida em 1676, pelos franciscanos do convento de Barcelos”. (Consoante consta no Livro de Manuel Moreira do Rêgo em “Crenças, Tradições e a sua Evolução no Vale do Neiva”). jornal

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história » os divodignos

Um Divodigno com residência no Vale do Neiva

por Luciano Castro lucianomcastro56@gmail.com

Há um sem número de acontecimentos que nos chegam ao ouvido, e nem sempre lhes damos a importância devida. Mais tarde, ocasionalmente, voltamos a tropeçar neles, seja pela leitura de qualquer matéria relacionada, por alguma publicação sobre o tema, ou até mesmo numa conversa, e então o interesse pela questão leva-nos a conhecer com maior profundidade esses assuntos. E, não fosse o facto de no caso presente, um personagem residente à data no nosso Vale ter nele participado, não o traria certamente à memória. Após a morte de D. João VI (10 de Maio de 1826), o seu filho D. Pedro, à altura Imperador do Brasil, em grande parte devido a pressões exercidas pelos brasileiros, abdicou da coroa em sua filha D. Maria da Glória que deveria casar com D. Miguel (irmão do D. Pedro), sendo que este juraria a Carta Constitucional por si outorgada, e seria Regente do Reino durante a menoridade da esposa, e seu lugar-tenente do reino. D. Miguel aceitou, e após o seu regresso de Áustria, via Inglaterra, em 22 de Fe-

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“Estudantes de Coimbra, nos começos do século XIX” - Desenho de G. Vivian e litografia de L. Haghe, do mesmo livro

vereiro de 1828, quebrou o juramento e declarou-se rei absoluto. Foi um momento de glória para as classes mais conservadoras, que nunca viram com bons olhos a Carta Constitucional vintista, assim como esta, apesar de menos “radical”. O País ficou dividido, e principiaram as perseguições, então aos liberais. Entretanto em Coimbra foi criada uma sociedade secreta, maioritariamente de estudantes, liberais e talvez carbonários que adoptou a designação de Divodignos. Foi seu mentor Francisco Cesário Rodrigues Moacho, sextanista de Leis. A Ordem compreendia uns 200 irmãos da classe estu-

dantil e meia dúzia de filiados alheios à Universidade, mas de privança íntima dos universitários. Após a chegada de D. Miguel o claustro pleno da Universidade, presidido pelo reitor de ideologia absolutista António Pinheiro de Azevedo e Silva, a 3 de Março, deliberou enviar uma embaixada de representantes das várias faculdades – Teologia, Cânones, Leis, Medicina, Matemática e Filosofia - liderada pelo próprio, para prestar homenagem a D. Miguel que estava a ser recebido não como príncipe cartista, mas como “rei absoluto”. Assim, seguiram de Coimbra, com destino a Lisboa, a partir de 12 de Março,

conjuntamente com uma representação da Sé, dirigida pelo seu deão, António Luis de Macedo e Brito. Constara entretanto que esta comitiva levava um rol de Mestres e alunos a riscar (expulsar) da Universidade, pelo seu afecto à causa liberal. Ao tomar disto conhecimento, os Divodignos reunem em sessão magna, à qual comparece o grosso dos filiados. O chefe, Francisco Moacho, comunica aos irmãos presentes o móbil e o fito da assembleia – é preciso aproveitar o acto público dos Lentes, o acto de fidelidade ao regime deposto pela Revolução de 20, para dar exemplo também público, de repulsa pelos


história » os divodignos

Trecho de Coimbra, nos começos do século XIX” - Desenho de G. Vivian e litografia de L. Haghe, do mesmo livro

liberticidas, exemplo que ecoe na grei e na história portuguesa. Consta demais, que dois desses lentes, Mateus e Figueiredo, aos quais os escolares retribuem em ódio pessoal os rr prodigalizados nos exames, se constituíram portadores de um rol de Mestres e alunos a expulsar da Universidade pelo seu afecto à causa liberal. Esses Lentes devem ser abatidos à lista dos vivos – arrebatando-se-lhes, na emergência, o rol dos proscritos. Assim, ao abrigo dos regulamentos internos desta organização secreta, foram sorteados treze irmãos, o número cabalístico previsto pelo artigo, incumbidos de vingar a liberdade ultrajada. Foi realizada uma votação, por escrutínio secreto, à qual nem todos assistiram, sendo eleitos os treze estudantes: António Maria das Neves Carneiro,

do Fundão, que havia sido “riscado”; Bento Adjuto Soares Couceiro, de Tentúgal, que fizera parte do Batalhão Académico em 1826; Delfino António de Miranda e Matos, de Barcelos, que apesar de viver em Coimbra, não se encontrava matriculado; Domingos Joaquim dos Reis, de Sintra – afilhado da rainha D. Carlota Joaquina; Urbano de Figueiredo, de Donas, Guarda; Francisco do Amor Ferreira Rocha, de Faro; António Correia Megre, do Porto; Domingos Barata Delgado, de Pezinho, Guarda; Carlos Lidoro de Sousa Pinto Bandeira, de Mancelos, Braga; Manuel Inocêncio de Araújo Mancilha, de Vila Real, Trás-os-Montes; José Joaquim de Azevedo e Silva, o Bexiga, de Lisboa; Francisco Sedano Bento de Melo, das Caldas da Rainha; Manuel do Nascimento Serpa, de Serpa, aluno

de Teologia, cuja identidade só mais tarde foi conhecida. No dia 12 de Março seguiu a primeira comitiva com destino a Lisboa, composta pelo Vice-Reitor e pelos Lentes Frei Domingos de Carvalho, Joaquim Seixas Dinis e Manuel Pedro de Melo. No dia 17, do Cais da Portagem, perante numerosa assistência e vivas ao Senhor Dom Miguel e morras à Constituição,

pelas 3 da tarde partem os restantes, acompanhados de familiares e dos representantes do Cabido diocesano, ocupando quatro caleças. Ao pôr do sol, encontram-se em Condeixa, a cerca de 3 léguas, e pernoitam na vila, para retomarem a viagem ao nascer do dia. (Continua no próximo número)

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jornal

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crónica » literatura

Três leituras para amar em fevereiro

por Daniela Maciel dani18maciel@hotmail.com

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evereiro é o mês do amor. Espreite as sugestões que lhe trago. Prometo muito amor e uma boa dose de drama.

do numa história verídica fez-me acreditar que seria daqueles de chorar baba e ranho e possivelmente com um final não muito feliz. Assim, iniciei a leitura, preparando-me para isso. A história não teve o final que eu esperava e estou grata por isso, por o autor nos ter mostrado que, por vezes, o destino tem mesmo uma voz, e que a esperança existe sempre até ao fim. Esta é uma história de amor que vale a pena conhecer e que dará ao leitor algumas horas de leitura prazerosa, embora pautada por algumas lágrimas!

sado a morte da sua primeira mulher, Eve. Quando o destino interfere na relação de ambos, Libby vai procurar conhecer melhor o homem com quem se casou e a aparentemente perfeita Eve. Contudo, acabará por descobrir uma verdade assustadora sobre aquela família. Este romance retrata um tema forte e bombástico, tal como já vem sendo habitual nos livros da autora. Curiosamente, são estas temáticas duras as que mexem mais comigo e que acabam por me agradar mais. A história cativou-me desde as primeiras páginas, viciou-me e deixou-me a pensar nela em todos os momentos em que não estava a ler. Emocionei-me, ri-me, espantei-me e ainda me senti esbofeteada quando a autora revelou um aspeto crucial da história. Fui tão surpreendida como a personagem que fez essa descoberta!

“Cada Suspiro Teu” Nicholas Sparks 2018

Cada Suspiro Teu, de Nicholas Sparks, conta-nos a história de Tru Walls, guia de safaris no Zimbabué, e Hope Andersen, nascida e criada na Carolina do Norte. Tru prepara-se para encontrar o pai que nunca conheceu e Hope está a viver um momento difícil. O destino junta-os numa praia — Sunset Beach — e a magia acaba por acontecer. O facto de saber que este romance era inspira-

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“O Outro Amor da Vida Dele” Dorothy Koomson 2012

O Outro Amor da Vida Dele, de Dorothy Koomson, inicia-se com uma carta bastante enigmática que me deixou logo em alerta. Estavam lançadas as bases que me levariam para a vida de Libby e Jack, casados e a viver uma vida de sonho, não fosse o facto de Jack ainda não ter ultrapas-

“Estarás Aí?” Guillaume Musso 2012

Recomendo absolutamente este livro, que acabou de se tornar o meu livro preferido da autora. Estarás Aí?, de Guillaume Musso, apresenta-nos Elliott, um médico que nunca se recompôs do desaparecimento de Ilena, a mulher que amava, morta há 30 anos. Um dia, uma situação extraordinária vai permitir-lhe recuar no tempo e encontrar o jovem que ele era há 30 anos. Ao regressar ao instante decisivo em que um gesto seu pode salvar Ilena, conseguirá ele modificar o destino implacável que determinara a sua vida desde então? Guillaume Musso tem um dom para nos prender às páginas do livro com a sua escrita fluida e com verdadeiros momentos de suspense. Por essa razão, este é um livro de leitura compulsiva que não desejamos largar e onde encontramos personagens carismáticas e envolventes e uma história extremamente bem estruturada. A história é romântica e emocionante e certamente fará as delícias a leitores que, tal como eu, apreciem um toque de ficção científica aliada ao romance. Tenho a certeza de que vou recordar esta história e as suas personagens durante bastante tempo. Espero que alguma destas histórias lhe tenha despertado curiosidade. Desejo-lhe umas excelentes leituras!


saúde » cólicas renais

“Pedras nos rins” e cólicas renais: o que são e como se previnem?

por Ana Sofia Portela enf.anasofia@gmail.com Enfermeira especialista em Enfermagem Comunitária USF Aqueduto – ACES Vila do Conde/Póvoa do Varzim

Os cálculos renais, também conhecidos como pedras nos rins, formam-se a partir de substâncias minerais que estão na própria urina e que são filtradas nos rins. Os cálculos mais frequentes são os de cálcio e os de ácido úrico. Se os cálculos ou pedras nos rins forem de pequenas dimensões, serão expulsos juntamente com a urina e praticamente sem darem sintomas. Por sua vez, se forem de maiores dimensões podem contactar (ou mesmo ficar impactadas) nas vias urinárias, como por exemplo nos ureteres, dando origem ao aparecimento de uma cólica renal. A cólica renal apresenta-se geralmente como uma dor intensa e súbita na parte inferior das costas, cintura ou costelas e que geralmente leva a pessoa ao médico. Na maioria das situações a pedra é expulsa espontaneamente, sendo o tratamento realizado com analgésicos para a dor. Nas situações em que a pedra não é expulsa por si, podem ser necessários outros tratamentos. As pessoas que já tiveram uma cólica renal têm

maior probabilidade de formar novas pedras e se as cólicas renais forem de repetição devem ser investigadas com maior pormenor pelo médico, com exames adequados. No entanto, o mais importante é saber como prevenir a formação de pedras no rim, tanto para a população em geral, como para aqueles indivíduos que já tiveram cólicas renais. As medidas principais de prevenção são: ●● Beber muitos líquidos por dia (mais de 1,5L) e de preferência água. Tenha especial atenção e lembre-se de repor mais líquidos em situações em que as perdas de água estejam aumentadas como no calor, no exercício físico, nas situações de doenças ou trabalho. ●● Modere o consumo de sal, carne e café pois predispõem à formação de pedras. ●● Faça exercício regularmente. Caminhe diaria-

mente e a bom ritmo; é benéfico para a sua saúde e pode ajuda-lo a evitar a formação de novas pedras. ●● Evite a obstipação pois esta favorece a repetição de cólicas renais. Se souber que as suas pedras são de cálcio, deve diminuir a quantidade de alimentos ricos em oxalatos como os espinafres, couves, beterraba, nozes e amendoins e deve aumentar o consumo de alimentos ri-

cos em citrato como limão, a laranja, a cidra, a lima, a toranja e o kiwi. Não deve restringir os alimentos ricos em cálcio da dieta, como o leite ou derivados, mesmo que as pedras sejam de cálcio. Por fim, deve saber que as pedras no rim assumem especial cuidado se surgirem em grávidas, pessoas com apenas um rim, se ocorrer febre e se deixar de urinar. Nestes casos deve consultar imediatamente um médico.

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crónica » benefícios das ervas aromáticas

Benefícios diversos das ervas aromáticas, parte I

por Francisco P. Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

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proposta deste mês visa ser uma ajuda para “queimar” os excessos de Natal e Fim de Ano. Assim, e na linha dos benefícios das ervas aromáticas, numa óptica de prevenção e manutenção regular de uma dieta alimentar saudável, ficam aqui alguns potenciais benefícios (não é medicamento, é prevenção): ●● Abacate: emagrecimento, combate a celulite, é diurético, rins e ajuda a diminuir o colesterol. ●● Aipo: depurativo (purificador do sangue) e ajuda a funcionamento estomacal (estomago). ●● Alcachofra: em chá, excelente para o fígado gordo, actua nas vias biliares e hepatite. ●● Alecrim: saborizante e estimulante, ajuda o estomago e é diurético. ●● Alfavaca: utilizado para questões de hemorroidal, fígado, cistites e cálculos da bexiga. ●● Alteia (raiz): (ingestão) ajuda na colite espasmódica e tosse; (uso externo) inflamações da boca e afeção dermatológica. ●● Aniz estrelado: excelente para dores de estômago, flatulência, cólicas, vómitos nervosos e digestivo (reduz gorduras do aparelho

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digestivo). ●● Arníca: (uso externo) estimula aparelho circulatório, anti-inflamatório e irritações cutâneas. ●● Barba de milho: diurético, combatendo inflamações de bexiga e albumina. ●● Bétula: diurético e depurativo. ●● Bolbo: (Brasil ou Chile) impacto ao nível do fígado, da vesícula, da icterícia e do aparelho digestivo (no geral), com resultado no índice de hepatites e lítiase biliar. ●● Camomila: um chá calmante, também tem resultado nas perturbações digestivas e hepáticas, em gases, estados febris e inflamações cutâneas. ●● Carqueja: faz um excelente arroz que ajuda a digestão de carnes gordas; em chá, dá para a gripe, bronquite, pneumonia, diabetes e afecções hepáticas. ●● Cavalinha: chá diurético, remineralizante da descalcificação, hemorragias (nasais e hemorroidais), desintoxicante, reumático, unhas e cabelo quebradiço, arteriosclerose, colesterol, artroses, envelhecimento precoce e osteoporose. ●● Centelha asiática: celulite, diurético e emagrecimento. ●● Chá branco: antioxidante, aumenta defesas e desenvolve o metabolismo contra as gorduras. ●● Chá de 3 anos: aparelho digestivo e estomago. ●● Chá verde: (atenção aos excessos) estimulante com efeitos no emagrecimento por também é diurético e antioxidante.

●● Chá vermelho: calmante, digestivo e antioxidante (dieta calórica). ●● Tremoço: excelente na prevenção da diabetes (comendo com casca), estimula o funcionamento do intestino (lavar bem para tirar o sal e temperar com orégãos e alho). ●● Cidreira: equilibra a acidez estomacal, redução dores e cólicas, melhora a digestão, perturbações nervosas e infecções urinárias. ●● Dente de leão: insuficiência hepática, perturbações biliares, cálculos biliares, obstipação, digestões difíceis, diurese insuficiente ●● Equinácia (raiz): excelente nesta época do ano porque aumenta as defesas contra vírus oportunistas de constipações e gripes (típico da época). ●● Erva de São Roberto: bom para a úlcera, para dores de estômago, expectorante e tosse. ●● Erva-doce: além de dar gosto às castanhas cozinhas, é digestiva, bom paras dores de estômago, expectorante e tosse. ●● Eucalipto: desinfectante das vias respiratórias (inalações e vapores). ●● Flôr de laranjeira: bom para nervos (não só da noiva), combate insónias, indigestões, dores de estômago, palpitações e tosse nervosa. ●● Funcho: óptimo para aromatizar o azeite e co-

zinha, sendo digestivo, antiespasmódico, serve para insuficiência hepática e é diurético. ●● Gengibre: excelente reforço do sistema imunitário, calmante para estômago, constipações e excelente para a circulação sanguínea. ●● Ginkgo Biloba: óptimo para circulação, memória, ajudando nas tonturas e zumbidos. ●● Graviola: coadjuvante em situações neoplásicas. ●● Groselheira: diurético, celulite, emagrecimento. ●● Hipericão: bom para fígado, vesícula, anti-inflamatório, digestivo, hipertensão arterial, depressão nervosa. ●● Hipericão do Gerês: semelhante ao hipericão mas mais diurético, vias urinárias e edemas. ●● Hortelã-pimenta: para digestão lenta, flatulência, anti-séptico, anti-espasmódico, calmante. ●● Jasmim: usado na culinária, é digestivo, anti-espasmódico, calmante, dores de cabeça. ●● Linhaça ou linho: (para ingestão) inflamações e intestinos (fibra); (para uso externo) faz-se cataplasmas para a bronquite e tosse. ●● Lúcia-lima: digestivo, peso no estômago, arrotos, gases intestinais, perturbações menores de nervos e sono.

(continua no próximo mês)


crónica » o pulsar da sociedade

O pulsar da sociedade

Salvar o Planeta

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

Quando em setembro de 2019, assistimos a “um grito de ipiranga”, lacónico, por parte de jovens de todo o mundo, com manifestações em prol do planeta, logrando a participação de 150 países, numa ação concertada pela ativista Greta Thumberg, com o intuito de pressionar os líderes políticos e os caciques mundiais a tomar medidas ousadas, para evitar o fatal aquecimento global. Não estávamos certamente a imaginar, que a partir desse momento, as consequências dessa inevitabilidade desmoronassem de modo avassalador, em primeiro lugar com o surgimento da pandemia Covid 19, em Dezembro de 2019, hipoteticamente originado pelas ameaças climatéricas que penalizam a conservação das espécies, da biodiversidade e dos ecossistemas, e praticamente logo a seguir, mas noutro âmbito fomos confrontados com o incremento de tempestades e dilúvios desproporcionais, causando cheias e destruindo num ápice a vida de muita gente, em vários países do centro da Europa, em pleno verão, e simultaneamente noutro paralelo, as

temperaturas altas a atingirem níveis fustigadores, com os termómetros a efervescerem os incríveis 50 graus, no Canadá, tudo isto a suceder em 2021 e de forma abrupta e assustadora. Contudo, para se manter a meta das medidas do Acordo de Paris, não permitindo o avanço de 1,5 graus, e reduzir substancialmente a dependência dos combustíveis fósseis, duas iniciativas de grande relevo, sufragaram compromissos de monta, visando vir ao encontro das preocupações das novas gerações, no que toca á sobrevivência do nosso planeta. Já em 2021, a Comissão Europeia face á emergência da situação estipulou a redução de pelo menos 55% dos gases de efeito de estufa, até 2030, com isso impondo medidas brutais, para entrar em vigor de modo gradual, como a introdução dos carros elétricos e a extinção do fabrico de automóveis a diesel e gasolina, como também uma maior aposta na ferrovia em detrimento dos transportes aéreos, com estes a ter que recorrer ao uso de biocombustíveis, na indústria alterando se o paradigma da produção, tornando a mais limpa e erradicando o carbono, com investimentos em equipamentos sofisticados e em fontes de energia renovável, por último invoca se a inevitável transição digital, que com o respaldo do Plano de Recuperação e Resiliência, projeta se a sua aplicação nos domínios da Adminis-

tração Pública. Seguindo os mesmos passos, relativamente aos objetivos, a Cimeira mundial do Clima COP26, almejou arrecadar algumas decisões de vulto, apesar das naturais divergências, instituindo um apoio económico, patenteado pelos países mais ricos aos em vias de desenvolvimento, para estes abarcarem na lógica da transição energética, comprometendo se também nessas conclusões, em proteger mais as florestas, travando a fundo a desflorestação e por sinal a criação de mais espaços verdes e de grandes plantações de árvores, com o escopo de absorver o máximo de carbono, além de se propor mudanças nas áreas dos transportes, com o desejo de alcançar o desiderato das emissões zero dos veículos automóveis, mas neste caso em concre-

to, com intenções escassas, não albergando o apoio crucial da China, nem dos EUA. Porém no meu entendimento, não cabe só às instâncias políticas, nem á generalidade dos empresários, nocautear esta chaga do aquecimento global, pois nessa batalha para salvar o planeta, é curial a colaboração cooperativa do cidadão comum. O contributo do cidadão anónimo tende a ser fulcral, se cada um optar por reciclar de modo consolidado as embalagens usadas, e se também andar mais a pé ou usar outros veículos não poluentes, principalmente em percursos que envolvem curtas distâncias, e por fim aproveitando os meios tecnológicos ao dispor, manuseando toda a atividade, em formato digital, debelando o desperdício de papel.

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conhecimento » mitos e lendas

Uma tarde de nevoeiro

por Fernando Fernandes fjfernandes1975@gmail.com

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grande maioria dos Portugueses, muito provavelmente, nem faz a menor ideia que pelos dias de hoje poderíamos estar a falar castelhano devido a um trágico e longínquo acontecimento. E, porventura, o nosso glorioso País, seria um aglomerado de províncias Espanholas como consequência desse dia fatídico. Filho do príncipe D. João Manuel e de Joana de Áustria, nasce a 20 de Janeiro de 1554 um dos mais conhecidos reis de Portugal, mas pelos piores motivos e, sobretudo, pelos mais místicos: D. Sebastião. Foi um nascimento celebrado com pompa e circunstância dado que umas semanas antes, seu pai falecera sem deixar qualquer herdeiro face às vicissitudes do contrato de

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casamento de Maria Manuela com o rei de Espanha. Sendo esta sua tia, e caso não existissem herdeiros, o trono de Portugal passaria para as mãos de Carlos, seu filho com o rei Filipe. Daí que a boa nova do seu nascimento sem problemas foi pretexto para rejúbilo em todos os Portugueses. O seu cognome foi “O desejado” visto dar continuidade à Dinastia de Avis. Porém, e como que augurando um reinado infeliz, o seu avô D. João III morre em 11 de Junho de 1557, tornando D. Sebastião, Rei de Portugal com apenas 3 anos de idade. Por isso, a regência foi assegurada pela sua avó, Catarina de Áustria e, posteriormente pelo seu tio-avô o Cardeal D. Henrique de Évora. Sendo Portugal uma das grandes potências da época, as rotas comerciais eram de extrema importância, ou seja, Brasil, norte de África e Índia. Neste curto período de tempo, foi dada relevância à fortificação desses mesmos territórios para darem azo a uma máxima rentabilização. Um dos seus primeiros marcos importantes foi a fundação

da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, vulgarmente conhecida pelos dois últimos nomes, em 1567 e em sua homenagem. Todavia, com as cada vez mais persistentes investidas dos Muçulmanos, e levando em consideração o facto de que a manutenção dessas praças servia apenas como baluarte de prestígio e tradição, D. Sebastião decide empreender a “Jornada de África”. Alcácer Quibir, torna-se prioridade muito por culpa da aproximação dos turcos ao Noroeste Africano, e consequentemente, da Península Ibérica. Em 4 de agosto de 1578, no campo dos três reis, ocorre a batalha de Alcácer Quibir, que culmina

com uma copiosa derrota das forças Portuguesas às mãos Abu Malique, Sultão de Marrocos. Reza a lenda que ao aconselharem-lhe a rendição, terá dito “A liberdade Real só há-de perder-se com a vida”. Ao ouvir isto, os restantes fiéis carregaram sobre os inimigos e D. Sebastião desapareceu no auge da batalha para nunca mais ser visto. Ao longos dos anos surgiram várias teorias sobre o que realmente aconteceu na batalha, mas é do conhecimento geral no nosso País de que “O Adormecido” vai regressar numa manhã de nevoeiro para salvar a nação. Quem de nós nunca olhou, pelo menos uma vez, para um horizonte enevoado à sua procura? Eu acuso-me.


opinião » ser líder

Ser líder natural

por Francisco P. Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

O

tema desta edição pode ser controverso, mas os preceitos revelados serão, de alguma forma, uteis. Abordamos o tema de liderança e comunicação e, para começar, recordo Paulo Teixeira Pinto, ex presidente do Millenium BCP, que escreveu e é referido por Ana Leal et al., 2011, no livro sobre “Responsabilidade Social em Portugal”, onde refere “o que distingue uma verdadeira empresa de um mero negócio é a consciência e as responsabilidades cívicas”, no pressuposto que são as pessoas que fazem as organizações e que ajudam a marcar a diferença, e não o inverso. Por sua vez, Ana Leal (p.23) defende que é determinante o papel da liderança, para envolvimento criativo, inovador e empreendedor, visto num contexto positivo. Refere, ainda, uma citação de Goldman, 2002, reforçando a ideia de líderes com elevados índices de inteligência emocional esforçam-se para a criação de partilha, confiança, versus líderes com baixo nível de inteligência emocional que produzem medo, ansiedade e resistência à partilha. No caso do voluntariado empresarial, recorda que a liderança é utilizada para estimular e captar voluntários, funcionando como impulsionador do exercício da

cidadania organizacional e social. Por sua vez, António Silva Rocha, 2010, no livro “Ética, Deontologia e Responsabilidade Social”, considera (p.194) que é necessário aprender a amar a mudança, sem tentar maximizar os resultados, mas investir em multiplicar as participações voluntárias. Já Luís Miguel Pereira Soares, 2008, no livro “Ética na Administração Pública”, refere (p.88) que a liderança tem uma forte componente ética, dado que as suas posturas, comportamentos, atitudes e decisões constituem referência para outros, repercutindo-se nas pessoas e no sistema. Por fim, Fernando Condesso, 2011, no livro “Portugal em Crise”, relembra (p.22) que os cidadãos exigem comunicação permanente e protagonismo criativo, no processo de mudança. É importante relembrar que, apesar de os autores referidos terem escrito sobre administração púbica, a realidade da liderança é transversal a todos os setores, público, privado e terceiro setor. O interesse pela questão surge no momento

actual de mudanças nas nossas vidas, recordando que é necessário grandes líderes para apoiarem as suas equipas e/ou constituintes. No aspecto de recrutamento de técnicos especializados e de altos cargos, a Michael Page refere 10 aspectos fundamentais numa boa liderança, nomeadamente (1) Comunicação, capacidade de expressar as ideias e angariar apoiantes, uma vez que a comunicação bem sucedida requer um toque diplomático. Destaco que uma boa liderança passa por saber ouvir críticas e opiniões divergentes e sustentado num princípio oriental, temos dois ouvidos e uma boca logo, devemos ouvir o dobro do que falamos. Continuando a lista, (2) dar o exemplo, porque líderes servem de modelos e referência, e boa liderança cola a acção à palavra, ou seja, diz o que faz e fazer o que diz. Deve-se gerir pelo exemplo e aprender a fazer o que se pede, para avaliar riscos potenciais. No aspecto seguinte, (3) aceitar responsabilidades e partilhar, ou seja, delegar e confiar nos outros, recompensando

as boas acções e punindo os erros, representando motivação e estímulo para apoiar a causa. Segue-se (4) a capacidade de motivar colaboradores, inspirar e promover o entusiasmo, sendo uma qualidade chave no sucesso. De igual modo, (5) reconhecer e promover o potencial dos colaboradores, (6) tolerar erros, pois “errare umanos est” (é humano errar) e só erra quem faz, a (7) flexibilidade para ajustar o tipo de liderança à situação em causa, exigindo flexibilidade e intuição, (8) definir objetivos e expectativas, traçando metas e caminhos para se chegar ao acordado, (9) fazer a autorreflexão, pois todos seres humanos erram e, por fim, (10) a autenticidade e não tentar ser algo para o qual não se tem estrutura, o mesmo que dizer, “não crescer com pés de gesso”, ser verdadeiro nas autoanálises, evitando fingir o que não se é. Seguramente que os profissionais de recursos humanos têm modelos de referência, podendo ser este ou outro, mas deixamos aqui, apenas, uma pequena partilha para reflexão.

jornal

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cinema » sugestão ao leitor

Quentin Tarantino

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

Q

uentin Tarantino, é um dos realizadores mais controversos e famosos, predestinado, em produzir filmes com uma combinação engenhosa, assente num estilo cool evidenciado pelas personagens, como também destacando o significado das cenas e a envergadura dos cenários, e além disso dotando a narrativa com uma ação descomunal, tornando esses atributos, cativantes para os seus entusiastas. No caso concreto desse desígnio cool, os atores são desafiados, a brotar o seu manancial charmoso e requintado, sobretudo no que toca ao desempenho das atrizes, que estão mais vocacionadas para a sensualidade, vincando o seu rosto formoso e as formas roliças, e patenteando o seu garbo estonteante e in-

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sinuante, funcionando como um chamariz perfeito, para quem está disposto a assistir a um típico filme de Tarantino. No que se refere às cenas, Tarantino sublinha a importância dos encontros, momentos e cotejos, sedimentando essas partes, com uma conversação cabal entre os intervenientes, ou então introduzindo á cena uma ampla visão, sobre os aspetos que ela contempla e fomenta. No que diz respeito á volatilidade da ação, a coreografia conducente com a entoação da indignação, das rijas ou da violência, é de tal ordem efusiva, detonando acutilância e discórdia á trama, principalmente quando este apresenta um quadro trágico. Na linha deste tributo a Tarantino, indico o filme á Prova de Morte de 2007, que entronca numa contenda, protagonizada por jovens raparigas atraentes e um Serial killer. Numa ótica desfrutadora, três amigas percorrem os bares e as discotecas da sua terriola, para se divertirem e darem azo às suas potencialidades libidinais, só que não estavam á espera que

um individuo com um aspeto arisco e simultaneamente com uma léria maliciosa, chamasse a atenção de ambas, especialmente de Jungle, a mais sexy do sítio. Porém não satisfeito com aquele gracejo paquerador no bar, o tarado Stuntman, envereda por uma perseguição tenaz, dirigida às três jovens, usando para esse fim, o seu portentoso e inóspito automóvel, para lancetar fragorosamente a vida destas. Outro filme que junto a este lote, é a produção “Sacanas sem Lei” de 2009, que nos leva até á Segunda Guerra Mundial, durante a ocupação do território francês, pela Alemanha Nazi. Nesta ecologia de conflito tremendo, três personagens vitais, para o argumento, cavalgam numa onda de violência atroz, em consonância com as vicissitudes da época. No que concerne, às duas primeiras figuras, estes demonstram uma cadência lenta e subtil, antes de aplicarem essa crueldade aos seus inimigos. Isso sucede se com o graduado da Gestapo, Hans Landa, que com um estilo fleumático, é implacável na caça e execução dos desditosos Judeus, e por sinal em

campo oposto surge o Tenente Aldo, que lidera um grupo de judeus que jugulam desabridamente os Nazis, com Aldo a verberar a sua áurea provocadora, diante destes. Noutro paralelo é determinante a judia Shosanna, que ressabiada com os traumas do passado, pretende vingar se dos Nazis, incendiando um cinema frequentado por próceres. Por último recomendo, o filme “Era Uma Vez em Hollywood” de 2019, ao qual a história remonta até ao ano de 1969, centrada em Rick Dalton um conceituado ator de Televisão, e o seu duplo, o bem parecido Cliff Booth, e a espaços na Célebre atriz Sharon Tate, que com a sua reputação e esplendor, tem Hollywood aos seus pés. Não obstante a sua carreira claudicar notoriamente, Rick tenta a sua sorte em Hollywood num papel secundário, mas a sua patologia depressiva, deixa o inseguro com a sua atuação, mas para piorar as coisas Cliff envolve se com uma venusta adolescente hippie, descambando num incidente de proporções devastadoras, quando este a acompanha ao acampamento dos seus comparsas.


história local » rio cávado

Barcelos e a navegabilidade do rio Cávado, num passado longínquo, parte IV

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

O

conselho considera a manifesta necessidade de restituir ao Cávado, o seu natural regime. De notar, que os proprietários dos quatro açudes de Barcelos até ao mar, opõe-se à sua demolição, ameaçando indemnização em Tribunal. Também é realçado que os açudes de Barcelos e Maresses, foram construídos sem impedimentos, enquanto que o açude de Contador, a construção não a conseguiram concluir por ter sido embargado, e o de Argemil foi autorizado em termos condicionais. Por curiosidade, exponho de seguida a seguinte descrição: “…tais embargos não podem ser recebidos, nem obstar à demolição, como não obstaram à demolição de muitos açudes, nasceiros e pesqueiros, no Douro e n’outros rios. Porque além de notória navegabilidade do Cávado, a jusante de Barcelos, desde que a navegação tem lugar, precisamente para tornar navegável aquele rio, é evidente que ele é de natureza d’aqueles a que muito expressamente se referem as ordenações do reino,

livro 2º., título 26º, e diversas leis do país, todas fundadas no direito romano, que têm constantemente regulado em Portugal e n’outros estados europeus a matéria”. O conselho aceita a ideia da construção dos boquetes navegáveis com 20 metros em Argemil e Maresses, considera-o vantajoso no sentido de tirar dúvidas em relação ao projeto definitivo. Dessa forma as embarcações já vinham junto de Barcelos. Em Maresses, poder-se-ia armar-se provisoriamente o boquete de adufas toscas de madeira para represarem a água e facilitar a moagem quando o permitir. O conselho deu em termos finais o seu parecer, dizendo que a construção

da represa não era urgente, e que não havia garantias de a navegação seguir até Ponte de Prado e, sobretudo o projeto ser infundamentado. Assim sendo, não é autorizada a construção da represa em Maresses; que os açudes do Contador e Barcelos devem ser demolidos; que se devem praticar boquetes ou aberturas de 20 metros nos açudes de Argemil e Maresses; que no boquete de Maresses é necessário aplicar adufas toscas de madeira, que pela represa da água, permita com mais facilidade a moagem sem como é óbvio prejuízo da navegação; efetuar uma atenta vigilância nas obras a executar, pede ainda para estudar melhor todas as condicionantes da viabilidade do projeto, sem

esquecer o projeto e orçamento; contando ainda com a conservação das obras e o número de empregados para o executar. O Decreto é oficializado com os seguintes intervenientes: “Digna-se Vossa Majestade tomar a opinião do conselho na consideração que merecer, e resolver o que for mais conveniente. Sala do Conselho das Obras Públicas, em 26 de novembro de 1861 – Visconde da Luz – José Vitorino Damásio João Crisóstomo de Abreu e Sousa - Caetano Alberto Maia – Plácido António da Cunha e Abreu – Francisco Maria de Sousa Brandão – Tibério Augusto Blanc - Faustino José de Menna Aparício, secretário”.

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opinião » televisão pública portuguesa

Deficit de certos géneros na televisão pública portuguesa

por Américo Manuel Santos americosantos1927@gmail.com

N

ós somos um país pobre infelizmente e na minha opinião uma das funções dos canais de televisão do estado é fazer com que tenhamos acesso a certos espetáculos que por razões monetárias o público português não consegue assistir. Essa é uma das funções dos canais do estado principalmente da RTP 2, mas infelizmente parece-me que não a cumpre na sua totalidade. Uma das coisas boas nos canais do estado é a sua tentativa de ter a maior variedade de conteúdos e programas possível, mas tem as suas lacunas. Ou eu ando muito distraído ou uma dessas lacunas é a falta de peças de teatro e bailado feitos em Portugal. Nota-se que a RTP 2 transmite muitos bailados e até peças de teatro, mas, na sua maioria são estrangeiros e muito raramente transmitem os que são feitos em Portugal.

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Com a banalização das redes sociais e seus conteúdos é cada vez mais fácil perceber o que se faz em Portugal a nível de bailado, teatro e performances, criativas, ousadas e muito boas, mas infelizmente nunca chegam á televisão portuguesa. O Instagram, O Facebook e o Youtube estão cheios de gente com muito talento, alguns até já receberam prémios e na televisão estatal não dá nada as vezes nem sequer fala neles, pelo menos que eu tenha visto. Estes atores, atrizes, encenadoras, bailarinas, bailarinos e performers usam as redes sociais para, de alguma manira divulgarem o seu talento e os seus trabalhos (alguns têm até canais no Youtube). trabalhos esses que de outra forma nunca seriam divulgados, uma das coisas que seria função dos canais do estado pagos com o dinheiro dos contribuintes. A RTP já adquiriu alguns conteúdos, mas infelizmente relega-os para plataformas digitais como a RTP Palcos inacessível a quem não possuí internet e o que o segundo canal tem a obrigação de transmitir com apenas algumas(poucas) exceções. A televisão estatal portuguesa é, e sempre foi a

POEMA

FEVEREIRO Sensualidade Adoro a tua sensualidade Tu és a mulher sem medo Com uma beleza sem idade Quero amar-te em segredo Teu corpo também sensual que tu mostras sem pudor e uma beleza sem igual pois tudo em ti é amor E quando tu ficas excitada O teu corpo enlouquece E como tu és apaixonada Assim o teu corpo aquece por Américo Manuel Santos americosantos1927@gmail.com

estação de certos “lóbis” e de artistas com uma boa “cunha”, muitas vezes “encomendada” e até talvez bem paga, coisa que nos canais privados se compreende, pois, tem certos acionistas que impõem a sua vontade, mas, no canal do estado é imperdoável. Querem um exemplo? Quando estava a escrever este artigo na RTP 3 no programa “horas extraordinárias” estava a dar uma entrevista com o vocalista de uma banda relativamente conhecida em Portugal pois a sua banda está para lançar um novo álbum e precisa de ser divulgado ao público (coisa que acontece algumas vezes). Se isto não é uma boa “cunha” não sei o que é. Querem outro exemplo? Recentemente vi em vários canais do estado um destaque para uma peça chamada “«Romeu e

Julieta” num pequeno teatro de Lisboa, o que me agradou até perceber que a atriz principal da peça é uma atriz que já entrou em várias séries da RTP e que atualmente aparece num anúncio publicitário de um fornecedor de telecomunicações. Para terminar digo que existe a possibilidade do deficit de certos géneros na televisão pública se deva a existência de direitos de autor ou de o seu custo possivelmente elevado o que eu na verdade não acredito, e ainda que isso seja verdade eu insisto em dizer que os canais pagos com o dinheiro dos contribuintes têm a obrigação de usar os mesmos em conteúdos com qualidade independentemente do custo, fama ou de níveis de audiência.


viana do castelo » agenda cultural de fevereiro

exposições Museu de Artes Decorativas Largo de S. Domingos

exposição permanente

A coleção de faiança, mobiliário e azulejaria do Museu de Artes Decorativas até qui 31.03

Estuques e estucadores de Viana do Castelo: entre o passado e o futuro org. Câmara Municipal de Viana do Castelo

Museu do Traje Praça da República

exposições permanentes

Trajar: memórias no tempo Amadeu Costa – Centenário do nascimento Sala do Ouro

até qui 31.03

Memórias de um povo – O traje popular vianense 1925 – 1960 org. Câmara Municipal de Viana do Castelo

jornal

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viana do castelo » agenda cultural de fevereiro

Centro Interpretativo do Caminho Português da Costa Praça da Erva

até qui 31.03

Santiago no olhar de um ceramista de Agostinho Cunha

org.Câmara Municipal de Viana do Castelo

Obra gráfica de Jorge Nesbitt publicada em livros, revistas e jornais.

O mundo é redondo

até sáb 02.07

Praia Norte org. Câmara Municipal de Viana do Castelo

Exposição de Fotografia dos atletas vianenses homenageados na Gala do Desporto

Galeria dos campeões

exposição permanente

Galeria do Interface de Transportes

Biblioteca Municipal Alameda 5 de Outubro

org. Câmara Municipal de Viana do Castelo

exposição permanente

Porta do Atlântico: observatório do litoral norte Visitas por Marcação (CMIA) org. Câmara Municipal de Viana do Castelo

Sede do Agrupamento de Escolas de Arga e Lima Alameda 25 de Abril 70, Lanheses

exposição permanente

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sáb 10H – 13H / 14H – 18H org. Câmara Municipal de Viana do Castelo e Agrupamento de Escolas de Arga e Lima org. Câmara Municipal de Viana do Castelo e Grupo Girarte

Exposição individual de Rui Carvalho, modalidade Pintura

Atelier

até seg 28

Mercado Municipal Av. Cap. Gaspar de Castro

Porta de Arga: os mineiros e os minérios

Sede da JF de Vila de Punhe Rua da Chasqueira, 74, Vila de Punhe

exposição permanente

Porta do Neiva: do mel ao caulino sáb 10H – 13H / 14H – 18H — dom 15H – 19H org. Câmara Municipal de Viana do Castelo e Junta de Freguesia de Vila de Punhe


necrologia

Agência Funerária

Tilheiro

Tel: 258 971 259 Tlm: 962 903 471 www.funerariatilheiro.com Barroselas

87 anos

52 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

José Augusto Pereira Gonçalves

Fernando Alberto Correia Pimenta

Subportela – Viana do Castelo

Forjães – Esposende

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

81 anos

90 anos

87 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Manuel Vítor Meira Enes Pinto

Maria Alice Alves da Silva

Marinha da Cruz Rodrigues

Deão – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

Fragoso – Barcelos

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

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A Família

A Família

A Família

88 anos

88 anos

88 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Amélia Noémia Esteves Varela

Alda Cândida Rio

Maria Cancela de Sá

Cossourado – Barcelos

Fragoso – Barcelos

Palme – Barcelos

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

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A Família

A Família

A Família

jornal

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