O Vale do Neiva - Edição 87 julho 2021

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Autarquia em movimento

Crónica

Tregosa: Obras na Rua Lagar da Cera e junto ao Pavilhão de A.T.L.

Centro Interpretativo do Caminho Português da Costa

julho 2021 edição 87 Propriedade:

A MÓ • Associação do Vale do Neiva (Cultural, Património e Ambiente) Barroselas Mensal Gratuito Versão digital

Auto da Floripes em Barcelos pág. 4

Vamos à água?

Cuidados a ter no Verão pág.

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índice edição 87 julho 2021

Regulamentos dos serviços de transportes em Portugal

Cinco livros de capa azul para ler no verão

Sugestão ao leitor: O Fugitivo no Cinema

página 9

página 10

página 12

ficha técnica diretoria e administração:

Direção de “A Mó” redação:

José Miranda Manuel Pinheiro Estela Maria António Cruz

editorial Dia mundial dos avós

edição:

87 – julho 2021 colaboradores:

Alcino Pereira Américo Santos Ana Sofia Portela Daniela Maciel Domingos Costa Fernando Fernandes Florbela Sampaio Francisco P. Ribeiro José Miranda Manuel Gomes Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto Pedro Marques Pedro Tilheiro Sónia Matos design gráfico:

Mário Pereira paginação:

Cristiano Maciel supervisor:

Pe. Manuel de Passos contacto da redação:

Avenida S. Paulo da Cruz, Edifício Brasília, 3, Fração F 4905-335 Barroselas e-mail:

redacaojornalvaledoneiva@gmail.com periodicidade:

Mensal

por José Maria Miranda Presidente da Direção d’A Mó

O

dia mundial dos avós comemorou-se no dia 26 de julho. E neste dia quase ninguém se esquece de nós (os avós), mas nos restantes trezentos e sessenta e quatro dias nem sempre isso acontece. Conheci um senhor internado num lar e um dia conversando com ele disse-me segredando ao ouvido: “Olhe caro amigo, tenho cinco filhos, mas a partir de um determinado momento deixei de os ter”, e inclinando a

cabeça reparei que seus olhos lacrimejavam. Passado algum tempo ganhou fôlego e disse: “Sim, deixei de os ter porque todos eles se esqueceram de mim.” Mas este senhor é o exemplo de muitos avós que existem por este mundo fora. Se repararmos nas notícias que entram em nossas casas através dos meios da comunicação social verificamos situações grotescas relacionadas com determinados comportamentos de filhos para com os pais. Qual a consequência imediata deste comportamento? Está bom de ver! Os netos também passam a esquecer os avós. Analisemos o que o Papa Francisco disse acerca dos avós: “Os avós são muitas vezes esquecidos”, “A velhice é uma

dádiva”, “Os avós são um elo entre gerações, guardando e transmitindo aos jovens a experiência de vida e de fé.” Se os filhos meditassem nestas frases tão reais e atualizadas certamente que após uma reflexão reconheceriam: Que foram os avós que lhes criaram os filhos nos primeiros anos de vida. Que foram os avós que lhes transmitiram carinho, afeto, amor e os valores morais. Que foram os avós que os ajudaram nos momentos difíceis da sua vida. Agora que os filhos já estão criados o dinheiro chega e sobra, internam-se os velhotes e vamos embora. Seria bom que parássemos para refletir e valorizássemos quem muito já fez por nós. Vivam os avós.

formato:

Digital

distribuição:

Gratuita

Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo ou não estar de acordo com as linhas editoriais desta publicação.

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Jornal Vale do Neiva uma referência na região do Vale do Neiva


Apontamentos Históricos Boletim Autárquico de Durrães página 7

Crónica Caminho Primitivo Centro Interpretativo do Caminho Português da Costa

Mitos e lendas: O reflexo de Narciso

Fibrilhação auricular: Prevenir e controlar é fundamental

página 20

página 23

página 26

página 18

Espiritualidade Ser feliz página 24

o pulsar da sociedade O Elogio

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

N

as particularidades e incidências da nossa vida, o elogio é um atributo que produz um manancial de estímulos, de índole emotiva, que compagina sentimentos de gaudio, congratulação, narcisismo e segurança no individuo, que contemplado com esse lisonjeio, adensa em cheio, na busílis psíquica do ser humano. Portanto está mais que comprovado, que o elogio na sua génese, se for executado de forma premonitória, pedagógica, sincera, desprovida de intenções capciosas, assediantes e conspurcadoras, pode ser oportuno, protuberante, decisivo e eficaz, se for pronunciado nas vezes que se achar exequível, designadamente em contextos paradigmáticos, feéricos, dignificantes, periclitantes e sinuosos, que

se podem manifestar e nível exógeno, mas também em aspetos endógenos, em que o individuo necessita de maneira imperiosa, de ser motivado, com afetos e prédicas inequívocas, para que possa prosseguir com a sua vida, na sua labuta e afirmação constante, perante as vicissitudes da sociedade, ou até num âmbito mais corrente e habitual, em que o ato de gabar, não tem uma influencia considerável na vida de uma pessoa. Todo o ser humano, depois de absorver uma cornucópia de elementos, que forma o seu teor cognitivo, assimilados pela sua inserção na sociedade, mimetizando conceitos e ações de valor acrescentado, consegue se apetrechar gradualmente de virtudes e qualidades, que produz nos outros a admiração e a apreciação positiva, sendo mais saliente e notório essa invocação, patenteada pelas pessoas que convivem no seu ideário, com esse ser humano, designadamente familiares, amigos e colegas de profissão. É obvio que a pessoa que confere o elogio a uma determinada pessoa, está perfeitamente ciente dessa concludente ação, valorizando a, mas comutativamente

é latente ou até implícito, poder sentir uma empatia e afeição, com o bajulado, ou se por outro motivo, a dinâmica ou a prestação, for de tal maneira significativa e deslumbrante, que possa gerar o reconhecimento e o mérito, a nível mais amplo e transversal. Esse axioma associado ao encómio, pode ser atingido por qualquer individuo comum, minimamente adestrado, decente, a menos que seja de tal ordem, amorfo, néscio e ignominioso, que não seja capaz de ter uma atitude, perentória ou categórica, num rasgo ou ostentação, de beleza, de bonomia, de carater, de profissionalismo, de bom senso, de destreza, de inteligência, de acutilância, de filantropia, entre outros, que possa catapultar num mero e justo elogio, ou num inequívoco panegírico, contudo a dualidade que se compadece, com a utilização massiva da expressão elogio, de uma maneira geral, é detentora de aspetos positivos e negativos. No que diz respeito aos benefícios, eles se traduzem como salutares e imprescindíveis para o bem estar do ser humano, a nível mental e por inerência na sua aparência física, a apreciação

abonatória que vai desde a mais simples à mais concludente, “Joana hoje estás bonita” ou “Joana que magnífica prestação!”, apesar de décalage dimensional, entre ambas as frases, elas podem galvanizar o ego da Joana, sentindo se estimulada e motivada, com as duas afirmações, mas obviamente em níveis e graus de tonalidade diferenciado. Quanto aos aspetos negativos, podemos elencar, em primeiro lugar a utilização abusiva e contraproducente da palavra elogio, quando um individuo é frequentemente bafejado, no seguimento de atitudes e ações reprováveis, contrárias à função ética da palavra elogio, em segundo lugar, é quando o contemplado com o encómio, fica demasiado deslumbrado, pretensioso e ufanista, com o excesso de elogios que recebe, normalmente consignado por subalternos, ou membros do séquito, que veneram, um cacique ou o seu pesporrente ídolo. Na minha opinião, a utilização unívoca da expressão “elogio”, é uma demonstração da delicadeza e gentileza do ser humano, mas para evitar deturpações, deve ser sempre usado com ponderação. jornal

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teatro popular » auto da floripes

Auto da Floripes representado na cidade de Barcelos por Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto

O

Auto da Floripes esteve presente, no final de tarde de domingo (11 de julho), no Festival “Gil Vicente não é de Cá”, que se realizou no centro da cidade de Barcelos. Presente no evento por convite da Câmara Municipal de Barcelos, o Auto da Floripes teve um cenário de eleição, dado que a representação se realizou junto ao Paço dos Condes de Barcelos, também conhecido por Paço dos Duques de Bragança - monumento nacional e museu

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arqueológico. Com mais uma participação especial e numa adaptação de cerca de 40 minutos, a representação versou sobre a batalha do cavaleiro Oliveiros contra

Ferrabrás de Alexandria e a intervenção da princesa Floripes. Esta iniciativa, que durante dois fins de semana englobou teatro profissional, amador e popular,

teve como objetivo dinamizar o centro histórico de Barcelos e, num período tão intrincado, estimular e valorizar as atividades culturais e o tecido associativo.


teatro popular » auto da floripes

Auto da Floripes será representado a 5 de Agosto por Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto

O

Auto da Floripes encontra-se em preparativos, desde o mês de maio do presente ano, com o propósito de ser representado no próximo dia 5 de agosto, quinta-feira, a partir das 17 horas, no Largo das Neves. Depois de, no ano transato, ser sido gravado na Azenha das Pesqueiras e exibido online nas redes sociais e nos estabelecimentos comerciais do Largo das Neves, o Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto, em sintonia com os seus parceiros, está a desenvolver esforços para se apresentar o Auto da Floripes na data certa e sabida da multissecular tradição. Com o propósito de cumprir a tradição, não obstante a conjuntura vivida atualmente, decidiu-se representar o Auto da Floripes com a ponderação exigida e a mobilização dos comediantes, bem como com a necessária articulação com

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a Comissão de Festas da Senhora das Neves e o apoio das autarquias locais. Conscientes das condicionantes e das regras exigidas pela DGS – que permite representações teatrais em espaços abertos e fechados - a realização do Auto da Floripes, que necessitará do deferimento do município vianense, será

adaptada a fim de ter uma duração mais curta. A par disso, haverá lugares marcados e distanciados entre si e do palco, higienização das mãos, máscara obrigatória, bilhetes, acesso restrito e testagem dos comediantes. Ao assumirmos uma vez mais o compromisso de apresentar o Auto da Floripes, entendemos que devemos evitar um triste hiato na tradição. Por conseguinte, torna-se imperativo dar continuidade à mesma, embora adaptando-a às circunstâncias atuais. Assim, como referimos no ano anterior, alimentamos a alma das gentes da nossa terra e promovemos a mobilização e a renovação do elenco. Mais… deixamos o sinal de que a nossa comunidade, mesmo perante situações adversas, sabe adaptar-se e reinventar-se. Esperamos, igualmente, que este esforço

para a salvaguarda do Auto da Floripes no contexto atual, se traduza numa homenagem aos comediantes de hoje e de outrora, bem como numa mensagem para as comunidades associadas ao Auto da Floripes e num exemplo inspirador para as gerações vindouras. Esta manifestação popular, também conhecida por “Comédias das Neves”, distingue-se como um dos poucos exemplos sobreviventes do velho teatro popular e afirma-se como uma das referências do teatro popular português. Assume-se, também, como património e parte integrante da identidade das comunidades que partilham o Lugar das Neves – Barroselas, Mujães e Vila de Punhe – e exprime uma inegável e admirável dimensão nacional e internacional no panorama do património cultural imaterial. jornal

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local » movimento autárquico

Autarquia em movimento

Rua Lagar da Cera, Tregosa

Obras na Rua de Lagar da Cera e junto ao Pavilhão de A.T.L. Entrando na Rua Lagar da Cera a partir da capela de São João e, percorridos escassos metros, verifica-se à esquerda que, o acesso a duas habitações sofreu uma importante intervenção. Ainda sobre a mesma rua. mas já no seu término, regista-se à direita outra intervenção de fundo sobre um lanço de acesso a uma habitação. Junto ao Pavilhão de A.T.L. (Apoio aos Tempos Livres), está a ser preparado o piso para futura montagem de equipamento lúdico. Na referida preparação, a Autarquia contou com pessoas em regime de voluntariado. Nota final: Positiva

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autarquia » apontamentos históricos

Durrães na vanguarda autárquica: parte IV

Boletim Autárquico de Durrães

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

N

a sequência do artigo anterior, apresento detalhes de mais uma ata de 6/09/1903: “…Em seguida foi pelo presidente dito que se tornava de absoluta necessidade proceder ao caleamento da igreja, obra avaliada pelos peritos em 18 mil reis, (…) lavadeira e engomadeira das roupas da Igreja, na importância de três mil reis, a despesa de guisamento – parâmetros, alfaias da igreja/o vinho e hóstias para a missa – da igreja e livro de registo paroquial… a despesa de comprar uma estola para os atos de culto… como a junta possui os mencionados recursos e para satisfazer a

estas necessárias e imprescindíveis despesas propõe que se lance uma derrama sobre os paroquianos… foi unanimemente resolvido pedir ao Exº Senhor Governador Civil a aprovação da proposta de derrama…” Lamentavelmente divulgo, que a partir de junho de 1904 até novembro de 1941, não há livro de atas. Conquanto, a partir de novembro de 1941, passa de novo a haver livro de atas, e passo a fazer registo da tomada de posse de nova junta constituída por Luís de Castro Pinheiro, António Afonso Leite e Francisco Costa Maciel. A finalizar, apresento o registo de “Juntas de Freguesia – Suas Origens”, e transcrevo em termos parcial uma ata datada de 2/01/1942: “…A fim de a Junta cessante fazer entrega à ultimamente empossada dos livros de escrita e do ativo e passivo da mesma Junta. E assim a Junta cessante fez entrega de um livro de contas completo, um livro

de cadastro de pobres e indigentes e uma pasta de correspondência. Foi declarado pelos membros da Junta cessante, que estão arquivados na Secretaria Judicial de Barcelos um livro de atas e o processo da partilha de baldios, os quais estão juntos a um processo que corre no Tribunal da Comarca de Barcelos, e com o qual a nova Junta nada tem”. O segundo Boletim Autárquico foi publicado no dia 25 de setembro de 1994. O Sr. Presidente da Assembleia, na primeira página, em editorial, faz o “Rescaldo do Primeiro Número do Boletim Autárquico”. As contas de gerência da Junta de Freguesia – receita/despesa – são todas explicitamente representadas. Digamos, até ao ínfimo detalhe. Relata com assinalável dose de alegria a aceitação que o Boletim Autárquico obteve na população de Durrães, nas freguesias

vizinhas, na área Desportiva, na imprensa regional e nacional. No domínio da imprensa regional, é manifestamente destacado as boas vindas do Boletim Autárquico. A Assembleia de Freguesia de Durrães com adoçante agrado, teve conhecimento das seguintes revelações: A Aurora do Lima enalteceu o projeto dizendo que “…com este trabalho, aquela autarquia pretende manter uma perfeita ligação com os moradores daquela interessante freguesia… e uma total e transparente informação da vida autárquica, suas necessidades e seus anseios”. Prezado leitor, o manifesto testemunho, segue no próximo jornal.

jornal

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história » caminhos de ferro

Governo convida engenheiro francês Mr. Waltier (continuação do texto da edição anterior)

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

A

11 de Março de 1857 foi aprovado o projeto da quarta e última secção do caminho-de-ferro do Barreiro a Vendas Novas, compreendida entre esta povoação e a propriedade da Craveira, com a extensão de 14.402 metros. A 17 de julho de 1857, em nome de Sua Majestade El-Rei, foi enviado através de portaria a Carlos Bento da Silva, Governador Civil de Évora, para, em consonância com a Junta Geral do referido Distrito, se pronunciar sobre a importância – em dinheiro – que o povo pode contribuir, para que a linha do caminho-de-ferro vindo de Vendas Novas, passe nessa cidade, dado que, a mesma, a todos muito pode beneficiar com a sua passagem. De seguida, a 29 de janeiro de 1858, foi dada ordem para que se efetue a arrematação de madeiras em quantidade necessárias para a construção do caminho-de-ferro do sul. A 29 de maio de 1860, com aprovação de Sua Majestade El-Rei Dom Pedro, foi ratificado o contrato entre o Governo e John Su-

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Estação da Régua. Fotografia de Fernando Abel (CP)

therland Valentine como representante de Charles Edward Mangles, para a construção do Caminho de Ferro das Vendas Novas a Évora e Beja. Também solicitou ao Concelho de Obras Públicas e Minas, para analisar a possibilidade de se ligar Aldeia-Gallega a Vendas Novas. A 23 de janeiro de 1861, foi oficialmente ordenado para que no dia 1 de fevereiro do mesmo ano fosse aberto à exploração o troço de via entre o Barreiro a Vendas Novas e do Pinhal Novo até Setúbal. No dia 13 do mesmo mês e ano, os cincos engenheiros Portugueses que construíram a referida linha, assumiram na íntegra todos os compromissos assinados

no contrato, e ainda ofereceram sem estar contemplado no referido contrato, uma carruagem real a Sua Majestade El-Rei. Devido a deficiente gestão da Companhia Nacional dos Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo, o Governo achou por bem, aprovar a compra por 13.500$000 reis, no dia 6 de agosto de 1861, o caminho-de-ferro do Barreiro a Vendas Novas e o ramal de Setúbal. Este contrato foi ratificado por carta de lei a 10 de setembro de 1861. Finalizo com um pouco de literatura inspirada no caminho de ferro de João de Lemos, extraída do livro “Cem Anos dos Caminhos de Ferro na Literatura Portuguesa”:

O monstro silvou, chegando, E inda, de quando em quando, Como quem suspiros dá; Talvez seja de cansado, que esse forte, agudo brado, À chegada, solta lá!... Que monstro é este? Não dizem? É do mundo, ou infernal, Ou celeste a sua origem? Que é isto? É bem ou mal?

in Boletim do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria de 1853, pág. 355 in Livro de Legislação e Disposições Regulamentares de 1883, pág. 100 a 114 e 585 a 588 in Boletim das obras públicas de 1857, pág. 154


história » caminhos de ferro

Curiosidades disseminadas

Regulamentos dos serviços de transportes em Portugal

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

I

nicio por assinalar que não houve no país, caminho de ferro construído por companhias particulares de 1866 a 1878, à exceção da 5ª. secção da linha do Norte, contratada através de carta de lei de 26 de fevereiro de 1875, entre Vila Nova de Gaia e Porto; o princípio do ramal de Cáceres, atribuído por decreto de 19 de abril de 1877 e o caminho de ferro de via reduzida do Porto à Póvoa do Varzim e Vila Nova de Famalicão,

entre o Porto e Fontaínhas. Um pouco mais tarde, foi contratada a 3 de agosto de 1878, com a Societé Financiere, a construção e exploração do caminho de ferro da Beira Alta, todavia a construção só iniciou no fim do ano. De assinalar que o Engenheiro da fiscalização da construção, achou que o artigo 4 do decreto de 31 dezembro de 1864 não estava regulamentado e que o regulamento de 5 de dezembro de 1860 era insuficiente. No sentido de colmatar a inobservância, concebeu um regulamento, sendo o mesmo submetido a aprovação superior a 30 de junho de 1879. A menos de um ano, foi solicitado a 3 de fevereiro de 1880, em consideração com a força de lei de 31 de dezembro de 1864, ao engenheiro Sr. Joaquim Simões

Margiochi para criar um regulamento direcionado à fiscalização da construção dos caminhos de ferro, assim como alterações convenientes no regulamento de exploração de 11 de abril de 1868. Com empenho e dever de responsabilidade por uma causa importante, o engenheiro minuciosamente efetuou – considerado pelos superiores – um trabalho “completo, que muito honra o ilustrado engenheiro”. O importante trabalho, elaborado com a justa crítica, foi superiormente apresentado à comissão. Faço um parenteses para dar a saber a extensão da linha férrea construída no País, sem considerar as linhas particulares: Há em exploração 1.480 quilómetros de via larga e 90 quilómetros de via

estreita. Estão ainda em construção por conta do Estado 175 quilómetros de via larga, devendo ficar concluídos este ano. Encontram-se em estudo e posteriormente em construção por conta de companhias, cerca de 450 quilómetros de via larga e 100 de via estreita. Metade destas vias férreas abrirão ao serviço público no decorrer deste ano. Há ainda em estudo o complemento ao norte do Mondego. Em março do ano de 1888 encontra-se em exploração 670 quilómetros por conta do Estado, por conta de companhias 1.002 quilómetros, e cerca de 144 quilómetros de via estreita por conta de companhias.

in “Revista de Obras Públicas e Minas de 1888”, pág. 79 e 89

Fotografia de Fernando Abel (CP)

jornal

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crónica » literatura

Cinco livros de capa azul para ler no verão por Daniela Maciel dani18maciel@hotmail.com

“Chama-me Pelo Teu Nome” de André Aciman 2018 Chama-me pelo Teu Nome, de André Aciman, passa-se na Riviera Italiana e é um romance entre um rapaz de dezassete anos e o convidado dos pais, um estudante universitário que irá passar com eles umas semanas no verão. Não é um daqueles livros de ler compulsivamente, dado que tem uma escrita trabalhada e muito bonita,

V

erão é sinónimo de praia ou piscina. E, quando pensamos em praia, é inevitável não pensar no azul do mar. Este mês escolhi 5 livros de capa azul que poderá ler no verão, seja na praia, na piscina, ou até mesmo no campo. Qualquer um deles será uma ótima companhia!

o que significa que o próprio livro nos convida a ler devagar e a saborear a leitura. É um livro introspetivo, muito virado para o interior do personagem, permitindo-nos conhecer os seus pensamentos, receios, angústias, momentos de tristeza e felicidade. Esta é uma história sobre o desejo e a experiência da atração.

“A Dália Azul” de Nora Roberts 2017 A Dália Azul, de Nora Roberts, é o início de uma série onde três mulheres vão desenterrar as memórias do passado e descobrir um segredo avassalador. Esta é uma história contemporânea com um toque de sobrenatural, dado que existe um fantasma na man-

são Harper que vai complicar imenso o romance entre Stella e Logan. Estas duas personagens deliciaram-me ao longo da história; inicialmente embirraram um com o outro e passavam o tempo a discutir e a autora escreveu as cenas tão bem que era possível sentir ali a faís-

ca e a irritação que sentiam. É um livro repleto de personagens e de momentos que me aqueceram o coração. A autora tanto me fazia rir às gargalhadas, como no momento seguinte me deixava de lágrima no canto do olho. Uma excelente leitura para uma tarde de verão!

“Amor Cruel” de Colleen Hoover 2015 Amor Cruel, de Colleen Hoover, é um drama intenso que lhe vai roubar o coração. Tate, uma jovem enfermeira que se muda para a casa do irmão para estudar e trabalhar, vai conhecer Miles, que mora no mesmo prédio do irmão de Tate e que esconde um passado misterioso.

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Colleen Hoover enche as suas personagens de sensibilidade, tornando-as realistas para o leitor, que rapidamente dá por si agarrado às suas vivências. Este romance deixou-me com o coração nas mãos, fez-me sentir toda a angústia e tristeza de Miles pelo

que sucedeu no seu passado. Nunca ninguém deveria passar pelo que ele passou, foi um sofrimento que nem consigo imaginar. Uma história marcante e inesquecível que nos mostra como o passado raramente fica em sossego e volta para nos atormentar.


crónica » literatura

“Conta-me o Teu Segredo” de Dorothy Koomson 2019 Conta-me o Teu Segredo, de Dorothy Koomson, é a história de duas mulheres ligadas a um mesmo assassino. Por um lado, temos uma polícia que nunca se perdoou pelo seu erro e que está disposta a tudo para apanhar o assassino. Por outro, temos aquela que foi vítima e que, sabe-se lá como, arranjou forma de prosseguir com a sua vida.

A autora, com todo o seu talento, coloca-nos na pele destas duas personagens, fazendo-nos compreender os seus pensamentos, os medos e os receios, nomeadamente como se sente uma vítima quando o seu mundo organizado a muito custo está prestes a ser novamente abalado. Este é um thriller que aborda temas como a viola-

ção, o aborto, o bullying, a vingança e o racismo. Os capítulos pequenos e com uma boa dose de suspense transformam este livro numa leitura prazerosa e viciante, fazendo com que se torne muito difícil de pousar. O final é surpreendente e angustiante, tendo-me mexido com as emoções ao ponto de me deixar vários dias a pensar na história.

“Não Digas Nada” de Brad Parks 2017 Não Digas Nada, de Brad Parks, é um thriller sobre uma família que vê a sua vida virada do avesso quando os seus filhos gémeos são raptados. O seu pai é um juiz influente que está a trabalhar num caso de tráfico de droga.

Este livro começa de forma explosiva, agarra a curiosidade do leitor e prende-o às suas páginas. À medida que nos aproximamos do final, o livro vai ganhando ritmo. A vontade cada vez maior de vermos as crianças sãs

e salvas incita-nos a ler. É uma leitura angustiante e alarmante. Este é um livro que nos deixa a pensar na questão: o que seríamos capazes de fazer para salvar a nossa família?

Agora que acabou de conhecer as minhas sugestões, já decidiu que livro o vai acompanhar nas suas férias de verão?

jornal

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cinema » sugestão ao leitor

O Fugitivo

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

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ostuma se dizer na gíria popular, quem foge a sete pés dos problemas, de peripécias periclitantes e ecologias tétricas, pode ser conotado como fraco, covarde e timorato, mas essa constatação não essa tão líquida como se pinta, depende dos fatores que estão associados, se eles porventura forem de tal ordem insanáveis, não existe outra alternativa senão escapar, mas também por outro prisma, é curial o juízo que cada um faz sobre o hidra panorama e o cenário volátil, que para uns pode ser insuportável, e para outros podem achar melhor enfrentar o carbúnculo obstáculo com coragem e tenacidade. Mas nas narrativas aduzidas pelas artes cénicas, a consumação sine die da fuga espontânea, é respal-

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dada pelos seus argumentos, que justificam a necessidade imperiosa, dessa atitude drástica e irrevogável. O desespero, a tragédia, o infortúnio, a injustiça e o perigo, são razões atendíveis e plausíveis, para dar azo a uma fuga para frente, em que arriscar e sair ostensivamente daquele tumulto, é sempre melhor do que se manter num lugar, que propicia um ambiente inóspito, destruidor e bilioso, de proporções inomináveis. Contudo esse beneplácito concedido pelo o cinema, através das suas histórias, à entoação estulta e irreversível da incisiva evasão, concerne uma semântica cativante, para os seus entusiastas e espectadores, pois o enredo do filme proporciona adrenalina, vibração, suspense e tensão, indicando todas as possibilidades dantescas e ramificações sinuosas, em que o fugitivo no seu arrojado e crucial ímpeto, é contemplado e entronizado como herói da contenda, como figura providencial, nocauteando com uma reviravolta estoica esse cabaz de hostilidade, que contraria os valores mais

Clint Eastwood em Os Fugitivos de Alcatraz (1979)

humanistas, éticos, salubres e de sobrevivência, e que são claramente ilustrativos e invocativos nos filmes que vos recomendo. Os Fugitivos de Alcatraz (1979) é um filme baseado em fatos reais que retracta uma icónica fuga, que ficou nos anais da história, por ter sido concretizada surpreendentemente por três homens, que tiveram a bravura, a sapiência e o desplante de escapar com êxito, da prisão de máxima segurança da Ilha de Alcatraz, de San Francisco, no estado de Califórnia, apelidado como o mais impérvio e tenebroso, estabelecimento prisional, que elidia implacavelmente quem tivesse a tentação de pensar em fugir, ou se punha a jeito, nessa premissa loquaz, acabava por claudicar irremediavelmente. O introito do filme faz menção ao ano de 1960, onde o intrépido prisioneiro Frank Morris, dá entrada nos calabouços de Alcatraz, evidenciando um semblante carregado, e um vigoroso

porte hirto, que por aquiescência é alvo de uma receção iniqua e desdenhosa, devido aquela prisão ter nas suas fileiras, a pior escumalha da sociedade, e uma gestão austera e repressiva. Essa plasmada evidencia, é de imediato visível quando é levado ao Diretor Warden, um homem que oblitera com prepotência, qualquer possibilidade de reabilitação dos seus prisioneiros, restringido de maneira premeditada qualquer tipo de acesso a informação vinda do exterior, e avisando laconicamente Morris, que é inútil ter o atrevimento de fugir daquela fortificação, com uma extensão 2 Km de mar, com correntes fortíssimas até chegar a terra, pondo em sentido a postura díscola e resiliente de Morris. Outro percalço que Morris vai ter que lidar, é com o iconoclasta bissexual Wolf, que com a bulimia que o caracteriza, tem interesse em sodomizar Morris, mas este aplica-lhe uma bravata, pondo-o KO com dois socos, bem direcionados. Apesar do aparato


cinema » sugestão ao leitor

Anne Archer e Gene Hackman em O Expresso dos Malditos (1990)

“Os Fugitivos de Alcatraz” de Don Siegel 1979

obdurado de Morris, ele é um homem sociável, sendo prestável e atento com os prisioneiros, que lhe merecem amizade, começando a criar laços que podem ser decisivos, para sua veia arrivista, isto é alcançar o seu único desiderato, que é fugir daquele descomunal sítio. Contudo num determinado dia, ocorre lhe uma súbita inspiração, quando repara dentro da sua cela, que existe uma pequena cerca, que com uma relativa facilidade abre a totalmente, iniciando nesse instante uma ténue escavação, que o leva a percecionar que aquela inopinada descoberta, pode significar uma hipotética fuga para o exterior. Estando convicto

Frank Morris, que lacuna que ficou destapada, é uma oportunidade que deve segurar com unhas e dentes, consegue convencer os seus apaniguados, a gizarem um plano de fuga, usando para esse efeito a proximidade que ambos tem nas suas celas, para se protegerem mutuamente quando escavam, munindo se de vários utensílios e de manobras dilatórias, para ludibriar os guardas e o cariz paranoico e meticuloso do Diretor, marcando o putativo “Dia D”, para uma fuga arriscada rumo à liberdade. O Expresso dos Malditos (1990) é um filme de género thriller/policial, que se refere aquele tipo de pessoas que insolitamente assistem a um crime ignóbil, e que depois são colocadas entre a espada e a parede, quando são notificados como testemunhas cruciais num julgamento, principalmente se verificar que só um in-

divíduo, pode fundamentar esse libelo, estando impreterivelmente numa posição angustiante e delicada. É o que precisamente se sucede com Carol, que num quarto de um Hotel, assiste aterrorizada, ao assassínio à queima-roupa do seu namorado, mandatado pelo algoz mafioso Leo Watts, que se encontrava no mesmo sítio, e em simultâneo quando o seu acólito facínora, procede à estocada final, sem que eles tenham se apercebido da presença de Carol. Completamente histriónica e em pânico com o panorama pernicioso, refugia se no Canada, numa residência distante e isolada das zonas urbanas, porém chega aos ouvidos de o conceituado procurador do Ministério Público, Caufield, que existe uma testemunha capital, que uma vez por todas, pode por atrás das grades, o verdugo Leo Watts. Descobrindo o paradeiro de Carol, Caufield e o seu ajudante,

“O Expresso dos Malditos” de Peter Hyams 1990

apresentam as suas credenciais a Carol, só que nesse ínterim a habitação onde eles conferenciavam é alvo de um tiroteio súbito e estrepitoso, tendo que Caufield e Carol que deslocarem se para o automóvel dela, numa arrojada ação e com toda a velocidade partirem em direção à floresta, na mesma ocasião que são perseguidos pelo helicóptero, que originou o exicial ataque, que se presume pertencer à corja, às ordens do prócere Leo Watts. Conseguindo Caufield coar se de maneira turbulenta jornal

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cinema » sugestão ao leitor

Harrison Ford em O Fugitivo (1993)

“O Fugitivo” de Andrew Davis 1993

dos perigosos cáfilas, ele e Carol, com um descarte pressurosa, apanham num limite um comboio, que tem como destino Vancouver, só que não estavam a contar, que logo de seguida dois pérfidos assassinos, entram no mesmo veículo, para a sorrelfa aniquilarem Carol. Apercebendo se dessa funesta realidade, Caufield vai ter que usar toda a sua valentia e erudição, para proteger a sua desditosa testemunha, e não sucumbir quando está cercado por todos os lados. O Fugitivo (1993) é um thriller de género policial, comutativamente acutilante e dramático, que se debruça sobre o notável e prestigiado médico Richard Kimble, que

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num ápice vê a sua vida a ser espoliada, como um pesadelo horripilante se tratasse, quando a sua residência é irascivelmente atacada por um individuo sardónico, com uma prótese num dos braços, que mata a sua mulher sem apelo nem agravo, com Kimble a chegar atrasado ao lutuoso incidente, com a sua mulher a falecer nos seus braços, após ter pelejado com o arisco assassino, com este a conseguir desenvencilhar se e por se em fuga. Consternado com este lúgubre acontecimento, Kimble ainda assim é considerado o principal suspeito do crime, pois não havendo quaisquer vestígios do tal vulto que originou a morte da sua mulher, este acaba por ser condenando à pena de morte em Tribunal, por supostamente ser o único beneficiário de um seguro de vida, consignado pela sua querida esposa. Kimble univocamente destronado e resignado com o seu hipotético fim, que se aproxima a passos largos, viaja no autocarro que transporta os detidos, para serem executados, contudo um bulício

indagado pela ira frondista de alguns prisioneiros, faz a viatura ter um acidente grave, sendo projetada rabina abaixo, com Kimble a aproveitar este despiste inaudito, enveredando numa lancinante e ululante fuga. Para investigar este acidente e seus efeitos colaterais, devido à estupenda fuga de dois detidos, é chamado ao cotejo os US. Marshall, liderados pelo carismático Samuel Gerard um homem que se distingue pela sua probidade inexorável e uma obsidia pragmática, que faz um cerco retumbante e uma busca incessante, na peugada de Kimble. Procurado e acossado por todos os lados, com uma hipérbole mais confinada ao Estado de Illinois, Kimble usa a sua peculiar galhardia e sapiência, para se infiltrar em serviços públicos como hospitais, para mudar a sua fisionomia e forjar a sua identidade, fugindo sempre vertiginosamente ao turbilhão contumaz, impresso por Samuel Gerard, Não desistindo de lutar afincadamente pela a sua inocência, Kimble regressa a Chicago, deslocan-

“Basta” de Michael Apted 2002

do se a um Hospital, onde existe uma valência com tratamento de próteses, fuscando à socapa uma nomenclatura com essa patologia, fazendo várias verificações e tentativas que iam dando para o torto, acabando por destrinçar o nome do criminoso Frederick Sykes, o dito cujo que trucidou fatalmente a sua mulher. Descobrindo o paradeiro do bandido, Kimble alija se na residência do sujeito, com ele temporariamente ausente, dissecando minuciosamente os seus pertences, encontrando indícios concludentes, que demonstra que aquele homem faz parte de uma conspiração criminosa, que sub-repticia-


cinema » sugestão ao leitor

por Américo Manuel Santos americosantos1927@gmail.com

POEMA JULHO

Senti de ti tão pouco… Bruce A. Young e Jennifer Lopez em Basta (2002)

mente quer introduzir no mercado um medicamento nocivo para o fígado, e que foi flagrantemente detetado por Kimble, e por essa razão a sua mulher foi vítima de atentado, que era dirigido a KImble, factos que dão uma réstia de esperança a Kimble, com a perspetiva de alcançar a sua inocência. Basta (2002) é um filme que realça as barbaridades que muitas mulheres padecem, por causa da violência doméstica que lhes é aplicada pelos seus cônjuges, e que por força das circunstâncias, são impelidas a fugir para um local desconhecido do agressor, porque as autoridades não se regem de provas tangíveis para dissuadir o comportamento cruel do individuo. No enredo, antes de se patentear esta idiossincrasia machista, tudo começa da melhor forma para a atraente Slim, uma mulher que trabalhava como empregada de café, e que tem um ensejo único para livrar se do marasmo que é a sua

vida, quando subitamente é galanteada por Mitch, um empresário ufanista e abastado. Não se fazendo rogada Slim, com o arcaboiço sedutor de Mitch, o prometedor romance acaba num enlace matrimonial, tendo uma filha em comum. Todavia, passado alguns anos, Mitch face ao poder económico que tem, faz jus à sua jactância, demonstrando o seu clamor libido, andando frequentemente com amantes, gerando a indignação e amargura de Slim, que ao rebater a atitude de Mitch, é atingida de maneira violenta, com agressões ardilosas e intimidatórias por Mitch, que faz valer a sua pesporrência autoritária. Não tendo suficiente coragem de apresentar queixa e com receio da atoardas e retaliações de Mitch, Slim toma a iniciativa de fugir com a sua filha Gracie, com o auxílio de amigos, mas sempre no limiar do embondo, devido à sua situação financeira débil e com o cenário sicofanta de rapto, a estar em

Eu Senti de ti tão pouco Do muito que eu esperei Esperei que nem um louco O pouco que tanto amei E De ti eu vi quase nada E tanto que esperei ver Esperei por uma amada Depois de eu tanto viver Eu De ti tive quase nada Mas o pouco soube a tanto Tu Dizias-te apaixonada Imagina o meu espanto E tanto fui maltratado E tão pouco tive de ti E tão pouco foi amado Quando tu estavas aqui Agora que já estou sozinho Tenho tanto quanto já tinha E Perdi tanto pelo caminho Pois tu nunca foste minha

cima da mesa. Não obstante esse contratempo, Mitch sem qualquer rebuço, usa a sua perseverança e intrusão panótica, para perseguir Slim e a sua filha, quase as apanhando nos diversos paradeiros, com Slim a conseguir fugir in extremis, às investidas do seu marido. Porém Slim, ganha algum

animo e alento, quando o seu Pai, que nunca quis saber dela, concede lhe um apoio financeiro robusto, após ela ter lhe suplicado, e com isso, contrata um especialista habilitado em defesa pessoal, para lhe adestrar as técnicas, que lhe possam propiciar a vingança, no derradeiro embate com Mitch. jornal

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escrita » poesia

Momento de Poesia

por Manuel Gomes Colaborador Convidado

Mensagem aos Pais Vocês meus pais me deram a vida... e me ensinaram a vivê-la com dignidade, não bastaria o meu obrigado. Vocês, me iluminaram os caminhos obscuros... com afeto e dedicação para que os trilhasse; sem medo e cheio de esperança, não bastaria o meu muito obrigado. Vocês, renunciaram os vossos sonhos... para que eu, pudesse realizar os meus; pela longa espera e compreensão: durante as minhas longas viagens, não bastaria o muitíssimo obrigado. Vocês, pais por natureza, por opção e amor... não bastaria dizer, que não tenho palavras; para agradecer tudo o que fizeram por mim: mas é o que acontece mesmo agora, quando procuro arduamente uma forma verbal: para exprimir a minha emoção ímpar. Emoção que não, pode ser traduzida por palavras; meus queridos pais eu vos amo.

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escrita » poesia

Imagem Imagem que nos faz sonhar... com um lindo e novo recomeçar; doçura no olhar que nos faz acreditar: num novo sonho e no luar. Pureza no coração que irradia... o sorriso que pede a sua união; simplicidade do nosso caminhar: é o amor presente no nosso coração. Inocência que espalha a miragem... da tua janela junto ao nosso coração; ponte luminosa que pede: a nossa travessia na multidão. Se uma prenda pudesse oferecer-te... seria um sorriso com todas as cores: do arco-íris e das bolinhas de algodão: inocentes a dançar uma melodia, dos anjos deste lindo chão.

Eu Gosto do Verão Na primavera o amor anda no ar... na primavera os bicos andam no ar; na primavera o pólen anda no ar: e eu não deixo de expirar. Chega o verão os dias ficam maiores... e as roupas ficam menores; no verão a calor bate recordes: e o meu corpo liberta suores. Eu gosto do verão... para passear na areia da praia; de nadar e apanhar um escaldão: e afim da tarde ver o por do sol. No outono a escola vai abrir... e a noite toda eu passo a tossir: e as folha no outono sempre a cair; e a chuva faz os prédios ruir. Chega o inverno e o natal é baril... no inverno ando gripado e febril; no inverno é verão no Brasil: mas para lá eu não posso ir.

Um Dia Um dia descobrirás ... que beijar uma pessoa; para esquecer outra não dá, tu não esqueces a outra pessoa: como pensas muito mais nela. Um dia percebes que as mulheres... têm instinto caçador e fazem homem sofrer; um dia percebes que as melhores: provas de amor são as mais simples. Um dia percebes que o comum não nos atrai... um dia saberás que ser classificado; como um ser bom, não é bom: Um dia perceberás que a pessoa, que nunca te liga é a que mais pensa em ti. Um dia perceberas que és muito importante... para alguém, mas não dás valor a isso... Um dia perceberas que aquele amigo; faz falta, mas ai já é tarde demais. Um dia descobrirás que apesar de viveres... muito tempo o mesmo não é suficiente; para realizares todos os teus sonhos: ou te conformas com a falta de coisas na tua vida, ou lutas para realizar todas as tuas loucuras.

jornal

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crónica » caminho primitivo

Caminho Primitivo

por Francisco P. Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

E

m virtude de ainda não ser possível fazer o Caminho de Santiago (apesar de já haver alguns peregrinos na estrada), tomei a decisão de caminhar nos caminhos efectuados. Assim, continuo na senda da partilha. Desta vez, irei contar a minha experiência feita em 2019, no Caminho Primitivo. Este caminho, narra a história, foi feito pelo Rei das Astúrias, Alfonso II, sendo o primeiro percurso oficial, em 829 d.C.. Foi o primeiro peregrino oficial e o impulsionador dos caminhos, padrinho da ermida que deu lugar à catedral de Santiago, do apoio aos peregrinos, entre outras situações. Agora, é um facto, e sobre isso não há dúvidas, que cada caminho é único (na época, no ano, nas vivências e nas amizades realizadas). Por isso se diz que “o teu caminho é o teu estilo”. Além do mais, fazendo deste caminho o nosso caminho, apercebemo-nos que o processo é mais que uma mera colecção de selos ou carimbos no passaporte (expressão do filme “3 Caminos” que estrou 29 de março, na RTP1), apenas para garantir que o fizemos. Se me permitem mais uma partilha pessoal, sou da opinião que, na vida, os caminhos testemunharam o meu crescimento enquan-

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to Homem adulto, por via do(a)s amigo(a)s com quem caminhei, das vivências das histórias e da oportunidade de introspeção que me fez conhecer a minha verdadeira história. Nos períodos de solidão, no alto da montanha, com mais de 1.000 metros de altitude, perguntamos coisas e ficamos sem respostas, o que fez de mim um Homem diferente, não sei se melhor ou pior, deixo ao critério de quem comigo convive. Em 2019 resolvi fazer o Caminho Primitivo, na sua versão original, a começar em Oviedo, pelo interior. Estamos a falar de uma ex-

vila (Pueblo) tranquilo e muito bonito. Deixando de lado a mera descrição do percurso, confesso que aqui tive várias experiências únicas. Por exemplo, no alto da serra, a muitos metros de altura, na montanha e perto da capela local (isolada) verificar as marcas (chapas) de peregrinos que ali terminaram o seu caminho de vida. Em outro local, pensar que estamos (isolados) no topo do mundo, num iso-

Sinto-me muito grato às experiências obtidas nos diversos Caminhos. Haveria muito a dizer, mas escolho a capacidade de estar sozinho, de modo tranquilo e pacífico, em paz comigo mesmo e sem medos. periência de 322km, durante 15 dias e numa média de 25km diários, mas, como todas as outras, que recomendo. Mas fica o alerta que este caminho é duro, solitário, forte, intenso e mexe consigo, física e emocionalmente. A primeira parte foi fazer, por comboio toda a noite, de Santa Apolónia a Oviedo, aproveitar a cidade (lindíssima e um lugar a repetir) e ficar no albergue municipal. O primeiro dia de caminho foi até San Juan de Villapañada (31km), sempre a subir. O segundo dia até Salas (20 km), uma

Igreja da Colegiada de Santa María La Mayor (Salas)

lamento que só oiço o vento e os meus pensamentos (confesso que não sei qual dos dois tenho mais receio). Mas superar essa fase é fabulosa assim como fabuloso foi, na montanha, parar num local para beber um chá e usar a casa de banho e logo depois, pararem mais de duas dezenas de carros Porsche. Claro, como bom provinciano, tirar fotos e enviar por WhatsApp para pessoas amigas a dizer que aqueles eram os meus carros

de apoio para o caminho. Resposta de uma amiga, que essa marca era muito baixa e que os carros faziam doer as costas. Ao que digo que por essa razão vou a pé e mando os carros à frente. Em resumo, o Caminho traz de tudo um pouco. Bons amigos com quem ficamos, do mundo inteiro, experiências únicas, sendo uma forma de conhecer o mundo, de forma barata e divertida. É uma marca que fica para sempre. Passando todo esse ala-


crónica » caminho primitivo

Catedral de Oviedo, ponto de partida do Caminho Primitivo

rido, as montanhas (literalmente) e encontrar novas amizades, em Melide o caminho cruza-se com o caminho francês. Aí fica mais gente nos caminhos e a calma é diferente, mas uma boa preparação para regressar a casa. E neste caminho, a chegada a Santiago é feita por outro lado, não passei por Padrón (não vi o Don Pepe, para gran-

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de pena minha). Mas não foi pior, apenas diferente (na vida, tudo é diferente e são poucas coisas certas que temos na vida). A chegada foi excelente, no último albergue, antes de Santiago, consegui assistir a uma vida numa vila quase desprovida de gente, num espaço de arquitectura com traços romanos. Mas foi linda. Encontrei lá outros peregrinos, gente que caminha pela Fé e que se descobre nestes caminhos da vida. Sinto-me muito grato às experiências obtidas nos diversos Caminhos, da carteira de aspectos, pelo lado bom e mau. Haveria muito a dizer, mas escolho a capacidade de estar sozinho, de modo tranquilo e pacífico, em paz comigo mesmo e sem medos. Esse processo, confesso, ajudou-me muito no confinamento, seja na análise da situação

como na decisão de mudança de vida. Também me trouxe boas amizades que, possivelmente, não voltarei a ver. E a capacidade de ter sonhos, de sonhar em novos caminhos e percursos. O crescimento interior, os valores humanos e as partilhas de tudo (de vida, de experiências, de medos, de sorrisos e de lágrimas com gente que nunca mais nos vai ver) faz de nós (de mim) uma pessoa diferente. Só me resta desejar a todos um Bom caminho. O meu próximo será repetir este de Oviedo (foi mesmo bom) mas fazer o caminho da costa, junto ao mar. Esse projecto estava previsto para 2020, mas não foi esquecido, apenas adiado. Serão mais 15 dias.

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crónica » centro interpretativo de viana

Centro Interpretativo do Caminho Português da Costa

por Francisco P. Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

A

espiritualidade é condição inata do ser humano, numa busca incessante pela compreensão de questões metafísicas. Esta frase consta no folheto do Centro Interpretativo do Caminho Português da Costa, em Viana do Castelo. Trata-se de um espaço dedicado ao tema, não só agora que está renovado, mas desde sempre, desde a sua construção. É um local sólido, como as convicções dos peregrinos, bonito que recomendo a visita, situado na parte velha da cidade no antigo hospital (Hospital Velho). Este local foi construído com o propósito de, gratuitamente, dar assistência de, ou para, Santiago. Neste caso, a Misericórdia fazia, assim, cumprir o seu propósito de “dar pousada aos peregrinos”, sendo um espaço com relevância, também, para a assistência aos pobres, peregrinos e viajantes. O edifício antigo é lindíssimo, muito bem recuperado, e posso dizer que é um lapso na nossa formação não o conhecer. Agora sob a responsabilidade da Câmara Municipal de Viana do Castelo, foi inaugurado em 2018 mas, com o Covid e algum desconhecimento geral, é ainda um espaço

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O hospital velho foi fundado em 1468 já para apoio a peregrinos de Santiago

muito desconhecido e que requer a visita dos simpatizantes e curiosos do Caminho. Está repleto de história dos caminhos e estória dos caminhantes. Independentemente das razões que nos levam aos caminhos, a verdade é que, de uma forma ou de outra, a cristandade ocidental tem, nas peregrinações, um caminho para a busca do esclarecimento e, eventualmente, de alguma indulgência. O caminho permite uma viagem interior, que se processa durante todo o percurso e que acaba por ser uma experiência introspectiva, onde há tempo para refletir nos nossos

propósitos e objetivos, nas nossas dores e alegrias, de ponderar os prós e os contras das situações por nós vivenciadas, de forma mais ou menos pessoal. Mas é, também, um momento que damos ao mundo e somos confrontados com experiências diversas, estando, ou não, envolvidos. É, também, um momento extrospectivo baseado na vivência com terceiros, fora do círculo de amizades, onde vivenciamos experiências dos outros, partilhamos risos e dramas pessoais. Nos diversos caminhos, por mim efectuados, é frequente pensar que não tenho razões para me sentir

mal pois a partilha de vivências de outros faz-me consciencializar que, afinal, até estou bem. Confesso que não fico bem com o mal dos outros, mas acaba por ser uma viagem que me leva a valorizar mais, e melhor, as oportunidades que a vida me tem facultado, como o próprio caminho a ser feito pelo meu pé e à minha responsabilidade. Quase, frequentemente, durante o caminho pergunto: porque choro? O caminho permite largar a “carga” emocional. Não sei se estou a ser correcto, mas estou a ser sincero. É um facto que os romeiros (caminhantes) pro-


crónica » centro interpretativo de viana

Fachada do edifício do Centro Interpretativo do Caminho Português da Costa

curam, muitas vezes, a graça de um milagre, por via da ajuda divina, para encontrar uma determinada solução ou perspectiva de um certo assunto que não conseguimos externalizar. O caminho, com todas as idiossincrasias e diversidades culturais, permite que não encontremos a solução para a questão (minha experiência) mas dá-nos a capacidade de exteriorizar o problema e ver a “questão” de outro ângulo, sobre outra forma.

Em termos históricos, e retirado de um flyer deste espaço, narra a história que o apóstolo esteve em Hispânia, em viagem de evangelização, e no regresso a Jerusalém (ano 44 d.C.), foi martirizado. A lenda conta que os seus restos mortais terão sido transladados, por via marítima, numa barca, até à Galiza (na zona de Padrón), tendo sido depositados e esquecidos, durante anos. Terão sido redescobertos no séc. IX, durante

o processo da reconquista cristã (o que relaciona o apóstolo na luta contra os infiéis). Fica, aqui uma referência aos diversos locais com apoio. Acrescento que o caminho, desde de Viana do Castelo, é baseado na antiga estada romana, tendo sido praticamente inalterado. O itinerário da “Estrada Real” realça os caminhos medievais, levando os peregrinos a passar por igrejas e capelas consagradas ao San-

to Apóstolo. Há cruzeiros lindíssimos e marcos, uns municipais outros particulares ou de iniciativa dos peregrinos, que nos fazem pensar. E se nada tivermos para pensar, meditamos, é inevitável. As representações de São Tiago materializam-se numa variedade de suportes e sob vários tipos de manifestação artística, desde escultura em pedra, madeira ou cerâmica (mais ou menos rica), em pintura em tela, tecido ou madeira, em têxteis e em doces. Por norma, e respeitando a liberdade artística, o apóstolo é representado com cabelos compridos, barba longa, descalço (atendendo ao seu martírio), com uma espada que também pode ser uma cruz “primacial”. Poderá ter um cajado, acompanhado de uma cabaça e de uma concha de vieira (recordo que o marisco nesta zona de Espanha é fenomenal) e um chapéu. São Tiago é visto como o “mata-mouros”, um feroz guerreiro. Associado a este apóstolo estão São Roque (protetor dos “pestíferos”), São Gonçalo (construtor de uma ponte, sendo associado como protetor dos caminhantes e viajantes) e São Cristóvão (o gigante lendário que transportava viajantes nas costas nas travessias dos cursos de água). Existe um facto que partilho, em virtude de ser verdade para mim: uma vez peregrino, sempre peregrino. O exercício, aqui passa por descobrir qual o nosso caminho, como em tudo na vida (muito feito à medida individual, taylor made). jornal

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religião » biografia

Biografia: Padre Sebastião Pinto da Rocha Artigo cedido pela Fundação das Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

H

á 137 anos, no 30 de abril de 1884, nascia na freguesia de Monserrate, na cidade de Viana do Castelo, o Reverendíssimo Sr. Padre Sebastião Pinto da Rocha, S.I. irmão da serva de Deus Maria da Conceição Pinto da Rocha, fundadora das Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face. O P. Sebastião Pinto da Rocha, S.I. nasceu na freguesia de Monserrate, na cidade de Viana do Castelo, a 30 de Abril de 1884 e faleceu em Lisboa a 29 de Janeiro de 1976, primeiro de nove irmãos, um deles foi a serva de Deus Maria da Conceição Pinto da Rocha nascida a 16 de Dezembro de 1889, falecida a 2 de outubro de 1958, fundadora das “Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face”. A entrega total de sua irmã à obra da Reparação Expiadora mostra o ambiente de espiritualidade em que foi educado o P. Sebastião, o que contribuiu para cedo sentir uma forte vocação, que o levou a ser ordenado sacerdote em

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Braga a 24 de Setembro de 1906, celebrou missa nova na Paróquia de Barroselas. A 12 de Setembro de 1911 foi preso e mandado para o Aljube do Porto, onde permaneceu três meses até fugir para Espanha em 28 de Dezembro do mesmo ano, juntamente com outros sacerdotes e leigos. Conforme tinha decidido durante o tempo de prisão, entrou para a Companhia de Jesus, iniciando o noviciado a 12 de Setembro de 1912 em Alsemberg, na Bélgica. Em 1921, depois de terminada a formação intelectual e espiritual na Companhia, foi para Pontevedra, na Galiza, como redator de O Mensageiro do Coração de Jesus, que nessa altura saía com o nome de O Apóstolo. Quando a revista se voltou a publicar com o seu verdadeiro nome, depois de 1926, o P. Sebastião veio para a Póvoa de Varzim com o cargo de diretor da mesma. Em 1932 fixou-se em Lisboa, onde, durante mais de 40 anos, exerceu o cargo de Diretor Diocesano do Apostolado da Oração, dedicando-se especialmente à secção das Crianças – a “Cruzada Eucarística”. Foi também exímio organizador dos Congressos Nacionais do Apostolado da Oração de 1930, em Braga, e de 1945, no Porto, e do Congresso Diocesano de Lisboa de 1936, durante

o qual o cardeal-patriarca lançou publicamente a ideia do Monumento ao Divino Coração de Cristo Rei, sendo esta a obra pela qual ficou mais conhecido. Dedicou-se ainda com grande empenho à causa da canonização do Beato Nuno Álvares Pereira. Além de ter escrito todas as circulares emitidas pelo Secretariado Nacional do Monumento a Cristo Rei e de ter escrito a maior parte dos artigos publicados no jornal O Monumento, publicou também as seguintes obras: ●● ROCHA, P. Sebastião Pinto da – A vida íntima,

religiosa e de família de Paiva Couceiro. In In Memoriam de Paiva Couceiro. Lisboa [1946] ●● [ROCHA, P. Sebastião Pinto da] – A devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Braga: Mensageiro do Coração de Jesus, 1959. ●● [ROCHA, P. Sebastião Pinto da] – Monumento Nacional a Cristo Rei: memória histórica. Lisboa: Secretariado Nacional do Monumento, 19[ROCHA, P. Sebastião Pinto da] – A reparação expiadora. Autobiografia e outros escritos de uma alma vítima. Lisboa, 1967.


conhecimento » mitos e lendas

O Reflexo

por Fernando Fernandes fjfernandes1975@gmail.com

Q

uando o poeta Romano Públio Ovídio Naso descreveu a enorme beleza de um singelo rapaz, jamais imaginaria a criação de um mito que perdura até aos dias de hoje. Filho do Deus do rio Cefiso e da ninfa Liríope, a fim de saberem o destino do menino, o oráculo Tirésias, famoso por ser uma das personagens da Odisseia de Homero, revelou que este teria uma longa vida desde que... nunca visse o seu próprio rosto. Com o passar dos anos, Narciso tornou-se num belíssimo jovem sendo cobiçado quer por homens quer por mulheres, possuindo, contudo, uma desprezível arrogância e sobretudo orgulho. Até as sereias se apaixonaram por ele, tamanha a sua beleza, mas perante o desprezo deste, pediram à Deusa Némesis para o castigar. Acedendo ao pedido, condenou-o a apaixonar-se pelo seu reflexo nas águas da lagoa de Eco. Fascinado pela sua própria beleza, Narciso deitou-se na margem até enfraquecer na totalidade, mas sem nunca deixar de olhar para a sua imagem. Aquando da sua morte, Némesis transformou-o numa flor que bem conhecemos: o Narciso. O termo narcisismo é sobejamente conhecido pelo

“Narciso” de Caravaggio (1594-1596), Galeria Nacional de Arte Antiga, Itália

Mundo fora, sendo aplicado em diversas situações. Mais o mais amplamente difundido é o do amor que um indivíduo tem por si próprio ou pela sua imagem. O simples olhar no espelho pode ser apelidado de narcisismo. Como conceito atual, foi implementado na sociedade por Sigmund Freud, e mesmo a Associação Americana de Psiquiatria classifica-o de Transtorno de persona-

lidade narcisista. Mas não só em termos científicos que Narciso é retratado. Na generalidade da arte Mundial, existe uma variada megalómana de pinturas, esculturas livros, e demais representações artísticas em torno do narcisismo. Inclusive em 2019 na cidade romana de Pompeia foi descoberto um fresco numa casa extraordinariamente decorada alusivo a Narciso. Artistas como Caravaggio,

Dalí, Waterhouse, Oscar Wilde, Caetano Veloso são figuras de renome Universal que usaram Narciso como tema central das suas pinturas, livros ou músicas. Não existe nada de mal em gostarmos de nós próprios, muito pelo contrário. Contudo, passarmos demasiado tempo ao espelho admirando a nossa figura, é sem dúvida um enorme desperdício de tempo de vida. Pelo menos para mim! jornal

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vida » bem-estar

A espiritualidade: uma fonte inesgotável de energia

Ser feliz

por Florbela Sampaio flsampaio@sapo.pt Prof. Escola Sup. Saúde IPVC

E

ncontrei estas palavras [à direita] no prefácio da obra do psiquiatra Augusto Cury, Felicidade Roubada. Um romance sobre os fantasmas da emoção que sabotam a nossa felicidade e que me serviu de mote para reflectir com o estimado leitor sobre este tema, que como nos diz Cury é tão comentado mas tão mal compreendido. Em primeira análise podemos concluir, da nossa experiência, que ser feliz é talvez a suprema aspiração humana já que se trata de um estado de bem estar e contentamento, um momento que perdura no tempo, ou não, em que não há nenhum tipo de sofrimento. No entanto, todos conhecemos pessoas que parecem estar sempre contentes e felizes sem necessariamente terem motivos especiais para experienciarem esse estado de alma. Por oposição todos conhecemos pessoas que parecem estar a maior parte do tempo infelizes e com uma enorme dificuldade em desfrutar de pequenos momentos especiais nas suas vidas. É no interior deste emaranhado emocional que vimos assistindo, com

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“Um dos fenómenos psíquicos mais comentados no mundo inteiro e menos compreendidos é a felicidade. Ser feliz é ter a plenitude do prazer? Mas quem não atravessa os vales das angústias? É beber da fonte da tranquilidade? Mas quem não atravessa os desertos da ansiedade? É ser realizado social e profissionalmente? Mas quem não chafurda na lama das frustrações? É reconhecer a excelência do amor? Mas quem não é ferido pelas pessoas que mais ama?... Estou certo de que não encontramos a felicidade, é ela que nos encontra. Quando? Quando abraçamos mais e julgamos menos, elogiamos mais e criticamos menos, apostamos mais e cobramos menos (inclusive a nós próprios), dialogamos mais sobre quem somos e menos sobre onde estamos, aceitamos mais os limites dos outros e temos menos a necessidade neurótica de mudá-los, vivemos mais o presente e sofremos menos pelo futuro, protegemos mais a nossa emoção e traímos menos a nossa cama, o nosso sono, os nossos sonhos…”


vida » bem-estar

maior expressão desde os anos noventa, a um interesse das ciências humanas em pesquisar o impacto dos estados emocionais positivos: amor, alegria, serenidade, segurança… na saúde física, psicológica, social, moral e espiritual das pessoas. Numerosos estudos hoje publicados (muitos deles ao nosso dispor na internet), permitem-nos compreender de forma evidente que sentir felicidade está directamente ligado a uma série de factores internos e externos à pessoa, numa quase simbiose perfeita, enquanto interdependência entre eles. Boas condições externas como por exemplo, boas posses materiais e posição social podem conduzir à felicidade mas, não por si só; é preciso algo interior à pessoa que depende do grau de consciência dos seus objectivos e dos seus valores para que o resultado final lhe permita dizer, eu sou feliz. A dimensão espiritual do homem entendida como

uma busca pelo significado da vida e pelo estabelecimento de uma relação com o sagrado e o transcendental, tem sido muito estudada no sentido de se encontrar evidência da sua

Que interessante diálogo que percorre um rio de reflexão, nas margens da esperança, sustentada nesse poder transformador que habita em nós para nos tornar mais humanos. Porque quanto mais humanos mais felizes, porque quanto mais felizes mais divinos. influência no sentir-se feliz. A fé surge em numerosos estudos como um factor associado a maiores índices de felicidade aliada a indivíduos que lidam melhor com eventos adversos, acreditando-se que existam

diversos factores explicativos: a espiritualidade proporciona um sentido e um propósito para a vida das pessoas respondendo a questões existenciais que levam geralmente à angústia e à infelicidade. Nos contextos religiosos a participação dos fiéis em torno da ritualidade proporciona o desenvolvimento de comunidades que se reúnem e partilham ideais e acontecimentos de vida, conduzindo a uma maior interacção social, maior consciência de si e melhor atenção e cuidado ao outro. Partindo das ideias e da experiência de Cury e do valor incomensurável da dimensão espiritual do homem, enquanto motor dinamizador na transformação de emoções como: tristeza, medo, raiva e nojo, além de estados afetivos como ansiedade, angústia, dor e sofrimento que costumam diminuir a felicidade, deixo-o, caro leitor, com uma pequena passagem do evangelho de

João. Cap. 3, 1-5 “Entre os fariseus havia um homem chamado Nicodemos. Era um judeu importante. Ele foi encontrar-se de noite com Jesus, e disse: Rabi, sabemos que és um Mestre vindo da parte de Deus. Realmente ninguém pode realizar os sinais que tu fazes, se Deus não está com ele. Jesus respondeu: garanto-te: se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Nicodemos disse: como é que um homem pode nascer de novo, se já é é velho? Poderá entrar outra vez no ventre de sua mãe e renascer? Jesus respondeu: eu te garanto: ninguém pode entrar no reino de Deus se não nasce da água e do espírito…” Que interessante diálogo que percorre um rio de reflexão, nas margens da esperança, sustentada nesse poder transformador que habita em nós para nos tornar mais humanos. Porque quanto mais humanos mais felizes, porque quanto mais felizes mais divinos.

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saúde » fibrilhação auricular

Fibrilhação Auricular

Prevenir e controlar é fundamental

por Dr. Pedro Marques pedrovcmarques@hotmail.com

A

fibrilhação auricular (FA) trata-se de um distúrbio de ritmo cardíaco que se traduz pela aceleração dos impulsos eléctricos gerados a nível da aurícula direita, os quais se fazem de forma descontrolada. Na sua forma normal, existe uma parte do tecido cardíaco que é responsável pela criação e emissão de um impulso elétrico, o qual se propaga até ao centro do coração, daí o impulso elétrico é amplificado e distribuído pelo restante músculo cardíaco através de nervos especiais com a função de distribuir o impulso cardíaco, permitindo a contração rítmica de todo o coração. O normal é que cada im-

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pulso gerado seja conduzido a todo coração. Nos casos de Fibrilhação Auricular, e de forma simplista, existem múltiplos impulsos eléctricos gerados que ultrapassam a capacidade de resposta do coração. Assim, temos uma aurícula direita acelerada e um restante coração que

muitas vezes até contrai a uma frequência “normal”. Tudo seria benévolo se não fosse a particularidade de ao trabalhar de forma rápida e desconcertadas, a aurícula impedir muitas vezes o normal bombear de sangue, promovendo a criação de trombos de sangue, os quais podem causar enfarte (localmente) ou tromboses pulmonares ou cerebrais (à distância). Da gravidade dessas lesões podem surgir problemas de maior ou menor gravidade e mesmo serem mortais. As causas mais comuns de Fibrilhação Auricular são o próprio envelhecimento e alargamento do tamanho da aurícula direita (por hipertensão não controlada por exemplo) e as doenças das válvulas cardíacas. Das estratégias disponíveis para tratar a FA con-

tam-se medicamentos para controlar a frequência cardíaca (número de vezes que o coração contrai por minuto) ou o ritmo (com vista a controlar a passagem de impulsos eléctricos entre os nodos). Associadamente podem ser usados anticoagulantes com vista a diminuir a capacidade de coagular o sangue impedir a formação de trombos atrás descritos. Estes medicamentos podem necessitar de controlo por via de análises ao sangue de forma regular (os mais antigos) ou já não necessitar das mesmas análises (os mais recentes denominados NOAC). Todos estes fármacos têm riscos, no entanto os seus benefícios são superiores relativamente aos efeitos potenciais da Fibrilhação Auricular.


opinião » eutanásia

O que é a eutanásia

por Américo Manuel Santos americosantos1927@gmail.com

F

ala-se muito da eutanásia desde os interessados até à classe política muitas vezes sem saberem muito bem do que estão a falar. Mas o que é a eutanásia? Na origem do termo é matar alguém para evitar o seu sofrimento, mas isso não é permitido. Então, como é vista a eutanásia no mundo actual? Existe a eutanásia passiva em que um doente rejeita tratamento, depois há o suicídio assistido, onde a pessoa é ajudada a suicidar-se por médicos ou alguém da família ou amigos e existe também aquela em um doente em paragem cardíaca não quer ser ressuscitado e há a eutanásia que referi no iní-

cio (para mim esta está fora de questão). Em relação à eutanásia passiva, existiu um caso em Espanha onde uma menina pediu e foi rejeitado em tribunal, então a menina deixou de comer e invariavelmente morreu, conclusão o resultado foi o mesmo. No caso do suicídio assistido existe também uma história de um homem que se queria suicidar então foi posto num carro dentro de uma garagem fechada e só tinha de ligar a chave do carro, pouco depois foram ver se ele já estava morto e encontraram-no agarrado ao volante a chorar pois no último minuto desistiu de morrer. Há também o exemplo de um espanhol que estava tetraplégico, queria morrer e alguém lhe colocou o veneno à frente para ele caso entendesse se suicidar e ele assim o fez (e até gravou em vídeo para as pessoas que o ajudaram não serem prosseguidas judicialmente e posteriormente foi usado para inspirar um filme.

Ressuscitar pessoas em paragem cardíaca é muito comum (e existe já em Portugal o “testamento vital”, em que uma pessoa assina e recusa ser ressuscitada ou medicada). Sou a favor pois sou cardíaco e não quero viver como um vegetal se tiver uma paragem cardíaca. No caso da eutanásia passiva também sou a favor pois ninguém me pode obrigar a tomar remédios contra a minha vontade. Em relação ao suicídio assistido a situação é muito mais complexa e complicada. Não posso deixar de compreender o lado dos médicos que supostamente poderiam “assistir” um doente que se quer suicidar e compreendo que a Ordem dos Médicos esteja contra, pois o seu código deontológico os proíbe terminantemente de o fazer. Também compreendo a posição da Igreja, pois se estão contra o suicídio logo estariam sempre contra o suicídio assistido (longe vão os tempos em que quem se suicidava não tinha direito a cerimónia religiosa e em algumas zonas eram mesmo enterrados à parte). Muitas pessoas acham que o melhor é os doentes terem cuidados paliativos, mas infelizmente em Portugal os cuidados paliativos são muito deficientes, só chega a 25% dos doentes e tem até lobbies de certas empresas com interesses monetários principalmente nas zonas menos

centrais (o que é pena pois este é um dos melhores argumentos contra a eutanásia). Como sou cardíaco e até já tive um AVC, eu pessoalmente não quero passar a minha velhice como um “vegetal” e muito menos com lesões graves no cérebro que não me permitam ter uma qualidade razoável de vida. Sou a favor do suicídio assistido, mas com condições como: o médico ou outra pessoa não pode matar, na minha opinião, pode sim dar meios à pessoa para se matar caso ela o entenda e apenas ela o pode fazer (como aconteceu no caso espanhol). O doente deve ter uma avaliação psicológica para ver se está em condições de decidir com a razão e não com o coração, não ter nenhuma deficiência mental que iniba o doente de tomar uma decisão consciente, livre e ponderada, em caso de doença terminal e/ou progressiva, um doente com um sofrimento intolerável, sem decisão ou opinião de terceiros (a decisão tem de ser só e apenas do próprio doente). Para concluir digo que deve haver um referendo para os portugueses decidirem se concordam com a eutanásia seja ela de que tipo for antes de se aprovar qualquer lei no parlamento (mas a pergunta do referendo tem de ser o mais específica possível o que é muito difícil pois o termo eutanásia é muito vago, se assim não for estou contra qualquer referendo) Devo referir que uma lei que permite o aborto já existe em Portugal (será que é justo eu poder eliminar um feto e não poder eliminar a minha própria vida se eu assim o entender?) jornal

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verão » recomendações de segurança

Vamos à água? para que a sua ida a banhos decorra sem imprevistos, deixo aqui alguns conselhos da Direção-Geral de Saúde: ●● Cumprir as regras de sepor Ana Sofia Portela enf.anasofia@gmail.com Enfermeira especialista em Enfermagem Comunitária USF Aqueduto – ACES Vila do Conde/Póvoa do Varzim

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o Verão sabe bem ir à piscina, praia e rio. Mas, infelizmente, todos os anos há pessoas que morrem afogadas nestes locais, incluindo, crianças e jovens. Nestas faixas etárias, é uma das principais causas de morte, depois dos acidentes de viação. A morte por afogamento é rápida e silenciosa. Por isso,

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gurança na praia e nas piscinas, quer sejam públicas ou privadas; ●● Em piscinas privadas, colocar uma vedação à volta e um trinco de fecho automático, de forma a impedir o acesso das crianças à água; ●● Em espaços desconhecidos, inspecione o local e tape poços, tanques e depósitos de armazenamento de água com redes pesadas; ●● Vigiar as crianças sempre que se encontrem perto da água, estar atento às brincadeiras e colocar braçadeiras ou

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coletes àquelas que não sabem nadar; Nunca deixar uma criança que ainda não é autónoma sozinha durante o banho, em casa, na praia ou na piscina; Na prática de desportos aquáticos e de atividades de recreio, usar sempre o colete de salvação e outros dispositivos de segurança; Aulas de natação ajudam as crianças a saber nadar, boiar e a identificar situações perigosas. Ainda assim os adultos devem estar sempre vigilantes; Não confiar a segurança de uma criança pequena a outra criança mais velha; Frequentar praias vigiadas é muito mais seguro por terem os sinais das

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bandeiras e as instruções dos Nadadores Salvadores que são de respeitar; Não entrar de repente na água após longos períodos de exposição ao sol; Evitar nadar sozinho, não se afastando demasiado e nunca nadar contra a corrente; Se tiver uma cãibra, fora de pé, respire fundo, coloque-se de costas e bóie até que possa nadar para a margem; Ao identificar um caso de afogamento, não tente ser herói! Chame por socorro!

O cuidado com estes aspetos pode fazer a diferença entre a vida e a morte. Por isso, aproveite o Verão para ir a banhos, mas seja prudente consigo e com ou outros!


saúde oral » consequências da diabetes

A Diabetes aumenta a prevalência de doenças gengivais e constitui um fator de risco para doenças periodontais ●● Doente diabético tem três vezes maior probabilidade de sofrer periodontite(2) ●● Doenças gengivais também podem ter um efeito negativo sobre o açúcar no sangue ●● É importante tomar medidas para controlar a doença periodontal, de modo a ajudar a melhorar os seus níveis de açúcar no sangue

●● Saúde oral na diabetes passa por corrigir os desequilíbrios na boca, prevenindo os efeitos negativos do excesso de glicose salivar

por Sónia Matos soniamatos@multicom.co.pt Multicom, Comunicação

C

onsiderado um problema de Saúde Pública, a diabetes resulta muitas vezes da forma como as pessoas vivem e dos hábitos que têm. Quem sofre de diabetes enfrenta diversos riscos para a saúde, os quais afetam a qualidade de vida. Sabe-se que o risco de complicações como doença cardiovascular e neuropatia aumenta com a diabetes, pelo que é possivel que as implicações na saúde oral atribuídas à diabetes possam ser mais elevadas entre 2/3 de doentes já diagnosticados e 1/3 dos doentes que não sabem que têm diabetes. Ser diabético é uma condição que pode comprometer a saúde oral, na medida em que aumenta a prevalência de doenças gengivais e constitui um fator de risco para doenças periodontais graves. Segundo um estudo desenvolvido por Ana Rita Fradinho, médica dentista e especialista na área da saúde oral aplicada ao doente com diabetes, “os

doentes diabéticos apresentam maior prevalência de alterações orais incluindo xerostomia(3), alterações do paladar, sialose(4) e candidíase oral(5). Inclusive sabe-se que o doente diabético tem três vezes maior probabilidade de sofrer destas complicações, pelo que é essencial apostar na prevenção”. Com uma clara aposta na prevenção começam a surgir no mercado nacional soluções de higiene oral direcionadas para a população de pessoas com diabetes. São produtos que ajudam a corrigir os desequilíbrios na boca e ajudam a reforçar e apoiar a ação natural da saliva, prevenindo os efeitos negativos do excesso de glicose salivar e estimulando um microambiente que favorece a presença de uma flora oral saudável. Para Ana Rita Fradinho, “é essencial que os diabéticos tenham um cuidado acrescido no que toca à higiene oral. Se os níveis de glicose no sangue não forem bem controlados estes terão maior probabilidade de virem a desenvolver doença periodontal e de perder dentes em comparação com pessoas que não têm diabetes. Por

outro lado, é importante não esquecer que, como todas as infeções, a doença periodontal pode ser um fator que eleva o açúcar no sangue e pode tornar o controlo da diabetes mais difícil. É a pensar nessa relação de risco que temos vindo a trabalhar em soluções que forneçam uma barreira contra o impacto oral do excesso de glicose salivar, que aumente os antioxidantes e apoie o equilíbrio natural da boca. No fundo procuramos apresentar produtos que neutralizem os efeitos da acumulação de glicose salivar na boca».

A incidência da Diabetes tem vindo a aumentar de ano para ano. Dados de 2019 dão conta de que Portugal regista entre 60 mil a 70 mil novos casos de Diabetes todos os anos, a maioria do tipo II. “Tendo em consideração o número crescente de pessoas com diabetes e o facto de que as doenças periodontais também podem ter um efeito negativo sobre o açúcar no sangue, é importante tomar medidas para controlar a doença periodontal, de modo a ajudar a melhorar os seus níveis de açúcar no sangue”, acrescenta a especialista.

Notas: gengivite é uma forma leve de doença periodontal, caracterizada pela inflamação das gengivas. (2) Periodontite (ou doença periodontal) é uma doença que afeta os tecidos de suporte dos dentes, entre eles o osso e a gengiva. (3) A xerostomia, ou sensação de boca seca, está associada à diminuição na quantidade de saliva na cavidade oral. Quando surge com alguma frequência pode ter impactos negativos na saúde oral. (4) Condição associada ao aumento do volume das glândulas salivares. É uma situação assintomática que ocorre sobretudo na glândula parótida. Este crescimento pode conduzir à perda de secreção salivar, manifestando-se numa das causas de xerostomia. (5) A candidíase oral, chamada também de monilíase oral ou sapinho, é uma infeção da orofaringe provocada pelo fungo Candida albicans. Ela é responsável pelo surgimento de uma série de sinais que afetam as mais variadas regiões da boca, embora sejam muito mais recorrentes na área da língua.

jornal

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necrologia

Agência Funerária

Tilheiro

Tel: 258 971 259 Tlm: 962 903 471 www.funerariatilheiro.com Barroselas

93 anos

78 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Maria Aida Dias Batista

Agostinho Martins de Araújo

Fragoso – Barcelos

Fragoso – Barcelos

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

91 anos

80 anos

92 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Eva Aurora de Miranda Bandeira

Emília da Costa Rocha

Albertina Alves da Costa

Barroselas – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

Balugães – Barcelos

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

A Família

91 anos

88 anos

78 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Emília Alves da Silva

Maria Palmira Gonçalves do Rego

Ramiro Caridade Rodrigues

Barroselas – Viana do Castelo

Subportela – Viana do Castelo

Aguiar – Barcelos

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

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A Família

A Família

A Família

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necrologia

72 anos

92 anos

75 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Afonso da Silva Pereira Pinto

Manuel Gonçalves do Rego

Custódio Sá Paula

Carvoeiro – Viana do Castelo

Poiares – Ponte de Lima

Fragoso – Barcelos

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A Família

A Família

A Família

89 anos

39 anos

88 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

José de Miranda Neiva

Jacinta Manuela Costa Vieira

Maria Celeste da Silva de Miranda

Barroselas – Viana do Castelo

Carvoeiro – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

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A Família

A Família

A Família

Igreja da Misericórdia

Centro Cultural de Viana do Castelo

Barcelos

Praça Marques Júnior

sex 06/08 • 21h30

sáb 28/08 • 22h00

Músicas Cruzadas: do Atlântico ao Pacífico

Pedro Abrunhosa

Francesco Luciani | Concerto de Guitarra Clássica

org. Câmara Municipal de Viana do Castelo

jornal

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