O Vale do Neiva - Edição 86 junho 2021

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Movimento religioso

Crónica

Paróquia de Tregosa em festa

Caminho Português da Costa com a variante espiritual

junho 2021 edição 86 Propriedade:

A MÓ • Associação do Vale do Neiva (Cultural, Património e Ambiente) Barroselas Mensal Gratuito Versão digital

No tempo do comboio correio pág. 6

Vila de Punhe

Museu do Mel e do Caulino pág.

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índice edição 86 junho 2021

Memórias: No tempo do comboio correio

Movimento religioso: Paróquia de Tregosa em festa

Sugestão ao leitor: Sherlock Holmes

página 6

página 8

página 14

ficha técnica diretoria e administração:

Direção de “A Mó” redação:

José Miranda Manuel Pinheiro Estela Maria António Cruz

editorial O que é o plagiato?

edição:

86 – junho 2021 colaboradores:

Adão Lima (J.F. Vila de Punhe) Alcino Pereira Américo Santos Ana Sofia Portela Domingos Costa Fernando Fernandes Florbela Sampaio Francisco P. Ribeiro José Miranda Luciano Castro Manuel Gomes Pe. João Bezerra Pedro Tilheiro Sónia Matos design gráfico:

Mário Pereira paginação:

Cristiano Maciel supervisor:

Pe. Manuel de Passos contacto da redação:

por José Maria Miranda Presidente da Direção d’A Mó

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m termos simples, é um ato de publicar (textos, narrativas, obras, música, fotografia, etc.) pertencentes a outras pessoas sem o seu devido consentimento. Em resumo: assume ser da sua autoria tudo o que foi copiado integralmen-

te ou grande parte de quem se dedicou exaustivamente a um estudo sério com base numa minuciosa investigação. Neste tipo de ações, o plagiador põe em causa a revista para a qual escreve, bem como a sua Diretoria. Este exemplo é mau e faz-me lembrar o Cuco, que pela sua preguiça põe os ovos no ninho de outras aves. Se quisermos mostrar que somos intelectos à custa dos outros, é puro engano. O nosso intelecto é notado, quando esta ou aquela ação é pessoal e for desenvolvida com

trabalho e dedicação. Concordo plenamente que sejam feitas consultas na Internet, com a finalidade de elaborar um tema que vai relatar acontecimentos históricos contendo datas, números, personagens, designações, traduções etc., mas, no contexto global, deve ser da autoria de quem escreve. O Jornal o Vale do Neiva, orgulha-se por ter um leque de colaboradores responsáveis e dedicados ao seu jornal. A qualidade do nosso trabalho vai continuar a marcar a diferença.

Avenida S. Paulo da Cruz, Edifício Brasília, 3, Fração F 4905-335 Barroselas e-mail:

redacaojornalvaledoneiva@gmail.com periodicidade:

Mensal

formato:

Jornal Vale do Neiva uma referência na região do Vale do Neiva

Digital

distribuição:

Gratuita

Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo ou não estar de acordo com as linhas editoriais desta publicação.

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Apontamentos Históricos Boletim Autárquico de Durrães página 9

Espiritualidade Da paz interior à paz mundial Mitos e Lendas: O perigo ou a beleza do Mar

Consequências da reza do terço: a grandeza do “Pai Nosso”

Tabagismo: Tem a certeza que quer continuar a fumar?

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página 23

página 27

página 21

Saúde Benefícios do Tremoço página 26

o pulsar da sociedade “Isso é apedeutismo”

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

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primeira vez que ouvi pronunciar a palavra “Apedeutismo”, que se distingue como um sinónimo de ignorância, falta de instrução e acefalia, foi na conceituada telenovela brasileira “Roque Santeiro”, dos anos 80, proferida por uma das personagens mais extravagantes e sinistras, mas com prestígio, que patenteava a húbris da intelectualidade, na pequena cidade de Asa Branca, conhecido por todos os autóctones, pelo inefável professor Astromar. Quando ele se referia a essa palavra, com indignação e veemência, queria retorquir com todos aqueles que o ousavam criticar, respondendo com desdenho e sobranceria, chamando taxativamente de ignorante a essa pessoa, por o ter confrontado com uma critica. Com a utilização inequívoca

da palavra Apedeutismo, o Professor Astromar, esbracejava com os seus tiques contorcionistas, vociferando “Isso é apedeutismo”, pois julgava ter uma superioridade incontestável, sobre os restantes cidadãos, devido ao seu estatuto de graduado académico, um jubilado professor, um orador irrepreensível e por ser Presidente honorário do Centro Cívico da Asa Branca. Apesar deste posicionamento lacónico, depreciativo e potencialmente arrogante do Professor Astromar, que para todos os efeitos não deixa de ser uma personagem ficcional, na realidade este tipo de registo de reação despiciente é muito comum na sociedade, é recorrentemente usada como um eufemismo lapidar, designadamente por aqueles que se julgam ou se consideram mais inteligentes, ou por terem mais informação e conhecimento, a nível académico ou uma posição social concludente, que se destaca de forma magnânima, em detrimento de outros que por diversas razões tenham habilitações académicas inferiores ou estejam num patamar económico e social, mais baixo.

Todavia a utilização da palavra Apedeutismo pode ter perceções e entendimentos diversos, na análise objetiva à mesma, um dos aspetos salientes, é a ausência de um adestramento formativo, sobre um determinado tema ou mesmo total déficit de uma instrução básica e basilar, em que essa realidade confrangedora, pode colocar o individuo numa situação perniciosa e embaraçosa, na sua afirmação quotidiana pelos caminhos tortuosos da sociedade. Por outro lado, a palavra Apedeutismo pode ser usada de forma inexorável e prepotente, para tentar atingir determinada pessoa que se opõe ou mesmo contraria, alguma tese ou fundamento de forma eloquente e por isso quem se sente beliscado, com esse reparo, responde ostensivamente, apelidando categoricamente de ignorante ou até mesmo de imbecil, o seu detrator, para tentar levar a água ao seu moinho, menosprezando com hostilidade e pesporrência, um argumento contrário. Portanto conceptualmente a palavra apedeutismo, reveste se de uma ambiguidade latente, e pode ser usada de maneira mal intencionada e usurpadora, porque a falta de instrução e alfabetização,

não é razão para se estigmatizar ninguém, designadamente da forma mais pífia e vil, como muitos snobs, cultos e coléricos por vezes fazem nas entrelinhas ou às claras, porque numa constituição democrática, todos tem direito à liberdade de opinião e ao rebate ético, todos devem intervir na sociedade, sejam os mais instruídos, os menos instruídos ou os mais vulneráveis. Na relação com a sociedade, designadamente o nosso direito à unívoca expressão e participação cívica, é curial estar sempre cientes dos nossos limites, sobre a informação que nos é facultada, e os detalhes cognitivos providos, acerca de algum assunto, pois para pronunciarmos algo tangível, temos que ter a certeza dos factos e da sabedoria afeta ao sintagma, que está em cima da mesa, especular ou dizer dislates despropositados, nunca traz cenários de boa reputação. Contudo não acredito que ninguém seja totalmente ignorante e néscio, nem que existem super-homens, que sabem tudo e sabem fazer tudo, isso é uma grotesca mistificação, andaremos sempre inevitavelmente no limbo e no cliché, que vagueia entre o mediano, o bestial e a besta. jornal

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local » informação autárquica

Vila de Punhe

Museu do Mel e do Caulino

por Adão Lima Autarquia de Vila de Punhe

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Museu do Mel e do Caulino, sendo um dos três centros do Geoparque de Viana do Castelo, é a mais nova oferta cultural e educativa da Freguesia de Vila de Punhe e insere-se num Museuprojeto mais amplo denominado Porta do Neiva, que tem como público-alvo o do Vale do Neiva e o da região envolvente. A sua inauguração, em 18 de maio, foi concretizada pelo Presidente do Município de Viana do Castelo, Eng. José Maria Costa, pelo Presidente da Autarquia de Vila de Punhe, António Costa, e teve uma apresentação guiada pelo Vereador Ricardo Carvalhido. Localizado no edifício da Sede da Junta

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de Freguesia, a área pública ocupa cerca de 70 m2 e tem como fim a identificação, conservação e divulgação do património identitário do Vale do Neiva. Para tal está dotado de um equipamento interativo 3D, dos tradicionais expositores e acervo literário. Assim, encontram-se neste local produtos e utensílios inerentes à produção do mel e do caulino e aos locais da geodiversidade do Neiva. A denominação “Mel e Caulino” vai ao encontro dos produtos mais endógenos da região: o mel, porque é de produção ancestral nestas terras que banham o Neiva e é um produto nas mesas dos lares da região, quer para uso alimentar, quer para mezinhas; e o caulino, porque foi fonte de grande empregabilidade

para os nossos antepassados e é constituição base de vários produtos, quer os mais rudes, como telhas e tijolos, quer os mais finos, como as faianças. Este espaço está aberto à visita do público, de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 16h30, e aos sábados e domingos das 10h00 às 18h00, com encerramento entre as 13h00 e as 14h00.

A exigente candidatura, subscrita pela Junta de freguesia de Vila de Punhe e pela Câmara Municipal de Viana do Castelo que, depois de aprovada, representou um investimento de 65.000€ na criação da Porta do Neiva vem colocar a Freguesia de Vila de Punhe na vanguarda da oferta cultural, educativa e recreativa na região do Neiva.


local » informação autárquica

Autarquia em movimento

Rua de Pedrosas, Tregosa

Obras na Rua de Pedrosas Esta rua tem início na rua de Tregosa e termina na Rua Poça de Outeiros. Recordamos que, antes desta intervenção, apresentava-se muito estreita e com um piso muito irregular, o que dificultava a todos os níveis quem por lá passava. Após esta intervenção, ficou mais larga (na sua maioria ronda +/- 5 metros) e com o piso preparado para futura pavimentação. Esta intervenção incidiu sobre uma extensão de cerca de 360m. Trata-se de uma preocupação da Autarquia em criar as melhores acessibilidades, tanto a pé como com meios motorizados. Nota final: Positiva

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memórias » comboio correio

No tempo do comboio Correio

por Luciano Castro lucianomcastro56@gmail.com

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inda recordamos aquelas carruagens encarnadas, então denominadas Ambulâncias Postais, que circulavam no Comboio Correio que chegava a Durrães pelas 10:15 em direcção a Viana do Castelo, e regressava a partir das 18:00 para o Porto. Minutos antes da chegada, lá aparecia o homem da mala, transportando o saco com o correio, pousado sobre o ombro e ostentando

Aos Domingos, uma multidão de pessoas ávidas de notícias de longe, lá seguia para o posto local, cheio até à porta, aguardando a maioria no exterior que fosse feita a chamada. ao peito uma placa oval de latão, onde se via um cavaleiro com uma corneta e por baixo a palavra Correio. Aguardava no apeadeiro, e mal se escutava o comboio, lá seguia pela gare em direcção ao local onde habitualmente parava a carruagem. Uma janela larga abria-se e o saco da correspondência era trocado por outro que já estava preparado na citada ambulância. Entabulavam

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conversa rápida, e após a partida do comboio a mala recebida ia para o posto local, onde após a verificação do selo do fecho era aberta e carimbada toda a correspondência, havendo especial cuidado com as cartas registadas que tinham que ser mencionadas em livro próprio para ser assinado pelo destinatário, aquando do levantamento. Nos dias úteis, salvo alguma encomenda ou carta esperada, não havia grande procura de correspondência. Não raras vezes, ao passar no caminho pessoa da casa de que houvesse carta entretanto chegada, ou era entregue pelo encarregado do posto, ou feito o aviso para pessoa idónea a vir levantar. Porém, aos Domingos, uma multidão de pessoas ávidas de notícias de longe, lá seguia para o posto local, cheio até à porta, aguardando a maioria no exterior que fosse feita a chamada. E quando a sorte de ter recebido carta sorria, lá se viam as pessoas sair com ar de satisfação. Outros, menos felizes lá iam para casa ou até ao apeadeiro, local de concentração domingueira. Houve em Durrães 4 locais onde funcionaram postos de correio: o primeiro na casa da família Maciel, no Campo do Forno. O segundo mesmo ao lado, no estabelecimento de João Rodrigues Barbosa dos Santos, ao tempo da esposa Albina. Passou depois para o edifício onde se encontra actualmente a Casa do Povo, da responsabilidade de António Gaspar Pereira Pinto (Corrilhão), e finalmente quando este estabelecimento encerrou, passou para a

Manuel Gonçalves (Categoria) e António Passos

Casa Nova da Calçada, de Augusto de Castro. E foi a partir da entrada em funcionamento deste posto que passou a haver condutor da correspondência (assim se denominava a pessoa que levava o saco da correspondência à Ambulância Postal), pois só nessa condição o proprietário do estabelecimento aceitou ficar com o posto do correio. Aberto concurso pelos Correios, o primeiro condutor foi Manuel José Gonçalves Cruz. Fez uma proposta de 1$00 por cada transpor-

te, mas só lhe foram concedidos $70, a que correspondia 2$80 por dia. Após a sua morte, sucedeu-lhe a esposa, Rosa Bárbara Costa Faria, que com o adiantar dos anos, lá subia da sua casa na Fonte de Agra, e quando já estava a chegar ao Apeadeiro fazia uma pausa para acalmar os batimentos cardíacos. E lá continuava até ao posto do correio para receber o saco da correspondência. Mais tarde, em novo concurso, passou a mala a ser transportada por António Passos, cujo concurso ga-


memória » comboio correio

Museu ferroviário de Lousado: Carruagem correio. Fotografia de Domingos Costa

nhou por saber ler e escrever. Quem não gostou, foi o Chefe dos Correios de Barcelos, pela simpatia que tinha pela Tia Rosa. No dia em que António Passos foi assinar o documento de condutor da mala, o Chefe procurou diminuí-lo, dizendo-lhe na frente das funcionárias: Você é um bocado pequeno. Ao que o Tio Passos prontamente respondeu: Sabe senhor chefe, também Napoleão era pequeno, e deu que coçar ao mundo inteiro. Perante risota geral das funcionárias, o chefe retirou-se humilhado. E quando mensalmente ia receber os cerca de 100$00 do seu trabalho, as mesmas funcionárias brincavam com ele, pela sua rápida resposta ao superior hierárquico. E ele, pela confiança que foi adquirindo, respondia com as graças de circunstância a que a conversa conduzia. Foi o último homem da mala do correio desta freguesia. Era o tempo em que a ambulância postal seguia no comboio movido pelas máquinas a vapor. O volume de

correspondência era menor indubitavelmente, mas uma carta que saísse de manhã de Lisboa, chegava cá no mesmo dia. Tenho em meu poder uma nota interna en-

No dia em que António Passos foi assinar o documento de condutor da mala, o Chefe procurou diminuí-lo, dizendo-lhe na frente das funcionárias: Você é um bocado pequeno. Ao que o Tio Passos prontamente respondeu: Sabe senhor chefe, também Napoleão era pequeno, e deu que coçar ao mundo inteiro.

expedida dessa Estação em 10-5-50, verificou-se que a etiqueta modelo 184 vinha rasgada, tendo desaparecido a parte que devia conter o número. Pedia o favor de o mandar na volta do Correio. A Bem da Nação, Durrães, 11-5-50 O EC1”. Segue a assinatura. No dia seguinte, 12 de Maio, o chefe dos Correios de Tomar respondia o seguinte: “Ao Senhor EC1 de Durrães. Trata-se da encomenda registada sob o número 2523... Tomar, 125-1950”. E no dia seguinte,

13 de Maio, o documento estava novamente em Durrães. Ou seja, saiu na tarde do dia 11, chegou no dia 12 a Tomar e a 13 de manhã estava na origem. O documento tem o carimbo – marca do dia – aposto em cada resposta. Isto leva-nos a perguntar: E hoje? Mesmo com o serviço expresso, chegaria tão rápido? Antes de terminar, referir que inicialmente havia quatro comboios que transportavam o correio: além dos dois inicialmente mencionados: havia dois especiais, designados Ambulâncias Minho Misto, uma no último comboio que vinha do Porto, e outra no primeiro que seguia para a cidade invicta. Não pode deixar de ser referido também, que foi graças à influência de Rafael Pires Estrela, funcionário dos Correios, casado com Amélia Deillot, desta freguesia, que o posto de Durrães passou a ter registos e mais tarde encomendas postais. Depois vieram os carteiros. A correspondência passou a ser entregue nas nossas casas, assim continuando até aos nossos dias.

Publicidade

viada pelo encarregado do posto do correio de Durrães, datada de 11-5-1950, com o seguinte texto: “Ao Senhor C. dos CTT de Tomar. Tendo chegado a este Posto uma encomenda jornal

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local » movimento religioso

Paróquia de Tregosa em festa

por José Miranda jose.maria.chaves.miranda@gmail.com

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dia 20 de junho do corrente ano foi dia de grande regozijo para a Paróquia de Tregosa. O Reverendo Pároco Manuel Brito, durante a homilia, enalteceu a freguesia, bem como a sua população. Lembrou o dia da freguesia, que se deixou de comemorar devido à situação da Covid-19, mas acredita que para o ano vai ser possível a sua realização. A Secretária do Conselho Económico Paroquial Sra. Liliana Pereira agradeceu a presença do Sr. Francisco Rocha Vereador da Câmara Municipal de Barcelos; Dr. Rogério Barreto, Presidente da Assembleia de Freguesia; Sr. José Dias, Presidente da Junta de Freguesia e respetivo elenco autárquico. Finalmente, fez uma abordagem muito cuidada e precisa sobre a criação da bandeira da

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Paróquia de Santa Maria de Tregosa e sobre o lançamento da primeira pedra para a construção do futuro Centro Pastoral. As cerimónias desenrolaram-se conforme o previsto, registando um bom número de público presente. A selar todos estes acontecimentos, foi apresentado um porto de honra às autoridades e público presente. Que a nova vitalidade imprimida pelas entidades eclesiásticas nunca esmoreça.


autarquia » apontamentos históricos

Durrães na vanguarda autárquica: parte IV

Boletim Autárquico de Durrães

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

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rezado leitor, por achar que o tema do Presidente da Assembleia Sr. António Luiz Pinheiro é abrangente, preciso e elucidativo, dou continuidade ao mesmo com o título “Apontamentos Históricos” sobre “Juntas de Freguesias – Suas Origens”: “...É natural que, como consequência desta união espiritual à volta da pequena e pobre igreja-templo e do chefe espiritual – o abade - este, como representante dum poder superior religioso e temporal, passasse a ser, e com ele a paróquia que dirigia, o ponto de reunião e, talvez até, de defesa comum contra as prepotências dos mais poderosos.

E depois aproveitada esta organização baseada em interesses de ordem puramente espiritual, a antiga paróquia passou a ser também o organismo primário da organização política social. Só assim ela sobrevirá até aos nossos dias tão sólida e tão perfeita, que promete permanecer através dos séculos futuros”. “…É de admirar, sim, a pouca atenção que historiadores e políticos têm dedicado ao estudo de tão benemérita instituição, estudo que, além do interesse puramente histórico, tantos ensinamentos lhes poderia facultar, sobretudo aos segundos e sobretudo os quais, com mais conhecimento de causa, se baseariam as modernas instituições, sobretudo as de Previdência e de Assistência1”. O arquivo da junta de freguesia de Durrães possui um livro de atas com registos alusivos às juntas de 8/01/1890 até 30/06/1904. Adianta que muitas

juntas desse tempo eram presididas pelo Pároco da freguesia. Com assertiva referência, diz que em Durrães está escrito que o Pe. Silvério José da Rosa foi vogal no ano de 2/02/1893, passando a Presidente em 6/08/1897. Um pouco mais tarde, em ata de 18/03/1900, foi empossado como Presidente de Paróquia o Pe. José Esteve, onde consta o seguinte texto: “…onde compareceu o novo pároco Pe. José Esteves, na qualidade de presidente nato da junta de paróquia…”. Destaco ainda, a seguinte frase: “…o orçamento da Junta de Paróquia suportava as despesas da parte civil e da religiosa”. Na ata de 15/06/1891, faz a seguinte nota: “…resolveu a junta para satisfazer à circular de Excelentíssimo Administrador do Concelho, no qual pede se lhe remeta a deliberação sobre a percentagem a lançar para despesas

do ano de mil oitocentos e noventa e dois que fosse a de trinta e três por cento para despesas gerais e dois por cento para instrução primária. Que não podiam deixar de lançar o máximo de percentagem atendendo a que ainda não está feito o cemitério e para o qual necessitam de uma importância elevada”. “Mais se resolveu que se desse andamento à organização do lançamento da derrama…”. É salutar a existência de registos sobre o nosso passado, e particularmente o mais longínquo possível.

1 As Paróquias Rurais do Norte de Portugal – Comunicação no Congresso Histórico de Portugal Medievo-Braga – 10/11/1959

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criança » a semente do mundo

Dia da Criança

por José Miranda jose.maria.chaves.miranda@gmail.com

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m primeiro lugar, um abraço muito simpático e carinhoso para todas as meninas e meninos de todo o mundo. Mas hoje é para as crianças portuguesas que vou falar. Há crianças a viver em vilas e cidades, outras em aldeias. Perguntam, mas não são todas crianças? Claro que são, mas nem todas têm a mesma possibilidade, senão vejamos. Neste dia (01 de junho) as crianças da cidade têm um leque diversificado de atividades como: ida ao circo (ver os animais e os palhaços), jardim zoológico, visitas escolares, desporto, cinema infantil, visitar mu-

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seus, visitar o estádio da cidade, etc. No entanto, as meninas e os meninos da aldeia estão mais limitados. Mas será que as crianças da cidade são mais felizes em relação às da aldeia? Nem pensar! A felicidade não é sinónimo de grande oferta nem tão pouco por viver à grande e à francesa. A felicidade é vivermos com o pouco que temos transformando-o em alegria paz e amor.

Nas minhas brincadeiras com as crianças (como palhaço) aprendi muito, e posso afirmar que grande parte delas, raciocinava melhor que alguns adultos. Ainda pequeno, nunca soube o que era brincar num insuflável, mas tive a oportunidade de o experimentar já de grande. Senti-me o ser mais feliz do mundo e num ápice tornei-me num menino muito feliz.

Como fui feliz durante as minhas “macacadas” ter ouvido grandes gargalhadas. As crianças, como eram muito participativas, surgiu a ideia de formarmos um conjunto que tinha por nome Conjunto “Eletrónico Didi & Companhia”. Resumo a minha felicidade com esta frase: “Que neste dia libertemos todos um pouco da nossa criança interior”


homenagem » sentida mensagem

Sentida mensagem

Porque Amigo...

por Manuel Gomes Colaborador Convidado

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orque é que nos deixaste assim? Amigo Virgílio, assim tão cheios de nada; à espera que o tempo passe? e com ele passe esta nossa dor. Este frio, e este mar de lágrimas, que caiem dos nossos olhos: e esta nossa vontade muda, de querer ainda mais. Deixaste-nos assim, neste sufoco; de te ver partir com os nossos sonhos! E o nosso sorriso nas tuas mãos, levas o sorriso, o abraço e a nossa voz. Quem está aqui já não é mais nada, mas só a sombra de quem já fomos, os restos de tudo o que existiu. Agora

só te pedimos, aonde estiveres se nos vires na rua? que o nosso sorriso não te passe ao lado, e o nosso olhar não te seja indiferente, e que te lembres que já fizeste, e ainda fazes parte de uma família e ainda és e continuas a ser meu amigo. Este texto não é para te deixar triste, porque para mim és um amigo muito especial. Mas sabes que nesta vida terrena, um dia tudo isto iria acontecer, e para sempre! Não te vamos iludir com isto, porque todos nós sabemos, que não somos eternos neste mundo. Sabes perfeitamente que as vezes a ilusão é melhor que a verdade. Mas também sabes que ninguém gosta de viver um sonho e acordar de repente. Mas tu sabes que tudo isto ia acontecer. Faremos da nossa amizade, e para sempre! Uma amizade pura e verdadeira. Que não é demais para mim e nem para ti.

Biografia

Manuel Gomes

M

anuel Gomes, nascido a 04 de outubro de 1948, no lugar do Martírio, Santa Cruz do Douro, Baião, Distrito do Porto, Filho de Augusto Gomes e Maria Gloria da Conceição, Inspetor Chefe de Transportes Reformado, CP Comboios de Portugal, e Diácono da Igreja Católica. A 8 de Maio de 2010, foi lançado o meu primeiro livro de poesia com o título Silêncio dos meus

sonhos, Editora Temas Originais, continuo a ser uma pessoa simples, e meus poemas tem a mesma simplicidade de sempre, porque é a forma de me exprimir em poesia. Faço parte de cinco antologias com quatro e cinco poemas e de um livro solidário a primeira com o título aqui há poetas da Pastelaria Studios outra Sentimentos a Solta II, Edição dos Poetas da, Letras da

Porque Amigo... Porque quero estar contigo… Quando já não posso estar... Porque penso em ti, Quando não quero pensar; Porque me preocupava contigo? Porque te espero, e sei que foste embora. Porque é mais fácil esquecer do que lutar... Porque continuo a acreditar, Que um dia ades voltar para sempre; Porque marcaste a minha vida, E logo te foste embora? Porque te chamei o melhor amigo, No meio de tanta gente. Porque vinhas a correr, Cada vez que eu te chamava... Porque continuo a acreditar na nossa amizade; Porque passo as noites acordado a chorar por ti Porque vivo para ti, e que não te esqueço. Porque me agarro ao que de nós já não existe... Porque já não estás aqui para me ajudar; Porque partistes há cinco anos. Porque sem ti, o meu mundo fica mais escuro! Sabes bem que tinha medo de te perder... Sabes bem que a nossa amizade; Com o tempo está sempre a crescer; Sabes bem que serás para mim, Serás sempre o mais importante. Sabes bem que não te esqueço… De um dia para o outro; Sabes bem que hoje ainda és meu amigo: Sabes bem que o amanhã é imprevisível. Sabes bem que não tenho outro amigo... Sabes bem que nunca vou esquecer; O nosso passado e a nossa linda amizade. Autor: Santa Cruz Diácono Manuel Gomes (Direitos de Autor Reservados)

Lagoa de Óbidos, Coordenação e edição Miká Penha e o livro solidário Letras da Lagoa de Óbidos e Poemas com Alma I, II e III Edição dos Autores de Lagoa e poe-

sia com a coordenação e edição dos Poetas, também com cinco poemas. Continuarei a escrever da mesma forma, mesmo que não venha a publicar mais nenhum livro. jornal

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história » caminhos de ferro

Curiosidades disseminadas

Regulamentos dos serviços de transportes em Portugal

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

F

oi decretado a 23 de outubro de 1856, como precaução transitória, o regulamento de polícia para os caminhos de ferro de Portugal, porque houve autorização do governo através de carta de lei de 4 de agosto do mesmo ano. Contudo, o mesmo não correspondia às carências da circulação acelerada. Por isso, em consonância com o artigo 73º. do contrato de 14 de setembro de 1859, foi produzido o regulamento em 11 de abril de 1868 para a polícia e exploração dos caminhos de ferro. É conveniente assinalar que foi demorada a publicação deste regulamento, por o conteúdo do contrato exigir que seja ouvida a companhia real dos caminhos de ferro portugueses, a qual, em 22 de dezembro de 1859, tinha trespassado o contrato relativo à construção e exploração das linhas de norte e leste. Este regulamento foi apresentado à companhia através de portaria de 29 de janeiro de 1867 e foi intimado a 28 de janeiro de 1868 para cumprir a refe-

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Fotografia de Fernando Abel

rida portaria, todavia em 6 de fevereiro, afirmou não a ter recebido, e a 27 de maio seguinte contestou o regulamento. Posteriormente, ouvido o procurador geral da Coroa sobre o protesto, considerou-o injustificado. A 23 de maio de 1866 o governo rescindiu contrato de 14 de outubro de 1865, aprovado por carta de lei de 25 de janeiro de 1866 com a companhia dos caminhos de ferro do sueste, ordenando colocar de seguida em hasta pública a construção e exploração das linhas do sul, sueste e algarve em 4 de abril de 1867.

Por não haver licitantes, foi autorizada, em 24 de outubro de 1867, a companhia dos caminhos de ferro do sul e sueste que continue a exploração das linhas do Barreiro a Évora e Beja e do ramal de Setúbal. “Até abril de 1878 foram neste caminho de ferro concluídos, por conta do Estado, os lanços de Évora a Extremoz, de Beja a Casevel e de Beja a Serpa”. Abordarei de seguida a linha do Minho e Douro, baseando-me na carta de lei de 2 de julho de 1867, sobre a sua construção, sendo a mesma concre-

tizada pelo Estado e de seguida executada por decreto de 14 de junho de 1872, tendo iniciado prontamente a construção e em setembro de 1878 estavam abertas à circulação da linha do Minho, as secções do Porto a Caminha e ramal de Braga, e da linha do Douro de Ermesinde ao Juncal.

in “Revista de Obras Públicas e Minas de 1888”, pág. 77 e 78


história » caminhos de ferro

Governo convida engenheiro francês Mr. Waltier (continuação do texto da edição anterior)

A locomotiva 207, uma das tripuladas pelo Engenheiro Vasconcellos Corrêa durante o seu tirocínio

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

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epois de efetivado estudo referido no artigo anterior, foi oficialmente dado conhecimento a Sua Majestade El-Rei. A resposta foi favorável dado não ter pontos negativos, até acharam que a construção da linha Sul e Sueste era menos onerosa que a linha de Leste e Norte. A 19 de Julho de 1854 Sua Majestade El-Rei determinou ao Conselho de Obras Públicas e Minas que efetuassem uma consulta relativa a uma proposta para

construir um caminho-de-ferro entre a Aldeia-Galega e Vendas Novas. A 26 de Agosto de 1854 foi estabelecido um contrato adicional – ao contrato inicial – para se construir um troço de via entre o rio Sado e o Tejo, ou seja, entre o Barreiro e Vendas Novas, assim como um ramal para Setúbal. O referido troço de via substituirá o de Aldeia-Galega a Vendas Novas, considerando que o mesmo passará por Lavradio, Alhos Vedros, Moita e Palmela. A 14 de Novembro de 1856 foi aprovado e ordenado para que seja executado o contrato relativo à linha férrea do Barreiro a Vendas Novas com a extensão de 8.500 metros, ou seja, integra o acabamento da terceira secção de linha entre os quilómetros 33,50 e o quilómetro 42.000.

A 30 de agosto de 1858, a Direção da Companhia Nacional do Caminho de Ferro ao Sul do Tejo propôs a expropriação de parte de 10 propriedades, localizadas na freguesia de Santa Cruz do Barreiro. Quatro pertencem a Maria Tereza, e as restantes a António Marques, Balbina Maria, João dos Santos Costa, Manuel António, Agostinho Pereira e Frederico Magno Durão de Sá. A razão da expropriação destina-se a melhorar a direção à Avenida da Estação do Barreiro, como ainda, para alargar a curva e desafogar a referida estação. Desta forma, permite ainda ver com mais facilidade uma passagem de nível depois da curva próxima da estação. Também tiveram em conta a visibilidade da estação a relativa distância. Finalizo, com um pouco

de literatura inspirada de novo no caminho de ferro de João de Lemos, extraída do livro “Cem Anos dos Caminhos de Ferro na Literatura Portuguesa”: À noite, quem vê de lado Todo o monstro iluminado, Palácio semelha então; Palácio estranho, movente, Arrastando vária gente De diversa condição; E no palácio encantado, Rindo, chorando, se vai; Até que o termo é chegado… Para a máquina, dando um ai!

in Livro do Ministério das Obras Públicas, Comercio e Indústria 1854, pág. 77 a 80 in Boletim de Obras Públicas Comércio e Indústria de 1856, pág. 417 in Boletim do Ministério das Obras Públicas, Comercio e Indústria de 1853, pág. 355

jornal

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cinema » sugestão ao leitor

Sherlock Holmes

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

O

escritor britânico Arthur Conan Doyle, devia estar munido de uma etérea inspiração, quando na desinência do século XIX, teve o mérito de criar uma obra literária, que contemplava as aventuras do detetive mais famoso do século XX, conhecido por todos os entusiastas das narrativas policiais, por Sherlock Holmes, uma figura icónica e indelével, que patrocinava o júbilo e o maná dos seus seguidores, inicialmente através da leitura de revistas e livros, e posteriormente na sua transposição para as artes cénicas, que constituiu um êxito assinalável, em todos os formatos. Nesta minha apreciação inequívoca acerca das Aventuras de Sherlock Holmes e o seu fiel escudeiro o médico Dr. John Watson, tive o

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Peter Cushing em O Cão dos Baskervilles (1959)

ensejo dos acompanhar nas suas atinentes e aliciantes histórias, tanto em livros de bolso, como na televisão através de uma série britânica, e em diversos filmes de longa-metragem, tirando as minhas devidas ilações, relativamente a esta figura singular e excelsa da ficção artística, especialmente o que levou Arthur Conan Doyle, a firmar Holmes, como um homem destro e resoluto, na maneira como descortina e soluciona casos criminais complexos, bizarros e periclitantes, que a Scotland Yard vê se à nora, para os descobrir e debelar

os seus efeitos nefastos. Sem os meios forenses sofisticados, que existem atualmente, só um homem congenitamente genial e com um instinto ágil e perspicaz, consegue deduções brilhantes, mas isso só não chega, para esse sucesso intrínseco, Holmes complementa se absorvendo como mitra, todas as incidências do seu meio envolvente, desde o detalhe mais banal ao mais pertinente, para fomentar e cultivar o seu vasto reportório omnisciente, preferindo dar prevalência à solidão, optando pela constante renovação de conhecimento, evitando qualquer ligação amorosa, que o faça destoar desse registo. Inclusive usando uma entoação capciosa e perfecionista, nos casos criminais e factos mais insólitos, ao qual se intromete, percecionando os como um desafio, um compósito, uma atividade lúdica, que faz manter a sua mente estimulada e entretida. Nos filmes que recomendo, é notório e visível uma diferença de personalidade, nos vários atores que dão corpo a esta personagem

“O Cão dos Baskervilles” de Terence Fisher 1959

fascinante, numas vezes mais fleumático e cordial, noutras mais extravagante e estrepitoso, mas em ambas situações fazendo valer os seus créditos, na ajuda profícua a quem necessita avidamente dos seus serviços, desvendando com categoria, cromáticos crimes, soturnos mistérios e atrocidades cometidas por seres inomináveis. O Cão dos Baskervilles (1959): neste filme Sherlock Holmes é requisitado para investigar um crime sinistro e aterrador, sobre a síndrome de uma tétrica lenda, em que um Cão medonho ater-


cinema » sugestão ao leitor

dadas por a empregada dos Barkesvilles ao seu irmão, ficando Holmes claramente convencido que Selden terá sido confundido por Henry, na penumbra da noite. Ao reparar na mansão a ausência de um quadro, na escadaria que retrata o rosto imponente dos antepassados dos Barkesvilles, Holmes acha que a solução do imbróglio criminoso, pode estar nessa subtil ocultação, ao mesmo tempo que Henry apaixona se pela arisca e atraente Cécile, que não augura nada de bom, quando ambos dirigem se ao pântano, ao cair da noite.

Sophie Ward, Alan Cox e Nicholas Rowe em Young Sherlock Holmes (1985)

roriza a pequena terriola de Dartmoor há várias décadas, num pântano junto a umas ruínas abandonadas, durante a noite, e que por especulação dos autóctones, terá trucidado com uma ferocidade indomável, uma das pessoas mais poderosas do sítio, Sir Hugo Baskervilles. É precisamente com este relato impressionante, que o Doutor Mortimer desloca se propositadamente a Londres, à famosa residência de Baker Street, ao encontro de Sherlock Holmes, pois o descendente de Sir Hugo, Charles Baskervilles, terá sido assassinado em circunstâncias praticamente idênticas ao seu antepassado, com uma morte horrível, ficando completamente desfigurado no rosto, após ter se deslocado ao pântano, naquela noite fatídica. Atendendo a este sórdido cutelo, que desperta em Holmes, o binómio sagacidade/superstição, acaba por aceitar o repto de investigar este caso intricado e empolgante. Tendo sido nesse ínterim, apresentado a

Henry Baskervilles, o único sobrevivente da família, Holmes numa interrupção abrupta pede a Henry que se mantenha imóvel, pois uma tarântula sai em direção ao braço de Henry, saído de modo inesperado de uma bota, com Holmes num rasgo fulminante, a matar eficazmente a perigosa aranha, para alívio de Henry. Diante dessa rocambolesca cena, Sherlock Holmes apercebe se que alguém pretende matar Henry, e solicita ao seu acólito Drº Watson que acompanhe Henry de regresso à sua terra Natal, em Dartmoor, durante o fim de semana, indicando lhe por nenhum motivo, deixe Henry se aproximar do pântano durante a noite. Ao chegar ao destino, Dr. Watson faz um reconhecimento à localidade, denotando de maneira latente uma atmosfera lúgubre, própria do cariz ríspido e bisonho da população, quase perdendo a vida no pântano, não fosse a ajuda in extremis de Stapleton e sua filha Cecile, uns

“Young Sherlock Holmes” de Barry Levinson 1985

fazendeiros pobres daquela povoação. Não se fazendo rogado, Watson volta à noite ao pântano, dando de caras com Sherlock Holmes, que tinha chegado de viagem, ouvindo nesses breves instantes, um uivar tenebroso, e depois uns gritos desesperantes de um vulto, correndo de seguida desalmadamente para o local do sinistro, chegando irremediavelmente tarde ao lugar, onde um homem foi morto selvaticamente, ficando ambos siderados com o funesto panorama. Constatando que esse defunto, que foi vítima do exicial ataque trata se de um presidiário foragido da cadeia, mas que estava vestido com as roupas de Henry,

Young Sherlock Holmes (1985) é um filme que enfatiza o exato momento que o adolescente John Watson tem o ensejo de conhecer, aquele que ia ser o seu maior amigo de sempre, estamos a falar do jovem esmerado Sherlock Holmes, após ter sido transferido para uma escola em Londres. Ao chegar ao destino, Watson depara se espantado com a figura eclética de Sherlock Holmes, com uma intuição fora do comum, dissecando engenhosamente o estereotipo de indivíduos desconhecidos, que lhe aparecem à frente. Para polvilhar esta imediata admiração de Watson, Holmes, revela a Watson, a sua tendência unívoca para usar a mente como um instrumento de concentração e prática, recorrendo a enigmas, problemas de lógica e equações matemáticas. Devido a sua habilidade nata, Holmes é muito bem visto, pelos seus colegas, sendo frequentemente idolatrado, exceto por Dudley, um cabotino tipo “betinho”, que gosta de ser o centro das atenções, jornal

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cinema » sugestão ao leitor

Jude Law e Robert Downey Jr. em Sherlock Holmes (2009)

abominando Holmes, por este ser bajulado e namorar Elizabeth, que também é pretendida por Dudley. Com Dudley a planear manigâncias traiçoeiras, para dar cabo da reputação de Holmes, o ambiente começa a ficar crispado, mas devido a indizível morte do Tio de Elizabeth, que após ter sido projetado com um espinho, no pescoço, fez o entrar em pânico, com alucinações descomunais, provocando uma convulsão cardíaca fatal, incute em Holmes o seu espírito aventureiro e a sua vocação para investigar crimes inóspitos. Ficando irremediavelmente azougado com este crime, Holmes descobre que houve outras mortes, nos mesmos moldes, e que ambos os falecidos, frequentavam a mesma Universidade em 1809, podendo haver um laço entre eles, que motivou a persecução desse crime abjeto. Não convencendo o Inspetor Lestrade, sobre uma eventual conspiração criminosa, Holmes não descansa na sua incessante descoberta da verdade, sempre na companhia dos atónitos, Watson e Eliza-

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beth. Na pista de uma seita algoz apelidada de “Rame Tep”, que na antiguidade Egípcia, usava um espinho altamente venoso para o ser humano, o mesmo composto que originou as pérfidas mortes, ao chegarem a uma residência suspeita, ambos despenham se em direção a uma profunda cave, onde de maneira inaudita, dão de supetão, com um ignoto templo Egípcio, que emana um ritual litúrgico iniquo e que devido ao seu aparato, pode estar por detrás destes crimes premeditados. Sherlock Holmes (2009) é um filme que retracta um ambiente malsão e sombrio de Londres, no final do século XIX, onde paira o espectro terrível e temível de um poderoso ímpio conhecido por Lord Blackwood, um lunático com ambições desmedidas, que usa a magia e a feitiçaria, para impor a sua mantra criminosa de grande envergadura, nocauteado nos instantes derradeiros pela perseverança e acutilância física e mental de Sherlock Holmes, contando com a preciosa ajuda do indefetível braço direito Drº

“Sherlock Holmes” de Guy Ritchie 2009

John Watson. Depois de ter resolvido com um apanágio eficiente e tenaz, um caso bicudo de dificuldade máxima e de âmbito carbunculoso, Sherlock Holmes fecha se em casa de volta das suas gongóricas experiências científicas, como se um fosse um misantropo em estado de reclusão, sentindo se ansioso e obstinado, à espera de mais uma vicissitude criminosa vultuosa, que o faça despertar a sua atenção e que ponha a sua mente a germinar, como um antidoto transversal para todo o mal. O seu estado de letargia e seu mau humor, é tão evidente, que trata com desdenho e aspe-

“Mr. Holmes” de Bill Condon 2015

reza a noiva de Watson, com este a ficar aborrecido e sentido, com o comportamento deplorável de Holmes. Mas aparente gangrena confrangedora de Holmes muda de figura, quando é abordado pela insinuante e subtil ladra Irene Adler, para que este encontre e detenha um dos súbditos de Lord Black-


cinema » sugestão ao leitor

wood, chamado Reardon, após ter sido incumbida por um vulto desconhecido, com intenções suspicazes. Outro facto que faz entusiasmar e dar alento a Holmes, no seu retorno à sua cadencia predileta, é a estupenda ressurreição de Blackwood, vindo das trevas, depois de ter sido morto por enforcamento. Com o recalcitrante regresso de Blackwood, pos-

de vaticinar os últimos dias de vida de Sherlock Holmes, perspetivando com 93 anos, já bastante debilitado e caquético, vivendo numa ampla e idílica herdade em Sussex, tendo um fetiche canoro por abelhas, empenhando as suas escassas forças, na manutenção diária de uma colmeia em ótimo estado, que existe na sua fazenda. Com a idade bastante avançada,

por Américo Manuel Santos americosantos1927@gmail.com

POEMA JUNHO

Amor infinito O que isso é eu não sei Essa história já foi escrita Amor assim nunca amei Até é uma estória bonita Eu acho até que não existe Nunca nesta vida bem real um amor que assim resiste Mas não numa vida normal

Hattie Morahan e Ian McKellen em Mr. Holmes (2015)

tulado com um adrede mais devastador e trágico, a intervenção curial de Sherlock Holmes é por demais imprescindível, partindo com Watson para um desígnio sem precedentes, tendo que enfrentar os contundentes apaniguados de Blackwood, enquanto este vai assumindo o seu toxico poder, manobrando caciques e contando com os préstimos tartufos de Coward, um parlamentar infiltrado no sistema politico, com ambos a conceberem uma arma química megalómana de incomensurável alcance, para instituírem o medo, que faça o povo Inglês, claudicar às mãos de Blackwood. Mr. Holmes (2015) é um filme que se encarregue

a sua memória afetada, contrastando com a sua lucidez e sapiência intocável, não se antevê nenhuma intervenção no solucionar de algum insólito crime, são essencialmente as recordações impactantes, ao qual faz um hercúleo esforço para se lembrar com exatidão, acerca do último caso que investigou e que o marcou profundamente, e uma recente viagem ao Japão, ao qual trouxe uma excêntrica planta, apelidada de pimenta de Sichuan, que condimenta todas as suas refeições, que vai dando azo a uma conspicuidade intrigante, contida no desenrolar do filme. Enquanto Sherlock se debate arduamente com as suas reminiscências, consolida uma amizade salutar e em-

Nós temos apenas momentos Apenas um amor que é finito Apenas alguns sentimentos Nunca o amor que foi escrito

pática, com o catraio Roger filho da sua governanta viúva Srª Munro, numa diapasão inédita, que faz entronizar o miúdo como seu melhor amigo, substituindo nesse estertor o prestigiado Drº Watson. Ao mesmo tempo que a sua mãe, está a planear mudar se com Roger para Portsmouth, Sherlock nos seus promissores diálogos que tem com Roger, vai aos poucos reavendo a sua tíbia memória, relembrando a sua derradeira ocorrência acrimoniosa que se envolveu, para desenlear a atitude sorumbática e inextricável de Ann Kelmot, que nunca recuperou mentalmente do aborto conse-

cutivo dos seus dois filhos, que apesar das iniciativas de Holmes, acabou por se suicidar, deixando incrédulo o seu marido Thomas Kelmot, em simultâneo com esse episódio, Holmes vai recordando a sua estadia no Japão, em que o seu admirador que o convidou, tentou o ludibriar relativamente à sua identidade. Porém num inesperado dia, Roger é alvo de um infortúnio pungente, quando é atacado por um grupo de vespas, quando tratava das lides da colmeia, ficando em coma, para aflição de Holmes e da sua mãe, mas com a ulterior cura do rapaz, ela desiste de deixar a fazenda. jornal

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crónica » variante espiritual do caminho

Caminho Português da Costa com a variante espiritual

por Francisco P. Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

A

proposta de artigo hoje versa sobre uma das experiências de caminho feitas (pedido de uma amiga para fazer partilha). A escolha começa em Viana do Castelo, o que não foi, necessariamente, o primeiro caminho feito, mas um dos caminhos marcantes. Agora, chamo a mim toda a responsabilidade pelo aqui expresso, afinal, trata-se de experiência pessoal e não de uma regra. Assim, sugiro fazerem filtros, na leitura, caso não consiga eu fazer, na escrita. Este caminho português da costa, na minha opinião, é dos mais bonitos. E porquê? Por tudo, pela beleza natural, pelo espaço, pela oferta da envolvência e de todas as circunstâncias. E uma excelente sugestão para quem se quer iniciar. É lindíssimo e em caso de dúvida, recomendo a consulta do site oficial1 e de outras partilhas interessantes2. Este caminho permite escolhas exercitando, logo à partida, um exercício (vejo no Caminho uma semelhança muito grande com a vida diária, daí esta referência) com opções e objetivos. A primeira escolha é em Caminha, onde apanhamos um barco e seguimos para La Guarda (Espanha).

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Ponte Eiffel, Viana do Castelo. Fotografia de Vitor Oliveira

Do lado esquerdo tínhamos praia, com mar forte e cheiro a sargaço e, do lado direito, terra cultivada, húmida, verduras e montanhas, vento e muita paz. Fazemos o caminho que os portugueses faziam pela costa galega até Santiago. A segunda escolha é a oportunidade de optar, em Pontevedra (foi o que fiz pois já conhecia o outro caminho) pela variante espiritual e recomendo mesmo. Este caminho aceitei fazer com uma amiga e companheira de voluntariado. Como referido, começámos em Viana do Castelo, no albergue de peregrinos do

Convento do Carmo (recomendo), logo à saída da ponte Eiffel. Em meu abono, recordo que ao lado do convento há a leitaria do Carmo. E como era peregrinação, fiquei pelos Jesuítas (recomendação máxima). Antes da pernoita, e no passeio até ao jantar pela avenida principal, demos um salto aos Natários (Manuel ou Zé) para deliciar com as bolas de berlim. Afinal, é tudo para queimar no dia seguinte. Já no albergue deixei, o carro durante a caminhada, foi uma sugestão segura e tranquila, e seguimos no dia seguinte, pois o caminho faz-se caminhando (uma redundância que, para quem caminha, é um estímulo). Sei (mas nunca fiz) que podemos optar por iniciar o caminho em de Vila do Conde (fica para outras

núpcias), seguindo sempre por passadiços e colado ao mar (não é experiência própria) até Esposende e daí até Viana. Mas neste caminho, de Viana do Castelo e até Caminha (mais ou menos 28 km), sem conhecer o terreno, tivemos a boa estrela de encontrar um senhor que, passeando o cão, indicou o caminho dos passadiços. Que maravilha, seguro (sem carros, sem poluição e sem bolos), tranquilo, permitindo “viajar” e voar nos pensamentos. Para construir o cenário, do lado esquerdo tínhamos praia, com mar forte e cheiro a sargaço (Omegas a pairar no ar, odor a peixes fresco, a marisco, a algas, etc.) e, do lado direito, terra cultivada, húmida, verduras e montanhas, vento e muita paz. Viana é amor, segundo o ditado, e “quem gosta vem,


crónica » variante espiritual do caminho

Passeio Francisco Sampaio, Âncora. Fotografia de Olhar Viana do Castelo

quem ama fica” e eu fiquei. Mas continuando o caminho, esmagado por toda esta beleza natural (para quem vinha de Lisboa, é forte), fizemos a orla marítima e chegámos (após quase 3 horas) a Vila Praia de Âncora, pelos passadiços Francisco Sampaio. Num momento de relax, experimentamos os famosos sidónios (bolo alusivo a Sidónio Pais, recomendo mesmo), muito bom e diferente. Seguindo o caminho (depois de recuperadas as calorias), por Moledo e até Caminha, apanhámos o barco e terminámos (numa manhã, sem correrias) no albergue municipal de La Guarda (no topo da serra). Foi um primeiro dia forte de emoção,

restando os nossos pensamentos, dores e alegrias, ideias a explorar durante todo o caminho. No segundo dia, continuámos acompanhados pela beleza natural esmagadora, com mar à esquerda e montanha do lado direito (e lanterna na testa), sempre a subir, até Baiona (civilização). O segundo dia foi forte, os músculos sentem-se e fraquejam. Na baía de Baiona, e sem palavras para o gosto imenso de tirar as botas e colocar os pés em água do mar (quase que vi fumo). Esmagadoramente belo e aproveitar para beber uma clarinha (meio cerveja, meio sumo) e comer tranquilamente. Já no terceiro dia, e aproveitando para tomar o pequeno almoço

numa padaria local (nem sempre encontramos, faz parte do caminho, e nesta altura, qualquer coisa sabia a manjar de Deus) um pão quente com queijo e marmelada, delícia. Baiona é uma zona balnear lindíssima e uma tranquilidade. Partimos em direção ao mosteiro de Oia (de gestão privada que requer muito tempo, leia-se, caro) mas ficámos num albergue municipal que nos acolheu lindamente. No estado em que estávamos, tínhamos chegado ao paraíso. Ao lado do mosteiro servem umas batatas fritas e uns mexilhões divinais, acompanhados com claritas. O resultado direto de relax e sono descansado, maravilhoso. Terceiro dia, de Baiona até Pontevedra, com campo e agora sem mar, entrando numa grande cidade. Mais claritas, comida e carimbos. À saída temos, então, a variante espiritual (à esquerda) e mais subida e montanha. Mas vale todos os momentos. Entre campo e sossego, chegamos a Vilanova de Arousa (não esquecer de reservar o barco, previamente). Posteriormente, seguimos até Padrón de barco (seria um passeio muito agradável) pelas cul-

turas de mariscos, referências museológicas, enfim, uma imensidão de informação. Já em Padrón, no albergue municipal (excelente), à esquerda depois da ponte de pedra e junto à igreja velha, uma maravilha. Nesta povoação, é obrigatório visitar a igreja velha com o padrão onde, eventualmente, terá encostado o barco do apóstolo e visitar o Dom Pepe, um taberneiro simpatiquíssimo, divertido, com uma delícia de espaço a aproveitar. No último dia, mais uma vez no Dom Pepe para o pequeno almoço, fazemos mais ou menos 20 km até Santiago, e fica a pergunta que faço sempre: e agora? Regresso ou não? Pois é, aqui fica a dúvida e a partilha. A opção é regressar no ano seguinte, sempre por rotas diferentes. Este excelente caminho foi feito em junho de 2017, daí que as variantes não devem ser muitas. Fica a partilha.

Recomendações: Caminho Português da Costa (Website oficial): veja aqui 2 • Caminho Português da Costa: Guia com todas as Etapas do Caminho de Santiago pela Costa: veja aqui •

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jornal

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conhecimento » mitos e lendas

O perigo ou beleza do Mar

por Fernando Fernandes fjfernandes1975@gmail.com

“E

vós, Tágides minhas pois criado Tendes em mim um novo engenho ardente... Dai-me uma fúria grande e sonorosa, e não de agreste avena e frauta ruda...” (Excerto da invocação às Tágides, no Canto I, estrofes 4 e 5 d’Os Lusíadas)

É assim que Luís de Camões pede inspiração para escrever os feitos do povo Português; às Sereias. Estes seres mitológicos inspiraram ao longo dos séculos os mais diversos povos com fortes ligações marítimas, principalmente para personificar os perigos ou aspetos do Mar. Regra geral, são representadas por figuras femininas e que com a sua beleza, voz ou feitiços, levavam os marinheiros a afogarem-se. Na mitologia Grega, adquirem a forma de pássaro com a subtil delicadeza de uma mulher, mas é sobretudo na Idade Média que a transformação tal como a conhecemos se dá: metade mulher, metade peixe. São inúmeras as representações de Sereias nos mais diversos monumentos associados ao Cristianismo pois representavam o pecado, vaidade e luxúria. Nos dias de hoje são diversas as histórias que nos

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Estátua “A Pequena Sereia”, na cidade de Copenhaga, Dinamarca

mostram as mais variadas personalidades de tal carismático Ser. Provavelmente a mais famosa de todas dá pelo nome de Ariel e habita o imaginário da Disney fazendo a delícia de pequenos e graúdos. Baseada no conto do escritor Dinamarquês Hans Christian Andersen, relata a história de uma pequena sereia que ambiciona tornar-se humana. Porém, num âmbito mais popular, é sobejamente conhecida a lenda das Sereias de Varsóvia, na qual é retratada a viagem de duas destas irmãs desde o Oceano Atlântico até ao Mar Báltico. Uma pode ser admirada no porto de entrada da cidade de Copenhaga, sentada numa rocha. A irmã chegou à cidade de Varsóvia decidindo ficar dada a fascinação sentida pela urbe. Todavia, o seu majestoso canto levou à sua

captura por parte de um rico comerciante que resolveu mostrá-la em feiras. O seu canto transformava-se em choro todas as noites até que um humilde pescador resolveu libertá-la no seu habitat natural. Como forma de agradecimento, a sereia decidiu ajudá-lo e à cidade. Esta alegoria é perfeitamente visível no

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brasão de armas da cidade onde ela aparece com um escudo e espada em riste pronta a defrontar os perigos iminentes. Ou seja, a partir de hoje, se forem num passeio de barco, estejam atentos aos barulhos no ar, pois pode certamente não ser o vento a assobiar mas sim um belo canto de uma sereia.


vida » bem-estar

A espiritualidade: uma fonte inesgotável de energia

Da paz interior à mundial e vice versa

por Florbela Sampaio flsampaio@sapo.pt Prof. Escola Sup. Saúde IPVC

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esde tempos imemoriais que o homem luta pela sobrevivência: luta para se manter vivo, luta para procurar alimentos, luta para possuir um território, luta para melhorar as condições de vida, luta pela sua segurança e pela segurança dos que estão ao seu cuidado. Os relatos histórico-científicos de que dispomos, descrevem-nos a ascensão e queda de múltiplas e proeminentes civilizações provocadas por genocídios ou por alterações ambientais. A segunda guerra mundial traz-nos à memória, pela proximidade, essa intenção de extermínio de um povo, o povo judaico. A dimensão da crueldade ocorrida nesta guerra acabou por se constituir como um marco histórico para a humanidade: o que aconteceu entre 1939 e 1945 jamais poderia acontecer e em Abril de 1945 (finda a guerra), delegados de 50 países reuniram-se com muito optimismo e esperança para formar um corpo internacional para promover a paz e prevenir futuras guerras. Os ideais da organização foram declarados no preâmbulo da sua carta de proposta: “nós os povos das Nações Unidas estamos determinados a salvar as gerações

futuras do flagelo da guerra que por duas vezes na nossa vida trouxe incalculável sofrimento à humanidade”. Vem a ser nesta sequência que em 1948 surge e é adoptada pela organização das Nações Unidas a declaração dos direitos humanos, documento normativo concebido para a defesa da dignidade humana e a base constitutiva para a conquista de uma paz mundial. Realizando uma rápida reflexão, sobre o mundo que nos rodeia, rapidamente constatamos o sistemático atentado contra os direitos

A ausência de uma paz mundial não é uma derrota humana, mas sim, um apelo a uma educação para a paz interior que por sua vez chama à atenção as nações, e as instituições. humanos em todas as sociedades, mesmo naquelas que se regem por modelos políticos tendencialmente preservadores de valores fundamentais; mas, os ideais, intenções e esforços do pós-guerra não foram em vão. Apesar das atrocidades a que vamos assistindo, percebemos que existe uma força contra corrente de alerta e de intervenção a partir de instituições e de grupos de cidadãos organizados, cujo objectivo é o de promover a paz e tentar restituir a dignidade a povos e grupos privados dessa dignidade o que consubstancia o seguin-

te constructo: quanto mais evoluída é uma espécie mais elevado é o seu nível de organização social, de comunicação e de autonomização dos seus indivíduos, permitindo uma maior capacidade de sobrevivência, de adaptação, de reprodução e de reorganização face a situações adversas. O homem adquire a sua identidade através do seu corpo e inicia assim a sua história pessoal em convivência consigo próprio e com os outros; mas este corpo também é inteiramente espírito. Mercê deste profundo mistério o homem não está determinado como o animal pelos seus instintos, mas sim, animado por um movimento de transcendência de si que o torna aberto ao outro, à beleza, à cultura, à ciência e ao sagrado. É neste corpo emocional e espiritual que se geram tensões que colocam em risco a suprema aspiração do homem social, a paz interior. É necessário termos consciência que a maior parte do sofrimento é criado por nós próprios, muitas vezes fruto do “armazenamento” de mágoas e ressentimentos.

A paz interior exige todo um trabalho individual que passa obrigatoriamente por estratégias de reconciliação connosco mesmos e com os outros. Passa pelo diálogo, partilha e respeito pelas ideias e ideais dos outros. A ausência de uma paz mundial não é uma derrota humana, mas sim, um apelo a uma educação para a paz interior que por sua vez chama à atenção as nações, e as instituições. Não é por acaso que a paz é tradicionalmente simbolizada por uma pomba com um raminho de oliveira no bico, recordando-nos a passagem bíblica. A pomba que informa Noé que a terra está livre das águas, renasceu e está de novo próspera. É a terra que se renova. É o homem novo e livre que desce da arca para reiniciar vida fecunda. Deixo-o/a caro/a leitor/a com esta imagem de esperança de uma terra renovada, herança de gerações e gerações de homens que sempre acreditaram que “melhor é possível” e que a paz individual é o passo necessário para o bem-estar social. jornal

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religião » biografia

Extratos da vida da Irmã Maria da Conceição Pinto Rocha

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

A

prendemos que o coração é um órgão importante e central do corpo humano, pondo em circulação em todo o corpo o precioso sangue. Simultaneamente, está de forma íntima unido em jeito profundo às emoções, ou seja, partilha solidariamente os padecimentos, bem como os dilemas do semelhante. O coração ao ser constituído por substâncias musculares direcionados em todos os sentidos, funciona com fibras e células nervosas de notável riqueza, tendo como função chamar a si os abalos sensíveis do funcionamento do sistema nervoso central. Se o leitor disponibilizar paciência e pensar um pouco, deduzirá que o coração de Maria da Conceição, era constituído da mesma matéria, só que, a substância muscular, as fibras e células nervosas, foram concebidas de uma microscópica têmpera minuciosamente doseada, fornecendo-lhe substanciais/beneméritos dotes. Divulgo, como é popularmente dito, que o coração não se limita a órgão sanguíneo, também “participa na vida da alma”. Por

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isso, destaco o seguinte parecer de Descartes: “… pretende localizar a vida efetiva no coração, fazer depender dele toda a sensibilidade e deixar o cérebro apenas a vida mental”. Prezado leitor, o referido neste parágrafo são palavras vãs, todavia, para a “Serva de Deus”, corresponde na plenitude, porque, o amor do coração é o mesmo da alma e também o do cérebro. Tudo, nela, é amor. Concluindo: em Maria da Conceição, o coração defende e está com o centro dos sentimentos de apego, ternura, amizade e simpatia. Dir-se-á: Com o verdadeiro símbolo do amor. No passado também consideravam o coração como o centro da alma, a fonte da sensibilidade, o órgão das afeições, a sede das paixões. Digamos que essa obra, obriga-nos a dizer que - embora não corresponda à verdade -, em Maria da Conceição, todo o seu corpo é alma e é amor. Maria da Conceição não se importava que o cérebro fosse ou não a sede das paixões e até, também, da sensibilidade, ou ainda, como diz o Dr. Georges Surbled em “A Moral nas suas relações com a Medicina e a Higiene”: “…conservamos o hábito de chamar afeições ou inclinações do coração aos movimentos da sensibilidade, porque estes impulsos, emanados do encéfalo, têm fatalmente naquele o seu remate, nitidamente percetível”. Reconheçamos que a virtuosa Maria da Con-

ceição Pinto da Rocha, foi muito cedo chamada a ter uma ação de contemplação a Deus, e, simultaneamente, confortadora das almas. Com estas e outras inclinações missionárias, é, meritoriamente, identificada como “Serva de Deus”, e por inerência, “a ativa vigilante dos pobres”, através de um coeficiente de conforto inabalável, sempre direcionado aos necessitados. Diremos que a sua riqueza espiritual, não foi subitamente oferecida nem comprada. Foi na cidade de Viana do Castelo e Barroselas que o seu amor com

suavidade brotou, e paulatinamente com solidez e caloroso amor cresceu, sempre a solidificar e aumentar a sua peregrinação evangélica. Como habitualmente, finalizo com um pensamento da Maria da Conceição a Serva de Deus: “Se o nosso desejo de servir Deus é perfeito, que o nosso coração não procure nem deseje senão a Ele”.

in “A Moral nas suas relações com a Medicina e a Higiene”, pág. 12


religião » o pai nosso

Consequência da reza do terço: a grandeza do “Pai Nosso”

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

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rezado leitor, por achar pertinente, vou de novo escrever uma pequeníssima mensagem sobre o “Pai Nosso”. Consiste basicamente numa sucinta mensagem lida antes da concelebração da Santa Missa numa Paróquia de Évora. Porém, pretendo ainda realçar, no sentido de dissipar dúvidas, que a dimensão de toda a oração religiosa é infinita. Participei numa excursão dentro do nosso Portugal, onde, por hábito o organizador, quando todas pessoas estivessem bem acomodadas - tanto na partida como no regresso – era rezado o Terço. Após a reza, o meu ego estimulou. Por inerência, a minha mente debruçou-se perdidamente em penetrante reflexão sobre a notável oração: “Pai Nosso”, especificamente numa minúscula partícula: o dever, dessa profunda, diria, sobrenatural oração concebida por Jesus. Jesus, no Sermão da Montanha, onde está inserido o Pai Nosso, provocou um choque Espiritual na Humanidade. Fez elevar mentes revelando que Deus é bondoso, carinhoso, sensível, desinteressado protetor e sensato. Nessa altura a prece do Pai

Nosso despedaçou preconceitos religiosos e filosóficos pela sua complexidade e inigualável grandeza. O Pai Nosso faz com que Deus em vez de afastado se encontre junto de nós a fim de nos amparar. Li em algures, que o Pai Nosso “é uma oração estimulante, gera reacções em cadeia, aniquila conceitos e preconceitos, é a parábola que abrange com rigor celestial, a vital essência terrestre e divina”. Assim sendo, entre outros, estão no Pai Nosso os débitos das pessoas “perdoai as nossas dívidas, como nós perdoamos aos nossos devedores”, refere que, “julgamo-nos Deuses de uma terra que apenas somos hóspedes” colocando-nos como eternos devedores. Também li: “quando Jesus, a caminho do Calvário, com atroz sofrimento, carinhosamente apelou às mulheres para não chorarem por ele, mas sim por elas e seus descendentes”. Ele, sabia muito bem a dívida da humanidade, revelando que tinha “dívidas” com todos.

Morrendo crucificado. Creio que estamos todos de acordo, que a nossa dívida com o próximo é infindável, dia após dia, ela aumenta. Nós, (porque devemos), devemos agradecer, aos nossos filhos, pais, família em geral, amigos, colegas e desconhecidos e muito mais ao bondoso Deus. Sintetizando: Morremos sem saldar as dívidas contraídas na vida. Porque, ignoramos a tolerância, solidariedade e afectividade. O Mestre dos Mestres, foi sintético nas ideias e lúcido no argumento. O generoso Jesus pede para não sermos Hipócrates, dizendo: “é mais fácil pedir perdão ao Deus invisível do que pedir ao pecador humano em concreto”. Se a analisarmos a grandeza religiosa, psicológica, racional e até psiquiátrica do Pai Nosso, nós os ativos religiosos, pensamos e consideramos que as dívidas só são relativas a perversidades, delitos e carência doutrinal. Todavia, o significado “dever” é muito mais abrangente, ele refere-se a todas as dívidas contraídas na

simulação da vida terrena. Pensemos então o quanto nós eternos pecadores devemos. Fingindo que nada devemos: Vivemos como profissionais fingidores. Digamos que é fácil expressar ternura ao Criador, porém, é complicado e muito difícil expressá-la a pessoas cheias de defeitos. Porque, julgamos que nada devemos. Contudo, devemos, e, quem pretende ser feliz e ter tranquilidade, tem de promover a felicidade do semelhante. “Minimizando a dívida”. Confesso ter confiança ao dizer, que uma pessoa com alma saudável, é rica em agradecer. Consegue viver com intensidade e nunca perde o encanto, e, serenamente, tenta diminuir no dia-a-dia as suas dívidas. Ardentemente desejo, que os dias de todos, mesmo com essa enormíssima dívida às costas, tenham alguma dignidade de vida, mesmo, diante dos seus desertos. Como a grandiosidade do Pai Nosso é ilimitada. Um abraço fraterno. Felicidade e amor para todos.

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eterna saudade » amigos para sempre

Sentida mensagem: com o Zé António Roque (falecido) por Pe. João Bezerra Colaborador Convidado

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odos temos memórias para lembrar, para contar, para aprender, para enxugar lágrimas!... Há dias, um grande amigo meu e de muita gente, morreu. E morreu duma forma que condiz com as palavras de Jesus Cristo aos Seus discípulos: “Quanto à hora e ao momento em que morrereis, só o Pai que está nos Céus é que o sabe”. Jesus falava como Homem, o filho de Maria, revestido da nossa humanidade. Mas como também era Deus, Ele bem sabia ( e sabe…) também o nosso ‘momento’… Ele pregava, dizendo para que andássemos sempre preparados porque a morte vem como o ladrão, isto é, quando menos se pensa… Quando o Zé António Roque saiu do Porto, ao chegar a Viana sentiu-se mal, pediu à esposa para chamar o INEM, e entretanto morreu… Esta notícia foi-me de imediato transmitida pelo seu irmão

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e grande amigo, o sr. Carlos Roque! É evidente que o Zé António não contaria com esta chamada para o Reino dos Céus assim tão cedo, pois tinha ainda uma vida pela frente (tinha apenas 67 anos…). Eu, a sua Família e os seus muitos amigos, ficamos também muito chocados! É que o Zé António Roque era um homem bom! Conheci-o desde o início da sua juventude. Sempre disponível, sempre sorridente, sempre colaborante, sempre um rapaz e homem bom! A morte ensina-nos e alerta-nos para que estejamos sempre preparados, isto é, com a vida ‘direitinha’, como diz o nosso bom povo… Direitinha quer significar que devemos andar sempre com a consciência em paz e de bem com Deus e com os outros nossos irmãos e amigos. Não lucramos nada em viver alimentando mesquinhices e trafulhices, pois isso nada serve para a eternidade. Só o amor é que nos ‘safa’… O Zé António, como homem bom que era, vivia em

paz. Aquele seu característico sorriso alegrava quem com ele convivia. E eu, tal como os seus amigos que partilhavam dos nossos encontros, testemunham isto mesmo. Recordo um episódio passado numas férias no Algarve, comigo e com vários seus amigos, e que são uma prova evidente do seu espírito alegre, bem disposto e compreensivo. Ele ficou na sua tenda e eu na minha , enquanto outros foram até Monte Gordo entreter-se com aquilo que gostavam de fazer… Quando chegaram, um dos mais ‘marotos e inteligentes’ resolveu trazer consigo um cão tinhoso e atreveu-se a introduzi-lo na tenda do Zé António! Ouvi um grito enorme, levantei-me de imediato, e fui perto dele perguntar-lhe o que se passava… -Olhe ali, veja aquele cão que me entrou na tenda… Vários colegas vieram animar o Zé António, e precisamente quem trouxe o animal e lhe pregou a partida foi um amigalhaço de Barroselas que disse de imediato: ‘Logo, vamos aos

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encarregados do parque de campismo apresentar queixa, pois isto não se deve permitir…’ E foi o malandro que trouxe o cão consigo… Estas coisas aconteciam porque o grupo do qual fazia parte o Zé António, era um grupo, como ainda hoje são, todos muito amigos uns dos outros e pregavam estas partidas só para a risota… Na altura, eu reagi como devia, pois era a minha obrigação zelar pelas boas férias dos jovens que eu levava para estas andanças… Quando passava pela sua Farmácia em Melgaço (e ainda aconteceu pouco tempo antes da Pandemia), pois quando lá passava o Zé An-


eterna saudade » amigos para sempre

tónio dirigia-me, sorridente, palavras amigas e duma disponibilidade extraordinária para o que me fizesse falta resolver… é que o Zé António Roque era um amigo de verdade, um amigo sempre fiel para com todos os seus amigos e para com toda a gente… O seu sorriso encantava quem com ele falava, conversava, desabafava, etc. grande homem, este amigo que se despediu de nós tão cedo… temos todos saudades dele! E chegamos até a perguntar-nos porque morrem os bons, que só fazem o bem, e não vão os que andam a chatear os outros? Sem querermos mal a ninguém, mas são estes pensamentos que nos vêm à mente quando

vemos ‘partir’ gente criadora de bons ambientes, gente exemplar como era o Zé António Roque. Um exemplo de Família numerosa, para os tempos que correm! Deixou a sua querida esposa e os seus cinco filhos, todos bem na vida, felizmente! Cinco homens responsáveis como os pais, nos seus variados trabalhos (um médico, um farmacêutico, um piloto da aviação, dois engenheiros). Uma honra para a estimada Família Roque de Carvoeiro, cujos irmãos são de uma extraordinária disponibilidade para servir, amando! Tive o prazer de vir de Santa Maria da Feira realizar o seu casamento, tra-

Durrães e Tregosa

zido pelo seu irmão mais novo, o sr. Carlos Roque… Um dos braços direitos do falecido sr. Padre Cesário, num dos momentos difíceis da sua vida, teve sempre o anjo da guarda para o ajudar em tudo o que precisasse, o sr. Bernardino Roque… é evidente que não menciono mais irmãos do Zé António Roque, porque este textozinho é apenas para prestar uma homenagem ao falecido Zé António Roque. A Família compreende porque não faço mais referências… Estive no seu funeral em Melgaço, e também na Eucaristia de sétimo dia, em Carvoeiro. E aí, rezamos pelo Zé António, pelo seu irmão Alípio e pelos fami-

Festa anual da freguesia

liares vivos e falecidos da sua Família. Sei por fonte fidedigna que o Zé António queria estar comigo… não houve tempo, porque a hora da sua partida chegou mais cedo!... Mas agora Zé, sou eu que te peço, que estando tu em paz nas mãos de Deus, peças por nós que ainda andamos ‘neste vale de lágrimas’ e pede ao Senhor que nos ampare nesta nossa caminhada terrena… E quando aí chegar, quero dar-te o meu abraço de gratidão, pois tu sempre foste meu amigo, do meu irmão Francisco e de toda a minha Família! Que o Bom Deus te recompense pelo bem que sempre fizeste a todos!

Comunicado A Autarquia de Durrães e Tregosa pede para informar a população que este ano (2021) não haverá a tradicional festa da freguesia. A causa principal está relacionada com o surto epidemiológico, que segundo a Direção Geral de Saúde, ainda não está controlado. Queremos acreditar que, para o ano, já possamos realizar a referida festa em total liberdade. A Autarquia agradece a compreensão da população.

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saúde » benefícios do tremoço

O tremoço

por Francisco P. Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

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proxima-se o Verão e, com esta boa nova, o tempo das esplanadas. Neste cenário idílico (fora do Covid) sugere sempre bebidas frescas, acompanhadas por ligeiros aperitivos. Até aqui, tudo normal, mas as pessoas desconhecem o potencial de um desses aperitivos, o Tremoço, mais conhecido, injustamente, como o “marisco dos pobres”. Trata-se de uma vagem introduzida nas invasões árabes, denominada “al-turmus”. Esta história versa sobre o explorar dos benefícios do tremoço. Historicamente, o tremoço é um dos aperitivos mais apreciados nas esplanadas portuguesas, senão mesmo, em todos os países mediterrânicos, na altura do Verão. À semelhança de leguminosas como o grão, o feijão, a lentilha, a fava ou a ervilha, o tremoço apresenta diversas propriedades nutricionais muito interessantes para a saúde. Em bom rigor, estamos a falar de uma vagem do fruto “tremoceiro”, sendo uma leguminosa bastante rica nutricionalmente: possui três vezes mais proteínas e duas vezes mais fósforo que o leite de vaca, uma quantidade elevada de cálcio, vitaminas do complexo B e E, para além de fósforo, potássio, ácidos gordos insaturados (ómega 3 e

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6), ferro e fibras. Em regra, a composição nutricional é, em termos proporcionais: de 36 a 52% de proteína, 5 a 20% de gordura, 30 a 40% de fibra alimentar. No que diz respeito à gordura, a sua composição é, na sua grande maioria, composta por ácido oleico e linoleico (gordura presente no azeite), constituindo 86% da gordura total. Possui, ainda, três vezes mais fibra do que a aveia e o trigo e, dessa fibra, a sua grande maioria tem a capacidade de reter o colesterol LDL no intestino e facilitar a sua eliminação. O teor em amido é reduzido, o que explica o papel deste alimento no controlo do índice glicémico (teor de açúcar no sangue) e, consequentemente, na redução da incidência da obesidade. É, também, um alimento indicado para quem sofre de problemas ósseos e para quem procura reduzir o apetite. As propriedades emolientes, diuréticas e cicatrizantes favorecem a renovação das células. Na sua composição, é importante realçar que o tremoço é um alimento com reduzido valor energético (cerca de 70kcal num pires de 60g), com vitaminas e sais minerais, cálcio, potássio, manganésio, ferro e zinco. Já dá para perceber que é um alimento muito rico, a não deixar fugir à mesa (light, em tudo). O que se calhar desconhece é que a elevada presença de proteína, qualidade da fibra e o reduzido valor energético, fazem do tremoço um alimento saciante, ajudando na redução do apetite. Pode ser utilizado como substitu-

to de proteína animal, em particular nas dietas vegetarianas, sendo isento de glúten. É das principais fontes vegetais de proteína (menos irritante para o estômago, comparado com a soja). A elevada presença de fibra permite ao tremoço ter um papel ativo na regulação do colesterol e glicemia e ainda na regulação e proteção da flora intestinal, também devido à elevada presença de fitoquímicos contidos nas sementes. Os tremoços têm, em média, 1/6 das calorias, por peso, em relação a aperitivos como amendoins ou batatas fritas. O perigo, no consumo elevado do tremoço, está na elevada quantidade de sal em que estes são conservados. Para evitar esse erro, a sugestão é passar os tremoços por água corrente ou demolhar, antes do seu consumo. Por sua vez, e quando comprar embalados, como sugestão, leia os rótulos e tente comprar os que têm menor teor de sal. É uma opção alimentar com mais de três mil anos, em virtude das múltiplas aplicações. Tem sido usado como farinha na produção de bolachas, pão, biscoitos, massas, na alimentação para animais não-humanos, na indústria farmacêutica, no melhoramento dos solos (“adubo verde” evitando a utilização de adubos convencionais), etc. Para os vegetarianos, o tremoço ap r e s e nt a - s e como mais

uma leguminosa de opção de elevada categoria, tendo em conta que aumenta o leque de escolha dos fornecedores de proteína de alto valor biológico na dieta humana. Em casa podem preparar-se da seguinte forma: comprar os feijões de tremoço secos (em mercearias tradicionais, como por exemplo na Casa Chinesa situada na Baixa da cidade do Porto ou nas feiras de rua como Vila Nova de Cerveira, em Caminha ou nos mercados de Viana do Castelo) e colocá-los de molho em água de um dia para o outro. Depois fervem-se com uma nova água durante vinte minutos. Arrefecendo, colocam-se num alguidar em água limpa que deve ser mudada duas a três vezes por dia durante cinco ou mais dias. Quando já não estiverem amargos podem ser conservados durante bastante tempo (no frigorífico) em água temperada com sal regularmente renovada e, opcionalmente, adicionando-lhes alho e/ou ervas aromáticas tais como orégãos ou loureiro. Em suma, o tremoço é um alimento pouco calórico, altamente saciante e com diversos benefícios na saúde, em particular se se conseguir reduzir o teor de sal na sua elaboração. Como diria o nosso saudoso Fernando Pessa, “e esta, hein??”.


saúde » questões sobre o tabaco

Tabagismo. Tem a certeza que quer continuar a fumar?

por Ana Sofia Portela enf.anasofia@gmail.com Enfermeira especialista em Enfermagem Comunitária USF Aqueduto – ACES Vila do Conde/Póvoa do Varzim

O

s cigarros são obtidos a partir das folhas da planta do tabaco, sendo que o tabaco é constituído por mais de 4000 substâncias tóxicas. As mais importantes são a nicotina, que cria no nosso corpo a necessidade de fumar; os derivados do alcatrão, que causam vários tipos de cancro; os irritantes tóxicos, que causam doenças como bronquite e asma e o monóxido de carbono, que bloqueia o oxigénio no sangue. O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde a principal causa de morte evitável em todo o mundo. Mais de 12 000 pessoas morrem em Portugal, por ano, devido a pro-

blemas relacionados com o tabaco. Os prejuízos para a sua saúde causados pelo tabaco são inúmeros: os fumadores têm, em média, menos dez anos de vida do que os não fumadores. As doenças cardiovasculares são 2 a 4 vezes mais frequentes nos fumadores. O tabagismo é responsável por: 25 a 30% do total dos cancros; 80% dos casos de doença pulmonar crónica obstrutiva; 75 a 80% dos casos de bronquite crónica; 90% dos casos de cancro do pulmão; 20% da mortalidade por doença coronária cardíaca. O tabagismo é hoje classificado como dependência de nicotina e está incluído no grupo de transtornos mentais e de comportamentos decorrentes do uso de substâncias psicoativas segundo a classificação da Organização Mundial da Saúde. Existem escalas que nos ajudam a avaliar o grau de dependência de nicotina. Um exemplo é o Teste de Dependência de Nicotina de Fagerström que nos ajuda a avaliar o grau de dependência de nicotina em que um individuo se encontra. As

perguntas incluídas neste teste são: ●● Quanto tempo após acor-

dar fuma o seu primeiro cigarro? ●● Quantos cigarros fuma por dia? Por exemplo, fumar o primeiro cigarro nos primeiros 5 minutos após acordar e um consumo de cigarros, por dia, superior a 31 indicam-nos um grau muito elevado de dependência. Existem tratamentos farmacológicos e também no âmbito da psicologia eficazes para o tratamento da dependência da nicotina. Deixo 10 passos de aconselhamento que o poderão ajudar a deixar de fumar: 1. Marque um dia concreto para deixar de fumar (no prazo máximo de 15 dias). 2. Até chegar o dia fixado, faça alguma preparação: enumere as razões que o levam a deixar de fumar e treine pequenos períodos de abstinência. 3. Aprenda a conhecer-se enquanto fumador: identifique os momentos e o

número de cigarros que fuma e procure avaliar quais são os cigarros que fuma apenas por “tédio”. 4. Comunique a decisão às pessoas mais próximas para se sentir mais apoiado. 5. Durante alguns dias (ou mesmo semanas), pode sentir-se ansioso, inquieto e irritado. Pode também sentir dificuldades em dormir e concentrar-se. Lembre-se que são sintomas passageiros e que já muitas pessoas os ultrapassaram. 6. Tenha sempre presentes as razões que o levaram a deixar de fumar. 7. Faça uma alimentação saudável, para evitar o aumento de peso. 8. Evite locais com fumadores e afaste objetos que lhe lembrem o tabaco (p.ex. cinzeiros e isqueiros). 9. Pratique atividade física, pois ajuda a controlar a ansiedade e permite-lhe estar em boa forma. 10. Não desista: se tiver uma recaída, fixe uma nova data e recomece a tentar. Proteja-se! Cuide da sua saúde! jornal

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pub » medicamentos inovadores

Teste português para autoteste COVID-19 já está disponível em todo o país ●● A Pantest é o único laboratório português a produzir testes rápidos de antigénio COVID-19. ●● A Biojam é uma farmacêutica portuguesa de referência em inovação clínica, em várias áreas da saúde, tendo-se destacado nos últimos meses pela introdução dos mais variados testes COVID-19 no nosso país. ●● Teste 100% português chega às farmácias distinguindo-se pela venda em embalagens não manipuladas desde o fabricante até ao consumidor final.

Sobre a Pantest | www.pantest.pt Fundada em 2014, a Pantest é o primeiro laboratório português licenciado pelo INFARMED para o fabrico de Testes Rápidos por imunocromatografia. A empresa portuguesa está localizada em Oliveira de Frades onde dispõe de uma fábrica com 4.500 m2 destinada à criação e produção de meios de diagnóstico. A Pantest conta com mais de vinte tipos diferentes de testes rápidos devidamente certificados com a marcação CE. Recentemente a empresa recebeu a certificação da ANVISA como Cumpridora das Boas Práticas de Fabricação de Produtos para a Saúde e simultaneamente a aprovação dos Testes Rápidos de Coronavírus. Para além de todas as certificações possuídas, os testes rápidos de Coronavírus da Pantest estão listados na pipeline da organização internacional da FIND/OMS e integra o Commercial & Government Entity Report da NATO.

por Sónia Matos soniamatos@multicom.co.pt Multicom, Comunicação

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primeiro e único autoteste COVID-19 está disponível há menos de uma semana nas farmácias portuguesas, mas já registou uma elevada procura que levou a Pantest a intensificar a produção e a Biojam a aumentar a sua capacidade operacional para garantir a distribuição e reposição de stocks em todo o país. Numa altura em que era previsível que Portugal seguisse os passos da Alemanha e Áustria no que toca a regimes excecionais para autotestes, a Biojam e a Pantest estabeleceram uma parceria de cooperação com vista a colocarem no mercado uma solução 100% nacional. O Teste Rápido do Coronavírus Ag (N)(Fossas Nasais) de antigénio, produzido pela Pantest e distribuído pela Biojam, já pode ser adquirido nas farmácias portuguesas onde é disponibilizado com toda a informa-

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ção sobre o produto, além da vantajosa apresentação em Kits individuais, vendidos em embalagens não manipuladas desde o fabricante até ao consumidor final, com toda a informação exigida pelas autoridades de saúde, de acordo com os requisitos europeus para este tipo de produtos, bem como das boas práticas de fabrico de dispositivos médicos. Para facilitar o processo de diagnóstico, cada embalagem unitária do autoteste apresenta um QR Code que remete o consumidor para um vídeo explicativo e instruções muito claras e simples para que o teste seja facilmente utilizado por qualquer pessoa. Para segurança do consumidor as empresas responsáveis pelo teste disponibilizam um serviço de apoio prestado via WhatsApp, através do qual é possível colocar dúvidas, pedir apoio adicional e enviar fotos dos testes. Como explica Catarina Almeida, Diretora da Pantest “além da qualidade do próprio teste, uma das nossas preocupa-

ções é assegurar que o consumidor terá acesso a toda a informação, de modo a que o processo de autodiagnóstico seja realizado da forma mais correta e segura”. De venda livre, sem obrigatoriedade de receita médica, os autotestes poderão ser adquiridos por qualquer pessoa, desde que maior de 18 anos. Com um custo unitário que rondará os valores já praticados entre os grandes grossistas. Com elevados níveis de fiabilidade, acima do desempenho mínimo que é estipulado para os autotestes pelas

autoridades nacionais (sensibilidade superior ou igual a 80% e especificidade superior ou igual a 97%), o Teste Rápido do Coronavírus Ag (N) (Fossas Nasais) da Pantest apresenta valores na ordem dos 93,3% de sensibilidade e 99,2% de especificidade. Para Carlos Monteiro da Biojam “não há dúvida que os autotestes nasais produzidos pela Pantest apresentam elevados padrões de qualidade, garantindo ao consumidor uma solução de diagnóstico com níveis de precisão próximos de um teste PCR”.

Sobre a BioJam Holding Group | www.biojam.pt A Biojam é uma empresa farmacêutica de referência na Península Ibérica que aposta em medicamentos diferenciados, com uma componente de inovação muito forte. Fundada em 2015, a empresa surge com uma clara aposta na inovação nas áreas de Anestesiologia, Hematologia Oncológica Pediátrica, Farmácia Hospitalar, Enfermagem Perioperatória, Nutrição Parentérica e Medicina Física e de Reabilitação, entre outras. Na área da distribuição de soluções de diagnóstico COVID-19, a Biojam Holding Group foi umas das primeiras empresas a colocar no mercado testes serológicos e a apresentar no final do verão de 2020 os testes rápidos de antigénio Sars-Cov-2. Foi pioneira no que toca aos testes DUO e, à data, é uma das principais empresas a apresentar testes Sars-Cov-2 com método de colheita por saliva.


necrologia

Agência Funerária

Tilheiro

Tel: 258 971 259 Tlm: 962 903 471 www.funerariatilheiro.com Barroselas

73 anos

63 anos

84 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Clementina Fernanda da Silva Freitas

Manuel Agostinho Gonçalves Duro

Gertrudes Batista Martins

Balugães – Barcelos

Vila de Punhe – Viana do Castelo

Fragoso – Barcelos

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

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A Família

A Família

A Família

87 anos

62 anos

90 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Alice da Conceição da Cunha Campos

Mário Jorge da Costa Fernandes

António Ribeiro Martins

Carvoeiro – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

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A Família

A Família

A Família

jornal

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necrologia

84 anos

61 anos

72 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Marinha Oliveira Viana

José Maciel da Silva

Ana Carminda Viana Barbosa Rosa

Tregosa – Barcelos

Tregosa – Barcelos

Balugães – Barcelos

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A Família

A Família

A Família

64 anos

85 anos

52 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Aníbal da Costa Lima

António Silva Ferreira

Olinda Filomena da Silva Sá Esteves

Barroselas – Viana do Castelo

Poiares – Ponte de Lima

Barroselas – Viana do Castelo

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A Família

A Família

A Família

89 anos

54 anos

91 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Rosa Alves de Sousa Miranda

Joaquim Pereira de Sá

Elisa Martins de Sá

Vila de Punhe – Viana do Castelo

Tregosa – Barcelos

Barroselas – Viana do Castelo

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A Família

A Família

A Família

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necrologia

85 anos

71 anos

91 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Adélio de Sá Pereira

Maria de Lourdes Silva Rodrigues

Justino de Sá da Quinta

Tregosa – Barcelos

Aldreu – Barcelos

Palme – Barcelos

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A Família

A Família

A Família

67 anos

76 anos

55 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Maria de Fátima Oliveira Cruz

Deolinda Meira Torres

Mário da Costa e Sá

Palme – Barcelos

Subportela – Viana do Castelo

Palme – Barcelos

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A Família

A Família

A Família

84 anos

64 anos

76 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Davide Alves de Araújo

Marcolino Maciel de Faria

José Manso da Costa Ferreira

Ardegão – Ponte de Lima

Durrães – Barcelos

Barroselas – Viana do Castelo

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A Família

A Família

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jornal

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Jardim Público

Largo Dr. Martins Lima

Viana do Castelo

Barcelos

sáb 17/07 — dom 01/08

dom 18/07 • 18h00

41.ª Feira do Livro de Viana do Castelo

Trilitrate org. Câmara Municipal de Barcelos

org. Câmara Municipal de Viana do Castelo

Museu de Artes Decorativas e Teatro Municipal de Viana do Castelo

Museu do Traje Praça da República

qua 28/07 — sáb 31/07

exposição permanente

30º Festival de Jazz na Praça da Erva

Trajar: Memórias no Tempo

C. M. Viana do Castelo e Eventos David Martins

org. Câmara Municipal de Viana do Castelo


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