O Vale do Neiva - Edição 84 abril 2021

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Crónica

Caminho Português da Costa

Tradições

José Miranda: Recordação do dia de Páscoana minha infância

abril 2021 edição 84 Propriedade:

A MÓ • Associação do Vale do Neiva (Cultural, Património e Ambiente) Barroselas Mensal Gratuito Versão digital

Obras na Escola Primária de Vila de Punhe pág. 7

Páscoas ontem e hoje pág.

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índice edição 84 abril 2021

ficha técnica diretoria e administração:

Direção de “A Mó” redação:

José Miranda Manuel Pinheiro Estela Maria António Cruz

Regulamentos dos serviços de transporte em Portugal

Mitos e Lendas: a Padeira de Aljubarrota

Ressaca literária: o que é e como curá-la

página 09

página 11

página 12

editorial A Revolução de 25 de abril de 1974

edição:

84 – abril 2021 colaboradores:

Adão Lima (J.F. Vila de Punhe) Alcino Pereira Américo Santos Ana Sofia Portela Daniela Maciel Domingos Costa Fernando Fernandes Florbela Sampaio Francisco P. Ribeiro José Miranda Luciano Castro Pedro Tilheiro Sónia Matos design gráfico:

Mário Pereira paginação:

Cristiano Maciel supervisor:

Pe. Manuel de Passos contacto da redação:

Avenida S. Paulo da Cruz, Edifício Brasília, 3, Fração F 4905-335 Barroselas e-mail:

redacaojornalvaledoneiva@gmail.com periodicidade:

Mensal

por José Maria Miranda Presidente da Direção d’A Mó

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omemora-se este ano quarenta e sete anos de democracia. O Movimento das Forças Armadas (M.F.A) depôs o Regime ditatorial do Estado Novo vigente desde 1933. Foram quarenta e um anos de ditadura, fome, opressão e guerra colonial. Os sanatórios apinhados de pessoas mostravam ao mundo a realidade da política portuguesa. Mas tínhamos muitas barras de ouro (para fazer ver!) e não para reparar as bar-

rigas encolhidas e de pele esticada, por não terem que comer. E do trono vociferavam frases desconexas como esta: “Para que o povo seja humilde dá-se-lhe: Religião, futebol e folclore”. Mas qual das três atividades dava de comer? Nenhuma. O que queriam então dizer? Que politicamente deviam manter o povo controlado, para que não tivesse possibilidade de se revoltar (manter-se calado). Mas caso erguessem a voz contra o regime (mesmo com razão), eram presos e iam parar aos calabouços da P.I.D.E (Polícia Internacional e de Defesa do Estado). Enfim, muito havia para dizer, mas o pouco já relatado é suficiente para dar uma imagem denegrida do sistema ditatorial de então.

No início, a liberdade dada pelo 25 de abril não foi bem entendida e ainda hoje há dificuldade em entender. Vejamos os acontecimentos hediondos que todos os dias a televisão nos mostra. Alguns são tão repugnantes, que não dão para perceber a condição humana em termos da liberdade conquistada. Voltando novamente ao tema em questão: Estabilizada a conjuntura política, prosseguiram os trabalhos da Assembleia Constituinte para a nova Constituição Democrática, que entrou em vigor no dia 25 de abril de 1976, o mesmo dia das primeiras eleições legislativas da nova República. Foi instituído em Portugal um feriado nacional no dia 25 de abril, denominado como “Dia da Liberdade”.

formato:

Digital

distribuição:

Gratuita

Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo ou não estar de acordo com as linhas editoriais desta publicação.

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edição 84 • abril 2021

Jornal Vale do Neiva uma referência na região do Vale do Neiva


Informação Autárquica Passeios pedonais na Rua de Alvarães página 7

Poema “A mulher costela de Adão” Espiritualidade: A magia do silêncio

Caminho Português da Costa

Obstipação: conhecer melhor para melhor viver

página 18

página 20

página 24

página 17

Opinião A adversidade não discrimina página 22

o pulsar da sociedade A Cidadania

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

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ara nos tornarmos uns putativos bons cidadãos, temos que ter presente a massificação que lhe está associada, se calhar termos um emprego, pertencermos a uma família respeitada, sem indícios no registo criminal, dispor de um certificado académico, praticar com regularidade um culto religioso e termos amigos, deve chegar para estarmos sintonizados com a Cidadania. Esta teoria, no sentido lato e abstrato, é muito linear e superficial, devido à descrição estereotipada, pois dispõem de um cromático estatuto, supostamente enraizado na sociedade, cumprindo exiguamente os valores éticos e morais da sociedade, mas é vago na sua profundidade e densidade, visto que como cidadão, não se sabe se é racista, não sabe se tem preocupações sociais, não se sabe se é a

favor da igualdade de género e de uma maior paridade, não se sabe se é xenófobo, não se sabe se no seu trabalho, é um indivíduo competente e com brio profissional, não se sabe se o seu diploma é bastante satisfatório, ou se foi arrancado a ferros, também não se sabe se está cabalmente informado, sobre os assuntos mais prementes e pertinentes, acerca da situação económica, social e politica, do seu país. Para se ser bom cidadão, não se pode ser recorrentemente delinquente, nem flácido, nem totalmente néscio, ou vincadamente prepotente e cruel, mas também não se pode viver nas aparências, numa camuflagem confrangedora, sem rasgo, estando irremediavelmente na sombra e na penumbra, para praticarmos uma cidadania ativa, devemos ser mais incisivos, na participação cívica, tanto na vertente do conhecimento, cultural, social e vocacionados para a primazia da axiologia, como um complemento acético da sociedade. Como é natural e óbvio, a cidadania é incutida às crianças de forma paulatina, para se adaptarem aos contornos da sociedade, para conhecer as regras, os perigos, serem tolerantes, criarem laços e estarem preparados para apren-

der nos mais diversos níveis e patamares da escola, normalmente esse esquisso prosaico, é incutido pelo os encarregados de educação, mas chega a um determinado momento, que a eficácia e o alcance dessa pedagogia possa ser insuficiente e com uma aplicação diminuta, porque as crianças passam demasiado tempo nas escolas e noutras atividades adicionais, em que a sua intrínseca puerilidade, anseios, expectativas, eventuais distensões, são patenteadas no âmbito da ecologia da escola, com manifestações a surgir em catadupa, como a inefável e periclitante intervenção das redes sociais e da volúpia da tecnologia digital, a indagar uma metamorfose evolucional, que por vezes os pais não aferem. Por esse prisma, não podia estar mais de acordo com a criação da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, que nasceu no ano letivo 2018/2019, para o 2.º Ciclo e 3.º Ciclo, com o intuito e o desiderato de ser um adenda vital à Educação Intelectual e à Educação Física, porque a escola como estrutura mais decisiva e influente, na preparação para a vida ativa da criança ou do adolescente, não pode somente compadecer com a instrução, o saber

e a preparação física, tem que dotar os alunos de competências cívicas, que gerem essas valências, designadamente como a responsabilidade, autonomia, solidariedade, espírito crítico, criatividade, contemporização e essencialmente conhecer a proeminência dos direitos e os deveres dos seres humanos. Todavia o aparecimento providencial da disciplina de Cidadania, pode ter gerado alguma polémica, porque alguns acham que choca e colide com o papel dos Pais na educação dos filhos, mas na minha modesta opinião, pelo contrário, acho que tem um naipe de temas no programa, que vai desde à prossecução dos direitos humanos, à igualdade de género, interculturalidade, sexualidade, média, constituição democrática, multilateralismo, literacia financeira, ambiente, entre outros, que implica uma conceção mais heterogénea, substantiva, compactada e incisiva, sobre as pertinentes vicissitudes da comunidade escolar e os fenómenos e mutações adjacentes a uma sociedade contemporânea, que pode induzir nas gerações vindouras, a volição de serem melhores cidadãos e contribuir intencionalmente para um mundo mais justo e mais próspero. jornal

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local » durrães

Páscoas ontem e hoje

por Luciano Castro lucianomcastro56@gmail.com

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ara os cristãos, a Páscoa é a festividade que celebra a ressurreição de Jesus, sendo um dia veementemente vivido, onde o encontro de familiares e amigos é uma constante. Para muitas pessoas, e não podemos esquecer que o mundo se vai secularizando, são uns dias de passeio ou descanso. Esta festividade celebra-se e vive-se sem grandes diferenças no nosso Vale. Contudo, existem pequenas nuances que particularizam a maneira como cada paróquia celebra este dia. Na minha aldeia, ainda lembro o tempo em que o compasso visitava todas as casas num só dia. Eram menos, é certo, mas grande parte do percurso fazia-se atravessando os quintais, percorrendo carreiros, enfim, optimizando o tempo para terminar ainda com dia. Hoje são dois dias, e a maior parte do percurso é feita numa carrinha, o que, convenhamos, lhe retira muito do brilho a que estávamos habituados, embora por razões específicas se compreenda. A saída do compasso ainda é precedida da Missa. Recordo os tempos de meninice e pouco depois da juventude, como o dia em que ao entrarmos na igreja, sentíamos o perfume das

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malvas colocadas discretamente no chão dos altares laterais, e que inundava o ambiente. E ao voltarmo-nos para a capela-mor, decorada a preceito, lá estava, embutida num tocheiro e bem visível, a cruz paroquial ricamente ornamentada pelo armador. A Missa era breve, porque o tempo não permitia delongas. Já no adro aguardava-se a abertura da porta principal. Entrementes, os rapazes olhavam-se de soslaio a ver quem tinha o fato mais bonito. Outros, a

Ainda lembro o tempo em que o compasso visitava todas as casas num só dia. Eram menos, é certo, mas grande parte do percurso fazia-se atravessando os quintais, percorrendo carreiros, enfim, optimizando o tempo para terminar ainda com dia. quem a sorte não bafejara, ficavam de cabeça caída, acariciados pela mão consoladora dos familiares que se abeiravam deles. Chegava então o momento aguardado e tal como hoje, surgia o Pároco com a alva rendada como só neste dia, ladeado pelo Juiz da cruz, Mordomo da caldeira, os homens da cesta e na frente o rapaz da campainha. Presentemente difere, pelo facto de não existirem estas cestas e serem dois juízes e dois mordomos, nomeados pela ordem cronológica do casamento.

Os homens da cesta Eram dois homens convidados pelo Pároco para recolher as oferendas: os cartuchos de açúcar, embrulhados com todo o esmero que se ofereciam ao pároco, assim como um ou outro ovo cozido. Até ao ano de 1943, antes da chegada do Pe. Manuel Ferreira dos Santos, cada lar, segundo os costumes paroquiais, tinha que oferecer-lhe 1 kg de açúcar. Os foguetes subiam e estralejavam. Algumas cabeças voltavam-se para o céu e ouvia-se em surdina: ― Estoura bem. É do Carriço ou de São Paio? ― Sobe bem porque o tempo está bom e ajuda. Outros apreciadores iam sussurrando diferentes comentários. Entretanto rebentavam as salvas finais e a campainha começava a bailar nas mãos do rapaz encarregado da função. A primeira visita realizava-se por tradição à residência paroquial. Seguiam-se as casas uma a uma, porque todas eram visitadas. A visita pascal nos nossos dias é breve. Após uma pequena oração, a cruz é dada a beijar e em seguida o Pároco distribui rebuçados pelas crianças, tradição que vem do tempo do Pe. Martins Mendes. Algumas palavras de circunstância e partem para a casa seguinte. Quando a visita é feita às casas dos Juízes ou Mor-

domos, além dos foguetes anunciadores, no fim há o beberete. Hoje, contrastando com tempos idos, coloca-se na mesa uma panóplia de iguarias que na maior parte das vezes apenas se prova, por uma questão de cortesia, já que ultimamente se tem vindo a vulgarizar esta prática. Há várias décadas atrás, mandava a tradição que o Juiz pusesse na mesa uma garrafa de vinho do Porto, um queijo e um pão de ló (pão doce, como se dizia na altura). Mas na minha aldeia há uma tradição, que certamente existirá noutros locais, e que consiste na visita, após a saída do compasso de cada casa, em que as pessoas vão


local » durrães

O caminho entre o Miradouro e a igreja Esta deslocação entre o Miradouro e a igreja é uma tradição muito antiga. Já existia quando no local onde está o cruzeiro, estava implantada uma cruz da via-sacra sobre um penedo. Noutros tempos vinham pessoas de freguesias vizinhas assistir ao recolher da cruz.

O compasso no Campo do Forno, próximo do ano de 1930. Pároco: Pe. José Esteves, e à esquerda deste o brasileiro Castro, sendo Juiz João Martins Sobreiro.

A visita pascal nos nossos dias é breve. Após uma pequena oração, a cruz é dada a beijar e em seguida o Pároco distribui rebuçados pelas crianças, tradição que vem do tempo do Pe. Martins Mendes. Algumas palavras de circunstância e partem para a casa seguinte. em grupo de casa em casa dar as boas festas, cumprimentando todos os presentes. Antigamente eram só homens, mas nas últimas

décadas vai toda a gente. Desde há poucos anos vai também a Ronda do Compasso, um grupo musical de concertinas, reco-reco, tambor, etc. que acompanham o compasso. Ainda hoje se ouve contar que, das diversas pessoas que iam dar as boas festas, houve uma que enquanto pôde nunca faltou: foi o brasileiro Castro, cuja casa era a última a ser visitada. E de facto, nas raras fotos antigas desse tempo, lá aparece ele no conjunto. O recolher da cruz continua a fazer-se no largo do Miradouro. Aí se vão começando a juntar as pessoas, entoando cânticos só ouvidos neste dia, como o “Aleluia, aleluia / Já Cristo Ressusci-

tou / Aleluia, Aleluia / De chorar sua Mãe deixou...” ou “Em louvor do sacerdote...”, etc. Entretanto chega o compasso e começa a euforia: o Pároco sobe os degraus do

cruzeiro e começa a lançar rebuçados às mancheias para todos os lados. É um pilha-pilha com vozes a dizer: para este lado, agora para este. Os rebuçados são aos sacos e chega para todos. Trata-se de um momento muito divertido. Logo após, todos se dirigem para a igreja, cantando e rezando orações alusivas à efeméride. Já no interior há a oração final, a bênção do SS, o agradecimento do Pároco, e para terminar a cruz é novamente dada a beijar e cumprimentam-se o Pároco, Juízes e Mordomos. E assim termina um dia que a comunidade vive em festa, de forma fraterna e, atrevo-me a dizer, única no ano.

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jornal

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tradições » vale do neiva

Recordação do dia de Páscoa na minha infância

por José Miranda jose.maria.chaves.miranda@gmail.com

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ias antes, as mulheres do Vale do Neiva começavam a pensar na roupa e calçado para a família estrear no dia de Páscoa. Mais próximo do dia Pascal, era a altura de começar a limpar todos os compartimentos da casa. Os compartimentos na sua maioria, eram compostos por pequenos quartos, grandes salas, cozinha e a retrete no exterior quando havia. Todos (os

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compartimentos) eram assoalhados, mas o que dava mais trabalho era o da cozinha (o mais frequentado). Seria então o primeiro por começar a lavar. As mulheres molhavam o chão, passavam o sabão potassa e esfregavam com uma escova de piaçaba até sair o lixo encardido. Note-se que o sabão potassa tinha uma ação de desinfeção e demolidora do lixo, deixando o soalho à cor da madeira. Os restantes soalhos eram bem limpos e era aplicada uma camada de cera que, esticada com um pano, deixava-o a brilhar. A sala era o compartimento que mais atenção exigia, visto ser lá onde entrava o Sr. Abade e toda a comitiva do Compasso Pascal. A mesa era o centro das atenções logo, tinha que

estar coberta por uma linda toalha de linho e guarnecida com os tradicionais doces pascais (beijinhos e os doces brancos ou amarelos). Também não faltavam outros produtos como os tremoços, as azeitonas, os ovos cozidos pintados, a rosca, e o vinho do porto. O folar para o Senhor Abade também não podia ser esquecido, sendo dado em géneros, como o arroz e o açúcar em cartucho. Os verdes montrastes à entrada da porta anunciavam que o Compasso podia entrar. Já se ouvia a campainha e na sala todos com o devido respeito, aguardavam a entrada do Compasso. A casa era benzida, o Juiz dava a Cruz a beijar, o Sr. Abade conversava com os donos da casa, mas era breve,

porque a volta era grande e tinham que terminar a horas. A família e amigos reuniam-se em torno da mesa e saboreavam as iguarias. Outro ponto alto do dia de Páscoa era o folar dado pelos padrinhos aos afilhados. Também se procurava saber qual a hora de passagem do Compasso pela casa dos amigos, para juntamente com eles beijar a Cruz. Os habitantes com mais posses deitavam foguetes como sinal de passagem do Compasso naquele lugar. No final da tarde, a população reunia junto à última casa a ser visitada pelo Compasso, para se integrar na procissão Pascal que seguia em direção à Igreja Paroquial. Terminados os atos religiosos também encerrava mais uma visita Pascal.


local » informação autárquica

Vila de Punhe

Obras na Escola Primária por Adão Lima Autarquia de Vila de Punhe

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Autarquia de Vila de Punhe, usufruindo do confinamento obrigatório, uma das medidas implementadas pelo estado de emergência, que motivou o encerramento da escola primária, aproveitou a altura para, a fim de melhorar as condições de funcionamento da escola, realizar obras de manutenção e beneficiação nomeadamente: a substituição da rede de vedação existente por rede metálica, a lavagem e pintura dos muros exteriores, a pavimentação do logradouro e a substituição dos rufos da cobertura, entre outras.

Alvarães

Passeios pedonais na rua de Alvarães N

o âmbito da melhoria da acessibilidade pedonal, a Autarquia de Vila de Punhe está a proceder a trabalhos de construção de passeios na rua de Alvarães. Trata-se de uma importante obra para segurança dos cidadãos, tendo em conta que este arruamento, além de efetuar a ligação com freguesia de vizinha de Alvarães, serve também os utentes da extensão de saúde de Alvarães (Pólo da UCSP Barroselas) e os utilizadores do apeadeiro de Alvarães (linha ferroviária do Minho). jornal

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autarquia » apontamentos históricos

Durrães na vanguarda autárquica: parte II

Boletim Autárquico de Durrães Vamos deixar a crítica, pois, como diz o pensador Dalle Carnage «a crítica é como os pombos, volta sempre ao pombal»”.

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

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a sequência do artigo anterior passo a transcrever – por ser apelativa – a segunda mensagem: “Vamos Conquistar o Futuro” “Caros habitantes de Durrães Gostaria de pedir um pouco do vosso tempo para refletir nas necessidades deste pequeno presépio. Olhar os erros do passado, para que os mesmos possam ser evitados no presente e no futuro. Temos de vencer o futuro. Para tal, temos que conquistar o presente, o que só será possível, com a união entre todas as associações, entidades religiosas e civis. Com o trabalho e compreensão de todos, podemos construir um Durrães próspero.

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O Presidente da Assembleia terminou de forma notável a sua mensagem. Ainda na primeira página apresenta os elementos que constituem a junta de freguesia e a Assembleia de freguesia. Também é narrada a “Discussão do Regimento; apresentação e discussão do plano de atividades e Orçamento para o ano 1994”. Para que haja uma melhor proximidade entre junta e população, foram distribuídas tarefas aos elementos da junta de freguesia, bem como o horário de atendimento ao público. Os pontos expostos foram aprovados por unanimidade, sendo transcrito o Orçamento apresentado pela Junta. O Regulamento do Regimento a vigorar nas Assembleias de Durrães, foi aprovado e publicado no Boletim, para que todo o cidadão a viver em Durrães possa inteirar-se do Novo Regimento.

Divulgo de seguida que o “Regimento é um conjunto de normas adotadas para melhor funcionamento de uma Assembleia. O Dec. Lei nº 100/84 define já as atribuições e competências da Assembleia, podendo os seus membros acrescentar, dentro do espírito dessa Lei, normas que mais se ajustem a cada freguesia. Com esse objetivo, foi aprovado no passado dia 23 de janeiro, em sessão extraordinária, o novo Regimento da nossa Assembleia de Freguesia, que passamos a transcrever”. ●● No artigo 1º aborda a

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questão da Competência da Assembleia de Freguesia; Competência da Mesa; Competência do Presidente; Competências dos Secretários e dos Membros. No artigo 2º relata a composição da mesa. No artigo 3º explana a convocação das Assembleias. No artigo 4º descreve as deliberações da Assembleia. No artigo 5º regista as faltas. No artigo 6º narra as comissões. No artigo 7º faz menção das intervenções dos

membros da Assembleias, assim como do público. ●● No artigo 8º faz alusão a perda de mandato; a renúncia e a substituição. ●● No artigo 9º expõe a participação nas Assembleias da junta de freguesia. ●● No artigo 10º é explanado o quórum na Assembleia. ●● No artigo 11º relata as sessões ordinárias e extraordinárias. ●● No artigo 12º alude sobre o uso da palavra dos membros da Assembleia e outras Instituições; dos membros do executivo e do público. ●● No artigo 13º cita as formas de votação. ●● No artigo 14º sintetiza: a) que qualquer membro “pode pedir a palavra para invocar a infração ao Regimento, indicará o artigo infringido, com as considerações estritamente indispensáveis para o efeito. b) Tudo o não previsto neste Regimento, será decidido pela lei geral e por votação da maioria dos membros da Assembleia”. Se nada obstar, farei sucintas abordagens da importância dos temas publicados em outros boletins.


história » caminhos de ferro

Curiosidades disseminadas

Regulamentos dos serviços de transportes em Portugal ●●

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

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s ensebadores, antes da partida do comboio devem verificar se as caixas de sebo se encontram em bom estado, bem como as caixas de sebo dos vagões a integrar no comboio. Os ensebadores, além das suas funções, ainda auxiliam os condutores de serviço no comboio. Quando algum ensebador se destacar a nível de competências na sua prestação de serviço, poderá passar a usufruir à categoria de condutor. Devem confirmar se algum passageiro não transporta arma de fogo por descarregar ou que esteja em estado de embriaguez e que nenhum passageiro vá ocupar algum compartimento reservado a senhoras. A título de curiosidade apresento, de seguida, o material circulante que prestou serviço de 1 de novembro de 1856 a 31 de outubro de 1957:

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Inglesas com 18 lugares cada, correspondendo a 36 lugares; 5 carruagens mistas de 1ª e 2ª classe – cada carruagem com 8 lugares de 1ª classe, correspondendo a 40 lugares e com 20 lugares de 2ªclasse em cada carruagem que corresponde a 100 lugares; 7 carruagens de 2ª classe com 40 lugares cada, corresponde a 280 lugares; 13 carruagens de 3ª classe com 50 lugares cada, corresponde a 650 lugares; 2 carros para condução de cavalos; 2 tracks rasos para condução de carruagens; 3 carros trucks de bagagens; 4 break-wans.

Através de portaria de 25 de outubro passado, foi nomeada uma comissão a fim de analisar os diversos trabalhos atribuídos. Concluído o trabalho, foi apresentado e superiormente aprovado, bem como publicado no Diário do Governo, nº. 63. A Comissão historiou em traços largos o início até ao presente momento da construção e desenvolvimento, incluindo o sumário das principais precauções legislativas e regulamentares. O trabalho da comissão inicia na criação do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, mencionando que por decreto de 30 de agosto de 1852. Todavia, os primeiros ensinamentos do ministério

foram publicados a 5 de setembro de 1853, para a fiscalização técnica relativa à construção dos caminhos de ferro de Lisboa à fronteira de Espanha, a cargo da Companhia Central Peninsular dos Caminhos de Ferro de Portugal. Em consonância com os ensinamentos e através de carta de lei de 4 de junho e decreto de 9 de julho de 1857, foi rescindido o contrato de 11 de maio de 1853, o qual havia sido aprovado pela carta de lei de 18 de agosto do mesmo ano.

in “Compilação de Diversos Documentos relativos à Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses de 1915” parte 2, pág. 173-189

●● 11 locomotivas ●● 30 carruagens – 3 de 1ª

classe Belgas com 24 lugares cada, corresponde a 72 lugares; ●● 2 carruagens de 1ª classe

Locomotiva 003: Fabricada em 1890 pela Societé John Cockerill (Bélgica). Destinada a trabalhos de construção nas linhas e posteriormente a manobras. Esforço de tracção: 1518 kg. Pertence à série de locomotivas 001 a 004, conhecidas por “Ratinhas”. Encontra-se na Estação de Caminhos de Ferro do Entroncamento.

jornal

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história » caminhos de ferro

Governo convida engenheiro Francês Mr. Waltier (continuação do texto da edição anterior)

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

E

m continuação do artigo anterior, referencio outras alternativas apreciadas, como seguidamente apresento: Num sumário estudo, reforçou o seu pensamento sobre um caminho-de-ferro, com início no Barreiro defronte a Lisboa e com destino a Badajoz, – com a extensão de 212 quilómetros – seguindo por Vendas Novas e Évora. Sairia desta linha férrea um ramal para Setúbal e para Beja, Ourique e Algarve. Um segundo percurso sairá de Lisboa, segue o rio Tejo e passá-lo-á no Carregado, depois entra no interior do País até Badajoz por Estremoz e Elvas.

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Terceiro percurso partirá de igual forma de Lisboa, e em Santarém desvia para passar por Rio Maior, Leiria, Torres Novas, Constância, Abrantes, Arronches, perto de Cabo Maior, Portalegre em direção a Badajoz. Quarto percurso, para Madrid, tal como o anterior, deriva em de Santarém e segue por Abrantes, Portalegre, Valência, Cáceres, Placência e Toledo, este percurso a acompanha o Tejo e em vez de ir para Badajoz, terminava em Madrid. Quinto percurso a ligar França pelo Norte de Portugal, seguia o vale do Douro bem como seus afluentes de forma a alcançar Zamora e Valladolid. Esta diretriz ganha em distância de Lisboa a Paris. Relatório sobre o reconhecimento do Caminho de Ferro pela Beira. Foi ordenado pelo Governo de Sua Majestade para estudar o terreno no sentido de se construir um

caminho-de-ferro através da Beira, a fim ter comunicação direta com Lisboa. Referencio que os anteriores artigos que escrevi sobre a investigação efetuada e posterior apresentação das diversas alternativas de linhas são importantes para decidir com mais precisão o melhor percurso. Acrescentarei que muito mais podia falar sobre esse trabalho exaustivo e demorado. Todavia julgo-os suficientes. O prezado leitor fica com uma ideia sobre o trabalho realizado. Também lembro, que fui muito sucinto quanto aos estudos, ao fazê-lo, é para não o tornar fastidioso para o leitor. O Governo Português informou o engenheiro que preferia a ligação para Espanha por Badajoz. Seguindo o rio Tejo em direção a Madrid. Todavia, o Governo Espanhol preferia construir uma via férrea de Madrid para Sevilha a passar por Toledo, Trujillo ou Carceres, passando na proximidade de Mérida, dado a referida

construção pelo rio Tejo ser muito mais cara. Contudo, mais tarde, o Governo Espanhol optou por construir a linha férrea de Madrid a Cádis por Ciudad Real. Finalizo, com um pouco de literatura instalada no caminho de ferro de João de Lemos, – considerado o poeta com sublevada inspiração sobre “via férrea” –, extraída do livro “Cem Anos dos Caminhos de Ferro na Literatura Portuguesa: Que vem além, no horizonte? Que rebentou desse monte Em carreira tão veloz? Parece enorme serpente, Sibilante monstro ingente, Raivoso, direito a nós! Oh pavor estranho e sumo? Oh fantástica visão! Da cabeça sai o fumo Da cabeça sai o fumo Da boca, aceso carvão!...

in “Compilação de Diversos Documentos relativos à Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses de 1915”, pág. 119-121, 134-136


conhecimento » mitos e lendas

A Padeira

Aljubarrota, 14 de agosto de 1385

por Fernando Fernandes fjfernandes1975@gmail.com

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uma das raras grandes batalhas da Idade Média entre dois exércitos régios, ou seja, com os mesmos comandados pelos Reis em pessoa, uma lendária figura emergiu acima de qualquer outra presente na derrota dos Castelhanos: Brites de Almeida. Para muitos de nós, este nome nada diz, mas se ficar transformado em “Padeira de Aljubarrota”, certamente que não existe Português que não a conheça.

Naquele tórrido dia de verão, Portugal mediu forças conta o reino de Castela que pretendia subjugar o reino dos Lusos. Fazendo uso de uma vasta força, quer em termos de poderio, quer em termos de contingente numerário, a derrota avassaladora infligida aos Castelhanos terminou com um dos dilemas mais marcantes da história Portuguesa. Finalmente livre desta ao que parecia interminável disputa pelo poder, a Dinastia de Avis tratou de dar azo a uma das mais brilhantes fases de sempre da epopeia Lusa; os Descobrimentos. Mas voltando a Aljubarrota, e mais concretamente a Brites de Almeida, reza a lenda que nasceu em Faro, oriunda de uma família humilde. Diz-se que desde tenra idade se revelou muito corpulenta, feia

com o nariz curvado, todos os ingredientes necessários para ser uma mulher, digamos, desordeira. Contudo, a principal característica seriam os 6 dedos em cada mão. Sendo a sua vida atribulada com relatos do assassinato de um pretendente às suas mãos, seguida por uma fuga para Espanha a bordo de um barco assaltado por piratas do Norte de África que a venderam a um senhor de Guerra da Mauritânia. Porém, quis o destino que se fixasse em Aljubarrota onde decidiu seguir uma vida honesta ao comando da sua padaria e ao lado do seu marido, um lavrador da zona. Estaria nos seus afazeres quando se deu a batalha entre Portugueses e Castelhanos e sabendo de escaramuças que ocorriam nas redondezas, e, apesar da ten-

tativa de honestidade dada à sua vida, o instinto falou mais forte. Mas foi apenas no regresso a casa que a lenda como a conhecemos hoje terá ocorrido. Cerca de sete castelhanos conseguiram fugir do campo de batalha e procuraram refúgio. Mas por mero azar, encontraram-no dentro da casa de Brites que ao abrir o forno deparou com os sete fazendo de conta que dormiam. Enfurecida, gritou para que saíssem, mas à falta de resposta resolveu dar-lhes com a sua pá, matando-os. Mesmo sabendo que se trata de uma lenda, a nossa narrativa histórica faz a inegável questão de destacar esta humilde padeira como uma heroína Nacional. Até no brasão da freguesia de Prazeres de Aljubarrota, é possível ver a pá de Brites aglomerada ao escudo.

Representação em azulejo da Padeira de Aljubarrota a matar os castelhanos que se escondiam no seu forno.

jornal

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crónica » literatura

Ressaca literária: o que é e como curá-la ●● Por vezes acontece quan-

por Daniela Maciel dani18maciel@hotmail.com

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23 de abril comemora-se o Dia Mundial do Livro, data que foi instituída pela UNESCO em 1995. Este dia tem como objetivo reconhecer a importância dos livros, incentivar hábitos de leitura na população, bem como homenagear todos aqueles que, através da escrita, ofereceram contributos para o progresso social e cultural da Humanidade. Quando se fala de livros, surge um conceito que é conhecido e geralmente temido pelos leitores: a ressaca literária. Afinal, o que é uma ressaca literária? A ressaca literária consiste numa incapacidade de ler. O leitor simplesmente não consegue ler. Não sente ânimo ou coragem de entrar num novo universo literário, dado que ainda está profundamente imerso no anterior. Este é um daqueles casos em que se aplica muito bem a frase “o problema não és tu, sou eu”. O problema não está no livro, mas sim no leitor. O que provoca uma ressaca literária? A ressaca pode acontecer por razões muito diversas.

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do se leem tantos livros seguidos, a uma velocidade estonteante, que, de repente, a vontade de ler desapareceu. ●● Acontece também quando se termina um livro simplesmente incrível, que arrebatou o leitor, pelo que este continua a viver dentro daquela história. Quando tenta iniciar um novo livro, não é capaz de se concentrar nesse novo universo. ●● Ou, pelo contrário, pode acontecer depois de um encontro com um livro tão mau que, durante uns tempos, o leitor perde a fé na literatura e a vontade de ler evapora-se. ●● Pode ainda acontecer quando se está numa fase da vida de muito cansaço e desgaste emocional, em que a leitura não se mostra atrativa. O que fazer para curar uma ressaca literária? Antes de mais, é importante salientar que todos os leitores são diferentes e vivem os livros à sua maneira. Desta forma, não há curas milagrosas para enfrentar a ressaca literária. O que funciona com um leitor poderá não funcionar com outro. Assim, é importante que cada leitor faça várias tentativas para perceber não só o que originou a sua ressaca, como também as dicas que funcionam melhor com o seu caso específico. De seguida, apresento algumas dicas que o poderão ajudar a enfrentar a ressaca literária:

●● Parar. Às vezes preci-

samos simplesmente de fazer uma pausa. A verdade é que não temos de estar sempre a ler, isto é apenas uma fase e irá passar. ●● Não forçar a leitura. Dê descanso ao seu cérebro e aproveite para ver um filme, uma série ou fazer uma atividade desportiva. Forçar-se a ler só vai piorar o seu sentimento de incapacidade. Lembre-se que a leitura deverá ser uma ativida-

de prazerosa e não uma obrigação. ●● Ler o seu livro preferido. Uma vez que já conhece a história, sabe que vai encontrar ali um livro bom e não precisará de toda a sua capacidade mental. Pode entregar-se a essa história sem sentir que as suas expectativas poderão sair defraudadas. ●● Ler contos. Se ainda não se sente preparado para encarar um novo livro, experimente ler contos. São geralmente curtos


crónica » literatura

exemplo: ler 10 páginas por dia, ler 20 minutos por dia ou ler 1 capítulo enquanto toma o pequeno-almoço. ●● Visite a livraria ou a biblioteca. Pode parecer muito simples, mas visitar um local repleto de livros vai transmitir-lhe boas energias e deixá-lo com vontade de ler. As bibliotecas (e mesmo algumas livrarias) costumam ter espaços agradáveis onde se pode sentar, folhear o livro e até passar algum tempo a ler. ●● Junte-se a um clube de leitura. Conversar acerca de livros com outras pessoas que partilham do seu entusiasmo vai certamente ajudá-lo a manter-se motivado para a leitura. Pode também procurar nas redes sociais perfis dedicados a livros ou ver vídeos no youtube que o incentivem a ler. e requerem um menor nível de compromisso. Além disso, são ótimos para conhecer novos autores e existe uma grande variedade de antologias que pode explorar. ●● Ler o seu género literário predileto. Leia algo de que goste e não saia da sua zona de confor-

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to neste momento. Para recuperar a vontade de ler, tem de ler livros que acredita que o poderão cativar. ●● Ler o seu autor favorito. Há autores que são especiais e que conseguem cativar-nos quando nenhum outro é capaz. Por vezes, ajuda imenso vol-

tar ao seu escritor preferido ou àquele cujas histórias lhe oferecem um certo aconchego. ●● Defina objetivos. Se, além da ressaca, também sente que o tempo condiciona a sua vontade de ler, estabeleça pequenas metas para cumprir todos os dias, como por

Em conclusão, a ressaca literária faz parte da vida de qualquer leitor e não tem de se sentir mal por estar num desses momentos. Procure conhecer o seu perfil de leitor e experimente todas as estratégias, de forma a perceber quais se aplicam melhor ao seu caso.

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jornal

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cinema » sugestão ao leitor

A sensualidade da mulher no cinema

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

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ara dar ênfase ao intróito desta crónica, cinjo-me a esta perentória e transcendental frase do poeta Paulo Master “No corpo da mulher contém beleza e sensualidade de uma escultura feita com todo cuidado pelas mãos de Deus, visando o mais belo presente à humanidade.”, que simboliza o encanto e fascinação do homem, perante tamanha inequívoca constatação, produzindo as mais manifestas sensações, devaneios, emoções e iniciativas eloquentes, tanto na vida real, como na ficção cinematográfica. As histórias de cinema que traduzem a semântica associado ao teor da frase de Paulo Master, não se compadecem somente com uma cromática relação amorosa, uma atração natural, nem com a vaidade flausina da mulher, ou a emancipação sexual de uma jovem, é sobretudo a consagração do endeusamento da figura da mulher, que se pontifica em virtude da sua imponente imagem, irradiando uma colossal e monumental beleza. É à volta deste tipo de registo venusto, associado ao apanágio da mulher, que dá azo a enredos interessantes e entretidos, ao qual o cenário do filme, transmite

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Marilyn Monroe e Tom Ewell em O Pecado Mora ao Lado (1955)

minuciosamente o auge da sua formosura, realçando o seu rosto bem parecido e deslumbrante, coadjuvado pelo seu sorriso radiante e a conspicuidade do olhar, destacando as suas formas roliças entrelaçadas no seu estético corpo, adicionando a essa envergadura física, a sua elegância sublime, e com esse desígnio esbelto, estilhaça sem querer dogmas, tolhe a razão e o discernimento do homem, desde o mais idoso ao mais neófito, provocando o delírio, o desejo carnal intenso, a paixão histriónica, ao qual ficam automaticamente rendidos, diante daquela sumidade sensual. Apesar dos filmes que recomendo, aparatarem um aforismo tipo comédia romântica, é notório algum dramatismo oblíquo, pois não obstante a mulher ser

bajulada e idolatrada, supostamente usufruindo de uma potestade que lhe permite, de facto ter algumas vantagens, a verdade é que nunca consegue ter um relacionamento amoroso sólido, nem ser propriamente feliz, porque a dicotomia entre o seu orgulho e os estímulos exógenos, fazem titubear numa espécie de um paradoxo sentimental, que resvala na incerteza, e divaga entre o certo e o errado. O Pecado Mora ao Lado (1955) é um filme Estadunidense, de género comédia romântica, em que estava muita em voga, o vezo mistificador, sobre o homem que ficava momentaneamente sozinho, durante uma temporada, sem a companhia da sua mulher, podia prevaricar e ser infiel, de preferência com uma mulher

“O Pecado Mora ao Lado” de Billy Wilder 1955

de sonho, somaticamente bem munida, aliás um ethos que estava muito enraizado, convencional aos grupos de homens do século XX. Nesta narrativa, isso precisamente acontece, com Richard Sherman um cidadão de Manhattan, que assoberbado de trabalho, não pode acompanhar o seu filho e a sua esposa, nas férias de verão,


cinema » sugestão ao leitor

Kelly LeBrock em A Mulher de Vermelho (1984)

instalando se como se fosse um solipso no seu remediado apartamento, recordando nos seus ténues momentos de solidão, os potenciais casos amorosos que surgiram em pleno casamento, e que quase se consumaram numa traição conjugal. Essa levitada meditação, até parecia uma premonição, para o que vinha a suceder nesses instantes consequentes, quando uma bela e atraente louraça, toca a campainha para lhe abrir a porta do prédio, o homem fica estupefacto e vidrado com semelhante ser feérico, que nada mais nada menos, é interpretado pela diva Marilyn Monroe, a incontornável símbolo sexual do século XX. Com uma aparência de alto gabarito, aquela vizinha é o pecado a rondar a mente de Richard Sherman que congenitamente está desejoso de uma aventura, ainda por cima com a personagem entronizada por Marilyn Monroe, a incitar o cotejo, deixando cair

no seu andar, para o rés de chão de Sherman, um vaso de plantas, fazendo aquela encenação, com aquela vozinha peculiar de ausência premente de carência e afeto, que é o timbre natural da atriz Marilyn Monroe. Diante do esplêndido aspeto da sua vizinha, Sherman não se faz rogado, convidando a para um drink, começando a encontrarem se com mais frequência, fazendo companhia um ao outro, com Sherman rodeado por aquela tentação, a sentir se gradualmente encalacrado, numa cônscia encruzilhada, por um lado a tentar ocasionar lances confusos, com o intuito de beijar a jovem e por outro lado surge a miude os remorsos, sobre o espectro da traição, enquanto para a jovem modelo, aquela relação, não passa de uma canora amizade, imbuída num maná circunstancial e efémero. Contudo a paranoia de Sherman, aumenta de intensidade, quando des-

“A Mulher de Vermelho” de Gene Wilder 1984

cobre que a sua mulher e o seu filho, nas suas férias tem por perto um antigo namorado da sua esposa. A Mulher de Vermelho (1984) é um filme estadunidense de cliché comédia romântica, que representa na perfeição o enleio dicotómico, que se consubstancia entre duas personagens influentes para o sucesso da narrativa, de um lado elenca se o estereotipo do homem casado mulherengo, o cabotino e janota Theodore Pierce, e do outro lado surge

a morena guapa Charlotte, que se destinge pelo o seu modo hirto, complementado pelo charme primoroso, quando Theodore se cruza ocasionalmente com Charlotte, vai despoletar nele uma insólita paixão e um tropismo incomensurável, como tivesse sido atingido por um espasmo fulminante, e desde esse preciso momento, ninguém o para, até que alcance o desiderato, de levar para a cama, aquela beldade de mulher. Esse enlevo inusitado de Theodore giza se através do quotidiano, designadamente no parque do estacionamento do seu trabalho, onde nesse ínterim repara que a desconhecida Charlotte resolve dançar de maneira gostosa e descontraída, à beira do ar condicionado, que remete um ligeiro sopro, que faz levantar com denodo os filamentos do seu vestido vermelho, desbancando umas sumptuosas pernas de grande registo técnico, aferindo tacitamente à cena, um manancial erótico sensacional e indiscritível. Notando que Charlotte, está nas mesmas instalações do seu trabalho, Theodore completamente fascinado e demasiado focado nela, faz uma chamada para o telefone que está momentaneamente localizado perto dela, com o intuito de a convidar para um encontro de cariz romântico, só que acidentalmente é atendido pela sua secretária, a frustrada e exotérica Ms. Milner, sem que ele se aperceba do equívoco, gerando uma trapalhada de proporções hilariantes e imprevisíveis, aliás que vai ser o tónico geral do filme. Não se mostrando afetado com as peripécias circunstanciais que se vão sucedendo em catadupa, sem qualquer rebuço, Theodore continua a magicar as múltiplas majornal

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cinema » sugestão ao leitor

Demi Moore em Striptease (1996)

nigâncias para chegar perto de Charlotte, com a ajuda dos seus comparsas, que são dados ao convívio frutuoso e às corridas atrás de um portentoso rabo de saia, contando também com a frigidez conivente da sua mulher Didi, ocupada com os afazeres domésticos. No preciso momento que Theodore está prestes a ter uma noite de sonho, com Charlotte, depois de tantos galanteios e ações arrojadas, um inopinado percalço de âmbito pernicioso, vai o fazer cair na realidade, no erro crasso que estava prestes a cometer. Striptease (1996) é um filme Estadunidense, de género dramático/policial, que a conta a história de uma Erin uma mulher na casa dos 30 anos, com um semblante bucólico e um corpo simplesmente fabuloso, que por consequência de ter perdido o seu emprego de prestigio, como Secretária do FBI, por obra dos dislates cometidos pelo reles do seu ex-marido Darrell, fica sintomaticamente sem a guarda da sua filha. Estando convicta que é possível recuperar a tutela da sua filha, Erin devido ao seu físico vigorante e celestial, arranja trabalho

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como stripper numa boate com grande afluência, de todo o tipo de homens, desde transeuntes que aproveitam esse divertimento para desfrutar de um ócio extemporâneo, outros que frequentam com uma destarte mais assídua, por serem solitários e estéreis, outros por serem tarados e libidos e outros por terem uma relação sexual tíbia e esgotada, com as suas mulheres. Juntamente com as suas colegas de profissão, Erin é mais um elemento pertencente aquela pândita sexual, de mulheres efusivamente sensuais, que fazem transbordar a excitação, o júbilo palpitante dos clientes, com Erin a destacar se de maneira brilhante, exibindo o seu cabaz intrínseco de atração e sexualidade, com uma simulação e conjugação de movimentos, irrepreensível, cativante e lasciva. Apesar deste êxito retumbante de Erin, que faz desabrochar a mantra da paixão intrusiva e loquaz, de dois dos seus admiradores, o pacato e provinciano Jerry Grayson e o homúnculo e voluptuoso Congressista David Dilbeck, que lhe vão gerar problemas inesperados e periclitantes de índole assediante e crimi-

Monica Bellucci em Malèna (2000)

“Striptease” de Andrew Bergman 1996

nal, adicionando aos que já tem, não obstante esses contratempos desagradáveis, Erin com o seu pragmatismo, firmeza e persistência, não descansa em quanto não tirar a sua filha, das mãos do estavanado Darrell, contando com a preciosa e contundente ajuda do seu amigo Shad, segurança da Boate, para nocautear todos os transtornos, que se vão patentear com o desenrolar da história. Malèna (2000) é um filme Italiano e Estadunidense de estilo romântico com um misto de dramatismo, que é o protótipo do tipo de paixão platónica e arrebatadora, que muitas vezes procede se com rapazes e adolescen-

tes do sexo masculino, que suspiram por mulheres giras que se situam no clímax da sua beleza, e que diante desse amor impossível, sentem se angustiados e inquietos, enquanto essa putativa mulher circula e permanece, com regularidade nas imediações da sua vida. Para dar azo e relevo a essa semântica, a narrativa recorre à personagem Renato, uma criança de doze anos, que vive na vila de Castecultô na Sicília, em plena segunda guerra mundial, ao receber uma bicicleta, oferecida pelo o seu Pai, radiante percorre a vila de uma ponta à outra, indo mostrar a novidade aos seus amigos do bairro, contudo num interlúdio instantâneo, todos ficam em sentido, inusitadamente compenetrados, perante um magistral vulto que se aproxima, uma musa redentora caminhando lentamente, toda boa e linda da cabeça aos pés, com um


cinema » sugestão ao leitor

por Américo Manuel Santos americosantos1927@gmail.com

POEMA ABRIL

A mulher costela de Adão A mulher é mais que uma costela Tirada de Adão como a Bíblia o diz É mais que vida e mais do que bela E enterra-se no coração como raiz

“Malèna” de Giuseppe Tornatore 2000

garbo estonteante, que até apetece estender um tapete vermelho. Aquela jovem mulher, que fez eclodir a testosterona daqueles jovens e a ápice ereção de Renato, chama se Malèna, considerada sem sombra de dúvidas a mulher mais sexy do sítio, e a mais propalada naquele vernáculo regional, que é impacientemente desejada por todos os autóctones masculinos, sem exceção, com mais acinte e entoação, por momentaneamente es-

tar sozinha, sem a companhia do seu marido, que foi enviado para um conflito em África. Após ter ficado simplesmente anestesiado, com um sentimento intenso de atração por Malèna, Renato sempre que pode vigia Malèna através da janela da sua casa e a persegue desalmadamente, quando ela sai à rua, que a despeito da sua fama, é latente em Malèna, estar implicitamente incomodada, com o seu estatuto mitológico de símbolo sexual, que nas suas iminentes saídas à rua, demonstra um ar sério e empedernido, a quem observa com emoções distintas, uns com um deleite ardente e outros com uma repulsa invejosa. Aumentando dia para dia, esse ardor amoroso de Renato por Malèna, ele notoriamente obstinado, até chega ao cúmulo de roubar uma peça de roupa interior da jovem, para atingir a apoteose do

Algumas são de erva daninha Outras de flor como uma Rosa Talvez alguma que queria minha Ou outra que queria, mais vistosa Mulher costela de Adão És mais do que um desejo Para mim és mais solidão Que me mata com o seu Beijo Mulher costela de Adão És para mim Adão inteiro Tu és amor e tu és paixão muito mais do que dinheiro Mulher costela de Adão Não és costela para mim Para mim só há solidão haverá sempre até ao fim

seu sonho utópico, emanando o odor daquela peça, para tornar mais real a sua imaginação fértil. Todavia com a súbita badalada noticia da morte do marido da Malèna, correm os boatos que ela começa a envolver se sentimentalmente com outros homens, que vai paulatinamente originar a degra-

dação e a destruição publica de Malèna, por causa desta dicotomia amor/ódio, constante da sua atribulada ligação com a população local, que a deixa mais fragilizada, e por aquiescência Renato ainda fica mais perturbado e bisonho, ao ver Malèna a claudicar irrevogavelmente a cada dia que passa. jornal

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vida » bem-estar

A espiritualidade: uma fonte inesgotável de energia

A magia do silêncio

por Florbela Sampaio flsampaio@sapo.pt Prof. Escola Sup. Saúde IPVC

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xiste no silêncio um potencial de comunicação imenso, daí constituir-se como um espaço de pesquisa permanente e exaustiva para as diversas áreas do conhecimento humano. Por oposição ao silêncio os estímulos sonoros são necessários para o nosso desenvolvimento e interacções humanas, no entanto, para termos relações saudáveis connosco e com os outros é imperativo cultivar o silêncio. O processo de pensamento que é constante e ininterrupto necessita de quietude e penso que o meu caro leitor estará comigo, em como, tantas e tantas vezes, tivemos que aquietar os nossos pensamentos e, num profundo silêncio interior, parar, reflectir e tentar reencaminhar o curso das nossas emoções; neste terreno movediço das emoções, o silêncio pode tornar-se pesado e doloroso se não se partilham traumas, medos e preocupações que se vão arquivando na nossa memória até ultrapassar, frequentemente, o limite saudável da convivência harmoniosa da pessoa consigo mesma e com os outros. É nesta simbiose entre o potencial destruidor do

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silêncio e o potencial transformador e transcendente desse mesmo silêncio que se alberga um outro poder: o de decidir, na multiplicidade das ocorrências das nossas vidas, pelo caminho a optar. Todos conhecemos aquela frase tão comum: “a palavra é de prata, o silêncio é de ouro”, no entanto, com grande frequência, se dirigem para o outro palavras e mais palavras, conselhos e mais conselhos sem dar tempo para verdadeiramente escutar a perspectiva ou experiência do outro e desenvolver um espaço de silêncio onde se cria um vazio de julgamentos morais. A magia do silêncio reside nesta arte de escutar. Na obra de Grian, o jardineiro, contos para curar a alma, no diálogo entre a personagem central, o jardineiro e o aprendiz de jardineiro, o autor deixa-nos as seguintes palavras extraídas do conto,

a linguagem da vida: “…Não existem acasos, e quando algo acontece e chama dessa maneira especial, é porque há alguma mensagem por detrás. ― E como se pode ler a mensagem? ― insistiu o jovem aprendiz. ― Não com a cabeça ― disse o jardineiro, ― mas com o coração. A linguagem da vida tem a ver com a linguagem dos sonhos; chega com imagens que actuam no teu peito criando sensações claras que fazem com que a mente se abra à compreensão. Nada acontece por acaso quando o coração está disposto a escutar. ― Creio entender-te ― disse o aprendiz, ― mas precisarei de um tempo para ler com nitidez a linguagem da vida. O jardineiro olhou-o nos olhos com amor. ― Dispões de todo o tempo do mundo ― disse-

-lhe finalmente, ― aproveita-o. Abre o teu coração à vida. Escuta-a. E as mensagens tornar-se-ão claras para a tua alma, sob o grande manto do silêncio.” É no silêncio que saciamos a sede de espírito: na ciência, na criação artística, na meditação, na oração… Em suma, numa atitude contemplativa face ao mundo que nos rodeia e que influencia toda a actividade humana. Penso que não estarei a cometer uma heresia ao afirmar que a língua gestual, desenvolvida para a comunicação na surdez, é um sinal do divino presente no homem e que o torna capaz de ultrapassar barreiras aparentemente intransponíveis. Deixo aqui um bem hajam a todos os que permitem que, àqueles que foram privados do som, chegue a voz no silêncio, através de gestos, expressões e sobretudo muito amor.


religião » biografia

Extratos da vida da Irmã Maria da Conceição Pinto Rocha

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

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reconhecível que Serva de Deus Maria da Conceição Pinto da Rocha, não é a única medida para resolver a conversão dos pecadores, todos os batizados “Unidos a Cristo, participam da expiação do mundo por meio da Igreja”: “Estando a Igreja intimamente ligada a Cristo, a penitência de cada cristão tem também uma íntima e própria relação com toda a comunidade Eclesial”. “Participamos com a Igreja, quando expiamos os nossos pecados pessoais”, porque a Igreja “coopera na conversão dos fiéis com a caridade, com o exemplo e com a oração” (Lum. Gent. 11). A fim reforçar mais a

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vida e obra de Maria da Conceição, apresento um extrato do livro de Alberto Pimentel com o título “Guia do Viajante” nos Caminhos de Ferro, editado por Ernesto Chardron “Editor-Porto e Braga” de 1876, na página nº. 8 diz: “Oh! Por Deus, sabeis vós, ó seres indolentes, que não vos envergonhais, de estar quietos e ociosos dentro da vossa própria oficina, onde tudo trabalha: o coração, o pulmão, o estomago e o cérebro; que atraiçoais a confiança com que o Criador vos honrou, entregando-vos um passaporte com que deveis viajar impunemente desde o berço ao túmulo; que, finalmente, sabendo que o mundo é grande, tendes a vergonha de vos reconhecerdes pequenos, a cobardia de arriscar um passo, e o medo de vos perder!” É uma mensagem de “alguém” que sem vergonha, honra os mais sagrados valores que a humanidade deve venerar. O mesmo podemos dizer, porque nos honra a

singela, mas frutuosa Maria da Conceição Pinto da Rocha, merecidamente reconhecida “Serva de Deus”. Maria da Conceição dedicava durante o dia períodos de meditação, em oração louvando Deus em oferta continua dando «Amor por dor» pela salvação de toda a humanidade. Em análise do referido, depreende-se exatamente que Maria da Conceição – como exímia pastora, – tinha as suas ferramentas de trabalho muito bem conservadas, coordenadas e sempre prontas a ser utilizadas. Continham – porque assim as modelou com – sapiência, sensibilidade, benignidade e com um coração pronto a amar mais e mais. Todavia, nada era notado, nem ela queria que fosse. Sentia-se bem desconhecida. Porque a candura do seu coração, atingiu níveis de abnegação inigualáveis. Ao não desejar ser nome sonante, a sua humildade conduziu-a a viver neste mundo junto dos necessitados, promovendo o

bem-estar aos carenciados. Gostaríamos prezado leitor, divulgar todas as suas benfeitorias, todavia não é possível na totalidade – dado as suas memórias conter ínfimos registos nas suas concessões. Se isso fosse possível, certamente a Serva de Deus, seria olhada de outra forma. Convenhamos dizer, que a “Serva de Deus” sempre foi do povo, e, era aí que se sentia bem. Porquê? Porque não viveu para o espelho. Viveu intensamente para a intimidade e comunhão com a Igreja. Antes de finalizar creio oportuno reforçar o amor incondicional e transcendente de Maria da Conceição, de sublinhar que o mesmo, foi alcançado pela qualidade do bem-querer que legava, sintonizado entre o corpo e alma. Finalizo engrandecendo a Serva de Deus com um seu pensamento: “A nossa vida deve ser um altar vivo acompanhado pela lâmpada acesa da vontade, pronta a seguir Aquele que é o Senhor da vida”. jornal

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crónica » caminho português da costa

Caminho Português da Costa

por Francisco P. Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

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ontinuando no registo do mês passado, a história que irei partilhar hoje versa sobre a minha percepção do Caminho Português da Costa, feito em 2015. Mais uma vez foi um caminho sozinho, com momentos de partilha com gente que nunca mais vi, mas que ainda hoje marcam, pela positiva. Esta versão do Caminho, uma vez que não conhecia o terreno (foram 147 km) nem as diversas ofertas (muita oferta e segurança), começa no albergue de Caminha (a opção prendeu-se com a oferta disponível e razões familiares). Foram cinco dias de caminho muito bons e cresci, fica aqui a partilha. Este caminho foi, todo ele, uma aventura enorme e um abano às convicções pessoais e certezas (axiomas). Fui, emocionalmente, de “rastos” e entreguei-me ao Caminho. Agora, à distância, penso ser o melhor modelo (para mim). Ter as coisas minimamente alinhavadas e programadas, mas perceber que “acidentes acontecem” e, então, estar disperso para ajustar as necessidades. Foi esse o registo em todo o santo caminho. Começou logo na primeira noite. Procurava um momento de relax, de mentalização, de tranquilidade, lixei-me. Com família em

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Afife, e na altura das festas locais (setembro) na Serra d´Arga, tive que fazer companhia, e conhecer, a loucura local. Eu que não bebo e experimentei um preparado de aguardente de alvarinho com mel (um néctar dos céus, hidromel), divino. Depois, todos comeram (sou vegetariano, fiquei só pelos doces) e beberam, logo, tive que conduzir um jipe. Do alto do monte, do Mosteiro de São João de Arga, pelo campo para fugir à GNR, à noite, com gente muito “alegre”, sem carta de condução (tinha ficado em casa, não a levava para o Caminho), foi um exercício. Encontrámos a polícia, é claro, justifiquei-me e assoprei no balão. Surpresa, saí sem multa e tranquilo. Dia seguinte, sete da manhã, saída de Caminha. Envolto no nevoeiro místico do rio Minho, passando a ponte e acompanhado com os meus pensamentos: e agora? O que me trouxe aqui? Porquê eu? Enfim. Inicio o Caminho com uns Sidónios (doces típicos de Caminha, em homenagem a Sidónio Pais) quentes e chá, aproveitando as vistas. Feitos uns quilómetros, e já na vila de Seixas, encontro um alemão, meio perdido, que estava no albergue. Só falava inglês e pediu-me ajuda (o Caminho é assim). Falámos e termina a perguntar se podia fazer o caminho comigo. E assim foi, com companhia seguimos pela via da Eco-Pista, em Seixas. Para terem uma pequena ideia, além do alemão, a companhia era o rio Minho e Espanha, à esquerda, e campo, mato, à direita. Só paz e tranquilidade, o cheiro de terra molhada.

Chegados a Cerveira, pelas onze horas, tomámos um segundo pequeno-almoço na feira local e bebemos um Hidromel (fiquei fã). Seguimos até Valença do Minho (mais ou menos 29,5km), onde chegamos à tarde. Eu fico no albergue de São Teotónio (uma referência para mim) e o meu companheiro de viagem num hotel. O resto do dia foi banho, tratar das coisas, comer algo típico, passear nas muralhas e preparar no dia seguinte. No segundo dia, pelas 06h30 encontro o meu

companheiro de viagem nas muralhas, que atravessamos, envolvido na neblina matinal. Mas o momento top foi ao atravessar a ponte que liga Portugal a Espanha. No nevoeiro não se via o outro lado da ponte nem a margem. Parecia uma cena de Harry Potter. Seguimos, cheios de fotos, e já em Tuy tomamos o pequeno-almoço. Continuando, tentámos passar Porriño (uma zona industrial com carros) antes da hora do almoço (difícil). É uma zona menos boa, sem sombras e sempre a subir.

Ponte no Caminho Português

Vista aérea de Ponte Sampaio, em Pontevedra


crónica » caminho português da costa

Felizmente, parte do caminho foi em mata (lindo), até Redondela (32km). Mais uma vez em albergue municipal, simpático e limpo e despeço-me da companhia que segue. Pensando que no dia seguinte iria sozinho quando encontro um holandês meio vegetariano (quanto ao tabaco). O terceiro dia foi só rir. Começo cedo quando encontro essa personagem que me acompanha. Caminhamos sempre a subir a montanha, e ele com pedalada. Mais uma manhã de beleza mágica com o misticismo do nevoeiro matinal (para quem mora em cidade, é magia). Paramos num marco de pe-

regrinos com conchas e votos (nesse ano tinha falecido nesse local um peregrino). Seguimos para Pontevedra, mas ficamos antes da cidade, em albergue municipal novo. Foi neste albergue que, questionando a minha vida e a minha opção de caminhar, cheio de dores, sou recebido por um peregrino atento e amigo. Depois das lágrimas, oferece um copo de água que aceito. Para tal, ele sai de trás da secretária (onde fazemos o registro) numa cadeira de rodas (este estalajadeiro tinha o meu apelido e o primeiro do filho do meu irmão). Quando vejo isto, depois de ouvir a história dele, que tinha feito o caminho três vezes e sozinho, pergunto porque choro eu mesmo? Afinal, o que me traz aqui, quais os meus lamentos? Será que fiz este caminho para perceber o meu potencial, para dar valor ao que tenho à minha disposição? Confesso que bebi a água e senti muita vergonha. Mas as dores foram-se, e esta hein? Após o banho, comemos em comunidade uma refeição vegetariana divinal (pasta, tortilha e bolo de chocolate), foi divinal. No quarto dia, continuo com o holandês até Pontevedra, onde tomamos café e nos separamos, por opção pessoal (muito “fumo” para mim, que não fumo). À saída de Pontevedra vejo a bifurcação para o Caminho Espiritual e decido que um dia o iria fazer (já contado) e sigo até Padrón, num albergue municipal do topo da colina (tinha subido pouco?, fiz 26km). Aproveito para visitar a igreja que alberga o marco onde encostou o barco do peregrino (por baixo do altar) e bebo umas claritas no Dom Pepe (recomendo mesmo) com pimentos de Padrón (à fren-

te da igreja). Uma delícia, ali quase no final do caminho, já não apetece chegar, é esse o sentimento. No último dia, faltavam 18 km, o percurso mais pequeno do trajeto, mas o mais difícil. Conheci mais uns quantos peregrinos e o sentimento é geral. Para mim, estava a chegar ao final sem saber o que me trouxe ali. Queria muito continuar e iria fazer, nos anos seguintes (excepto 2020). O último troço do

caminho tem partes lindas e alguma de estrada, mas fazível. A chegada é fantástica, mas não quero chegar a Santiago, por isso regresso sempre. Aí, fico no albergue (um mosteiro enorme) de Santa Maria Mayor e cumpro a rotina habitual onde incluo sempre, uma visita à igreja de São Francisco para depositar a minha concha, para agradecer o caminho e pedir ajuda para o ano seguinte. Bom Caminho para vocês. jornal

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opinião » o dom da resiliência

A adversidade não discrimina

por Francisco P. Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

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ma situação que a actual pandemia trouxe, a todos, é a consciência que a adversidade não discrimina. A provação pelo que o mundo está a passar só nos deve unir, mais ainda, em vez de dividir. E aí está a diferença disruptiva na nossa postura social claramente mais positiva e confiante. É transversal o sentimento geral de perda. Não há uma realidade micro, que seja, numa casa ou local de trabalho, onde não se manifeste a perda de algo ou alguém que estimávamos. Em abono dessa perda e como voto de confiança, a mudança de atitude é a diferença e o primeiro passo inicia-se ao acordar. Temos que sorrir logo de manhã e dar graças ao facto de termos acordado, já somos uns privilegiados. Começar o dia a sorrir para a vida para que esta nos sorria, de volta (a Lei do Retorno). Ao mostrar o nosso sorriso revelamos a inteligência e a resiliência na luta contra a adversidade. Temos que ter ânimo para nós e para partilhar com outros, num gesto de gratidão pelo dia que se inicia, sendo uma forma de fazer a diferença na vida das pessoas. Temos que sair de uma atitude sofredora e terminar os lamentos.

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Nós somos o motor da mudança e fazemos a diferença pela nossa postura. Há que voltar a acreditar, voltar a ter Fé na vida e no que nos rodeia, voltar a ter esperança e acreditar em nós mesmos. Ser feliz é um estado de espírito e não se esqueça que o sol regressa todos os dias, por vezes de forma tímida, mas regressa. Temos que ajudar a despertar a nossa criança interior, fazer um esforço para tentar encontrar a nossa felicidade e revelar o nosso melhor sorriso, numa clara prova de gratidão pelo que nos rodeia, sem juízos qualitativos. Mea culpa, confesso que também passo por diversas situações que

se revelam e que me envergonho muito, mais que não seja, pelos meus momentos de falta de Fé, mas sou humano. Todo este discurso, estranho, confesso que aprendi muitos ensinamentos com terceiros, disponibilizando-me para ouvir e ajudar outros. Numa das minhas ações de voluntariado a sem-abrigo, em Lisboa, encontrei alguém que não me parecia bem, mas que sorria. No meu juízo inicial, julgamento impróprio, questionei a situação e estes foram alguns dos ensinamos. Essa ação de voluntariado foi feita antes da pandemia e confesso que me recordo do sorriso que me recebia, pela forma que

o fazia, quando chegava a equipa de rua. O que trazia não era mais que um sorriso e conforto para o estômago, ajudando a suportar as noites, umas frias, outras chuvosas, umas mais barulhentas ou perigosas. Passando este momento de partilha de vida, e regressando ao tema inicial, temos que continuar a acreditar em nós, nós somos o nosso melhor aliado, mas também o nosso pior inimigo. Temos que acreditar, com convicção, na mudança e na tomada de consciência que nós fazemos parte dessa mudança e que temos que dar o primeiro passo para mudar. Não podemos ficar à espera dos outros.


opinião » o dom da resiliência

A solução não passa por partilhar culpas ou responsabilizar terceiros (terceirizar responsabilidade) por situações anómalas. E muito menos, não podemos responsabilizar os outros pela nossa falta de ação, sejam as entidades ou os Governos, pelo insucesso de qualquer situação. Segundo John F. Kennedy, numa frase de campanha que ficou célebre, “Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer pelo seu país”. Como exemplo temos o modelo social da Universidade de Harvard, uma referência mundial pela sua excelência, em tudo. E fazem-no porque acreditam que são bons no que fazem e essa Fé e convicção pela sua dedicação, claramente, contagia os outros e, hoje, são uma re-

Na conferência TED “Três segredos de pessoas resilientes”, a investigadora de resiliência, Lucy Hone, partilha três estratégias dificilmente conquistadas para desenvolver a capacidade de enfrentar a adversidade, para superar as dificuldades e para encarar o que vier, de cabeça erguida, com força e bondade.

ferência mundial. Há mais casos no mundo de crença em si próprio(a) que marca a diferença e poderia ser, igualmente, usada como casos de sucesso. A crença que se é muito bom exterioriza-se e outros passam a acreditar nesse facto. O sorriso e a boa disposição matinal também contagiam e tornam a vida mais leve (light) e o dia mais tranquilo. Faça a diferença, dê o primeiro passo, tenha uma atitude positiva e seja o exemplo que se procura. Numa conferência da TED, são revelados três segredos das pessoas resilientes. O primeiro é a tomada de consciência que todos somos alvo de mudanças inesperadas na nossa vida (acidentes acontecem) e a forma como nos manifestamos na dor (a adversidade não discrimina). O segundo é saber fazer a escolha das prioridades e relativizarmos o que, de facto, não é importante. E o terceiro é pensarmos se as nossas decisões estão a ajudar alguém, a agravar? Com esta

partilha quero acreditar que estarei a ajudar. Temos que passar a saber gerir os proveitos e ver o lado positivo da dor (se houver). A autora do vídeo sugere um exercício que passa por focar atenção nos aspetos bons da vida. Por exemplo, fazer o exercício de terminar os dias procurando as três coisas mais positivas do dia. Este exercício ajuda a um sono mais relaxado e, por consequência, a um acordar mais revigorante. O “truque” é aceitar o que a vida nos oferece de bom.

O “dom” da resiliência não é uma aptidão só de alguns, mas uma capacidade disponível a todos que requer treino e capacidade de opção, priorizarmos o que de facto é importante e relativizar o secundário. Resiliência significa reconhecer as nossas capacidades e valorizar as nossas competências. Conhece algo mais resiliente que uma semente lançada à terra, exposta aos efeitos de erosão e predadores, e ganhar vida nesse terreno? Seja a sua própria semente de resiliência.

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jornal

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saúde » questões sobre a obstipação

Obstipação: conhecer melhor, para melhor viver

por Ana Sofia Portela enf.anasofia@gmail.com Enfermeira especialista em Enfermagem Comunitária USF Aqueduto – ACES Vila do Conde/Póvoa do Varzim

A

obstipação, ou vulgarmente conhecida como prisão de ventre, é uma queixa comum que resulta numa alteração significativa na qualidade de vida das pessoas. Carateriza-se pela alteração dos hábitos intestinais, associada a uma baixa frequência de evacuações, assim como uma dificuldade em expulsar as fezes, na maioria dos casos endurecidas. Podem surgir sintomas associados à obstipação como desconforto abdominal, flatulência, distensão abdominal ou dor na região lombar e, a longo prazo, a persistência de obstipação pode resultar em complicações intestinais, nomeadamente hemorroidas ou divertículos intestinais. O desenvolvimento de obstipação está normalmente associado a uma ingestão pobre em líquidos e alimentos ricos em fibras ou então a alterações do trânsito intestinal resultantes de certas doenças, nomeadamente gastrointestinais e/ou endócrinas, uso de certos fármacos ou devidas à própria idade avançada da pessoa. No entanto, há que ter em

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conta que existem alguns sinais, quando associados à obstipação, que tornam obrigatória a realização de uma investigação médica complementar, no sentido de excluir doenças graves, nomeadamente tumores, que expliquem este sintoma. Perda de peso significativo, anemia, sangramento retal, principalmente em pessoas com mais de 40 anos, são alguns sinais que nos devem alarmar quando associados à obstipação. Existem algumas atitudes que sendo praticadas diariamente e de forma regular podem ser úteis no sentido de melhorar os sintomas de obstipação. Em primeiro lugar, o reforço hídrico é importante. Devemos consumir, no mínimo, 1,5 a 2 litros de água por dia. Os chás, quentes ou frios são também uma boa alternativa. Em segundo lugar, devemos adoptar uma

dieta rica em fibras. Para isso é importante comer sopa às principais refeições, ingerir 3 peças de fruta por dia e acompanhar as refeições com saladas e legumes de forma a ocupar metade do prato principal. A amei-

O desenvolvimento de obstipação está normalmente associado a uma ingestão pobre em líquidos e alimentos ricos em fibras ou então a alterações do trânsito intestinal. xa e o kiwi são os melhores frutos laxantes. Adicionalmente, podemos também juntar à nossa alimentação algumas sementes, nomeadamente as de linhaça, de aveia ou as de abóbora. Neste caso, estas devem ser trituradas antes de serem

adicionadas à sopa ou ao iogurte, de forma a produzirem o seu efeito laxante. Devemos também dar preferência aos alimentos integrais, nomeadamente no que se refere ao pão, aos cereais, às bolachas e às tostas. Por último, a prática de exercício físico é essencial. Caminhar pelo menos 30 minutos por dia ajuda à mobilização do nosso intestino. Evite a toma de laxantes ou clisteres frequentemente, já que o uso frequente destes produtos tende a criar habituação ao nosso intestino, o que implicará que a longo prazo o mesmo tenha dificuldade em funcionar sem o seu uso. Não tome medicamentos por iniciativa própria. Caso tenha dúvidas ou pretenda informação adicional relativamente à obstipação, não hesite em procurar ajuda junto do seu Enfermeiro ou Médico de Família. Cuide da sua saúde!


pub » soluções de diagnóstico covid-19

Biojam apresenta solução de testagem para autarquias, empresas e escolas Sobre a BioJam Holding Group A Biojam é uma empresa farmacêutica de referência na Península Ibérica que aposta em medicamentos diferenciados, com uma componente de inovação muito forte. A empresa destaca-se na inovação nas áreas de Anestesiologia, Hematologia Oncológica Pediátrica, Farmácia Hospitalar, Enfermagem Perioperatória, Nutrição Parentérica e Medicina Física e de Reabilitação. ●● Biojam Holding Group é parceiro estratégico no combate à COVID-19 em empresas, autarquias e instituições de ensino ●● A empresa aposta em inovadoras soluções de diagnóstico, baseadas em testes rápidos de saliva e outros ●● DGS recomenda a utilização de testes rápidos de antigénio nos concelhos com incidência cumulativa a 14 dias superior a 480/100.000 habitantes por Sónia Matos soniamatos@multicom.co.pt Multicom, Comunicação

A

s novas normas que reforçam as medidas para controle da pandemia COVID-19, alargando a utilização de testes rápidos de antigénio em Portugal, entraram em vigor a 15 de fevereiro, mas há muito que fazem parte daquilo que é a estratégia da Biojam Holding Group. Tendo por base a recente actualização da Norma 019/2020 da Direção Geral de Saúde (DGS), é recomendável a realização de testes à COVID-19 a cada 14 dias em escolas, prisões, fábricas, construção civil e outros espaços ou atividades de elevada exposição social, nos concelhos com

incidência cumulativa a 14 dias, superior a 480/100.000 habitantes, ou seja, nos concelhos que se encontrem em risco muito elevado e extremamente elevado. Para Carlos Monteiro, CEO da Biojam, esta é uma medida há muito aguardada. Quando em meados de setembro lançou os testes rápidos no mercado português, fê-lo convicto que estes constituíam uma importante ferramenta de apoio à economia, tendo defendido que “os testes rápidos de antigénio constituem a opção mais rápida e económica para as empresas que pretendam testar os seus colaboradores, combatendo assim o impacto económico e social associado à abstinência laboral imposta pelos períodos de quarentena. Desta forma as empresas podem manter

a sua actividade normal ao mesmo tempo que garantem a segurança de todos os colaboradores”. Mais de 25 mil testes de saliva vendidos em Portugal Atualmente, a Biojam é responsável pelo fornecimento de instituições de saúde e parceiro de empresas, estabelecimentos de ensino e autarquias que têm vindo a apostar no controlo da pandemia através de serviços de testagem regular, prestados pela Biojam. Com uma clara aposta nos mais inovadores sistemas de diagnóstico, como é o caso dos testes rápidos de saliva que já se encontram a ser utilizados de forma massiva em países como Áustria, Luxemburgo, Coreia do Sul, Itália, Espanha e Alemanha onde são amplamente utilizados e recomendados pela Cruz Vermelha Alemã. Em Portugal a Biojam já vendeu mais de 25 mil testes, tendo sido a maior parte destinada a empresas, autarquias e escolas que procuram as

melhores soluções numa fase em que se começam a traçar planos de desconfinamento. De uma forma mais simples e sem o desconforto associado aos convencionais testes de antigénio que utilizam as zaragatoas para recolha de amostra, os testes rápidos de saliva permitem detectar, em apenas 10 minutos e de uma forma não invasiva, possíveis casos positivos de COVID-19. Com explica Carlos Monteiro, “a realização dos convencionais testes de antigénio, apesar de constituírem um processo rápido, não deixam de exigir uma técnica muito especializada na recolha da amostra e serem muito desconfortáveis, sobretudo para crianças, adolescentes e até adultos com sensibilidade ao método da zaragatoa. Além disso têm sido muito úteis em escolas, empresas e autarquias na medida conseguimos eliminar o desconforto mantendo a segurança dos testes que apresentam uma especificidade de 100% e uma sensibilidade de mais de 94%”. jornal

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necrologia

Agência Funerária

Tilheiro

Tel: 258 971 259 Tlm: 962 903 471 www.funerariatilheiro.com Barroselas

90 anos

84 anos

97 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

João de Araújo Pereira

Alfredo Martins Magalhães

Saturnina Ramos Antolin

Vila Fria – Viana do Castelo

Quintiães – Barcelos

Mujães – Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

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A Família

A Família

A Família

LIMPEZA DAS SUPERFÍCIES Limpe e desinfete as superfícies com frequência.

USE MÁSCARA

VENTILAÇÃO DOS ESPAÇOS Mantenha os espaços arejados. Opte por ventilação natural.

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necrologia

74 anos

77 anos

85 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

José Valério Alves de Carvalho

António Magalhães Felgueiras

António Santos Martins

Palme – Barcelos

Balugães – Barcelos

Barroselas – Viana do Castelo

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A Família

A Família

A Família

86 anos

89 anos

91 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

João Pereira da Silva

Rosa da Silva Pereira

Júlia de Sousa Gonçalves

Balugães – Barcelos

Balugães – Barcelos

Freixo – Ponte de Lima

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A Família

A Família

A Família

SE TIVER ALGUM DOS SEGUINTES SINTOMAS: ºc

TOSSE

FEBRE

DIFICULDADE RESPIRATÓRIA

PERDA OU DIMINUIÇÃO DO OLFATO OU PALADAR

#SEJAUMAGENTEDESAUDEPUBLICA #ESTAMOSON #UMCONSELHODADGS

jornal

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Teatro Municipal Sá de Miranda

Theatro Gil Vicente

Viana do Castelo

Barcelos

sex 14/05 • 20h30

sáb 05/06 • 22h00

D.A.M.A

Tim

org. Câmara Municipal de Viana do Castelo

org. Câmara Municipal de Barcelos

Campo de Regatas de Viana do Castelo

Museu de Artes Decorativas

Viana do Castelo

Largo de S. Domingos, Viana do Castelo

qua 12/05 — dom 16/05

ter 06/04 — dom 30/05

2ª Prova de Apuramento Nacional Optimist/ Taça de Portugal da Classe Optimist

Viana do Castelo A Cidade, Passado e Presente

org. CVVC - Clube de Vela de Viana do Castelo

org. Câmara Municipal de Viana do Castelo

(perspetivas fotográficas)


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