O Vale do Neiva - Edição 89 setembro 2021

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Decoração Murano, beleza em vidro

Peregrinação

O Caminho de Santiago por etapas

Setembro 2021 edição 89 Propriedade:

A MÓ · Associação do Vale do Neiva (Cultural, Património e Ambiente) Barroselas Mensal Gratuito Versão digital

Beldroegas: a erva daninha que faz bem pág. 24

Setembro: o regresso à escola pág.

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índice edição 89

setembro 2021

ficha técnica diretoria e administração: Direção de “A Mó” redação: José Miranda Manuel Pinheiro Estela Maria António Cruz colaboram nesta edição: Alcino Pereira Américo Santos Ana Sofia Portela Daniela Maciel Domingos Costa Eliza Sousa Fernando Fernandes Francisco P. Ribeiro José Miranda Manuel Gomes Pedro Rego Pedro Tilheiro design e paginação: Cristiano Maciel Mário Pereira supervisor: Pe. Manuel de Passos contacto da redação: Avenida S. Paulo da Cruz, Edifício Brasília 3, Fração F 4905-335 Barroselas e-mail: redacaojornalvaledoneiva@gmail.com periodicidade: Mensal formato: Digital distribuição: Gratuita

Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo ou não estar de acordo com as linhas editoriais deste jornal.

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Os benefícios de escrever à mão página 8

Escrira: Poesia - “Tristeza” página 10

Religião: Extratos da vida de Maria da Conceição página 14

editorial Vacinação, um bem necessário

por José Maria Miranda Presidente da Direção de A Mó

H

oje vou debruçar-me sobre a vacinação, não como técnico em análises clínicas ou ensaios laboratoriais, mas sim e só apenas, como um cidadão normal. Pessoalmente, entendo que todos devemos aderir para erradicar por completo este temível vírus. A vacina segundo os técnicos, é o único meio ao dispor para travar esta peste que, presentemente, assola todo o mundo. Também é sabido que houve, há e vai continuar a haver pessoas negligentes, as tais que se estão nas tintas para cumprir as regras exigidas pela Organização Mundial da Saúde. Esquecem-se

que este vírus toca a todos e que a falta de cuidado de alguns, facilita a propagação para outros. Convenço-me que, se tivesse havido respeito e o devido cumprimento, hoje estaríamos bem melhor e até já livres nos nossos movimentos e atividades. Depois surgem aqueles que se opõem à vacinação, tomando posições de rua, vaiando autoridades responsáveis pelo processo da vacinação. Mas que tipo de gente é esta? O que quer essa gente? Não

querem nada, apenas e só isso, armar a confusão. Se não querem ser vacinados, é uma opção mas, que não critiquem os que optam pela vacinação. Há dias vimos na televisão uma cena ridícula que, só pode partir de massas encefálicas semelhantes às dos galináceos. Ora reparem na notícia! “Em Odivelas o Vicealmirante Gouveia e Melo foi vaiado pelos contra à vacinação”. Espantoso!!! Esta espécie de gente, deve-se tratar numa equipa de neurologistas, porque é inconcebível esta atitude. A maioria das pessoas já se aperceberam que o Vice-almirante, merecenos todo o respeito, pois tem-nos dado um belo exemplo de dedicação e ótima gestão em todo o processo relacionado com as vacinas. Moral da história: devemos decidir pela nossa cabeça e não influenciar-nos pela cabeça dos outros.


História Caminhos de Ferro Governo convida Engº Mr Waltier página 12 Poesia “Poema setembro” página 13 Mitos e lendas: Lua cheia página 16

Teatro popular, Auto da Floripes: tradição cumpriu-se página 18

7ªa arte: o jogo no cinema página 20

o pulsar da sociedade A demografia

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

E

m Portugal temos um problema sério com o sintagma demográfico, que ficou irremediavelmente destapado, com as conclusões emanadas dos Censos 2021, ao qual se reportou que a nossa população diminui cerca de 2% em comparação com 2011. Apesar de ter havido um fluxo de imigrantes que se situou entre os 4000 indivíduos, a maioria oriunda dos países lusófonos, e outros indagados a programas de acolhimento e de asilo, que justamente foram criados a partir do ano de 2015, para rececionar o êxodo de refugiados vindos da Síria, da Líbia e da Venezuela, mesmo assim foi insuficiente para compor a nossa população residente, em níveis estáveis, no que se refere ao equilíbrio demográfico.

Este desequilíbrio demográfico, tende se acentuar vertiginosamente, por causa dos efeitos adversos da pandemia Covid 19, tendo em conta o soberbo aumento de números de mortos em 2021 na correlação com 2020, que ficou manchado pela marca de mais 11 mil óbitos, mas também por outro lado, constatou se a queda dos nascimentos em 2021, que se concretizou em menos de 15% , na análise ao período homólogo do 1º semestre de 2020, neste caso concreto acicatado pelo distanciamento social, a despeito das medidas restritivas de proteção à saúde pública, e por arrasto a não celebração de casamentos, que foram adiados ou cancelados, como também a crise social e económica, que se propagou, deixando os casais renitentes, quanto à probabilidade e a viabilidade de terem filhos. Mas esse confrangedor decréscimo, que já vem de trás, com o malfadado envelhecimento populacional, está associado a um ethos que se ramificou, a partir sensivelmente dos anos 80. Em face disso os casais, numa lógica mais ponderada,

optaram somente por terem 1 ou 2 filhos no máximo, ou até nenhum, por causa dos encargos que isso podia aquilatar, em proporção com os anos 70, em que a natividade rondava os 3 descendentes. Relativamente aos jovens, cada vez mais prevenidos e relutantes, em várias frentes, recusam meter se em aventuras, ao surfarem nas putativas relações sexuais, dispondo de meios contracetivos sofisticados, para não estarem sujeitos a uma surpresa desagradável, ao mesmo tempo por questões económicas ou de precaridade laboral, deixam para mais tarde, a eventual possibilidade de contraírem matrimónio e com isso perspetivarem uma nova família. Acrescentando ao lote de obstáculos à natalidade, avulta a controversa Lei do Aborto, que permite à gravida seja por estado de indigência, ou por outro âmbito pertinente, fazer o aborto à décima semana de gestação. Com o anúncio proclamatório do Plano de Recuperação e Resiliência, está implícito a “Sustentabilidade demográfica”, como prioridade

crónica O Portugal do despesismo página 17

absoluta, na agilização de políticas públicas mais apelativas para os jovens, com condições de trabalho favoráveis, habitação condigna, e auxílio às famílias, para poderem albergar a intenção de terem filhos. Mas esse processo de pretensões, deve ser acompanhado de outras medidas, referindo-me a título de exemplo, à blindagem no código de trabalho para potenciar uma proteção mais eficaz na maternidade, à rede gratuita de creches mais alargada, incremento mais amplo no acesso às bolsas de estudo, angariação de vestuário e calçado usado de crianças, direcionado a quem precise. No campo da imigração, estabelecer cooperação com Países, onde existe uma densidade populacional elevada, permitindo a movimentação para o nosso país, de gente com talento ou com disposição de trabalhar, dando lhes formação e mecanismos, para se instalarem por cá, visando constituir família, com a expetativa duma natalidade abundante. Se nada for feito de maneira incisiva, os especialistas na matéria, invetivam a degradação das finanças publicas, regurgitando a hipotética redução da despesa pública ou então um aumento dos impostos, obviamente incomportáveis para a nossa sociedade. jornal

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escola » regresso em segurança

Setembro: o mês de voltar à escola

por Ana Sofia Portela enf.anasofia@gmail.com Enfermeira especialista em Enfermagem Comunitária USF Aqueduto – ACES Vila do Conde/Póvoa do Varzim

Setembro é marcado pelo regresso às aulas! A azáfama nas famílias é grande, pois além da gestão de expetativas das crianças e jovens quanto ao novo ano letivo que se vai iniciar, é também altura de preparar toda a logística inerente a esse momento. Para ajudar nesta tarefa deixo algumas dicas da Direção-Geral do Consumidor. Mochila: • Escolha uma mochila adequada à estatura da criança e que não seja demasiado pesada quando vazia (uma mochila vazia não deve pesar mais do que meio quilo). Prefira os modelos anatómicos, com alças largas e acolchoadas. Para se certificar de que está a comprar o modelo

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adequado, a criança deve experimentar a mochila. • A mochila e o respetivo conteúdo não devem exceder 10% do peso corporal da criança (ex: para uma criança com 25 Kg, a mochila não deve pesar mais do que 2,5 Kg). Vestuário e calçado: • No regresso às aulas também é necessário organizar o guarda-roupa das crianças para verificar o que serve, o que pode ser passado aos irmãos mais novos e o que precisa de ser comprado. Quando fizer as suas compras preste particular atenção à roupa com cordões. Para proteção das crianças, evite comprar este tipo de roupa. Dê preferência a roupas

“Setembro é marcado pelo regresso às aulas! A azáfama nas famílias é grande, pois além da gestão de expetativas das crianças e jovens quanto ao novo ano letivo que se vai iniciar, é também altura de preparar toda a logística inerente a esse momento. ”


escola » regresso em segurança

que permitam às crianças deslocarem-se e brincarem em segurança. • Na compra do calçado recomenda-se que a criança experimente o calçado, andando pela loja durante alguns minutos e perguntar à criança se sente o calçado apertado. Lembre-se de que o calçado apertado pode deformar os pés. Deslocação para a escola: • Nas deslocações a pé, ensine às crianças as regras de segurança e acompanhe-as algumas vezes no percurso para a escola chamando a atenção para a necessidade de caminhar pela berma/passeios e estarem atentos à sinalização.

“Estas são apenas algumas sugestões de aspetos a ter em atenção para que o ano escolar decorra com sucesso, não só a nível académico, mas também a nível de saúde da criança e jovem, de forma a evitarem-se problemas a curto prazo como sejam os acidentes de viação ou as quedas, mas também problemas a médio e longo prazo como por exemplo as lesões musculo-esqueléticas, alterações psíquicas ou comportamentos de risco.”

• No automóvel, a utilização correta dos sistemas de retenção (cadeirinhas ou bancos elevatórios) é indispensável para transportar as crianças em segurança. Qualquer que seja a distância, o percurso ou a velocidade, transporte sempre as crianças de forma apropriada tendo em conta a idade, o peso e/ou altura. Acesso à Internet: • Utilize a internet em conjunto com as crianças, nem que seja por curtos períodos de tempo, para de algum modo conhecer as suas habilidades e preferências; • Coloque o computador com acesso à internet numa divisão da casa onde todos passam a

maior parte do tempo; • Tenha particular atenção caso os seus filhos participem numa rede social. Estas são apenas algumas sugestões de aspetos a ter em atenção para que o ano escolar decorra com sucesso, não só a nível académico, mas também a nível de saúde da criança e jovem, de forma a evitarem-se problemas a curto prazo como sejam os acidentes de viação ou as quedas, mas também problemas a médio e longo prazo como por exemplo as lesões musculoesqueléticas, alterações psíquicas ou comportamentos de risco. “Um regresso às aulas em segurança” é o apelo que deixo este mês! jornal

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crónica » peregrinação

“Pensar porque decidimos fazer o caminho. O motivo para fazer o Caminho deve ser pessoal, assim como pessoais são as nossas opções de Vida (já estou a fazer a analogia do Caminho com a Vida). Este processo não deve ser tratado como se de uma corrida se tratasse, de contra relógio, onde vemos quem chega primeiro e quem chega no final.”

O Caminho, por etapas A por Francisco Porto Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

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proposta para este mês reflete a minha vivência pessoal, que partilho e que deixo à consideração cuidada do(a) leitor(a), sugerindo uma reflexão, antes do julgamento final, não vá ter-me explicado de forma menos correta. Prende-se com dois aspectos, nomeadamente, com a necessidade física de fazer o Caminho de forma faseada e a analogia, que faço sempre, das situações do Caminho com a vida. No primeiro aspecto, sobre a opção de fazer o caminho de forma faseada, ou seja, por etapas na medida das nossas possibilidades, em detrimento

“No meu próximo caminho para Maria, que será em agosto próximo (escrevo este artigo em julho), será este o propósito que levo comigo. Farei em oração e meditação, apenas para o meu equilíbrio emocional.”

a não fazer, de facto, é uma realidade que, cada vez mais, surge me função face às nossas próprias limitações, ao tempo possível, às aptidões físicas, emocionais e outras. Mas gostaria de esclarecer, e antes de avançar, que esta opção é tão válida como qualquer outra. Na verdade, o que conta é a intenção de fazer o Caminho, ou seja, “aquilo” que nos leva a por o pé na estrada e a perdermo-nos com os nossos pensamentos, dores e alegrias. Pensar porque decidimos fazer o caminho. O motivo para fazer o Caminho deve ser pessoal, assim como pessoais são as nossas opções de Vida (já estou a fazer a analogia do Caminho com a Vida). Este processo não deve ser tratado como se de uma corrida se tratasse, de contra relógio, onde vemos quem chega primeiro e quem chega no final. O Caminho sugere mediação interior, avaliação das nossas opções e prioridades,


crónica » peregrinação

sendo essas as regras que balizam comportamentos e separam o “trigo do joio”, ou seja, as verdadeiras motivações para o Caminho. O primeiro passo na estrada é marcante e fundamental. Depois, tudo acontece, as emoções, os estímulos, as dores e as alegrias e tudo mais. Mais uma vez, não consigo deixar de fazer a analogia com a vida, também ela um “Caminho” que temos que fazer, com opções, medos e certezas. Temos que confiar, temos que acreditar em Nós, pois creio que somos o nosso melhor investimento. Se não o fizermos (acreditar em nós), ninguém o vai fazer, de forma genuína, por nós. Em ambos, no Caminhos e na Vida, temos dias bonitos e outros que nem tanto, temos dores e alegrias, lágrimas e sorrisos, consequência de factores externos diversos que interferem connosco e com as nossas vontades, assim como da nossa necessidade de ponderar e refletir. Inúmeras vezes somos tentados a desistir, entrando, aqui, a nossa capacidade de resiliência e de resistência à dor e à preguiça. A forma como vivenciamos esse momento faz de nós os seres humanos que somos hoje, dependendo da circunstância. Como uma vez de ensinou uma peregrina, “o difícil é escolher o Caminho a tomar” (tal como na Vida, o difícil são as escolhas) e tudo depende do momento e da circunstância em que nos encontramos. Este ano, por opção pessoal, irei fazer o caminho de Finnisterra (Caminho da Muerte, para uns, o Caminho da Fénix, para outros, o caminho do renascimento, no geral). De igual modo, este ano não irei sozinho, mas quem me acompanha este ano necessita de introdução. Para tal, temos feitos uns “treinos”, cingidos a trechos ou etapas do Caminho desde Viana do Castelo. Estas opções servem para enaltecer as vivências sentidas, aproveitando para relacionar

“Este ano, por opção pessoal, irei fazer o caminho de Finnisterra (Caminho da Muerte, para uns, o Caminho da Fénix, para outros, o caminho do renascimento, no geral). De igual modo, este ano não irei sozinho, mas quem me acompanha este ano necessita de introdução. Para tal, temos feitos uns “treinos”, cingidos a trechos ou etapas do Caminho desde Viana do Castelo. Estas opções servem para enaltecer as vivências sentidas, aproveitando para relacionar vivências pessoais, por via de partilhas que o momento do Caminho nos sugere. Em bom rigor, e ao longo destas etapas, equivale quase a um caminho, uma vez que já lá vão três troços feito, com tudo o que dele temos vivido e vivenciado.”

vivências pessoais, por via de partilhas que o momento do Caminho nos sugere. Em bom rigor, e ao longo destas etapas, equivale quase a um caminho, uma vez que já lá vão três troços feito, com tudo o que dele temos vivido e vivenciado. Não irei identificar estes novos amigos, direi apenas que são irmãos e darei o nome de “Ana” e “Fredo”. Em resumo, excelentes pessoas que muito me têm ensinado no Caminho, sem se aperceberem, mas a Vida é isso, certo?? Vivermos em partilha e não valorizamos o impacto (positivo e negativo) que exercemos nos outros e seguimos caminhando. Já fizemos as etapas de Viana do Castelo e até Vila Nova de Cerveira. Iremos continuar até Tuy e um pouco mais além. Também já fizemos a etapa de Caminha ao mosteiro de Oia (lindíssimo), com a travessia de barco, que deu para “treinar” as pernas em subidas e em terreno irregular, numa paisagem lindíssima. No resumo deste “exercício” todo, e considerando a opção de fazer o Caminho por etapas, conclui-se que esta opção permitiu identificar fragilidades físicas (que estão já em fase de correção) e repartição dos esforços e sentimentos. Deste modo, cada nova etapa permite valorizar mais e melhor a

envolvente exterior. Os caminhos abre-nos sempre o coração e com esse exercício, descobri que a “Ana” tem uma força interior muito forte, sendo um pilar e uma referência. Vejo nela a força que gostaria de ter. Mas nós somos para o que somos, com forças e fraquezas. Já o mano “Fredo” revela a força da juventude que sinto que estou a perder (se bem que os actuais 50 são os antigos 30, gosto dessa tese), mas um facto é que o corpo já não reage. Fazer o Caminho por etapas está a ser extremamente valioso e tenho a certeza que desta forma iremos apreciar mais e melhor, com transparência, o Caminho todo seguido (aí, o exercício será “carregar” as dores e as bolhas no dia seguinte, sem descanso). E termino como iniciei, dizendo que a verdadeira superação está no nosso interior. Depois do caminho feito, começa o verdadeiro exercício onde somos confrontados connosco, com o nosso real e temos que fazer as nossas opções de vida. E agora o que fazer com tudo isto que sei, e descobri de mim?? Essa é a verdadeira “magia” do Caminho, começa depois. A parte difícil do Caminho começa quando este termina (regressar ao normal) e termina apenas quando iniciamos o próximo Caminho (vivendo desprendido da Vida).

Nota: o presente texto não segue as normas do Acordo Ortográfico.

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jornal

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crónica » literatura

Os benefícios de escrever à mão

por Daniela Maciel dani18maciel@hotmail.com

“Numa altura em que a tecnologia ocupa um papel central nas nossas vidas, é importante relembrar que escrever à mão não é uma prática ultrapassada. Ela desempenha um papel benéfico na nossa saúde..”

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etembro está à porta e com ele o regresso às aulas. Milhares de crianças iniciam o seu percurso escolar com a aprendizagem da leitura e da escrita. Numa altura em que a tecnologia ocupa um papel central nas nossas vidas, é importante relembrar que escrever à mão não é uma prática ultrapassada. Ela desempenha um papel benéfico na nossa saúde. Venha então descobrir alguns dos benefícios de trocar o computador por papel e caneta: Aumenta a compreensão da aprendizagem Tomar notas num computador pode ser mais rápido e prático,

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mas alguns estudos indicam que anotações feitas à mão promovem melhores resultados escolares. Isto acontece porque, enquanto escreve à mão, o aluno precisa de prestar mais atenção à informação para selecionar os pontos mais importantes e, em seguida, escrever com as suas próprias palavras, ao invés de se limitar a transcrever o que o professor disse. Estimula a criatividade Escrever à mão permite pensar fora da caixa e expressar-nos fora da nossa rotina diária habitual. A nossa mente pode repetir inconscientemente as mesmas preocupações que nos atormentam. Contudo, ao transpor para papel, teremos


crónica » literatura

nosso cérebro se distraia de qualquer tarefa que estejamos a fazer. Desta forma, escrever à mão permitirá manter o foco e a concentração. A escrita manual auxilia ainda a definição de prioridades, dado que nos permite colocar em ordem os pensamentos, observálos sob vários prismas e facilitar o surgimento de conclusões. Estimula a memória e retarda o declínio mental Escrever ao computador atrasa a nossa memória e a capacidade de concentração. O ato de escrever algo em papel permite que o nosso cérebro mais facilmente se lembre dessa informação, dado que a escrita à mão exige mais atenção. Isto

menos tendência a escrever os mesmos pensamentos repetidas vezes. Assim, escrever à mão impele a nossa mente a caminhar em direção a novas e mais originais conclusões. Alivia a depressão e a ansiedade Escrever à mão abranda os nossos pensamentos e aumenta a sensação de calma. Quando nos sentimos tristes ou stressados, materializar os nossos pensamentos, escrevendoos numa folha de papel, pode ser uma excelente terapia. Isto ajudará também a ultrapassar alguns dos nossos medos e a reagir de forma mais calma a qualquer situação confusa. Além disso, escrever as nossas preocupações no papel permitenos analisar mais facilmente os problemas e encontrar melhores soluções. Aprimora o foco e ajuda a definir prioridades Quando escrevemos no computador estamos muito perto da Internet e do seu entretenimento interminável, logo é muito mais fácil que o

verifica-se porque uma atividade física, como escrever à mão, utiliza nervos e músculos de uma forma complexa, enviando informação sensorial ao nosso cérebro. Quanto mais complexa for essa informação, mais facilmente o cérebro se recorda dela. Assim, escrever à mão com regularidade mantém o nosso cérebro em forma. Em conclusão, escrever à mão é uma atividade importante que beneficia vários aspetos do nosso corpo e mente. É óbvio que não vamos deixar de usar o computador e o telemóvel, contudo podemos pegar num pequeno caderno e dedicar alguns minutos do nosso dia à escrita livre.

“Escrever ao computador atrasa a nossa memória e a capacidade de concentração. O ato de escrever algo em papel permite que o nosso cérebro mais facilmente se lembre dessa informação, dado que a escrita à mão exige mais atenção. Isto verifica-se porque uma atividade física, como escrever à mão, utiliza nervos e músculos de uma forma complexa, enviando informação sensorial ao nosso cérebro. Quanto mais complexa for essa informação, mais facilmente o cérebro se recorda dela. Assim, escrever à mão com regularidade mantém o nosso cérebro em forma.” jornal

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escrita » poesia

Tristeza

Tristeza

P

por Manuel Gomes Colaborador convidado

orque vieste tristeza, encher meu coração de mágoas. Tu me trouxeste tristeza, em vez de me ajudar, promete-me que nunca mais me farás ficar triste, por isso te peço tristeza vai para longe e não invadas o meu pobre coração. Perdi mais uma flor do meu eterno Jardim, adeus amigo Henrique, mais uma vez meu coração ficou a chorar, mas o que mais me dói é ver-te partir, e eu ao teu funeral ter que assistir. Ó! Que dor tão grande que não sei se vou resistir. Mas tudo farei, para não chorar, mas não sei se vou aguentar, todas as pessoas que deixas, esposa filha e filhos, família e amigos vão sentir a tua falta, mas sempre ouvir dizer, que Deus escreve direito por linhas tortas.

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Deus fez o que achou melhor para ti: porque meu amigo estavas a sofrer, e Deus não te queria ver sofrer, por isso te chamou para junto Dele! Descansa em paz meu amigo e pede ao Senhor pela tua família e amigos. Como todos nós sabemos não somos eternos neste mundo, apenas somos peregrinos a caminho da Pátria Celeste. Quando chegar a nossa hora, partiremos para o Pai, e de novo nos encontraremos na Pátria Celeste juntos de Deus Pai.

O meu coração está triste... E escuro como a noite; Hoje perdi mais uma: Das minhas eternas flores. Partiu para sempre... Jamais nos veremos; Nesta vida terrena: Adeus eterna flor. Deixaste muitas pessoas tristes... E com grandes saudades tuas; Deixaste esposa e filhas: Família e amigos. Mas tinha que ser assim... Porque foi assim que Deus quis: Adeus eterna flor? Até ao dia em que nos encontremos. Na Pátria celeste junto de Deus Pai. Adeus eterna flor... Partiste! Mas não deixarás de estar. Dentro do meu pobre coração. Autor: Santa Cruz (Diácono Manuel Gomes)


autarquia » apontamentos históricos

Durrães na vanguarda autárquica: parte VII

Boletim Autárquico de Durrães

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

E

m continuação do jornal anterior, debruçar-meei sobre o segundo Boletim Autárquico Nele, é sensibilizada a população para quando necessitar apresentar alguma questão na freguesia, ou solicitar informações de qualquer natureza, devem efetuá-la - porque têm direito de o fazer, dirigindo-se - às Assembleias de Freguesia. Também é apelado à população, quando tenham solicitado algum problema à Assembleia, e o mesmo não tenha sido resolvido, devem contactar de novo qualquer elemento da Assembleia inteirando-o do assunto não resolvido. Só assim será possível satisfazer os interesses da população.

Para o efeito, é manifestamente destacado que a Assembleia de Freguesia se congratula com “…a defesa dos interesses da freguesia e a promoção do bem-estar da população”. O Sr. Presidente da Assembleia, com a sua – característica - humildade, alude as limitações, a falta “…de experiência, quer literárias, quer jornalísticas da Assembleia”, todavia, não se sentem limitados para com dignidade levar a efeito o consagrado nas propostas do seu programa, ou seja, “… não haja quem desconheça o que se passa, referente ao interesse público”. Juntas de Paróquias O boletim ao reportar-se a um passado longínquo, fala das atas de Juntas de Paróquias, relativa ao ano 1884, sendo a junta constituída da seguinte forma: Presidente, João da Costa Pinheiro; vogais António Fernandes do Rio, Joaquim José de Faria, José Joaquim de Azevedo e António José dos Santos.

Sobre as contas, o Sr. António Luís Pinheiro diz que a Ata é escrita com uma caligrafia muito cuidada, ou seja, de fácil leitura: “Recebeu-se da derrama lançada por esta junta sobre a contribuição do Estado – predial e Industrial – com a percentagem de 97%, visto esta paróquia não ter mais rendimentos = 194.000 reis. Idem com aplicação a instrução primária, sendo a percentagem de 3% = 6.000 reis”. Anota que “…na despesa é referida a existência em cofre com aplicação ao cemitério paroquial, dos 194.000 reis”. A Junta de Paróquia também é administradora das Confrarias de Nossa Senhora do Rosário e do Menino de Deus. A receita de juros do capital de 132.000 reis da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, a render a 5% é de 6.600 reis, sendo esse dinheiro gasto numa “… missa cantada, com missas aos legados não cumpridos e com cera” no aniversário.

Do Menino de Deus é dito que o “…rendimento de juros do capital de 45.000 reis a 5% dá 2.250 reis, o qual foi gasto na totalidade com as missas aos legados não cumpridos, com uma missa rezada e com cera”. A título de curiosidade, vou apresentar despesas e receitas: • Ordenado ao Secretário: 12.000 reis • Expediente da Junta: 2.500 reis • Expediente do Regedor: 1.000 reis • Livro para contas da Junta: 370 reis • Lavagem e engomagem da roupa da Igreja: 1.200 reis • Plantas do cemitério: 9.000 reis • Com derrama paroquial: 9.500 reis • Planta de parte do passal, a expropriar para construção do cemitério: 5.500 reis. Dado o Secretário não pertencer à Junta, tinha vencimento.

jornal

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história » caminhos de ferro

(continuação do texto da edição anterior)

Governo convida engenheiro francês Mr Waltier

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

E

m sequência da edição anterior, continuo a debruçarme sobre as possíveis alternativas de vias de comunicação ferroviárias. Dado sentir-se1 carência de acessibilidades a Sul do Rio de Mondego, foi elaborado um minucioso estudo para que, com sentido responsável e evolucionista, colmatar as acrescidas deficiências da região. A Secretaria de Estado dos Negócios das Obras Públicas Comercio e Indústria, a 27 de novembro de 1902, propõe - em obediência ao decreto de 6 de outubro de 1898 - para que seja avaliado por Sua Majestade o referido trabalho. O troço de via de Cacilhas ao Barreiro já se encontra em

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construção. Também, nessa mesma data, foi aprovado o plano seguidamente apresentado; A linha do Sul de Cacilhas a Vila Real de Santo António: passa em Barreiro, Pinhal Novo, Casa Branca, Beja, Tunes, Faro e – de Faro a Vila Real de Santo António, linha ainda em construção –, Tavira; Linha férrea de Sesimbra, do Barreiro ou Seixal a Sesimbra; Linha férrea do Sado: de Pinhal Novo ou Poceirão a Garvão, passará em Setúbal, Alcácer, Grândola e Alvalade; Ramal de Sines: de Grândola ou Alvalade a Sines, passa em S. Tiago do Cacem; Linha férrea de Santa Ana: de Vendas Novas a Sant’Ana, passa por Coruche ainda em construção; Linha férrea de Évora: de Casa Branca a Elvas, passa por Évora, Estremoz, Borba e Vila Viçosa; Linha férrea de Ponte de Sor: de Évora a Ponte de Sor, passa por Arraiolos, Moura e Montargil; Linha férrea do Guadiana: Évora ao Pomarão, passa por Reguengos, Mourão, Moura e Pias ou Serpa ao Pomarão, passa por Aldeia Nova e Mina de S. Domingos; Linha férrea do Sueste: de Beja a Moura,

“Dado sentir-se carência de acessibilidades a Sul do Rio de Mondego, foi elaborado um minucioso estudo para que, com sentido responsável e evolucionista, colmatar as acrescidas deficiências da região. A Secretaria de Estado dos Negócios das Obras Públicas Comercio e Indústria, a 27 de novembro de 1902, propõe - em obediência ao decreto de 6 de outubro de 1898 - para que seja avaliado por Sua Majestade o referido trabalho.”

passa por Serpa e Pias; Linha do Baixo Alentejo: de Casével ou Garvão ao Pomarão, passa por Ourique, Almodôvar ou Castro Verde próximo de Mértola; Ramal de Portimão: de Tunes a Lagos passa por Silves e Portimão. A 3 2de janeiro de 1910 foi emitida uma portaria que anunciou a aprovação do projeto definitivo, bem como o respetivo orçamento do terceiro lanço com a extensão de 2,754 metros, e orçado em 540.000$000 reis como prolongamento da linha do sul do Barreiro a Cacilhas Finalizo, com um pouco de literatura inspirada no caminho de ferro de João de Lemos, extraída do livro “Cem Anos dos Caminhos de Ferro na Literatura Portuguesa: Como da campa na estância, se vão amigos de infância ou do tempo juvenil, como os prazeres de outrora se somem a cada hora, no desengano senil! E vamos, vamos depressa, Que nos apressa o carvão… Já se anda forrando a eça… Já se avista a estação!...

[1]

Pág. 620 a 636 do 3º. Fascículo do livro de Legislação de 1900 a 1902; e pág. 199 do livro de Legislação de 1899 a 1904.

[2]

Pág. 2 do livro de Legislação de 1910.


luto » sentidos pêsames

Tertúlia de luto

Sentidos pêsames para a família enlutada por Américo Manuel Santos americosantos1927@gmail.com

POESIA Setembro por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

Um carinho num corpo ou um beijo

D

e forma imprevisível Deus chamou a SI o Sr. Francisco Campos. A sua morte precipitada e inoportuna traduz momento de dor e de desconsolação para a família, o que nos leva, com sentido de pesar endereçar as respetivas condolências à família enlutada Rendemo-nos: É, seguramente, uma perda enorme para a sua estimada família, e sentida para os mais próximos, de igual modo para nós companheiros e amigos - especialmente - nos regulares encontros da tertúlia. Sobre o Sr. Francisco será digno assinalar, que a sua postura vivenciada, definimo-la como homem bom e humilde, transladando sincera amizade. A reconhecida e lamentada partida do Sr. Francisco diligenciou uma dominante saudade aliada a um estremecimento do foro mental na sua esposa e filha porque, a permanente ausência de um ente-querido amado, não é fácil, nem bem aceite. Fervorosamente rogamos a Deus a sua infinita misericórdia É digno assinalar, que o nosso amigo Francisco integrava com brio e alegria a nossa tertúlia semanal sediada em Barroselas. Sendo ainda, leitor ativo do jornal “O Vale do Neiva”.

Eu preciso de um amor Pois eu morro de desejo Bonita, feia, o que for Para um carinho no corpo ou um beijo Eu preciso de dar carinho E deixar esta solidão Estou farto de amar sozinho Seja quem for, não digo que não

“É, seguramente, uma perda enorme para a sua estimada família, e sentida para os mais próximos, de igual modo para nós companheiros e amigos - especialmente - nos regulares encontros da tertúlia. ”

Só para satisfazer este desejo Que eu tenho de amar Com um carinho no corpo ou um beijo Estou farto de imaginar

A finalizar, dir-se-á que a precoce partida, nos conduz a uma séria reflexão sobre o sentido da vida. Associamo-nos, pois, à família na sua dor e perda. Prezado leitor, esta mensagem, traduz o sentimento dos restantes elementos da Tertúlia. Paz à sua alma.

Ao fim do dia sem nada Fica apenas o desejo Sem ter uma pessoa amada Para dar um carinho num corpo ou um beijo

A Tertúlia

jornal

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religião » biografia

Extratos da vida de Maria da Conceição Pinto Rocha

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

N

a 1edição 86 de junho, abordei a importância do coração e da sensibilidade do cérebro a nível geral e em particular relativamente a Maria da Conceição. Neste artigo, limitar-me-ei nuns apontamentos. A ciência ensinou-nos que se se tirar os hemisférios cerebrais a alguém, esse ser torna-se insensível. Além de outros, deixa de sentir a dor, porém o coração mantémse em funcionamento permitindo a normal circulação sanguínea no organismo. Convenhamos dizer, que o mundo de hoje não é paradigma, porque, embora os sentimentos estejam ativos, não o demonstram, digamos: estão apáticos e vivem

encharcados, ignorando a mundividência. Todavia, em Maria da Conceição, todos os seus amorosos sentimentos estiveram sempre ativos, e no seu máximo expoente. Pelo suprarreferido, e também de acordo com tudo o que tenho no passado escrito, forçosamente leva-me a recapitular importantes valores que Deus concedeu a Maria da Conceição Pinto da Rocha a “Serva de Deus”. Deus ao estar presente, acompanha o trabalho, o empenho e o amor por quem está com Ele envolto na luta pela conversão, e obviamente pela paz. Com confiança, acrescentarei que a humildade e o empenho de bem-fazer de Maria da Conceição, leva-a sem dúvida alguma a cativar Deus e o ser humano, certamente é um exemplo de vida, de qualificação perdurável distinta e digna. Fazendo jus ao referido, direi que o elevado sentido ético possuído pela “Serva de Deus”, sintonizado com a dimensão do seu coração, promove uma

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inigualável grandeza Espiritual. Também, por ser portadora de tais multiplicáveis atributos, o seu bondoso coração é ativado, desmultiplicando-se para a todos amar. O bom coeficiente da inteligência emocional ‘alude positivismo e uma salutar sanidade Espiritual’, portanto: fazer hoje, porque se pode fazer hoje, e se quer fazer hoje, é o sinal positivo do que se pode fazer hoje, considerando serem essas as prioridades de hoje. Porquanto, a viver e a agir, Óscar Wild, diz que “Viver é uma coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe”. A referência supracitada é fundamental para um trabalho produtivo e proveitoso efetuado em diversos níveis. Relembremonos que Deus, concedeu a Maria da Conceição força 1

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mobilizadora proporcional ao raio de ação da sua sagrada missão. Essa força, revitalizava-se na razão de viver, por outro lado, tinha plena consciência de como se vive e dos que “apenas existe”. Prezado leitor, é esta a dimensão Espiritual instalada no seu todo em Maria da Conceição. Nem todo ser humano privilegia o mesmo talento, a mesma paixão, o mesmo amor e o mesmo sentir. São relíquias sentidas, que toca no talento e tamanho do seu coração, o qual, envolve assinalável dimensão. Finalizo com a alma de Maria da Conceição a aclamar Deus: “As Obras de Deus só são dignas d’Ele se as fizermos em Deus, por Ele só, sem caprichos, nem vaidades, nem ostentações de nós mesmos”.

Pág.12 a 14 do livro “A Moral” nas suas relações com “A Medicina e a Higiene”



conhecimento » mitos e lendas

Lua Cheia U por Fernando Fernandes fjfernandes1975@gmail.com

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m dos mais famosos videoclipe de música de todos os tempos, mostra o já malogrado Michael Jackson a sair do cinema com a sua namorada após ver um filme de terror. Mas não é da sua transformação na rua de que estamos a falar, mas sim a que acontece no decorrer da película. Grande juba de pelo, dentes caninos enormes e, a sempre magnífica lua cheia. Sem dúvida de que já se aperceberam quem estamos a tentar retratar; o Lobisomem. No folclore Europeu, esta criatura que se transforma em metade Homem metade Lobo, tem esta capacidade ou, devido a uma maldição, normalmente a dentada ou arranhadela de outro Lobisomem, ou apenas devido

“No folclore Europeu, esta criatura que se transforma em metade Homem metade Lobo, tem esta capacidade ou, devido a uma maldição, normalmente a dentada ou arranhadela de outro Lobisomem, ou apenas devido a fatores genéticos. O termo Licantropia, aparece relatado pela primeira vez por Petronius, um romano que viveu na época do Imperador Nero. Durante a expansão deste conceito na Idade Medieval, este foi muitas das vezes colocado em paralelo com o fenómeno da caça às Bruxas. O mais notável de todos, foi o de Peter Stumpp em 1589, um assassino em serie de origem Germânica, que foi julgado e condenado de se transformar num Lobisomem, além de bruxaria e canibalismo.”

a fatores genéticos. O termo Licantropia, aparece relatado pela primeira vez por Petronius, um romano que viveu na época do Imperador Nero. Durante a expansão deste conceito na Idade Medieval, este foi muitas das vezes colocado em paralelo com o fenómeno da caça às Bruxas. O mais notável de todos, foi o de Peter Stumpp em 1589, um assassino em serie de origem Germânica, que foi julgado e condenado de se transformar num Lobisomem, além de bruxaria e canibalismo. Este evento levou a um significativo aumento do interesse por parte das populações relativamente à perseguição deste supostos Lobisomens, muito em particular os falantes das línguas Francófonas e Germânicas. A longa persistência destes acontecimentos foi notada, sobretudo, nas regiões pertencentes à Baviera e Áustria. É apenas a partir do século 19 que o mito ganha contornos grandiosos. Nasce a crença de que os Lobisomens podem ser mortos com balas especiais de prata. Principalmente com os livros escritos por vários autores que começaram a divulgar a crença de que estes seres poderiam, eventualmente, ser reais. Em 1935, o filme Um Lobisomem em Londres faz uma primeira abordagem na Sétima Arte mas a explosão ocorre em 1941 com o filme “O Homem Lobo” realizado por George Waggner mostra uma caracterização mais fiel da aparência da criatura. Mais recentemente as sagas Underworld e Crepúsculo tornam a figura do Lobisomem completamente Universal onde a luta predominante contra os Vampiros torna o enredo ainda mais interessante do ponto de vista do leitor/espetador. Portanto, se avistarem alguém estranho nas redondezas e ao olharem para cima, virem a magnifica lua cheia, pode ser um mau sinal.


crónica » o despesismo

O Portugal do despesismo

por Américo Manuel Santos americosantos1927@gmail.com

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xiste um fenómeno atualmente em Portugal que é, programas e reportagens despesistas estas últimas em programas de informação. Por exemplo os dois canais privados têm no verão reportagens onde dois jornalistas vão “provar” comidas por todo o país, eu, por exemplo acho esse tipo de reportagens “quase” ofensivas. Eu sou pobre e recebo o rendimento social de inserção e depois de gastar

o dinheiro das despesas da casa fico com pouco dinheiro para comer (se não fosse o banco alimentar possivelmente até passava fome, o que felizmente nunca aconteceu). Assim podem ver como eu abomino reportagens com jornalistas a comer em restaurantes e casas regionais de comida regional que por razões monetárias nunca poderia frequentar (e muito menos tenho dinheiro para as viagens para visitar os locais onde os ditos restaurantes se situam). E para não dizerem que só vejo as coisas más e, ao contrário dos canais privados, o canal público tem um programa chamado “estrada nacional” mais ao menos com o mesmo formato, mostra um ator conhecido a viajar pelas estradas nacionais e pelo

“Para mim é como se estivessem a gozar com o português pobre e sem dinheiro ou então é para o pôr a sonhar para ele se esquecer dos verdadeiros problemas do país e da sua pobreza.”.

caminho vai divulgando os produtos nacionais incluindo também produtos alimentares regionais, mas neste programa não há ninguém a comer ou a provar comida, apenas divulga os produtos nacionais como um canal púbico tem a obrigação de fazer. E também no canal público e nos programas de informação uma reportagem chamada “volta

de verão” divulga os locais e os produtos alimentares, mas sempre como uma reportagem normal de divulgação de locais e produtos nacionais. Outro programa que me chateia chama-se “querido mudei a casa”. Uma pessoa com uma casa aparentemente normal (quando muito está mal decorada) é decorada e arranjada. Ora eu vivo num prédio com mais de setenta anos com a canalização toda podre com os canos podres e com muitas infiltrações que me deixaram o teto da minha casa de banho com o teto preto e a cair que o senhorio se recusa a arranjar, portanto como devem compreender um programa que “arranja” uma casa que não necessita de arranjos só o posso considerar despesista Para concluir digo, Portugal é um país pobre, há pessoas que passam fome e outras que vivem em casas pobres (algumas até não estão pintadas com o tijolo a ver-se (isto é, quando não vivem mesmo em barracas). Por estas razões é que eu acho que programas a arranjar casas que não precisam de arranjo e jornalistas a comer em restaurantes por luxo ou para dar conhecimento dos mesmos é um despesismo que os canais privados com muito dinheiro fazem. Para mim é como se estivessem a gozar com o português pobre e sem dinheiro ou então é para o pôr a sonhar para ele se esquecer dos verdadeiros problemas do país e da sua pobreza. jornal

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teatro popular » auto da floripes

“Turcos e Cristãos impõem o cumprimento da tradição!”

por Pedro Rego Núcleo Promotor do Auto da Floripes

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aros associados, colaboradores e amigos: Turcos e Cristãos impõem o cumprimento da tradição! No passado dia 5 de agosto, o Largo das Neves voltou a ser o palco do Auto da Floripes, tradição multissecular que une as freguesias de Barroselas, Mujães e Vila de Punhe. Para deleite e orgulho da comunidade, o auto popular das Neves proporcionouse como um ponto de encontro, reforçou o sentimento de pertença e constituiu um momento de celebração da comunidade.

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Por iniciativa, responsabilidade e dispêndios totais do Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de agosto, as “Comédias das Neves” regressaram, de corpo e alma, ao Largo das Neves. Condicionados pela pandemia, é certo, mas com todo o vigor e bem firmes e verdadeiros! Dado o contexto, o regresso da representação ao seu dia e ao seu lugar predileto poderá ser apelidado de memorável e recordado futuramente como uma representação muito especial. Só possível de cumprir, por haver querer, paixão e responsabilidade na coletividade e nos comediantes. No cumprimento deste desígnio, evitou-se um hiato

“No cumprimento deste desígnio, evitou-se um hiato na tradição, ao mesmo tempo que foi saciada a alma das gentes da Terra e se promoveu a mobilização do elenco. A par disso, foi deixado o sinal de que a comunidade, mesmo perante situações adversas, sabe adaptar-se e reinventar-se. Este esforço adicional para a salvaguarda do Auto da Floripes, enquanto património, traduz-se numa homenagem aos comediantes de hoje e de outrora, bem como numa mensagem e num exemplo inspirador para as gerações vindouras. As gentes da Terra gostaram e reconheceram o esforço. Compareceram e viveram o Auto da Floripes.”

na tradição, ao mesmo tempo que foi saciada a alma das gentes da Terra e se promoveu a mobilização do elenco. A par disso, foi deixado o sinal de que a comunidade, mesmo perante situações adversas, sabe adaptarse e reinventar-se. Este esforço adicional para a salvaguarda do Auto da Floripes, enquanto património, traduz-se numa homenagem aos comediantes de hoje e de outrora, bem como numa mensagem e num exemplo inspirador para as gerações vindouras. As gentes da Terra gostaram e reconheceram o esforço. Compareceram e viveram o Auto da Floripes. Sentiram, riram e aplaudiram as lutas, as danças e as loas. O público, curioso sobre a nova Floripes e o seu vestido, esteve atento ao duelo entre Ferrabraz e Oliveiros, vibrou ao ritmo da contradança e aguardou pelas lutas finais que, a par do Brutamontes, lhe sacou muitas e boas gargalhadas. O Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de agosto agradece à Câmara Municipal de Viana do Castelo e às autarquias de Barroselas e Carvoeiro, Mujães e Vila de Punhe por terem marcado presença e colaborado com a organização da iniciativa, bem como à Comissão de Festas. De parabéns está, também, a Banda Nova de Barroselas, uma vez que a contradança voltou ao Largo das Neves pela sua boa vontade. O Auto da Floripes ganhou com este importante contributo e os espetadores vibraram ao som do hino local. Ser da mesma comunidade é mesmo isto: estarmos juntos e cooperar. Gratos pelo apoio! Continuaremos a dar o nosso melhor para honrar a tradição e merecer a vossa confiança.


decoração » peças de murano

Murano, beleza em vidro

por Eliza Sousa elizafssouza@gmail.com Publicitária e Empresária

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través de delicados movimentos manuais e do sopro é possível fazer peças tão elegantemente usadas nos mais diversos interiores. As peças Di Murano, baseadas em uma tradicional técnica artesanal italiana, são conhecidas pelas cores e pelo design exclusivo, além de valorizar o ambiente e com possibilidade de ser utilizadas em qualquer espaço. Por se tratar de uma técnica artesanal, os trabalhos finalizados se tornam exclusivos e acabam se transformando em verdadeiras obras de arte. O estilo clássico das peças se adapta a qualquer estilo de decoração e nos mais diversos tipos de

espaço. A técnica Di Murano nasceu ainda no século XV, quando autoridades de Veneza confinaram vidreiros na Ilha de Murano, com receio de que o segredo da composição do vidro e da técnica de fabricação pudesse ser espalhada pelo mundo. Outro medo era de que o manuseio do fogo gerado por fornos rudimentares pudesse incendiar a cidade. A expressão “Di Murano” nasceu a partir do momento em que os vidreiros da ilha iam distribuindo seus produtos pelo resto do mundo. Para a fundição, são utilizados a areia de quartzo e mais oito componentes, misturados sob um calor de mais de 1.400 ºC. Dessa composição, resulta uma massa viscosa de cristal transparente utilizado nas peças. O próximo passo é extrair a massa através do instrumento denominado cana de assopro. A partir de então, o artesão passa a manipular a peça (isso sob um calor de 1.250 ºC). O processo demora entre 20 e 40 minutos. Depois disso, o produto é burilado – são mais

“As peças Di Murano, baseadas em uma tradicional técnica artesanal italiana, são conhecidas pelas cores e pelo design exclusivo, além de valorizar o ambiente e com possibilidade de ser utilizadas em qualquer espaço. Por se tratar de uma técnica artesanal, os trabalhos finalizados se tornam exclusivos e acabam se transformando em verdadeiras obras de arte.”

quatro horas de trabalho. A concepção artesanal da arte em vidro era algo limitado apenas a algumas famílias tradicionais. A técnica secreta era transmitida através de gerações. Ainda hoje é possível encontrar descendentes de pioneiros exilados na ilha de Murano para que não possa espalhar o segredo. Desde os primórdios, a própria forma do sopro que permite desenhar as peças foi aperfeiçoada, tornando os vasos cada vez mais belos. Provavelmente a perfeição foi resultado de uma disputa entre as casas produtoras. A criatividade e o aperfeiçoamento que torna o principiante um grande mestre. No Brasil a técnica chegou ao nosso país na década de 1950 através do trabalho dos irmãos mestres-vidreiros Antônio Carlos e Paulo Molinari. Na época, tinham apenas 11 e 8 anos de idade, respectivamente. Aprenderam a técnica Di Murano com outro mestrevidreiro, o italiano Aldo Bonora. As peças foram desenvolvidas inicialmente na fábrica Cristais São Marcos, fundada em 1962 na cidade de Poços de Caldas, em Minas Gerais (BR). A empresa é a maior na fabricação de vidros artesanais da América Latina. Antônio Carlos e Paulo Molinari são netos de imigrantes italianos, que habitavam a região desde o século XIX, com a expansão da cultura cafeeira. O primeiro negócio de família tratava-se de uma fábrica de vinhos e aguardentes fundada pelo pai, Antônio Molinari. O contato inicial com a técnica do vidro ocorreu após a vinda de Aldo Bonora, natural de Murano, que decidiu se fixar na região juntamente com sua mulher, Maria. Bonora também montou uma fábrica para produzir suas peças com a técnica que aprendeu na Itália. Até hoje os irmãos se dedicam na produção artesanal de peças de vidro Di Murano, através do selo Molinari Design, fabricados pela Cristais São Marcos. jornal

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cinema » sugestão ao leitor

O jogo no cinema

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

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enso que não existe qualquer dúvida, que o jogo é uma atividade ou um compósito, que de maneira transversal já foi postulado por todos, com mais incidência na infância e na juventude, ao qual nessa aquiescência irredutível, suscitou nos seus apaniguados o túmido

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interesse, produzindo para os devidos efeitos, o inevitável élan, o vicio, a acutilância, o espírito competitivo e o gáudio, incentivado pela sua característica divertida, garbosa e aliciante. Eu que em tempos já fui considerado um exímio praticante de jogos de tabuleiro e ficcionais, tipo treinador de futebol em PC, sei muito bem que o jogo é um fenómeno heterogéneo, que vai mais além do que a sua diapasão recreativa e fruitiva, que impele os seres humanos, à rivalidade, ao despique, à supremacia e à adrenalina, seja pela intencionalidade relacionada

com o desporto, necessidades intrínsecas e saudáveis, por objetivos de grande alcance, por persecuções de índole económica, por egomania e pretensiosismo, por âmbitos meramente difusos ou supersticiosos, ou então detonado por laivos tétricos de crueldade. É precisamente neste prisma, que o cinema revela aos seus entusiastas, um jogo que encarne sem freios, uma compleição subjetiva, vibrante, excêntrica, inóspita, complexa e inusitada, que torna esse exercício determinante, para as personagens cruciais da trama, na sua inserção irremediável a esse pleito. A conjugação desses

“A conjugação desses fatores, fazem os intervenientes, vacilar perante o turbilhão de emoções que o jogo confere, manifestando sensações indiscritíveis, aquilatado pela intensidade que se compagina, na alusão compulsiva a um estado de deleite e obstinação, e á subsequente tensão e suplicio. ”


cinema » sugestão ao leitor

fatores, fazem os intervenientes, vacilar perante o turbilhão de emoções que o jogo confere, manifestando sensações indiscritíveis, aquilatado pela intensidade que se compagina, na alusão compulsiva a um estado de deleite e obstinação, e à subsequente tensão e suplicio. Em face dessa cadência ardilosa e sinuosa, que o jogo fornece aos seus participantes, sejam por implicações exógenas ou endógenas, recomendo alguns filmes, que espelham essa densa faceta, e que vão ao encontro das interjeições duma franja considerável de cinéfilos. A Vida é um Jogo, de 1961 é um filme dramático, que por linhas tortas dá uma machadada moral, a quem é obcecado por o jogo seja ele qual for, numa ótica de querer triunfar a qualquer custo, fazendo disso um cavalo de batalha, descurando outros aspetos essenciais da vida, principalmente degenerando o relacionamento, com aqueles que são mais próximos e mais íntimos. Esse aforismo caí como uma luva, na presunção indefetível de Eddie Felson, um mercenário que tem como hobby o jogo de snooker e ao mesmo tempo fazendo desse entretinimento de saloon, o seu único meio de subsistência. Dotado de uma habilidade nata, para essa função, ganha dinheiro a rodos, graças a apostas descomunais e consequentes vitórias inequívocas, sendo já famoso na Califórnia, com o epiteto de Eddie o rápido. Mas o introito do filme, realça à sua chegada a uma das cidades do Estado de Kentucky, acompanhado do seu agente Charlie, com o escopo de encontrarem o ínclito Minnesota Fats, que está rotulado como uns dos melhores praticantes de snooker, com o intuito de se travar um desafio entre os dois colossos. Depois de tanto xurdir, Eddie acaba por achar Fats, iniciando ambos um confronto inolvidável, que vai pela noite

dentro, numa primeira fase Eddie ainda põem em sentido Fats, num jogo taco a taco, mas com cair da noite, Eddie deita tudo a perder, devido ao seu excesso de confiança, despautério e inclinação gangrenosa para as bebidas alcoólicas, claudicando no cair do pano, sendo derrotado sem apelo e nem agravo, por Fats, gerando a indignação de Charlie, e o olhar atento e sinistro do ex-jogador Bert Gordon. No rescaldo desse marcante jogo, Eddie tem o ensejo de conhecer a solitária e frustrada Sarah, que padece do mesmo handicap de Eddie, no que toca ao alcoolismo invertebrado. Tendo essa pecha em comum, dá se origem a um relacionamento amoroso, ligeiramente nubloso, ao qual não se vislumbra grande futuro, para os dois. Porém num inaudito dia, o agente Bert Gordon faz uma proposta pífia a Eddie, com o desiderato de o inscrever num torneio de snooker, onde Minnesota Fats é o cabeça de cartaz, acabando por este aceitar o repto, pois a competição pode significar um bom vaticínio para lançar a sua carreia. Só que a atitude intrigante e insidiosa de Bert Gordon com Sarah, no decorrer do torneio, vai acicatar o mal-estar no imberbe casal, com consequências trágicas, no preciso momento que antecede a aguardada final entre Eddie e Fats. O Jogo, de 1997 - é um filme de suspense empolgante, que gira à volta da sorumbática personagem Nicholas Van Orton, um abastado banqueiro, que por breves instantes fez lembrar a célebre figura taciturna Ebenezer Scrooge, da lendária obra de Charles Dickens “Um Conto de Natal”, só que no caso específico de Nicholas, essa eventual terapia de choque, vai ser fomentada por um jogo enigmático, de contornos desconhecidos, mas imbuído numa mantra incisiva, tonitruante e retumbante. É nessa ecologia, que Nicholas é lampejado por

“A vida é um jogo” de Robert Rossen 1961

“É precisamente nessa ecologia que este filme se refere, à entediante vida, do idoso solitário e sem família Fredericksen, um homem taciturno e de semblante carcomido, que remói as reminiscências do passado, designadamente a nostalgia da vida que tinha com a sua mulher, que faleceu precocemente e ao qual nunca conseguiu superar essa grave fatalidade.”

uma surpreendente prenda de aniversário, oferecida pelo seu irmão Conrad, com quem mantêm uma ligação dedálea, com atritos frequentes, mas que apesar dessa constatação Conrad vê nessa oferenda, uma franca possibilidade, de o seu irmão tornar se uma pessoa mais humana, menos bisonha e calculista. Essa inextricável lembrança, é uma espécie de jogo megalómano, criado por uma empresa sofisticada, apelidada de Consumer Recreation Services (CRS), que deixa claramente curioso Nicholas. Após aquele almoço, de Nicholas com o seu irmão Conrad, de cariz enxuto, à noite no recato da sua solidão, Nicholas remoí com remorsos o que correu mal no casamento, com a sua exmulher, e os desabridos traumas inerentes ao suicídio inopinado do seu Pai, aumentando a sua evidente amargura, não tendo outra alternativa, senão aderir explicitamente ao arrevesado jogo. Irrevogavelmente inscrito nesse jogo, Nicholas é averbado por uma mistela de peripécias inomináveis e funestas, que começam se a gizar, num contacto confuso que estabelece (continuação na página seguinte)

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jornal

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cinema » sugestão ao leitor

“O jogo” de David Fincher 1997

com a misteriosa Christine, uma garçonete, que provoca um ligeiro incidente com Nicholas, no restaurante onde labora. Medrado por uma dimensão gigantesca, o jogo recrudesce de modo devastador e arrepiante, que deixa dia para dia, Nicholas cada vez mais alarvado e desesperado, com sucessivos percalços a patentear se em catadupa, atingindo o zénite, com a conspurcadora simulação de tentativa de assassinato e desfalque da sua conta bancária, que transparece que está tudo contra ele, associados a uma enorme conspiração. Porém num esmerado dia, ele deteta num café, que o funcionário da CRS que lhe fez o inquérito, não passa de um ator contratado para esse fim, podendo ser a chave fundamental para desmascarar esse carbúnculo jogo. O Jogo da Apanhada, de 2018 - é um filme de comédia entretido, que deixa no ar, um apelo à manutenção perene e inquebrável, das amizades que se estreitam na infância ou na juventude, e por isso as reminiscências de um jogo, duma efeméride, duma comemoração, pode ser um elo nevrálgico, para que esses laços não se diluam ao longo do tempo. Portanto este filme baseado em fatos verídicos, não podia ser mais ilustrativo, quanto à robustez dessa união entre os cinco amigos, terçando uma ligação de 30 anos, por força da protuberância de um

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jogo, que os faz manter ativos, compenetrados e sempre a postos. No que se refere ao enredo do filme, as personagens Hogan, Callahan, Chilli, Sable e Jerry, já na casa dos 40 anos, jogam à apanhada, uma vez por ano, durante o mês de maio, com a mesma vitalidade, puerilidade, empenho, como ainda tivessem 10 anos, sem qualquer pejo, nem rebuço, abalroando se uns aos outros, de maneira estrepitosa e contumaz, usando as manobras mais rocambolescas. Não obstante cada um ter a sua vida, Hogan o mais entusiasta de todos, vem a terreiro, abrir as hostilidades, sem deixar passar em branco essa pertinente tradição, procurando os seus camaradas, nos locais mais improváveis, imprimindo se de forma tácita e natural, a fragorosa liça, de quem caça e de quem foge a sete pés. Mas para acicatar ainda mais o desejo perseverante, presente na trajetória deste alegórico divertimento, está implícito a brutal dificuldade em apanhar o émulo Jerry, ao qual os outros

“Jogo da Apanhada” de Jeff Tomsic 2018

“(...) este filme baseado em fatos verídicos, não podia ser mais ilustrativo, quanto á robustez dessa união entre os cinco amigos, (...), por força da protuberância de um jogo, que os faz manter ativos (...).”

quatro intervenientes coligados, em 30 anos de contenda, nunca lograram alcançar esse objetivo. Ao tomar conhecimento, que Jerry vai casar no flamejante mês de maio, Hogan hiperbolizado com essa novidade, vê nesse enlace uma oportunidade única, de vencer uma vez por todas Jerry, contado com o apoio inestimável dos restantes quejandos, no peregrino regresso às suas origens, onde Jerry vai dar o nó definitivo. Mas apesar dos preparativos exigidos pelo protocolo, mesmo assim Jerry não vai tornar as coisas fáceis, desvencilhando se com a sua habitual astúcia e genica, deixando de candeias às avessas os seus colegas, quando lhes escapa entre os dedos. Toda esta propensão semântica, que é de tal ordem ciclópica e infrene, atraí a atenção da mitra Jornalista do Wall Street Journal, que segue o desenlace, com um misto de cinismo e perplexidade, em simultâneo com os familiares e autóctones do sitio, que disfrutam deste passatempo endémico, sendo testemunhas unívocas


cinema » sugestão ao leitor

desse jogo, especialmente preconizado por o delírio excitante da mulher de Hogan, e a aparição da leniente Cheryl, que no passado, condensava com Callahan e Chilli, um triangulo amoroso circunstancial. Com tudo isto somado, é notório que este jogo será o último, mas com fortes probabilidades de ser o mais cativante de todos. Ready Or Not, de 2019 - é um filme de índole trágico, legiferado por um ditame mórbido e

sobrenatural, que se desenha através de uma chancela, em formato jogo, perpetuando se por várias gerações, e que assombra com uma descarte pungente a família Le Domas, estando nas mãos desse rito, para manterem a sua vida faustosa e a própria sobrevivência. Esse aparatoso e sádico ritual, advêm do Bisavó do Patriarca da família Tony Le Doma, que fez um acordo profano com o Srº Le Dail, ficando imediatamente rico, ao

“(...) é um filme de índole trágico, legiferado por um ditame mórbido e sobrenatural, que se desenha através de uma chancela, em formato jogo, perpetuando se por várias gerações, e que assombra com uma descarte pungente a família Le Domas, estando nas mãos desse rito, para manterem a sua vida faustosa e a própria sobrevivência.”

“Ready or Not” de Matt Bettinelli-Olpin, Tyler Gillett 2019

desvendar o conteúdo de um sombrio artefacto, mas com uma contrapartida imutável, designadamente sufragar o cumprimento escrupuloso das veleidades desse jogo, num cenário tipo “roleta russa” de proporções atrabiliárias e execráveis, tendo que ser jogado à meia-noite, cada vez que um elemento novo, se junta ao seio familiar. Quem vai ter que lidar com este lastro ominoso, vai ser a heroína recém-casada Grace, que após desposar com Alex Le Doma, numa cerimónia com pompa e circunstância, cede à enraizada tradição, de jogar ao dito cujo, à meia-noite, na presença de toda a família, numa supina sala, minuciosamente estipulada para esse desígnio. A maioria das cartas disponíveis no baralho, desse macabro jogo, evidenciaram no passado uma expressão delicodoce, exceto uma carta, que deixou marcas insanáveis e profundas, na veterana Helene Le Doma, uma mulher com um traço de personalidade sardónico e ressabiado. Ao retirar a carta, no âmbito dessa praxe, saí a mais exicial de todas, apelidado pelo eufemístico “Jogo da Escondida”, em que o contemplado tem que se esconder nas imediações ou no interior da mansão, até ao amanhecer, antes que seja achada por os restantes elementos da família, numa senda de perseguição incessante. O que Grace desconhece, é que os seus antagónicos familiares, estão incumbidos de a jugular, senão também tem a sua vida por um fio, se não forem bem-sucedidos nessa tarefa. Numa primeira fase Alex, prostrado com esse tremendo azar, consegue num rasgo fulminante avisar a sua consorte no interlúdio do enleio, ficando Grace automaticamente siderada e chocada, com a dantesca realidade. Assim sendo ela vai ter que fazer valer toda sua intrepidez e irreverencia, para nocautear a maldição desse oráculo soez. jornal

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saúde » benefícios da beldroega

Beldroegas, a erva daninha que faz bem à saúde O por Francisco Porto Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

tema de hoje pode ser um pouco controverso, do ponto de vista social e dos hábitos das pessoas, acreditando que possa ser complicado de aceitar. Mas fica o desafio. Irei dedicar tempo a escrever o que, para uns, é um requinte da gastronomia mediterrânea e, para outros, uma erva daninha, vista como uma praga, mas que tão bem faz à saúde. O consumo desta planta contribui para a prevenção a um conjunto de doenças oportunistas e reforça o nosso organismo, facto é evidenciado pelo Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável(1). Agora, esta evidência recorda-me aos tempos de criança em que via o programa

(https://nutrimento.pt/noticias/beldroegas-bem-mais-que-uma-erva-daninha/ (www.tuasaude.com/beneficios-da-beldroega/) (3) (https://nutrimento.pt/noticias/beldroegas-bem-mais-que-uma-erva-daninha/) (1) (2)

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“O consumo desta planta contribui para a prevenção a um conjunto de doenças oportunistas e reforça o nosso organismo, facto é evidenciado pelo Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável. ”

do Fernando Peça onde ele, com o seu charme habitual, terminava sempre com “e esta, hein??”. Pois é, quem diria que o potencial das beldroegas se revela ser uma riquíssima fonte de ómega-3 (atenção para os vegetarianos, sendo uma boa alternativa), actuando como prevenção para tratamento de problemas cardiovasculares e ajuda para o controlo do colesterol total. Acresce que a plana é rica em vitaminas A e C, mais rica em magnésio, ferro, cálcio e fósforo, com propriedades diuréticas (ajuda em problemas de retenção de líquidos). São uma das maiores fontes vegetais de ácidos gordos ómega-3, podendo contribuir, a


saúde » benefícios da beldroega

par de uma alimentação saudável, para um menor risco de doença cardiovascular, o que dota a beldroega de uma elevada riqueza nutricional. Os mais antigos, na “mouraria” (sul do país) também usam para minimizar problemas de vómitos, diarreias e hemorroidas, aplicando o uso das folhas verdes diretamente na pele para aliviar picadas de insectos. Em caso de curiosidade sugiro a consulta da fonte da tabela anexa(2). Agora, é um facto que há, nesta planta, um “potencial” de prevenção para eventuais situações complicadas de saúde que não me parece que sejam de desprezar, ficando à consideração das pessoas interessas. Que mais posso adiantar que me tenha sugerido este artigo? Entre os muitos predicados que possuo, esclareço que sou um “mouro”, recentemente mudado para o Minho, vegetariano por opção. Uma pessoa energética, peregrino e caminhante, que pratica vários desportos (corrida e natação) ao qual junto o Yôga. Com a minha mudança estratégica para o norte, encontrei, por acidente, estas plantas magníficas e fiquei deliciado. A surpresa é que aqui não valorizam esta planta, consideram uma praga, sendo um alimento dado aos animais (também precisam de ser bem alimentados, é um facto). Como não há procura, tratei logo de plantar em casa porque, modéstia à parte, faço uma fantástica sopa de beldroegas (receita alentejana simples e de preguiçoso, que aprendi com a família Blanco, homenagem seja feita) e que recomendo. Por invenção minha (após diversas leituras), arrisquei em usar, também, em diversos outros pratos, cozinhadas ou em cru, juntando em saladas, ficando uma verdadeira delícia e potenciando um tema de conversa à mesa. De forma sucinta, a beldroegas (de seu nome Portulaca oleracea L.) é originária do Médio

“De forma sucinta, a beldroegas (de seu nome Portulaca oleracea L.) é originária do Médio Oriente. Recorrente na região do Alentejo e Algarve, é um recurso natural do mundo mediterrânico, ao contrário do que acontece no norte de Portugal, consideradas uma erva daninha. Esta planta tem umas folhas pequenas, viçosas e suculentas, e um sabor ligeiramente ácido. O seu tronco é delicioso (faz lembras as azedas, quando era pequeno), sendo também comestíveis (aplico até onde posso partir com os dedos, à semelhança dos espargos). É uma planta rasteira que cresce facilmente em todo tipo de solo, não exigindo nem muita luz, nem muita água.”

Oriente (fonte: (3). Recorrente na região do Alentejo e Algarve, é um recurso natural do mundo mediterrânico, ao contrário do que acontece no norte de Portugal, consideradas uma erva daninha. Esta planta tem umas folhas pequenas, viçosas e suculentas, e um sabor ligeiramente ácido. O seu tronco é delicioso (faz lembras as azedas, quando era pequeno), sendo também comestíveis (aplico até onde posso partir com os dedos, à semelhança dos espargos). É uma planta rasteira que cresce facilmente em todo tipo de solo, não exigindo nem muita luz, nem muita água. Segundo o site “tuasaude”, os benefícios provenientes do consumo desta planta são vários, nomeadamente, ajuda a controlar a diabetes (as suas propriedades ajudam no controle dos níveis de açúcar no sangue e aumenta a sensibilidade à insulina), protege do stress oxidativo (rica em substâncias antioxidantes, como galotaninos, ômega 3, ácido ascórbico, quercetina e apigenina; o consumo desta planta protege o corpo contra o envelhecimento precoce, fortalecer o sistema imunológico e diminui o risco de cancro), alivia a inflamação da artrite, combate infecções bacterianas, previne contra doenças cardiovasculares (rica em gordura saudável que ajuda a proteger o coração, capaz de

manter os níveis de colesterol e triglicerídeos nos parâmetros normais), protege o estômago de úlceras, reduz a pressão arterial (o potássio da planta ajudam a diminuir a pressão arterial) e ajuda na cicatrização de feridas (aplicadas diretamente sobre feridas e queimaduras, as folhas trituradas da beldroega aceleram o processo de cicatrização). Fica o desafio para descobrirem e degustarem.

Componente

Qnt por 100 gramas

Energia

16 calorias

Proteínas

1,3 grms

Carboidratos

3,4 grms

Gorduras

0,1 grms

Vitamina A

1320 UI

Vitamina C

21 mgrms

Sódio

45 mgrms

Potássio

494 mgrms

Cálcio

65 mgrms

Ferro

0,113 mrgs

Magnésio

68 mgrms

Fósforo

44 mgrms

Zinco

0,17 mgrms

Nota: o presente texto não segue as normas do Acordo Ortográfico.

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jornal

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necrologia

Agência Funerária

Tilheiro Tel: 258971259 Tm: 962903471

www.funerariatilheiro.com Barroselas

94 anos

82 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Maria da Conceição Ribeiro da Silva Pereira

Maria Rosa Fernandes Pires

Subportela – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

72 anos

69 anos

48 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Esmael Oliveira Carvalho

Manuel Rosalino Rodrigues de Sousa

Ana Paula da Rocha Neiva

Fragoso – Barcelos

Tregosa – Barcelos

Durrães – Barcelos

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

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A Família

A Família

A Família

61 anos

82 anos

88 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Filipe Gomes Passos Pereira

Maria Ferreira Lima

Armindo da Costa Queiroz

Tregosa – Barcelos

Fragoso – Barcelos

Carvoeiro – Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

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A Família

A Família

A Família

26 edição 89 • setembro 2021


necrologia

90 anos

92 anos

88 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Maria Gonçalves de Matos

Maria dos Anjos Alves da Silva

José de Lima Araújo

Durrães – Barcelos

Fragoso – Barcelos

Durrães – Barcelos

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A Família

A Família

A Família

98 anos

81 anos

76 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Maria José Ribeiro Lima Soares

Maria Fernanda Ferreira da Costa

Francisco António Campos

Subportela – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

A Família

69 anos AGRADECIMENTO

Armindo da Costa Martins Carvoeiro – Viana do Castelo Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor. A Família

jornal

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