O Vale do Neiva - Edição 79 Novembro 2020

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História Giovanni Falcone: um juíz paladino da justiça

Livro

Paititi - a cidade lendária dos Incas de Fernando Fernandes

Novembro 2020 edição 79 Propriedade:

A MÓ · Associação do Vale do Neiva (Cultural, Património e Ambiente) Barroselas Mensal Gratuito Versão digital

Vacinação contra a Gripe 2020/21 pág. 5

Reconstrução e ampliação da Junta de Freguesia pág. 8 e Centro Cívico de Barroselas e Carvoeiro


índice edição 79

novembro 2020

ficha técnica diretoria e administração: Direção de “A Mó” redação: José Miranda; Manuel Pinheiro; Estela Maria; António Cruz colaboradores: A.C.Mujães; Adão Lima (Junta Freg. Vila de Punhe) Alcino Pereira; Amaral Giovanny; Américo Santos; Ana Sofia Portela; Cristiana Félix; Daniela Maciel; Domingos Costa; Eliza Souza; Fernando Fernandes Florbela Sampaio; Gab. Comunicação C.M.Barcelos; José Duarte (Junta Freg. de Mujães); José Miranda; Junta Freg. Barroselas e Carvoeiro Luciano Castro; Pedro Marques; Pedro Tilheiro; Sónia Grilo; Sónia Matos; design e paginação: Mário Pereira supervisor: Pe. Manuel de Passos contacto da redação: Avenida S. Paulo da Cruz, Apartado 20 4905-909 Barroselas e-mail: redacaojornalvaledoneiva@gmail.com periodicidade: Mensal

Bronquiolite - algumas dicas para os cuidadores de crianças página 04

Inauguração da sede do Grupo Juvenil de Vila de Punhe página 06

Irmâs Reparadoras Missionárias da Santa Face página 10

editorial Votos de Boas Festas Amigas (os) Colaboradoras (es)

N por José Maria Miranda Presidente da Direção de A Mó

a qualidade de Presidente da Instituição de A Mó Associação do Vale do Neiva, quero felicitar o vosso empenho e dedicação ao nosso jornal o Vale do Neiva. O seu êxito, a sua projeção e procura, são fruto de uma paginação cuidada, do design e formato atrativo e, dos artigos de qualidade que vocês nos enviam. Somos já uma família que se compreende e, cujo o denominador comum, é fazer o melhor por este mensário. Regozijo-me com a vossa maravilhosa prestação durante este período crítico, onde as notícias são raras mas,

mesmo assim, vocês estão presentes. Obrigado, e estou convicto que vamos continuar a abraçar este projeto de alma e coração porque afinal ele é de todos nós. Parabéns Como está a aproximarse a quadra Natalícia a direção de “A Mó” deseja-vos um Santo Natal e Feliz Ano Novo na companhia dos vossos entes queridos. Boas festas!

formato: Digital distribuição: Gratuita Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo ou não estar de acordo com as linhas editoriais deste jornal.

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www.ovaledoneiva.pt uma referência na região do Vale do Neiva


Memórias dos Caminhos de Ferro página 14

Cinema: o racismo na 7ª arte página 20

Decoração e design: Minha querida “geladeira” página 33

o pulsar da sociedade No respaldo da fé

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

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orque será que o ser humano, tem uma imperativa necessidade de aquiescer aos meandros, ao pontificado e entronização do “Respaldo da Fé”, numa mantra de contemplação transcendente, numa semântica indescritível de âmbito espiritual, em que as prerrogativas associadas a esse culto, religião ou âmbito teológico, ilustram e pautam por uma tendência de postura, comportamentos, e de idealismo, que se vão realçar e conjugar, no relacionamento efusivo e concludente com a sociedade. Quando eu utilizo de forma expressiva e impressiva, a terminologia “ Respaldo da Fé “, já é um pronúncio à questão colocada, na minha abordagem inicial, pois a combinação urdida entre as

palavras “ Respaldo “ e a “fé”, indica que está implícito na necessidade congénita de um indivíduo praticar e confluir as minudencias da crença religiosa, com o pressuposto de obter um conspecto protetorado, indagado pela a comunidade que se gere em volta do culto, como também lhe permite sentir um bem estar emocional e social, usando esse suporte teológico, já devidamente incorporado, como um alicerce motivacional, para fazer face às incidências da vida em sociedade, que indubitavelmente vagueiam entre os aspetos benéficos e os mais nefastos. Apesar da hermenêutica religiosa, atribuir tacitamente o respaldo aos seus fiéis, os primeiros passos do ser humano na adesão a esses conceitos estruturais e ideológicos, nada tem a ver com essa razão, mas sim com os preceitos instituídos da sociedade, ao qual Instituições, organizações cívicas, famílias, em convergência e em sintonia com a Igreja, incutem com um proselitismo modelar, a inevitável entrada do jovem ser humano, nesse vernáculo

paroquial, enquanto uns mais tarde, vão cimentando e perspetivando o alcance do respaldo da fé, desse sentimento profundo, outros devido à sua formação, assimilação cognitiva, ou experiência mal sucedida, tem uma passagem efémera ou simplesmente mantém se na comunidade religiosa, por puro oportunismo ou utilitarismo, numa ambiguidade contraproducente, sem personificar os meandros e atributos da fé, da indiscutível crença. Todavia, nem todo o homem, está interessado, ou tem propensão para se imiscuir com as virtudes do culto religioso, nem que seja somente de forma tênue e superficial, porque normalmente esse tipo de

pessoas, categorizados por ateus ou agnósticos, detém um género de opinião muito incisiva e taxativa, ao qual recusam liminarmente, qualquer relação espiritual e ideológica, com o espirito teológico da religião, quanto ao estereótipo associado, podem ser indivíduos que se distinguem como eruditos ou intelectuais, que devido ao seu conhecimento, faculdade conceptual, ou com uma perceção mais científica, sobre o tropismo existencial do homem na terra, não se comprometem de todo, com essas premissas, outro género conspecto, que se enquadra neste tipo de rejeição, são pessoas de cariz extravagante, soturno, estranho, com conceitos de âmbito radical, entrópico, que é frequentemente associado, a uma exclusão sintomática e pejorativa, que esses indivíduos estão sujeitos, na relação com a sociedade. Para concluir esta súmula, sobre o “Respaldo da Fé”, admito que alguns afirmam de forma mistificadora, que só alinha de modo categórico e com mais profundidade, com os meandros da crença religiosa, os seres humanos que se identificam como os mais vulneráveis da sociedade, com uma presença e vivência menos segura e mais periclitante, estando em termos sociais, físicos e económicos, sempre no limiar do embondo, porém não creio, que essa seja uma razão plausível e fundamental, penso que a intensificação das doutrinas religiosas, das coisas divinas, são um bem necessário ao homem, basta ver o acervo considerável de fiéis, que existe por todo mundo, nas mais diversas conceções, com maior predomínio do Cristianismo, pelo simples facto elementar, que é extremamente complexo e difuso, viver num niilismo absoluto. jornal

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saúde » questões sobre a gripe

Bronquiolite – algumas dicas para os cuidadores de crianças

por Ana Sofia Portela enf.anasofia@gmail.com Enfermeira especialista em Enfermagem Comunitária USF Aqueduto – ACES Vila do Conde/Póvoa do Varzim

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bronquiolite é uma infeção respiratória causada por vírus, sendo que em 75% dos casos é causada por um vírus chamado sincicial respiratório. Afecta bebés até aos 2 anos sobretudo entre os meses de novembro e abril. Inicialmente, os bebés manifestam sintomas

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“A bronquiolite é uma doença muito contagiosa a partir do contacto direto com secreções nasais, tosse e mãos contaminadas. As crianças mais velhas e os adultos podem estar infetados mas apresentarem sintomas mais leves, portanto é essencial uma lavagem de mãos adequada antes e depois de se tratar do bebé!”

nasais como nariz tapado, secreções e/ou espirros. Dois a três dias pode surgir tosse seca, os pais podem notar que a criança respira mais rápido sendo que em alguns casos notam uma respiração ruidosa. Alguns bebés desenvolvem sinais de esforço respiratório com cansaço e respiração muito rápida. O bebé pode ter alguma dificuldade em alimentar-se e a tosse pode desencadear vómitos. É comum existir febre. Por volta do quinto/ sexto dia há uma melhoria dos sintomas podendo, no entanto, a tosse prolongar-se por 3 semanas. A bronquiolite é uma infeção benigna, mas há bebes com maior risco de desenvolver doença grave, são eles os bebés com menos de 12 semanas, com história de prematuridade ou

doença crónica, ou expostas a fumo do tabaco. Por se tratar de uma infeção vírica, o tratamento é sintomático. É muito importante garantir uma alimentação e hidratação adequadas, mas as refeições devem ser repartidas com pausas frequentes. Deve-se ter alguns cuidados adicionais: - Elevar o tronco do bebe após as refeições; - Elevar um pouco a cabeceira da cama para facilitar a respiração; - A higiene nasal é essencial, o nariz deve ser mantido limpo, poderá usar soro fisiológico para desobstruir o nariz; - Deixar o bebé descansar, mas vigiando regularmente a sua respiração; - Não há indicação para fazer exames. Não há necessidade de antibióticos, broncodilatadores ou fazer nebulizações. - Os sinais de alarme que devem levar os pais a procurar o médico são: Dificuldade em alimentar-se, ou seja, ingerir menos de metade do habitual em 2 ou mais refeições ou recusa alimentar e de ingestão de líquidos durante mais de 4-6h; vómitos frequentes e em grande quantidade; urinar pouco; agravamento da dificuldade respiratória isto é, o bebé fica muito cansado, irritado ou engasgado enquanto se alimenta. Se o bebé apresentar muita dificuldade em respirar ou pausas respiratórias, ficar pálido ou com os lábios cinzentos/azulados ou estiver demasiado sonolento ou prostrado deverá ser ativado o 112. A bronquiolite é uma doença muito contagiosa a partir do contacto direto com secreções nasais, tosse e mãos contaminadas. As crianças mais velhas e os adultos podem estar infetados mas apresentarem sintomas mais leves, portanto é essencial uma lavagem de mãos adequada antes e depois de se tratar do bebé!


local » vila de punhe

Campanha de Vacinação contra a gripe 2020/2021 por Adão Lima soniamatos@multicom.co.pt Autarquia de Vila de Punhe

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s CSP da ULSAM, em parceria com a Câmara Municipal, no âmbito da campanha de prevenção da gripe sazonal da DGS, adotaram, este ano, uma estratégia de vacinação descentralizada nas sedes das Juntas de Freguesia para os grupos prioritários. Assim, a Autarquia de Vila de Punhe aliou-se a esta campanha o que torna este processo mais fácil pois evitará, à população

“Assim, a Autarquia de Vila de Punhe aliou-se a esta campanha o que torna este processo mais fácil pois evitará, à população alvo, grandes deslocações e tempos de espera nos centros de saúde.”

alvo, grandes deslocações e tempos de espera nos centros de saúde. Por conseguinte, se tem 65 anos de idade, ou mais, inscrevase para Vacinação na Junta de Freguesia ou através do contacto telefónico 258 772 855.

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local » vila de punhe

Inauguração da sede do Grupo Juvenil de Vila de Punhe

por Adão Lima soniamatos@multicom.co.pt Autarquia de Vila de Punhe

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ila de Punhe ruma à solidificação de uma oferta significativa, à sua comunidade, de um conjunto de edifícios afetos à prática desportiva e à vivência social e cultural. A Autarquia, depois da requalificação integral do polidesportivo, da cedência do terreno e cooperação na construção da sede do Centro Recreativo e Cultural das Neves, da aprovação do projecto do Fórum Cultural das Neves,

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chegara, no passado domingo, dia 25 de outubro, ao momento da inauguração de um novo edifício onde passará a sedear o Grupo Juvenil de Vila de Punhe (GJVP). Esta obra resulta do desejo desta colectividade, do esforço financeiro da Câmara Municipal e do empenho da Junta de Freguesia. Inaugurada no seu 35º aniversário, que tem como principal atividade a prática do atletismo, contou com a presença do presidente da Câmara Municipal, Eng. José Maria Costa, dos vereadores Vítor Lemos, Luís Nobre e Ricardo Rego, do presidente da Junta de

“Vila de Punhe ruma à solidificação de uma oferta significativa, à sua comunidade, de um conjunto de edifícios afetos à prática desportiva e à vivência social e cultural.”

Freguesia, António Costa, do pároco, Pe. Domingos Meira, do presidente do GJVP, Manuel Martins, e demais dirigentes, atletas e associados. Localizado na Avenida da Igreja, é um edifício com certa imponência visual que há-de servir, por muitos anos, todos aqueles que fazem do atletismo a sua opção desportiva.


local » vila de punhe

“Esta obra resulta do desejo desta colectividade, do esforço financeiro da Câmara Municipal e do empenho da Junta de Freguesia.”

“Localizado na Avenida da Igreja, é um edifício com certa imponência visual que há-de servir, por muitos anos, todos aqueles que fazem do atletismo a sua opção desportiva.”

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local » autarquia em movimento

Reconstrução e ampliação da Junta de Freguesia e Centro Cívico de Barroselas e Carvoeiro

por Autarquia - Barroselas e Carvoeiro geral@barroselas-carvoeiro.com

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o seguimento do trabalho contínuo desenvolvido por este Executivo, é com enorme satisfação que a UF de Barroselas e Carvoeiro torna público o projeto para a reconstrução e ampliação do edifício da Junta de Freguesia e Centro Cívico de Barroselas e Carvoeiro. Esta intervenção, que surge depois de um longo período de diligências e reuniões técnicas, em curso desde o mandato anterior, vai dar resposta a várias necessidades da nossa

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comunidade e ainda melhorar o arranjo urbanístico de um dos pontos centrais desta União de Freguesias. Com este projeto será possível não só viabilizar a instalação do Espaço Cidadão, proporcionar melhores condições ao Balcão da Segurança Social e reorganizar a sede da Junta de Freguesia, mas também criar espaços para outras atividades, bem como o tão desejado anfiteatro que proporcionará a realização de eventos diversos dada a sua versatilidade. A obra será concretizada em três fases, estando uma já a decorrer, e as outras sendo realizadas sequencialmente.

“Esta intervenção, que surge depois de um longo período de diligências e reuniões técnicas, em curso desde o mandato anterior, vai dar resposta a várias necessidades da nossa comunidade e ainda melhorar o arranjo urbanístico de um dos pontos centrais desta União de Freguesias. ”

Os cidadãos que pretendam conhecer melhor o projeto, podem fazê-lo na sede da junta, às quartas-feiras, nos seguintes horários: Barroselas: 15h00 - 17h00 Carvoeiro: 18h30 - 20h00


local » autarquia em movimento

“Com este projeto será possível não só viabilizar a instalação do Espaço Cidadão, proporcionar melhores condições ao Balcão da Segurança Social e reorganizar a sede da Junta de Freguesia, mas também criar espaços para outras atividades, bem como o tão desejado anfiteatro que proporcionará a realização de eventos diversos dada a sua versatilidade. A obra será concretizada em três fases, estando uma já a decorrer, e as outras sendo realizadas sequencialmente.”

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religião » biografia

Aniversário da Congregação das Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face

Maria da Conceição Pinto da Rocha Fundadora das Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face Tinha 28 anos quando sentiu o apelo para fundar a Congregação

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“Vê como minha Mãe, Rainha dos Mártires, modelo das Vítimas, junto à Cruz, se ofereceu como Vítima com amor de Mãe, pela salvação dos homens. Segue-a, fazendo tu, agora, as suas vezes de Mãe dos pecadores continuando tu a missão de Vítima como redentora com Jesus; fazendo tuas as dores que Mãe Santíssima sofreu no Calvário; dores desconhecidas e ignoradas e só de Deus e dela compreendidas. Oferece-te para sentires essas mesmas dores de minha Mãe, as que Ela sentiu como Mãe dos homens, de os verem perderem-se pelo desprezo que tantos iam fazer da Paixão do Seu Divino Filho. (...)”

por Teresa Miranda Irmã Reparadora Missionária da Santa Face

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a era de 1917, tinha eu 28 anos, invadiu um pensamento desde 15 de junho - festa do Sagrado Coração de Jesus; quando se aproximava o fim do mês de setembro, a ser um pensamento estranho. Era só pensamento, sem ouvir palavra de ninguém. Dizia-me ele: «Assim como Jesus fez seus os pecados dos homens, imolandose por eles, como vítima à justiça (Deus justo e santo), oferece-te também tu, com Jesus e em Jesus (como tu e Ele fosseis um só) à justiça de Deus pela salvação do mundo.» E continuava este pensamento a dizer-me: «Vê como minha Mãe, Rainha dos Mártires, modelo das Vítimas, junto à Cruz, se ofereceu como Vítima com amor de Mãe, pela salvação dos homens. Segue-a, fazendo tu, agora, as suas vezes de Mãe dos pecadores continuando tu a missão de Vítima como redentora com Jesus; fazendo tuas as dores que Mãe Santíssima sofreu no Calvário; dores desconhecidas e ignoradas e só de Deus e dela compreendidas. Oferece-te para sentires essas mesmas dores de minha Mãe, as que Ela sentiu como Mãe dos homens, de os verem perderem-se pelo desprezo que tantos iam fazer da Paixão do Seu Divino Filho. Fazendo tu isto, assim como Maria Santíssima, por estes seus sofrimentos, foi Mãe do género humano, assim a tua alma se fará, por essa mesma dor, Mãe dos pecadores e também das

outras almas que hão-de vir e hão-de formar uma família religiosa, umas no convento e a maior parte delas no meio do mundo.» Na luz deste pensamento compreendi logo desde o princípio o seguinte: 1º Que para a salvação do mundo queria Deus que continuasse a Paixão de Jesus na terra, como que incarnado nas almas generosas e que continuasse também nessas almas o holocausto de Nossa Senhora no Calvário. 2º Que Deus queria suscitar na Igreja uma grande família de almas generosas - tanto de mulheres como homens - à qual confiaria Ele a sobredita missão de continuar até ao fim do mundo a Paixão de Jesus e o holocausto da SS. mª Virgem no Calvário 3º Esta família religiosa seria uma espécie de Segunda Humanidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, na qual incarnaria o seu espírito de Redentor, oferecendo-Se Ele, nela; à misericórdia de Seu Eterno Pai para preparar os Últimos Tempos Do Mundo. Mostrou-me Nosso Senhor não serem multidão os religiosos e religiosas professos multidão e muito grande será a dos leigos que, vivendo no mundo, se onde filiar nesta Obra, na sua secção de agregadoS que serão exército de apóstolos seculares. Estas pessoas serão em cada Nação, a sua fé a sua esperança a sua glória, pois todos os momentos da sua vida serão oferta contínua ao meu Amor. (Esta mensagem tem continuação.)


religião » biografia

Maria da Conceição Pinto da Rocha Fundadora da Congregação com 32 anos

“«Assim como Jesus fez seus os pecados dos homens, imolando-se por eles, como vítima à justiça (DEUS JUSTO E SANTO), oferece-te também tu, com Jesus e em Jesus (como tu e Ele fosseis um só) à justiça de Deus pela salvação do mundo.» jornal

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história » caminhos de ferro

Curiosidades disseminadas

Regulamentos dos serviços de transportes em Portugal

Almotolia de bico e válvula de êmbolo

E por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

Este artigo é baseado da Pág. 173 a 187 do livro Compilação de Diversos Documentos relativos à Companhia dos Caminhos de Ferro Portuguese de 1915.

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m sequência do artigo anterior, direi que os condutores de trem, bem como os ensebadores estão subordinados ao inspetor do movimento. Porém, quando em serviço no comboio, ficam também sobre as ordens dos chefes das gares ou das estações. Também, quando em serviço nos comboios, é dever serem portadores de diversos utensílios: Uma caixa com – petardos - estalos; de duas bandeiras encarnadas; de duas lanternas com vidros encarnados e brancos; de um fuzil. Quando em viagens longas, será ainda portador de uma ambulância de socorros e um recipiente fechado a cadeado para transportar dinheiro. Registo de seguida que os condutores de trem e ensebadores, devem ocupar o seu lugar nas carruagens ou vagões a fim de proceder

ao aperto do freio, quando por ordem do apito – sinal sonoro – do comboio, para que seja promovida com segurança, a paragem na estação. O condutor – travador - de trem de qualquer comboio, quando detetar uma anomalia - que perigue a segurança - no veículo a seu cuidado, deve agitar a bandeira vermelha ou lanterna na posição de vermelho, para que o sinal passe de condutor para condutor até chegar ao condutor da locomotiva, ao mesmo tempo devem todos apertar o freio, bem como depois, o condutor da locomotiva, - diligenciando desta forma – a paragem do comboio. É de vital importância que seja de imediato demitido das suas funções, qualquer condutor ou ensebador que quando em serviço, comprometa o uniforme da

Companhia, por conduta errática, ou ainda, em estado embriaguez. Em cada comboio, é designado um condutor de trem chefe, que tem como missão coordenar todo o trabalho, de forma a garantir os parâmetros relativos à segurança e eficiência da circulação. A título de curiosidade, apresento o número de travadores num comboio de passageiros: • Comboio de 1 a 7 carruagens – um travador • Comboio de 8 a 15 carruagens – dois travadores • Comboio de 16 a24 carruagens – três travadores Não é permitido aos passageiros fumar dentro das carruagens, nomeadamente quando transportem senhoras. Os infratores, devem ser advertidos com civilidade. Caso não acate a ordem, o condutor de trem dará conhecimento ao seu superior a fim de agir em conformidade. Os condutores de trem devem ajudar a descer os passageiros das carruagens sem aspereza e impaciência. Verificarão se os passageiros provocam estragos nas carruagens e, caso existam, devem com o auxílio da tabela fixada, exigir o respetivo pagamento. Caso recuse, dão conhecimento ao chefe de estação. No fim da viagem os condutores de trem darão conhecimento de todas as ocorrências da viagem.


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CORRETA UTILIZAÇÃO DE ELEVADORES Use preferencialmente as escadas* e aproveite para fazer atividade física

Não sendo possível usar as escadas, recomenda-se:

PERIGO

SEGURO

Não tenha pressa, aguarde que fique vazio

Apenas com pessoas do mesmo apartamento

SEGURO Utilize o elevador individualmente

Utilize um lenço ao abrir a porta e para carregar nos botões. Os responsáveis pelos elevadores deverão mantê-los desinfetados. *Salvo indicação médica. Caso sinta algum desconforto, consulte o seu médico.

#sejaumagentedesaudepublica

#estamoson REPÚBLICA PORTUGUESA SAÚDE

#umconselhodadgs


história » caminhos de ferro

Locomotova rebocando vagão

Memórias dos caminhos de ferro J por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

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á falei dos comboios americanos, também sobre o normal ritmo dos trabalhos de construção da linha de Leste e Norte, é, agora, altura divulgar os estudos e posterior construção da linha férrea do Sul e Sueste. Todavia, ainda antes, pretendo apresentar ao estimado leitor uma nota prévia: É sobejamente sabido das vantagens em ramificar o país, bem como liga-lo à Europa. Consequentemente, avaliase que a questão principal, é

definir os melhores traçados e que o estado apresente soluções aceitáveis sobretudo no domínio do percurso, tendo em conta as cidades importantes. Para o 1efeito, é exposto - em exemplo -, que em quase toda a Europa, assim como na América, o estado tem uma participação ativa como acionista, ou estabelece um juro aceitável e ainda em outros casos, subsidia a construção. É salientado também, que nunca se poderá descurar o desenvolvimento – bemaventurança - que os caminhosde-ferro gera, repercutindo no “…enriquecimento nacional, prosperidade pública, e, como é obvio, felicidade pública”. Creio justo 2ser também necessário realçar, que os países mais civilizados, avançaram com a sua próspera construção antes de Portugal, porque, sabiam, que as indústrias e as facilidades de comunicação eram prioritárias no desenvolvimento de qualquer País. Convenhamos reforçar, não existirem dúvidas de qualquer

“É sobejamente sabido das vantagens em ramificar o país, bem como liga-lo à Europa. Consequentemente, avalia-se que a questão principal, é definir os melhores traçados e que o estado apresente soluções aceitáveis sobretudo no domínio do percurso, tendo em conta as cidades importantes.”


história » caminhos de ferro

por Américo Manuel Santos americosantos1927@gmail.com

Mapa das estações

espécie, que a intenção do Estado Português, é, seguramente, estabelecer em todo o País este precioso meio de transporte. Posto isto, não é de estranhar, que pensassem avançar com a linha do Sul, do Barreiro a Vendas Novas com diversas ramificações. Em consequência 1das férteis planícies, crê-se óbvio dever acrescentar, - por ser previsível - que o custo desta via-férrea é muito inferior à construção da via-férrea em construção na linha de Leste e Norte. Considerando ainda, uma mais-valia, tendo em conta que o estado fornece gratuitamente madeira para a sua construção.

“Quando o percurso foi apresentado, foi considerado vantajoso devido a percorrer zonas férteis e povoadas, também, ligaria o Tejo ao Sado. Por isso, os passageiros que circulassem de Lisboa teriam acrescidos benefícios.”

Em exemplo, vou neste momento falar, no traçado mais praticável com partida do Barreiro, indo pelo vale ao Norte de Palmela. O mesmo, deverá passar próximo do Sado antes de Vendas Novas. Quando o percurso foi apresentado, foi considerado vantajoso devido a percorrer zonas férteis e povoadas, também, ligaria o Tejo ao Sado. Por isso, os passageiros que circulassem de Lisboa teriam acrescidos benefícios. Acresce dizer, que parte das condições que a carta de lei estabelece sobre a construção, são as seguintes: Expropriações; movimentos1 de terras; obras de arte; custo dos carris e assentamento deles; vedações; oficinas; duas estações principais, uma na AldeiaGalega e a outra em Vendas Novas; estações secundárias julgadas necessárias e em geral todos os trabalhos considerados importantes na sua construção; fornecimento de locomotivas; carruagens; vagões para mercadorias, bem como todos os objetos imprescindíveis para que a exploração dos caminhos-de-ferro se realize em termos de segurança, comodidade, pontualidade e com horários dos comboios em conformidade com os interesses dos utentes, sem descurar muros ou vedações, carris de ferro laminados e outros.

Pág. 54 a 58, 67 a 69 do livro do Ministério das Obras Públicas, Comercio e Indústria 1854. 1

Pág. 19 a 43 do livro de Compilação de diversos Documentos de 1844 a 1860

POEMA Outubro

Não me conheces e muito menos me compreendes Eu não sei o que queres dizer Nem sei bem o que queres de mim Estou apenas a viver Não sei porque estás assim Passas por mim sem me ver E não digo o que queres ouvir Não entendes meu viver Estou apenas a sentir Tu não vives no meu mundo Está para além do teu olhar Não consegues ver tão fundo Tu não vês o meu sonhar Sei que não me compreendes Sou difícil de alcançar Sou assim e não entendes Não entendes meu chorar Vivo só e moribundo Digo apenas o que sinto Não consegues ver meu mundo Vivo só e não te minto

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história » Falcone e a máfia siciliana

Um juiz paladino da justiça

O atentado que vitimou Giovanni Falcone, em maio de 1992. A máfia instalou um dispositivo explosivo, detonado à distância, na autoestrada por onde ia passar o carro do magistrado. Além do juiz, morreram também a sua mulher e três guarda-costas

por Amaral Giovanny amaral.giovanny@gmail.com

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alermo, Sicília- O atentado que matou o juiz Giovanni Falcone. Quinhentos quilos de explosivos ocultos sob o asfalto explodem três carros blindados no quilômetro 4,7 da rodovia que liga o aeroporto à cidade siciliana de Palermo, na Itália. São 17 horas, 56 minutos e 48 segundos do dia 23 de maio de 1992. O resultado: cinco mortos, incluindo o juiz Giovanni Falcone, alvo do ataque. Dois meses depois, no dia 19 de julho, às 16h58, um carrobomba põe fim à vida de seu

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colega Paolo Borsellino e de mais cinco pessoas na Via D’Amelio, na mesma Palermo. Desde então, os nomes de Falcone e Borsellino tornam-se um símbolo trágico da luta contra a máfia na Sicília. Seus funerais levaram milhares de sicilianos às ruas de Palermo numa mobilização de repúdio ao crime organizado na ilha italiana. “Não os mataram, suas ideias caminham sob nossas pernas”. A frase se que lia nos cartazes de sacadas da capital siciliana naqueles dias se tornou um lema. Quem é esta Máfia que personificou a execução destes crimes hediondos? Máfia siciliana: Cosa Nostra, identificada como tal. Os sicilianos estabeleceram um modelo para outras máfias. Os membros do grupo começaram a transmitir seus preceitos no século 19 e, a partir

“Quem é esta Máfia que personificou a execução destes crimes hediondos? Máfia siciliana: Cosa Nostra, identificada como tal. Os sicilianos estabeleceram um modelo para outras máfias. Os membros do grupo começaram a transmitir seus preceitos no século 19 e, a partir daí, cresceram em poder e sofisticação.

daí, cresceram em poder e sofisticação. A Cosa Nostra, que significa algo como “assunto nosso” em tradução livre, é considerada a primeira máfia baseada em clãs familiares. Ela é famosa pelo omertà, um código de silêncio que serve para demonstrar lealdade total ao grupo. Quem a descumpre é considerado traidor e pode ser torturado ou morto. Casos de descumprimento das punições podem levar a castigos a famílias inteiras. lMuitos sicilianos odeiam a máfia por causa do pizzo, uma forma de extorsão de comerciantes locais. A Cosa Nostra ganhou notoriedade nos Estados Unidos ao conquistar territórios. Ela acabou por se tornar uma força no crime organizado em Chicago e Nova York. Seus membros


história » Falcone e a máfia siciliana

ganharam muito dinheiro vendendo bebida alcoólica, durante os anos de Lei Seca, na década de 1920. O principal negócio da Cosa Nostra atualmente é o tráfico de heroína. Segundo o FBI, a organização criminosa nos Estados Unidos hoje pouco tem a ver com os clãs da Itália. A palavra máfia é derivada do adjetivo siciliano mafiusu, que pode ser traduzido como “arrogante” ou “audaz”. O termo também é usado de maneira incorreta para qualquer quadrilha que se dedique ao crime. Alguns clãs da máfia italiana operam de maneira global, concorrendo com outras, como a russa, a chinesa e a albanesa. Porém, algumas vezes essas gangues compartilham os crimes e os lucros. Ao mesmo tempo, a Cosa Nostra busca influenciar a política nacional, tanto na Itália como nos Estados Unidos. A Cosa Nostra e outros três clãs familiares, que atuam em outras regiões da Itália - a Camorra, a Ndrangheta e a Sagrada Coroa Unida -, têm

cerca de 25 mil membros, além de 250 mil filiados no mundo, segundo dados do FBI. A Cosa Nostra entrou em guerra contra o Estado italiano quando seu líder era Salvatore Riina. Conhecido como “padrinho” e “Toto”, Riina assumiu seu comando em meados da década de 1970. Em maio de 1992, seus homens detonaram a bomba que matou o juiz Giovanni Falcone, sua mulher e seus seguranças. Falcone era responsável por uma série de processos contra a máfia. Dois meses depois, capangas

“A palavra máfia é derivada do adjetivo siciliano mafiusu, que pode ser traduzido como “arrogante” ou “audaz”. O termo também é usado de maneira incorreta para qualquer quadrilha que se dedique ao crime.g

de Riina voltaram a atacar com explosivos e mataram o substituto de Falcone, além de cinco de seus seguranças. Riina morreu em novembro do ano passado, aos 87 anos, enquanto cumpria 26 sentenças de prisão perpétua por homicídios. A sociedade siciliana tem lutado contra a máfia com determinação. Um grupo antimáfia chamado “Libera Terra” coordena novos negócios, como hotéis, com dinheiro e propriedades apreendidos da máfia. jornal

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crónica » literatura

Conto – “O Estranho” por Daniela Maciel dani18maciel@hotmail.com

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ovamente este rosto. Acho que estou a ser seguida. Ele olha-me fixamente, sentado junto ao balcão da pastelaria. Já o vi antes a rondar o apartamento. É por isso que o reconheço de imediato. É tão ruivo que parece que tem um fogo a arder em cima da cabeça. Enfrento-o. Prendo o meu olhar no dele, tentando fazer a minha melhor expressão desafiante, tentando não demonstrar medo. Não posso entrar em pânico. Não agora. Não aqui. Parece ter resultado porque ele desvia a atenção. Suspiro de alívio e termino o café. Limpo as migalhas do bolo de arroz que ainda persistem nos cantos da minha boca e volto a olhar na direção do balcão. Estremeço. Ele está novamente a fixar-me. Que raio pretende de mim? Não devia ter saído de casa. O meu coração faz ruído dentro do meu peito. Levanto-me depressa e agarro a bolsa. A alça está presa nas costas da cadeira e, ao puxá-la com força, ela revirase e metade do seu conteúdo cai

“O meu coração faz ruído dentro do meu peito. Levanto-me depressa e agarro a bolsa. A alça está presa nas costas da cadeira e, ao puxá-la com força, ela revira-se e metade do seu conteúdo cai ao chão num grande estrondo. Agacho-me e apresso-me a apanhar todos os meus pertences. Estou a tremer”

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ao chão num grande estrondo. Agacho-me e apresso-me a apanhar todos os meus pertences. Estou a tremer. Retiro cinco euros da carteira e deixo a nota em cima da mesa, saindo tempestuosamente dali. Mesmo antes de virar a esquina, consigo ver pela janela que o homem também se levantou e se aproxima da saída. Oh meu Deus, ele vem mesmo atrás de mim. Apresso o passo, apertando a bolsa bem junto ao corpo. Não devia ter saído de casa.

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Uns dizem que a beleza vem de dentro, outros dizem que vem de fora. Com a DOGTYBY vem dos dois lados.

Ana Lima

Tlm. (351) 939 530 171 Viana do Castelo dogtyby@gmail.com www.facebook.com/dogtyby

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Não devia ter dado ouvidos à minha terapeuta. Disse-me que não era normal ficar quatro meses fechada em casa e que algum dia teria de enfrentar o mundo. «Comece com algo pequeno», dissera, «vá ao supermercado, vá lanchar a uma pastelaria, visite a biblioteca». O que raio sabe ela? Segui o seu conselho e agora estou a ser perseguida. Vai tudo repetir-se outra vez. Enquanto caminho, vou olhando para trás. Não o vejo. Terá desistido? Ou seguiu


crónica » literatura

por algum atalho para me surpreender? Esse pensamento alarma-me. Onde estará ele? Viro à direita. É então que o vejo lá atrás a dobrar a esquina. Sem pensar duas vezes, desato a correr. Ainda posso despistá-lo. As pernas tremem-me e sintome ofegante. Quase não consigo respirar. As pessoas olham para mim como se eu fosse louca. Falta-me apenas uma rua, mas já vejo a fachada do meu apartamento. Estou quase lá. Olho para trás e vejo que ele ganhou balanço. Está a correr. Atrapalho-me e quase caio. Chego à porta do prédio, encontro-a entreaberta e entro de rompante. Atiro-a para trás com força para que se feche. Estou quase em segurança. Paro em frente ao elevador e carrego no botão. Ao olhar para a rua, o coração quase me salta do peito. O homem está parado junto ao prédio. Ele não vai entrar, pois não? Não pode, precisaria das chaves. Ainda não estou em segurança. Desisto de esperar pelo elevador e corro escadas acima. São dezenas até ao terceiro andar, mas eu sou capaz. Tenho de ser. Quando chego lá acima, o meu coração parece estar num campeonato de saltos acrobáticos. Faço mais um esforço e percorro o corredor até à porta do meu apartamento. Debruçome sobre a minha bolsa e procuro as chaves. É nesse momento que oiço a campainha do elevador. Sintome gelar. Olho naquela direção e, quase em câmara lenta, vejo as portas a abrirem-se. Fico petrificada quando uma cabeleira ruiva sai de lá de dentro. Este é o meu pior pesadelo. Continuo a vasculhar a bolsa. Onde raio meti as chaves? A sola dos seus sapatos ecoa pelo corredor à medida que ele se aproxima. Estou tão consciente desse barulho como das gotas de suor que me escorrem pelas têmporas.

“Estou quase em segurança. Paro em frente ao elevador e carrego no botão. Ao olhar para a rua, o coração quase me salta do peito. O homem está parado junto ao prédio. Ele não vai entrar, pois não? Não pode, precisaria das chaves. Ainda não estou em segurança. Desisto de esperar pelo elevador e corro escadas acima. São dezenas até ao terceiro andar, mas eu sou capaz. Tenho de ser. Quando chego lá acima, o meu coração parece estar num campeonato de saltos acrobáticos. Faço mais um esforço e percorro o corredor até à porta do meu apartamento. Debruço-me sobre a minha bolsa e procuro as chaves. É nesse momento que oiço a campainha do elevador. Sinto-me gelar. Olho naquela direção e, quase em câmara lenta, vejo as portas a abrirem-se. Fico petrificada quando uma cabeleira ruiva sai de lá de dentro. Este é o meu pior pesadelo.”

— Desculpe, perdeu as chaves? Estou tão alterada que nem entendo as suas palavras. Decido agir. Desta vez, vai ser diferente, serei capaz de me defender. Viro-me e fito-o corajosamente. À minha frente só vejo sangue. Vejo os rufias a rodearem-me e a navalha a espetar-se na minha barriga. Atiro-me a ele, apanhando-o de surpresa, e borrifo-o com o spray de pimenta que retirei da bolsa. Ele grita e dá um passo atrás, levando as mãos à cara. — Mas que raio! Porque é que fez isso? — pergunta. — Afaste-se de mim! — Só lhe perguntei se perdeu as chaves. — Ele leva a mão esquerda ao bolso, tira umas chaves ruidosas e atira-mas. — Deixou-as cair na pastelaria. Vim atrás de si para as devolver. Fico a olhar para as chaves, exatamente aquelas que me fartei de procurar em vão dentro da bolsa. Engulo em seco. Agora sintome extremamente envergonhada pelo que fiz. O homem encosta-se à parede e desliza para o chão, sentandose. Continua a tapar os olhos com as mãos. Retiro uma garrafa de água da bolsa e estendo-lha. — Use isto. Pode ser que ajude — digo, sentando-me ao seu lado. Fico a vê-lo lavar os olhos com os dedos molhados. Parece-me

abatido, e não apenas por ter acabado de ser atacado. Há, contudo, uma questão que não me sai da cabeça. — Como conseguiu entrar no prédio? Ele olha para mim. Tem os olhos vermelhos mas já os consegue entreabrir. — Moro aqui. — E aponta para a porta em frente à minha. Fico boquiaberta. Não consigo acreditar que este homem é o meu vizinho do esquerdo, com quem eu nunca me tinha cruzado. — Imagino que tenha ficado assustada quando a olhei fixamente no café — acrescenta. — Sim — admito, em voz baixa. — Peço desculpa. Não o devia ter feito. É só que… — hesita, como se lhe custasse falar do assunto. — Acho-a parecida com a minha noiva. Ela abandonoume no dia do nosso casamento. Faríamos hoje um ano de casados. — Outra pausa. — Às vezes, parece-me que a vejo em todo o lado. Olho-o em silêncio. Tenho andado tão centrada na minha dor, nos meus medos, na minha incapacidade de combater o pânico, que me esqueço que as outras pessoas também têm as suas cicatrizes. Devagar, coloco a mão por cima do ombro dele. Puxo-o para mim. Acho que ele está a precisar de um abraço.

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O racismo no cinema Michael Fassbender e Chiwetel Ejiofor “12 Anos Escravo” 2013

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

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e há atividade cultural que espelha de forma tão protuberante e fidedigna, os meandros e a segregação de índole racista, é o cinema e as artes cénicas, especialmente através das longas metragens e séries filmadas, que com acinte e realce, patenteia enredos baseado em fatos ocorridos e outros de género ficcional (mas muito similares, ao que se passa na realidade), que com realismo e

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autenticidade, demonstram essa conspurcação ética, opressiva e hostil, na relação de um povo, com outro de etnia e raça diferente. No meu entender, além do cinema procurar indicar essa vertente nativista dos modos de vida, que infelizmente ainda estão em voga, como entretenimento frugal, designadamente para quem aprecia narrativas conceptualmente dramáticas ou com um forte componente histórica, ilustrando as sevicias peculiares do colonialismo e da escravidão, parece me que o cinema, nesse prisma, visa alcançar um desiderato profilático e pedagógico, para as gerações vindouras, acentuando de maneira latente a axiologia, para ultrapassar

“12 Anos Escravo” de Steve McQueen 2013

“(...)o cinema mostra um rol de vicissitudes e atributos, que manifestam a consumação destes fenómenos, aquiescendo-os à atualidade, ou à volatilidade do século XX, quem em muitos casos a sociedade retorquiu e não se resignou, perante a abolição da escravidão (...).

esses preconceitos ancestrais e endémicos, que fomentavam a segregação racial, afrontando os direitos mais basilares do homem, em conformidade com o expresso na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Para minorar essa postura perniciosa afeta ao racismo, o cinema mostra um rol de vicissitudes e atributos, que manifestam a consumação destes fenómenos, aquiescendo-os à atualidade, ou à volatilidade do século XX, quem em muitos casos a sociedade retorquiu e não se resignou, perante a abolição da escravidão e a instituição gradual da igualdade racial. Fazendo jus a esse modo altaneiro, que se evidencia na transumância das gerações, as anátemas dessa segregação racial, vão da mais subtil, ao


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ódio, à violência descomunal e à grotesca impunidade, sendo que a mais banal depreciação com os homens de raça negra, ciganos ou asiáticos, pode acontecer através de hábitos ramificados, situações recorrentes, em comentários despropositados e em elucubrações mentais, normalmente compaginado por habitantes locais ou por franjas profissionais, que lidam frequentemente e de maneira intrincada, com esse tipo de pessoas, quanto ao ódio e a violência pode ser transmitido e catalisado por atividades cívicas, por exemplo, a acrimónia enquistada da organização estadunidense Ku Klux Klan, ou por skinheads, que defendem a supremacia da raça branca, em detrimento das outras, condenando com os seus intentos cruéis e devastadores, as outras raças à pária, à subalternização pungente e a assassinatos de índole ignominiosa, numa tentativa de condicionar a aplicação perene dos direitos civis. Para polvilhar todo esta atmosfera de virtualidades racistas, o cinema mostra nos seus enredos, que o poder político e judicial, não estão isentos de culpas, na ação e omissão, na ação quando alguns partidos políticos, formados por uma trupe de pessoas sem escrúpulos. no poder ou na oposição, fomentam uma deriva populista, contida num discurso radical e inexorável, usando um sofisma eloquente, para propiciar a intensificação do racismo, da xenofobia, da homofobia, e uma ténue misoginia, para justificar a sedição eloquente de uma parcela da população, que não tem emprego, que estão a passar por uma crise económica, contra outras raças, estrangeiros e homossexuais, que supostamente estão a usurpar o

Chadwick Boseman e Jackie Robinson “42 - A História de uma Lenda” 2013

acesso ao trabalho, aos meios de subsistência, no que diz respeito à omissão e condescendência, vemos o poder judicial, em cenários que abrange alguns estados da América, a fluir numa certa interpretação torpe e ambígua, que contemporiza e atenua, quando os brancos cometem crimes violentos contra pessoas de raça negra, aplicando por vezes a abstrusa absolvição ou a atribuição de penas de índole cromática, mas se verificar o seu contrário, a justiça pontifica a tenaz probidade processual, dando azo a um entendimento implacável. Para parafrasear e sintetizar esta prossecução do racismo no cinema, indico alguns filmes, em que no enredo está implícito, um aumento significativo da segregação racial, quando um elemento de raça negra, se afirma, se destaca, perante a sociedade, pelo o seu próprio mérito, no exercício das suas funções laborais, na sua cidadania, num ato nobre e digno de colenda, essa saliência, é causticada, pelo os vitupérios e a indignação da comunidade branca, que se revê numa idiossincrasia jugular, a favor de um estereótipo racial, em que esses ser humanos, devem ser (continuação na página seguinte)

“(..)o cinema mostra nos seus enredos, que o poder político e judicial, não estão isentos de culpas, na ação e omissão (...)”

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Sidney Poitier, Anthony James e James Patterson “No Calor da Noite” 1967

descriminados e regalados para segundo plano. No Calor da Noite, de 1967 - é um clássico filme estadunidense, que não obstante a narrativa ressumar um unívoco assassinato, que nos pressupostos e causas do crime, nada tem haver com manifestações e enquadramentos racistas, subliminarmente a intervenção audaz e decisiva,

de uma personagem de raça negra, vai despoletar a insidiosa deturpação da população branca, que dificulta, confunde e retarda, a contundente e cocuruta investigação policial, sendo que essa distensão paradigmática e progressiva, com o desenrolar da trama, tem como desiderato dar acutilância, ímpeto e mestria, usando o preconceito racista, para emular e despertar o

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t. 963 316 769

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966 334 363

“No Calor da Noite” de Norman Jewison 1967

“(...) o detetive negro Virgil Tibbs, da polícia de Filadélfia, é envolvido como suspeito na ecologia do crime, por se encontrar numa estação de comboio, na fatídica noite, pois fica sujeito e exposto, à celeridade imposta pela a polícia local, na procura do eventual criminoso.”

interesse, num prosaico filme de género policial. No centro do crime, relacionado com o assassinato de o empresário mais abonado financeiramente, da cidade de Sparta, do Estado do Mississippi, atipicamente e inusitadamente o detetive negro Virgil Tibbs, da polícia de Filadélfia, é envolvido como suspeito na ecologia do crime, por se encontrar numa estação de comboio, na fatídica noite, pois fica sujeito e exposto, à celeridade imposta pela a polícia local, na procura do eventual criminoso. Levado pela a autoridade de turno, Sam Woods até ao Chefe de Polícia Bill Gillespie, ambos ficam atónitos pela o estrato social e a predominância do cargo de Virgil, perante essas evidencias Bill Gillespie pede ajuda a Virgil, para tentar decifrar o autor do crime, tendo em conta os pergaminhos e atributos do investigador. Aceitando o repto, Virgil, faz


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Katharine Houghton e Sidney Poitier “Adivinha Quem Vem Jantar” 1967

uma análise pormenorizada ao corpo da vítima, usando da sua perícia técnica e habilidade, complementado com a sua destreza e vocação para o ofício, imprimindo desenvoltura na sua ação e por consequência, solicitando logo na noite seguinte, fazer o percurso com o polícia Sam Woods, que este fez na noite que encontrou o morto. Começando a fazer o seu juízo, na sua empreitada de investigação, Virgil agindo pressurosamente mediante a complexidade do caso, vê a sua determinação, a ser acossada pela a iniquidade racista dos autóctones da cidade de Sparta, aliás uma imagem de marca do Estado do Mississippi, nos anos 70. Contudo, com a ajuda de Bill e apesar da crispação latente, que surge a miude entre ambos, Virgil no limiar do embondo, vai ser capaz e preponderante para descobrir o autor e a razão subjacente ao crime.

“Adivinha Quem Vem Jantar” de Stanley Kramer 1967

“(...) imaginem a reação de um casal branco norte-americano, de classe média alta, de San Francisco, quando se deparam que a sua única filha entre acompanhada de um homem negro, a dizer que tem intenções de se casar com ele, quando naquela época, dos anos 60, os casamentos inter-raciais eram ilegais, em 17 estados da América. ”

Adivinha Quem Vem Jantar, de 1967 - é um ínclito filme dramático, estadunidense, que é considerado dos mais eloquentes e icónicos, que se entronizou devido à forma portentosa e inequívoca, ao qual se pode nocautear os intentos e a mistificação racista, seja numa destarte latente ou implícita, invocando a tolerância, o amor e a felicidade, como os atributos unívocos, para dirimir essa mordaz segregação racial. Em relação ao filme, propriamente dito, imaginem a reação de um casal branco norte-americano, de classe média alta, de San Francisco, quando se deparam que a sua única filha, esbelta alma, entre de rompante acompanhada de um homem negro, a dizer que tem intenções de se casar com ele, num prazo imediato, quando naquela época, dos anos 60, os casamentos inter-raciais eram ilegais, em 17 estados da América. Não obstante o afro americano Dr. John Wade, ser um médico de créditos firmados, e os Pais da jovem Joey Drayton, terem uma postura liberal e progressista, o facto é que o casal Drayton, fica melindrado e petrificado com a inusitada situação, com a particularidade da sua empregada doméstica de raça negra, também ter ficado indignada, por ver um homem da sua suposta raça, ser o principal pretendente a casar com a sua patroa. Este hipotético

e inopinado casamento, gera umas horas de perplexidade e inquietação, em que a angústia, comoção, debate e reflexão, sempre acompanhado de diálogos expressivos e bem sedimentados, são elementos chave para o desenlace do enredo, que além de envolver os protagonistas já citados, também indicia a moderação de um padre amigo da família Drayton, como também a imperiosa chamada, ao cotejo dos pais do Dr. Wade, o casal Prentice, para se resolver este periclitante enleio. Após aquela décalage de intensa dissecação, em torno desse polémico enlace entre Wade e Joey, Matt Drayton com uma prédica monumental, dá o seu marcante veredito, que ficou nos anais da história do cinema, pela a dimensão ética, utópica e sentimental, determinante para a consolidação semântica do relacionamento humano. 42 - A História de uma Lenda, de 2013- é um filme biográfico estadunidense, que se debruça sobre a chegada do primeiro homem negro, Jackie Robinson, à primeira liga de beisebol americano, em 1946, quando anteriormente era interdita a atletas de raça negra, essa decisão providencial e perseverante de Branch Rickey, o carismático diretor dos Brooklyn Dodgers, vai gerar repercussões nocivas a vários níveis, que afetam a imagem exterior e a salubridade mental

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da sua equipe, como para o próprio Robinson, que terá que superar as maiores provações, de várias espécies, para se manter ao rubro, e jogar beisebol, com o brio e a tenacidade de sempre. Essa atitude surpreendente e insólita de Branch Rickey, de contratar Jackie Robinson, é consubstanciada pela a sua visão intrínseca e a argucia, apropriada a um bom gestor, pois vê nesse preceito de quebrar aforismos racistas, a oportunidade do negócio, nomeadamente ter mais adeptos negros a assistir a jogos da sua equipe, não obstante esse escopo, Branch Rickey é lacónico na forma abrangente, transversal e anímica como conduz a sua liderança, avisando de inicio Jackie Robinson, para o rebate, as humilhações e as arbitrariedades, que vai estar sujeito, e que deve suplantar com intrepidez e ecleticamente, para almejar ser um atleta de eleição. Sendo notório no enredo do filme, essas contrariedades sistemáticas, que Robinson e por acreção, os restantes jogadores e comitiva suportam correntemente, elas vão desde o impedimento de utilizar os banheiros do terreno da equipe adversária, como também a recusa de pernoitar em hotéis, anteriormente usadas pela a sua equipe, além de toda a cornucópia de vitupérios e insultos, que são dirigidos a Robinson, por adeptos e treinadores de outras equipes, como também o embaraço circunstancial e congénito, da sua equipe, por o estado conturbado das coisas. Contudo e apesar das adversidades, que por vezes fizeram Jackie Robinson perder as estribeiras, foi com a sua fulcral colaboração, resiliência, talento e empenho, que o seu conjunto, conquistou o campeonato da liga, com todo o mérito, e o seu notável exemplo, foi crucial para trazer mais atletas negros, para a competição.

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Harrison Ford and Chadwick Boseman “42 - A História de uma lenda de 2013” 2013

Doze anos Escravo. de 2013 - é um filme dramático estadunidense, baseado em fatos verídicos, que relata o dantesco e tenebroso período de vida, de Solomon Northup, que apesar de ser negro, conseguiu o direito a ser um homem livre, em 1841, algum tempo antes da decantada, proclamação da abolição da escravidão, nos Estados Unidos, em 1863, e que num ápice, num momento para o outro, é inusitadamente espoliado da sua liberdade e tornado escravo, durante 12 anos, em que a sua capacidade de sofrimento, abnegação e superação inexcedível, foi decisiva para resistir a um cardápio de humilhações e exicial violência. Além de ser livre, na cidade de Saratoga Springs em Nova Iorque, era um homem casado e com dois

“42 - A História de uma lenda de 2013” de Brian Helgeland 2013

“(...)apesar das adversidades, que por vezes fizeram Jackie Robinson perder as estribeiras, foi com a sua fulcral colaboração, resiliência, talento e empenho, que o seu conjunto, conquistou o campeonato da liga, com todo o mérito, e o seu notável exemplo, foi crucial para trazer mais atletas negros, para a competição.”

filhos, com uma profissão condigna de violoncelista, claramente predestinado para essa faceta, no entanto foi dentro dessa mantra dos contactos musicais, que subitamente é ludibriado e ostensivamente raptado, por sédulos traficantes de escravos, para seu desespero e estupefação, apercebendo se da unívoca sensação, de ver a sua vida a definhar, numa erosão concludente. Enviado para a Nova Orleães, Luisiana, pela a horda de comerciantes de escravos, é apelidado de Platt, para escamotear a sua verdadeira entidade, para que não seja detetado e encontrado, o imberbe cidadão Solomon Northup, entretanto é vendido a um dono de uma plantação, Senhor Ford, que aparenta ser dado à bonomia e à cordura, Solomon tomando consciência, da sua nefasta


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Sarah Paulson e Lupita Nyong’o “12 Anos Escravo” 2013

Michael Fassbender, Lupita Nyong’o e Chiwetel Ejiofor “12 Anos Escravo” 2013

realidade, assume a figura de Platt, por tempo indeterminado, cedendo a essa metamorfose imposta, cumprindo escrupulosamente a figura de escravo, para paulatinamente aceder ao reconhecimento do seu dono, para depois tentar a sua sorte, contar a sua sórdida história. Não obstante, a postura pusilânime e equidistante do seu dono, Solomon e os restantes escravos, estão dependentes da catatonia irascível do capataz de William Ford, John Tibeats, dado ao histrionismo lancinante, que aplica bravatas compulsivas aos escravos, de forma aleatória e indiscriminada, chegando ao ponto de se envolver com Solomon, numa contenda, que por ressentimento quase John Tibeats mata por enforcamento Solomon. Diante deste cenário, de odio doentio e possesso de

“Além de ser livre, na cidade de Saratoga Springs em Nova Iorque, era um homem casado e com dois filhos, com uma profissão condigna de violoncelista, claramente predestinado para essa faceta, no entanto foi dentro dessa mantra dos contactos musicais, que subitamente é ludibriado e ostensivamente raptado(...)”

John Tibeats por o escravo “Platt”, William Ford vê se na contingência, de vender Solomon a outra plantação, pertencente ao inexorável Epps, um homem extremamente insensível e severo com escravos, que os castiga diariamente, sem contemplações, mediante o seu desempenho na apanha do algodão, aliás é notório em Epps, um distúrbio mental considerável, e a sua lidima propensão para despejar nos escravos, todo o seu cabaz de partículas insidiosas, como também o modo libido, como viola sexualmente, com um afã impressivo, a infeliz e venusta escrava Patsey. Devido à mudança de dono, Solomon sofre um rude golpe nas suas intenções de tentar reaver a sua identidade e ansiada liberdade, porém tenta sempre apelar à calma e ao espirito de

sacrifício, junto dos restantes escravos, nunca deixando que a sua consciência e lucidez, fosse afetada por este ambiente altamente hostil, todavia num certo dia, Solomon presente uma luz ao fundo do túnel, para alcançar a sua liberdade, quando Epps contrata o carpinteiro Samuel Bass, um homem que numa destarte eloquente, diz a Epps que é contra a manutenção e a prossecução da escravidão. Essa opinião taxativa do carpinteiro Samuel Bass, vai ser determinante e providencial, para “Platt”, aspirar voltar a ser Solomon, num sopro de alento e esperança, para regressar à sua almejada família e à sua cidade, após a passagem lúgubre destes longínquos doze anos. Só com uma ampla heterogeneidade, acalentada pelos os valores mais íntegros, éticos da sociedade, que emanam os poderes constitucionais, para se sintonizarem com um arrojado processo de charneira, que envolve escolas, atividades cívicas, comunicação social e a cultura, ao qual o cinema, como parte integrante, pode ter um papel mais incisivo, categórico e transversal, para definitivamente ajudar a erradicar o racismo e a xenofobia, com o escopo de tornar o mundo mais justo, equilibrado, coeso e sobretudo mais digno. jornal

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A espiritualidade: - uma fonte inesgotável de energia

A alegria do perdão

Q por Florbela Sampaio flsampaio@sapo.pt Prof. Escola Sup. Saúde IPVC

uando durante um período de seis meses permaneci numa unidade de cuidados paliativos, desenvolvendo um trabalho de pesquisa sobre a espiritualidade nesta dimensão dos cuidados de saúde, apercebi-me durante longas entrevistas a doentes, familiares e profissionais como problemas familiares de vária ordem, não resolvidos, afetam profundamente do ponto de vista físico, psicológico e espiritual os momentos finais da vida. Recordo a título de exemplo, entre tantas situações a que assisti, uma que me marcou profundamente. Um doente em fase final a prolongarse com intenso sofrimento

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para além do expectável. A equipa contactou a família e verificou-se que havia um profundo conflito entre o doente e um irmão que não se encontrava em Portugal. O irmão viajou para Portugal e já na unidade foi preparado pela equipa de saúde para interagir com o doente que embora não podendo responder ouviria tudo o que ele dissesse. O encontro entre os irmãos aconteceu com toda a privacidade e o doente passado muito pouco tempo e com aparente menor sofrimento partiu para a eternidade. A família agradeceu a sensibilidade dos profissionais para a situação e com certeza continuaram todos as suas vidas com

mais paz e a alegria da reconciliação. Durante este período da minha vida dei-me conta, ao vivo, do muito que já tinha refletido teoricamente sobre a dimensão espiritual do homem e de como alcançar esse potencial transformador que pulsa nas nossas consciências. Ali conversando com aquelas pessoas, pude constatar como o sofrimento psicológico e espiritual se entrelaçava com o sofrimento físico. A mágoa da ofensa estava presente e nesta fase de revisão da vida doía como nunca… Durante estas experiências e na análise das situações muitos pontos de interrogação se perfilavam na


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minha mente: o que faltava a muitas daquelas pessoas para aquela paz idílica com que todos sonhamos para a nossa partida deste mundo? A serenidade, a sensação do dever cumprido, o orgulho existencial, amar e ter sido amado, enfim… ficaria aqui a desfiar um rosário de desejos, obviamente diferentes, relativamente aquilo que cada um de nós considera importante para a realização de uma vida boa. A resposta veio com alguma prontidão faltou o perdão. A palavra perdão é das mais fortes em todas as línguas e tem a qualidade de elevar quem o pratica aos níveis mais elevados da sabedoria humana. Neste sentido, todos com certeza, recordamos a célebre frase de Mahatma Gandhi, “O fraco nunca pode perdoar. O perdão é atributo dos fortes”. Neste contexto e percorrendo o extenso vale das relações humanas, reconhecemos com relativa facilidade que o ato de perdoar não é uma das tarefas mais fáceis para nós, seres humanos; por esta razão, vale a pena refletir sobre a compensação do ato ou seja a oportunidade de percorrer este vale das relações com os outros com um mínimo de percalços que nos conduzam à finalidade da caminhada, a liberdade. O perdão implica que se pode ficar em paz mesmo tendo sofrido um mal e tal condição coloca um enorme desafio à inteligência humana: permanecer com a mágoa da ofensa ou libertarse da mágoa da ofensa? Claramente que a segunda será sempre a opção mas, as emoções como a raiva e o ressentimento, fazem parte da nossa vida e como tal é importante que aceitemos essas emoções como parte

“Durante estas experiências e na análise das situações muitos pontos de interrogação se perfilavam na minha mente: o que faltava a muitas daquelas pessoas para aquela paz idílica com que todos sonhamos para a nossa partida deste mundo? A serenidade, a sensação do dever cumprido, o orgulho existencial, amar e ter sido amado, enfim… ficaria aqui a desfiar um rosário de desejos, obviamente diferentes, relativamente aquilo que cada um de nós considera importante para a realização de uma vida boa. A resposta veio com alguma prontidão faltou o perdão..”

integrante da nossa condição humana evitando que sejam reprimidas no inconsciente, acabando fatalmente por exercer as mais variadas formas de tensão no corpo. Somos seres humanos com falhas e limitações e quando agimos de determinada forma estamos a fazer o melhor que sabemos mas, quando temos consciência que erramos estamos no bom caminho e é aí começa o desafio: como agir? Perdoo mas não esqueço então qual o valor do perdão? Pensar em perdoar tem benefícios para mim e para os outros? São interrogações e mais e mais interrogações. Nesta conformidade o campo das ciências comportamentais tem-se dedicado a encontrar respostas para tantas interrogações e hoje temos acesso a inúmeros estudos que utilizam o método científico para afirmar os benefícios do perdão. Saliento os seguintes: na dimensão física: redução da dor, diminuição das hormonas do stress, redução da pressão sanguínea podendo até vencer o cancro. Na dimensão psico social: melhoria das relações interpessoais, desenvolvimento da inteligência emocional e da empatia, desenvolver atributos espirituais como a compaixão, benevolência e amor ao próximo. Atualmente é possível medir a frequência cerebral de qualquer estado. Alguns estudos demonstram que quando perdoamos estamos ativamente a ter acesso a um nível de consciência mais elevado aumentando a nossa capacidade de alívio da depressão profunda e da ansiedade tornando-nos mais criativos. Há autores que entendem o perdão como uma qualidade simultaneamente nobre e divina o que me conduz

ao evangelho de Mateus Cap. 6, 7-15 em que Jesus Cristo respondendo a um apelo dos seus discípulos ensina-lhes uma oração que vem a constituir-se como a oração mais poderosa para os cristãos, o Pai Nosso. O versículo termina com as seguintes palavras do Mestre “…de facto se perdoardes aos homens os males que eles fizeram, o vosso Pai que está no céu também vos perdoará. Mas se não perdoardes aos homens, o vosso Pai também não perdoará os males que tiverdes feito…” Nesta oração está muito clara a importância do perdão e as palavras finais do Mestre reafirmam não só a sua importância mas também a nossa total responsabilidade no ato de perdoar que precede a intervenção divina. Ainda assim e em inúmeras situações é prudente ter a humildade de recorrer a ajuda externa já que o peso da mágoa pode ser tal que a pessoa sozinha não consiga elaborar um projeto de perdão. É desta forma que durante a vida e com pequenos passos, caindo aqui e ali, vamos caminhando numa aprendizagem constante fortificando o nosso auto conhecimento, ou seja e não menos importante, fortificando a arte de nos perdoarmos a nós próprios. Nas preocupações do dia a dia entramos muitas vezes em “piloto automático” mas, não devemos subestimar o poder do perdão, enquanto terreno sagrado do amor transformador, acreditando que mais importante do que atingir a meta é todo o esforço desenvolvido para a atingir. Talvez assim cheguemos ao ocaso da vida com mais serenidade, paz e alegria porque livres de amarras negativas do passado. jornal

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conhecimento » mitos e lendas

Paititi - a cidade lendária dos Incas

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por Fernando Fernandes fjfernandes1975@gmail.com

infinitude com que a mente Humana foi agraciada, permite-nos albergar sem qualquer tipo de problema de armazenamento, fazendo o paralelismo com a plena Era tecnológica em que vivemos, uma imensurável quantidade de informação. Mas o mais engraçado é o simples facto de apenas nos recordarmos de eventos ocorridos a partir dos nossos 3, 4 anos de idade. Mas existem aqueles que são como que intemporais pois basta uma pequena referência, uma simples palavra, para que fiquemos de imediato familiarizados com o assunto em questão. Neste campo entram os Mitos e Lendas. Tentarei com esta rubrica, dar a conhecer ou, muito provavelmente, relembrar estas façanhas, odisseias, ou simples contextos folclóricos

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conhecimento » mitos e lendas

que foram transportados ao longo dos séculos através de textos, falas ou simples rumores infundados. Daí a diferença de Mito e Lenda. Os primeiros estão relacionados com fantasias onde prevalecem os seres lendários ou sobrenaturais, ao passo que as segundas relacionam-se diretamente com eventos históricos ou personagens que inconclusivamente poderão ter existido na Antiguidade. Todavia, primam pela hiperbólica excessividade das narrativas. Como autor da obra “Paititi – o último segredo dos Incas” escreverei sobre a lenda desta cidade misteriosa, que muitas das vezes acaba por se amalgamar com a do El Dorado dadas as suas similaridades. Considerado

como o grande enigma arqueológico da América do Sul, a história transportanos para o auge da época dos descobrimentos onde começam a chegar rumores à Europa de cidades ornamentadas a ouro, prata e joias preciosas, no seio das selvas das Índias Ocidentais. Assim foram denominadas pelos países Europeus como forma de distinção dos seus outros territórios espalhados pelo Mundo. Neste caso, a grande maioria albergados por Espanha e Portugal. Apenas com a viagem de Circum-navegação de Fernão de Magalhães, o continente Americano fica reconhecido como tal e renomeado em homenagem a Américo Vespúcio. A narrativa do livro é fundamentada inicialmente por um acontecimento histórico e

real, complementada com o inevitável enredo dramático e fictício. Para termos uma real ideia da magnitude do império Inca, no seu auge era constituído por cerca de 12 milhões de habitantes, sim leu bem, e cobria uma área de aproximadamente 4 mil quilómetros desde Quito no Equador até às proximidades de Santiago no Chile. Com um sistema de estradas com cerca de 40 mil quilómetros a suportar esta “infraestrutura”, nos dias de hoje, os Incas seriam capazes de dar a volta o Mundo três vezes se as tivessem construído ao redor do planeta. Mas ao contrário do que possa parecer, bastaram 180 homens para o conquistador Espanhol Francisco Pizarro derrotar este império. Os cavalos e armas de fogo eram totalmente desconhecidos deste povo. Era o similar a sermos hoje invadidos por extraterrestres com tecnologia 500 anos mais avançada do que a nossa atual. Porém, dada a particularidade de nunca ter sido encontrada até aos dias que correm, Paititi tem gerado uma azáfama no seio arqueológico com a realização de numerosas expedições, algumas financiadas por sociedades tão famosas como a National Geographic para citar um exemplo, com o propósito de tentarem dar a conhecer ao Mundo a tão afamada cidade perdida dos Incas. Mas como surgiu esta lenda? Com a frenética expansão militar dos Espanhóis, ouvem-se no ar os primeiros rumores de uma cidade localizada nos emaranhados florestais em redor de

Cusco e que se afigura como o último bastião dos Incas após a conquista Espanhola. Dada a inóspita e quase intransponível vegetação tropical, vários são os que se aventuram para encontrar a cidade que se diz ser feita de ouro, joias e prata; motivo mais do que suficiente para embarcar numa estonteante aventura pela perigosa e desconhecida selva mas sem qualquer êxito significativo. Todavia, nos dias de hoje além desta, por si só, extraordinária dificuldade, o tráfico de droga, a desflorestação ilegal e exploração mineira, repelem ainda mais os exploradores, principalmente devido ao receio de consequências catastróficas. O único facto digno de registo, remonta a 2001 quando o arqueólogo italiano Mário Polia descobriu nos arquivos do Vaticano, anotações datadas de cerca de 1600, pertencentes a um missionário de nome Andres Lopez e dirigidas ao Papa. As mesmas descrevem com grande detalhe uma grande cidade rica em tesouros e que os nativos chamavam de... Paititi. Mas com receio de uma desmesurada corrida ao ouro, o Vaticano decide manter em segredo esta localização. E, segundo consta, o próprio Lopez apenas ouviu os murmúrios através dos nativos, tornando esta informação apesar de muito falada e publicada, pouco fidedigna para ser tomada em consideração. Como tal, o mistério de Paititi, está para durar e quem sabe se alguém poderá um dia encontrar o grandioso tesouro que muitos tentaram mas... ninguém conseguiu. jornal

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recordar » reviver as emoções do passado

Visita à nascente do rio Neiva por José Miranda

A 17 de julho de 1999, os associados e amigos de A Mó Associação do Vale do Neiva, sairam de bicicleta do Largo de S. Sebastião em Barroselas, com destino à nascente do rio Neiva. Chegados ao local, houve um curto lanche para retemperar o esforço dispendido e, seguiu-se a visita guiada à nascente. O rio Neiva nasce a cerca de 709 m de altitude, na Serra do Oural, cuja a altitude máxima é de 722 m, na freguesia de Godinhaços, a 10 Km da sede do Concelho de Vila verde, e desagua no Oceano Atlântico, a 8 km a Sul da Cidade de Viana do Castelo, entre as freguesias de Antas e Castelo do Neiva, respectivamente nos Concelhos de Esposende, na margem esquerda, e Viana do Castelo, na margem direita. Tem uma extenão aproximada de 46 km. Na foto que nos mostra a nascente, vê-se uma placa encaixada na rocha com a seguite inscrição: Nascente do rio Neiva Monte do Oural Alt. 700 m Godinhaços 17.07.1999 A Mó Associação do Vale do Neiva Finalmente, todos regressaram com a satisfação por ter visto com os seus próprios olhos o berço deste encantador rio cantado pelos poetas. Nb: O trecho a Itálico foi extraído do livro: “Rio Neiva-Rodas d’água e agro-sistema tradicional” De Rogério Barreto, Raimundo Castro, José Oliveira e Manuel Delfim Pereira, página 36, setembro de 2013

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COVID-19

LAVAGEM DAS MÃOS D ur a ç ã o t o t a l d o p r o c edim ent o:

00

2 0 s e gundo s

01

Molhe as mãos

03

Palma com palma com os dedos entrelaçados

06

Esfregue o pulso esquerdo com a mão direita e vice versa

#SEJAUMAGENTEDESAUDEPUBLICA #ESTAMOSON #UMCONSELHODADGS

Aplique sabão suficiente para cobrir todas as superfícies das mãos

04

Esfregue o polegar esquerdo em sentido rotativo, entrelaçado na palma direita e vice versa

07

Enxague as mãos com água

02

Esfregue as palmas das mãos, uma na outra

05

Esfregue rotativamente para trás e para a frente os dedos da mão direita na palma da mão esquerda e vice versa

08

Seque as mãos com um toalhete descartável


COVID-19

MÁSCARAS COMO COLOCAR

DURANTE O USO

LAVAR AS MÃOS ANTES DE COLOCAR 2º

VER A POSIÇÃO CORRETA Verificar o lado correto a colocar voltado para a cara (ex: na máscara cirúrgica lado branco, com arame para cima)

COLOCAR A MÁSCARA PELOS ATILHOS/ /ELÁSTICOS

AJUSTAR AO ROSTO Do nariz até abaixo do queixo

NÃO TER A MÁSCARA COM A BOCA OU COM O NARIZ DESPROTEGIDOS

#SEJAUMAGENTEDESAUDEPUBLICA #ESTAMOSON #UMCONSELHODADGS

TROCAR A MÁSCARA QUANDO ESTIVER HÚMIDA 2º

NÃO RETIRAR A MÁSCARA PARA TOSSIR OU ESPIRRAR

COMO REMOVER 1º

LAVAR AS MÃOS ANTES DE REMOVER 2º

RETIRAR A MÁSCARA PELOS ATILHOS/ /ELÁSTICOS

3º 3º

NÃO TOCAR NOS OLHOS, FACE OU MÁSCARA Se o fizer, lavar as mãos de seguida

DESCARTAR EM CONTENTOR DE RESÍDUOS SEM TOCAR NA PARTE DA FRENTE DA MÁSCARA 4º

LAVAR AS MÃOS

TRANSPORTE E LIMPEZA DE MÁSCARAS REUTILIZÁVEIS 1. Manter e transportar as máscaras em invólucro fechado, respirável, limpo e seco. 2. Caso utilize máscara comunitária, deve confirmar que esta é certificada. 3. Lavar e secar, após cada utilização, seguindo as indicações do fabricante. 4. Verificar nas indicações do fabricante o número máximo de utilizações.


decoração e design » charme vintage

Minha querida “geladeira” Cheias de personalidade e muito charme, as geladeiras vintage ganham de novo merecido espaço na decoração

por Eliza Sousa elizafssouza@gmail.com Publicitária e Empresária

V

indas direto dos anos cinquenta, elas arrebatam os corações dos apaixonados pelo vintage. As geladeiras também são ítem de decoração e podem até estar em ambientes em que não são tradicionais como, por exemplo, a sala, o quarto e até serem usadas para diversas funções que não somente gelar, sua função Também usadas customizadas, promovem charme e cor ao ambiente. Dez entre dez amantes do estilo vintage sonham ter de volta essa querida geladeira do passado em sua cozinha e ensinam que para não incorrer no erro de ter um espaço com cara de antigo demais basta que se misture a decoração com peças mais modernas. Um dos modelos mais famosos foi lançado em 1953 pela General Elétric e todas as vovós tinham uma. Relançadas pela empresa inglesa Smeg conservam seu ar retrô por fora, mas por dentro são pura tecnologia. Agora em cores vibrantes, podem ser adquiridas já customizadas. Algumas empresas são especialistas em reformar esse objeto do desejo, e em alguns casos a um preço bastante acessível, tornando possível o sonho de termos de volta essa geladeira que marcou uma época, um estilo de vida, tornando assim mais graciosos nossos ambientes. jornal

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necrologia

Agência Funerária

Tilheiro Tel: 258971259 Tm: 962903471

www.funerariatilheiro.com Barroselas

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74 anos

90 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Maria de Miranda Barros Lima

Manuela Alvarez

Barroselas – Viana do Castelo

Balugães – Barcelos

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

95 anos

86 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Albina Vieira Fernandes

António Martins Florêncio

Balugães – Barcelos

Freixo – Ponte de Lima

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

80 anos

98 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Alcínio Martins Pereira

António Augusto Meira Belo

Tregosa – Barcelos

Subportela – Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família


pub » teste rápido covid-19

- Covid-19 BioJam preparada para, em 24 horas, colocar no mercado português, 3 milhões de testes Sobre a BioJam Holding Group A Biojam é uma empresa farmacêutica de referência na Península Ibérica que aposta em medicamentos diferenciados, com uma componente de inovação muito forte. A empresa aposta no mercado nacional na inovação nas áreas de Anestesiologia, Hematologia Oncológica Pediátrica, Farmácia Hospitalar, Enfermagem Perioperatória, Nutrição Parentérica e Medicina Física e de Reabilitação, entre outras.

por Sónia Matos soniamatos@multicom.co.pt Multicom, Comunicação

N

a semana em que Portugal soma, pelo quinto dia consecutivo, mais de mil casos de infeção por COVID-19 a BioJam anuncia a capacidade operacional para colocar no mercado português, em 24 horas, 3 milhões de testes rápidos de antigénio. Fabricados na Alemanha, os testes rápidos de antigénio constituem uma ferramenta fiável e acessível para detetar focos de infeção em grande escala reduzindo, assim, a propagação da doença

através da quebra de cadeias de infeção. A BioJam está, desde 15 de setembro, autorizada a distribuir em Portugal os testes rápidos de antigénio COVID-19 que permitem detetar, desde as primeiras 24 horas de contágio, possíveis casos positivos de COVID-19. Indicados para o diagnóstico rápido na fase inicial da infeção, o teste apresenta resultados em apenas 15 minutos. Os testes rápidos de antigénio fornecem informações essenciais no momento do período de infeção em que há um risco mais elevado de transmissão da doença. Esta é uma ferramenta de diagnóstico que, baseada num sistema de fluxo

lateral, não necessita de instrumentação, ou seja, o teste é feito com um dispositivo simples que deteta a presença de uma substância numa amostra líquida sem a necessidade de equipamentos especializados e dispendiosos. Como explica Carlos Monteiro, CEO e Fundador da BioJam Holding Group, “com o aumento do movimento das pessoas, o retorno à vida ativa e o regresso às escolas, é fundamental disponibilizar à população não só informação, como também ferramentas que constituam uma forma delas próprias se testarem e garantirem a segurança do seu núcleo familiar, de amigos e

laboral, quebrando assim possíveis cadeias de infeção. Estamos certos que o preço e a rapidez de resposta na aquisição e realização dos testes são fundamentais para inverter a curva ascendente de novos casos que todos os dias são identificados”. À semelhança de todos os testes existentes no mercado, os mesmos só poderão ser realizados por um profissional de saúde.

jornal

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Isolamento

CUIDADOS NA CONVIVÊNCIA COM PESSOAS EM ISOLAMENTO z

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01

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Manter distância. Dormir em quartos separados ou, caso não seja possível, em camas separadas

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Não partilhar toalhas, talheres, copos e outros objetos 03

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Lavar a roupa, lençóis a toalhas a temperaturas elevadas 05

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Se possível utilizar casas de banho diferentes. Caso contrário, a pessoa infetada deve utilizá-la por último Limpar e desinfetar as superfícies de contacto frequente (interruptores, mesas, maçanetas, etc)

Arejar frequentemente a casa 06

Ligar para o SNS24 se surgirem sintomas como febre, tosse ou dificuldade respiratória Evitar contacto com outras pessoas, especialmente grupos vulneráveis como idosos, doentes crónicos, imunossuprimidos ou grávidas Lave as mãos com água e sabão ou uma solução à base de álcool, após contacto com a pessoa infetada

Um conselho da Direção-Geral da Saúde

Não deve sair de casa. Deve cumprir o tempo indicado para isolamento 08

Se a pessoa infetada precisar de um cuidador, deve ser no máximo uma pessoa

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Monitorize os seus sintomas diariamente. Veja a temperatura 2 vezes ao dia 12

www.dgs.pt


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